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À espera de Trump, EUA suspendem entrevistas para reassentar refugiados
O Departamento de Segurança Interna dos EUA suspendeu temporariamente as viagens de seus funcionários para entrevistar refugiados no exterior. O órgão aguarda uma provável reformulação da política de refugiados pelo presidente Donald Trump, disseram na quinta (26) duas fontes a par da decisão. Na prática, essa medida equivale a uma pausa em ingressos futuros de refugiados nos EUA, dado que as entrevistas são uma etapa crucial de um processo que com frequência demora anos. A decisão do departamento de interromper as viagens foi comunicada aos envolvidos no processo de ingresso de refugiados na quarta-feira (25), segundo uma das fontes. Isso significa que, embora Trump ainda não tenha ordenado uma suspensão temporária do programa de refugiados, as entradas futuras provavelmente serão adiadas. Trump deve assinar um decreto presidencial que incluirá uma proibição temporária para todos os refugiados e uma suspensão de vistos para cidadãos da Síria e de outros seis países do Oriente Médio e da África. O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse a repórteres na quinta-feira que Trump pode assinar vários decretos nesta sexta-feira (27), mas que a natureza destes ainda não foi decidida. Becca Heller, diretora do Projeto de Assistência Internacional a Refugiados do Centro Urbano de Justiça, em Nova York, disse ter sido informada por várias pessoas de dentro e de fora do governo sobre a decisão de suspender as entrevistas no exterior. O Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA, que é parte do Departamento de Segurança Interna e que realiza as entrevistas, disse, por meio de um porta-voz, que a agência adiou "uma série de viagens próximas", mas que estas não foram "canceladas oficialmente". Autoridades do departamento visitam regularmente países como Jordânia, Malásia, El Salvador, Quênia e Etiópia para entrevistar refugiados que desejam entrar nos EUA. Normalmente este é um dos últimos passos do processo de reassentamento. Heller disse que a decisão de interromper as entrevistas irá causar atrasos no processamento de refugiados mesmo se Trump decidir manter o programa ou reiniciá-lo depois de uma interrupção temporária. "Anteriormente, quando congelamos o programa de refugiados para reexaminar questões de segurança, foi realmente importante continuar o processamento mesmo que você não possa receber pessoas, porque os tempos de processamento deste programa podem chegar a dois ou três anos", afirmou Heller.
mundo
À espera de Trump, EUA suspendem entrevistas para reassentar refugiadosO Departamento de Segurança Interna dos EUA suspendeu temporariamente as viagens de seus funcionários para entrevistar refugiados no exterior. O órgão aguarda uma provável reformulação da política de refugiados pelo presidente Donald Trump, disseram na quinta (26) duas fontes a par da decisão. Na prática, essa medida equivale a uma pausa em ingressos futuros de refugiados nos EUA, dado que as entrevistas são uma etapa crucial de um processo que com frequência demora anos. A decisão do departamento de interromper as viagens foi comunicada aos envolvidos no processo de ingresso de refugiados na quarta-feira (25), segundo uma das fontes. Isso significa que, embora Trump ainda não tenha ordenado uma suspensão temporária do programa de refugiados, as entradas futuras provavelmente serão adiadas. Trump deve assinar um decreto presidencial que incluirá uma proibição temporária para todos os refugiados e uma suspensão de vistos para cidadãos da Síria e de outros seis países do Oriente Médio e da África. O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse a repórteres na quinta-feira que Trump pode assinar vários decretos nesta sexta-feira (27), mas que a natureza destes ainda não foi decidida. Becca Heller, diretora do Projeto de Assistência Internacional a Refugiados do Centro Urbano de Justiça, em Nova York, disse ter sido informada por várias pessoas de dentro e de fora do governo sobre a decisão de suspender as entrevistas no exterior. O Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA, que é parte do Departamento de Segurança Interna e que realiza as entrevistas, disse, por meio de um porta-voz, que a agência adiou "uma série de viagens próximas", mas que estas não foram "canceladas oficialmente". Autoridades do departamento visitam regularmente países como Jordânia, Malásia, El Salvador, Quênia e Etiópia para entrevistar refugiados que desejam entrar nos EUA. Normalmente este é um dos últimos passos do processo de reassentamento. Heller disse que a decisão de interromper as entrevistas irá causar atrasos no processamento de refugiados mesmo se Trump decidir manter o programa ou reiniciá-lo depois de uma interrupção temporária. "Anteriormente, quando congelamos o programa de refugiados para reexaminar questões de segurança, foi realmente importante continuar o processamento mesmo que você não possa receber pessoas, porque os tempos de processamento deste programa podem chegar a dois ou três anos", afirmou Heller.
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FHC incluiu termo polêmico em peça do PSDB
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é o autor da inclusão do termo "presidencialismo de cooptação" usado no programa do PSDB que causou o mais novo capítulo do racha no partido. Indagado pela Folha, o tucano disse que viu o roteiro antes da gravação e fez "uma correção". "Como havia uma crítica ao presidencialismo de coalizão, eu corrigi, dizendo que a crítica deveria ser ao 'presidencialismo de cooptação'", afirmou. "Qual é a diferença? É que, neste último, dá-se uma relação com pessoas, mediada por nomeações e interesses pessoais, chegando aos financeiros", explicou. "O outro [presidencialismo de coalizão] supõe uma convergência de pontos programáticos em consequência de apoio aos quais se abrem espaços no governo." A corruptela incomodou tucanos e também políticos que viram na crítica ao sistema político mais uma deixa para pedirem cargos que hoje estão com o PSDB. propaganda PSDB A peça de dez minutos foi ao ar na quinta-feira (17) em rádio e televisão e imediatamente agravou a crise interna no partido. Ao fazer uma autocrítica e dizer que o PSDB errou ao deixar de lado suas origens e "ceder" ao fisiologismo, o vídeo despertou reação de três dos quatro ministros tucanos no governo de Michel Temer. Um deles, o chanceler Aloysio Nunes, disse que "o PT, do Lula ao mais modesto dos seus aderentes, deve estar dando gargalhadas diante desse enorme tiro que a direção interina do PSDB desferiu no nosso próprio pé". O senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do PSDB, reagiu às críticas nesta sexta-feira, em Fortaleza. "A polêmica é necessária. Quem faz autocrítica não espera que não haja uma determinada polêmica. É bom porque desperta, de todos, posições diferentes e eu acho que a população quer isso hoje", afirmou. "Eu não me arrependo de nada. Tenho responsabilidade total pelo programa", disse ao responder sobre não ter ouvido correligionários sobre a peça antes de levá-la ao ar. O publicitário Einhart Jacome, que elaborou o programa, disse que "a ideia era fazer um 'mea culpa', mas também trazer o PSDB de volta para os trilhos onde estava em 1988, quando foi criado para lutar contra o fisiologismo, na época contra o quercismo". Jacome trabalhou em campanhas de Tasso ao governo do Ceará e na reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
poder
FHC incluiu termo polêmico em peça do PSDBO ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é o autor da inclusão do termo "presidencialismo de cooptação" usado no programa do PSDB que causou o mais novo capítulo do racha no partido. Indagado pela Folha, o tucano disse que viu o roteiro antes da gravação e fez "uma correção". "Como havia uma crítica ao presidencialismo de coalizão, eu corrigi, dizendo que a crítica deveria ser ao 'presidencialismo de cooptação'", afirmou. "Qual é a diferença? É que, neste último, dá-se uma relação com pessoas, mediada por nomeações e interesses pessoais, chegando aos financeiros", explicou. "O outro [presidencialismo de coalizão] supõe uma convergência de pontos programáticos em consequência de apoio aos quais se abrem espaços no governo." A corruptela incomodou tucanos e também políticos que viram na crítica ao sistema político mais uma deixa para pedirem cargos que hoje estão com o PSDB. propaganda PSDB A peça de dez minutos foi ao ar na quinta-feira (17) em rádio e televisão e imediatamente agravou a crise interna no partido. Ao fazer uma autocrítica e dizer que o PSDB errou ao deixar de lado suas origens e "ceder" ao fisiologismo, o vídeo despertou reação de três dos quatro ministros tucanos no governo de Michel Temer. Um deles, o chanceler Aloysio Nunes, disse que "o PT, do Lula ao mais modesto dos seus aderentes, deve estar dando gargalhadas diante desse enorme tiro que a direção interina do PSDB desferiu no nosso próprio pé". O senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do PSDB, reagiu às críticas nesta sexta-feira, em Fortaleza. "A polêmica é necessária. Quem faz autocrítica não espera que não haja uma determinada polêmica. É bom porque desperta, de todos, posições diferentes e eu acho que a população quer isso hoje", afirmou. "Eu não me arrependo de nada. Tenho responsabilidade total pelo programa", disse ao responder sobre não ter ouvido correligionários sobre a peça antes de levá-la ao ar. O publicitário Einhart Jacome, que elaborou o programa, disse que "a ideia era fazer um 'mea culpa', mas também trazer o PSDB de volta para os trilhos onde estava em 1988, quando foi criado para lutar contra o fisiologismo, na época contra o quercismo". Jacome trabalhou em campanhas de Tasso ao governo do Ceará e na reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
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Militares fazem treino para segurança na Olimpíada
DO RIO Com meia hora de atraso, militares começaram neste sábado (9) o treinamento para a segurança das ruas do Rio durante a Olimpíada. Há tropas em pontos da cidade que devem receber parte expressiva do público: a praia Copacabana, o Aterro do Flamengo, a Praça Mauá, o Maracanã e a via expressa Transolímpica, que ligará o Parque Olímpico de Deodoro ao da Barra da Tijuca. Durante os Jogos, as tropas farão patrulhamento ostensivo de carro e a pé e trabalharão em coordenação com as forças de segurança do Estado. "A ideia deste treinamento é acostumar as tropas ao trabalho, que será diferente do que estão habituados —terão que tirar fotos com turistas, por exemplo. Além disso queremos mostrar à sociedade que existe um planejamento de segurança", disse à Folha o almirante Ricardo Pilar, que coordena as tropas de terra de Copacabana até a praça Mauá. A tropa treina com efetivo de 150 militares nesse trecho. Durante os Jogos serão pelo menos 3.500. A extensão do patrulhamento também será maior: irá do Joá à Praça Mauá, cobrindo a orla da zona sul do Rio. O treino terminou às 12h. Em geral, os pedestres reagiram de forma positiva à presença das tropas. Alguns paravam para tirar foto, outros acenavam. Outros, no entanto, estranharam. "A gente se assusta. Eles andam com armas que a gente só vê em filmes! Ainda não me acostumei, e acho que não vou. Fui perguntar a um policial por que eles estavam ali, e o motivo só me assustou mais. Ele disse que é para proteger contra ataques terroristas", disse Paulo Carvalho, 44, referindo-se ao míssil anti-aéreo colocada em frente à estátua do Bellini, na entrada do estádio do Maracanã, por onde caminhava. PATRULHAMENTO Além do míssil, havia, em frente ao estádio, uma bazuca e um radar capaz de identificar objetos em um raio de 60 quilômetros. Durante os Jogos, equipamentos desse tipo ficarão espalhados pela cidade para fazer a defesa aérea de Deodoro, Barra da Tijuca, Maracanã e Copacabana. O objetivo de colocá-los em frente ao estádio neste sábado era, disse o major Roberto Lima Júnior, mostrá-los à população. Na Transolímpica, que foi inaugurada neste sábado, havia blindados e caminhões. A tropa treinou patrulhamento e interdição de via. A extensão do patrulhamento também será maior: irá do Joá à Praça Mauá, cobrindo a orla da zona sul do Rio. O treinamento durará até as 12h. As Forças Armadas terão um reforço de 3.000 militares na cidade durante a Olimpíada. Inicialmente, o planejamento previa a utilização de 18 mil homens de Exército, Marinha e Aeronáutica. Agora serão 21.845. O aumento do efetivo foi definido a partir de um pedido do governador do Rio, Francisco Dornelles (PP). O grupo que ficaria restrito a ocupar unidades estratégicas, patrulhamento marítimo e cuidar do espaço aéreo agora ganhou funções na segurança pública.
esporte
Militares fazem treino para segurança na Olimpíada DO RIO Com meia hora de atraso, militares começaram neste sábado (9) o treinamento para a segurança das ruas do Rio durante a Olimpíada. Há tropas em pontos da cidade que devem receber parte expressiva do público: a praia Copacabana, o Aterro do Flamengo, a Praça Mauá, o Maracanã e a via expressa Transolímpica, que ligará o Parque Olímpico de Deodoro ao da Barra da Tijuca. Durante os Jogos, as tropas farão patrulhamento ostensivo de carro e a pé e trabalharão em coordenação com as forças de segurança do Estado. "A ideia deste treinamento é acostumar as tropas ao trabalho, que será diferente do que estão habituados —terão que tirar fotos com turistas, por exemplo. Além disso queremos mostrar à sociedade que existe um planejamento de segurança", disse à Folha o almirante Ricardo Pilar, que coordena as tropas de terra de Copacabana até a praça Mauá. A tropa treina com efetivo de 150 militares nesse trecho. Durante os Jogos serão pelo menos 3.500. A extensão do patrulhamento também será maior: irá do Joá à Praça Mauá, cobrindo a orla da zona sul do Rio. O treino terminou às 12h. Em geral, os pedestres reagiram de forma positiva à presença das tropas. Alguns paravam para tirar foto, outros acenavam. Outros, no entanto, estranharam. "A gente se assusta. Eles andam com armas que a gente só vê em filmes! Ainda não me acostumei, e acho que não vou. Fui perguntar a um policial por que eles estavam ali, e o motivo só me assustou mais. Ele disse que é para proteger contra ataques terroristas", disse Paulo Carvalho, 44, referindo-se ao míssil anti-aéreo colocada em frente à estátua do Bellini, na entrada do estádio do Maracanã, por onde caminhava. PATRULHAMENTO Além do míssil, havia, em frente ao estádio, uma bazuca e um radar capaz de identificar objetos em um raio de 60 quilômetros. Durante os Jogos, equipamentos desse tipo ficarão espalhados pela cidade para fazer a defesa aérea de Deodoro, Barra da Tijuca, Maracanã e Copacabana. O objetivo de colocá-los em frente ao estádio neste sábado era, disse o major Roberto Lima Júnior, mostrá-los à população. Na Transolímpica, que foi inaugurada neste sábado, havia blindados e caminhões. A tropa treinou patrulhamento e interdição de via. A extensão do patrulhamento também será maior: irá do Joá à Praça Mauá, cobrindo a orla da zona sul do Rio. O treinamento durará até as 12h. As Forças Armadas terão um reforço de 3.000 militares na cidade durante a Olimpíada. Inicialmente, o planejamento previa a utilização de 18 mil homens de Exército, Marinha e Aeronáutica. Agora serão 21.845. O aumento do efetivo foi definido a partir de um pedido do governador do Rio, Francisco Dornelles (PP). O grupo que ficaria restrito a ocupar unidades estratégicas, patrulhamento marítimo e cuidar do espaço aéreo agora ganhou funções na segurança pública.
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Em 1997, Coleman e filósofo Derrida compararam a escrita à música
Nascidos no mesmo 1930 e ambos revolucionários em suas áreas de atuação, o filósofo franco-argelino Jacques Derrida (1930-2004) e o saxofonista americano Ornette Coleman se encontraram em 1997 e conversaram sobre linguagem, música e política. Derrida entrevistou Coleman antes de um show em Paris –e a conversa (em inglês, depois traduzida para o francês) foi publicada na revista francesa "Les Inrockuptibles". "Quando eu fazia o 'free jazz', a maioria das pessoas pensava que eu só pegava meu saxofone e tocava o que passava pela minha cabeça, sem seguir regras, mas não é verdade", disse Coleman a Derrida. O filósofo então comparou o conceito de improvisação à escrita: "A improvisação é a criação de algo novo, mas ao mesmo tempo não exclui a escrita que a precede e que a torna possível", disse Derrida. Coleman concordou. Questionado sobre a relação entre a política e a música, o jazzista respondeu: "Estava no Sul [dos EUA] quando as minorias foram oprimidas. Eu me identificava com elas por meio da música." A composição "Lonely Woman", contou, foi inspirada na pintura que viu numa galeria de uma "mulher branca e rica" com uma expressão que o assombrou. "Nunca havia visto tamanha solidão."
ilustrada
Em 1997, Coleman e filósofo Derrida compararam a escrita à músicaNascidos no mesmo 1930 e ambos revolucionários em suas áreas de atuação, o filósofo franco-argelino Jacques Derrida (1930-2004) e o saxofonista americano Ornette Coleman se encontraram em 1997 e conversaram sobre linguagem, música e política. Derrida entrevistou Coleman antes de um show em Paris –e a conversa (em inglês, depois traduzida para o francês) foi publicada na revista francesa "Les Inrockuptibles". "Quando eu fazia o 'free jazz', a maioria das pessoas pensava que eu só pegava meu saxofone e tocava o que passava pela minha cabeça, sem seguir regras, mas não é verdade", disse Coleman a Derrida. O filósofo então comparou o conceito de improvisação à escrita: "A improvisação é a criação de algo novo, mas ao mesmo tempo não exclui a escrita que a precede e que a torna possível", disse Derrida. Coleman concordou. Questionado sobre a relação entre a política e a música, o jazzista respondeu: "Estava no Sul [dos EUA] quando as minorias foram oprimidas. Eu me identificava com elas por meio da música." A composição "Lonely Woman", contou, foi inspirada na pintura que viu numa galeria de uma "mulher branca e rica" com uma expressão que o assombrou. "Nunca havia visto tamanha solidão."
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Ilhéus volta a valorizar o cultivo de cacau para recuperar turismo
Embora tenha nascido na vizinha Itabuna, foi em Ilhéus que Jorge Amado tomou inspiração para escrever o famoso romance "Gabriela, Cravo e Canela", de 1958. Não à toa, a cidade do sul da Bahia ficou conhecida como sua terra. Boa parte do turismo ilheuense hoje está voltado para os lugares citados em suas obras ou frequentados por ele –caso, por exemplo, do Bataclan, prostíbulo convertido em restaurante temático. Mas nem só de Jorge Amado vive (ou deve viver) o turista que passa por ali. A cidade de 182 mil habitantes, a cerca de 460 quilômetros de Salvador, tem outros pontos turísticos e gastronômicos tão –ou mais– interessantes quanto os eternizados na literatura. A começar pelo resgate de outra marca local, o cacau, parte importante da identidade de Ilhéus –essa área do litoral baiano é conhecido como "costa do cacau". A produção cacaueira foi a principal fonte de renda local até meados do século passado, quando a competição com a produção africana e uma epidemia de vassoura-de-bruxa, um fungo amazônico, arruinaram os "barões do cacau". O fruto nunca recuperou o poder econômico, mas voltou a fazer parte do roteiro turístico da cidade –há até planos de consolidar uma via com base nas fazendas. Hoje, com a praga controlada, Ilhéus passou a produzir o chamado chocolate de origem –em que todas as etapas da produção, do plantio ao processamento, são feitas no mesmo local. É o caso da fazenda Riachuelo, que produz o chocolate Mendoá. Ali, há visitas guiadas para grupos de até 20 pessoas (é preciso agendar pelo telefone 73/9955-0916). Lá, o turista vê todas as partes do processo: da plantação do cacau à embalagem (em partes, artesanal), passando pela escolha das sementes e também o processamento. A visita, por enquanto, é gratuita, já que o turismo não é o principal foco da fazenda –não há estruturas como restaurante para matar a fome dos visitantes. É o oposto da fazenda e pousada Provisão, no km 27 da rodovia Ilhéus-Uruçuca, onde, além de visitar roças de cacau e fazer trilhas, pode-se almoçar em um coreto no meio da propriedade e hospedar-se em um dos quartos da sede. A diária com o passeio sai por R$ 140, com direito a café da manhã, almoço e jantar, além de rafting e trilhas. CENTRO HISTÓRICO No centro, o roteiro inevitável passa pela antiga casa de Jorge Amado, hoje convertida em museu. Mas também merece uma parada na sorveteria Ponto Chic, aberta em 1952. Na carta, com mais de 30 sabores (tapioca é o mais pedido), destacam-se os regionais como seriguela, cajá e cacau (custam entre R$ 4 e R$ 11). É nas redondezas que ficam o Bataclan e o bar Vesúvio. E, a dez minutos de caminhada, outro ponto que vale a visita, a igreja Matriz de São Jorge dos Ilhéus –erguida em 1556, é a construção mais antiga da cidade. PARADAS FAZEM VALER BATE-VOLTA A ITACARÉ Situada 70 quilômetros ao norte de Ilhéus, Itacaré é um dos destinos mais disputados do sul da Bahia, conhecido por suas lindas praias e vida noturna agitada. A viagem leva cerca de duas horas, de carro –ou seja, hospedando-se em Ilhéus é possível passar o dia fazendo stand-up paddle na praia da Concha, em Itacaré; ou, ao contrário, quem dorme em Itacaré tem a chance de separar um dia para visitar o restaurante-museu Bataclan e as fazendas de cacau. Mas na própria estrada estão atrações que não devem passar batidas, como o mirante Serra Grande 2 –que dista cerca de 30 quilômetros de ambas cidades. Do alto, é linda a vista para a praia Pé de Serra e o mar. No caminho, atenção: uma guia turística ouvida pela Folha aconselha evitar o mirante Serra Grande 1, mais próximo a Ilhéus –segundo ela, o local se transformou em um ponto de assaltos. Próximo ao Serra Grande 2, no quilômetro 28 da rodovia, está o restaurante Cabana da Empada, ponto que deve ser obrigatório de parada. Um dos chamarizes, evidentemente, são as empadas –há desde os sabores tradicionais de palmito e camarão até a ótima versão de caranguejo ou a de carne seca com banana (todas por R$ 6). Mas o lugar também oferece um almoço tipicamente baiano, com moquecas e bobós, e providenciais redes para descansar antes de pegar a estrada novamente. Quem não quiser alugar carro pode fechar um pacote com uma das agências locais –o preço do tour de um dia a Itacaré, com passagem pelas praias urbanas, gira em torno de R$ 80. De táxi, o passeio sai por salgados R$ 190. Mas que não se aflijam os mochileiros: embora impossibilitem essas paradas no trajeto, há ônibus que fazem a rota Ilhéus-Itacaré por apenas R$ 12.
turismo
Ilhéus volta a valorizar o cultivo de cacau para recuperar turismoEmbora tenha nascido na vizinha Itabuna, foi em Ilhéus que Jorge Amado tomou inspiração para escrever o famoso romance "Gabriela, Cravo e Canela", de 1958. Não à toa, a cidade do sul da Bahia ficou conhecida como sua terra. Boa parte do turismo ilheuense hoje está voltado para os lugares citados em suas obras ou frequentados por ele –caso, por exemplo, do Bataclan, prostíbulo convertido em restaurante temático. Mas nem só de Jorge Amado vive (ou deve viver) o turista que passa por ali. A cidade de 182 mil habitantes, a cerca de 460 quilômetros de Salvador, tem outros pontos turísticos e gastronômicos tão –ou mais– interessantes quanto os eternizados na literatura. A começar pelo resgate de outra marca local, o cacau, parte importante da identidade de Ilhéus –essa área do litoral baiano é conhecido como "costa do cacau". A produção cacaueira foi a principal fonte de renda local até meados do século passado, quando a competição com a produção africana e uma epidemia de vassoura-de-bruxa, um fungo amazônico, arruinaram os "barões do cacau". O fruto nunca recuperou o poder econômico, mas voltou a fazer parte do roteiro turístico da cidade –há até planos de consolidar uma via com base nas fazendas. Hoje, com a praga controlada, Ilhéus passou a produzir o chamado chocolate de origem –em que todas as etapas da produção, do plantio ao processamento, são feitas no mesmo local. É o caso da fazenda Riachuelo, que produz o chocolate Mendoá. Ali, há visitas guiadas para grupos de até 20 pessoas (é preciso agendar pelo telefone 73/9955-0916). Lá, o turista vê todas as partes do processo: da plantação do cacau à embalagem (em partes, artesanal), passando pela escolha das sementes e também o processamento. A visita, por enquanto, é gratuita, já que o turismo não é o principal foco da fazenda –não há estruturas como restaurante para matar a fome dos visitantes. É o oposto da fazenda e pousada Provisão, no km 27 da rodovia Ilhéus-Uruçuca, onde, além de visitar roças de cacau e fazer trilhas, pode-se almoçar em um coreto no meio da propriedade e hospedar-se em um dos quartos da sede. A diária com o passeio sai por R$ 140, com direito a café da manhã, almoço e jantar, além de rafting e trilhas. CENTRO HISTÓRICO No centro, o roteiro inevitável passa pela antiga casa de Jorge Amado, hoje convertida em museu. Mas também merece uma parada na sorveteria Ponto Chic, aberta em 1952. Na carta, com mais de 30 sabores (tapioca é o mais pedido), destacam-se os regionais como seriguela, cajá e cacau (custam entre R$ 4 e R$ 11). É nas redondezas que ficam o Bataclan e o bar Vesúvio. E, a dez minutos de caminhada, outro ponto que vale a visita, a igreja Matriz de São Jorge dos Ilhéus –erguida em 1556, é a construção mais antiga da cidade. PARADAS FAZEM VALER BATE-VOLTA A ITACARÉ Situada 70 quilômetros ao norte de Ilhéus, Itacaré é um dos destinos mais disputados do sul da Bahia, conhecido por suas lindas praias e vida noturna agitada. A viagem leva cerca de duas horas, de carro –ou seja, hospedando-se em Ilhéus é possível passar o dia fazendo stand-up paddle na praia da Concha, em Itacaré; ou, ao contrário, quem dorme em Itacaré tem a chance de separar um dia para visitar o restaurante-museu Bataclan e as fazendas de cacau. Mas na própria estrada estão atrações que não devem passar batidas, como o mirante Serra Grande 2 –que dista cerca de 30 quilômetros de ambas cidades. Do alto, é linda a vista para a praia Pé de Serra e o mar. No caminho, atenção: uma guia turística ouvida pela Folha aconselha evitar o mirante Serra Grande 1, mais próximo a Ilhéus –segundo ela, o local se transformou em um ponto de assaltos. Próximo ao Serra Grande 2, no quilômetro 28 da rodovia, está o restaurante Cabana da Empada, ponto que deve ser obrigatório de parada. Um dos chamarizes, evidentemente, são as empadas –há desde os sabores tradicionais de palmito e camarão até a ótima versão de caranguejo ou a de carne seca com banana (todas por R$ 6). Mas o lugar também oferece um almoço tipicamente baiano, com moquecas e bobós, e providenciais redes para descansar antes de pegar a estrada novamente. Quem não quiser alugar carro pode fechar um pacote com uma das agências locais –o preço do tour de um dia a Itacaré, com passagem pelas praias urbanas, gira em torno de R$ 80. De táxi, o passeio sai por salgados R$ 190. Mas que não se aflijam os mochileiros: embora impossibilitem essas paradas no trajeto, há ônibus que fazem a rota Ilhéus-Itacaré por apenas R$ 12.
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Corte de salário de servidores pode ser insuficiente para ajustar Estados
O corte de salários dos servidores, uma das propostas do governo federal para reequilibrar as contas dos Estados em calamidade financeira, tem efeito limitado sobre o principal problema destes governadores: o aumento acelerado dos gastos com pessoal. Além de difícil implementação, o corte salarial não resolve o problema de fundo de Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, afirmam especialistas. Os três Estados do país em pior situação financeira e candidatos a aderir ao socorro federal têm em comum despesas crescentes –e cada vez mais pesadas– com a aposentadoria de servidores. "Em termos estruturais, a crise estadual decorre muito mais do descontrole da Previdência que do aumento da folha dos servidores ativos", afirma José Roberto Afonso, economista da FGV e do IDP. Segundo estudo recente feito pelo especialista, os três Estados gastam menos do que a média nacional para bancar os funcionários do Executivo. "Concentrar o ajuste nos servidores ativos aumentará o custo suportado pela população, que pagará cada vez mais impostos para financiar o deficit previdenciário, que beneficia um grupo muito pequeno, em troca de contar cada vez menos com segurança, saúde e ensino." ESTADOS ENVELHECIDOS - Participação dos inativos nos gastos com pessoal, em 2015, em %* Levantamento feito nas informações prestadas pelos Estados ao Tesouro Nacional mostra que os três são os que mais gastam com Previdência como proporção das despesas com pessoal. Aposentadorias e pensões consumiram mais de um terço dos gastos com pessoal em 2015. Os dados parciais do ano passado até agosto (os mais recentes disponíveis) indicam que o peso da aposentadoria dos servidores cresceu. No Rio e em Minas, o percentual subiu para mais de 45% das despesas com pessoal. No Rio Grande do Sul, o número chegou a 61%. Segundo Fábio Klein, da consultoria Tendências, diferentemente dos salários do pessoal da ativa, os gastos dos Estados com aposentadorias são mais inflexíveis, pois têm regras próprias de correção e são inegociáveis. "É na Previdência onde está a situação mais crítica desses Estados". Leonardo Rolim, consultor legislativo da Câmara e ex-secretário de Previdência, diz não ver "muito sucesso" no corte de salários e aponta algumas etapas a serem cumpridas para sua execução. NÃO É FÁCIL A primeira é a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o tema. Uma liminar, parada há anos no tribunal, impede o corte de salários. O segundo é a falta de regras. "Não é simples reduzir a jornada. Ela valerá para todos ou só para alguns? Quais serão os critérios para escolher os servidores? Imagino que não seja possível reduzir a jornada de policiais ou de professores, por exemplo." Para o especialista, mesmo que o Supremo dê sinal verde, ainda seria desejável que o Congresso estabelecesse regras para que os governadores adotassem a medida. "Se não se corre o risco de categorias recorrerem à Justiça." ESTADOS ENVELHECIDOS - Quanto os Estados gastaram com pessoal, em 2015, em R$ bilhões Um PDV (programa de demissão voluntária), também ventilado pelo Ministério da Fazenda, seria de difícil implementação, segundo Rolim. Ele afirma que a prática mais comum do serviço público tem sido exatamente na direção oposta, de postergar a permanência de servidores que já poderiam se aposentar. Klein, da Tendências, lembra que tanto o corte de salários quanto um PDV teriam como efeito adverso a redução do número de contribuintes ativos para financiar a Previdência. "Ao ajustar o estoque de ativos perde-se na contribuição", diz. Diante do quadro, na avaliação de Rolim, a proposta mais interessante apresentada pelo governo é o aumento das contribuições previdenciárias dos servidores. "É a mais justa, além de não afetar o funcionamento dos Estados", diz. O Rio Grande do Sul aprovou o reajuste de 11% para 14% no fim de 2016. No Rio, o governo chegou a propor uma taxa extra temporária de 30% sobre os salários dos servidores, mas agora fala em 20%.
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Corte de salário de servidores pode ser insuficiente para ajustar EstadosO corte de salários dos servidores, uma das propostas do governo federal para reequilibrar as contas dos Estados em calamidade financeira, tem efeito limitado sobre o principal problema destes governadores: o aumento acelerado dos gastos com pessoal. Além de difícil implementação, o corte salarial não resolve o problema de fundo de Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, afirmam especialistas. Os três Estados do país em pior situação financeira e candidatos a aderir ao socorro federal têm em comum despesas crescentes –e cada vez mais pesadas– com a aposentadoria de servidores. "Em termos estruturais, a crise estadual decorre muito mais do descontrole da Previdência que do aumento da folha dos servidores ativos", afirma José Roberto Afonso, economista da FGV e do IDP. Segundo estudo recente feito pelo especialista, os três Estados gastam menos do que a média nacional para bancar os funcionários do Executivo. "Concentrar o ajuste nos servidores ativos aumentará o custo suportado pela população, que pagará cada vez mais impostos para financiar o deficit previdenciário, que beneficia um grupo muito pequeno, em troca de contar cada vez menos com segurança, saúde e ensino." ESTADOS ENVELHECIDOS - Participação dos inativos nos gastos com pessoal, em 2015, em %* Levantamento feito nas informações prestadas pelos Estados ao Tesouro Nacional mostra que os três são os que mais gastam com Previdência como proporção das despesas com pessoal. Aposentadorias e pensões consumiram mais de um terço dos gastos com pessoal em 2015. Os dados parciais do ano passado até agosto (os mais recentes disponíveis) indicam que o peso da aposentadoria dos servidores cresceu. No Rio e em Minas, o percentual subiu para mais de 45% das despesas com pessoal. No Rio Grande do Sul, o número chegou a 61%. Segundo Fábio Klein, da consultoria Tendências, diferentemente dos salários do pessoal da ativa, os gastos dos Estados com aposentadorias são mais inflexíveis, pois têm regras próprias de correção e são inegociáveis. "É na Previdência onde está a situação mais crítica desses Estados". Leonardo Rolim, consultor legislativo da Câmara e ex-secretário de Previdência, diz não ver "muito sucesso" no corte de salários e aponta algumas etapas a serem cumpridas para sua execução. NÃO É FÁCIL A primeira é a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o tema. Uma liminar, parada há anos no tribunal, impede o corte de salários. O segundo é a falta de regras. "Não é simples reduzir a jornada. Ela valerá para todos ou só para alguns? Quais serão os critérios para escolher os servidores? Imagino que não seja possível reduzir a jornada de policiais ou de professores, por exemplo." Para o especialista, mesmo que o Supremo dê sinal verde, ainda seria desejável que o Congresso estabelecesse regras para que os governadores adotassem a medida. "Se não se corre o risco de categorias recorrerem à Justiça." ESTADOS ENVELHECIDOS - Quanto os Estados gastaram com pessoal, em 2015, em R$ bilhões Um PDV (programa de demissão voluntária), também ventilado pelo Ministério da Fazenda, seria de difícil implementação, segundo Rolim. Ele afirma que a prática mais comum do serviço público tem sido exatamente na direção oposta, de postergar a permanência de servidores que já poderiam se aposentar. Klein, da Tendências, lembra que tanto o corte de salários quanto um PDV teriam como efeito adverso a redução do número de contribuintes ativos para financiar a Previdência. "Ao ajustar o estoque de ativos perde-se na contribuição", diz. Diante do quadro, na avaliação de Rolim, a proposta mais interessante apresentada pelo governo é o aumento das contribuições previdenciárias dos servidores. "É a mais justa, além de não afetar o funcionamento dos Estados", diz. O Rio Grande do Sul aprovou o reajuste de 11% para 14% no fim de 2016. No Rio, o governo chegou a propor uma taxa extra temporária de 30% sobre os salários dos servidores, mas agora fala em 20%.
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Operários ficam presos em mina na China após explosão de gás
Pelo menos dez mineradores ficaram presos em uma mina de carvão na China depois que ocorreu uma explosão de gás por razões desconhecidas, segundo a agência oficial "Xinhua". O acidente ocorreu por volta das 22h locais de sexta-feira (11h de Brasília) na mina Yongji, localizada na província oriental de Jiangxi, quando os operários trabalhavam em seu interior. A explosão, cujas causas estão sendo investigadas, causou o colapso de um trecho da mina, fazendo com que os operários ficassem presos. Agora, as equipes de resgate estão concentradas em localizar os trabalhadores e resgatá-los com vida, enquanto o dono da mina, que é de propriedade particular, está sendo investigado pela polícia. As autoridades também estão revisando as licenças da empresa, depois das irregularidades registradas na indústria no passado. Dezenas de acidente ocorrem todos os anos nas minas chinesas, que são especialmente dedicadas à extração do carvão, a principal fonte de energia do país, e já causaram a morte de milhares de pessoas. No entanto, as autoridades do país argumentam que conseguiram reduzir o número de vítimas de cerca de 7 mil em 2002 - o pior ano para a China em número de mortes nesses acidentes - para 931 em 2014.
mundo
Operários ficam presos em mina na China após explosão de gásPelo menos dez mineradores ficaram presos em uma mina de carvão na China depois que ocorreu uma explosão de gás por razões desconhecidas, segundo a agência oficial "Xinhua". O acidente ocorreu por volta das 22h locais de sexta-feira (11h de Brasília) na mina Yongji, localizada na província oriental de Jiangxi, quando os operários trabalhavam em seu interior. A explosão, cujas causas estão sendo investigadas, causou o colapso de um trecho da mina, fazendo com que os operários ficassem presos. Agora, as equipes de resgate estão concentradas em localizar os trabalhadores e resgatá-los com vida, enquanto o dono da mina, que é de propriedade particular, está sendo investigado pela polícia. As autoridades também estão revisando as licenças da empresa, depois das irregularidades registradas na indústria no passado. Dezenas de acidente ocorrem todos os anos nas minas chinesas, que são especialmente dedicadas à extração do carvão, a principal fonte de energia do país, e já causaram a morte de milhares de pessoas. No entanto, as autoridades do país argumentam que conseguiram reduzir o número de vítimas de cerca de 7 mil em 2002 - o pior ano para a China em número de mortes nesses acidentes - para 931 em 2014.
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Festa para "Chapo" desmoraliza Estado
A fuga de Joaquín "El Chapo" Guzmán pode ser "imperdoável", como diz o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e repetem 11 de cada 10 colunistas da mídia local. Mas, para uma parte dos mexicanos, a fuga, mais do que "perdoável", é motivo de festa. Já está no YouTube –e foi postado no site do jornal "Excelsior"– um "corrido" em homenagem ao narcotraficante. "Corrido" pode ser definido como a versão mexicana das canções de cordel do Nordeste brasileiro, tradição antiga mas que, com a ascensão do narcotráfico, foi apropriada pelos "capi" para louvar suas façanhas. O "corrido" agora lançado cita "El Chapo" abertamente, diz que é preciso "tirar o chapéu" para ele e garante que "hay Chapo para rato" (é uma maneira de dizer do espanhol para afirmar que alguém ou alguma coisa é duradouro/a). Em "La Jornada", o correspondente em Culiacán, capital do Estado de Sinaloa, considerado o berço do narcotráfico mexicano e do qual procede o fugitivo, relata o seguinte: "Em Culiacán, os cidadãos estão polarizados entre o festejo e a impotência. Na noite de sábado e madrugada de domingo, civis festejaram a fuga do líder do cartel de Sinaloa, no bairro central de Las Quintas. Contrataram bandas regionais, houve comida e bebida, assim como disparos ao ar de armas de fogo de grosso calibre, sem que nenhuma autoridade interviesse". Parece evidente que o narcotráfico não é apenas um fenômeno policial no México, mas também cultural e que estende suas ramificações pelas instituições do Estado. Basta ler a análise de Victor Beltri, colunista do "Excelsior": "Era impossível, realmente, que ninguém tivesse se dado conta, que ninguém escutasse as obras [do túnel pelo qual Guzmán fugiu], que ninguém visse por onde saíam as toneladas de terra. Não é somente uma questão de recursos, audácia ou da indiscutível inteligência de Guzmán, mas também é claro que para lograr a fuga teve que contar com o contubérnio de algumas –muitas– autoridades, tanto dentro do presídio como nos governos locais e nas forças de segurança de todos os níveis". Completa o editorial desta segunda-feira, 13, do "La Jornada": "A segunda fuga de Joaquín 'El Chapo' Guzmán Loera de um cárcere de segurança máxima (...) obriga a pôr em dúvida todo o discurso e as ações oficiais em matéria de segurança, combate à delinquência organizada e luta contra contra a corrupção". Não é à toa, portanto, que o criminoso, ao desmoralizar o Estado, tenha ganho, desgraçadamente, o seu "corrido" mal se soube de sua fuga.
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Festa para "Chapo" desmoraliza EstadoA fuga de Joaquín "El Chapo" Guzmán pode ser "imperdoável", como diz o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e repetem 11 de cada 10 colunistas da mídia local. Mas, para uma parte dos mexicanos, a fuga, mais do que "perdoável", é motivo de festa. Já está no YouTube –e foi postado no site do jornal "Excelsior"– um "corrido" em homenagem ao narcotraficante. "Corrido" pode ser definido como a versão mexicana das canções de cordel do Nordeste brasileiro, tradição antiga mas que, com a ascensão do narcotráfico, foi apropriada pelos "capi" para louvar suas façanhas. O "corrido" agora lançado cita "El Chapo" abertamente, diz que é preciso "tirar o chapéu" para ele e garante que "hay Chapo para rato" (é uma maneira de dizer do espanhol para afirmar que alguém ou alguma coisa é duradouro/a). Em "La Jornada", o correspondente em Culiacán, capital do Estado de Sinaloa, considerado o berço do narcotráfico mexicano e do qual procede o fugitivo, relata o seguinte: "Em Culiacán, os cidadãos estão polarizados entre o festejo e a impotência. Na noite de sábado e madrugada de domingo, civis festejaram a fuga do líder do cartel de Sinaloa, no bairro central de Las Quintas. Contrataram bandas regionais, houve comida e bebida, assim como disparos ao ar de armas de fogo de grosso calibre, sem que nenhuma autoridade interviesse". Parece evidente que o narcotráfico não é apenas um fenômeno policial no México, mas também cultural e que estende suas ramificações pelas instituições do Estado. Basta ler a análise de Victor Beltri, colunista do "Excelsior": "Era impossível, realmente, que ninguém tivesse se dado conta, que ninguém escutasse as obras [do túnel pelo qual Guzmán fugiu], que ninguém visse por onde saíam as toneladas de terra. Não é somente uma questão de recursos, audácia ou da indiscutível inteligência de Guzmán, mas também é claro que para lograr a fuga teve que contar com o contubérnio de algumas –muitas– autoridades, tanto dentro do presídio como nos governos locais e nas forças de segurança de todos os níveis". Completa o editorial desta segunda-feira, 13, do "La Jornada": "A segunda fuga de Joaquín 'El Chapo' Guzmán Loera de um cárcere de segurança máxima (...) obriga a pôr em dúvida todo o discurso e as ações oficiais em matéria de segurança, combate à delinquência organizada e luta contra contra a corrupção". Não é à toa, portanto, que o criminoso, ao desmoralizar o Estado, tenha ganho, desgraçadamente, o seu "corrido" mal se soube de sua fuga.
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Veja os melhores momentos desta quinta-feira dos Jogos Paraolímpicos
Assista DE SÃO PAULO O para-atleta Ricardo Costa de Oliveira, 34, do salto em distância, conquistou nesta quinta-feira (8) a primeira medalha de ouro para o Brasil na Paraolimpíada do Rio. Ele atingiu a marca de 6.52 m e superou o americano Lex Gillete no último salto. O brasileiro Daniel Dias faturou a segunda medalha de ouro do Brasil nos Jogos Paraolímpicos nesta quinta-feira (8), a primeira do nadador nesta edição. Com o tempo de 2m 27s 388, Daniel não deu chances para seus adversários e venceu com facilidade os 200 m livre classe S5. Minutos depois, Ítalo Pereira conquistou o bronze nos 100 m costas classe S7. No vídeo acima, veja os melhores momentos dos Jogos Paraolímpicos do Rio.
esporte
Veja os melhores momentos desta quinta-feira dos Jogos Paraolímpicos Assista DE SÃO PAULO O para-atleta Ricardo Costa de Oliveira, 34, do salto em distância, conquistou nesta quinta-feira (8) a primeira medalha de ouro para o Brasil na Paraolimpíada do Rio. Ele atingiu a marca de 6.52 m e superou o americano Lex Gillete no último salto. O brasileiro Daniel Dias faturou a segunda medalha de ouro do Brasil nos Jogos Paraolímpicos nesta quinta-feira (8), a primeira do nadador nesta edição. Com o tempo de 2m 27s 388, Daniel não deu chances para seus adversários e venceu com facilidade os 200 m livre classe S5. Minutos depois, Ítalo Pereira conquistou o bronze nos 100 m costas classe S7. No vídeo acima, veja os melhores momentos dos Jogos Paraolímpicos do Rio.
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Haddad declara patrimônio de R$ 452 mil à Justiça Eleitoral
O prefeito Fernando Haddad, candidato à reeleição em São Paulo, declarou um patrimônio de R$ 451.938,07 à Justiça Eleitoral. O valor é inferior aos R$ 473.789,66 declarados na última candidatura, em 2012. A lista conta com quatro bens: depósito bancário de R$ 38.491,81 no Banco do Brasil, parte de uma casa no Planalto Paulista no valor de R$ 183 mil, um apartamento no Paraíso no valor de R$ 90 mil e cotas de capital herdadas em um espólio no valor de R$ 140.446,26. Os imóveis foram declarados abaixo dos valores venais porque Haddad escolheu utilizar os valores de aquisição, sem atualizá-los pela inflação. A prática é legal e também foi utilizada por João Dória (PSDB) e Celso Russomanno (PRB). Diferentemente de 2012, Haddad não listou um carro Ford Ecosport 2006, então avaliado em R$ 58.654. Doria e Russomanno também já apresentaram a declaração de bens à Justiça.
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Haddad declara patrimônio de R$ 452 mil à Justiça EleitoralO prefeito Fernando Haddad, candidato à reeleição em São Paulo, declarou um patrimônio de R$ 451.938,07 à Justiça Eleitoral. O valor é inferior aos R$ 473.789,66 declarados na última candidatura, em 2012. A lista conta com quatro bens: depósito bancário de R$ 38.491,81 no Banco do Brasil, parte de uma casa no Planalto Paulista no valor de R$ 183 mil, um apartamento no Paraíso no valor de R$ 90 mil e cotas de capital herdadas em um espólio no valor de R$ 140.446,26. Os imóveis foram declarados abaixo dos valores venais porque Haddad escolheu utilizar os valores de aquisição, sem atualizá-los pela inflação. A prática é legal e também foi utilizada por João Dória (PSDB) e Celso Russomanno (PRB). Diferentemente de 2012, Haddad não listou um carro Ford Ecosport 2006, então avaliado em R$ 58.654. Doria e Russomanno também já apresentaram a declaração de bens à Justiça.
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Interior do país é decisivo em voto do 'não' ao plebiscito na Colômbia
As primeiras análises dos números de votação mostram que as capitais do interior do país definiram a vitória do "não" no plebiscito da Colômbia deste domingo (2). Enquanto Bogotá vinha brandindo os lenços brancos durante a semana e hoje se preparava para a festa do "sim" nas principais praças e avenidas da cidade, nas quais foram instalados telões para acompanhar o resultado, cidades como Medellín (capital da Antioquia), Villavicencio (de Meta), Ibagué (Tolima) e Cúcuta (Santander) votaram massivamente contra o acordo. A reportagem da Folha esteve em Medellín nos últimos dias, e era clara uma diferença de ambiente. Cidade mais conservadora, que viveu os anos mais duros da violência dos cartéis da droga (anos 80 e 90) e reduto eleitoral do ex-presidente Álvaro Uribe, principal opositor do acordo de paz e rival do presidente Juan Manuel Santos, viam-se muito mais cartazes de "não ao acordo" e de "não a Santos" espalhados pela cidade do que na capital do país. As outras capitais que definiram a derrota do governo são de departamentos mais pobres e muito afetados pelo conflito, nos quais a população tem ainda mais restrições a indultar ex-guerrilheiros. Ainda assim, outros Departamentos afetados pela violência apostaram pelo "sim", como Chocó, Vaupés, Cauca e Putumayo, o que mostra um país de fato dividido. A maioria dos "deslocados" que vivem nas periferias de Bogotá vem dessas regiões. Embora se dividissem com relação à paz, em entrevistas à Folha há algumas semanas falavam com muito rancor e ressentimento do modo como foram obrigados a deixar seus lares. No domingo pela manhã, em Bogotá, algumas pessoas expressaram suas ressalvas quanto à ressocialização dos membros das Farc. "Eu vi aqueles guerrilheiros vibrando como se estivessem num festival de rock e pensei: o que será desse país com esses bandidos impunes por aí?", perguntou à Folha a professora Sara Rojas, que votou na região de Chapinero, em Bogotá. Ela se referia à décima conferência das Farc, realizada há duas semanas, em que os membros da guerrilha se reuniram e, enquanto as lideranças discutiam o acordo, celebravam em shows de rock que renderam várias comparações ao espírito de Woodstock e dos festivais de verão europeus. Já o estudante Bryan Ocampo, em Medellín, disse no sábado (1º) que votaria pelo "sim" justamente porque não aguentava mais ter sua cidade e seu país associados à criminalidade. "Eu ganhei uma bolsa para estudar nos EUA, e foi muito difícil no começo me aceitarem, parecia que eu era um ex-presidiário, tinham certeza de que eu tinha alguma relação com a delinquência". Ocampo, porém, disse que era uma exceção em seu grupo de amigos e familiares, que segundo ele não votariam neste domingo. CLIMA Além da alta abstenção que já era prevista nas pesquisas, um fator climático impediu parte dos eleitores da costa —que estavam em sua maioria (80%) pelo "sim", de votar. Devido às consequências da passagem de um furacão na região caribenha, houve temporais e alagamentos que afetaram principalmente centros de votação em La Guajira, Bolívar e na região de Barranquilla. Mesmo em Bogotá, onde choveu muito pela manhã, muitos preferiram sair para votar à tarde.
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Interior do país é decisivo em voto do 'não' ao plebiscito na ColômbiaAs primeiras análises dos números de votação mostram que as capitais do interior do país definiram a vitória do "não" no plebiscito da Colômbia deste domingo (2). Enquanto Bogotá vinha brandindo os lenços brancos durante a semana e hoje se preparava para a festa do "sim" nas principais praças e avenidas da cidade, nas quais foram instalados telões para acompanhar o resultado, cidades como Medellín (capital da Antioquia), Villavicencio (de Meta), Ibagué (Tolima) e Cúcuta (Santander) votaram massivamente contra o acordo. A reportagem da Folha esteve em Medellín nos últimos dias, e era clara uma diferença de ambiente. Cidade mais conservadora, que viveu os anos mais duros da violência dos cartéis da droga (anos 80 e 90) e reduto eleitoral do ex-presidente Álvaro Uribe, principal opositor do acordo de paz e rival do presidente Juan Manuel Santos, viam-se muito mais cartazes de "não ao acordo" e de "não a Santos" espalhados pela cidade do que na capital do país. As outras capitais que definiram a derrota do governo são de departamentos mais pobres e muito afetados pelo conflito, nos quais a população tem ainda mais restrições a indultar ex-guerrilheiros. Ainda assim, outros Departamentos afetados pela violência apostaram pelo "sim", como Chocó, Vaupés, Cauca e Putumayo, o que mostra um país de fato dividido. A maioria dos "deslocados" que vivem nas periferias de Bogotá vem dessas regiões. Embora se dividissem com relação à paz, em entrevistas à Folha há algumas semanas falavam com muito rancor e ressentimento do modo como foram obrigados a deixar seus lares. No domingo pela manhã, em Bogotá, algumas pessoas expressaram suas ressalvas quanto à ressocialização dos membros das Farc. "Eu vi aqueles guerrilheiros vibrando como se estivessem num festival de rock e pensei: o que será desse país com esses bandidos impunes por aí?", perguntou à Folha a professora Sara Rojas, que votou na região de Chapinero, em Bogotá. Ela se referia à décima conferência das Farc, realizada há duas semanas, em que os membros da guerrilha se reuniram e, enquanto as lideranças discutiam o acordo, celebravam em shows de rock que renderam várias comparações ao espírito de Woodstock e dos festivais de verão europeus. Já o estudante Bryan Ocampo, em Medellín, disse no sábado (1º) que votaria pelo "sim" justamente porque não aguentava mais ter sua cidade e seu país associados à criminalidade. "Eu ganhei uma bolsa para estudar nos EUA, e foi muito difícil no começo me aceitarem, parecia que eu era um ex-presidiário, tinham certeza de que eu tinha alguma relação com a delinquência". Ocampo, porém, disse que era uma exceção em seu grupo de amigos e familiares, que segundo ele não votariam neste domingo. CLIMA Além da alta abstenção que já era prevista nas pesquisas, um fator climático impediu parte dos eleitores da costa —que estavam em sua maioria (80%) pelo "sim", de votar. Devido às consequências da passagem de um furacão na região caribenha, houve temporais e alagamentos que afetaram principalmente centros de votação em La Guajira, Bolívar e na região de Barranquilla. Mesmo em Bogotá, onde choveu muito pela manhã, muitos preferiram sair para votar à tarde.
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Frederico Vasconcelos: Força-tarefa cria site sobre a Lava Jato
Dados sobre a investigação da corrupção na Petrobras estarão no endereço http://www.lavajato.mpf.mp.br/ O Ministério Público Federal (MPF) criou um site especial sobre a Operação Lava Jato, produzido pela força-tarefa que investiga o esquema de corrupção na Petrobras e pela Secretaria ... Leia post completo no blog
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Frederico Vasconcelos: Força-tarefa cria site sobre a Lava JatoDados sobre a investigação da corrupção na Petrobras estarão no endereço http://www.lavajato.mpf.mp.br/ O Ministério Público Federal (MPF) criou um site especial sobre a Operação Lava Jato, produzido pela força-tarefa que investiga o esquema de corrupção na Petrobras e pela Secretaria ... Leia post completo no blog
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Propostas de Marine Le Pen parecem as da esquerda latino-americana
O resultado da eleição francesa é notável acima de tudo pelo que simboliza acerca dos rumos da política ocidental: a derrocada da esquerda tradicional e a ascensão do nacionalismo. O candidato vitorioso, Emmanuel Macron, é jovem, centrista, bem sucedido no mercado financeiro e otimista. Seria adorado no Brasil. Talvez seja mais imagem do que substância, mas é uma imagem positiva. Modernidade, eficiência, abertura. Ainda que não reforme o sistema, está longe de encarnar seus piores vícios e pode trazer algum bem. Já Marine Le Pen, do Front National, representa algo bastante negativo e, para piorar, não fica só na aparência. Sua eleição significará a saída da União Europeia, dirigismo estatal e xenofobia. As propostas econômicas da tal extrema direita francesa são muito próximas da esquerda latino-americana: controle de preços, proteção à indústria e agricultura nacionais, emissão de moeda, expansão do assistencialismo e combate às forças perigosíssimas do capital. É natural, portanto, que o candidato derrotado de extrema esquerda, Jean-Luc Mélenchon, que dias atrás elogiou a ditadura de Maduro na Venezuela, tenha sido o único a não anunciar apoio imediato a Macron no segundo turno. O perigo de Le Pen, contudo, é ainda mais profundo. A Europa moderna se funda sobre os valores do iluminismo: racionalidade, liberdade individual e governo representativo. Uma consequência dessa visão é a de que os interesses dos povos caminham juntos. Comércio, ciência e diplomacia beneficiam a todos, trazendo qualidade de vida, progresso e paz. Le Pen é a escolha pelo fechamento nacionalista e étnico ao invés da universalidade da razão iluminista. Nessa visão, os interesses dos povos são antagônicos: o ganho de um é a perda do outro. O poder nu e cru, e não a razão, deve pautar as relações. Internamente, subjugação do indivíduo ao Estado; externamente, hostilidade constante. Alinha-se não com o Ocidente, mas com a Rússia de Vladimir Putin. A maioria dos franceses provavelmente não vê o mundo dessa maneira. Mas uma mistura de incerteza econômica, resistência aos piores aspectos da União Europeia e à imigração em massa dão votos para Le Pen. Essas insatisfações têm motivo. A França cresce pouco e o desemprego é alto. A sanha controladora e burocratizante da União Europeia conquista, com razão, a antipatia crescente dos europeus. E os problemas da imigração e do multiculturalismo em um mundo de terrorismo islâmico são inegáveis. Le Pen não resolverá esses problemas. Os 5% de muçulmanos não sairão da França. Serão apenas mais hostilizados e, portanto, mais propensos à radicalização; e a França continuará precisando de novos imigrantes. O fim da UE —que mesmo com todos os defeitos é uma tentativa bem-sucedida de integração econômica— trará recessão e mais desemprego. Pior de tudo, colocará em risco aquilo que hoje damos ingenuamente por garantido, e que é na verdade uma conquista recente e frágil: a paz na Europa. Felizmente, assim como seu pai Jean-Marie Le Pen em 2002, que chegou ao segundo turno, Marine deve perder. As pesquisas —as mesmas que acertaram o resultado no primeiro turno— dão vitória para Macron. A razão aponta para o melhor resultado. O problema é que, atualmente, a razão nem sempre tem acertado.
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Propostas de Marine Le Pen parecem as da esquerda latino-americanaO resultado da eleição francesa é notável acima de tudo pelo que simboliza acerca dos rumos da política ocidental: a derrocada da esquerda tradicional e a ascensão do nacionalismo. O candidato vitorioso, Emmanuel Macron, é jovem, centrista, bem sucedido no mercado financeiro e otimista. Seria adorado no Brasil. Talvez seja mais imagem do que substância, mas é uma imagem positiva. Modernidade, eficiência, abertura. Ainda que não reforme o sistema, está longe de encarnar seus piores vícios e pode trazer algum bem. Já Marine Le Pen, do Front National, representa algo bastante negativo e, para piorar, não fica só na aparência. Sua eleição significará a saída da União Europeia, dirigismo estatal e xenofobia. As propostas econômicas da tal extrema direita francesa são muito próximas da esquerda latino-americana: controle de preços, proteção à indústria e agricultura nacionais, emissão de moeda, expansão do assistencialismo e combate às forças perigosíssimas do capital. É natural, portanto, que o candidato derrotado de extrema esquerda, Jean-Luc Mélenchon, que dias atrás elogiou a ditadura de Maduro na Venezuela, tenha sido o único a não anunciar apoio imediato a Macron no segundo turno. O perigo de Le Pen, contudo, é ainda mais profundo. A Europa moderna se funda sobre os valores do iluminismo: racionalidade, liberdade individual e governo representativo. Uma consequência dessa visão é a de que os interesses dos povos caminham juntos. Comércio, ciência e diplomacia beneficiam a todos, trazendo qualidade de vida, progresso e paz. Le Pen é a escolha pelo fechamento nacionalista e étnico ao invés da universalidade da razão iluminista. Nessa visão, os interesses dos povos são antagônicos: o ganho de um é a perda do outro. O poder nu e cru, e não a razão, deve pautar as relações. Internamente, subjugação do indivíduo ao Estado; externamente, hostilidade constante. Alinha-se não com o Ocidente, mas com a Rússia de Vladimir Putin. A maioria dos franceses provavelmente não vê o mundo dessa maneira. Mas uma mistura de incerteza econômica, resistência aos piores aspectos da União Europeia e à imigração em massa dão votos para Le Pen. Essas insatisfações têm motivo. A França cresce pouco e o desemprego é alto. A sanha controladora e burocratizante da União Europeia conquista, com razão, a antipatia crescente dos europeus. E os problemas da imigração e do multiculturalismo em um mundo de terrorismo islâmico são inegáveis. Le Pen não resolverá esses problemas. Os 5% de muçulmanos não sairão da França. Serão apenas mais hostilizados e, portanto, mais propensos à radicalização; e a França continuará precisando de novos imigrantes. O fim da UE —que mesmo com todos os defeitos é uma tentativa bem-sucedida de integração econômica— trará recessão e mais desemprego. Pior de tudo, colocará em risco aquilo que hoje damos ingenuamente por garantido, e que é na verdade uma conquista recente e frágil: a paz na Europa. Felizmente, assim como seu pai Jean-Marie Le Pen em 2002, que chegou ao segundo turno, Marine deve perder. As pesquisas —as mesmas que acertaram o resultado no primeiro turno— dão vitória para Macron. A razão aponta para o melhor resultado. O problema é que, atualmente, a razão nem sempre tem acertado.
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Dá para dormir em boa parte de 'Beira-Mar' sem perder nada
O cinema ao alcance de todos. Essa promessa cumprida pela tecnologia digital liberou a criatividade, antes reprimida pelos altos custos da produção em película. E também provocou o lançamento de obras que precisariam de amadurecimento para chegarem a ser o que querem. "Beira-Mar", longa de estreia da dupla de diretores gaúchos Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, é exemplo de como a pressa para ocupar um lugar ao sol da "arte" nem sempre ajuda. Logo após realizarem curiosos exercícios formalistas no documentário "Preservativo" e na ficção "Um Diálogo de Ballet", ambos no formato curta, os diretores já se lançaram no longa, foram selecionados para o Festival de Berlim e receberam o prêmio de estreantes no Festival do Rio. "Beira-Mar" segue os devaneios de dois garotos, Martin e Tomaz, nos dias que passam numa casa vazia no litoral desolado num inverno gaúcho. A cidade sem ninguém não oferece atrações e eles enchem o vácuo perambulando, jogando, dormindo, bebendo e fumando. Assim, acreditam expressar o mesmo sentimento dos personagens de Antonioni ou de Gus van Sant. Fragmentos de relações e conflitos aparecem numa visita à casa de parentes e em encontros com amigos. Mas mesmo essas situações potencialmente narrativas são interrompidas, desconectadas de um desenvolvimento dramático tradicional. Ao longo do filme, a imagem se detém nos dois jovens atores, valoriza a espontaneidade de seus movimentos e falas. Captura o afeto que os aproxima e mostra a latência de um desejo homossexual. Solta e movimentando-se como numa dança, a câmera compartilha essa intimidade. O tempo todo próximo, o olhar dos diretores expressa cumplicidade, identificação com seus personagens. O desajuste e reajuste frequente do foco recria a sensação de não conhecer direito, de supor mais que saber, que o filme explora até a virada final. Se esses aspectos revelam uma consciência do que buscam e um controle das formas, é difícil evitar a impressão de vácuo na ficção, de que, no fundo, o filme tenta se sustentar num oco, pois baseia-se na recusa da progressão dramática e em troca impõe ao espectador um esboço. O desenlace concentrado nos últimos minutos só intensifica a experiência de uma narrativa artificialmente alongada, como se Matzembacher e Reolon tivessem pensado num curta e decidido realizá-lo com uma duração de... 83 minutos. Até os cinco minutos finais, podemos dormir, ir ao banheiro, sair para comprar água e voltar com a certeza de que não perdemos nada. BEIRA-MAR DIREÇÃO Filipe Matzembacher e Marcio Reolon ELENCO Mateus Almada, Maurício José Barcellos, Elisa Brites PRODUÇÃO Brasil, 2015, 14 anos QUANDO estreia nesta quinta (5)
ilustrada
Dá para dormir em boa parte de 'Beira-Mar' sem perder nadaO cinema ao alcance de todos. Essa promessa cumprida pela tecnologia digital liberou a criatividade, antes reprimida pelos altos custos da produção em película. E também provocou o lançamento de obras que precisariam de amadurecimento para chegarem a ser o que querem. "Beira-Mar", longa de estreia da dupla de diretores gaúchos Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, é exemplo de como a pressa para ocupar um lugar ao sol da "arte" nem sempre ajuda. Logo após realizarem curiosos exercícios formalistas no documentário "Preservativo" e na ficção "Um Diálogo de Ballet", ambos no formato curta, os diretores já se lançaram no longa, foram selecionados para o Festival de Berlim e receberam o prêmio de estreantes no Festival do Rio. "Beira-Mar" segue os devaneios de dois garotos, Martin e Tomaz, nos dias que passam numa casa vazia no litoral desolado num inverno gaúcho. A cidade sem ninguém não oferece atrações e eles enchem o vácuo perambulando, jogando, dormindo, bebendo e fumando. Assim, acreditam expressar o mesmo sentimento dos personagens de Antonioni ou de Gus van Sant. Fragmentos de relações e conflitos aparecem numa visita à casa de parentes e em encontros com amigos. Mas mesmo essas situações potencialmente narrativas são interrompidas, desconectadas de um desenvolvimento dramático tradicional. Ao longo do filme, a imagem se detém nos dois jovens atores, valoriza a espontaneidade de seus movimentos e falas. Captura o afeto que os aproxima e mostra a latência de um desejo homossexual. Solta e movimentando-se como numa dança, a câmera compartilha essa intimidade. O tempo todo próximo, o olhar dos diretores expressa cumplicidade, identificação com seus personagens. O desajuste e reajuste frequente do foco recria a sensação de não conhecer direito, de supor mais que saber, que o filme explora até a virada final. Se esses aspectos revelam uma consciência do que buscam e um controle das formas, é difícil evitar a impressão de vácuo na ficção, de que, no fundo, o filme tenta se sustentar num oco, pois baseia-se na recusa da progressão dramática e em troca impõe ao espectador um esboço. O desenlace concentrado nos últimos minutos só intensifica a experiência de uma narrativa artificialmente alongada, como se Matzembacher e Reolon tivessem pensado num curta e decidido realizá-lo com uma duração de... 83 minutos. Até os cinco minutos finais, podemos dormir, ir ao banheiro, sair para comprar água e voltar com a certeza de que não perdemos nada. BEIRA-MAR DIREÇÃO Filipe Matzembacher e Marcio Reolon ELENCO Mateus Almada, Maurício José Barcellos, Elisa Brites PRODUÇÃO Brasil, 2015, 14 anos QUANDO estreia nesta quinta (5)
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Recuperar o normal
Deveria ser evidente a qualquer economista com algum contato com a história, não importa qual seja a igreja secreta a que pertence, "capitalistóide" ou "socialistóide", que existem limites para o voluntarismo econômico que não podem ser contornados sem graves consequências que, infelizmente, sempre chegam tarde demais, como, por exemplo: 1º) tentação de violar as identidades da contabilidade nacional, que leva a desequilíbrios cumulativos, cuja correção é sempre dolorosa; 2º) a necessidade de calibrar permanentemente o crescimento econômico (produzido pelo investimento) com a imprescindível redução das desigualdades (aumento das oportunidades de consumo); 3º) ignorar que só pode ser distribuído o que já foi produzido internamente, o que se ganhou de presente do exterior com a melhoria das relações de troca ou o que se tomou emprestado do exterior e que deverá ser devolvido no futuro; 4º) desconhecer que o crescimento econômico é somente o codinome do aumento da produtividade dos trabalhadores que depende, basicamente: a) da saúde, da educação e da experiência de cada um e do volume e da qualidade tecnológica do capital a ele associado (investimento); b) de como se organiza o processo produtivo nas empresas e sua segurança jurídica, ou seja, da eficiência com que transformam os fatores de produção que usam (trabalho, capital físico, energia e importação) em produtos acabados para consumo interno e exportação e em novos fatores de produção (investimento), o que é facilitado; c) pela existência de mercados bem regulados que coordenam, por meio de preços relativos livremente estabelecidos, as expectativas de consumo interno e externo com as expectativas de oferta dos produtores; d) da organização do Estado para prover serviços públicos com eficiência e liberá-lo do controle dos monopólios naturais com suas concessões ao setor privado por meio da criação desses mercados e do estabelecimento da "modicidade tarifária" com leilões bem concebidos e; 5º) deixar de reconhecer que a "ordem" fiscal (deficits estruturais adequados e relação dívida pública bruta/PIB com espaço suficiente para fazer política anticíclica quando necessário) é a mãe de todas as "ordens" e a possibilidade de uma coordenação adequada entre a política fiscal e as políticas monetária, salarial e cambial que produz o equilíbrio interno (baixa inflação) e o externo (deficit em conta corrente saudável). Façamos apenas o "normal". Dá certo!
colunas
Recuperar o normalDeveria ser evidente a qualquer economista com algum contato com a história, não importa qual seja a igreja secreta a que pertence, "capitalistóide" ou "socialistóide", que existem limites para o voluntarismo econômico que não podem ser contornados sem graves consequências que, infelizmente, sempre chegam tarde demais, como, por exemplo: 1º) tentação de violar as identidades da contabilidade nacional, que leva a desequilíbrios cumulativos, cuja correção é sempre dolorosa; 2º) a necessidade de calibrar permanentemente o crescimento econômico (produzido pelo investimento) com a imprescindível redução das desigualdades (aumento das oportunidades de consumo); 3º) ignorar que só pode ser distribuído o que já foi produzido internamente, o que se ganhou de presente do exterior com a melhoria das relações de troca ou o que se tomou emprestado do exterior e que deverá ser devolvido no futuro; 4º) desconhecer que o crescimento econômico é somente o codinome do aumento da produtividade dos trabalhadores que depende, basicamente: a) da saúde, da educação e da experiência de cada um e do volume e da qualidade tecnológica do capital a ele associado (investimento); b) de como se organiza o processo produtivo nas empresas e sua segurança jurídica, ou seja, da eficiência com que transformam os fatores de produção que usam (trabalho, capital físico, energia e importação) em produtos acabados para consumo interno e exportação e em novos fatores de produção (investimento), o que é facilitado; c) pela existência de mercados bem regulados que coordenam, por meio de preços relativos livremente estabelecidos, as expectativas de consumo interno e externo com as expectativas de oferta dos produtores; d) da organização do Estado para prover serviços públicos com eficiência e liberá-lo do controle dos monopólios naturais com suas concessões ao setor privado por meio da criação desses mercados e do estabelecimento da "modicidade tarifária" com leilões bem concebidos e; 5º) deixar de reconhecer que a "ordem" fiscal (deficits estruturais adequados e relação dívida pública bruta/PIB com espaço suficiente para fazer política anticíclica quando necessário) é a mãe de todas as "ordens" e a possibilidade de uma coordenação adequada entre a política fiscal e as políticas monetária, salarial e cambial que produz o equilíbrio interno (baixa inflação) e o externo (deficit em conta corrente saudável). Façamos apenas o "normal". Dá certo!
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Eliminatória tem observadores nos estádios para identificar racismo
Os jogos das eliminatórias para a Copa-2018 terão pessoas em alguns jogos contratadas pela Fifa especialmente para identificar casos de racismo. Os observadores atuarão em partidas com risco de acontecer atos discriminatórios. Relatório da entidade apontou principalmente as eliminatórias sul-americanas com alto potencial de injúrias raciais, principalmente por parte de torcedores de alguns países - não é informado quais são esses países no documento. A Fifa indicará quais jogos são de risco, e enviará ao estádio observadores que produzirão documento para caso seja necessário julgar atos de discriminação. No próximo mês, o Brasil enfrentará a Argentina fora de casa, um clássico que algumas vezes tem atletas brasileiros negros hostilizados. Haverá observador nessa partida. Os observadores vão avaliar conduta de jogadores, membros de comissão técnica, mas também de torcedores - eles podem, inclusive, ficar à paisana na arquibancada. Identificado o ato de um torcedor, a seleção para qual torce a pessoa pode ser multada e ter que jogar como mandante com portões fechados. Em casos mais graves pode haver a perda de pontos ou até a eliminação.
esporte
Eliminatória tem observadores nos estádios para identificar racismoOs jogos das eliminatórias para a Copa-2018 terão pessoas em alguns jogos contratadas pela Fifa especialmente para identificar casos de racismo. Os observadores atuarão em partidas com risco de acontecer atos discriminatórios. Relatório da entidade apontou principalmente as eliminatórias sul-americanas com alto potencial de injúrias raciais, principalmente por parte de torcedores de alguns países - não é informado quais são esses países no documento. A Fifa indicará quais jogos são de risco, e enviará ao estádio observadores que produzirão documento para caso seja necessário julgar atos de discriminação. No próximo mês, o Brasil enfrentará a Argentina fora de casa, um clássico que algumas vezes tem atletas brasileiros negros hostilizados. Haverá observador nessa partida. Os observadores vão avaliar conduta de jogadores, membros de comissão técnica, mas também de torcedores - eles podem, inclusive, ficar à paisana na arquibancada. Identificado o ato de um torcedor, a seleção para qual torce a pessoa pode ser multada e ter que jogar como mandante com portões fechados. Em casos mais graves pode haver a perda de pontos ou até a eliminação.
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EUA indenizarão famílias de vítimas de ataque a hospital no Afeganistão
O Pentágono disse que o governo dos EUA pagará uma indenização aos familiares das vítimas do ataque aéreo que matou 22 pessoas, no último sábado (3), em um hospital operado pela organização Médicos sem Fronteiras (MSF), em Kunduz, no Afeganistão. "O Departamento de Defesa acredita que é importante enfrentar as consequências do incidente trágico no hospital da MSF em Kunduz, Afeganistão", disse Peter Cook, porta-voz do Pentágono, em comunicado, acrescentando que os EUA também pagarão pela reconstrução do hospital. "As forças dos EUA no Afeganistão vão trabalhar com os afetados para determinar pagamentos apropriados. Se necessário e apropriado, o governo vai buscar autorização do Congresso", afirmou. Na última quarta (7), o presidente Barack Obama, pediu desculpas à organização pelo ataque. No dia anterior, o secretário de Defesa, Ash Carter, havia admitido a culpa dos EUA e "lamentou profundamente" as mortes. "As Forças Armadas dos EUA tomam o maior cuidado em nossas operações para impedir a perda de vidas inocentes, e quando cometemos erros, nós os admitimos. É exatamente o que estamos fazendo agora", disse Carter. O general John Campbell, líder militar dos EUA no Afeganistão, afirmou que o ataque aéreo foi em resposta a um pedido de militares afegãos. Os EUA então providenciaram suporte aéreo para as forças daquele país que estavam em conflito com militantes do Taleban em Kunduz, capital da província que foi capturada no mês passado pelos extremistas. A presidente internacional da entidade, Joanne Liu, afirmou que o pedido de desculpas não será suficiente, pois se trata de um crime de guerra, e a MSF espera que o governo americano consinta com uma investigação independente por uma comissão internacional. Entre os mortos do ataque americano ao hospital estavam 12 integrantes da MSF.
mundo
EUA indenizarão famílias de vítimas de ataque a hospital no AfeganistãoO Pentágono disse que o governo dos EUA pagará uma indenização aos familiares das vítimas do ataque aéreo que matou 22 pessoas, no último sábado (3), em um hospital operado pela organização Médicos sem Fronteiras (MSF), em Kunduz, no Afeganistão. "O Departamento de Defesa acredita que é importante enfrentar as consequências do incidente trágico no hospital da MSF em Kunduz, Afeganistão", disse Peter Cook, porta-voz do Pentágono, em comunicado, acrescentando que os EUA também pagarão pela reconstrução do hospital. "As forças dos EUA no Afeganistão vão trabalhar com os afetados para determinar pagamentos apropriados. Se necessário e apropriado, o governo vai buscar autorização do Congresso", afirmou. Na última quarta (7), o presidente Barack Obama, pediu desculpas à organização pelo ataque. No dia anterior, o secretário de Defesa, Ash Carter, havia admitido a culpa dos EUA e "lamentou profundamente" as mortes. "As Forças Armadas dos EUA tomam o maior cuidado em nossas operações para impedir a perda de vidas inocentes, e quando cometemos erros, nós os admitimos. É exatamente o que estamos fazendo agora", disse Carter. O general John Campbell, líder militar dos EUA no Afeganistão, afirmou que o ataque aéreo foi em resposta a um pedido de militares afegãos. Os EUA então providenciaram suporte aéreo para as forças daquele país que estavam em conflito com militantes do Taleban em Kunduz, capital da província que foi capturada no mês passado pelos extremistas. A presidente internacional da entidade, Joanne Liu, afirmou que o pedido de desculpas não será suficiente, pois se trata de um crime de guerra, e a MSF espera que o governo americano consinta com uma investigação independente por uma comissão internacional. Entre os mortos do ataque americano ao hospital estavam 12 integrantes da MSF.
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A tolice da crítica dos invejosos no futebol
A maioria da sociedade brasileira aguarda a aprovação, pelo Congresso, da Lei de Combate à Corrupção, proposta pelo Ministério Público Federal. É preciso mudar as regras, a estrutura atual. É o que deveria acontecer também na CBF. Não basta trocar os nomes. Dias atrás, recebi um convite de alguém da Federação Mineira de Futebol, intermediária da CBF, para ser um dos embaixadores da entidade no jogo entre Brasil e Argentina. Iria a algumas solenidades e seria homenageado antes da partida. Parece que não me conhecem e/ou que querem me corromper. Nunca aceitaria o convite de uma entidade em que o ex-presidente está em prisão domiciliar e que o atual não pode sair do país, com medo de ser algemado. Não estou também atrás de uma boquinha. Brasil e Argentina vivem situações inversas às que tinham antes dos quatro últimos jogos. A ausência de Messi e a chegada de Tite foram determinantes para a mudança. Apesar da boa expectativa em relação ao time brasileiro nos próximos anos, as mudanças rápidas na tabela servem de alerta para as incertezas do futebol. Quatro jogos é um período muito curto para se tirar conclusões definitivas e para tanta euforia. No meio de semana, Grêmio e Atlético-MG confirmaram as previsões e vão fazer a final da Copa do Brasil. Falta ao Cruzeiro o que o rival, o Atlético-MG, tem de melhor, muita qualidade individual do meio para frente. A força principal do Grêmio está nos dois volantes, Wallace e Maicon, que marcam muito e sabem jogar futebol. No futebol brasileiro, basta alguns resultados, mesmo se forem uma conquista de um torneio de jogos mata-mata, como a Copa do Brasil, para tudo ficar maravilhoso. Técnicos que estavam no ostracismo, como Renato Gaúcho, passam a ser endeusados, jogadores comuns viram excelentes, e análises das vitórias ficam espetaculosas. Se o Grêmio não for campeão e não conseguir vaga na Libertadores, Renato voltará a ser um técnico "boleiro", sem preparo científico. É tudo ou nada. No Brasileirão, independentemente do resultado de ontem e de hoje, os times que possuem o maior número de bons jogadores são os que estão à frente. Óbvio, quase sempre é assim, o que não tira a importância dos técnicos. O Botafogo, dirigido por Jair Ventura, é exceção. O time, o conjunto, é superior à soma de qualidade de seus atletas. Na Copa dos Campeões, o Manchester City, dirigido por Guardiola, na vitória por 3 a 1 sobre o Barcelona deu um show de jogo coletivo e de marcação por pressão na saída de bola da defesa. Diferentemente dos outros melhores times do mundo, quase todos os reservas do Barcelona estão muito abaixo dos titulares, o que ocorre há vários anos. Piqué, Iniesta e Jordi Alba fizeram muita falta nesse jogo, além de o time não ter um substituto à altura de Daniel Alves, que foi para a Juventus. É lamentável, ridículo, escutar de Luxemburgo que Guardiola é apenas marketing. A inveja é um sentimento tolo, mesquinho. Alguns podem estranhar quando elogio alguém, mesmo sendo um elogio factual, técnico, como fiz em relação a Luxemburgo, na coluna anterior, e, depois, o critico duramente, como faço agora, como se um analista, de qualquer área, tivesse de ser sempre a favor ou sempre contra. Esse radical antagonismo é cada dia mais frequente no país.
colunas
A tolice da crítica dos invejosos no futebolA maioria da sociedade brasileira aguarda a aprovação, pelo Congresso, da Lei de Combate à Corrupção, proposta pelo Ministério Público Federal. É preciso mudar as regras, a estrutura atual. É o que deveria acontecer também na CBF. Não basta trocar os nomes. Dias atrás, recebi um convite de alguém da Federação Mineira de Futebol, intermediária da CBF, para ser um dos embaixadores da entidade no jogo entre Brasil e Argentina. Iria a algumas solenidades e seria homenageado antes da partida. Parece que não me conhecem e/ou que querem me corromper. Nunca aceitaria o convite de uma entidade em que o ex-presidente está em prisão domiciliar e que o atual não pode sair do país, com medo de ser algemado. Não estou também atrás de uma boquinha. Brasil e Argentina vivem situações inversas às que tinham antes dos quatro últimos jogos. A ausência de Messi e a chegada de Tite foram determinantes para a mudança. Apesar da boa expectativa em relação ao time brasileiro nos próximos anos, as mudanças rápidas na tabela servem de alerta para as incertezas do futebol. Quatro jogos é um período muito curto para se tirar conclusões definitivas e para tanta euforia. No meio de semana, Grêmio e Atlético-MG confirmaram as previsões e vão fazer a final da Copa do Brasil. Falta ao Cruzeiro o que o rival, o Atlético-MG, tem de melhor, muita qualidade individual do meio para frente. A força principal do Grêmio está nos dois volantes, Wallace e Maicon, que marcam muito e sabem jogar futebol. No futebol brasileiro, basta alguns resultados, mesmo se forem uma conquista de um torneio de jogos mata-mata, como a Copa do Brasil, para tudo ficar maravilhoso. Técnicos que estavam no ostracismo, como Renato Gaúcho, passam a ser endeusados, jogadores comuns viram excelentes, e análises das vitórias ficam espetaculosas. Se o Grêmio não for campeão e não conseguir vaga na Libertadores, Renato voltará a ser um técnico "boleiro", sem preparo científico. É tudo ou nada. No Brasileirão, independentemente do resultado de ontem e de hoje, os times que possuem o maior número de bons jogadores são os que estão à frente. Óbvio, quase sempre é assim, o que não tira a importância dos técnicos. O Botafogo, dirigido por Jair Ventura, é exceção. O time, o conjunto, é superior à soma de qualidade de seus atletas. Na Copa dos Campeões, o Manchester City, dirigido por Guardiola, na vitória por 3 a 1 sobre o Barcelona deu um show de jogo coletivo e de marcação por pressão na saída de bola da defesa. Diferentemente dos outros melhores times do mundo, quase todos os reservas do Barcelona estão muito abaixo dos titulares, o que ocorre há vários anos. Piqué, Iniesta e Jordi Alba fizeram muita falta nesse jogo, além de o time não ter um substituto à altura de Daniel Alves, que foi para a Juventus. É lamentável, ridículo, escutar de Luxemburgo que Guardiola é apenas marketing. A inveja é um sentimento tolo, mesquinho. Alguns podem estranhar quando elogio alguém, mesmo sendo um elogio factual, técnico, como fiz em relação a Luxemburgo, na coluna anterior, e, depois, o critico duramente, como faço agora, como se um analista, de qualquer área, tivesse de ser sempre a favor ou sempre contra. Esse radical antagonismo é cada dia mais frequente no país.
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Latam anuncia suspensão de seus voos para a Venezuela
O grupo Latam Airlines, que inclui a Latam Brasil -fusão das companhias aéreas LAN (Chile) e TAM (Brasil)-, anunciou nesta segunda-feira (30) que suspenderá "temporariamente e por tempo indeterminado" seus voos para Caracas. Segundo a empresa, a decisão foi tomada frente ao "complexo cenário macroeconômico atual que enfrenta a região". A Latam Brasil operou seu último voo entre Caracas e São Paulo no último sábado (28). Com a medida, a Latam -maior grupo de transporte aéreo da América Latina- se soma a Gol, Air Canada, Alitalia e Lufthansa, que também suspenderam suas operações na Venezuela por não conseguirem repatriar bilhões de dólares bloqueados no país. A companhia alemã havia sido a última a anunciar a decisão, no último domingo. As empresas aéreas são obrigadas a vender as passagens em bolívar (moeda venezuelana), e parte deste dinheiro é usado para gastos locais, como salários de funcionários e pagamentos de taxas. O excedente, porém, precisa ser transformado em dólar para ser repatriado pelas companhias aéreas. E é aí que ocorre o problema. Em 2012, as empresas podiam repatriar o dinheiro a uma taxa preferencial de 4,3 bolívares por US$ 1. Em 2015, o índice de conversão já havia subido para 12 bolívares por US$ 1. Em fevereiro, quando a Gol suspendeu seus voos para Caracas, a empresa tinha R$ 351 milhões bloqueados no país. Na mesma época, a TAM tinha R$ 161 milhões retidos na Venezuela. Consultada pela Folha, a Latam não informou os números atualizados. "As suspensões, que serão feitas de forma gradual, serão concluídas em 1º de agosto deste ano", disse o grupo, em comunicado. Ainda segundo a nota, os passageiros com reservas para rotas que serão suspensas podem remarcar as viagens ou solicitar reembolso sem cobrança de taxas. A loja da Latam em Caracas funcionará até o fim de julho -até lá, será dada no local assistência aos passageiros que já possuem passagem. A Latam não vendia passagens na Venezuela desde 2014. O grupo tem hoje 85 funcionários na Venezuela, dos quais 15 faziam parte da TAM. A expectativa é que quase todos sejam dispensados. Os trechos entre Lima e Caracas -da Latam Peru- e entre Santiago, Guayaquil (Equador) e a capital venezuelana serão suspensos até o fim de julho. Ao contrário da Gol, a Latam não solicitou que a embaixada brasileira em Caracas fizesse gestões com autoridades venezuelanas para tentar repatriar o valor bloqueado no país. Na última semana, a Latam Brasil se desvencilhou formalmente da Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio e Indústria. O grupo Latam ressaltou, porém, que a decisão é temporária -como o fez a Gol em fevereiro. "As empresas do Grupo Latam consideram a Venezuela um mercado relevante e, por isso, trabalharão para a retomada dessas operações brevemente e assim que as condições globais a permitam." As companhias sabem que quem sai do mercado venezuelano tem poucas chances de retornar. A Air Canada, que deixou o país em 2014, tentou voltar a operar em 2015, mas teve o pedido recusado pelas autoridades militares que controlam o setor. As saídas da Gol e da Latam favorecem a empresa privada venezuelana Avior, que opera uma rota para Manaus.
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Latam anuncia suspensão de seus voos para a VenezuelaO grupo Latam Airlines, que inclui a Latam Brasil -fusão das companhias aéreas LAN (Chile) e TAM (Brasil)-, anunciou nesta segunda-feira (30) que suspenderá "temporariamente e por tempo indeterminado" seus voos para Caracas. Segundo a empresa, a decisão foi tomada frente ao "complexo cenário macroeconômico atual que enfrenta a região". A Latam Brasil operou seu último voo entre Caracas e São Paulo no último sábado (28). Com a medida, a Latam -maior grupo de transporte aéreo da América Latina- se soma a Gol, Air Canada, Alitalia e Lufthansa, que também suspenderam suas operações na Venezuela por não conseguirem repatriar bilhões de dólares bloqueados no país. A companhia alemã havia sido a última a anunciar a decisão, no último domingo. As empresas aéreas são obrigadas a vender as passagens em bolívar (moeda venezuelana), e parte deste dinheiro é usado para gastos locais, como salários de funcionários e pagamentos de taxas. O excedente, porém, precisa ser transformado em dólar para ser repatriado pelas companhias aéreas. E é aí que ocorre o problema. Em 2012, as empresas podiam repatriar o dinheiro a uma taxa preferencial de 4,3 bolívares por US$ 1. Em 2015, o índice de conversão já havia subido para 12 bolívares por US$ 1. Em fevereiro, quando a Gol suspendeu seus voos para Caracas, a empresa tinha R$ 351 milhões bloqueados no país. Na mesma época, a TAM tinha R$ 161 milhões retidos na Venezuela. Consultada pela Folha, a Latam não informou os números atualizados. "As suspensões, que serão feitas de forma gradual, serão concluídas em 1º de agosto deste ano", disse o grupo, em comunicado. Ainda segundo a nota, os passageiros com reservas para rotas que serão suspensas podem remarcar as viagens ou solicitar reembolso sem cobrança de taxas. A loja da Latam em Caracas funcionará até o fim de julho -até lá, será dada no local assistência aos passageiros que já possuem passagem. A Latam não vendia passagens na Venezuela desde 2014. O grupo tem hoje 85 funcionários na Venezuela, dos quais 15 faziam parte da TAM. A expectativa é que quase todos sejam dispensados. Os trechos entre Lima e Caracas -da Latam Peru- e entre Santiago, Guayaquil (Equador) e a capital venezuelana serão suspensos até o fim de julho. Ao contrário da Gol, a Latam não solicitou que a embaixada brasileira em Caracas fizesse gestões com autoridades venezuelanas para tentar repatriar o valor bloqueado no país. Na última semana, a Latam Brasil se desvencilhou formalmente da Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio e Indústria. O grupo Latam ressaltou, porém, que a decisão é temporária -como o fez a Gol em fevereiro. "As empresas do Grupo Latam consideram a Venezuela um mercado relevante e, por isso, trabalharão para a retomada dessas operações brevemente e assim que as condições globais a permitam." As companhias sabem que quem sai do mercado venezuelano tem poucas chances de retornar. A Air Canada, que deixou o país em 2014, tentou voltar a operar em 2015, mas teve o pedido recusado pelas autoridades militares que controlam o setor. As saídas da Gol e da Latam favorecem a empresa privada venezuelana Avior, que opera uma rota para Manaus.
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Feijão diz que sofreu injúrias raciais na Davis, mas não faz queixa à federação
Destaque brasileiro no confronto contra a Argentina pelo Grupo Mundial da Copa Davis, finalizado na última segunda-feira (9), João Souza, o Feijão, reconheceu ter sofrido injúrias raciais na partida contra Leonardo Mayer. O jogo realizado no domingo (8), do qual saiu derrotado por 3 sets a 2, foi o mais longo da história da competição em simples e o segundo mais duradouro da história do tênis. O brasileiro, porém, afirmou que não deseja dar andamento ao assunto. "Fui insultado, mas por poucas pessoas e não vou levar nada adiante. Isso já passou e não denunciei ninguém. A torcida argentina foi muito boa nesse final de semana, não tenho problema nenhum com ela", afirmou Feijão à Folha, por meio de sua assessoria de imprensa. Ele teria sido chamado de "macaco" e teriam sido feitas referências à palavra "banana". Se houvesse investigação e fosse condenada, a Argentina poderia ser punida na Copa Davis. A CBT (Confederação Brasileira de Tênis) afirmou que enviará à ITF (Federação Internacional de Tênis) um relatório sobre problemas verificados no confronto, mas não tratará da questão de ofensas raciais, já que o próprio Feijão não reportou os xingamentos. Em nota enviada à Folha, a ITF disse que ainda "não recebeu nenhuma reclamação oficial da CBT a respeito do confronto". A entidade, que rege o tênis mundial e organiza a Copa Davis, também contou que o árbitro geral do duelo, o britânico Andrew Jarrett, não recebeu queixa dos membros da equipe brasileira sobre comportamentos racistas de torcedores argentinos em nenhum momento durante o confronto. O Brasil foi derrotado pela Argentina por 3 a 2 e terá que disputar a repescagem, em setembro, para permanecer no Grupo Mundial. Já a Argentina enfrentará a Sérvia pelas quartas de final, entre 17 e 19 de julho, em casa.
esporte
Feijão diz que sofreu injúrias raciais na Davis, mas não faz queixa à federaçãoDestaque brasileiro no confronto contra a Argentina pelo Grupo Mundial da Copa Davis, finalizado na última segunda-feira (9), João Souza, o Feijão, reconheceu ter sofrido injúrias raciais na partida contra Leonardo Mayer. O jogo realizado no domingo (8), do qual saiu derrotado por 3 sets a 2, foi o mais longo da história da competição em simples e o segundo mais duradouro da história do tênis. O brasileiro, porém, afirmou que não deseja dar andamento ao assunto. "Fui insultado, mas por poucas pessoas e não vou levar nada adiante. Isso já passou e não denunciei ninguém. A torcida argentina foi muito boa nesse final de semana, não tenho problema nenhum com ela", afirmou Feijão à Folha, por meio de sua assessoria de imprensa. Ele teria sido chamado de "macaco" e teriam sido feitas referências à palavra "banana". Se houvesse investigação e fosse condenada, a Argentina poderia ser punida na Copa Davis. A CBT (Confederação Brasileira de Tênis) afirmou que enviará à ITF (Federação Internacional de Tênis) um relatório sobre problemas verificados no confronto, mas não tratará da questão de ofensas raciais, já que o próprio Feijão não reportou os xingamentos. Em nota enviada à Folha, a ITF disse que ainda "não recebeu nenhuma reclamação oficial da CBT a respeito do confronto". A entidade, que rege o tênis mundial e organiza a Copa Davis, também contou que o árbitro geral do duelo, o britânico Andrew Jarrett, não recebeu queixa dos membros da equipe brasileira sobre comportamentos racistas de torcedores argentinos em nenhum momento durante o confronto. O Brasil foi derrotado pela Argentina por 3 a 2 e terá que disputar a repescagem, em setembro, para permanecer no Grupo Mundial. Já a Argentina enfrentará a Sérvia pelas quartas de final, entre 17 e 19 de julho, em casa.
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CPI da Petrobras quer ouvir Dirceu em Curitiba na próxima semana
A CPI da Petrobras já marcou para sua agenda da próxima semana a convocação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso por conta das investigações da Operação Lava Jato, mesmo sem ter havido ainda aprovação pela comissão. O plano da CPI é tomar o depoimento de Dirceu na próxima segunda-feira (31), durante uma expedição que será feita na próxima semana a Curitiba, na qual serão ouvidos os presos que estão lá. Como o requerimento de convocação de Dirceu ainda não foi aprovado, a cúpula da comissão articula votá-lo na sessão desta quinta-feira (27) dentro de um bloco de requerimentos. Se não for aprovado, porém, o depoimento não poderá ser tomado. A Folha apurou com integrantes da comissão que não houve acordo com o PT em relação à convocação, mas que o partido considera o fato inevitável já que a CPI vai a Curitiba. O depoimento de Dirceu deve servir para constrangê-lo e abastecer o embate político, mas pouco deve acrescentar às investigações porque, como investigado, ele terá o direito de permanecer calado. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam se a contratação da consultoria do ex-ministro por empreiteiras investigadas na Lava Jato eram uma forma de pagar propina. Com esses indícios, ele foi preso preventivamente. Sua defesa, porém, afirma que os serviços das consultorias foram todos prestados. ACAREAÇÃO Na ida a Curitiba, também estão previstos depoimentos de outras 21 pessoas. Dentre eles, há a acareação entre o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e o acionista da Toyo Setal Augusto Mendonça, delator. Também serão ouvidos Marcelo Odebrecht, da Odebrecht, e Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, além do ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada.
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CPI da Petrobras quer ouvir Dirceu em Curitiba na próxima semanaA CPI da Petrobras já marcou para sua agenda da próxima semana a convocação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso por conta das investigações da Operação Lava Jato, mesmo sem ter havido ainda aprovação pela comissão. O plano da CPI é tomar o depoimento de Dirceu na próxima segunda-feira (31), durante uma expedição que será feita na próxima semana a Curitiba, na qual serão ouvidos os presos que estão lá. Como o requerimento de convocação de Dirceu ainda não foi aprovado, a cúpula da comissão articula votá-lo na sessão desta quinta-feira (27) dentro de um bloco de requerimentos. Se não for aprovado, porém, o depoimento não poderá ser tomado. A Folha apurou com integrantes da comissão que não houve acordo com o PT em relação à convocação, mas que o partido considera o fato inevitável já que a CPI vai a Curitiba. O depoimento de Dirceu deve servir para constrangê-lo e abastecer o embate político, mas pouco deve acrescentar às investigações porque, como investigado, ele terá o direito de permanecer calado. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam se a contratação da consultoria do ex-ministro por empreiteiras investigadas na Lava Jato eram uma forma de pagar propina. Com esses indícios, ele foi preso preventivamente. Sua defesa, porém, afirma que os serviços das consultorias foram todos prestados. ACAREAÇÃO Na ida a Curitiba, também estão previstos depoimentos de outras 21 pessoas. Dentre eles, há a acareação entre o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e o acionista da Toyo Setal Augusto Mendonça, delator. Também serão ouvidos Marcelo Odebrecht, da Odebrecht, e Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, além do ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada.
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Não é preciso escolher entre família e trabalho, diz 1ª cônsul britânica em SP
INGRID FAGUNDEZ DE SÃO PAULO O consulado do Reino Unido em São Paulo ganhou em fevereiro sua primeira cônsul mulher em 49 anos. Desde sua inauguração, em 1966, a principal representação britânica de negócios no Brasil foi liderada por homens. No cargo há menos de dois meses, Joanna Crellin acumula as funções de coordenar investimentos e trocas comerciais em toda a América Latina —responsabilidade que seu antecessor não tinha. Soma-se a isso o papel de mãe de duas crianças —uma menina de três anos e um menino de 20 meses— que veio para a capital paulista após visitá-la apenas uma vez. Com mestrado em Política Latino-Americana pela London School of Economics and Political Science, Joanna sempre quis morar em algum país da região, vontade que a fez se inscrever para o posto quando estava em licença-maternidade. Antes, foi assessora do Ministro Britânico para Negócios, Inovação e Treinamento. Na entrevista abaixo a cônsul fala sobre se mudar com filhos à tiracolo, a predominância masculina na diplomacia e o sexismo no ambiente de negócios. Folha - O que aconteceu para, depois de 49 anos, haver uma cônsul mulher em São Paulo? Joanna Crellin - É terrível que em 2015 ainda estejamos falando sobre isso. Isso não deve acontecer, não deve importar se é homem ou mulher. Até 1975, mais ou menos, se você trabalhasse no governo britânico e se casasse, teria que pedir demissão. Achavam que você teria filhos e não poderia fazer seu trabalho, haveria outras prioridades, como ser mãe. Tenho tias que se demitiram porque casaram. Ridículo, né? Inacreditável! E é bastante recente. Tenho dois filhos pequenos e é difícil mesmo. Você tem que ter um marido que realmente possa seguir você, trabalhando ou estando feliz de ficar com as crianças. Hoje cada um tem sua carreira e nem sempre as necessidades se encaixam. Por isso o pequeno número de mulheres nas posições diplomáticas mais importantes. Espero que possamos demonstrar que não é preciso escolher entre família e trabalho. Você pode fazer as duas coisas. Hoje, sexta-feira, saio às 14h para pegar minha filha e vou para casa. Isso é muito importante. Ontem trabalhei até tarde, minha filha está com saudades e agora eu pago a ela. Como foi o processo de seleção para o posto? É um processo muito justo. Você se candidata, como acontece com todos os cargos no governo britânico. Preenche um formulário e as competências são iguais para todos. Alguns ministérios até estão pedindo para você não colocar o nome para não existir essa diferenciação entre homem e mulher. Depois há uma entrevista em que as perguntas são baseadas nas habilidades. Vão testar a liderança, a capacidade de comunicação, de gerenciamento de projeto. E tem algumas perguntas que, por lei, eles não podem fazer. Por exemplo, se você tem filhos ou se está casado, porque não tem nenhuma relevância. Por que fez a inscrição para a vaga? Sempre estive interessada em vir para a América Latina, estudei sobre isso. Tinha esse sonho. Meu filho estava com cinco semanas e eu estava amamentando-o no jardim da minha casa quando recebi um telefonema de sobre essa oportunidade. Perguntaram se estava interessada e eu disse "claro!". Tinha visitado o Brasil só uma vez, durante três dias. Fiquei em São Paulo e Recife. Me apaixonei porque era tanta energia, entusiasmo, oportunidade, cores. Sabia que era um cargo incrível. Todas as pesquisas que fizemos juntos era para a família, como ia ser para a família, para as crianças. Foram todas perguntas sobre estilo de vida, nada de trabalho. Quando fui escolhida eu estava em licença-maternidade. Disse: "vou terminar [a licença]". Meu antecessor saiu em agosto e ficou um vazio. Mas falei que não ia voltar antes de passar um ano inteiro com meu filho. Não recebi nenhuma pressão para cortar a licença-maternidade. Você acha que ambiente de negócios no Brasil é muito sexista? Uma coisa positiva é que já fiz várias reuniões com nossos parceiros estratégicos, as empresas britânicas que estão no Brasil, e metade das diretoras são mulheres, e ótimas. Mas, sim, acho [que há sexismo], e não é só no Brasil. Fizemos uma recepção de negócios aqui e um homem falou: "tão bom ter uma cônsul geral tão jovem, tão bonita". Eu me perguntei "o que isso tem a ver?". Por que não dizer que temos um cônsul tão bonito? Existe esse preconceito ainda, essa ideia de que a mulher saindo às 17h30 para pegar as crianças não está se doando tanto para o trabalho como os homens. É interessante que agora surgem homens que também querem ser pais trabalhadores, participativos, mas as pessoas acham que é mais aceitável a mulher sair para pegar as crianças do que eles. O que vocês estão fazendo no Reino Unido para trabalhar contra essa diferenciação? No meu cargo anterior fizemos um trabalho bastante forte para aumentar o número de mulheres nos conselhos das empresas, que é baixíssimo. Há muito a fazer. As estatísticas de mulheres no Parlamento no Reino Unido ficam em 20% e aqui é muito menor. O que é muito interesse agora é que muitas mulheres são diplomatas no governo britânico e elas estão levando seus maridos. Como aumentar o número de mulheres em conselhos de empresa? Tem que pensar em como fazer. Ter cotas é difícil. Não gosto da discriminação positiva. Você tem que conseguir o trabalho porque é o melhor candidato, tem que tirar o preconceito. Primeiro é preciso deixar claro que é um problema para a empresa a falta de mulheres, porque você está perdendo a oportunidade de ter um tipo diferente de pensamento, um equilíbrio nos conselhos. Se você não considerar 50% da população vai perder a chance de ter pontos de vista diferentes. Lá tentamos fazer com que as empresas pensassem nisso, no que estão fazendo com as mulheres em posições de liderança. Por que depois de um nível elas não sobem mais? Estando em uma posição estratégica no Brasil, você pretende importar campanhas britânicas de igualdade feminina? Acho que podemos tirar os princípios, as mensagens de campanhas como a Preventing Sexual Violence in Conflict, que busca combater a violência sexual contra mulheres e crianças em zonas de conflito, para aplicar no país. Não dá para trazer a campanha inteira porque não cabe na realidade do país, ele não está em guerra, mas há muito trabalho para fazer aqui.
saopaulo
Não é preciso escolher entre família e trabalho, diz 1ª cônsul britânica em SPINGRID FAGUNDEZ DE SÃO PAULO O consulado do Reino Unido em São Paulo ganhou em fevereiro sua primeira cônsul mulher em 49 anos. Desde sua inauguração, em 1966, a principal representação britânica de negócios no Brasil foi liderada por homens. No cargo há menos de dois meses, Joanna Crellin acumula as funções de coordenar investimentos e trocas comerciais em toda a América Latina —responsabilidade que seu antecessor não tinha. Soma-se a isso o papel de mãe de duas crianças —uma menina de três anos e um menino de 20 meses— que veio para a capital paulista após visitá-la apenas uma vez. Com mestrado em Política Latino-Americana pela London School of Economics and Political Science, Joanna sempre quis morar em algum país da região, vontade que a fez se inscrever para o posto quando estava em licença-maternidade. Antes, foi assessora do Ministro Britânico para Negócios, Inovação e Treinamento. Na entrevista abaixo a cônsul fala sobre se mudar com filhos à tiracolo, a predominância masculina na diplomacia e o sexismo no ambiente de negócios. Folha - O que aconteceu para, depois de 49 anos, haver uma cônsul mulher em São Paulo? Joanna Crellin - É terrível que em 2015 ainda estejamos falando sobre isso. Isso não deve acontecer, não deve importar se é homem ou mulher. Até 1975, mais ou menos, se você trabalhasse no governo britânico e se casasse, teria que pedir demissão. Achavam que você teria filhos e não poderia fazer seu trabalho, haveria outras prioridades, como ser mãe. Tenho tias que se demitiram porque casaram. Ridículo, né? Inacreditável! E é bastante recente. Tenho dois filhos pequenos e é difícil mesmo. Você tem que ter um marido que realmente possa seguir você, trabalhando ou estando feliz de ficar com as crianças. Hoje cada um tem sua carreira e nem sempre as necessidades se encaixam. Por isso o pequeno número de mulheres nas posições diplomáticas mais importantes. Espero que possamos demonstrar que não é preciso escolher entre família e trabalho. Você pode fazer as duas coisas. Hoje, sexta-feira, saio às 14h para pegar minha filha e vou para casa. Isso é muito importante. Ontem trabalhei até tarde, minha filha está com saudades e agora eu pago a ela. Como foi o processo de seleção para o posto? É um processo muito justo. Você se candidata, como acontece com todos os cargos no governo britânico. Preenche um formulário e as competências são iguais para todos. Alguns ministérios até estão pedindo para você não colocar o nome para não existir essa diferenciação entre homem e mulher. Depois há uma entrevista em que as perguntas são baseadas nas habilidades. Vão testar a liderança, a capacidade de comunicação, de gerenciamento de projeto. E tem algumas perguntas que, por lei, eles não podem fazer. Por exemplo, se você tem filhos ou se está casado, porque não tem nenhuma relevância. Por que fez a inscrição para a vaga? Sempre estive interessada em vir para a América Latina, estudei sobre isso. Tinha esse sonho. Meu filho estava com cinco semanas e eu estava amamentando-o no jardim da minha casa quando recebi um telefonema de sobre essa oportunidade. Perguntaram se estava interessada e eu disse "claro!". Tinha visitado o Brasil só uma vez, durante três dias. Fiquei em São Paulo e Recife. Me apaixonei porque era tanta energia, entusiasmo, oportunidade, cores. Sabia que era um cargo incrível. Todas as pesquisas que fizemos juntos era para a família, como ia ser para a família, para as crianças. Foram todas perguntas sobre estilo de vida, nada de trabalho. Quando fui escolhida eu estava em licença-maternidade. Disse: "vou terminar [a licença]". Meu antecessor saiu em agosto e ficou um vazio. Mas falei que não ia voltar antes de passar um ano inteiro com meu filho. Não recebi nenhuma pressão para cortar a licença-maternidade. Você acha que ambiente de negócios no Brasil é muito sexista? Uma coisa positiva é que já fiz várias reuniões com nossos parceiros estratégicos, as empresas britânicas que estão no Brasil, e metade das diretoras são mulheres, e ótimas. Mas, sim, acho [que há sexismo], e não é só no Brasil. Fizemos uma recepção de negócios aqui e um homem falou: "tão bom ter uma cônsul geral tão jovem, tão bonita". Eu me perguntei "o que isso tem a ver?". Por que não dizer que temos um cônsul tão bonito? Existe esse preconceito ainda, essa ideia de que a mulher saindo às 17h30 para pegar as crianças não está se doando tanto para o trabalho como os homens. É interessante que agora surgem homens que também querem ser pais trabalhadores, participativos, mas as pessoas acham que é mais aceitável a mulher sair para pegar as crianças do que eles. O que vocês estão fazendo no Reino Unido para trabalhar contra essa diferenciação? No meu cargo anterior fizemos um trabalho bastante forte para aumentar o número de mulheres nos conselhos das empresas, que é baixíssimo. Há muito a fazer. As estatísticas de mulheres no Parlamento no Reino Unido ficam em 20% e aqui é muito menor. O que é muito interesse agora é que muitas mulheres são diplomatas no governo britânico e elas estão levando seus maridos. Como aumentar o número de mulheres em conselhos de empresa? Tem que pensar em como fazer. Ter cotas é difícil. Não gosto da discriminação positiva. Você tem que conseguir o trabalho porque é o melhor candidato, tem que tirar o preconceito. Primeiro é preciso deixar claro que é um problema para a empresa a falta de mulheres, porque você está perdendo a oportunidade de ter um tipo diferente de pensamento, um equilíbrio nos conselhos. Se você não considerar 50% da população vai perder a chance de ter pontos de vista diferentes. Lá tentamos fazer com que as empresas pensassem nisso, no que estão fazendo com as mulheres em posições de liderança. Por que depois de um nível elas não sobem mais? Estando em uma posição estratégica no Brasil, você pretende importar campanhas britânicas de igualdade feminina? Acho que podemos tirar os princípios, as mensagens de campanhas como a Preventing Sexual Violence in Conflict, que busca combater a violência sexual contra mulheres e crianças em zonas de conflito, para aplicar no país. Não dá para trazer a campanha inteira porque não cabe na realidade do país, ele não está em guerra, mas há muito trabalho para fazer aqui.
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Filha de Luiz Carlos Prestes lança biografia política sobre o pai
"Eu tenho que começar de alguma maneira. E a melhor maneira que descobri é tirando alguns quadros da parede. Parece fácil, mas posso garantir que não é. Ou você já tentou arrancar seu coração e colocar ele em cima do aparelho de TV?", pergunta Mário Bortolotto no último texto deste livro. O trecho resume bem o clima da coletânea, que reúne anotações pessoais, como aforismos, e crônicas marcadas pela memória. O escritor, dramaturgo e ator recolhe um pouco de sua história, em relatos breves, mas cuja intensidade é sempre surpreendente e direta, numa linguagem básica, que é de onde ele tira sua carga de lirismo e não lirismo para penetrar o coração de suas experiências pessoais. Como nos bonitos textos, retratos sem meio tons, dedicados ao seu universo afetivo: a difícil relação com a mãe, as explosões do pai, o Zé Branco, com um demônio colado no pé dele, o surdo Tio Miguel e sua coleção de gibis, amigos como Everton, Valdelino Laurindo, Paulo de Tharso, ou ainda o Flávio, um mendigo. (HEITOR FERRAZ MELLO) Esse tal de Amor e outros sentimentos cruéis QUANTO: R$ 32 *EDITORA:* Reformatório * LUIZ CARLOS PRESTES - UM COMUNISTA BRASILEIRO A chave de leitura é dada pela condição da autora, Anita Leocádia Prestes, filha do líder comunista e sua assessora de 1958 até sua morte. Não se deve esperar isenção da historiadora. Sua perspectiva, naturalmente, é a de Prestes, cuja careira foi marcada por polêmicas, inclusive no campo da esquerda. Trata-se de uma biografia política. Aspectos pessoais são logo tirados do caminho. A notícia da morte de Olga, mãe da autora, nos campos nazistas, é resumida em duas linhas. Algumas análises são apenas burocráticas, como argumentar que o levante de 1935 não foi uma insurreição comunista. O que o livro tem de melhor é a documentação, à qual a autora teve acesso privilegiado. Nesse sentido, é uma obra importante para ser consultada. O "Prestes" de Anita Leocádia fica no meio do caminho entre a exaltação de Jorge Amado em "O Cavaleiro da Esperança" e "Um Revolucionário entre Dois Mundos", de Daniel Aarão Reis, que oferece um relato mais equilibrado. (Oscar Pilagallo) LUIZ CARLOS PRESTES - UM COMUNISTA BRASILEIRO QUANTO: R$ 48 (608 PÁGS.) AUTOR: ANITA LEOCÁDIA PRESTES EDITORA: BOITEMPO * ANGELA MARIA - A ETERNA CANTORA DO BRASIL Com "Angela Maria", Rodrigo Faour confirma mais uma vez ter um lugar de destaque entre os biógrafos da música popular brasileira. A exemplo do que fizera ao contar a vida de Cauby Peixoto, Dolores Duran e Claudette Soares, o pesquisador apresenta um trabalho caudaloso sobre a Sapoti, apelido que o presidente Getúlio Vargas deu à cantora, hoje com 86 anos. O autor reuniu boas histórias, obtidas em entrevistas exclusivas e em material publicado pela imprensa. Por vezes, no entanto, o detalhismo excessivo e a reprodução na íntegra de artigos dispensáveis comprometem a fluência do texto. Outro problema é a superestimação da personagem. A intérprete de "Babalu" esteve longe de "manter o prestígio intacto" nas seis décadas de carreira. Da mesma maneira, é insustentável a afirmação de que é impossível contar a história do Brasil sem mencionar seu nome. Exageros à parte, o livro, com cerca de 900 páginas (incluindo dois cadernos de ilustrações), vale quanto pesa. (OP) ANGELA MARIA - A ETERNA CANTORA DO BRASIL QUANTO: R$ 85 (840) PÁGS. AUTOR: RODRIGO FAOUR EDITORA: RECORD
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Filha de Luiz Carlos Prestes lança biografia política sobre o pai"Eu tenho que começar de alguma maneira. E a melhor maneira que descobri é tirando alguns quadros da parede. Parece fácil, mas posso garantir que não é. Ou você já tentou arrancar seu coração e colocar ele em cima do aparelho de TV?", pergunta Mário Bortolotto no último texto deste livro. O trecho resume bem o clima da coletânea, que reúne anotações pessoais, como aforismos, e crônicas marcadas pela memória. O escritor, dramaturgo e ator recolhe um pouco de sua história, em relatos breves, mas cuja intensidade é sempre surpreendente e direta, numa linguagem básica, que é de onde ele tira sua carga de lirismo e não lirismo para penetrar o coração de suas experiências pessoais. Como nos bonitos textos, retratos sem meio tons, dedicados ao seu universo afetivo: a difícil relação com a mãe, as explosões do pai, o Zé Branco, com um demônio colado no pé dele, o surdo Tio Miguel e sua coleção de gibis, amigos como Everton, Valdelino Laurindo, Paulo de Tharso, ou ainda o Flávio, um mendigo. (HEITOR FERRAZ MELLO) Esse tal de Amor e outros sentimentos cruéis QUANTO: R$ 32 *EDITORA:* Reformatório * LUIZ CARLOS PRESTES - UM COMUNISTA BRASILEIRO A chave de leitura é dada pela condição da autora, Anita Leocádia Prestes, filha do líder comunista e sua assessora de 1958 até sua morte. Não se deve esperar isenção da historiadora. Sua perspectiva, naturalmente, é a de Prestes, cuja careira foi marcada por polêmicas, inclusive no campo da esquerda. Trata-se de uma biografia política. Aspectos pessoais são logo tirados do caminho. A notícia da morte de Olga, mãe da autora, nos campos nazistas, é resumida em duas linhas. Algumas análises são apenas burocráticas, como argumentar que o levante de 1935 não foi uma insurreição comunista. O que o livro tem de melhor é a documentação, à qual a autora teve acesso privilegiado. Nesse sentido, é uma obra importante para ser consultada. O "Prestes" de Anita Leocádia fica no meio do caminho entre a exaltação de Jorge Amado em "O Cavaleiro da Esperança" e "Um Revolucionário entre Dois Mundos", de Daniel Aarão Reis, que oferece um relato mais equilibrado. (Oscar Pilagallo) LUIZ CARLOS PRESTES - UM COMUNISTA BRASILEIRO QUANTO: R$ 48 (608 PÁGS.) AUTOR: ANITA LEOCÁDIA PRESTES EDITORA: BOITEMPO * ANGELA MARIA - A ETERNA CANTORA DO BRASIL Com "Angela Maria", Rodrigo Faour confirma mais uma vez ter um lugar de destaque entre os biógrafos da música popular brasileira. A exemplo do que fizera ao contar a vida de Cauby Peixoto, Dolores Duran e Claudette Soares, o pesquisador apresenta um trabalho caudaloso sobre a Sapoti, apelido que o presidente Getúlio Vargas deu à cantora, hoje com 86 anos. O autor reuniu boas histórias, obtidas em entrevistas exclusivas e em material publicado pela imprensa. Por vezes, no entanto, o detalhismo excessivo e a reprodução na íntegra de artigos dispensáveis comprometem a fluência do texto. Outro problema é a superestimação da personagem. A intérprete de "Babalu" esteve longe de "manter o prestígio intacto" nas seis décadas de carreira. Da mesma maneira, é insustentável a afirmação de que é impossível contar a história do Brasil sem mencionar seu nome. Exageros à parte, o livro, com cerca de 900 páginas (incluindo dois cadernos de ilustrações), vale quanto pesa. (OP) ANGELA MARIA - A ETERNA CANTORA DO BRASIL QUANTO: R$ 85 (840) PÁGS. AUTOR: RODRIGO FAOUR EDITORA: RECORD
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Uma visão moderna e de longo prazo para os biocombustíveis
No setor de combustíveis líquidos, o Brasil está diante de duas opções: resignar-se à condição de importador estrutural, construindo mais terminais portuários para viabilizar a compra externa de estimados 24 bilhões de litros de gasolina e 28 bilhões de litros de diesel por ano em 2025, com dispêndio anual de 20 bilhões de dólares, a preços atuais; ou criar condições que viabilizem a retomada do interesse no investimento privado em biocombustíveis, consolidando a sua transição da economia do carbono para a sustentável. Por esse motivo, e considerando também que não há tempo hábil para se construírem novas refinarias de petróleo, o país está diante do desafio de criar uma regulação que revitalize o estratégico setor de biocombustíveis e da oportunidade de reafirmar o compromisso assumido no Acordo do Clima de Paris, fazendo parte da Plataforma Bio Future, lançada pelo Brasil e mais 19 nações na COP22 (Conferência das Partes sobre Mudança do Clima), promovida pelas ONU, em Marrakech, no Marrocos, em novembro de 2016. Com isso, as metas de emissão de carbono seriam atendidas com uma atividade consagrada em nosso território, ao mesmo tempo em que se promoveria desenvolvimento econômico no interior. A intenção do governo brasileiro é ter o detalhamento e números para apresentar na próxima COP23, em Bonn (Alemanha). As diretrizes dessa regulação, denominada RenovaBio, foram recomendadas recentemente pelo Conselho Nacional de Política Energética e aprovadas pela Presidência da República em 30 de junho. É proposta moderna e inovadora, que tem como ponto de partida a atual participação dos biocombustíveis na matriz energética e a premissa de que cresça ao longo do tempo, em harmonia com os demais combustíveis. O objetivo da RenovaBio é induzir ganhos de eficiência energética na produção e no uso de biocombustíveis e reconhecer a sua capacidade de promover descarbonização. Com essa medida, e sem subsídios, será criada em definitivo uma previsão sobre o seu mercado futuro, induzindo, estimulando e viabilizando maior competitividade, menores custos e preços mais baixos para os consumidores. Na área ambiental, os automóveis flex, quando abastecidos com etanol, já emitem menos gases do efeito estufa, em gramas de CO2 equivalente por quilômetro, do que o carro elétrico europeu projetado para 2040 (eletricidade de fonte fóssil). Esta é, intrinsecamente, uma conquista avassaladora. Com a introdução de tecnologias já disponíveis no setor automotivo, será possível reduzir significativamente o consumo energético dos atuais veículos flex e diminuir ainda mais suas emissões. Essa tendência deve intensificar-se com a introdução dos híbridos flex, capazes de utilizar etanol, e de carros equipados com células a combustível movidos a etanol. O mesmo efeito será obtido com a expansão, nos transportes, do uso do biodiesel, do biometano e do bioquerosene. A estratégia de desenvolver o mercado de biocombustíveis acelerará importantes setores a ele relacionados, como o de automóveis e autopeças, de máquinas e implementos, químico e de fertilizantes. A renda gerada no interior tem impulsionado vários polos de crescimento em todos os Estados onde a atividade está presente, contribuindo de maneira expressiva para a arrecadação de tributos e menores investimentos em infraestrutura. É valor que se gera e se mantém circulando na economia, em vez de ir embora na importação de combustíveis fósseis, que geram poluição local e aquecimento global. O incentivo aos biocombustíveis representa oportunidades históricas de aliar as políticas de desenvolvimento agroindustrial e energética e de recuperar o setor da cana-de-açúcar, que sofreu enormes prejuízos nos últimos nove anos, advindos de políticas equivocadas de subsídio de preço e redução de tributos à gasolina, na direção contrária do que preconizam todos os países comprometidos com o controle do aquecimento global. O Brasil tem uma vocação reconhecida na produção agroindustrial, e o nosso setor de biocombustíveis é motivo de elogio de estadistas e especialistas de todo o mundo. O governo federal toma uma medida acertada ao definir como meta a criação de bases sustentáveis para o seu desenvolvimento, sem sobressaltos, na direção de maior eficiência e menores custos para a sociedade no longo prazo. A decisão ocorre no momento propício em que a Única (União da Indústria de Cana-de-açúcar), representando o setor canavieiro, e a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) firmam compromisso para desenvolver soluções conjuntas destinadas ao fomento dos biocombustíveis e da engenharia automotiva nacional e que o presidente da Petrobras anuncia apoio ao seu desenvolvimento. Com a energia renovável que vem da terra, nosso país ampliará muito a sua contribuição para a luta global contra as mudanças do clima e dará um novo e consistente passo para gerar investimentos, emprego e renda. JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO, engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), é presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho, vice-presidente da Fiesp e membro da Academia Nacional de Agricultura PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected] Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Uma visão moderna e de longo prazo para os biocombustíveisNo setor de combustíveis líquidos, o Brasil está diante de duas opções: resignar-se à condição de importador estrutural, construindo mais terminais portuários para viabilizar a compra externa de estimados 24 bilhões de litros de gasolina e 28 bilhões de litros de diesel por ano em 2025, com dispêndio anual de 20 bilhões de dólares, a preços atuais; ou criar condições que viabilizem a retomada do interesse no investimento privado em biocombustíveis, consolidando a sua transição da economia do carbono para a sustentável. Por esse motivo, e considerando também que não há tempo hábil para se construírem novas refinarias de petróleo, o país está diante do desafio de criar uma regulação que revitalize o estratégico setor de biocombustíveis e da oportunidade de reafirmar o compromisso assumido no Acordo do Clima de Paris, fazendo parte da Plataforma Bio Future, lançada pelo Brasil e mais 19 nações na COP22 (Conferência das Partes sobre Mudança do Clima), promovida pelas ONU, em Marrakech, no Marrocos, em novembro de 2016. Com isso, as metas de emissão de carbono seriam atendidas com uma atividade consagrada em nosso território, ao mesmo tempo em que se promoveria desenvolvimento econômico no interior. A intenção do governo brasileiro é ter o detalhamento e números para apresentar na próxima COP23, em Bonn (Alemanha). As diretrizes dessa regulação, denominada RenovaBio, foram recomendadas recentemente pelo Conselho Nacional de Política Energética e aprovadas pela Presidência da República em 30 de junho. É proposta moderna e inovadora, que tem como ponto de partida a atual participação dos biocombustíveis na matriz energética e a premissa de que cresça ao longo do tempo, em harmonia com os demais combustíveis. O objetivo da RenovaBio é induzir ganhos de eficiência energética na produção e no uso de biocombustíveis e reconhecer a sua capacidade de promover descarbonização. Com essa medida, e sem subsídios, será criada em definitivo uma previsão sobre o seu mercado futuro, induzindo, estimulando e viabilizando maior competitividade, menores custos e preços mais baixos para os consumidores. Na área ambiental, os automóveis flex, quando abastecidos com etanol, já emitem menos gases do efeito estufa, em gramas de CO2 equivalente por quilômetro, do que o carro elétrico europeu projetado para 2040 (eletricidade de fonte fóssil). Esta é, intrinsecamente, uma conquista avassaladora. Com a introdução de tecnologias já disponíveis no setor automotivo, será possível reduzir significativamente o consumo energético dos atuais veículos flex e diminuir ainda mais suas emissões. Essa tendência deve intensificar-se com a introdução dos híbridos flex, capazes de utilizar etanol, e de carros equipados com células a combustível movidos a etanol. O mesmo efeito será obtido com a expansão, nos transportes, do uso do biodiesel, do biometano e do bioquerosene. A estratégia de desenvolver o mercado de biocombustíveis acelerará importantes setores a ele relacionados, como o de automóveis e autopeças, de máquinas e implementos, químico e de fertilizantes. A renda gerada no interior tem impulsionado vários polos de crescimento em todos os Estados onde a atividade está presente, contribuindo de maneira expressiva para a arrecadação de tributos e menores investimentos em infraestrutura. É valor que se gera e se mantém circulando na economia, em vez de ir embora na importação de combustíveis fósseis, que geram poluição local e aquecimento global. O incentivo aos biocombustíveis representa oportunidades históricas de aliar as políticas de desenvolvimento agroindustrial e energética e de recuperar o setor da cana-de-açúcar, que sofreu enormes prejuízos nos últimos nove anos, advindos de políticas equivocadas de subsídio de preço e redução de tributos à gasolina, na direção contrária do que preconizam todos os países comprometidos com o controle do aquecimento global. O Brasil tem uma vocação reconhecida na produção agroindustrial, e o nosso setor de biocombustíveis é motivo de elogio de estadistas e especialistas de todo o mundo. O governo federal toma uma medida acertada ao definir como meta a criação de bases sustentáveis para o seu desenvolvimento, sem sobressaltos, na direção de maior eficiência e menores custos para a sociedade no longo prazo. A decisão ocorre no momento propício em que a Única (União da Indústria de Cana-de-açúcar), representando o setor canavieiro, e a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) firmam compromisso para desenvolver soluções conjuntas destinadas ao fomento dos biocombustíveis e da engenharia automotiva nacional e que o presidente da Petrobras anuncia apoio ao seu desenvolvimento. Com a energia renovável que vem da terra, nosso país ampliará muito a sua contribuição para a luta global contra as mudanças do clima e dará um novo e consistente passo para gerar investimentos, emprego e renda. JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO, engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), é presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho, vice-presidente da Fiesp e membro da Academia Nacional de Agricultura PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected] Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Como memórias vívidas podem ser plantadas na mente de qualquer um
Uma série de vídeos postados este ano no YouTube mostram duas crianças compartilhando informações perturbadoras sobre uma sociedade secreta que atua no norte de Londres. Os irmãos afirmam ter sido vítimas de uma seita satânica, liderada por vários professores e membros da igreja do rico subúrbio de Hampstead. Nos vídeos, que já foram vistos por milhões de pessoas, os dois descrevem o sacrifício e a necrofagia de bebês, orgias grotescas e rituais satânicos. "Eles afirmam que vários bebês foram abusados, torturados e sacrificados", resumiria um juiz no decorrer do caso. "Suas gargantas eram cortadas e seu sangue, bebido. Os membros da seita também usavam os crânios dos bebês –muitas vezes ainda com o sangue e cabelo das crianças– como máscaras durante suas danças ritualísticas." Eles acusaram dezenas de professores e adultos da região como membros de uma seita pedófila liderada pelo seus próprios pais. Como era de se esperar, a polícia levou essas acusações à sério. Seis policiais revistaram a igreja, onde nenhuma evidência de rituais satânicos foi encontrada. Depois de dois interrogatórios, as crianças admitiram que a história era falsa –os verdadeiros abusos físicos e psicológicos vinham da parte de sua mãe Elba Draper e do seu namorado Abraham Christie, que também os haviam obrigado a mentir para a polícia. "Era tudo inventado", disse a menina de nove anos aos investigadores. "Ele me disse para falar tudo aquilo, e eu disse 'por que, Abraham? Isso nunca aconteceu' e ele disse 'sim, isso aconteceu, então pare de mentir e conte tudo para a polícia. Eles dançam com crânios de bebês na igreja, certo?' Foi isso que Abraham me disse, e eu disse 'não, eles não fazem isso' e ele disse 'sim, eles fazem –para de mentir, sua pestinha.'" Embora as crianças tenham negado tudo, alguns descrentes afirmam que há muito mais por trás dessa acusação. "Acreditem nas crianças!" e "satanistas!" eram alguns dos apelos ouvidos há algumas semanas durante um protesto em frente à escola das duas crianças. Enquanto isso, na justiça, a juíza Pauffley determinou que a seita satânica nunca havia existido. "Posso afirmar categoricamente que nenhuma dessas afirmações são verdadeiras", disse. "Tenho total certeza de que tudo que a Sra. Draper, seu namorado Abraham Christie e as crianças disseram é completamente falso. As denúncias não tem fundamento algum. Essas histórias são fruto de uma forte pressão psicológica aliada a abuso físico constante." "Ambas as crianças sofreram significantemente. Sua inocência foi corrompida. Sua noção de realidade foi lesada. "Suas mentes foram envenenadas." * Por mais bizarra que essa história pareça, não é a primeira vez que alguém cria uma narrativa sobre terríveis rituais satânicos –em alguns casos, a história é repetida tantas vezes que a própria vítima passa a acreditar nela. Existem registros de casos parecidos desde o início dos anos 80. Em um documentário da BBC Radio 4, o jornalista David Aaronovitch aponta o livro "Sybil", publicado em 1973, como a origem do que seria futuramente conhecido como "a histeria satânica". O livro, escrito por Flora Rheta Schreiber, conta a suposta história verídica de Shirley Ardell Mason (sob o pseudônimo Sybil Dorsett) e sua terapeuta Cornelia B. Wilbur. A história começa quando "Sybil" procura Wilbur para curar sua ansiedade. O objetivo da abordagem terapêutica de Wilbur, narra Schreiber, era ajudar Sybil a recuperar memórias reprimidas dos repetidos abusos sexuais conduzidos por sua mãe durante sua infância. Logo após o início do tratamento, Sybil começou a apresentar sinais associados ao transtorno de múltiplas personalidades (TMP) e se fragmentou em 16 tipos distintos. O livro impulsionou uma série de tratamentos neo-Freudianos que envolviam a descoberta dessas memórias reprimidas. Outra consequência foi o aumento do controverso diagnóstico do TMP (hoje conhecido como transtorno dissociativo de identidade), culminando em sua classificação como uma doença real pela Associação Psiquiátrica dos Estados Unidos em 1980. Entretanto, os eventos narrados em "Sybil" são extremamente duvidosos. O psiquiatra Herbert Spiegel ouviu diversas gravações de conversas entre Schreiber e Wilbur, e é da opinião que Wilbur inseriu essas outras personalidades na mente de Mason utilizando técnicas de hipnose ao longo da terapia. O livro "Sybil" também inaugurou um novo gênero de literatura pseudo-científica que romantiza a terapia de pacientes com memórias reprimidas ou TMP. Dezenas de livros do mesmo tipo foram lançados na época e todos contavam histórias muito parecidas. Em 1980, Michelle Smith e seu psiquiatra e marido, Lawrence Pazder, escreveram um livro chamado Michelle Remembers, que reintroduziu, com sucesso, o oculto no imaginário do século 20, espalhando uma histeria coletiva que assolou os EUA e, em menor grau, atingiu o Reino Unido. Essa febre poderia ser facilmente descrita como um Bruxas de Salem moderno. Smith iniciou a terapia para tratar uma depressão causada por um aborto espontâneo. Em uma das sessões, ela teria se desconectado da realidade e gritado por 25 minutos; em seguida passou a falar com voz de criança. Os dois então passaram por mais de 600 horas de hipnose, durante as quais Pazder ajudou Smith a "recuperar" memórias reprimidas do abuso sexual satânico conduzido por sua mãe e outros membros de uma seita em sua cidade natal, Victoria, no estado britânico de Columbia. Assim como no caso de Sybil, a credibilidade de Michelle Remembers já foi posta em escrutínio diversas vezes. Quando um jornalista do "The Mail on Sunday" perguntou se os fatos narrados no livro eram reais, Pazder respondeu que "foi uma experiência real. Se você perguntar a Michelle, ela vai afirmar que é disso que lembra.' Para ela, tudo aquilo é extremamente real. Sempre duvido desse tipo de caso. É preciso completar um longo processo de terapia antes de chegar a qualquer conclusão. Todo mundo está focado em provar ou refutar o que aconteceu, mas no final isso não importa." Investigações posteriores revelaram várias inconsistências e ambiguidades ao longo do livro, como acidentes de carro que nunca aconteceram. Amigos de infância e outras testemunhas confirmaram que não há nenhuma possibilidade desse ritual satânico de 81 dias ter acontecido. Além disso, muitas das supostas memórias reprimidas eram parecidas com filmes de terror da época, como O Exorcista e A Profecia, além de possuir semelhanças com relatos de sociedades secretas da África Ocidental, onde Pazder havia trabalhado durante a década de 60. A perceptível ausência de provas empíricas relacionadas às acusações presentes em Michelle Remembers não foi o suficiente para impedir que Pazder se tornasse um especialista no campo, sobretudo durante a febre ocultista que assolou o país no começo dos anos 80. Em 1985, Pazder apareceu no programa 20/20, transmitido pela ABC, na primeira grande reportagem televisiva sobre satanismo. Ele instruiu policiais acerca dos perigos dos rituais satânicos, e Michelle Remembers passou a ser usado como um manual que servia tanto para identificar satanistas como para orientar assistentes sociais. Pazder serviu como consultor em mais de 1.000 casos de abuso satânico, incluindo o julgamento da pré-escola McMartin –o julgamento mais longo e caro da história dos Estados Unidos. Assim como no recente caso de Hampstead, o julgamento de McMartin teve início quando uma mãe acusou seu ex-marido e professor de Los Angeles, Ray Buckey, de abusar de seu filho em 1983. Não se sabe ao certo se a criança confirmou o abuso, mas a polícia decidiu, depois de interrogar Buckey, que não existiam provas suficientes para justificar uma acusação. Em vez disso, eles mandaram uma carta para cerca de 200 pais de estudantes do jardim de infância McMartin, e pediram que eles perguntassem para seus filhos se eles haviam sido vítimas de algum tipo de abuso na escola. Centenas de crianças foram entrevistadas por funcionários de um centro de prevenção do abuso infantil, processo que revelou que outras 360 crianças haviam sido supostamente abusadas. "Utilizando bonecos para incentivar as crianças a revelar o que havia acontecido, os terapeutas puderam denunciar os terríveis segredos da escola McMartin," anuncia uma reportagem da época. Conforme a cobertura da mídia ganhava força, o mesmo acontecia com as acusações: sete outras escolas da área de Los Angeles foram envolvidas na investigação. O país estava dominado pelo pânico; era cada vez mais claro que muitas das técnicas utilizadas para interrogar crianças envolviam um alto grau de sugestão. Pouco tempo depois, todos os acusados no caso McMartin foram absolvidos e os depoimentos das crianças, invalidados. * Esses casos revelam algo perturbador sobre nossas mentes. Como um número tão grande de pessoas se deixou levar por acusações tão infundadas? E como a linha entre realidade e ficção se torna tão confusa a ponto de indivíduos inventarem histórias tão grotescas sobre suas próprias vidas? No começo dos anos 70, a influente psicóloga Elizabeth Loftus criou a ideia do efeito de desinformação –uma teoria que afirma que informações adquiridas podem alterar a lembrança de eventos passados. Seu trabalho inovador mudou nossa ideia de memória. "Muita gente acredita que a memória funciona como uma câmera, mas isso não é verdade", disse Loftus, que, mesmo aos 70 anos, continua a dar aulas de direito e psicologia na Universidade da Califórnia. "Nós não gravamos um acontecimento e projetamos mais tarde. Na realidade, reconstruímos memórias a partir de pedacinhos de lembranças que aconteceram em diferentes lugares e períodos." Loftus e seu colega John Palmer conduziram uma experiência em 1974, na qual um grupo de voluntários era exposto a vídeos de acidentes de carro. Eles descobriram que o uso de palavras sugestivas durante as entrevistas afetavam a lembrança de eventos que haviam acabado de acontecer. As implicações dessa descoberta são chocantes. "Esse tipo de pesquisa é essencial para o sistema legal", disse Loftus à Motherboard. "Em vários julgamentos, as testemunhas apresentam lembranças que precisam ser analisadas cuidadosamente. Não podemos aceitá-las só porque são ditas com confiança ou apresentam muitos detalhes. Essas memórias falsas podem ser utilizadas em julgamentos, destruindo a vida de muitos inocentes." "Isso pode acontecer porque a testemunha não guardou muitas informações sobre o evento em questão ou porque sua percepção do acontecimento mudou ao longo do processo", ela disse. "Ou talvez ela esteja sendo interrogada por alguém que quer provar algo, alguém que faça perguntas sugestivas. Essas são algumas das situações que podem produzir memórias distorcidas –lembranças contaminadas por algum fator externo tempos após o verdadeiro acontecimento." Essa contaminação não se limita aos pequenos detalhes de nossas memórias. Atualmente Loftus conduz uma pesquisa para comprovar que é possível plantar memórias vívidas de eventos que nunca ocorreram na mente de outrem. "Fazemos com que as pessoas acreditem lembrar de situações completamente inventadas", ela disse. "Tentamos convencer as pessoas de que elas haviam se perdido num shopping aos cinco ou seis anos de idade e que, depois de muito desespero e choro, foram salvas e devolvidas aos seus pais." Loftus apresentou algumas experiências reais para um grupo; entre elas, estava a história falsa do shopping. Em seguida, entrevistou os voluntários utilizando técnicas de sugestão. Depois de três entrevistas, quase um quarto das pessoas caíram no truque e começaram a acreditar nesse acontecimento. "É possível fazer com que as pessoas transformem uma história em memória, especialmente se ela for crível e você não vacilar em nenhum momento", ela disse. "É algo parecido com uma distorção da memória coletiva." É exatamente essa distorção da memória coletiva que deixou os pais e alunos da McMartin tão incertos quanto aos verdadeiros acontecimentos. A distorção da memória coletiva também pode ser utilizada intencionalmente por governos que queiram controlar seu povo. "Muita gente diz que isso aconteceu na China após o Massacre da Praça Tiananmen", disse Loftus. As manifestações estudantis feitas na Praça Tiananmen em 1989 foram reprimidas com truculência pelos militares. Pouco se sabe sobre o incidente; o governo chinês proibiu qualquerdiscussão sobre o massacre. Acredita-se que algo entre centenas e milhares de pessoas morreram no que o governo chama de "rebelião anti-revolucionária". Loftus explicou que "eles diziam que os soldados estavam sendo atacados, que os soldados eram os inocentes e que os estudantes eram os agressores. As pessoas acreditaram nessa versão, e é exatamente isso que acontece na lavagem cerebral." * O fato de sermos tão vulneráveis ao poder da sugestão –chegando ao ponto de acreditar em histórias tão absurdas sobre nossas próprias vidas –é perigoso. Esse tipo de pesquisa é essencial para que possamos compreender a maleabilidade de nossa memória. "Para de mentir, sua pestinha" foi a frase que Abraham Christie teria utilizado para convencer sua enteada a mentir para a polícia. Levando em conta o já mencionado poder da sugestão, é fácil ver como esse tipo de abuso pode ter distorcido a memória dessas crianças. O fato dos dois ainda terem uma certa noção do que é ou não real, mesmo depois de tantos abusos, pode ser indício de um caráter muito resistente. A base científica da teoria das memórias reprimidas é, no mínimo, duvidosa. Em 2005 um dos maiores especialistas em memória, Richard McNally, escreveu uma carta para a Suprema Corte da Califórnia explicando que "a ideia de que eventos traumáticos podem ser reprimidos e recuperados posteriormente é a lenda mais vil da psicologia e da psiquiatria". A comunidade científica tende a concordar que a terapia de regressão tem mais a ver com a criação de novas memórias do que com a descoberta de lembranças reprimidas. O mais preocupante é que uma parcela considerável da comunidade psiquiátricaainda não entendeu isso. Quanto ao caso de Ella Draper e Abraham Christie, existem teorias de que eles teriam criado a história da seita satânica para impedir que o pai ganhasse a guarda das crianças (Draper negou ter manipulado seus filhos e afirmou que nunca havia disputado a guarda de ambos). Considerando que a mulher está foragida, e que as autoridades acreditam que ela tenha saído do país, é provável que esse mistério continue sem solução por algum tempo. Tradução: Ananda Pieratii
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Como memórias vívidas podem ser plantadas na mente de qualquer umUma série de vídeos postados este ano no YouTube mostram duas crianças compartilhando informações perturbadoras sobre uma sociedade secreta que atua no norte de Londres. Os irmãos afirmam ter sido vítimas de uma seita satânica, liderada por vários professores e membros da igreja do rico subúrbio de Hampstead. Nos vídeos, que já foram vistos por milhões de pessoas, os dois descrevem o sacrifício e a necrofagia de bebês, orgias grotescas e rituais satânicos. "Eles afirmam que vários bebês foram abusados, torturados e sacrificados", resumiria um juiz no decorrer do caso. "Suas gargantas eram cortadas e seu sangue, bebido. Os membros da seita também usavam os crânios dos bebês –muitas vezes ainda com o sangue e cabelo das crianças– como máscaras durante suas danças ritualísticas." Eles acusaram dezenas de professores e adultos da região como membros de uma seita pedófila liderada pelo seus próprios pais. Como era de se esperar, a polícia levou essas acusações à sério. Seis policiais revistaram a igreja, onde nenhuma evidência de rituais satânicos foi encontrada. Depois de dois interrogatórios, as crianças admitiram que a história era falsa –os verdadeiros abusos físicos e psicológicos vinham da parte de sua mãe Elba Draper e do seu namorado Abraham Christie, que também os haviam obrigado a mentir para a polícia. "Era tudo inventado", disse a menina de nove anos aos investigadores. "Ele me disse para falar tudo aquilo, e eu disse 'por que, Abraham? Isso nunca aconteceu' e ele disse 'sim, isso aconteceu, então pare de mentir e conte tudo para a polícia. Eles dançam com crânios de bebês na igreja, certo?' Foi isso que Abraham me disse, e eu disse 'não, eles não fazem isso' e ele disse 'sim, eles fazem –para de mentir, sua pestinha.'" Embora as crianças tenham negado tudo, alguns descrentes afirmam que há muito mais por trás dessa acusação. "Acreditem nas crianças!" e "satanistas!" eram alguns dos apelos ouvidos há algumas semanas durante um protesto em frente à escola das duas crianças. Enquanto isso, na justiça, a juíza Pauffley determinou que a seita satânica nunca havia existido. "Posso afirmar categoricamente que nenhuma dessas afirmações são verdadeiras", disse. "Tenho total certeza de que tudo que a Sra. Draper, seu namorado Abraham Christie e as crianças disseram é completamente falso. As denúncias não tem fundamento algum. Essas histórias são fruto de uma forte pressão psicológica aliada a abuso físico constante." "Ambas as crianças sofreram significantemente. Sua inocência foi corrompida. Sua noção de realidade foi lesada. "Suas mentes foram envenenadas." * Por mais bizarra que essa história pareça, não é a primeira vez que alguém cria uma narrativa sobre terríveis rituais satânicos –em alguns casos, a história é repetida tantas vezes que a própria vítima passa a acreditar nela. Existem registros de casos parecidos desde o início dos anos 80. Em um documentário da BBC Radio 4, o jornalista David Aaronovitch aponta o livro "Sybil", publicado em 1973, como a origem do que seria futuramente conhecido como "a histeria satânica". O livro, escrito por Flora Rheta Schreiber, conta a suposta história verídica de Shirley Ardell Mason (sob o pseudônimo Sybil Dorsett) e sua terapeuta Cornelia B. Wilbur. A história começa quando "Sybil" procura Wilbur para curar sua ansiedade. O objetivo da abordagem terapêutica de Wilbur, narra Schreiber, era ajudar Sybil a recuperar memórias reprimidas dos repetidos abusos sexuais conduzidos por sua mãe durante sua infância. Logo após o início do tratamento, Sybil começou a apresentar sinais associados ao transtorno de múltiplas personalidades (TMP) e se fragmentou em 16 tipos distintos. O livro impulsionou uma série de tratamentos neo-Freudianos que envolviam a descoberta dessas memórias reprimidas. Outra consequência foi o aumento do controverso diagnóstico do TMP (hoje conhecido como transtorno dissociativo de identidade), culminando em sua classificação como uma doença real pela Associação Psiquiátrica dos Estados Unidos em 1980. Entretanto, os eventos narrados em "Sybil" são extremamente duvidosos. O psiquiatra Herbert Spiegel ouviu diversas gravações de conversas entre Schreiber e Wilbur, e é da opinião que Wilbur inseriu essas outras personalidades na mente de Mason utilizando técnicas de hipnose ao longo da terapia. O livro "Sybil" também inaugurou um novo gênero de literatura pseudo-científica que romantiza a terapia de pacientes com memórias reprimidas ou TMP. Dezenas de livros do mesmo tipo foram lançados na época e todos contavam histórias muito parecidas. Em 1980, Michelle Smith e seu psiquiatra e marido, Lawrence Pazder, escreveram um livro chamado Michelle Remembers, que reintroduziu, com sucesso, o oculto no imaginário do século 20, espalhando uma histeria coletiva que assolou os EUA e, em menor grau, atingiu o Reino Unido. Essa febre poderia ser facilmente descrita como um Bruxas de Salem moderno. Smith iniciou a terapia para tratar uma depressão causada por um aborto espontâneo. Em uma das sessões, ela teria se desconectado da realidade e gritado por 25 minutos; em seguida passou a falar com voz de criança. Os dois então passaram por mais de 600 horas de hipnose, durante as quais Pazder ajudou Smith a "recuperar" memórias reprimidas do abuso sexual satânico conduzido por sua mãe e outros membros de uma seita em sua cidade natal, Victoria, no estado britânico de Columbia. Assim como no caso de Sybil, a credibilidade de Michelle Remembers já foi posta em escrutínio diversas vezes. Quando um jornalista do "The Mail on Sunday" perguntou se os fatos narrados no livro eram reais, Pazder respondeu que "foi uma experiência real. Se você perguntar a Michelle, ela vai afirmar que é disso que lembra.' Para ela, tudo aquilo é extremamente real. Sempre duvido desse tipo de caso. É preciso completar um longo processo de terapia antes de chegar a qualquer conclusão. Todo mundo está focado em provar ou refutar o que aconteceu, mas no final isso não importa." Investigações posteriores revelaram várias inconsistências e ambiguidades ao longo do livro, como acidentes de carro que nunca aconteceram. Amigos de infância e outras testemunhas confirmaram que não há nenhuma possibilidade desse ritual satânico de 81 dias ter acontecido. Além disso, muitas das supostas memórias reprimidas eram parecidas com filmes de terror da época, como O Exorcista e A Profecia, além de possuir semelhanças com relatos de sociedades secretas da África Ocidental, onde Pazder havia trabalhado durante a década de 60. A perceptível ausência de provas empíricas relacionadas às acusações presentes em Michelle Remembers não foi o suficiente para impedir que Pazder se tornasse um especialista no campo, sobretudo durante a febre ocultista que assolou o país no começo dos anos 80. Em 1985, Pazder apareceu no programa 20/20, transmitido pela ABC, na primeira grande reportagem televisiva sobre satanismo. Ele instruiu policiais acerca dos perigos dos rituais satânicos, e Michelle Remembers passou a ser usado como um manual que servia tanto para identificar satanistas como para orientar assistentes sociais. Pazder serviu como consultor em mais de 1.000 casos de abuso satânico, incluindo o julgamento da pré-escola McMartin –o julgamento mais longo e caro da história dos Estados Unidos. Assim como no recente caso de Hampstead, o julgamento de McMartin teve início quando uma mãe acusou seu ex-marido e professor de Los Angeles, Ray Buckey, de abusar de seu filho em 1983. Não se sabe ao certo se a criança confirmou o abuso, mas a polícia decidiu, depois de interrogar Buckey, que não existiam provas suficientes para justificar uma acusação. Em vez disso, eles mandaram uma carta para cerca de 200 pais de estudantes do jardim de infância McMartin, e pediram que eles perguntassem para seus filhos se eles haviam sido vítimas de algum tipo de abuso na escola. Centenas de crianças foram entrevistadas por funcionários de um centro de prevenção do abuso infantil, processo que revelou que outras 360 crianças haviam sido supostamente abusadas. "Utilizando bonecos para incentivar as crianças a revelar o que havia acontecido, os terapeutas puderam denunciar os terríveis segredos da escola McMartin," anuncia uma reportagem da época. Conforme a cobertura da mídia ganhava força, o mesmo acontecia com as acusações: sete outras escolas da área de Los Angeles foram envolvidas na investigação. O país estava dominado pelo pânico; era cada vez mais claro que muitas das técnicas utilizadas para interrogar crianças envolviam um alto grau de sugestão. Pouco tempo depois, todos os acusados no caso McMartin foram absolvidos e os depoimentos das crianças, invalidados. * Esses casos revelam algo perturbador sobre nossas mentes. Como um número tão grande de pessoas se deixou levar por acusações tão infundadas? E como a linha entre realidade e ficção se torna tão confusa a ponto de indivíduos inventarem histórias tão grotescas sobre suas próprias vidas? No começo dos anos 70, a influente psicóloga Elizabeth Loftus criou a ideia do efeito de desinformação –uma teoria que afirma que informações adquiridas podem alterar a lembrança de eventos passados. Seu trabalho inovador mudou nossa ideia de memória. "Muita gente acredita que a memória funciona como uma câmera, mas isso não é verdade", disse Loftus, que, mesmo aos 70 anos, continua a dar aulas de direito e psicologia na Universidade da Califórnia. "Nós não gravamos um acontecimento e projetamos mais tarde. Na realidade, reconstruímos memórias a partir de pedacinhos de lembranças que aconteceram em diferentes lugares e períodos." Loftus e seu colega John Palmer conduziram uma experiência em 1974, na qual um grupo de voluntários era exposto a vídeos de acidentes de carro. Eles descobriram que o uso de palavras sugestivas durante as entrevistas afetavam a lembrança de eventos que haviam acabado de acontecer. As implicações dessa descoberta são chocantes. "Esse tipo de pesquisa é essencial para o sistema legal", disse Loftus à Motherboard. "Em vários julgamentos, as testemunhas apresentam lembranças que precisam ser analisadas cuidadosamente. Não podemos aceitá-las só porque são ditas com confiança ou apresentam muitos detalhes. Essas memórias falsas podem ser utilizadas em julgamentos, destruindo a vida de muitos inocentes." "Isso pode acontecer porque a testemunha não guardou muitas informações sobre o evento em questão ou porque sua percepção do acontecimento mudou ao longo do processo", ela disse. "Ou talvez ela esteja sendo interrogada por alguém que quer provar algo, alguém que faça perguntas sugestivas. Essas são algumas das situações que podem produzir memórias distorcidas –lembranças contaminadas por algum fator externo tempos após o verdadeiro acontecimento." Essa contaminação não se limita aos pequenos detalhes de nossas memórias. Atualmente Loftus conduz uma pesquisa para comprovar que é possível plantar memórias vívidas de eventos que nunca ocorreram na mente de outrem. "Fazemos com que as pessoas acreditem lembrar de situações completamente inventadas", ela disse. "Tentamos convencer as pessoas de que elas haviam se perdido num shopping aos cinco ou seis anos de idade e que, depois de muito desespero e choro, foram salvas e devolvidas aos seus pais." Loftus apresentou algumas experiências reais para um grupo; entre elas, estava a história falsa do shopping. Em seguida, entrevistou os voluntários utilizando técnicas de sugestão. Depois de três entrevistas, quase um quarto das pessoas caíram no truque e começaram a acreditar nesse acontecimento. "É possível fazer com que as pessoas transformem uma história em memória, especialmente se ela for crível e você não vacilar em nenhum momento", ela disse. "É algo parecido com uma distorção da memória coletiva." É exatamente essa distorção da memória coletiva que deixou os pais e alunos da McMartin tão incertos quanto aos verdadeiros acontecimentos. A distorção da memória coletiva também pode ser utilizada intencionalmente por governos que queiram controlar seu povo. "Muita gente diz que isso aconteceu na China após o Massacre da Praça Tiananmen", disse Loftus. As manifestações estudantis feitas na Praça Tiananmen em 1989 foram reprimidas com truculência pelos militares. Pouco se sabe sobre o incidente; o governo chinês proibiu qualquerdiscussão sobre o massacre. Acredita-se que algo entre centenas e milhares de pessoas morreram no que o governo chama de "rebelião anti-revolucionária". Loftus explicou que "eles diziam que os soldados estavam sendo atacados, que os soldados eram os inocentes e que os estudantes eram os agressores. As pessoas acreditaram nessa versão, e é exatamente isso que acontece na lavagem cerebral." * O fato de sermos tão vulneráveis ao poder da sugestão –chegando ao ponto de acreditar em histórias tão absurdas sobre nossas próprias vidas –é perigoso. Esse tipo de pesquisa é essencial para que possamos compreender a maleabilidade de nossa memória. "Para de mentir, sua pestinha" foi a frase que Abraham Christie teria utilizado para convencer sua enteada a mentir para a polícia. Levando em conta o já mencionado poder da sugestão, é fácil ver como esse tipo de abuso pode ter distorcido a memória dessas crianças. O fato dos dois ainda terem uma certa noção do que é ou não real, mesmo depois de tantos abusos, pode ser indício de um caráter muito resistente. A base científica da teoria das memórias reprimidas é, no mínimo, duvidosa. Em 2005 um dos maiores especialistas em memória, Richard McNally, escreveu uma carta para a Suprema Corte da Califórnia explicando que "a ideia de que eventos traumáticos podem ser reprimidos e recuperados posteriormente é a lenda mais vil da psicologia e da psiquiatria". A comunidade científica tende a concordar que a terapia de regressão tem mais a ver com a criação de novas memórias do que com a descoberta de lembranças reprimidas. O mais preocupante é que uma parcela considerável da comunidade psiquiátricaainda não entendeu isso. Quanto ao caso de Ella Draper e Abraham Christie, existem teorias de que eles teriam criado a história da seita satânica para impedir que o pai ganhasse a guarda das crianças (Draper negou ter manipulado seus filhos e afirmou que nunca havia disputado a guarda de ambos). Considerando que a mulher está foragida, e que as autoridades acreditam que ela tenha saído do país, é provável que esse mistério continue sem solução por algum tempo. Tradução: Ananda Pieratii
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Santos acerta seis patrocínios pontuais para jogos contra o Corinthians
O Santos fechou com seis patrocínios pontuais para as duas partidas diante do Corinthians, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. A iFood, empresa de entrega de comida, ficará com o espaço principal na frente da camisa. A escola de idiomas CNA estará nos ombros, a Zaeli, companhia do setor alimentício, adquiriu a barra frontal enquanto a gráfica online Futura Imbatível estampará a barra traseira e a Óticas Diniz aparecerá acima dos números. Os calções terão o patrocínio da Petz, empresa de produtos para animais de estimação. Os acertos temporários são a forma encontrada pela diretoria para gerar receitas. Nas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro, o Santos também fez acordos similares. Atualmente, o clube da Vila Belmiro possui apenas dois patrocinadores fixos: Corr Plastik e Voxx. O primeiro jogo contra o Corinthians acontece às 22h desta quarta-feira (19), em Santos. O duelo de volta está agendado para o dia 26, no Itaquerão.
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Santos acerta seis patrocínios pontuais para jogos contra o CorinthiansO Santos fechou com seis patrocínios pontuais para as duas partidas diante do Corinthians, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. A iFood, empresa de entrega de comida, ficará com o espaço principal na frente da camisa. A escola de idiomas CNA estará nos ombros, a Zaeli, companhia do setor alimentício, adquiriu a barra frontal enquanto a gráfica online Futura Imbatível estampará a barra traseira e a Óticas Diniz aparecerá acima dos números. Os calções terão o patrocínio da Petz, empresa de produtos para animais de estimação. Os acertos temporários são a forma encontrada pela diretoria para gerar receitas. Nas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro, o Santos também fez acordos similares. Atualmente, o clube da Vila Belmiro possui apenas dois patrocinadores fixos: Corr Plastik e Voxx. O primeiro jogo contra o Corinthians acontece às 22h desta quarta-feira (19), em Santos. O duelo de volta está agendado para o dia 26, no Itaquerão.
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ABL não debaterá racismo, diz 2º presidente negro de sua história
O professor e escritor Domício Proença Filho, 79, eleito o novo presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) no começo de dezembro, toma posse na quinta-feira (17), às 17h, em cerimônia no Salão Nobre do Petit Trianon,no Rio de Janeiro. Ele se torna, assim, o segundo negro na presidência na história da instituição –o primeiro foi Machado de Assis, cofundador da ABL, que presidiu a casa entre 1897 e 1908. Ao longo de sua carreira, Proença se debruçou sobre a questão do negro na literatura e, de um modo mais amplo, no Brasil. Ainda assim, na presidência da casa, não fará do assunto uma bandeira. "A Academia não discutirá isso. A questão racial nunca foi sequer aventada aqui, seja contra ou a favor. Eu não fui cota. A Academia não me elegeu por eu ser um negro escritor. Me elegeu porque sou um escritor, um professor", disse em entrevista à Folha. Proença elencou a crise como o principal desafio da casa em 2016. Afirmou que suas prioridades serão tornar mais efetiva a interação da ABL com comunidades mais pobres, ampliar o setor de lexicografia e preservar o patrimônio da casa. Veja os principais trechos: Folha - O senhor sempre fez questão de ressaltar que é negro. É um dos poucos na história da academia. Machado de Assis evitava o tema da raça? Domício Proença Filho - Ele percebeu que só podia ascender pelo conhecimento. O tempo dele era outro. Ele vivia uma circunstância escravocrata. Naquele momento brasileiro, quando você tinha a aristocracia da cor e a da pecúnia, optou pela do conhecimento. Devia ser um problema muito pesado para ele. Mas ele era tão genial que foi eleito com 50 anos. As pessoas fazem muito essa comparação entre nós, mas não tem nada a ver. Não posso me furtar da coincidência de eu estar aqui, mulato como ele, na presidência da casa. Mas entre Machado de Assis e eu existe uma distância abissal –não só no tempo, como na própria dimensão de produção. Ele era um gênio. Virou a mesa da literatura brasileira. Pretende fazer a casa discutir a questão do racismo? A Academia não discutirá isso. A questão racial nunca foi sequer aventada, seja contra ou a favor. Eu não fui cota. A Academia não me elegeu por eu ser um escritor negro. Me elegeu porque sou um escritor, um professor. A casa tem uma posição aberta. O senhor é favorável às cotas? Acho que são necessárias hoje, mas devem ser transitórias, não permanentes. Sou pela meritocracia. A crise econômica afetou as finanças da casa? Somos a diretoria da crise. Vamos viver um momento em que o país passa por crise econômica e isso afeta a casa. Sobrevivemos com o aluguel do prédio [que fica ao lado da ABL]. Ele está submetido às leis do mercado, então teremos que nos adaptar. Houve uma queda razoável [da renda com aluguel das salas], mas continuamos na média e com um patamar equilibrado. Esperamos que a crise não seja grave o bastante para nos levar a tomar medidas como cortar esse ou aquele programa. Mas é possível que tenhamos que fazer mudanças. Qual o senhor gostaria que fosse a sua marca na presidência da casa? Preservar o patrimônio da casa, ampliar a atuação do setor de lexicografia e ter uma ação social mais efetiva. Fizemos no ano passado uma exposição sobre "O Cortiço", de Aluísio Azevedo, no teleférico do Complexo do Alemão. Queremos mais atividades como essa. Mas as questões de segurança começaram a se impor –a própria Unidade de Polícia Pacificadora começou a ser atacada. Por exemplo, queremos fazer acordo com as empresas de ônibus para trazer as pessoas até aqui. Isso se o dinheiro der...
ilustrada
ABL não debaterá racismo, diz 2º presidente negro de sua históriaO professor e escritor Domício Proença Filho, 79, eleito o novo presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) no começo de dezembro, toma posse na quinta-feira (17), às 17h, em cerimônia no Salão Nobre do Petit Trianon,no Rio de Janeiro. Ele se torna, assim, o segundo negro na presidência na história da instituição –o primeiro foi Machado de Assis, cofundador da ABL, que presidiu a casa entre 1897 e 1908. Ao longo de sua carreira, Proença se debruçou sobre a questão do negro na literatura e, de um modo mais amplo, no Brasil. Ainda assim, na presidência da casa, não fará do assunto uma bandeira. "A Academia não discutirá isso. A questão racial nunca foi sequer aventada aqui, seja contra ou a favor. Eu não fui cota. A Academia não me elegeu por eu ser um negro escritor. Me elegeu porque sou um escritor, um professor", disse em entrevista à Folha. Proença elencou a crise como o principal desafio da casa em 2016. Afirmou que suas prioridades serão tornar mais efetiva a interação da ABL com comunidades mais pobres, ampliar o setor de lexicografia e preservar o patrimônio da casa. Veja os principais trechos: Folha - O senhor sempre fez questão de ressaltar que é negro. É um dos poucos na história da academia. Machado de Assis evitava o tema da raça? Domício Proença Filho - Ele percebeu que só podia ascender pelo conhecimento. O tempo dele era outro. Ele vivia uma circunstância escravocrata. Naquele momento brasileiro, quando você tinha a aristocracia da cor e a da pecúnia, optou pela do conhecimento. Devia ser um problema muito pesado para ele. Mas ele era tão genial que foi eleito com 50 anos. As pessoas fazem muito essa comparação entre nós, mas não tem nada a ver. Não posso me furtar da coincidência de eu estar aqui, mulato como ele, na presidência da casa. Mas entre Machado de Assis e eu existe uma distância abissal –não só no tempo, como na própria dimensão de produção. Ele era um gênio. Virou a mesa da literatura brasileira. Pretende fazer a casa discutir a questão do racismo? A Academia não discutirá isso. A questão racial nunca foi sequer aventada, seja contra ou a favor. Eu não fui cota. A Academia não me elegeu por eu ser um escritor negro. Me elegeu porque sou um escritor, um professor. A casa tem uma posição aberta. O senhor é favorável às cotas? Acho que são necessárias hoje, mas devem ser transitórias, não permanentes. Sou pela meritocracia. A crise econômica afetou as finanças da casa? Somos a diretoria da crise. Vamos viver um momento em que o país passa por crise econômica e isso afeta a casa. Sobrevivemos com o aluguel do prédio [que fica ao lado da ABL]. Ele está submetido às leis do mercado, então teremos que nos adaptar. Houve uma queda razoável [da renda com aluguel das salas], mas continuamos na média e com um patamar equilibrado. Esperamos que a crise não seja grave o bastante para nos levar a tomar medidas como cortar esse ou aquele programa. Mas é possível que tenhamos que fazer mudanças. Qual o senhor gostaria que fosse a sua marca na presidência da casa? Preservar o patrimônio da casa, ampliar a atuação do setor de lexicografia e ter uma ação social mais efetiva. Fizemos no ano passado uma exposição sobre "O Cortiço", de Aluísio Azevedo, no teleférico do Complexo do Alemão. Queremos mais atividades como essa. Mas as questões de segurança começaram a se impor –a própria Unidade de Polícia Pacificadora começou a ser atacada. Por exemplo, queremos fazer acordo com as empresas de ônibus para trazer as pessoas até aqui. Isso se o dinheiro der...
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Morre o produtor musical Fernando Faro, criador do programa 'Ensaio'
Morreu na madrugada desta segunda (25), aos 88 anos, o produtor musical Fernando Faro, conhecido nome por trás do programa "Ensaio", da TV Cultura. Ele estava internado no hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, desde 26 de janeiro e morreu em decorrência de uma infecção pulmonar. Fernando Abilio de Faro Santos, nascido em 21 de junho de 1927, em Aracaju (SE), cresceu em Salvador (BA). Estudou direito na USP, em São Paulo, mas largou o curso no terceiro ano para se tornar repórter no "A Noite" e, depois, crítico de cinema e teatro no "Jornal de São Paulo". Se havia algo a que demonstrava ter verdadeiro horror, Faro dizia, era a obviedade. Seu "Ensaio", o programa mais longevo de sua carreira, foi prova disso. Exibido a partir de 1969, na TV Tupi, trazia uma fórmula nova: mesclava show e entrevista, mas sem que aparecessem a imagem ou a voz do apresentador, o próprio Faro. Na tela, surgiam closes do entrevistado: boca, olhos, mãos, em uma iluminação que contrastava luz e sombra e evidenciava expressões. assista a trecho O músico respondia a perguntas que o público não ouvia, o que trazia uma sensação de proximidade com o artista, como se a conversa fosse com o próprio espectador, sem a mediação de um entrevistador. Foram mais de 640 "Ensaio" gravados, contando o período na Tupi, de 1969 a 1971, e depois na TV Cultura, desde 1990, além das edições feitas entre 1972 e 1975, quando foi chamado de "MPB Especial". Por lá, passaram Cartola, Elis Regina, Chico Buarque, Jackson do Pandeiro, Paulinho da Viola, enfim, toda a nata da música brasileira. "Baixo" foi o apelido que o diretor artístico da TV Tupi, Cassiano Gabus Mendes (1929-93), deu a Faro, por duas razões: o 1,65m de altura e a voz mais do que tranquila. Faro amava o imprevisível. "TV é rascunho", dizia. Tanto que um dia empurrou o poeta Décio Pignatari (1927-2012) para o meio do cenário do "Móbile" –programa sem formato fixo que tratava de artes–, com mesa, máquina de escrever, lousa e papel. "Você está no ar, faça alguma coisa!", disse Baixo. Aturdido, Pignatari ficou olhando para as câmeras, mas logo começou a lançar aviõezinhos de papel e falar sobre Umberto Eco e Adorno. FITAS NO LIXO A obsessão pelo frescor era tanta que Faro jogou fora as fitas de "Móbile". Não queria correr o risco de revê-las e se repetir depois. Ele se arrependeria mais tarde da atitude, mas não foi o que aconteceu quando jogou fora as fitas do programa "Divino, Maravilhoso", de 1968, capitaneado por Gilberto Gil e Caetano Veloso, e que exibia a nascente tropicália. Faro não queria que as fitas fossem usadas contra "os meninos" pela repressão. Polêmico, "Divino" mostrou Caetano cantando com um revólver apontado para a cabeça. Na ditadura, Baixo criou cenas provocativas ao regime. Uma mostrava um rato prestes a ser morto por uma ratoeira. Faro teve de convencer o censor que o rato não simbolizava o povo, e a ratoeira, o Exército esmagando o povo. Com Chico Buarque, montou o show de 1º de Maio em 1979, no Riocentro, reunindo Clara Nunes, Beth Carvalho e Cauby para angariar fundos para o primeiro encontro de sindicalistas do Brasil. Também foi de Faro a organização dos shows pré-comício pelas "Diretas Já" (1984), no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Atuou como produtor de discos –como "A Arca de Noé", de Vinicius de Moraes– e foi diretor do MIS (Museu da Imagem e do Som) em São Paulo, nos anos 1990. Foram muitos os shows produzidos por ele. Como os de Toquinho, Paulinho da Viola e Elis Regina, que chegou a morar por um tempo na casa de Faro –foi dele a direção do último show da cantora: "Trem Azul" (1981). Se nos últimos anos a memória falhava em precisão de dados, sobrava em emoção. Fernando Faro tinha lembranças vívidas dos amigos e um amor ao trabalho que o fazia ir todos os dias à TV Cultura, mesmo quando não precisava. O produtor foi enterrado nesta segunda (25) no Cemitério do Araçá, em São Paulo. Deixa três filhos –Maria Luiza, Maria Fernanda e Lucas– e duas netas.
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Morre o produtor musical Fernando Faro, criador do programa 'Ensaio'Morreu na madrugada desta segunda (25), aos 88 anos, o produtor musical Fernando Faro, conhecido nome por trás do programa "Ensaio", da TV Cultura. Ele estava internado no hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, desde 26 de janeiro e morreu em decorrência de uma infecção pulmonar. Fernando Abilio de Faro Santos, nascido em 21 de junho de 1927, em Aracaju (SE), cresceu em Salvador (BA). Estudou direito na USP, em São Paulo, mas largou o curso no terceiro ano para se tornar repórter no "A Noite" e, depois, crítico de cinema e teatro no "Jornal de São Paulo". Se havia algo a que demonstrava ter verdadeiro horror, Faro dizia, era a obviedade. Seu "Ensaio", o programa mais longevo de sua carreira, foi prova disso. Exibido a partir de 1969, na TV Tupi, trazia uma fórmula nova: mesclava show e entrevista, mas sem que aparecessem a imagem ou a voz do apresentador, o próprio Faro. Na tela, surgiam closes do entrevistado: boca, olhos, mãos, em uma iluminação que contrastava luz e sombra e evidenciava expressões. assista a trecho O músico respondia a perguntas que o público não ouvia, o que trazia uma sensação de proximidade com o artista, como se a conversa fosse com o próprio espectador, sem a mediação de um entrevistador. Foram mais de 640 "Ensaio" gravados, contando o período na Tupi, de 1969 a 1971, e depois na TV Cultura, desde 1990, além das edições feitas entre 1972 e 1975, quando foi chamado de "MPB Especial". Por lá, passaram Cartola, Elis Regina, Chico Buarque, Jackson do Pandeiro, Paulinho da Viola, enfim, toda a nata da música brasileira. "Baixo" foi o apelido que o diretor artístico da TV Tupi, Cassiano Gabus Mendes (1929-93), deu a Faro, por duas razões: o 1,65m de altura e a voz mais do que tranquila. Faro amava o imprevisível. "TV é rascunho", dizia. Tanto que um dia empurrou o poeta Décio Pignatari (1927-2012) para o meio do cenário do "Móbile" –programa sem formato fixo que tratava de artes–, com mesa, máquina de escrever, lousa e papel. "Você está no ar, faça alguma coisa!", disse Baixo. Aturdido, Pignatari ficou olhando para as câmeras, mas logo começou a lançar aviõezinhos de papel e falar sobre Umberto Eco e Adorno. FITAS NO LIXO A obsessão pelo frescor era tanta que Faro jogou fora as fitas de "Móbile". Não queria correr o risco de revê-las e se repetir depois. Ele se arrependeria mais tarde da atitude, mas não foi o que aconteceu quando jogou fora as fitas do programa "Divino, Maravilhoso", de 1968, capitaneado por Gilberto Gil e Caetano Veloso, e que exibia a nascente tropicália. Faro não queria que as fitas fossem usadas contra "os meninos" pela repressão. Polêmico, "Divino" mostrou Caetano cantando com um revólver apontado para a cabeça. Na ditadura, Baixo criou cenas provocativas ao regime. Uma mostrava um rato prestes a ser morto por uma ratoeira. Faro teve de convencer o censor que o rato não simbolizava o povo, e a ratoeira, o Exército esmagando o povo. Com Chico Buarque, montou o show de 1º de Maio em 1979, no Riocentro, reunindo Clara Nunes, Beth Carvalho e Cauby para angariar fundos para o primeiro encontro de sindicalistas do Brasil. Também foi de Faro a organização dos shows pré-comício pelas "Diretas Já" (1984), no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Atuou como produtor de discos –como "A Arca de Noé", de Vinicius de Moraes– e foi diretor do MIS (Museu da Imagem e do Som) em São Paulo, nos anos 1990. Foram muitos os shows produzidos por ele. Como os de Toquinho, Paulinho da Viola e Elis Regina, que chegou a morar por um tempo na casa de Faro –foi dele a direção do último show da cantora: "Trem Azul" (1981). Se nos últimos anos a memória falhava em precisão de dados, sobrava em emoção. Fernando Faro tinha lembranças vívidas dos amigos e um amor ao trabalho que o fazia ir todos os dias à TV Cultura, mesmo quando não precisava. O produtor foi enterrado nesta segunda (25) no Cemitério do Araçá, em São Paulo. Deixa três filhos –Maria Luiza, Maria Fernanda e Lucas– e duas netas.
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Rafael Nadal reencontra austríaco nas quartas de final em Roma
Em busca do quarto título na temporada, o tenista espanhol Rafael Nadal avançou nesta quinta (18) às quartas de final do Masters 1000 de Roma (ITA) ao bater o norte-americano Jack Sock (14º do ranking mundial) por 2 sets a 0, com parciais de 6/3 e 6/4, em 1h20 de partida. Número 4 do mundo, Nadal reencontra na semifinal o austríaco Dominic Thiem (7º), que eliminou Sam Quarrey (28º) por 2 a 1. Eles decidiram os títulos de dois torneios em 2017, os Masters 1000 de Barcelona e Madri, ambos com vitória do tenista espanhol. Atual número 2 da ATP, o sérvio Novak Djokovic também chegou às quartas de final em Roma ao passar pelo espanhol Roberto Bautista Agut (20º) por 2 a 0, com duplo 6/4 6/4, em 1h41. O rival por um lugar na semifinal será o argentino Juan Martin del Potro (34º), que bateu o japonês Kei Nishikori (9º) por 2 a 0, em 1h54 de duelo. Na chave de duplas de Roma, o brasileiro Marcelo Melo estreou com vitória em Roma. Ao lado do polonês Lukasz Kubot, ele superou o romeno Florin Mergea e o paquistanês Aisam-Ul-Haq Qureshi com parciais de 6/2 e 6/3.
esporte
Rafael Nadal reencontra austríaco nas quartas de final em RomaEm busca do quarto título na temporada, o tenista espanhol Rafael Nadal avançou nesta quinta (18) às quartas de final do Masters 1000 de Roma (ITA) ao bater o norte-americano Jack Sock (14º do ranking mundial) por 2 sets a 0, com parciais de 6/3 e 6/4, em 1h20 de partida. Número 4 do mundo, Nadal reencontra na semifinal o austríaco Dominic Thiem (7º), que eliminou Sam Quarrey (28º) por 2 a 1. Eles decidiram os títulos de dois torneios em 2017, os Masters 1000 de Barcelona e Madri, ambos com vitória do tenista espanhol. Atual número 2 da ATP, o sérvio Novak Djokovic também chegou às quartas de final em Roma ao passar pelo espanhol Roberto Bautista Agut (20º) por 2 a 0, com duplo 6/4 6/4, em 1h41. O rival por um lugar na semifinal será o argentino Juan Martin del Potro (34º), que bateu o japonês Kei Nishikori (9º) por 2 a 0, em 1h54 de duelo. Na chave de duplas de Roma, o brasileiro Marcelo Melo estreou com vitória em Roma. Ao lado do polonês Lukasz Kubot, ele superou o romeno Florin Mergea e o paquistanês Aisam-Ul-Haq Qureshi com parciais de 6/2 e 6/3.
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Chebabi, ex-presidente da Coaf, decide não falar na CPI da Merenda
O ex-presidente da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) Cássio Chebabi, suspeito de chefiar a máfia da merenda, foi convocado para depor em CPI na Alesp nesta quarta-feira (24). Chebabi, entretanto, decidiu não falar sobre o caso. O ex-dirigente da cooperativa alegou ter o direito de permanecer calado devido ao acordo de confidencialidade da delação premiada, fechada no início do ano. Chebabi é delator na Operação Alba Branca, que apura a atuação da Coaf no pagamento de propina em troca de contratos superfaturados de merenda escolar. Na delação, Chebabi citou o secretário tucano Duarte Nogueira (Logística e Transportes) como beneficiário do esquema de propina em merenda escolar. Esperava-se que Chebabi reforçasse à CPI o que já havia dito em delação. Em outros depoimentos à polícia, investigados na operação citaram o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Fernando Capez (PSDB), e os deputados federais Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB). Todos negam envolvimento no esquema. Nesta quarta foram ouvidos na CPI Nilson Fernandes, atual presidente da Coaf, e Adriano Miller, prestador de serviço de departamento financeiro da cooperativa. Patrícia Figueira Neves, auxiliar administrativa junto ao Departamento Fiscal da Coaf, e Aluísio Girardi, apontado como lobista, não compareceram à sessão.
poder
Chebabi, ex-presidente da Coaf, decide não falar na CPI da MerendaO ex-presidente da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) Cássio Chebabi, suspeito de chefiar a máfia da merenda, foi convocado para depor em CPI na Alesp nesta quarta-feira (24). Chebabi, entretanto, decidiu não falar sobre o caso. O ex-dirigente da cooperativa alegou ter o direito de permanecer calado devido ao acordo de confidencialidade da delação premiada, fechada no início do ano. Chebabi é delator na Operação Alba Branca, que apura a atuação da Coaf no pagamento de propina em troca de contratos superfaturados de merenda escolar. Na delação, Chebabi citou o secretário tucano Duarte Nogueira (Logística e Transportes) como beneficiário do esquema de propina em merenda escolar. Esperava-se que Chebabi reforçasse à CPI o que já havia dito em delação. Em outros depoimentos à polícia, investigados na operação citaram o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Fernando Capez (PSDB), e os deputados federais Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB). Todos negam envolvimento no esquema. Nesta quarta foram ouvidos na CPI Nilson Fernandes, atual presidente da Coaf, e Adriano Miller, prestador de serviço de departamento financeiro da cooperativa. Patrícia Figueira Neves, auxiliar administrativa junto ao Departamento Fiscal da Coaf, e Aluísio Girardi, apontado como lobista, não compareceram à sessão.
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Minhocão tem explosão de furto e roubo e assusta frequentadores
O professor de filosofia Fabrício Muriana, 32, andava de bicicleta pelo Minhocão, no retorno para casa ao lado da namorada após um show no Sesc Pompeia, na zona oeste. Naquela noite, o casal acabou sob a mira de uma arma e ficou sem as bicicletas e todos os outros pertences. Crimes como esse, ocorrido numa madrugada de agosto do ano passado, se repetem cada vez mais no elevado recentemente rebatizado de presidente João Goulart. Os furtos e roubos na região do Minhocão (incluindo a parte debaixo da via) passaram de 100 para 190, na comparação de 2015 com 2016, um aumento de 90%, mostram números obtidos pela Folha via Lei de Acesso à Informação. Se considerarmos apenas os crimes que aconteceram sobre o elevado, uma alta ainda maior: passaram de 15 para 56 (273%). Neste tipo de crime, porém, há grande índice de subnotificação, dizem especialistas. Ainda assim, os números ajudam a revelar que o principal avanço se deu no período em que a via está fechada para carros, entre as 21h30 e 6h30. Para efeito de comparação, em 2015, crimes cometidos nessa faixa horária representavam 13% do universo do elevado. Já em 2016, esse número saltou para 36% –o percentual pode ser maior devido à falta de horário em alguns boletins de ocorrência. Desde que o local virou oficialmente parque, com a sanção por Fernando Haddad (PT) de lei neste sentido, gerou-se um jogo de empurra sobre a responsabilidade pela segurança sobre o elevado. O governo Geraldo Alckmin (PSDB) diz que, por ser um parque da cidade, quem deveria fazer a prevenção é a GCM (Guarda Civil Metropolitana). Já a gestão municipal de João Doria (PSDB) diz que ações de policiamento ostensivo cabem à polícia, vinculada ao governo estadual (leia mais abaixo). Enquanto o poder público não age coordenadamente, os criminosos se aproveitam da falta de policiamento. Não havia sinal das autoridades quando Fabrício Muriana e sua namorada foram abordados por duas pessoas, também em bicicletas. "Eles alcançaram a gente, emparelharam, mostraram a arma e mandaram parar. Levaram meu celular, nossas bicicletas e abandonaram as bicicletas velhas deles com a gente." Após o roubo, Muriana diz não se sentir mais seguro para pedalar à noite. Crimes como esse continuaram a acontecer. No mês passado, foi a vez da jornalista Maria Teresa Cruz, 31. Ela pedalava de volta para casa sobre o Minhocão quando foi interceptada por um homem a pé, que roubou sua bicicleta. "Levei um soco na cara, vários chutes já caída no chão", escreveu em seu perfil nas redes sociais. CELULAR No Minhocão, entre os casos registrados no último ano, a maioria incluiu roubo de celular (70%). Quem frequenta o lugar, se não presenciou, conhece alguém que viu os bandidos agindo. Os casos acontecem com mais frequência próximo das alças de acesso à via, por onde os criminosos fogem em seguida. Ladrões costumam passar de bicicleta e levar os aparelhos de pedestres. Para o coronel da reserva da PM e consultor em segurança José Vicente da Silva, a segurança em uma área confinada é simples de ser feita. Apenas a presença de guardas ou policiais nos acessos ou em alguma plataforma elevada já inibiriam os criminosos, diz ele. "Bandidos são territoriais e costumam atacar do mesmo jeito, no mesmo local, enquanto não se aumentar o risco para eles", afirma Silva. Ativistas que defendem que o elevado vire um parque, a exemplo do High Line de Nova York, temem que a questão de segurança seja usada como justificativa para limitar o acesso ao espaço. Recentemente, a Folha revelou que a prefeitura planejava restringir o uso por pedestres. "Para melhorar a segurança, a gente está tentando que o Minhocão que vire institucionalmente um parque, através da criação conselho gestor, que poderia cobrar a polícia e a GCM a respeito da segurança", diz empresário Athos Comolatti, 63, da Associação Parque Minhocão. A eleição do conselho está prevista por lei, mas ainda não aconteceu. Em entrevista ao programa Roda-Viva, da TV Cultura, o prefeito disse que o elevado passará por uma requalificação e será um "Minhocão verde", sem dar mais detalhes. EM CIMA DO MINHOCÃO - Crescimento no número de furtos e roubos no elevado JOGO DE EMPURRA As gestões do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito João Doria (PSDB) fazem um jogo de empurra sobre a responsabilidade pelo policiamento no Minhocão. O governo estadual, responsável pelas polícias Civil e Militar, afirma ter reforçado o policiamento nas horas em que o local vira área de lazer. "O comando da área monitora diariamente as ocorrências, e, na medida em que a incidência é analisada e estudada, é providenciado o efetivo adequado para a região", afirma nota da Secretaria da Segurança Pública. A pasta cita, no entanto, o fato de o local ter virado oficialmente um parque –sob a guarda da prefeitura. "A responsabilidade de policiamento no local nesses períodos [em que a via está fechada] é da Guarda Municipal Metropolitana", diz o governo. Questionada, a prefeitura afirmou que a GCM faz rondas diariamente e promete intensificar o patrulhamento. "Aos finais de semana e feriados, além das rondas, os agentes efetuam paradas temporárias em diversos pontos no local", afirma a gestão. A prefeitura afirma também que "ações de policiamento ostensivo e investigações sobre crimes no entorno cabem à polícia". A respeito uso do Minhocão para pedestres, a administração Doria diz que o assunto passa por análise técnica. Qualquer alteração no funcionamento do espaço como área de lazer só "será implementada após diálogos com a população e com o Ministério Público", diz a gestão tucana. De acordo com a prefeitura, a eleição do conselho gestor do parque depende da regulamentação da lei que transformou a via em espaço de lazer. MINHOCÃO E ARREDORES - Incluindo a área debaixo do elevado 1971 - Elevado com 3,4 km de extensão é criado por Paulo Maluf (PP) 1989 - Passa a ser fechado para carros à noite e aos fins de semana por Luiza Erundina (PT) 2015 - Passa a ser fechado para carros também aos sábados, a partir das 15h 2016 - Fernando Haddad (PT) sanciona lei que cria o parque Minhocão
cotidiano
Minhocão tem explosão de furto e roubo e assusta frequentadoresO professor de filosofia Fabrício Muriana, 32, andava de bicicleta pelo Minhocão, no retorno para casa ao lado da namorada após um show no Sesc Pompeia, na zona oeste. Naquela noite, o casal acabou sob a mira de uma arma e ficou sem as bicicletas e todos os outros pertences. Crimes como esse, ocorrido numa madrugada de agosto do ano passado, se repetem cada vez mais no elevado recentemente rebatizado de presidente João Goulart. Os furtos e roubos na região do Minhocão (incluindo a parte debaixo da via) passaram de 100 para 190, na comparação de 2015 com 2016, um aumento de 90%, mostram números obtidos pela Folha via Lei de Acesso à Informação. Se considerarmos apenas os crimes que aconteceram sobre o elevado, uma alta ainda maior: passaram de 15 para 56 (273%). Neste tipo de crime, porém, há grande índice de subnotificação, dizem especialistas. Ainda assim, os números ajudam a revelar que o principal avanço se deu no período em que a via está fechada para carros, entre as 21h30 e 6h30. Para efeito de comparação, em 2015, crimes cometidos nessa faixa horária representavam 13% do universo do elevado. Já em 2016, esse número saltou para 36% –o percentual pode ser maior devido à falta de horário em alguns boletins de ocorrência. Desde que o local virou oficialmente parque, com a sanção por Fernando Haddad (PT) de lei neste sentido, gerou-se um jogo de empurra sobre a responsabilidade pela segurança sobre o elevado. O governo Geraldo Alckmin (PSDB) diz que, por ser um parque da cidade, quem deveria fazer a prevenção é a GCM (Guarda Civil Metropolitana). Já a gestão municipal de João Doria (PSDB) diz que ações de policiamento ostensivo cabem à polícia, vinculada ao governo estadual (leia mais abaixo). Enquanto o poder público não age coordenadamente, os criminosos se aproveitam da falta de policiamento. Não havia sinal das autoridades quando Fabrício Muriana e sua namorada foram abordados por duas pessoas, também em bicicletas. "Eles alcançaram a gente, emparelharam, mostraram a arma e mandaram parar. Levaram meu celular, nossas bicicletas e abandonaram as bicicletas velhas deles com a gente." Após o roubo, Muriana diz não se sentir mais seguro para pedalar à noite. Crimes como esse continuaram a acontecer. No mês passado, foi a vez da jornalista Maria Teresa Cruz, 31. Ela pedalava de volta para casa sobre o Minhocão quando foi interceptada por um homem a pé, que roubou sua bicicleta. "Levei um soco na cara, vários chutes já caída no chão", escreveu em seu perfil nas redes sociais. CELULAR No Minhocão, entre os casos registrados no último ano, a maioria incluiu roubo de celular (70%). Quem frequenta o lugar, se não presenciou, conhece alguém que viu os bandidos agindo. Os casos acontecem com mais frequência próximo das alças de acesso à via, por onde os criminosos fogem em seguida. Ladrões costumam passar de bicicleta e levar os aparelhos de pedestres. Para o coronel da reserva da PM e consultor em segurança José Vicente da Silva, a segurança em uma área confinada é simples de ser feita. Apenas a presença de guardas ou policiais nos acessos ou em alguma plataforma elevada já inibiriam os criminosos, diz ele. "Bandidos são territoriais e costumam atacar do mesmo jeito, no mesmo local, enquanto não se aumentar o risco para eles", afirma Silva. Ativistas que defendem que o elevado vire um parque, a exemplo do High Line de Nova York, temem que a questão de segurança seja usada como justificativa para limitar o acesso ao espaço. Recentemente, a Folha revelou que a prefeitura planejava restringir o uso por pedestres. "Para melhorar a segurança, a gente está tentando que o Minhocão que vire institucionalmente um parque, através da criação conselho gestor, que poderia cobrar a polícia e a GCM a respeito da segurança", diz empresário Athos Comolatti, 63, da Associação Parque Minhocão. A eleição do conselho está prevista por lei, mas ainda não aconteceu. Em entrevista ao programa Roda-Viva, da TV Cultura, o prefeito disse que o elevado passará por uma requalificação e será um "Minhocão verde", sem dar mais detalhes. EM CIMA DO MINHOCÃO - Crescimento no número de furtos e roubos no elevado JOGO DE EMPURRA As gestões do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito João Doria (PSDB) fazem um jogo de empurra sobre a responsabilidade pelo policiamento no Minhocão. O governo estadual, responsável pelas polícias Civil e Militar, afirma ter reforçado o policiamento nas horas em que o local vira área de lazer. "O comando da área monitora diariamente as ocorrências, e, na medida em que a incidência é analisada e estudada, é providenciado o efetivo adequado para a região", afirma nota da Secretaria da Segurança Pública. A pasta cita, no entanto, o fato de o local ter virado oficialmente um parque –sob a guarda da prefeitura. "A responsabilidade de policiamento no local nesses períodos [em que a via está fechada] é da Guarda Municipal Metropolitana", diz o governo. Questionada, a prefeitura afirmou que a GCM faz rondas diariamente e promete intensificar o patrulhamento. "Aos finais de semana e feriados, além das rondas, os agentes efetuam paradas temporárias em diversos pontos no local", afirma a gestão. A prefeitura afirma também que "ações de policiamento ostensivo e investigações sobre crimes no entorno cabem à polícia". A respeito uso do Minhocão para pedestres, a administração Doria diz que o assunto passa por análise técnica. Qualquer alteração no funcionamento do espaço como área de lazer só "será implementada após diálogos com a população e com o Ministério Público", diz a gestão tucana. De acordo com a prefeitura, a eleição do conselho gestor do parque depende da regulamentação da lei que transformou a via em espaço de lazer. MINHOCÃO E ARREDORES - Incluindo a área debaixo do elevado 1971 - Elevado com 3,4 km de extensão é criado por Paulo Maluf (PP) 1989 - Passa a ser fechado para carros à noite e aos fins de semana por Luiza Erundina (PT) 2015 - Passa a ser fechado para carros também aos sábados, a partir das 15h 2016 - Fernando Haddad (PT) sanciona lei que cria o parque Minhocão
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Ronaldo Caiado entre a política e a medicina
RIO DE JANEIRO - "Habemus confitentem reum". Na primeira sessão do julgamento no Senado, quando se discutia o impeachment da presidente Dilma, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) declarou indignada que aquela Casa (o Senado) não tinha moral para julgar a principal responsável pela crise generalizada que estamos passando. Teve lucidez bastante para omitir o pessoal do PT, inclusive ela própria e seu marido, que estão sendo investigados pela Operação Lava Jato. Uma ofensa generalizada, até certo ponto, não deve ser levada a sério. Em si, a primeira sessão que está julgando o impeachment da presidente Dilma foi uma lástima. Quase não se discutiu o motivo da reunião e, sim, as rixas partidárias, com o PT gastando toda a sua munição em desclassificar os adversários. Lamentável, sobretudo, o duelo, felizmente verbal, entre dois senadores exaltados na defesa de suas posições. Conheço de passagem o senador Ronaldo Caiado, que entrevistei quando foi candidato presidencial na eleição que levou Collor à Presidência. Praticamente desconhecido, ele não teve mídia suficiente para se eleger. Na revista em que eu trabalhava, estava programada uma entrevista com todos os candidatos daquela eleição. Parece-me que a única oportunidade que teve com um órgão da imprensa foi a minha entrevista, durante a qual o telefone móvel que ele levava avisou-o de que uma paciente que ele operara pela manhã estava precisando dele. Caiado é médico, pediu-me desculpas e se retirou para atender aquela emergência, desperdiçando uma oportunidade de se dirigir ao eleitorado. Entre a profissão que exerce e a possibilidade de uma eleição presidencial, Caiado optou pela sua profissão de médico, desprezando uma carreira política da qual gastou somente cinco minutos na rara oportunidade de se dirigir ao eleitorado.
colunas
Ronaldo Caiado entre a política e a medicinaRIO DE JANEIRO - "Habemus confitentem reum". Na primeira sessão do julgamento no Senado, quando se discutia o impeachment da presidente Dilma, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) declarou indignada que aquela Casa (o Senado) não tinha moral para julgar a principal responsável pela crise generalizada que estamos passando. Teve lucidez bastante para omitir o pessoal do PT, inclusive ela própria e seu marido, que estão sendo investigados pela Operação Lava Jato. Uma ofensa generalizada, até certo ponto, não deve ser levada a sério. Em si, a primeira sessão que está julgando o impeachment da presidente Dilma foi uma lástima. Quase não se discutiu o motivo da reunião e, sim, as rixas partidárias, com o PT gastando toda a sua munição em desclassificar os adversários. Lamentável, sobretudo, o duelo, felizmente verbal, entre dois senadores exaltados na defesa de suas posições. Conheço de passagem o senador Ronaldo Caiado, que entrevistei quando foi candidato presidencial na eleição que levou Collor à Presidência. Praticamente desconhecido, ele não teve mídia suficiente para se eleger. Na revista em que eu trabalhava, estava programada uma entrevista com todos os candidatos daquela eleição. Parece-me que a única oportunidade que teve com um órgão da imprensa foi a minha entrevista, durante a qual o telefone móvel que ele levava avisou-o de que uma paciente que ele operara pela manhã estava precisando dele. Caiado é médico, pediu-me desculpas e se retirou para atender aquela emergência, desperdiçando uma oportunidade de se dirigir ao eleitorado. Entre a profissão que exerce e a possibilidade de uma eleição presidencial, Caiado optou pela sua profissão de médico, desprezando uma carreira política da qual gastou somente cinco minutos na rara oportunidade de se dirigir ao eleitorado.
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Volkswagen vai investir R$ 1,5 bilhão em caminhões nos próximos 5 anos
A divisão de caminhões e ônibus do grupo Volkswagen passa por um dos piores momentos de sua história no Brasil, mas optou por apostar no futuro. A empresa anuncia seu plano para os próximos cinco anos, período em que pretende investir R$ 1,5 bilhão no desenvolvimento de produtos e modernização das fábricas. "Os mercados emergentes têm ciclos de crescimento e de retração (...). Nesses momentos terríveis, é preciso criar um plano para avançar e sobreviver", disse Andreas Renschler, presidente mundial da divisão de caminhões do grupo Volkswagen. O executivo acredita na retomada do mercado nacional a partir de 2017 –um recomeço tímido, com expectativa de 1% de crescimento nas vendas em relação a 2016. "O Brasil vai melhorar, mas não dá para precisar quando. A crise está sendo pior agora", afirmou Renschler. O esperado avanço ocorrerá sobre um resultado pífio. Em 2011, as fábricas de caminhões do grupo Volkswagen no Brasil produziram, em média, 350 caminhões e ônibus por dia. Havia três turnos de trabalho e motivos para um planejamento bastante otimista, que contemplava os cinco anos seguintes. Na época, a empresa aplicou R$ 1 bilhão e viu o setor encolher. A ociosidade chega a 75% nas unidades de Resende (RJ) e de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), onde são produzidos os caminhões da marca sueca Scania, que faz parte do grupo VW, assim como a MAN. A empresa aderiu ao PPE (Plano de Proteção ao Emprego) em 2015, e boa parte dos 4.900 funcionários está afastada. Houve também programas de demissão voluntária. Pelas contas da Anfavea (associação nacional que representa as fabricantes de automóveis), o setor de veículos pesados deve fechar 2016 com 59 mil unidades vendidas. É uma volta a 1999, ano em que 61 mil ônibus e caminhões foram emplacados. BATE-PAPO Na manhã desta quinta-feira (1°), Andreas Renschler e Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus no Brasil, tiveram um encontro com o presidente República, Michel Temer, e com o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira. Segundo os executivos, a conversa serviu para repassar o plano de investimento até 2021 e frisar que "as empresas alemães pensam no longo prazo" e, por isso, "são perseverantes em momentos difíceis" como o atual. Tal perseverança implica esperar até 2022 para ver o mercado retomar os níveis de 2011, quando foram vendidos 208 mil veículos pesados no país. Isso dependerá de avanços no setor de exportações, que é parte fundamental do futuro rearranjo da política industrial. Pelos planos da Volkswagen, o investimento anunciado deve ser "autofinanciável", mas não está descartada a possibilidade de pegar empréstimos. "Se houver dificuldade, recorreremos, sim, ao BNDES", disse Cortes. Em outros mercados, a empresa tem obtido bons resultados. Há crescimento na Europa (Oriental e Ocidental) e na China, além de planos de expansão na América do Norte por meio de acordo comercial com a Navistar.
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Volkswagen vai investir R$ 1,5 bilhão em caminhões nos próximos 5 anosA divisão de caminhões e ônibus do grupo Volkswagen passa por um dos piores momentos de sua história no Brasil, mas optou por apostar no futuro. A empresa anuncia seu plano para os próximos cinco anos, período em que pretende investir R$ 1,5 bilhão no desenvolvimento de produtos e modernização das fábricas. "Os mercados emergentes têm ciclos de crescimento e de retração (...). Nesses momentos terríveis, é preciso criar um plano para avançar e sobreviver", disse Andreas Renschler, presidente mundial da divisão de caminhões do grupo Volkswagen. O executivo acredita na retomada do mercado nacional a partir de 2017 –um recomeço tímido, com expectativa de 1% de crescimento nas vendas em relação a 2016. "O Brasil vai melhorar, mas não dá para precisar quando. A crise está sendo pior agora", afirmou Renschler. O esperado avanço ocorrerá sobre um resultado pífio. Em 2011, as fábricas de caminhões do grupo Volkswagen no Brasil produziram, em média, 350 caminhões e ônibus por dia. Havia três turnos de trabalho e motivos para um planejamento bastante otimista, que contemplava os cinco anos seguintes. Na época, a empresa aplicou R$ 1 bilhão e viu o setor encolher. A ociosidade chega a 75% nas unidades de Resende (RJ) e de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), onde são produzidos os caminhões da marca sueca Scania, que faz parte do grupo VW, assim como a MAN. A empresa aderiu ao PPE (Plano de Proteção ao Emprego) em 2015, e boa parte dos 4.900 funcionários está afastada. Houve também programas de demissão voluntária. Pelas contas da Anfavea (associação nacional que representa as fabricantes de automóveis), o setor de veículos pesados deve fechar 2016 com 59 mil unidades vendidas. É uma volta a 1999, ano em que 61 mil ônibus e caminhões foram emplacados. BATE-PAPO Na manhã desta quinta-feira (1°), Andreas Renschler e Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus no Brasil, tiveram um encontro com o presidente República, Michel Temer, e com o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira. Segundo os executivos, a conversa serviu para repassar o plano de investimento até 2021 e frisar que "as empresas alemães pensam no longo prazo" e, por isso, "são perseverantes em momentos difíceis" como o atual. Tal perseverança implica esperar até 2022 para ver o mercado retomar os níveis de 2011, quando foram vendidos 208 mil veículos pesados no país. Isso dependerá de avanços no setor de exportações, que é parte fundamental do futuro rearranjo da política industrial. Pelos planos da Volkswagen, o investimento anunciado deve ser "autofinanciável", mas não está descartada a possibilidade de pegar empréstimos. "Se houver dificuldade, recorreremos, sim, ao BNDES", disse Cortes. Em outros mercados, a empresa tem obtido bons resultados. Há crescimento na Europa (Oriental e Ocidental) e na China, além de planos de expansão na América do Norte por meio de acordo comercial com a Navistar.
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CBF tenta recurso na Fifa para ter Neymar nas eliminatórias da Copa
A CBF acionou na terça-feira (21) a Câmara de Apelações da Fifa para tentar reverter a suspensão de dois jogos de Neymar. Segundo a entidade mundial, a punição precisa ser cumprida em jogos das eliminatórias para a Copa-2018. A CBF quer que o jogador cumpra as partidas restantes da punição recebida na Copa América-2015 somente na próxima competição organizada pela Conmebol, que será uma outra Copa América, a do Centenário, em 2016. O departamento de competições da Fifa, porém, considera que o jogador tem que cumprir a punição nos próximos jogos oficiais da seleção, que serão em outubro, nas duas primeiras rodadas das eliminatórias - em setembro a seleção fará um amistoso contra os EUA. Neymar foi suspenso por quatro partidas pelo Tribunal de Disciplina da Conmebol durante a Copa América, por xingar e 'peitar, pela segunda rodada da competição. Ele cumpriu dois jogos no torneio continental, e ainda restam mais dois. A CBF, na ocasião, desistiu de tentar o recurso na Câmara de Apelações da Conmebol porque, no entender da comissão técnica, seria prejudicial ao time ter Neymar apenas treinando, o que tiraria o foco da competição. O Brasil acabou eliminado nas quartas de final, ao perder nos pênaltis para o Paraguai. Em meados de julho, a Fifa confirmou que a punição deve ser cumprida nas eliminatórias num pedido da CBF para que se esclarecesse o caso, o que abriu a possibilidade do recurso. Caso a entidade rejeite o pedido, a CBF deve entrar com o pedido na Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), tribunal esportivo de última instância. No sábado (25), em sorteio na Rússia, a seleção conhecerá a ordem dos jogos das eliminatórias e os adversários de outubro.
esporte
CBF tenta recurso na Fifa para ter Neymar nas eliminatórias da CopaA CBF acionou na terça-feira (21) a Câmara de Apelações da Fifa para tentar reverter a suspensão de dois jogos de Neymar. Segundo a entidade mundial, a punição precisa ser cumprida em jogos das eliminatórias para a Copa-2018. A CBF quer que o jogador cumpra as partidas restantes da punição recebida na Copa América-2015 somente na próxima competição organizada pela Conmebol, que será uma outra Copa América, a do Centenário, em 2016. O departamento de competições da Fifa, porém, considera que o jogador tem que cumprir a punição nos próximos jogos oficiais da seleção, que serão em outubro, nas duas primeiras rodadas das eliminatórias - em setembro a seleção fará um amistoso contra os EUA. Neymar foi suspenso por quatro partidas pelo Tribunal de Disciplina da Conmebol durante a Copa América, por xingar e 'peitar, pela segunda rodada da competição. Ele cumpriu dois jogos no torneio continental, e ainda restam mais dois. A CBF, na ocasião, desistiu de tentar o recurso na Câmara de Apelações da Conmebol porque, no entender da comissão técnica, seria prejudicial ao time ter Neymar apenas treinando, o que tiraria o foco da competição. O Brasil acabou eliminado nas quartas de final, ao perder nos pênaltis para o Paraguai. Em meados de julho, a Fifa confirmou que a punição deve ser cumprida nas eliminatórias num pedido da CBF para que se esclarecesse o caso, o que abriu a possibilidade do recurso. Caso a entidade rejeite o pedido, a CBF deve entrar com o pedido na Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), tribunal esportivo de última instância. No sábado (25), em sorteio na Rússia, a seleção conhecerá a ordem dos jogos das eliminatórias e os adversários de outubro.
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Quem é a revelação que sumiu três vezes do Santos e recebe última chance
Em fevereiro, na última volta de Diogo Vitor, 20, ao Santos, o técnico do time B, Kleiton Lima, teve o que ele mesmo chamou de "conversa definitiva" com o atacante, um dos principais nomes das categorias de base do clube. Era a terceira vez que o jogador desaparecia da Vila Belmiro e depois retornava. "Os diálogos têm de ser duros, mas tenho de insistir. Se largar da mão dele, sei que o Diogo vai afundar de vez. Pode ser a última chance", disse Lima à Folha. Diogo Vitor está no Santos desde 2010. Chegou como meia. Dois anos depois, quando se tornou atacante, virou um dos principais nomes do departamento amador. A maior aposta do clube, famoso por revelar atletas para a seleção brasileira. Seu empresário é Wagner Ribeiro, que já trabalhou com Kaká e Neymar. Mas mesmo ele ameaça perder a paciência com o cliente. "O Diogo é um fenômeno. Joga muito. Eu fiz de tudo para ajudá-lo. Mas ele precisa tomar jeito porque o futebol não perdoa. Da minha parte, já disse que é a última chance. Ele precisa ter foco na carreira", afirmou Ribeiro. O último sumiço aconteceu antes do carnaval deste ano. Quando reapareceu, havia gente na diretoria que queria vê-lo dispensado. "O Diogo faz mal para ele mesmo. Não sabemos o que se passa na cabeça dele", disse Barbirotto, treinador de goleiros do Santos B. Para descobrir isso, ele vai à psicóloga. O clube percebeu que os problemas ocorrem quando Diogo vai para a Santana da Vargem, em Minas Gerais (260 km de Belo Horizonte). É lá que encontra parentes, amigos de infância. E esquece do Santos. Foi também onde se envolveu em acidente de carro em abril do ano passado. Antes disso, não se reapresentou na Vila Belmiro porque alegou estar com dor de dente. "Não sabemos de tudo o que aconteceu na vida dele. Sabemos que é órfão. Morava com a bisavó, que também morreu. Aqui em Santos ele não tem nenhum familiar por perto", completa Lima. A mãe de Diogo, Luciene, foi atropelada há quatro anos, junto com o tio José Maria. Ela morreu na hora. "Diogo também não tem mais o pai", afirma Ribeiro. O CLUBE ACREDITA O Santos insiste porque vê qualidades no atacante. Na última quinta-feira (16), em jogo-treino contra o Jabaquara, ele atuou por 35 minutos e deu três passes para gols. A equipe venceu por 6 a 0. Dorival Júnior o observava, ao lado do auxiliar Celso de Rezende. Ele deu uma chance para Diogo em 2016, mas desistiu após os sumiços. "É um garoto que não quer nada para a vida dele", se queixou Dorival. O discurso de Diogo Vitor é de humildade. Quem o ouve custa a crer que aquele é o jogador indisciplinado e que teve o salário cortado pela diretoria por causa das ausências. Ele jura: desta vez será tudo diferente. Mas sabe que desconfiam da promessa. "Tive umas recaídas. Estava com a cabeça fraca de ficar indo para Minas. Agora estou focado. Vai dar certo", disse o atacante à Folha. De cabeça baixa, concorda precisar melhorar e que errou bastante. Diz que a diretoria fez certo em cortar seu salário. Nos dias desaparecido, gente do clube lhe telefonava. Ele decidiu não atender. O Santos aposta que a chegada de parentes à cidade vai melhorar a situação. "A minha irmã, o marido e a filha vêm morar comigo. Sei que o Santos tem tido paciência. Espero retribuir", afirma. É mais uma tentativa com o jogador que resolve dentro de campo na mesma medida em que confunde fora dele. "Não sei o que ocorre. Você conversa e o Diogo concorda com tudo. Diz 'sim, senhor' e promete fazer o que pedem. Talvez seja trauma de infância. Queremos ajudá-lo", diz Wagner Ribeiro.
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Quem é a revelação que sumiu três vezes do Santos e recebe última chanceEm fevereiro, na última volta de Diogo Vitor, 20, ao Santos, o técnico do time B, Kleiton Lima, teve o que ele mesmo chamou de "conversa definitiva" com o atacante, um dos principais nomes das categorias de base do clube. Era a terceira vez que o jogador desaparecia da Vila Belmiro e depois retornava. "Os diálogos têm de ser duros, mas tenho de insistir. Se largar da mão dele, sei que o Diogo vai afundar de vez. Pode ser a última chance", disse Lima à Folha. Diogo Vitor está no Santos desde 2010. Chegou como meia. Dois anos depois, quando se tornou atacante, virou um dos principais nomes do departamento amador. A maior aposta do clube, famoso por revelar atletas para a seleção brasileira. Seu empresário é Wagner Ribeiro, que já trabalhou com Kaká e Neymar. Mas mesmo ele ameaça perder a paciência com o cliente. "O Diogo é um fenômeno. Joga muito. Eu fiz de tudo para ajudá-lo. Mas ele precisa tomar jeito porque o futebol não perdoa. Da minha parte, já disse que é a última chance. Ele precisa ter foco na carreira", afirmou Ribeiro. O último sumiço aconteceu antes do carnaval deste ano. Quando reapareceu, havia gente na diretoria que queria vê-lo dispensado. "O Diogo faz mal para ele mesmo. Não sabemos o que se passa na cabeça dele", disse Barbirotto, treinador de goleiros do Santos B. Para descobrir isso, ele vai à psicóloga. O clube percebeu que os problemas ocorrem quando Diogo vai para a Santana da Vargem, em Minas Gerais (260 km de Belo Horizonte). É lá que encontra parentes, amigos de infância. E esquece do Santos. Foi também onde se envolveu em acidente de carro em abril do ano passado. Antes disso, não se reapresentou na Vila Belmiro porque alegou estar com dor de dente. "Não sabemos de tudo o que aconteceu na vida dele. Sabemos que é órfão. Morava com a bisavó, que também morreu. Aqui em Santos ele não tem nenhum familiar por perto", completa Lima. A mãe de Diogo, Luciene, foi atropelada há quatro anos, junto com o tio José Maria. Ela morreu na hora. "Diogo também não tem mais o pai", afirma Ribeiro. O CLUBE ACREDITA O Santos insiste porque vê qualidades no atacante. Na última quinta-feira (16), em jogo-treino contra o Jabaquara, ele atuou por 35 minutos e deu três passes para gols. A equipe venceu por 6 a 0. Dorival Júnior o observava, ao lado do auxiliar Celso de Rezende. Ele deu uma chance para Diogo em 2016, mas desistiu após os sumiços. "É um garoto que não quer nada para a vida dele", se queixou Dorival. O discurso de Diogo Vitor é de humildade. Quem o ouve custa a crer que aquele é o jogador indisciplinado e que teve o salário cortado pela diretoria por causa das ausências. Ele jura: desta vez será tudo diferente. Mas sabe que desconfiam da promessa. "Tive umas recaídas. Estava com a cabeça fraca de ficar indo para Minas. Agora estou focado. Vai dar certo", disse o atacante à Folha. De cabeça baixa, concorda precisar melhorar e que errou bastante. Diz que a diretoria fez certo em cortar seu salário. Nos dias desaparecido, gente do clube lhe telefonava. Ele decidiu não atender. O Santos aposta que a chegada de parentes à cidade vai melhorar a situação. "A minha irmã, o marido e a filha vêm morar comigo. Sei que o Santos tem tido paciência. Espero retribuir", afirma. É mais uma tentativa com o jogador que resolve dentro de campo na mesma medida em que confunde fora dele. "Não sei o que ocorre. Você conversa e o Diogo concorda com tudo. Diz 'sim, senhor' e promete fazer o que pedem. Talvez seja trauma de infância. Queremos ajudá-lo", diz Wagner Ribeiro.
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Governador republicano, ex-favorito, desiste de corrida à Casa Branca
O governador do Wisconsin, Scott Walker, que lançou sua candidatura em julho, como um dos três favoritos à Casa Branca no lado republicano, anunciou nesta segunda (21) ter deixado a disputa. Walker, 47, chegou a estar entre os três primeiros colocados nas pesquisas, junto ao magnata Donald Trump e ao ex-governador da Flórida Jeb Bush. Atualmente, ele aparecia em 11º, segundo a média de sondagens feita pelo site Real Clear Politics, com 1,8% das intenções de voto. Segundo pessoas próximas a Walker, o orçamento foi o que mais pesou na decisão do governador. Os doadores teriam começado a vacilar diante de sua queda nas pesquisas de opinião. Walker, 47, tentou apelar aos conservadores religiosos e à base republicana mais tradicional, e destacar suas vitórias num Estado que não vota em um candidato republicano à Casa Branca desde 1984. Contudo, ele foi incapaz de se adaptar à popularidade de Trump ou de se destacar nos dois primeiros debates na TV. Posições confusas sobre temas como imigração ilegal e até a construção de um muro na fronteira com o Canadá também não ajudaram a manter sua popularidade. A decisão vem à tona dez dias depois de o ex-governador do Texas Rick Perry ser o primeiro a desistir da corrida de 2016. O Partido Republicano teve um recorde de pré-candidatos nestas eleições, com 17 nomes. O grande número fez com que emissoras de TV se vissem obrigadas a dividir os debates em dois grupos. Um dos últimos republicanos a entrar na disputa, ele agora retornará ao posto de governador, para cumprir seu mandato até 2018.
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Governador republicano, ex-favorito, desiste de corrida à Casa BrancaO governador do Wisconsin, Scott Walker, que lançou sua candidatura em julho, como um dos três favoritos à Casa Branca no lado republicano, anunciou nesta segunda (21) ter deixado a disputa. Walker, 47, chegou a estar entre os três primeiros colocados nas pesquisas, junto ao magnata Donald Trump e ao ex-governador da Flórida Jeb Bush. Atualmente, ele aparecia em 11º, segundo a média de sondagens feita pelo site Real Clear Politics, com 1,8% das intenções de voto. Segundo pessoas próximas a Walker, o orçamento foi o que mais pesou na decisão do governador. Os doadores teriam começado a vacilar diante de sua queda nas pesquisas de opinião. Walker, 47, tentou apelar aos conservadores religiosos e à base republicana mais tradicional, e destacar suas vitórias num Estado que não vota em um candidato republicano à Casa Branca desde 1984. Contudo, ele foi incapaz de se adaptar à popularidade de Trump ou de se destacar nos dois primeiros debates na TV. Posições confusas sobre temas como imigração ilegal e até a construção de um muro na fronteira com o Canadá também não ajudaram a manter sua popularidade. A decisão vem à tona dez dias depois de o ex-governador do Texas Rick Perry ser o primeiro a desistir da corrida de 2016. O Partido Republicano teve um recorde de pré-candidatos nestas eleições, com 17 nomes. O grande número fez com que emissoras de TV se vissem obrigadas a dividir os debates em dois grupos. Um dos últimos republicanos a entrar na disputa, ele agora retornará ao posto de governador, para cumprir seu mandato até 2018.
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Não tem clima mais para comemorar título, diz presidente do Palmeiras
O presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, demorou a acreditar no acidente com a Chapecoense. "Estava saindo para o Palmeiras, liguei a TV e vi. Sabe aquilo de ver a notícia torcendo para que não seja verdade? Foi um espanto tremendo." Ele diz que no domingo (27), antes de os dois times se enfrentarem, almoçou com diretores do clube catarinense. SEM CLIMA O Palmeiras, que ganhou a partida e venceu o Campeonato Brasileiro, desmarcou as atividades previstas para esta semana, inclusive uma comemoração nesta quarta (30). "Não tem clima mais para comemorar nada. Não dá", diz. TEMPO RUIM Nobre conhecia outras vítimas, como o técnico Caio Júnior, com quem trabalhou no Palmeiras em 2007. "Tínhamos uma relação com a Chapecoense porque jogamos a série B juntos em 2013. Eles sempre tiveram minha admiração, sempre fizeram um trabalho exemplar no Brasil. E acontecer uma coisa dessa hora, Nossa Senhora, é um baque muito grande." TEMPO RUIM 2 O Palmeiras discute com outros clubes um plano de apoio ao clube de Santa Catarina e "está à disposição para ajudar" a Chapecoense a se reestruturar. Leia a coluna completa aqui.
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Não tem clima mais para comemorar título, diz presidente do PalmeirasO presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, demorou a acreditar no acidente com a Chapecoense. "Estava saindo para o Palmeiras, liguei a TV e vi. Sabe aquilo de ver a notícia torcendo para que não seja verdade? Foi um espanto tremendo." Ele diz que no domingo (27), antes de os dois times se enfrentarem, almoçou com diretores do clube catarinense. SEM CLIMA O Palmeiras, que ganhou a partida e venceu o Campeonato Brasileiro, desmarcou as atividades previstas para esta semana, inclusive uma comemoração nesta quarta (30). "Não tem clima mais para comemorar nada. Não dá", diz. TEMPO RUIM Nobre conhecia outras vítimas, como o técnico Caio Júnior, com quem trabalhou no Palmeiras em 2007. "Tínhamos uma relação com a Chapecoense porque jogamos a série B juntos em 2013. Eles sempre tiveram minha admiração, sempre fizeram um trabalho exemplar no Brasil. E acontecer uma coisa dessa hora, Nossa Senhora, é um baque muito grande." TEMPO RUIM 2 O Palmeiras discute com outros clubes um plano de apoio ao clube de Santa Catarina e "está à disposição para ajudar" a Chapecoense a se reestruturar. Leia a coluna completa aqui.
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Natal nas Estrelas
Estou em Nova York e acabo de assistir a "O Despertar da Força", sétimo episódio de "Star Wars", num dos cinemas populares da rua 42 (salas grandes, pipoca e nachos fartos e plateia barulhenta, que adora se expressar). Não sei por que alguns críticos afirmam que o episódio é o melhor da série. A atuação é dificilmente sofrível (essa é uma tradição, em "Star Wars"); a história é a mesma da primeira trilogia; a direção chega a ser careta. Ninguém pensou em correr um risco, por mínimo que fosse: serviram exatamente o que a gente parece pedir desde o começo, sempre o mesmo prato. E a plateia aprovou: quando apareceram os veteranos do filme de 1977 (a princesa Leia, Han Solo, Luke Skywalker), todos aplaudiram. O que é esse prazer da continuidade, que nos torna especialmente bom público para trilogias, sequelas, prequelas e, hoje, seriados de televisão com temporadas sucessivas? Ou mesmo para novelas que duram meses? Não é o caso de acusar os produtores hollywoodianos ou a televisão: no século 19, os fiéis de Alexandre Dumas, que o liam no jornal, em folhetim, esperavam não só o capítulo do dia seguinte, mas também o romance seguinte, com o que aconteceria, por exemplo, "Vinte Anos Depois". O mesmo vale para as aventuras de Sherlock Holmes, para os piratas de Emilio Salgari, para Hercule Poirot, Perry Mason etc. É uma moda recente? Nem tanto. Talvez Homero seja o nome genérico dos que recitavam os mesmos cordéis 27 séculos atrás, pelo Mediterrâneo afora. E, sei lá, "Orlando Furioso" (1516), de Ariosto, era a sequela de "Orlando Innamorato" (1483-95), de Boiardo. Não é de hoje: a gente sempre gostou de uma história que tenha a permanência e a consistência de uma espécie de realidade paralela. Tudo bem, essa aventura terminou, mas é como quando apagamos nossa telinha: a programação continua, os heróis e vilões estão num mundo que tem vida própria e que sobrevive à nossa eventual distração. Um dia desses, não é que os heróis voltarão, é que nós daremos uma espiadela num outro trecho da vida deles (a qual nunca parou). As ficções são mais que um amontoado de casos e histórias: elas são outras dimensões do mundo. E os romances, a tela da TV e a do cinema são frestas, janelas e portas entre essas dimensões. Servem para enxergar o que acontece lá; e, às vezes, servem também para transitarmos de uma dimensão à outra. Curiosidade: para onde vão os personagens de um seriado entre uma temporada e outra? Enfim, no mundo de "Star Wars", existe uma diversidade infinita de espécies que convivem nas galáxias, mas há só uma luta que importa: entre o lado escuro e o lado luminoso da Força, que competem pelas almas de todos. Deus e o demônio se enfrentam por nós e pelo controle do mundo. Nós às vezes temos coragem, outras vezes, não. É que a Força funciona como a Graça: ela ajuda os que realmente acreditam nela. Sempre vai ser assim. Não pare de acreditar, viu? O Natal é como a Força; para que aconteça, é preciso acreditar nele. O Natal é também como "Guerra nas Estrelas": uma história que volta (no caso, a cada ano) marginalmente diferente, mas com os mesmos bons sentimentos (um pouco melados e estereotipados), o mesmo cenário (luzinhas, árvores, vermelho e verde),e com a mesma trilha, mas que, por isso mesmo, não para de fazer sucesso. Domingo, na esquina da Mercer com Prince, a uma quadra da entrada da "delicatessen" de Dean and Deluca, um saxofonista negro tocava insistentemente "Noite Feliz". Eu o reconheci e me lembrei dele de outros Natais. Deixei US$ 1 no prato, que estava surpreendentemente vazio: a performance pagaria melhor se a temperatura não fosse quase de primavera –o frio nos torna mais generosos, contrariamente à regra (errada) de que, no frio, ninguém enfia a mão no bolso (que é de acesso difícil, por baixo do sobretudo). O pessoal do Salvation Army, tocando seu sino na frente do terminal de ônibus da Port Authority, tampouco parece muito convincente sem o frio. Ando pelas ruas e tento encontrar, pelo cheiro, um quiosque de castanhas assadas; acho que, sem o frio, o pessoal ficou em casa; talvez amanhã as castanhas apareçam. Em compensação, o cheiro da maconha é onipresente. Parece que o Papai Noel aderiu à descriminalização. Feliz Natal e paz na terra aos homens de boa vontade. E aos de má vontade também.
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Natal nas EstrelasEstou em Nova York e acabo de assistir a "O Despertar da Força", sétimo episódio de "Star Wars", num dos cinemas populares da rua 42 (salas grandes, pipoca e nachos fartos e plateia barulhenta, que adora se expressar). Não sei por que alguns críticos afirmam que o episódio é o melhor da série. A atuação é dificilmente sofrível (essa é uma tradição, em "Star Wars"); a história é a mesma da primeira trilogia; a direção chega a ser careta. Ninguém pensou em correr um risco, por mínimo que fosse: serviram exatamente o que a gente parece pedir desde o começo, sempre o mesmo prato. E a plateia aprovou: quando apareceram os veteranos do filme de 1977 (a princesa Leia, Han Solo, Luke Skywalker), todos aplaudiram. O que é esse prazer da continuidade, que nos torna especialmente bom público para trilogias, sequelas, prequelas e, hoje, seriados de televisão com temporadas sucessivas? Ou mesmo para novelas que duram meses? Não é o caso de acusar os produtores hollywoodianos ou a televisão: no século 19, os fiéis de Alexandre Dumas, que o liam no jornal, em folhetim, esperavam não só o capítulo do dia seguinte, mas também o romance seguinte, com o que aconteceria, por exemplo, "Vinte Anos Depois". O mesmo vale para as aventuras de Sherlock Holmes, para os piratas de Emilio Salgari, para Hercule Poirot, Perry Mason etc. É uma moda recente? Nem tanto. Talvez Homero seja o nome genérico dos que recitavam os mesmos cordéis 27 séculos atrás, pelo Mediterrâneo afora. E, sei lá, "Orlando Furioso" (1516), de Ariosto, era a sequela de "Orlando Innamorato" (1483-95), de Boiardo. Não é de hoje: a gente sempre gostou de uma história que tenha a permanência e a consistência de uma espécie de realidade paralela. Tudo bem, essa aventura terminou, mas é como quando apagamos nossa telinha: a programação continua, os heróis e vilões estão num mundo que tem vida própria e que sobrevive à nossa eventual distração. Um dia desses, não é que os heróis voltarão, é que nós daremos uma espiadela num outro trecho da vida deles (a qual nunca parou). As ficções são mais que um amontoado de casos e histórias: elas são outras dimensões do mundo. E os romances, a tela da TV e a do cinema são frestas, janelas e portas entre essas dimensões. Servem para enxergar o que acontece lá; e, às vezes, servem também para transitarmos de uma dimensão à outra. Curiosidade: para onde vão os personagens de um seriado entre uma temporada e outra? Enfim, no mundo de "Star Wars", existe uma diversidade infinita de espécies que convivem nas galáxias, mas há só uma luta que importa: entre o lado escuro e o lado luminoso da Força, que competem pelas almas de todos. Deus e o demônio se enfrentam por nós e pelo controle do mundo. Nós às vezes temos coragem, outras vezes, não. É que a Força funciona como a Graça: ela ajuda os que realmente acreditam nela. Sempre vai ser assim. Não pare de acreditar, viu? O Natal é como a Força; para que aconteça, é preciso acreditar nele. O Natal é também como "Guerra nas Estrelas": uma história que volta (no caso, a cada ano) marginalmente diferente, mas com os mesmos bons sentimentos (um pouco melados e estereotipados), o mesmo cenário (luzinhas, árvores, vermelho e verde),e com a mesma trilha, mas que, por isso mesmo, não para de fazer sucesso. Domingo, na esquina da Mercer com Prince, a uma quadra da entrada da "delicatessen" de Dean and Deluca, um saxofonista negro tocava insistentemente "Noite Feliz". Eu o reconheci e me lembrei dele de outros Natais. Deixei US$ 1 no prato, que estava surpreendentemente vazio: a performance pagaria melhor se a temperatura não fosse quase de primavera –o frio nos torna mais generosos, contrariamente à regra (errada) de que, no frio, ninguém enfia a mão no bolso (que é de acesso difícil, por baixo do sobretudo). O pessoal do Salvation Army, tocando seu sino na frente do terminal de ônibus da Port Authority, tampouco parece muito convincente sem o frio. Ando pelas ruas e tento encontrar, pelo cheiro, um quiosque de castanhas assadas; acho que, sem o frio, o pessoal ficou em casa; talvez amanhã as castanhas apareçam. Em compensação, o cheiro da maconha é onipresente. Parece que o Papai Noel aderiu à descriminalização. Feliz Natal e paz na terra aos homens de boa vontade. E aos de má vontade também.
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Petrobras efetiva Nelson Guedes na presidência do conselho
O economista Luiz Nelson Guedes de Carvalho foi efetivado na presidência do conselho de administração da Petrobras, em reunião realizada nesta sexta-feira (18). Ele vinha ocupando o posto interinamente desde que o presidente da Vale, Murilo Ferreira, pediu licença da função em setembro. Ferreira anunciou seu afastamento definitivo do conselho no último dia 29, quando vencia o período de licença. O executivo tinha desentendimentos com a direção da empresa, o que motivou o pedido de licença. Após a tragédia da Samarco, em Mariana (MG), sua volta se tornou inviável. A Vale divide o controle da Samarco com a australiana BHP. Nem o governo nem a Petrobras se manifestaram ainda sobre um nome para ocupar a vaga de Ferreira no conselho. Seu suplente, Clóvis Torres, que também é executivo da Vale, renunciou ao cargo no início de novembro. Na reunião desta sexta, o conselho efetivou também o engenheiro Antônio Sérgio Oliveira Santana como diretor corporativo e de serviços da empresa, vaga que ocupava interinamente desde fevereiro, quando José Eduardo Dutra entrou em licença média. Ex-presidente do PT e da própria Petrobras, Dutra faleceu em outubro.
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Petrobras efetiva Nelson Guedes na presidência do conselhoO economista Luiz Nelson Guedes de Carvalho foi efetivado na presidência do conselho de administração da Petrobras, em reunião realizada nesta sexta-feira (18). Ele vinha ocupando o posto interinamente desde que o presidente da Vale, Murilo Ferreira, pediu licença da função em setembro. Ferreira anunciou seu afastamento definitivo do conselho no último dia 29, quando vencia o período de licença. O executivo tinha desentendimentos com a direção da empresa, o que motivou o pedido de licença. Após a tragédia da Samarco, em Mariana (MG), sua volta se tornou inviável. A Vale divide o controle da Samarco com a australiana BHP. Nem o governo nem a Petrobras se manifestaram ainda sobre um nome para ocupar a vaga de Ferreira no conselho. Seu suplente, Clóvis Torres, que também é executivo da Vale, renunciou ao cargo no início de novembro. Na reunião desta sexta, o conselho efetivou também o engenheiro Antônio Sérgio Oliveira Santana como diretor corporativo e de serviços da empresa, vaga que ocupava interinamente desde fevereiro, quando José Eduardo Dutra entrou em licença média. Ex-presidente do PT e da própria Petrobras, Dutra faleceu em outubro.
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Nova Nutella brasileira, menos doce, é feita com castanha-do-pará e cacau da Amazônia
MAGÊ FLORES DE SÃO PAULO O creme italiano de avelãs, cacau e leite ganhou uma versão paraense. Com castanha-do-pará e chocolate da região, Fabio Sicilia faz o preparo da "Castella". Bem menos doce do que a Nutella, tem microgrãos de castanha "necessários para manter a integridade do sabor", diz Sicilia. Sem aditivos ou conservantes (nem outros óleos vegetais que barateiam a receita) tem durabilidade de 90 dias. Vai bem em tapiocas e bolos, por exemplo. O pote (R$ 49 o de 200 g ou R$ 69 o de 400 g) pode ser encomendado no site da marca: gaudens.com. Fabio Sicilia é engenheiro químico, mas estudou cozinha no Piemonte. Em Belém do Pará, começou a produção de chocolates, com ingredientes locais, e desenvolveu a "Castella". Sicilia, que usa as castanhas descascadas, inteiras, levemente tostadas, e produz oito quilos do creme por dia. No restaurante da família, Famiglia Sicilia, serve sobremesas com o doce, que quase não leva açúcar. "A doçura vem da castanha", diz.
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Nova Nutella brasileira, menos doce, é feita com castanha-do-pará e cacau da AmazôniaMAGÊ FLORES DE SÃO PAULO O creme italiano de avelãs, cacau e leite ganhou uma versão paraense. Com castanha-do-pará e chocolate da região, Fabio Sicilia faz o preparo da "Castella". Bem menos doce do que a Nutella, tem microgrãos de castanha "necessários para manter a integridade do sabor", diz Sicilia. Sem aditivos ou conservantes (nem outros óleos vegetais que barateiam a receita) tem durabilidade de 90 dias. Vai bem em tapiocas e bolos, por exemplo. O pote (R$ 49 o de 200 g ou R$ 69 o de 400 g) pode ser encomendado no site da marca: gaudens.com. Fabio Sicilia é engenheiro químico, mas estudou cozinha no Piemonte. Em Belém do Pará, começou a produção de chocolates, com ingredientes locais, e desenvolveu a "Castella". Sicilia, que usa as castanhas descascadas, inteiras, levemente tostadas, e produz oito quilos do creme por dia. No restaurante da família, Famiglia Sicilia, serve sobremesas com o doce, que quase não leva açúcar. "A doçura vem da castanha", diz.
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Juiz acusa 10 padres por pedofilia; papa motivou vítima a fazer denúncia
Um juiz espanhol acusou nesta quarta-feira (28) dez padres por um suposto caso de pedofilia num caso contra o qual o Papa Francisco vinha se empenhando após ter sido alertado por uma das supostas vítimas. O escândalo veio à tona em novembro, depois que um homem informou a Francisco, por meio de uma carta, sobre abusos sexuais que teria sofrido quando era menor de idade em Granada (no sudeste da Espanha). O pontífice o instou a fazer a denúncia também judicialmente. Segundo o auto judicial, que tem data de segunda, há dez religiosos e duas pessoas de fora da igreja denunciados como autores ou cúmplices dos abusos contra o homem, que teriam ocorrido entre 2004 e 2007, quando a vítima tinha entre 14 e 17 anos, num chalé em Granada. A vítima, que agora tem 25 anos, é membro da Opus Dei e teria sido seduzida pelo padre de sua paróquia, que lhe prometia um bom futuro como padre e o culpava quando recusava suas tentativas de aproximação. Em 25 de novembro, o papa Francisco expressou sua dor quando tomou conhecimento do episódio por meio da carta –que informava que outros menores também teriam sido abusados. "Recebi a carta, li, chamei a pessoa [encarregada] e lhe disse 'amanhã vá ver o bispo'", disse Francisco, que escreveu ao bispo de Granada, pedindo-lhe que começasse as investigações. "Como estou vendo isso? Com uma grande dor, com uma grandíssima dor. Mas a verdade é a verdade e não devemos escondê-la", reconheceu o pontífice à época. Desde sua nomeação, em março de 2013, o papa Francisco defende a tolerância zero contra casos de pedofilia na igreja, que podem ter feito milhares de vítimas no mundo e descreditam a Igreja Católica.
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Juiz acusa 10 padres por pedofilia; papa motivou vítima a fazer denúnciaUm juiz espanhol acusou nesta quarta-feira (28) dez padres por um suposto caso de pedofilia num caso contra o qual o Papa Francisco vinha se empenhando após ter sido alertado por uma das supostas vítimas. O escândalo veio à tona em novembro, depois que um homem informou a Francisco, por meio de uma carta, sobre abusos sexuais que teria sofrido quando era menor de idade em Granada (no sudeste da Espanha). O pontífice o instou a fazer a denúncia também judicialmente. Segundo o auto judicial, que tem data de segunda, há dez religiosos e duas pessoas de fora da igreja denunciados como autores ou cúmplices dos abusos contra o homem, que teriam ocorrido entre 2004 e 2007, quando a vítima tinha entre 14 e 17 anos, num chalé em Granada. A vítima, que agora tem 25 anos, é membro da Opus Dei e teria sido seduzida pelo padre de sua paróquia, que lhe prometia um bom futuro como padre e o culpava quando recusava suas tentativas de aproximação. Em 25 de novembro, o papa Francisco expressou sua dor quando tomou conhecimento do episódio por meio da carta –que informava que outros menores também teriam sido abusados. "Recebi a carta, li, chamei a pessoa [encarregada] e lhe disse 'amanhã vá ver o bispo'", disse Francisco, que escreveu ao bispo de Granada, pedindo-lhe que começasse as investigações. "Como estou vendo isso? Com uma grande dor, com uma grandíssima dor. Mas a verdade é a verdade e não devemos escondê-la", reconheceu o pontífice à época. Desde sua nomeação, em março de 2013, o papa Francisco defende a tolerância zero contra casos de pedofilia na igreja, que podem ter feito milhares de vítimas no mundo e descreditam a Igreja Católica.
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Cosan tem lucro líquido de R$ 281,6 milhões no 2º trimestre deste ano
A empresa de infraestrutura e energia Cosan reportou nesta quarta-feira um lucro líquido de R$ 281,6 milhões no segundo trimestre do ano, ante R$16,4 milhões no mesmo período do ano passado. A receita líquida da companhia foi de R$ 11,45 bilhões de abril a junho, alta de 13,4% no comparativo com o segundo trimestre de 2015. A empresa relatou ainda uma geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 1,289 bilhão, ante R$ 823,8 milhões no mesmo período de 2015. Em comunicado enviado ao mercado, a companhia informou que sua controlada a Raízen Combustíveis aumentou m 17% o Ebtida no período chegando a R$ 597 milhões. O que puxou essa melhora na geração de caixa foi o aumento das vendas de combustíveis em 1% no segundo trimestre com a expansão da rede de distribuição da controlada. Esse aumento no número de postos compensou a queda do mercado de combustíveis. Já a Raízen Energia moeu 22,4 milhões de toneladas de cana, 16% a mais que a safra anterior (2015/2016). O aumento dos volumes vendidos, principalmente próprios, e melhores preços geraram um Ebitda de R$ 723 milhões no período, 120% superior ao igual período do ano passado. A Comgás gerou um Ebitda de R$ 334 milhões no trimestre. Desempenho foi 13% inferior ao mesmo período do ano passado, refletindo a queda nas vendas de gás para clientes industriais cogeração seguem sofrendo com a desaceleração econômica, apresentando queda de 8% e 10% respectivamente. Os volumes dos segmentos residencial e comercial cresceram 6% e 3%, respectivamente, reflexo da conexão de novos consumidores.
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Cosan tem lucro líquido de R$ 281,6 milhões no 2º trimestre deste anoA empresa de infraestrutura e energia Cosan reportou nesta quarta-feira um lucro líquido de R$ 281,6 milhões no segundo trimestre do ano, ante R$16,4 milhões no mesmo período do ano passado. A receita líquida da companhia foi de R$ 11,45 bilhões de abril a junho, alta de 13,4% no comparativo com o segundo trimestre de 2015. A empresa relatou ainda uma geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 1,289 bilhão, ante R$ 823,8 milhões no mesmo período de 2015. Em comunicado enviado ao mercado, a companhia informou que sua controlada a Raízen Combustíveis aumentou m 17% o Ebtida no período chegando a R$ 597 milhões. O que puxou essa melhora na geração de caixa foi o aumento das vendas de combustíveis em 1% no segundo trimestre com a expansão da rede de distribuição da controlada. Esse aumento no número de postos compensou a queda do mercado de combustíveis. Já a Raízen Energia moeu 22,4 milhões de toneladas de cana, 16% a mais que a safra anterior (2015/2016). O aumento dos volumes vendidos, principalmente próprios, e melhores preços geraram um Ebitda de R$ 723 milhões no período, 120% superior ao igual período do ano passado. A Comgás gerou um Ebitda de R$ 334 milhões no trimestre. Desempenho foi 13% inferior ao mesmo período do ano passado, refletindo a queda nas vendas de gás para clientes industriais cogeração seguem sofrendo com a desaceleração econômica, apresentando queda de 8% e 10% respectivamente. Os volumes dos segmentos residencial e comercial cresceram 6% e 3%, respectivamente, reflexo da conexão de novos consumidores.
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Rod Stewart fecha primeira semana de viés nostálgico do Rock in Rio
Foi acertada a decisão de escalar Rod Stewart para se apresentar depois de Elton John na noite de domingo (20), encerrando o primeiro final de semana do Rock in Rio 2015. Apesar de ambos desfrutarem de popularidade entre os fãs brasileiros, há uma diferença a favor de Rod. Elton, 68, faz o show que quer. Rod, 70, faz o show que o público quer. A escolha do repertório de Elton é um tanto esquizofrênica. Canta músicas de seus trabalhos mais recentes, sem apelo evidente. Se fizesse isso em um show individual, lindo. Mas esconder seus grandes hits no meio de uma apresentação para 85 mil pessoas é jogar contra o próprio time. Já Rod sabe muito bem criar um roteiro agradável. Despeja algum material não tão aclamado, mas que certamente deve estar entre seus favoritos pessoais, e pontua essa primeira parte do show com sucessos retumbantes. No domingo, essas armas foram "Forever Young", trilha constante de rádios FM nas madrugadas, e a balada safada "Tonight's the Night", talvez seu maior sucesso entre os brasileiros. O cantor tem carisma de sobra, se não bastasse o repertório impecável. No meio do show, duas baladas de rasgar corações: "The First Cut Is the Deepest", de Cat Stevens, e "I Don't Want to Talk About It", de 1975, do próprio Rod. Para finalizar, ele abriu de vez a gaveta das músicas que chegaram ao topo das paradas mundiais. Teve "You're in My Heart", "Stay with Me" (do seu tempo na banda Faces), e, para finalizar o desfile de hits, "Sailing". AS MAIS MAIS O show de Rod representa bem o primeiro fim de semana do Rock in Rio 2015. Parece um festival temático: só vale show de "greatest hits". No mesmo dia, os Paralamas abriram o palco Mundo assim, um sucesso atrás do outro. O cantor Seal veio depois e, por ter só duas músicas memoráveis, abriu com uma delas, "Crazy", e encerrou com a outra, "Kiss From a Rose". Ainda no domingo, houve o reencontro do ex-casal Baby do Brasil e Pepeu Gomes, que desde a separação, em 1988, não tocavam juntos. A versão do Queen com Adam Lambert, na sexta (18), e o burocrático Metallica, no sábado (19), também seguiram a cartilha dos sucessos antigos, e não poderia ser diferente, já que não produziram algo novo recentemente. A partir de quinta (24), o Rock in Rio tem mais dois dias de heavy metal e outros dois de divas pop (Rihanna e Katy Perry) para se desviar dessa rota nostálgica. Os brasileiros desta semana, porém, não terão munição para essa tarefa. Lulu Santos lançou disco de inéditas há pouco tempo, mas o ambiente gigantesco do festival será para ele um convite a perfilar seus sucessos. Dificilmente ele recusará um repertório de resgate. Mas Lulu está em evidência, seja em turnês ou no "The Voice Brasil", o público está ligado nele. Tudo bem. Já a presença de Cidade Negra e CPM 22 no palco principal é algo que ultrapassa os limites do bom senso. Duas bandas que tiveram seu auge antes desta década e que nada fizeram para justificar algum tipo de "revival" no festival. São shows que antes mesmo de começarem jogam mais nostalgia nessa edição. No caso deles, nostalgia que ninguém estava pedindo.
ilustrada
Rod Stewart fecha primeira semana de viés nostálgico do Rock in RioFoi acertada a decisão de escalar Rod Stewart para se apresentar depois de Elton John na noite de domingo (20), encerrando o primeiro final de semana do Rock in Rio 2015. Apesar de ambos desfrutarem de popularidade entre os fãs brasileiros, há uma diferença a favor de Rod. Elton, 68, faz o show que quer. Rod, 70, faz o show que o público quer. A escolha do repertório de Elton é um tanto esquizofrênica. Canta músicas de seus trabalhos mais recentes, sem apelo evidente. Se fizesse isso em um show individual, lindo. Mas esconder seus grandes hits no meio de uma apresentação para 85 mil pessoas é jogar contra o próprio time. Já Rod sabe muito bem criar um roteiro agradável. Despeja algum material não tão aclamado, mas que certamente deve estar entre seus favoritos pessoais, e pontua essa primeira parte do show com sucessos retumbantes. No domingo, essas armas foram "Forever Young", trilha constante de rádios FM nas madrugadas, e a balada safada "Tonight's the Night", talvez seu maior sucesso entre os brasileiros. O cantor tem carisma de sobra, se não bastasse o repertório impecável. No meio do show, duas baladas de rasgar corações: "The First Cut Is the Deepest", de Cat Stevens, e "I Don't Want to Talk About It", de 1975, do próprio Rod. Para finalizar, ele abriu de vez a gaveta das músicas que chegaram ao topo das paradas mundiais. Teve "You're in My Heart", "Stay with Me" (do seu tempo na banda Faces), e, para finalizar o desfile de hits, "Sailing". AS MAIS MAIS O show de Rod representa bem o primeiro fim de semana do Rock in Rio 2015. Parece um festival temático: só vale show de "greatest hits". No mesmo dia, os Paralamas abriram o palco Mundo assim, um sucesso atrás do outro. O cantor Seal veio depois e, por ter só duas músicas memoráveis, abriu com uma delas, "Crazy", e encerrou com a outra, "Kiss From a Rose". Ainda no domingo, houve o reencontro do ex-casal Baby do Brasil e Pepeu Gomes, que desde a separação, em 1988, não tocavam juntos. A versão do Queen com Adam Lambert, na sexta (18), e o burocrático Metallica, no sábado (19), também seguiram a cartilha dos sucessos antigos, e não poderia ser diferente, já que não produziram algo novo recentemente. A partir de quinta (24), o Rock in Rio tem mais dois dias de heavy metal e outros dois de divas pop (Rihanna e Katy Perry) para se desviar dessa rota nostálgica. Os brasileiros desta semana, porém, não terão munição para essa tarefa. Lulu Santos lançou disco de inéditas há pouco tempo, mas o ambiente gigantesco do festival será para ele um convite a perfilar seus sucessos. Dificilmente ele recusará um repertório de resgate. Mas Lulu está em evidência, seja em turnês ou no "The Voice Brasil", o público está ligado nele. Tudo bem. Já a presença de Cidade Negra e CPM 22 no palco principal é algo que ultrapassa os limites do bom senso. Duas bandas que tiveram seu auge antes desta década e que nada fizeram para justificar algum tipo de "revival" no festival. São shows que antes mesmo de começarem jogam mais nostalgia nessa edição. No caso deles, nostalgia que ninguém estava pedindo.
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Renan critica aumento de impostos após Senado aprovar desoneração
Um dia após o Senado referendar a proposta que reduz a desoneração da folha de salários de grande parte dos setores produtivos do país, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse não concordar com a "lógica de aumento de imposto sempre". Para ele, o governo deveria fazer cortes de despesas, de ministérios e de cargos em comissão para que a presidente Dilma Rousseff mostre à sociedade que "está fazendo a parte dela". "O Brasil já tem uma carga muito grande, taxas de juros altíssimas, não dá para cada vez mais pensar em aumentar impostos, aumentar impostos, aumentar impostos, a sociedade não aguenta mais essa carga", disse. O peemedebista voltou a defender o avanço na análise das propostas que integram uma agenda apresentada por ele e outros senadores com propostas para, segundo eles, ajudar na retomada do crescimento econômico do país. "Acho que essa fase do ajuste passou efetivamente. O que nós precisamos cuidar agora é de uma agenda suprapartidária que garanta a previsibilidade, a segurança jurídica, que colabore para a retomada dos investimentos que resolvam problemas cruciais como saúde, educação e segurança. [...] precisamos retomar as reformas estruturais para que este país volte a crescer e acabe com esse baixo astral que está tomando conta de todo mundo", disse. MAIORIDADE PENAL Renan afirmou que a proposta de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos tramitará normalmente no Senado, apesar de ele ser contrário à proposta. O projeto foi aprovado pela Câmara nesta quarta-feira (19) e agora será analisado pelos senadores agora. "Eu não sou a favor, o que não significa que a matéria não vai tramitar. A matéria vai tramitar sim no Senado Federal e o Senado já votou a atualização do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que, do ponto de vista da sociedade, é uma resposta mais consequente", disse Renan. A redução da idade mínima para imputação penal valerá para os cados de crime hediondo, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte.
poder
Renan critica aumento de impostos após Senado aprovar desoneraçãoUm dia após o Senado referendar a proposta que reduz a desoneração da folha de salários de grande parte dos setores produtivos do país, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse não concordar com a "lógica de aumento de imposto sempre". Para ele, o governo deveria fazer cortes de despesas, de ministérios e de cargos em comissão para que a presidente Dilma Rousseff mostre à sociedade que "está fazendo a parte dela". "O Brasil já tem uma carga muito grande, taxas de juros altíssimas, não dá para cada vez mais pensar em aumentar impostos, aumentar impostos, aumentar impostos, a sociedade não aguenta mais essa carga", disse. O peemedebista voltou a defender o avanço na análise das propostas que integram uma agenda apresentada por ele e outros senadores com propostas para, segundo eles, ajudar na retomada do crescimento econômico do país. "Acho que essa fase do ajuste passou efetivamente. O que nós precisamos cuidar agora é de uma agenda suprapartidária que garanta a previsibilidade, a segurança jurídica, que colabore para a retomada dos investimentos que resolvam problemas cruciais como saúde, educação e segurança. [...] precisamos retomar as reformas estruturais para que este país volte a crescer e acabe com esse baixo astral que está tomando conta de todo mundo", disse. MAIORIDADE PENAL Renan afirmou que a proposta de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos tramitará normalmente no Senado, apesar de ele ser contrário à proposta. O projeto foi aprovado pela Câmara nesta quarta-feira (19) e agora será analisado pelos senadores agora. "Eu não sou a favor, o que não significa que a matéria não vai tramitar. A matéria vai tramitar sim no Senado Federal e o Senado já votou a atualização do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que, do ponto de vista da sociedade, é uma resposta mais consequente", disse Renan. A redução da idade mínima para imputação penal valerá para os cados de crime hediondo, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte.
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Baixo Manhattan: Mais uma dos argentinos: capa da "The New Yorker"
Não está fácil contê-los. É no Vaticano, no futebol, no tênis e na cerimônia do Oscar. Os argentinos estão em todas. Até Rodrigo Santoro anda interpretando um deles, um automobilista portenho, no filme de Hollywood "Golpe Duplo". Agora é a ... Leia post completo no blog
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Baixo Manhattan: Mais uma dos argentinos: capa da "The New Yorker"Não está fácil contê-los. É no Vaticano, no futebol, no tênis e na cerimônia do Oscar. Os argentinos estão em todas. Até Rodrigo Santoro anda interpretando um deles, um automobilista portenho, no filme de Hollywood "Golpe Duplo". Agora é a ... Leia post completo no blog
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Falha em trem deixa linha 3-vermelha do metrô com velocidade reduzida
Os usuários da linha 3-vermelha do Metrô encontraram dificuldades para utilizar o ramal no começo da tarde desta quarta-feira (20). De acordo com o Metrô, uma falha em um trem entre as estações Penha e Carrão, sentido Corinthians-Itaquera, deixou a circulação com velocidade reduzida e maior tempo de parada. A falha ocorreu por volta das 12h30, e os trens passaram a circular por apenas uma das vias. Com a lentidão no ramal, os funcionários do Metrô restringiram a entrada dos passageiros à plataforma, o que provocou enormes filas na passarela da estação Carrão, na zona leste da cidade. "Levei quase meia hora para conseguir entrar na plataforma. As filas estavam enormes do lado de fora porque só havia uma catraca liberada. Ninguém sabia informar o que estava acontecendo", disse Daniela Braga. O Metrô não soube informar o motivo da falha nem se haviam pessoas dentro do trem. Os usuários da linha 1-azul também sentiram o reflexo, pois o Metrô reduziu a velocidade para não sobrecarregar as vias. A operação nas duas linhas voltou a ser normalizada a partir das 14h.
cotidiano
Falha em trem deixa linha 3-vermelha do metrô com velocidade reduzidaOs usuários da linha 3-vermelha do Metrô encontraram dificuldades para utilizar o ramal no começo da tarde desta quarta-feira (20). De acordo com o Metrô, uma falha em um trem entre as estações Penha e Carrão, sentido Corinthians-Itaquera, deixou a circulação com velocidade reduzida e maior tempo de parada. A falha ocorreu por volta das 12h30, e os trens passaram a circular por apenas uma das vias. Com a lentidão no ramal, os funcionários do Metrô restringiram a entrada dos passageiros à plataforma, o que provocou enormes filas na passarela da estação Carrão, na zona leste da cidade. "Levei quase meia hora para conseguir entrar na plataforma. As filas estavam enormes do lado de fora porque só havia uma catraca liberada. Ninguém sabia informar o que estava acontecendo", disse Daniela Braga. O Metrô não soube informar o motivo da falha nem se haviam pessoas dentro do trem. Os usuários da linha 1-azul também sentiram o reflexo, pois o Metrô reduziu a velocidade para não sobrecarregar as vias. A operação nas duas linhas voltou a ser normalizada a partir das 14h.
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Sofia Vergara, de 'Modern Family', é a atriz mais bem paga da televisão
A "Forbes" divulgou os nomes das atrizes mais bem pagas de 2017 e Sofia Vergara ficou no topo da lista pelo sexto ano consecutivo. A estrela de "Modern Family" embolsou US$ 41,5 milhões neste ano (cerca de R$ 132 milhões). A publicação ainda afirma que o alto valor é devido aos contratos publicitários de Vergara. Em segundo lugar está Kaley Cuoco, de "The Big Bang Theory", que faturou US$ 26 milhões neste ano (cerca de R$ 82 milhões). A atriz indiana Mindy Kaling, de "The Mindy Project" empatou com a protagonista de "Grey's Anatomy" Ellen Pompeo pela terceira posição. Ambas as atrizes embolsaram US$ 13 milhões (cerca de R$ 41 milhões). Confira a lista das atrizes mais bem pagas da televisão americana:
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Sofia Vergara, de 'Modern Family', é a atriz mais bem paga da televisãoA "Forbes" divulgou os nomes das atrizes mais bem pagas de 2017 e Sofia Vergara ficou no topo da lista pelo sexto ano consecutivo. A estrela de "Modern Family" embolsou US$ 41,5 milhões neste ano (cerca de R$ 132 milhões). A publicação ainda afirma que o alto valor é devido aos contratos publicitários de Vergara. Em segundo lugar está Kaley Cuoco, de "The Big Bang Theory", que faturou US$ 26 milhões neste ano (cerca de R$ 82 milhões). A atriz indiana Mindy Kaling, de "The Mindy Project" empatou com a protagonista de "Grey's Anatomy" Ellen Pompeo pela terceira posição. Ambas as atrizes embolsaram US$ 13 milhões (cerca de R$ 41 milhões). Confira a lista das atrizes mais bem pagas da televisão americana:
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Reformado, 'Zorra' perde o 'total' e atualiza humor
Do "Zorra Total" não ficou nem o nome. Rebatizado como "Zorra", o humorístico no ar desde 1999, na Globo, perde os cenários hiper coloridos, os personagens e quadros fixos, as piadas repetidas à exaustão e os bordões. Sob a batuta do diretor Maurício Farias e do roteirista Marcius Melhem —dois terços do trio por trás do bem-sucedido "Tá no Ar", completado por Marcelo Adnet—, o programa estreia sua nova fase no sábado (9), após a exibição da novela "Babilônia". A dupla foi convidada pela direção da Globo em junho de 2014 para reformar a atração, com carta branca para fazer as modificações que quisesse. Pouco ficou. Segundo Melhem, o programa continua sendo "leve, divertido, feito por comediantes no sábado à noite". De resto, muda tudo. Enquanto o "Zorra Total" exibia semanalmente os mesmos quadros e as mesmas piadas, o "Zorra" não terá repetições. Pode haver, por exemplo, mais de um quadro na temporada ambientado em um avião, talvez com o mesmo ator vivendo o piloto, mas em outra situação. Os quadros serão mais ágeis e em maior número por episódio. "O público está acostumado com uma velocidade maior em tudo o que vê. É espantoso, o jovem de hoje não consegue ouvir uma música inteira. Em um minuto quer trocar", diz Farias. Segundo Melhem, isso deixa o programa mais surpreendente. "Quando você sabe mais ou menos o tamanho da esquete, fica previsível. Dá uma sensação de que você já viu aquilo. Vamos jogar o ritmo em outra partitura." O humorístico ganha também cenas externas, em vez de ficar confinado nos mesmos cenários —como o vagão de metrô em que Janete (Thalita Carauta) e Valéria (Rodrigo Sant'Anna) se encontram em todos os episódios. "A gente parou de fazer praia e selva no estúdio. Se é praia, é praia, se é selva, é selva", diz Melhem. "Isso traz mais realismo ao programa, que vai dialogar com o que está acontecendo aqui fora." É essa base no mundo real, aliás, a principal mudança pela qual passa o "Zorra". "Tiramos algumas coisas que o programa ganhou ao longo do tempo, como o sexismo, as piadas homofóbicas e preconceituosas", afirma Melhem. "Procuramos colocar uma crítica, de comportamento, política ou social." Melhem afirma que tanto ele quanto Farias creem que os programas de humor devem dialogar com seu tempo. "O programa vai falar desse momento da vida das pessoas. Não vai estar alheio." Segundo os dois, o humor da atração foi "atualizado", ganhando mais piadas visuais e um humor nonsense. "O 'Zorra' tem origem no mais tradicional humor brasileiro", diz Farias. "Ele foi implementado pelo [Carlos] Manga e pelo [Mauricio] Sherman, cuja comédia veio do rádio e foi depois para a televisão." Quando a TV começou, as gravações eram em estúdio, com poucos cenários. "Tudo isso tinha a ver com a realidade da televisão naquele momento", afirma Farias. TÁ NO AR As mudanças no "Zorra"já geraram comparações com o "Tá no Ar", cuja segunda temporada terminou no mês passado. Segundo a dupla, contudo, serão dois programas bastante diferentes. "O 'Tá no Ar' usa o mundo da televisão para falar sobre todos nós. O 'Zorra' não tem esse guarda-chuva, é um programa livre", afirma Farias. "Em certo sentido, ele é mais tradicional, pois no 'Tá no Ar' os quadros conversam entre si, e no 'Zorra', não." Foi o "Tá no Ar", entretanto, que motivou Dani Calabresa, mulher de Adnet, a aceitar o convite de Melhem para integrar o elenco do "Zorra". "Estava encantada com a liberdade do programa", conta. "Melhem me falou sobre a reformulação, mandou alguns roteiros e fiquei muito surpresa com a linguagem, o tom. Adorei e falei: 'Estou dentro!'. E está sendo muito legal!" Dani, que estava na bancada do "CQC", da Band, até o fim do ano passado, diz que estava "doida para voltar a fazer personagens", como fazia nos tempos de "Comédia MTV". Na nova casa, diz ter total liberdade para sugerir ideias, opinar e improvisar. "O 'Zorra' é um programa de sucesso, que ficou 16 anos no ar e tem um público muito fiel. Eu adorava, sempre me diverti muito assistindo. Mas gostei muito também da nova proposta", afirma a humorista. NA TV Zorra Estreia da temporada QUANDO sábado (9), por volta das 22h, na Globo
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Reformado, 'Zorra' perde o 'total' e atualiza humorDo "Zorra Total" não ficou nem o nome. Rebatizado como "Zorra", o humorístico no ar desde 1999, na Globo, perde os cenários hiper coloridos, os personagens e quadros fixos, as piadas repetidas à exaustão e os bordões. Sob a batuta do diretor Maurício Farias e do roteirista Marcius Melhem —dois terços do trio por trás do bem-sucedido "Tá no Ar", completado por Marcelo Adnet—, o programa estreia sua nova fase no sábado (9), após a exibição da novela "Babilônia". A dupla foi convidada pela direção da Globo em junho de 2014 para reformar a atração, com carta branca para fazer as modificações que quisesse. Pouco ficou. Segundo Melhem, o programa continua sendo "leve, divertido, feito por comediantes no sábado à noite". De resto, muda tudo. Enquanto o "Zorra Total" exibia semanalmente os mesmos quadros e as mesmas piadas, o "Zorra" não terá repetições. Pode haver, por exemplo, mais de um quadro na temporada ambientado em um avião, talvez com o mesmo ator vivendo o piloto, mas em outra situação. Os quadros serão mais ágeis e em maior número por episódio. "O público está acostumado com uma velocidade maior em tudo o que vê. É espantoso, o jovem de hoje não consegue ouvir uma música inteira. Em um minuto quer trocar", diz Farias. Segundo Melhem, isso deixa o programa mais surpreendente. "Quando você sabe mais ou menos o tamanho da esquete, fica previsível. Dá uma sensação de que você já viu aquilo. Vamos jogar o ritmo em outra partitura." O humorístico ganha também cenas externas, em vez de ficar confinado nos mesmos cenários —como o vagão de metrô em que Janete (Thalita Carauta) e Valéria (Rodrigo Sant'Anna) se encontram em todos os episódios. "A gente parou de fazer praia e selva no estúdio. Se é praia, é praia, se é selva, é selva", diz Melhem. "Isso traz mais realismo ao programa, que vai dialogar com o que está acontecendo aqui fora." É essa base no mundo real, aliás, a principal mudança pela qual passa o "Zorra". "Tiramos algumas coisas que o programa ganhou ao longo do tempo, como o sexismo, as piadas homofóbicas e preconceituosas", afirma Melhem. "Procuramos colocar uma crítica, de comportamento, política ou social." Melhem afirma que tanto ele quanto Farias creem que os programas de humor devem dialogar com seu tempo. "O programa vai falar desse momento da vida das pessoas. Não vai estar alheio." Segundo os dois, o humor da atração foi "atualizado", ganhando mais piadas visuais e um humor nonsense. "O 'Zorra' tem origem no mais tradicional humor brasileiro", diz Farias. "Ele foi implementado pelo [Carlos] Manga e pelo [Mauricio] Sherman, cuja comédia veio do rádio e foi depois para a televisão." Quando a TV começou, as gravações eram em estúdio, com poucos cenários. "Tudo isso tinha a ver com a realidade da televisão naquele momento", afirma Farias. TÁ NO AR As mudanças no "Zorra"já geraram comparações com o "Tá no Ar", cuja segunda temporada terminou no mês passado. Segundo a dupla, contudo, serão dois programas bastante diferentes. "O 'Tá no Ar' usa o mundo da televisão para falar sobre todos nós. O 'Zorra' não tem esse guarda-chuva, é um programa livre", afirma Farias. "Em certo sentido, ele é mais tradicional, pois no 'Tá no Ar' os quadros conversam entre si, e no 'Zorra', não." Foi o "Tá no Ar", entretanto, que motivou Dani Calabresa, mulher de Adnet, a aceitar o convite de Melhem para integrar o elenco do "Zorra". "Estava encantada com a liberdade do programa", conta. "Melhem me falou sobre a reformulação, mandou alguns roteiros e fiquei muito surpresa com a linguagem, o tom. Adorei e falei: 'Estou dentro!'. E está sendo muito legal!" Dani, que estava na bancada do "CQC", da Band, até o fim do ano passado, diz que estava "doida para voltar a fazer personagens", como fazia nos tempos de "Comédia MTV". Na nova casa, diz ter total liberdade para sugerir ideias, opinar e improvisar. "O 'Zorra' é um programa de sucesso, que ficou 16 anos no ar e tem um público muito fiel. Eu adorava, sempre me diverti muito assistindo. Mas gostei muito também da nova proposta", afirma a humorista. NA TV Zorra Estreia da temporada QUANDO sábado (9), por volta das 22h, na Globo
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Confiança da indústria no Brasil cai em agosto após 5 altas seguidas
O Índice de Confiança da Indústria do Brasil caiu em agosto, em um sinal de acomodação após uma sequência de cinco altas seguidas, sem indicar mudança na tendência de alta do índice, disse a FGV (Fundação Getulio Vargas) nesta segunda-feira (29). O ICI caiu 1,0 ponto, para 86,1 pontos em agosto, após subir nos cinco meses anteriores, acumulando ganho de 12,4 pontos entre março e julho. O resultado em agosto foi influenciado pela piora nas expectativas em relação aos próximos meses. O Índice de Expectativas (IE) recuou 1,7 ponto, para 87,3 pontos, enquanto o Índice da Situação Atual (ISA) ficou estável, aos 85,2 pontos. "A queda do ICI em agosto pode ser interpretada como uma acomodação após uma sequência de altas expressivas, sem alterar a tendência de alta do índice no ano. A combinação de resultados mostra continuidade da tendência de ajuste de estoques associada a uma calibragem para baixo do nível de atividade", disse Aloisio Campelo Junior, superintendente de Estatísticas Públicas da FGV/IBRE, em nota. Segundo a FGV, houve queda de 0,5 ponto percentual no Nível de Utilização da Capacidade Instalada, para 73,8% em agosto na comparação com o mês anterior. Na semana passada, a FGV divulgou os índices de confiança do consumidor, comércio e construção, todos mantendo a tendência de alta. A produção industrial do Brasil avançou pelo quarto mês seguido em junho, ao subir 1,1% em relação a maio, com desempenho positivo no setor que mostra investimentos, mas ainda insuficiente para apagar as perdas acumuladas recentemente em meio à recessão econômica.
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Confiança da indústria no Brasil cai em agosto após 5 altas seguidasO Índice de Confiança da Indústria do Brasil caiu em agosto, em um sinal de acomodação após uma sequência de cinco altas seguidas, sem indicar mudança na tendência de alta do índice, disse a FGV (Fundação Getulio Vargas) nesta segunda-feira (29). O ICI caiu 1,0 ponto, para 86,1 pontos em agosto, após subir nos cinco meses anteriores, acumulando ganho de 12,4 pontos entre março e julho. O resultado em agosto foi influenciado pela piora nas expectativas em relação aos próximos meses. O Índice de Expectativas (IE) recuou 1,7 ponto, para 87,3 pontos, enquanto o Índice da Situação Atual (ISA) ficou estável, aos 85,2 pontos. "A queda do ICI em agosto pode ser interpretada como uma acomodação após uma sequência de altas expressivas, sem alterar a tendência de alta do índice no ano. A combinação de resultados mostra continuidade da tendência de ajuste de estoques associada a uma calibragem para baixo do nível de atividade", disse Aloisio Campelo Junior, superintendente de Estatísticas Públicas da FGV/IBRE, em nota. Segundo a FGV, houve queda de 0,5 ponto percentual no Nível de Utilização da Capacidade Instalada, para 73,8% em agosto na comparação com o mês anterior. Na semana passada, a FGV divulgou os índices de confiança do consumidor, comércio e construção, todos mantendo a tendência de alta. A produção industrial do Brasil avançou pelo quarto mês seguido em junho, ao subir 1,1% em relação a maio, com desempenho positivo no setor que mostra investimentos, mas ainda insuficiente para apagar as perdas acumuladas recentemente em meio à recessão econômica.
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Incêndio e insatisfação atingem cidade-natal de líder sul-coreana
Horas depois de a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, declarar estar disposta a renunciar por causa de um escândalo de corrupção que abalou seu governo, um incêndio destruiu um mercado centenário em sua cidade natal, a poucas quadras de distância do local onde ela nasceu. Nesta quinta-feira (1º), Park fez uma curta e inesperada visita às ruínas do mercado Seomun na cidade de Daegu, em sua primeira aparição pública em mais de três semanas. O incêndio, interpretado por muitos como sendo simbólico da decadência da carreira política dela, ainda está sendo investigado. Comerciantes que estiveram no local após o incêndio de quarta (30) disseram ter sofrido grandes perdas econômicas e que se sentiam traídos por Park, que já foi considerada uma "filha de Daegu". A cidade de 2,5 milhões de habitantes, a 240 quilômetros a sudeste de Seul, é bastião de Park e de sua influente família. Era ali onde frequentava a escola o pai dela, o ex-presidente Park Chung-hee, visto por muitos como fundador da Coreia do Sul moderna. Ele assumiu o poder após um golpe em 1961 e governou até 1979, quando foi morto a tiros pelo chefe de inteligência de sua equipe. "A maioria de nós está ressentida com ela. Gostaríamos que ela renunciasse em definitivo para que possamos promover reformas e mudar este país", disse Park Kyung-sook, 41, que gerenciou uma loja de bolinhos cozidos no mercado por 20 anos. "Esta é Dargu. O presidente Park Chung-hee fez um grande trabalho, então pensamos que seu legado seria mantido e ela seria boa. O povo de Daegu realmente acreditava nela." Park Geun-hye representou no Parlamento um distrito nos arredores de Daegu por 12 anos antes de ser eleita presidente, em 2012. "Nós havíamos acreditado nela", disse Ji Mi-jeong, 51, que teve uma no mercado por 20 anos. "Muitas pessoas se voltaram contra ela. Se tínhamos 100 pessoas que acreditavam nela, 95 delas se voltaram contra ela." Referindo-se ao incêndio, Lee Dae-ho, 60, trabalhador de Daegu, afirmou: "Talvez este seja o destino do povo de Daegu, que é pontual, porque ela fez aquele anúncio [oferecendo sua renúncia]." Também nesta quinta-feira, a polícia prendeu um homem por tentar pôr fogo em um memorial no local de nascimento de Park Chung-hee, na cidade de Gumi. A motivação do crime etá sendo investigada, segundo as autoridades. QUEDA NA POPULARIDADE A popularidade da presidente Park despencou para 4%, segundo uma pesquisa divulgada na semana passada, um recorde negativo para líderes sul-coreanos. A marca contrasta com o momento registrado há 12 anos, quando Park, na condição de líder temporária da ala conservadora do Parlamento, salvou o seu partido, que atravessava uma crise e conseguiu alcançar um desempenho eleitoral melhor do que o esperado, mesmo perdendo a maioria legislativa. Naquela época, antes das reformas que modernizaram o mercado Seomun, quando galinhas e cachorros vivos ainda eram vendidos ao lado de ervas medicinais, praticamente todos os eleitores de Daegu eram entusiastas da herdeira política do ex-presidente Park. "Quem fez mais por Daegu do que Park Chung-hee?", disse em 2004 um comerciante idoso. "A filha deve ter um desempenho parecido." Em 2008, Park havia revertido a maré negativa de seu partido, que voltou ao poder. Ela própria foi eleita presidente em 2012 com 52% dos votos em um pleito com vários candidatos —em Daegu, ela recebeu 80% dos votos. A popularidade de Park foi desgastada após o acidente de uma balsa, em abril de 2014, que deixou mais de 300 mortos, em sua maioria crianças que participavam de uma excursão escolar. Agora, o escândalo em torno de uma amiga de longa data de Park, acusada de usar sua proximidade com a presidente para se imiscuir nos assuntos do governo, parece abalar a administração a ponto de encerrá-la precocemente. Na terça (29), Park disse estar disposta a renunciar. Ainda assim, algumas das pessoas no percado ainda pareciam demonstrar lealdade à dinastia Park, dizendo que poucas famílias contribuíram tanto com o país. Quando Park visitou o mercado nesta quinta, várias pessoas a cumprimentaram e torceram por ela. Caso Park renuncie ou seja afastada pelo Parlamento, um cenário que parece ser cada vez mais provável, ela será a primeira presidente eleita na Coreia do Sul a não completar o mandato. Heo Min, 40, cuja tia viu ser destruída sua loja da tradicional vestimenta hanbok, disse que as ruínas do incêndio são simbólicas. "Parece que o coração de Daegu parou, e a mágoa é algo muito sério para o povo de Daegu", afirmou.
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Incêndio e insatisfação atingem cidade-natal de líder sul-coreanaHoras depois de a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, declarar estar disposta a renunciar por causa de um escândalo de corrupção que abalou seu governo, um incêndio destruiu um mercado centenário em sua cidade natal, a poucas quadras de distância do local onde ela nasceu. Nesta quinta-feira (1º), Park fez uma curta e inesperada visita às ruínas do mercado Seomun na cidade de Daegu, em sua primeira aparição pública em mais de três semanas. O incêndio, interpretado por muitos como sendo simbólico da decadência da carreira política dela, ainda está sendo investigado. Comerciantes que estiveram no local após o incêndio de quarta (30) disseram ter sofrido grandes perdas econômicas e que se sentiam traídos por Park, que já foi considerada uma "filha de Daegu". A cidade de 2,5 milhões de habitantes, a 240 quilômetros a sudeste de Seul, é bastião de Park e de sua influente família. Era ali onde frequentava a escola o pai dela, o ex-presidente Park Chung-hee, visto por muitos como fundador da Coreia do Sul moderna. Ele assumiu o poder após um golpe em 1961 e governou até 1979, quando foi morto a tiros pelo chefe de inteligência de sua equipe. "A maioria de nós está ressentida com ela. Gostaríamos que ela renunciasse em definitivo para que possamos promover reformas e mudar este país", disse Park Kyung-sook, 41, que gerenciou uma loja de bolinhos cozidos no mercado por 20 anos. "Esta é Dargu. O presidente Park Chung-hee fez um grande trabalho, então pensamos que seu legado seria mantido e ela seria boa. O povo de Daegu realmente acreditava nela." Park Geun-hye representou no Parlamento um distrito nos arredores de Daegu por 12 anos antes de ser eleita presidente, em 2012. "Nós havíamos acreditado nela", disse Ji Mi-jeong, 51, que teve uma no mercado por 20 anos. "Muitas pessoas se voltaram contra ela. Se tínhamos 100 pessoas que acreditavam nela, 95 delas se voltaram contra ela." Referindo-se ao incêndio, Lee Dae-ho, 60, trabalhador de Daegu, afirmou: "Talvez este seja o destino do povo de Daegu, que é pontual, porque ela fez aquele anúncio [oferecendo sua renúncia]." Também nesta quinta-feira, a polícia prendeu um homem por tentar pôr fogo em um memorial no local de nascimento de Park Chung-hee, na cidade de Gumi. A motivação do crime etá sendo investigada, segundo as autoridades. QUEDA NA POPULARIDADE A popularidade da presidente Park despencou para 4%, segundo uma pesquisa divulgada na semana passada, um recorde negativo para líderes sul-coreanos. A marca contrasta com o momento registrado há 12 anos, quando Park, na condição de líder temporária da ala conservadora do Parlamento, salvou o seu partido, que atravessava uma crise e conseguiu alcançar um desempenho eleitoral melhor do que o esperado, mesmo perdendo a maioria legislativa. Naquela época, antes das reformas que modernizaram o mercado Seomun, quando galinhas e cachorros vivos ainda eram vendidos ao lado de ervas medicinais, praticamente todos os eleitores de Daegu eram entusiastas da herdeira política do ex-presidente Park. "Quem fez mais por Daegu do que Park Chung-hee?", disse em 2004 um comerciante idoso. "A filha deve ter um desempenho parecido." Em 2008, Park havia revertido a maré negativa de seu partido, que voltou ao poder. Ela própria foi eleita presidente em 2012 com 52% dos votos em um pleito com vários candidatos —em Daegu, ela recebeu 80% dos votos. A popularidade de Park foi desgastada após o acidente de uma balsa, em abril de 2014, que deixou mais de 300 mortos, em sua maioria crianças que participavam de uma excursão escolar. Agora, o escândalo em torno de uma amiga de longa data de Park, acusada de usar sua proximidade com a presidente para se imiscuir nos assuntos do governo, parece abalar a administração a ponto de encerrá-la precocemente. Na terça (29), Park disse estar disposta a renunciar. Ainda assim, algumas das pessoas no percado ainda pareciam demonstrar lealdade à dinastia Park, dizendo que poucas famílias contribuíram tanto com o país. Quando Park visitou o mercado nesta quinta, várias pessoas a cumprimentaram e torceram por ela. Caso Park renuncie ou seja afastada pelo Parlamento, um cenário que parece ser cada vez mais provável, ela será a primeira presidente eleita na Coreia do Sul a não completar o mandato. Heo Min, 40, cuja tia viu ser destruída sua loja da tradicional vestimenta hanbok, disse que as ruínas do incêndio são simbólicas. "Parece que o coração de Daegu parou, e a mágoa é algo muito sério para o povo de Daegu", afirmou.
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Diego Souza marca 2, e seleção brasileira goleia a Austrália
Com apenas dois jogadores considerados titulares, a seleção brasileira venceu o amistoso diante da Austrália por 4 a 0, nesta terça-feira (13), no estádio Melbourne Cricket Ground, em Melbourne, na Austrália. Os quatro gols do jogo foram marcados por Diego Souza (2), Thiago Silva e Taison. Diego Souza foi uma das oito modificações feitas por Tite para o duelo contra a Austrália em relação ao time que perdeu para a Argentina por 1 a 0, na última sexta-feira (9). As outras novidades foram o goleiro Diego Alves, o lateral direito Rafinha, os zagueiros Rodrigo Caio e David Luiz, que atuou como volante, o lateral esquerdo Alex Sandro, o meia Giuliano e o atacante Douglas Costa. Os únicos jogadores mantidos foram o zagueiro Thiago Silva, o volante Paulinho e o meia-atacante Philippe Coutinho. Para os dois amistosos em Melbourne, Tite poupou a defesa considerada titular. Ele não chamou o goleiro Alison, o lateral direito Daniel Alves, o lateral esquerdo Marcelo, os zagueiros Marquinhos e Miranda, o volante Casemiro e o atacante Neymar. Agora, a seleção brasileira volta a campo no dia 31 de agosto, quando enfrenta o Equador em jogo marcado para a Arena do Grêmio. Cinco dias depois, o time enfrenta a Colômbia. Desde que assumiu o comando da equipe, Tite obteve oito vitórias em jogos oficiais. A equipe ainda venceu os amistosos contra a Colômbia, que reuniu apenas jogadores que atuam no país, e diante da Austrália. A única derrota foi para a Argentina. Até o final do ano, a seleção brasileira enfrentará a Bolívia e o Chile, além de Equador e Colômbia, pelas eliminatórias sul-americanas, e deverá realizar amistosos contra Inglaterra e França em novembro. Em março de 2018, o time já tem um adversário definido —enfrenta a Alemanha, em Berlim. Será a primeira vez que os dois times vão se enfrentar desde o 7 a 1 na Copa de 2014. O JOGO No duelo desta terça-feira, a seleção brasileira foi beneficiada com o gol feito logo no início do jogo. Aos 10 segundos, Giuliano recuperou uma bola na intermediária e enfiou para Diego Souza chutar cruzado e abrir o placar. Depois do gol, a equipe comandada por Tite encontrou dificuldades de sair jogando porque a Austrália avançou a marcação. Mesmo assim, o sistema defensivo foi pouco exigido. O goleiro Diego Alves não praticou defesas e se destacou mais pela qualidade de sair jogando com os pés. Com o decorrer do jogo, o time se acertou em campo. Mesmo com várias modificações, a seleção manteve a estrutura tática. David Luiz atuou como primeiro volante. Giuliano começou aberto pelo lado direito do campo com Paulinho ao seu lado. Philippe Coutinho exerceu a função de armador e Douglas Costa jogou pelo lado esquerdo. O atacante de referência foi Diego Souza, que fez bem a função de pivô. Ele segurava a bola e esperava a aproximação dos meias e laterais. A equipe até chegou a área adversária em duas oportunidades. Aos 35, Alex Sandro escapou pela esquerda e fez o cruzamento para Diego Souza, que ajeitou para Paulinho concluir para fora. O volante, que estava na marca do pênalti, passou da bola e por isso finalizou errado. No último minuto, Rafinha avançou pela direita e chutou forte para o goleiro Langerak espalmar. No segundo tempo, as duas seleções voltaram sem alterações. O time de Tite continuou controlando o jogo e conseguiu aumentar. Aos 16 minutos, Philippe Coutinho cobrou escanteio e David Luiz cabeceou no travessão. No rebote, Rodrigo Caio escorou para Thiago Silva ampliar. Após o segundo gol, as duas equipes fizeram modificações. Tite colocou em campo o zagueiro Jemerson, o volante Fernandinho, os meias Renato Augusto e Rodriguinho e os atacantes Taison e Willian. Aos 29 minutos, após uma jogada bem trabalhada, Taison só tirou do goleiro rival e marcou o terceiro. O Brasil ainda perdeu chances claras com Willian e Rodriguinho. Nos acréscimos, Willian cobrou escanteio e Diego Souza marcou de cabeça para fechar o placar.
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Diego Souza marca 2, e seleção brasileira goleia a AustráliaCom apenas dois jogadores considerados titulares, a seleção brasileira venceu o amistoso diante da Austrália por 4 a 0, nesta terça-feira (13), no estádio Melbourne Cricket Ground, em Melbourne, na Austrália. Os quatro gols do jogo foram marcados por Diego Souza (2), Thiago Silva e Taison. Diego Souza foi uma das oito modificações feitas por Tite para o duelo contra a Austrália em relação ao time que perdeu para a Argentina por 1 a 0, na última sexta-feira (9). As outras novidades foram o goleiro Diego Alves, o lateral direito Rafinha, os zagueiros Rodrigo Caio e David Luiz, que atuou como volante, o lateral esquerdo Alex Sandro, o meia Giuliano e o atacante Douglas Costa. Os únicos jogadores mantidos foram o zagueiro Thiago Silva, o volante Paulinho e o meia-atacante Philippe Coutinho. Para os dois amistosos em Melbourne, Tite poupou a defesa considerada titular. Ele não chamou o goleiro Alison, o lateral direito Daniel Alves, o lateral esquerdo Marcelo, os zagueiros Marquinhos e Miranda, o volante Casemiro e o atacante Neymar. Agora, a seleção brasileira volta a campo no dia 31 de agosto, quando enfrenta o Equador em jogo marcado para a Arena do Grêmio. Cinco dias depois, o time enfrenta a Colômbia. Desde que assumiu o comando da equipe, Tite obteve oito vitórias em jogos oficiais. A equipe ainda venceu os amistosos contra a Colômbia, que reuniu apenas jogadores que atuam no país, e diante da Austrália. A única derrota foi para a Argentina. Até o final do ano, a seleção brasileira enfrentará a Bolívia e o Chile, além de Equador e Colômbia, pelas eliminatórias sul-americanas, e deverá realizar amistosos contra Inglaterra e França em novembro. Em março de 2018, o time já tem um adversário definido —enfrenta a Alemanha, em Berlim. Será a primeira vez que os dois times vão se enfrentar desde o 7 a 1 na Copa de 2014. O JOGO No duelo desta terça-feira, a seleção brasileira foi beneficiada com o gol feito logo no início do jogo. Aos 10 segundos, Giuliano recuperou uma bola na intermediária e enfiou para Diego Souza chutar cruzado e abrir o placar. Depois do gol, a equipe comandada por Tite encontrou dificuldades de sair jogando porque a Austrália avançou a marcação. Mesmo assim, o sistema defensivo foi pouco exigido. O goleiro Diego Alves não praticou defesas e se destacou mais pela qualidade de sair jogando com os pés. Com o decorrer do jogo, o time se acertou em campo. Mesmo com várias modificações, a seleção manteve a estrutura tática. David Luiz atuou como primeiro volante. Giuliano começou aberto pelo lado direito do campo com Paulinho ao seu lado. Philippe Coutinho exerceu a função de armador e Douglas Costa jogou pelo lado esquerdo. O atacante de referência foi Diego Souza, que fez bem a função de pivô. Ele segurava a bola e esperava a aproximação dos meias e laterais. A equipe até chegou a área adversária em duas oportunidades. Aos 35, Alex Sandro escapou pela esquerda e fez o cruzamento para Diego Souza, que ajeitou para Paulinho concluir para fora. O volante, que estava na marca do pênalti, passou da bola e por isso finalizou errado. No último minuto, Rafinha avançou pela direita e chutou forte para o goleiro Langerak espalmar. No segundo tempo, as duas seleções voltaram sem alterações. O time de Tite continuou controlando o jogo e conseguiu aumentar. Aos 16 minutos, Philippe Coutinho cobrou escanteio e David Luiz cabeceou no travessão. No rebote, Rodrigo Caio escorou para Thiago Silva ampliar. Após o segundo gol, as duas equipes fizeram modificações. Tite colocou em campo o zagueiro Jemerson, o volante Fernandinho, os meias Renato Augusto e Rodriguinho e os atacantes Taison e Willian. Aos 29 minutos, após uma jogada bem trabalhada, Taison só tirou do goleiro rival e marcou o terceiro. O Brasil ainda perdeu chances claras com Willian e Rodriguinho. Nos acréscimos, Willian cobrou escanteio e Diego Souza marcou de cabeça para fechar o placar.
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Federação acredita na contenção de doença mortal para cavalos no Rio
A FEI (Federação Equestre Internacional) se diz tranquila sobre o controle e a contenção do mormo, uma bactéria mortal para cavalos, no Rio de Janeiro. Questionada pela Folha se havia possibilidade de os animais não virem ao Brasil, a entidade informou que o Ministério da Agricultura, órgão responsável pelo controle sanitário no Brasil, garantiu que não havia nenhum risco aos animais. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, o comitê organizador da Rio2016 entrou em contato para avisar dos casos da doença. "Estamos confiantes que as medidas de biossegurança corretas foram aplicadas para o evento-teste", disse a FEI. O Centro Olímpico de Hipismo, que onde funciona a Escola de Equitação do Exército, em Deodoro, está isolado há seis meses, como manda o protocolo internacional para condições sanitárias. O local será palco de um evento-teste organizado pelo comitê olímpico na semana que vem. Em três dias do mês de julho deste ano foram recolhidos sangue de 496 animais nas proximidades do centro. Conforme o ministério da Agricultura, o foco de mormo foi detectado no Setor 4 do Complexo Militar de Deodoro, onde estavam outros 138 animais, dos quais 31 foram isolados por precaução, visto que tiveram contato mais estreito com o cavalo diagnosticado com a doença. Em nota, o Ministério da Agricultura (Mapa) afirmou que as instalações dos jogos olímpicos e do evento-teste estão sob o chamado "vazio sanitário", termo técnico para o isolamento.
esporte
Federação acredita na contenção de doença mortal para cavalos no RioA FEI (Federação Equestre Internacional) se diz tranquila sobre o controle e a contenção do mormo, uma bactéria mortal para cavalos, no Rio de Janeiro. Questionada pela Folha se havia possibilidade de os animais não virem ao Brasil, a entidade informou que o Ministério da Agricultura, órgão responsável pelo controle sanitário no Brasil, garantiu que não havia nenhum risco aos animais. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, o comitê organizador da Rio2016 entrou em contato para avisar dos casos da doença. "Estamos confiantes que as medidas de biossegurança corretas foram aplicadas para o evento-teste", disse a FEI. O Centro Olímpico de Hipismo, que onde funciona a Escola de Equitação do Exército, em Deodoro, está isolado há seis meses, como manda o protocolo internacional para condições sanitárias. O local será palco de um evento-teste organizado pelo comitê olímpico na semana que vem. Em três dias do mês de julho deste ano foram recolhidos sangue de 496 animais nas proximidades do centro. Conforme o ministério da Agricultura, o foco de mormo foi detectado no Setor 4 do Complexo Militar de Deodoro, onde estavam outros 138 animais, dos quais 31 foram isolados por precaução, visto que tiveram contato mais estreito com o cavalo diagnosticado com a doença. Em nota, o Ministério da Agricultura (Mapa) afirmou que as instalações dos jogos olímpicos e do evento-teste estão sob o chamado "vazio sanitário", termo técnico para o isolamento.
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Suíço BancaStato faz oferta ao BTG Pactual pelo BSI
O suíço Banca dello Stato del Cantone Ticino (BancaStato) afirmou nesta quinta-feira (14) que está fazendo uma oferta não vinculante pelo também suíço BSI, controlado pelo brasileiro BTG Pactual. "O BancaStato enviou uma carta de intenções não vinculante sobre a aquisição do BSI. Dado seu escopo, a transação é coordenada com outros dois importantes parceiros e o banco informou o Conselho de Estado sobre os passos tomados", disse a instituição financeira. Em comunicado, o BancaStato afirmou que a oferta representa uma "excelente oportunidade de investimento que está no interesse de todo o setor financeiro e o Estado pode evitar desmembramento do BSI". O BancaStato tem sede no cantão suíço de Ticino, onde também tem sede o BSI. Em comunicado ao mercado nesta quinta, o BTG Pactual disse que seu Conselho de Administração autorizou a negociação do BSI com interessados, sem informar nomes, após ter "recebido manifestações indicativas e não vinculantes" para a aquisição do banco suíço. O BSI e outros ativos foram colocados à venda pelo BTG Pactual depois que seu fundador, o banqueiro André Esteves, foi preso em novembro passado acusado de obstruir a operação Lava Jato, que investiga esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras Mais cedo nesta quinta, o presidente-executivo do banco Julius Baer, Boris Collardi, disse que o banco não tem forte interesse em comprar o BSI. O comentário veio depois que o grupo Safra disse na quarta-feira (13) não ter planos de fazer uma oferta pelo BSI, negando informações de um jornal suíço de que um acordo envolvendo o BSI teria sido alcançado. O BTG Pactual quer vender o BSI pelo equivalente a 1,4% dos ativos sob gestão da instituição na Suíça, ou cerca de 1,4 bilhão de dólares. O grupo brasileiro concluiu a compra do BSI em setembro passado por cerca de 1,3 bilhão de dólares. As units do BTG Pactual exibiam alta de 0,49 por cento às 11h24 na bolsa paulista. Os papéis não fazem parte do Ibovespa, que no mesmo horário tinha variação negativa de 0,02 %. CRISE NO BTG O banco BTG Pactual tem se desfeito de ativos para aumentar o dinheiro em caixa disponível em meio à crise que vive, após a prisão de seu ex-controlador, André Esteves. No final de dezembro, o Itaú Unibanco informou que fechou acordo com o Banco BTG Pactual para a compra da participação de 81,94% do BTG na empresa de recuperação de crédito Recovery do Brasil Consultoria por R$ 640 milhões. O banco vendeu também em dezembro créditos e títulos de renda fixa para o Itaú BBA, banco de investimento do Itaú Unibanco, no montante de cerca de R$ 900 milhões. HISTÓRICO Esteves, preso em 25 de novembro, é suspeito de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Receosos, investidores correram para sacar seu dinheiro. Sete dias após a prisão, os fundos do BTG haviam registrado saída de pelo menos R$ 9,2 bilhões. Para estancar a sangria, os sete principais sócios do banco assumiram o controle no lugar de Esteves e iniciaram uma operação de resgate. Além das carteiras de empréstimo, colocaram à venda participações em diversas empresas e acertaram com o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) um empréstimo de R$ 6 bilhões. Com essa linha, o BTG ganhará tempo para negociar a venda de ativos. O banco já vendeu sua participação na Rede D'Or, maior grupo de hospitais privados do país, por R$ 2,38 bilhões, e está disposto a repassar outras empresas. Em comunicado em 4 de dezembro, o BTG reconheceu que analisa a venda do recém-adquirido banco suíço BSI e de participações na varejista Leader, na rede de academias BodyTech, na companhia de compra e venda de imóveis comerciais BR Properties, na empresa de serviços navais Bravante e no UOL, empresa do Grupo Folha. O Pactual tem 5,9% de ações do UOL.
mercado
Suíço BancaStato faz oferta ao BTG Pactual pelo BSIO suíço Banca dello Stato del Cantone Ticino (BancaStato) afirmou nesta quinta-feira (14) que está fazendo uma oferta não vinculante pelo também suíço BSI, controlado pelo brasileiro BTG Pactual. "O BancaStato enviou uma carta de intenções não vinculante sobre a aquisição do BSI. Dado seu escopo, a transação é coordenada com outros dois importantes parceiros e o banco informou o Conselho de Estado sobre os passos tomados", disse a instituição financeira. Em comunicado, o BancaStato afirmou que a oferta representa uma "excelente oportunidade de investimento que está no interesse de todo o setor financeiro e o Estado pode evitar desmembramento do BSI". O BancaStato tem sede no cantão suíço de Ticino, onde também tem sede o BSI. Em comunicado ao mercado nesta quinta, o BTG Pactual disse que seu Conselho de Administração autorizou a negociação do BSI com interessados, sem informar nomes, após ter "recebido manifestações indicativas e não vinculantes" para a aquisição do banco suíço. O BSI e outros ativos foram colocados à venda pelo BTG Pactual depois que seu fundador, o banqueiro André Esteves, foi preso em novembro passado acusado de obstruir a operação Lava Jato, que investiga esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras Mais cedo nesta quinta, o presidente-executivo do banco Julius Baer, Boris Collardi, disse que o banco não tem forte interesse em comprar o BSI. O comentário veio depois que o grupo Safra disse na quarta-feira (13) não ter planos de fazer uma oferta pelo BSI, negando informações de um jornal suíço de que um acordo envolvendo o BSI teria sido alcançado. O BTG Pactual quer vender o BSI pelo equivalente a 1,4% dos ativos sob gestão da instituição na Suíça, ou cerca de 1,4 bilhão de dólares. O grupo brasileiro concluiu a compra do BSI em setembro passado por cerca de 1,3 bilhão de dólares. As units do BTG Pactual exibiam alta de 0,49 por cento às 11h24 na bolsa paulista. Os papéis não fazem parte do Ibovespa, que no mesmo horário tinha variação negativa de 0,02 %. CRISE NO BTG O banco BTG Pactual tem se desfeito de ativos para aumentar o dinheiro em caixa disponível em meio à crise que vive, após a prisão de seu ex-controlador, André Esteves. No final de dezembro, o Itaú Unibanco informou que fechou acordo com o Banco BTG Pactual para a compra da participação de 81,94% do BTG na empresa de recuperação de crédito Recovery do Brasil Consultoria por R$ 640 milhões. O banco vendeu também em dezembro créditos e títulos de renda fixa para o Itaú BBA, banco de investimento do Itaú Unibanco, no montante de cerca de R$ 900 milhões. HISTÓRICO Esteves, preso em 25 de novembro, é suspeito de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Receosos, investidores correram para sacar seu dinheiro. Sete dias após a prisão, os fundos do BTG haviam registrado saída de pelo menos R$ 9,2 bilhões. Para estancar a sangria, os sete principais sócios do banco assumiram o controle no lugar de Esteves e iniciaram uma operação de resgate. Além das carteiras de empréstimo, colocaram à venda participações em diversas empresas e acertaram com o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) um empréstimo de R$ 6 bilhões. Com essa linha, o BTG ganhará tempo para negociar a venda de ativos. O banco já vendeu sua participação na Rede D'Or, maior grupo de hospitais privados do país, por R$ 2,38 bilhões, e está disposto a repassar outras empresas. Em comunicado em 4 de dezembro, o BTG reconheceu que analisa a venda do recém-adquirido banco suíço BSI e de participações na varejista Leader, na rede de academias BodyTech, na companhia de compra e venda de imóveis comerciais BR Properties, na empresa de serviços navais Bravante e no UOL, empresa do Grupo Folha. O Pactual tem 5,9% de ações do UOL.
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Tarifas de ônibus já aumentaram em 17 capitais do país desde 2014
Dois terços das capitais brasileiras tiveram aumento na tarifa de ônibus desde 2014, ano seguinte à onda de protestos pelo Brasil contra o preço das passagens. Das 27 capitais do país, apenas dez não tiveram reajuste no valor das passagens –Brasília, Florianópolis, Fortaleza, Macapá, Manaus, Palmas, Porto Velho, Recife, Teresina e Vitória. Na capital paulista, a partir desta terça (6), as passagens de ônibus, trens e metrô estarão mais caras –de R$ 3 passam para R$ 3,50. Já o preço do bilhete único nas modalidades mensal (R$ 140), semanal (R$ 38) e diário (R$ 10) ficará congelado. A integração entre ônibus, trem ou metrô passará de R$ 4,65 para R$ 5,45. As tarifas não subiam desde 2011 nos ônibus municipais e desde 2012 no caso dos trens e metrô. Nesta segunda-feira (5), havia fila nos principais postos de recarga do Bilhete Único na capital paulista, em uma corrida dos usuários para garantir o valor antigo. A cidade foi o epicentro dos protestos contra o aumento, em 2013. Após o primeiro ato que terminou em violência, em 6 de junho daquele ano, as manifestações se alastraram pelo país. Levantamento da Folha mostrou à época que, de 90 municípios –capitais e com mais de 200 mil eleitores–, 59 (66%) reduziram as passagens de ônibus, trens ou metrô. Após o arrefecimento dos atos, porém, as capitais voltaram a reajustar as tarifas. PROTESTO O Movimento Passe Livre, responsável pelos protestos de 2013, já anunciou uma nova etapa de manifestações, que começarão no próximo dia 9, no centro de São Paulo. Nesta segunda (5), eles reuniram 350 pessoas no Vale do Anhangabaú, em uma aula pública com Lúcio Gregori, secretário municipal de Transportes durante a gestão Luiza Erundina (1989-1992) e idealizador da tarifa zero. Para amenizar o impacto do aumento, o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciaram a tarifa zero para estudantes, que pode beneficiar cerca de 505 mil alunos –cerca de 360 mil da rede pública e 145 mil de baixa renda matriculados na rede particular. Porém, a iniciativa deverá valer a partir do início do ano letivo, pois a mudança depende de regulamentação das duas esferas de governo. O MPL diz que se trata de uma conquista dos protestos de 2013, mas critica a limitação da gratuidade para estudantes, com uma cota de 48 viagens mensais. "Está longe de ser um passe livre estudantil", disse Andreza Delgado, 19, militante do MPL. RIO No Rio, o aumento de 13,3% das passagens de ônibus, em vigor desde sábado (3), supera a variação dos principais preços administrados praticados no Estado. A tarifa, que foi a R$ 3,40, só não teve aumento superior à inflação da educação infantil, que subiu 15,43%, e do ensino médio, de 13,79%, mas ficou acima da variação do aluguel, da luz e da água. Nesta segunda (5), cerca de 300 pessoas saíram em passeata contra o aumento.
cotidiano
Tarifas de ônibus já aumentaram em 17 capitais do país desde 2014Dois terços das capitais brasileiras tiveram aumento na tarifa de ônibus desde 2014, ano seguinte à onda de protestos pelo Brasil contra o preço das passagens. Das 27 capitais do país, apenas dez não tiveram reajuste no valor das passagens –Brasília, Florianópolis, Fortaleza, Macapá, Manaus, Palmas, Porto Velho, Recife, Teresina e Vitória. Na capital paulista, a partir desta terça (6), as passagens de ônibus, trens e metrô estarão mais caras –de R$ 3 passam para R$ 3,50. Já o preço do bilhete único nas modalidades mensal (R$ 140), semanal (R$ 38) e diário (R$ 10) ficará congelado. A integração entre ônibus, trem ou metrô passará de R$ 4,65 para R$ 5,45. As tarifas não subiam desde 2011 nos ônibus municipais e desde 2012 no caso dos trens e metrô. Nesta segunda-feira (5), havia fila nos principais postos de recarga do Bilhete Único na capital paulista, em uma corrida dos usuários para garantir o valor antigo. A cidade foi o epicentro dos protestos contra o aumento, em 2013. Após o primeiro ato que terminou em violência, em 6 de junho daquele ano, as manifestações se alastraram pelo país. Levantamento da Folha mostrou à época que, de 90 municípios –capitais e com mais de 200 mil eleitores–, 59 (66%) reduziram as passagens de ônibus, trens ou metrô. Após o arrefecimento dos atos, porém, as capitais voltaram a reajustar as tarifas. PROTESTO O Movimento Passe Livre, responsável pelos protestos de 2013, já anunciou uma nova etapa de manifestações, que começarão no próximo dia 9, no centro de São Paulo. Nesta segunda (5), eles reuniram 350 pessoas no Vale do Anhangabaú, em uma aula pública com Lúcio Gregori, secretário municipal de Transportes durante a gestão Luiza Erundina (1989-1992) e idealizador da tarifa zero. Para amenizar o impacto do aumento, o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciaram a tarifa zero para estudantes, que pode beneficiar cerca de 505 mil alunos –cerca de 360 mil da rede pública e 145 mil de baixa renda matriculados na rede particular. Porém, a iniciativa deverá valer a partir do início do ano letivo, pois a mudança depende de regulamentação das duas esferas de governo. O MPL diz que se trata de uma conquista dos protestos de 2013, mas critica a limitação da gratuidade para estudantes, com uma cota de 48 viagens mensais. "Está longe de ser um passe livre estudantil", disse Andreza Delgado, 19, militante do MPL. RIO No Rio, o aumento de 13,3% das passagens de ônibus, em vigor desde sábado (3), supera a variação dos principais preços administrados praticados no Estado. A tarifa, que foi a R$ 3,40, só não teve aumento superior à inflação da educação infantil, que subiu 15,43%, e do ensino médio, de 13,79%, mas ficou acima da variação do aluguel, da luz e da água. Nesta segunda (5), cerca de 300 pessoas saíram em passeata contra o aumento.
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Nível do Cantareira se mantém estável em 15,4% há uma semana
O nível do sistema Cantareira manteve-se estável em 15,4% da sua capacidade pelo sétimo dia consecutivo, de acordo com balanço da Sabesp divulgado neste sábado (18). Enquanto os reservatórios Alto Tietê e Rio Claro ampliaram seu armazenamento de água, Alto de Cotia e Guarapiranga recuaram. Capacidade de Rio Grande também se manteve estável. O Cantareira abastece 5,3 milhões de pessoas na zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da capital paulista –eram cerca de 9 milhões antes da crise da água. Essa diferença passou a ser atendida por outros sistemas. O percentual usado agora tem como base a quantidade de água naquele dia e a capacidade total do reservatório, de 1,3 trilhão de litros e que inclui o volume útil (acima dos níveis de captação) e as duas cotas do volume morto (reserva do fundo das represas, captadas com o auxílio de bombas). Até então, o índice considerava o volume morto apenas na quantidade disponível, e não na capacidade total –sem ele, o sistema tem capacidade de 1 trilhão de litros de água. arte Após o Ministério Público pedir que a Sabesp alterasse a forma de divulgação diária do volume disponível do Cantareira, a Justiça determinou em caráter limitar que a estatal informe o "volume negativo", que é a diferença entre o volume útil e a água disponível. Neste sábado, o "volume negativo" ficou em -9,3%, o mesmo índice registrado no dia anterior. A Sabesp pediu à Arsesp, órgão de regulação estadual, um reajuste de 22,7% na conta de água. O percentual é maior do que a inflação e do que os 13,8% já autorizados pela agência reguladora. Segundo a empresa do governo Alckmin (PSDB), essa alta serviria para contornar os gastos extras com a atual crise hídrica no Estado de São Paulo. OUTROS RESERVATÓRIOS O sistema Alto Tietê, abastece 4,5 milhões de pessoas na região leste da capital paulista e Grande São Paulo, opera com 22,2% de sua capacidade após avançar 0,1 ponto percentual. No dia 14 de dezembro, o Alto Tietê passou a contar com a adição do volume morto , que gerou um volume adicional de 39,5 milhões de metros cúbicos de água da represa Ponte Nova, em Salesópolis (a 97 km de São Paulo). Outro manancial que também ampliou a sua capacidade foi o de Rio Claro, que atende a 1,5 milhão de pessoas. O sistema opera neste sábado com 45,1%. Já o reservatório de Rio Grande, que atende a 1,5 milhão de pessoas, opera com 96,3% –mesmo índice registrado no dia anterior. O nível da represa de Guarapiranga, que fornece água para 5,2 milhões de pessoas nas zonas sul e sudeste da capital paulista, opera com 83,2% de capacidade após recuar 0,1 ponto percentual. Já o sistema Alto de Cotia, que fornece água para 400 mil pessoas, opera com 65% de capacidade após recuar 0,2 ponto percentual. A medição da Sabesp é feita diariamente e compreende um período de 24 horas: das 7h às 7h.
cotidiano
Nível do Cantareira se mantém estável em 15,4% há uma semanaO nível do sistema Cantareira manteve-se estável em 15,4% da sua capacidade pelo sétimo dia consecutivo, de acordo com balanço da Sabesp divulgado neste sábado (18). Enquanto os reservatórios Alto Tietê e Rio Claro ampliaram seu armazenamento de água, Alto de Cotia e Guarapiranga recuaram. Capacidade de Rio Grande também se manteve estável. O Cantareira abastece 5,3 milhões de pessoas na zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da capital paulista –eram cerca de 9 milhões antes da crise da água. Essa diferença passou a ser atendida por outros sistemas. O percentual usado agora tem como base a quantidade de água naquele dia e a capacidade total do reservatório, de 1,3 trilhão de litros e que inclui o volume útil (acima dos níveis de captação) e as duas cotas do volume morto (reserva do fundo das represas, captadas com o auxílio de bombas). Até então, o índice considerava o volume morto apenas na quantidade disponível, e não na capacidade total –sem ele, o sistema tem capacidade de 1 trilhão de litros de água. arte Após o Ministério Público pedir que a Sabesp alterasse a forma de divulgação diária do volume disponível do Cantareira, a Justiça determinou em caráter limitar que a estatal informe o "volume negativo", que é a diferença entre o volume útil e a água disponível. Neste sábado, o "volume negativo" ficou em -9,3%, o mesmo índice registrado no dia anterior. A Sabesp pediu à Arsesp, órgão de regulação estadual, um reajuste de 22,7% na conta de água. O percentual é maior do que a inflação e do que os 13,8% já autorizados pela agência reguladora. Segundo a empresa do governo Alckmin (PSDB), essa alta serviria para contornar os gastos extras com a atual crise hídrica no Estado de São Paulo. OUTROS RESERVATÓRIOS O sistema Alto Tietê, abastece 4,5 milhões de pessoas na região leste da capital paulista e Grande São Paulo, opera com 22,2% de sua capacidade após avançar 0,1 ponto percentual. No dia 14 de dezembro, o Alto Tietê passou a contar com a adição do volume morto , que gerou um volume adicional de 39,5 milhões de metros cúbicos de água da represa Ponte Nova, em Salesópolis (a 97 km de São Paulo). Outro manancial que também ampliou a sua capacidade foi o de Rio Claro, que atende a 1,5 milhão de pessoas. O sistema opera neste sábado com 45,1%. Já o reservatório de Rio Grande, que atende a 1,5 milhão de pessoas, opera com 96,3% –mesmo índice registrado no dia anterior. O nível da represa de Guarapiranga, que fornece água para 5,2 milhões de pessoas nas zonas sul e sudeste da capital paulista, opera com 83,2% de capacidade após recuar 0,1 ponto percentual. Já o sistema Alto de Cotia, que fornece água para 400 mil pessoas, opera com 65% de capacidade após recuar 0,2 ponto percentual. A medição da Sabesp é feita diariamente e compreende um período de 24 horas: das 7h às 7h.
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Lojas apostam em bombons com ingredientes brasileiros; confira
DE SÃO PAULO Veja seleção de três locais que trabalham com ingredientes brasileiros para compor os seus bombons —há versões de caju, puxuri, cupuaçu, açaí, umbu e graviola, entre outras. Confira: RENATA ARASSIRO Caju caramelado é um dos bombons brasileiros da loja, ao lado dos de puxuri e de iquiriba, sementes aromáticas. R. Pascal, 1.195, Campo Belo, tel. 5092-4977 * FRUTOS DA AMAZÔNIA Frutas nacionais como cupuaçu, açaí, taperebá e graviola recheiam os bombons da marca. R. Aziz Jabur Maluf, 59, Vila Clementino, tel. 5571-4738 * CACAU SHOW Lançou a linha Brasil a Gosto, feita com itens como umbu, que vêm de comunidades apoiadas pelo Slow Food. Av. Angélica, 1.369, Santa Cecília, tel. 3661-2992
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Lojas apostam em bombons com ingredientes brasileiros; confiraDE SÃO PAULO Veja seleção de três locais que trabalham com ingredientes brasileiros para compor os seus bombons —há versões de caju, puxuri, cupuaçu, açaí, umbu e graviola, entre outras. Confira: RENATA ARASSIRO Caju caramelado é um dos bombons brasileiros da loja, ao lado dos de puxuri e de iquiriba, sementes aromáticas. R. Pascal, 1.195, Campo Belo, tel. 5092-4977 * FRUTOS DA AMAZÔNIA Frutas nacionais como cupuaçu, açaí, taperebá e graviola recheiam os bombons da marca. R. Aziz Jabur Maluf, 59, Vila Clementino, tel. 5571-4738 * CACAU SHOW Lançou a linha Brasil a Gosto, feita com itens como umbu, que vêm de comunidades apoiadas pelo Slow Food. Av. Angélica, 1.369, Santa Cecília, tel. 3661-2992
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Flatulências excessivas
Anos atrás, entrei num restaurante de Lisboa para um almoço de trabalho com um jornalista português. Cheguei com 20 minutos de atraso. O espaço estava lotado. Deambulei pelas mesas e não havia sinal do meu comparsa. Falei com o maître. Disse que tinha um encontro com um colega e perguntei se havia algum cavalheiro sozinho no espaço, à minha espera. Ou, pelo menos, se alguém ali estivera e resolvera ir embora. O funcionário perguntou-me como era o camarada. Gelei. Comecei por considerações vagas. Moreno. Quarenta e tal anos. Altura média. "Isso não é grande ajuda", disse ele, gracejando. Subi a parada. - Gordinho. Nada. - Gordo. Nada. - Uma coisa monstruosa. Mentira. Fiquei pelo "gordinho", pronunciado a medo, e o rosto do homem iluminou-se. "Sim, senhor: creio que está no bar". E estava. Foi a primeira vez que senti o demônio da autocensura sobre as minhas inocentes palavras. Não é elegante descrever fisicamente alguém para identificação. Mas, aqui entre nós, não é elegante por quê? Se alguém é gordo (ou magro); negro (ou branco); deficiente (ou atleta olímpico), por que motivo não usamos as palavras exatas para traduzir uma realidade exata? Não serão os eufemismos ("ele parece um lutador de sumô"; "ele tem um tom de pele mais noturno"; "ele tem limitações na locomoção física") um insulto ainda pior? Gordo, negro, deficiente: por que motivo as coisas não são simplesmente como são? O linguista John H. McWhorter, em artigo para o "The Wall Street Journal", ajuda a responder: porque todas as eras têm as suas "profanidades". Na Idade Média cristã, as palavras proibidas eram invariavelmente de natureza religiosa. Invocar o nome de Deus em vão era pecado capital e os nossos antepassados, para evitarem o "Oh God!", optavam pelas variantes "Oh gosh!" ou "Oh golly!", que ainda hoje sobrevivem na linguagem coloquial anglo-saxônica. As coisas começaram a mudar na Idade Moderna: com a emergência de uma burguesia fluente e afluente, que procurava refinar os seus hábitos e comportamentos, as "profanidades" interditas começaram a lidar com matérias físicas, e não metafísicas. Alusões sexuais (ao ato e aos órgãos respectivos) ou escatológicas (ao ato ou às matérias expelidas) quase desapareceram do linguajar. De fato, confere: quando olhamos para os textos medievais, a genitália de ambos os sexos era usada e abusada sem sentimento de culpa. O que se entendia: se o corpo era matéria perecível e pecaminosa, o que saía dele (ou entrava) não merecia grandes pudores. Foi preciso esperar pelo século 18 para que o temor a Deus se convertesse no temor à vulgaridade: criticar a Igreja e os seus prelados, tudo bem; gastar o latim com a fornicação e a flatulência, tudo mal. E hoje? Hoje, as "profanidades" contemporâneas lidam com a sensibilidade de "grupos" ou "minorias", sobretudo quando repousa sobre eles a sombra das discriminações presentes ou passadas. Blasfemar contra Deus ou apimentar a conversa com as intimidades do quarto é moeda corrente. Falar sobre negros, mulheres, gays ou anões é caminhar sobre campo minado. Não admira que, na visita ao Quênia, o discurso mais aplaudido de Barack Obama tenha sido uma defesa dos direitos dos homossexuais no país. Fato: denunciar um sistema judicial que criminaliza a homossexualidade com penas de prisão é um ato nobre do presidente. Mas Obama não se limitou a falar desse assunto: a endêmica corrupção do país, por exemplo, foi outra das suas preocupações. A corrupção no Quênia é um dos principais motivos para que a ONG Freedom House considere o país como "parcialmente livre". Alguém notou? No seu ensaio sobre a história das "profanidades", John McWhorter mostra como os tabus de ontem –Deus, sexo, escatologias várias– deixaram de fazer sentido no século 21. O que permite concluir que a preocupação histérica com a sensibilidade de "grupos" ou "minorias" será incompreensível para os homens do século 22. Que, por sua vez, terão novos tabus que somos incapazes de imaginar ou antever. Porque seremos sempre incapazes de imaginar ou antever aquilo que nos irá amedrontar no longo prazo. No fundo, talvez esta seja a moral da história: não vale a pena marchar com indignação pela causa politicamente correta do momento. Ela estará morta no futuro e você, leitor, será apenas lembrado como piada.
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Flatulências excessivasAnos atrás, entrei num restaurante de Lisboa para um almoço de trabalho com um jornalista português. Cheguei com 20 minutos de atraso. O espaço estava lotado. Deambulei pelas mesas e não havia sinal do meu comparsa. Falei com o maître. Disse que tinha um encontro com um colega e perguntei se havia algum cavalheiro sozinho no espaço, à minha espera. Ou, pelo menos, se alguém ali estivera e resolvera ir embora. O funcionário perguntou-me como era o camarada. Gelei. Comecei por considerações vagas. Moreno. Quarenta e tal anos. Altura média. "Isso não é grande ajuda", disse ele, gracejando. Subi a parada. - Gordinho. Nada. - Gordo. Nada. - Uma coisa monstruosa. Mentira. Fiquei pelo "gordinho", pronunciado a medo, e o rosto do homem iluminou-se. "Sim, senhor: creio que está no bar". E estava. Foi a primeira vez que senti o demônio da autocensura sobre as minhas inocentes palavras. Não é elegante descrever fisicamente alguém para identificação. Mas, aqui entre nós, não é elegante por quê? Se alguém é gordo (ou magro); negro (ou branco); deficiente (ou atleta olímpico), por que motivo não usamos as palavras exatas para traduzir uma realidade exata? Não serão os eufemismos ("ele parece um lutador de sumô"; "ele tem um tom de pele mais noturno"; "ele tem limitações na locomoção física") um insulto ainda pior? Gordo, negro, deficiente: por que motivo as coisas não são simplesmente como são? O linguista John H. McWhorter, em artigo para o "The Wall Street Journal", ajuda a responder: porque todas as eras têm as suas "profanidades". Na Idade Média cristã, as palavras proibidas eram invariavelmente de natureza religiosa. Invocar o nome de Deus em vão era pecado capital e os nossos antepassados, para evitarem o "Oh God!", optavam pelas variantes "Oh gosh!" ou "Oh golly!", que ainda hoje sobrevivem na linguagem coloquial anglo-saxônica. As coisas começaram a mudar na Idade Moderna: com a emergência de uma burguesia fluente e afluente, que procurava refinar os seus hábitos e comportamentos, as "profanidades" interditas começaram a lidar com matérias físicas, e não metafísicas. Alusões sexuais (ao ato e aos órgãos respectivos) ou escatológicas (ao ato ou às matérias expelidas) quase desapareceram do linguajar. De fato, confere: quando olhamos para os textos medievais, a genitália de ambos os sexos era usada e abusada sem sentimento de culpa. O que se entendia: se o corpo era matéria perecível e pecaminosa, o que saía dele (ou entrava) não merecia grandes pudores. Foi preciso esperar pelo século 18 para que o temor a Deus se convertesse no temor à vulgaridade: criticar a Igreja e os seus prelados, tudo bem; gastar o latim com a fornicação e a flatulência, tudo mal. E hoje? Hoje, as "profanidades" contemporâneas lidam com a sensibilidade de "grupos" ou "minorias", sobretudo quando repousa sobre eles a sombra das discriminações presentes ou passadas. Blasfemar contra Deus ou apimentar a conversa com as intimidades do quarto é moeda corrente. Falar sobre negros, mulheres, gays ou anões é caminhar sobre campo minado. Não admira que, na visita ao Quênia, o discurso mais aplaudido de Barack Obama tenha sido uma defesa dos direitos dos homossexuais no país. Fato: denunciar um sistema judicial que criminaliza a homossexualidade com penas de prisão é um ato nobre do presidente. Mas Obama não se limitou a falar desse assunto: a endêmica corrupção do país, por exemplo, foi outra das suas preocupações. A corrupção no Quênia é um dos principais motivos para que a ONG Freedom House considere o país como "parcialmente livre". Alguém notou? No seu ensaio sobre a história das "profanidades", John McWhorter mostra como os tabus de ontem –Deus, sexo, escatologias várias– deixaram de fazer sentido no século 21. O que permite concluir que a preocupação histérica com a sensibilidade de "grupos" ou "minorias" será incompreensível para os homens do século 22. Que, por sua vez, terão novos tabus que somos incapazes de imaginar ou antever. Porque seremos sempre incapazes de imaginar ou antever aquilo que nos irá amedrontar no longo prazo. No fundo, talvez esta seja a moral da história: não vale a pena marchar com indignação pela causa politicamente correta do momento. Ela estará morta no futuro e você, leitor, será apenas lembrado como piada.
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Em praia de Ilhabela, energia solar agora cria 'luxos' como geladeira 24h
Em uma comunidade isolada de Ilhabela, no litoral norte paulista, Maria, 80, comemora o fato de aposentar o lampião a gás e deixar de salgar a carne para não estragar. Benedito, 55, poderá ligar o ventilador, e Rosângela, 49, o secador de cabelos. Os moradores da praia do Bonete tiveram a rotina alterada no último mês, quando foi concluída a instalação de placas solares em todos os 180 imóveis da comunidade, onde só se chega de barco ou por uma trilha de duas horas. Sem precisar depender de geradores ou da pequena hidrelétrica local, eles terão energia contínua para conservar alimentos na geladeira, assistir a TV ou acender lâmpadas durante a noite. Também os turistas, principal fonte de renda do Bonete, poderão ficar mais tempo na praia e ser melhor servidos. Há mais de 60 anos no Bonete, a aposentada Maria Lilian de Oliveira, 80, vive sozinha numa pequena casa onde agora já instalou lâmpadas de led, uma geladeira e um tanquinho elétrico para lavar as roupas. O chuveiro dela, assim como a da maioria, ainda é a gás. "Agora melhorou 100% e não falta mais luz com as placas. No passado eu tinha que salgar a carne e o peixe para não estragar e usava lampião a gás", contou. A energia elétrica contínua era uma demanda antiga. "Perdíamos muitos alimentos, por falta de conservação. Muita gente também perdeu TV e geladeira, porque havia oscilação da energia", diz o presidente da Associação Bonete Sempre, André Queiróz. Há uma pequena hidrelétrica na praia, que abastecia o local por poucas horas por dia. A opção era o uso de um gerador, insuficiente para os 230 moradores, principalmente pelo custo do combustível. Benedito Corrêa, 95, também mora sozinho e conta com a assistência dos filhos. Ele diz que com a luz o dia todo, gosta de passar o tempo assistindo a TV. Antes, chegou a enfrentar dificuldades em coisas simples, como ir ao banheiro no meio da noite, sem ter uma lâmpada para facilitar o trajeto. Para Benedito dos Santos Neto, 55, o grande problema era com a conservação dos alimentos. Esse cenário se agravava ainda mais no verão, devido às altas temperaturas. "Ficou muito bom, a gente vai poder usar um ventilador no verão e tem como guardar os alimentos. Tinha gente que ia dormir na praia por não aguentar o calor", disse. GELO Rosângela Rodrigues dos Santos Oliveira, 49, conta que já possuía a geladeira antes, mas que ela gelava durante o dia e descongelava durante a noite, quando a energia caía. "Com as placas está suficiente. Minha geladeira está funcionando até bem demais, uma maravilha". Ela, que também trabalha como caseira, diz que tem em casa outros itens como secador de cabelos e uma máquina de costura, que agora pode utilizar. A instalação das placas de energia solar ocorreu por meio do Programa Universalização, do governo federal, ao custo de R$ 5 milhões. A Elektro, concessionária local, ficará responsável pela manutenção. Para aderir ao programa, os moradores tiveram que aceitar um termo e se comprometeram a pagar um valor fixo mensal de R$ 38. O sistema não tem, porém, a mesma potência da rede de energia por cabeamento e ainda é restrita para uso de chuveiro e máquina de lavar roupas.
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Em praia de Ilhabela, energia solar agora cria 'luxos' como geladeira 24hEm uma comunidade isolada de Ilhabela, no litoral norte paulista, Maria, 80, comemora o fato de aposentar o lampião a gás e deixar de salgar a carne para não estragar. Benedito, 55, poderá ligar o ventilador, e Rosângela, 49, o secador de cabelos. Os moradores da praia do Bonete tiveram a rotina alterada no último mês, quando foi concluída a instalação de placas solares em todos os 180 imóveis da comunidade, onde só se chega de barco ou por uma trilha de duas horas. Sem precisar depender de geradores ou da pequena hidrelétrica local, eles terão energia contínua para conservar alimentos na geladeira, assistir a TV ou acender lâmpadas durante a noite. Também os turistas, principal fonte de renda do Bonete, poderão ficar mais tempo na praia e ser melhor servidos. Há mais de 60 anos no Bonete, a aposentada Maria Lilian de Oliveira, 80, vive sozinha numa pequena casa onde agora já instalou lâmpadas de led, uma geladeira e um tanquinho elétrico para lavar as roupas. O chuveiro dela, assim como a da maioria, ainda é a gás. "Agora melhorou 100% e não falta mais luz com as placas. No passado eu tinha que salgar a carne e o peixe para não estragar e usava lampião a gás", contou. A energia elétrica contínua era uma demanda antiga. "Perdíamos muitos alimentos, por falta de conservação. Muita gente também perdeu TV e geladeira, porque havia oscilação da energia", diz o presidente da Associação Bonete Sempre, André Queiróz. Há uma pequena hidrelétrica na praia, que abastecia o local por poucas horas por dia. A opção era o uso de um gerador, insuficiente para os 230 moradores, principalmente pelo custo do combustível. Benedito Corrêa, 95, também mora sozinho e conta com a assistência dos filhos. Ele diz que com a luz o dia todo, gosta de passar o tempo assistindo a TV. Antes, chegou a enfrentar dificuldades em coisas simples, como ir ao banheiro no meio da noite, sem ter uma lâmpada para facilitar o trajeto. Para Benedito dos Santos Neto, 55, o grande problema era com a conservação dos alimentos. Esse cenário se agravava ainda mais no verão, devido às altas temperaturas. "Ficou muito bom, a gente vai poder usar um ventilador no verão e tem como guardar os alimentos. Tinha gente que ia dormir na praia por não aguentar o calor", disse. GELO Rosângela Rodrigues dos Santos Oliveira, 49, conta que já possuía a geladeira antes, mas que ela gelava durante o dia e descongelava durante a noite, quando a energia caía. "Com as placas está suficiente. Minha geladeira está funcionando até bem demais, uma maravilha". Ela, que também trabalha como caseira, diz que tem em casa outros itens como secador de cabelos e uma máquina de costura, que agora pode utilizar. A instalação das placas de energia solar ocorreu por meio do Programa Universalização, do governo federal, ao custo de R$ 5 milhões. A Elektro, concessionária local, ficará responsável pela manutenção. Para aderir ao programa, os moradores tiveram que aceitar um termo e se comprometeram a pagar um valor fixo mensal de R$ 38. O sistema não tem, porém, a mesma potência da rede de energia por cabeamento e ainda é restrita para uso de chuveiro e máquina de lavar roupas.
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Governo quer usar multa de teles em plano de expansão da internet
O governo lançará um plano nacional de expansão da internet que prevê que em dois anos 75% dos domicílios brasileiros estarão conectados, considerando conexões fixas e móveis –hoje, esse índice é de 60%. A expectativa é que o plano, que ainda não tem nome, seja lançado no primeiro trimestre. O anúncio vai acontecer assim que o projeto de lei que modifica o marco das telecomunicações for enviado ao Planalto para a sanção do presidente Michel Temer. A meta de cobertura até 2018 dependerá dos recursos disponíveis nos cofres da União. Pelos cálculos da Secretaria de Telecomunicações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, responsável pelo plano, será preciso levantar inicialmente R$ 30 bilhões. O BRASIL DA INTERNET - Cobertura da internet no país, em % dos domicílios com acessos fixos Desse total, cerca de R$ 10 bilhões serão resultado da troca das multas já aplicadas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) às teles por investimentos a serem feitos pelas empresas na oferta de banda larga em locais carentes. Outros R$ 20 bilhões sairão da mudança dos atuais contratos de concessão da telefonia fixa para termos de autorização –algo que depende da lei, hoje emperrada no Congresso. Esse valor é uma estimativa prévia feita pela Anatel dos bens (prédios, centrais e equipamentos) hoje usados para a prestação do serviço de telefonia fixa, objeto dos contratos de concessão. Ao final das concessões, esses bens voltariam para a União. Com a mudança legal, serão trocados por investimentos em banda larga. As áreas prioritárias a serem cobertas pelo plano serão aquelas em que as teles hoje não atuam com ofertas comerciais porque dariam prejuízo. Pelos cálculos do governo, pelo menos em 1.800 cidades só seria preciso um "empurrãozinho" para romper essa barreira. O BRASIL DA INTERNET - Rendimento médio per capita por domicílio, em R$ TECNOLOGIA Mesmo antes da elaboração do plano, as teles pressionavam para quebrar essa barreira comercial por meio do REPNBL, programa federal que dá desconto de 15% de imposto para instalação de redes de fibras ópticas e que o governo estuda cancelar. No lugar do REPNBL, o governo pretende flexibilizar as regras de investimento para facilitar a oferta comercial. Nos planos nacionais da gestão dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, a tecnologia a ser usada na oferta (fibras ópticas, por exemplo) e a velocidade de navegação eram definidas previamente. Desta vez, o governo deixará a tecnologia em aberto, o que torna a operação mais econômica para as empresas. As teles poderão usar fibras, satélite e até ondas de rádio para garantir a oferta, desde que a velocidade ofertada seja razoável para que o consumidor desfrute de tudo o que a internet pode oferecer, sem restrições. Em áreas densamente povoadas, faz sentido impor às teles pacotes com velocidades entre 10 Mbps e 15 Mbps porque a engenharia da rede de internet prevê o compartilhamento, o que reduz a velocidade de navegação quando muitos usam a rede simultaneamente. Já em regiões menos povoadas, os pacotes poderiam ser de velocidades mais baixas. A experiência de navegação, no entanto, terá de ser a mesma para todos. FUNDO Vencida a fase inicial, o governo pretende enviar ao Congresso no primeiro semestre deste ano um outro projeto de lei prevendo a alteração do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). Desde 2000, as teles recolhem 1% de sua receita bruta anual para esse fundo. Os recursos deveriam ter sido usados na telefonia fixa para levar o serviço para áreas que dão prejuízo. Mas esses recursos não foram utilizados e serviram para gerar superavit para a União. Hoje, mesmo com o serviço de telefonia fixa disponível em todo o país, as teles continuam recolhendo para o Fust. Por isso, o governo quer mudar a lei do fundo para que possa contribuir com o plano de internet com algo entre R$ 5 bilhões e R$ 9 bilhões. As áreas escolhidas para receber os investimentos em internet passarão a ser monitoradas pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O governo quer avaliar a eficácia do plano. A tarefa do instituto será calcular o impacto da internet na geração de riqueza nas áreas atendidas. Um estudo do Banco Mundial indica que, a cada 10% de crescimento dos acessos em internet em banda larga, o PIB cresce, em média, 1,2%.
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Governo quer usar multa de teles em plano de expansão da internetO governo lançará um plano nacional de expansão da internet que prevê que em dois anos 75% dos domicílios brasileiros estarão conectados, considerando conexões fixas e móveis –hoje, esse índice é de 60%. A expectativa é que o plano, que ainda não tem nome, seja lançado no primeiro trimestre. O anúncio vai acontecer assim que o projeto de lei que modifica o marco das telecomunicações for enviado ao Planalto para a sanção do presidente Michel Temer. A meta de cobertura até 2018 dependerá dos recursos disponíveis nos cofres da União. Pelos cálculos da Secretaria de Telecomunicações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, responsável pelo plano, será preciso levantar inicialmente R$ 30 bilhões. O BRASIL DA INTERNET - Cobertura da internet no país, em % dos domicílios com acessos fixos Desse total, cerca de R$ 10 bilhões serão resultado da troca das multas já aplicadas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) às teles por investimentos a serem feitos pelas empresas na oferta de banda larga em locais carentes. Outros R$ 20 bilhões sairão da mudança dos atuais contratos de concessão da telefonia fixa para termos de autorização –algo que depende da lei, hoje emperrada no Congresso. Esse valor é uma estimativa prévia feita pela Anatel dos bens (prédios, centrais e equipamentos) hoje usados para a prestação do serviço de telefonia fixa, objeto dos contratos de concessão. Ao final das concessões, esses bens voltariam para a União. Com a mudança legal, serão trocados por investimentos em banda larga. As áreas prioritárias a serem cobertas pelo plano serão aquelas em que as teles hoje não atuam com ofertas comerciais porque dariam prejuízo. Pelos cálculos do governo, pelo menos em 1.800 cidades só seria preciso um "empurrãozinho" para romper essa barreira. O BRASIL DA INTERNET - Rendimento médio per capita por domicílio, em R$ TECNOLOGIA Mesmo antes da elaboração do plano, as teles pressionavam para quebrar essa barreira comercial por meio do REPNBL, programa federal que dá desconto de 15% de imposto para instalação de redes de fibras ópticas e que o governo estuda cancelar. No lugar do REPNBL, o governo pretende flexibilizar as regras de investimento para facilitar a oferta comercial. Nos planos nacionais da gestão dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, a tecnologia a ser usada na oferta (fibras ópticas, por exemplo) e a velocidade de navegação eram definidas previamente. Desta vez, o governo deixará a tecnologia em aberto, o que torna a operação mais econômica para as empresas. As teles poderão usar fibras, satélite e até ondas de rádio para garantir a oferta, desde que a velocidade ofertada seja razoável para que o consumidor desfrute de tudo o que a internet pode oferecer, sem restrições. Em áreas densamente povoadas, faz sentido impor às teles pacotes com velocidades entre 10 Mbps e 15 Mbps porque a engenharia da rede de internet prevê o compartilhamento, o que reduz a velocidade de navegação quando muitos usam a rede simultaneamente. Já em regiões menos povoadas, os pacotes poderiam ser de velocidades mais baixas. A experiência de navegação, no entanto, terá de ser a mesma para todos. FUNDO Vencida a fase inicial, o governo pretende enviar ao Congresso no primeiro semestre deste ano um outro projeto de lei prevendo a alteração do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). Desde 2000, as teles recolhem 1% de sua receita bruta anual para esse fundo. Os recursos deveriam ter sido usados na telefonia fixa para levar o serviço para áreas que dão prejuízo. Mas esses recursos não foram utilizados e serviram para gerar superavit para a União. Hoje, mesmo com o serviço de telefonia fixa disponível em todo o país, as teles continuam recolhendo para o Fust. Por isso, o governo quer mudar a lei do fundo para que possa contribuir com o plano de internet com algo entre R$ 5 bilhões e R$ 9 bilhões. As áreas escolhidas para receber os investimentos em internet passarão a ser monitoradas pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O governo quer avaliar a eficácia do plano. A tarefa do instituto será calcular o impacto da internet na geração de riqueza nas áreas atendidas. Um estudo do Banco Mundial indica que, a cada 10% de crescimento dos acessos em internet em banda larga, o PIB cresce, em média, 1,2%.
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Lava Jato é usada para fortalecer privilégios, diz Gilmar Mendes
O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), diz que juízes e procuradores que atacam a proposta de lei que pune abuso de autoridades "imaginam que devam ter licença para cometer abusos". Para ele, o combate à corrupção e a Operação Lava Jato estão sendo usados "oportunisticamente" para a defesa de privilégios do Judiciário, do Ministério Público e de outras corporações. Mendes diz que a Lava Jato é um marco no combate à corrupção, mas nem por isso "práticas ou decisões do juiz Moro e dos procuradores" devem ser canonizadas. Leia abaixo os principais trechos da entrevista dada à Folha. * Folha - Os juízes estão se insurgindo contra a proposta de lei que pune o abuso de autoridades. Sergio Moro diz que ela é um atentado à magistratura. Procuradores ameaçam deixar a Operação Lava Jato. Eles têm razão para temer? Gilmar Mendes - Parece que eles imaginam que devam ter licença para cometer abusos! O projeto é de 2009 e não trata exclusivamente de juízes e de procuradores, mas sim de todas as autoridades: delegados, membros de CPIs, deputados. Tanto que a maior resistência à proposta partiu de delegados de Polícia Civil na época. Por isso o projeto ficou tanto tempo arquivado. Agora, nós temos que partir de uma premissa clara: a definição de Estado de Direito é a de que não há soberanos. Juízes e promotores não são diferentes de todas as outras autoridades e devem responder pelos seus atos. E a verdade é que nós temos um histórico de abusos que vai de A a Z, do guarda de trânsito ao promotor, de prisões abusivas, de vazamento de informações sigilosas, para falar apenas das coisas correntes. Esse é o quadro. Há também insurgências contra a PEC 241, que limita gastos. Nota da PGR (Procuradoria-Geral da República) faz criticas a ela. E defende que, se a receita crescer, seja destinada ao "combate à corrupção", ou seja, ao próprio Ministério Público, entre outros. A AGU (Advocacia-Geral da União), a Receita Federal, a PF também fazem o discurso de que os salários deles têm que ser elevados porque são combatentes da corrupção. Isso se tornou estratégia de grupos corporativos fortes para ter apoio da população. É uma esperteza midiática. Não tem nada a ver com a realidade. Os juízes todos estão agora engajados no combate à corrupção? São 18 mil Sergios Moros? Sabe? No fundo estão aproveitando-se oportunisticamente da Lava Jato. Mas não há uma luta legítima pelo fortalecimento do Estado em suas funções essenciais? A questão do devido aparelhamento dos órgãos vai muito além da questão salarial. O Judiciário estadual tem salários extremamente generosos, mas estrutura mínima. Não tem funcionários, faltam peritos. E a discussão está concentrada no salário dos juízes. Nós não vemos juízes estaduais defendendo a melhoria do Judiciário estadual. Nós chegamos a discutir no STF portaria [do procurador-geral da República, Rodrigo Janot] que determinava que os procuradores viajassem de classe executiva. Quer dizer, perdemos as medidas! E isso é preciso ser dito para o distinto público, que é quem paga a conta. Se o procurador que vai à Itália fazer um convênio, ou à Suíça obter o retorno de dinheiro, viaja de classe executiva ou de econômica, isso tem a ver com combate à corrupção? O Judiciário brasileiro é um macrocéfalo com pernas de pau. É o mais caro do mundo. E muito mal estruturado. Há uma distorção completa. O governador do Maranhão, Flávio Dino, me disse que não há nenhum desembargador ganhando menos do que R$ 55 mil no Estado. O teto nacional é de R$ 33 mil. Eu estive com o governador Francisco Dornelles, do Rio, que enfrenta situação extremamente difícil. Ele tem receita de R$ 34 bilhões. Gasta R$ 17 bilhões com 220 mil aposentados, muitos do judiciário, do legislativo e do MP. Ele tem dificuldade de saber quanto ganha um juiz. Um representante do Ministério Público pediu a ele que antecipasse o repasse [ao órgão], num total alheamento da realidade. E nenhuma disposição para participar do sacrifício pedido a todos. É uma loucura que tem método. Chegou-se ao caos porque se escolheu esse caminho. E isto em razão do quê? De governos débeis, às vezes com base ética frágil, que se curvam às imposições. Com medo do Judiciário? Com medo do Judiciário. Diante da sugestão de que levasse para a Assembleia Legislativa os cortes necessários e a divisão por todos os partícipes, Dornelles me disse: "Dificilmente a Assembleia aprovaria porque está submetida a constrangimentos impostos pelo MP e pelo Judiciário, decorrentes da Lei da Ficha Limpa". Foi uma surpresa para mim. Algo que aparentemente veio para o bem empoderou grupos que transformaram isso num instrumento de chantagem. A PEC dos gastos não pode estender ao país o que ocorre no Rio? Cortes na saúde em benefício de poderes organizados? Será a grande chance de se trazer todos os poderes para uma realidade institucional, com publicidade de seus gastos na internet para que sejam submetidos a uma supervisão geral. A autonomia administrativa e financeira não dá blindagem para ninguém sair gastando de maneira secreta. A autonomia, pensada para tirar o Judiciário e o MP da dependência do Executivo, está sendo manipulada, lida como soberania, o direito de fazer qualquer coisa. A Defensoria Pública da União conseguiu autonomia e seu primeiro ato foi se conceder auxílio moradia. Órgãos que poderiam cumprir função racionalizadora, como o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), acabaram cooptados. O último ato da gestão passada do CNJ foi estender o recesso de 20/12 a 6/1, da Justiça Federal, que deveria ter sido extinto, para a Justiça Estadual. O CNJ se transformou, em certas gestões, num instrumento de corporação. Quando há alteração de vencimentos na esfera federal, cada legislador estadual teria que deliberar sobre os vencimentos na esfera estadual. O CNJ decidiu que isso seria automático, violando a autonomia dos Estados. Em suma, criamos um monstro. As autoridades não estariam navegando na Lava Jato também para fortalecer projeto político de avanço de ideias que defendem, como as "10 medidas contra a corrupção"? Deixa eu dizer logo: a Lava Jato tem sido um grande instrumento de combate à corrupção. Ela colocou as entranhas do sistema político e econômico-financeiro à mostra, tornando imperativas uma série de reformas. Agora, daí a dizer que nós temos que canonizar todas as práticas ou decisões do juiz Moro e dos procuradores vai uma longa distância. É preciso escrutinar as decisões e criticar métodos que levam a abusos. Eu mesmo já votei em favor da concessão de habeas corpus e defendo limites temporais para as prisões preventivas. Da mesma forma, as chamadas dez medidas têm que ser examinadas com escrutínio crítico. Medidas propostas como iniciativa popular não têm que ser necessariamente aprovadas pelo Congresso. O senhor acha que as 2,2 milhões de pessoas que assinaram a proposta das dez medidas leram e entenderam cada uma delas? Claro que não. E vocês em São Paulo já nos ensinaram que não é tão difícil obter uma massa de assinaturas, desde que se conte com um sindicato competente como o dos camelôs. Quando pessoas de certa credibilidade [como os procuradores] colocam a pergunta "Você é a favor ou contra o combate à corrupção?", é claro que muitos firmarão o documento. As pessoas não são do mundo jurídico e não conhecem suas peculiaridades. Mas certamente não concordam que se valide tortura ou prova ilícita nem que se dificulte o habeas corpus. Cada um tem seu ofício por verdadeiro, e talvez eles [procuradores] estejam traduzindo essa visão. Mas estão usando a Lava Jato para fortalecer a corporação e seus privilégios e, além disso, a visão de mundo deles. Que não é necessariamente a de todos nem coincide, em suas linhas básicas, com o Estado de Direito. O Congresso tem que examinar isso de maneira crítica. O Congresso tem condições de fazer isso, com o número de parlamentares que estão envolvidos na Lava Jato? O Congresso é mais do que essas pessoas. Ele representa a sociedade. E não somos uma comunidade de botocudos. Temos analfabetos, mas temos pessoas que sabem ler e escrever. Que não precisam de pacotes de iluminados. O STF não poderia ser incluído nas críticas que o senhor faz ao Judiciário? Ele não é moroso em casos como o de Eduardo Cunha (PMDB-RJ)? Cunha foi eleito presidente da Câmara, com uma força e respaldo institucional enormes. Era parlamentar, tinha imunidade, só poderia ser preso em flagrante. A competência penal do STF foi pensada para casos excepcionais. Não se esperava que a criminalidade na política se instalasse de forma tão ampla. Ele não tem, portanto, a dinâmica de quem se dedica a isso exclusivamente [juízes]. E suas decisões são paradigmáticas, têm efeito irradiador. O Supremo não pode banalizar suas ações. O senhor jantou com o presidente Michel Temer recentemente. E foi criticado, já que vai julgá-lo numa ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Sobre questões ligadas ao processo não se conversa. Nós dois sabemos os limites éticos. Agora, é impossível um presidente do TSE não conversar com o presidente da República. Há questões, por exemplo, orçamentárias que precisam ser discutidas. Quando Lula era presidente da República e eu, do STF, cansei de visitá-lo em sua residência. Jantei com o pessoal do PC do B recentemente, almocei com o José Eduardo Cardozo [ex-ministro da Justiça e advogado de Dilma Rousseff]. Converso com inúmeros políticos. No mais é trololó, é mimimi, tentam na verdade fazer carimbos. O senhor se expõe mais do que outros ministros. É natural que receba mais críticas. Convivo com isso com naturalidade. Há uma falta de institucionalidade no país, de pessoas que cumpram a função de fazer as críticas adequadas. Os parlamentares temem criticar juízes porque amanhã estarão submetidos a um deles. Não falam sobre o Ministério Publico nem sobre a Ordem dos Advogados. É razoável que alguém que não tenha que ter esse tipo de reverência possa falar e apontar rumos. Alguém que tenha responsabilidade institucional, que passou pela presidência do Supremo, que não deve ser um idiota e que não tem medo de críticas.
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Lava Jato é usada para fortalecer privilégios, diz Gilmar MendesO ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), diz que juízes e procuradores que atacam a proposta de lei que pune abuso de autoridades "imaginam que devam ter licença para cometer abusos". Para ele, o combate à corrupção e a Operação Lava Jato estão sendo usados "oportunisticamente" para a defesa de privilégios do Judiciário, do Ministério Público e de outras corporações. Mendes diz que a Lava Jato é um marco no combate à corrupção, mas nem por isso "práticas ou decisões do juiz Moro e dos procuradores" devem ser canonizadas. Leia abaixo os principais trechos da entrevista dada à Folha. * Folha - Os juízes estão se insurgindo contra a proposta de lei que pune o abuso de autoridades. Sergio Moro diz que ela é um atentado à magistratura. Procuradores ameaçam deixar a Operação Lava Jato. Eles têm razão para temer? Gilmar Mendes - Parece que eles imaginam que devam ter licença para cometer abusos! O projeto é de 2009 e não trata exclusivamente de juízes e de procuradores, mas sim de todas as autoridades: delegados, membros de CPIs, deputados. Tanto que a maior resistência à proposta partiu de delegados de Polícia Civil na época. Por isso o projeto ficou tanto tempo arquivado. Agora, nós temos que partir de uma premissa clara: a definição de Estado de Direito é a de que não há soberanos. Juízes e promotores não são diferentes de todas as outras autoridades e devem responder pelos seus atos. E a verdade é que nós temos um histórico de abusos que vai de A a Z, do guarda de trânsito ao promotor, de prisões abusivas, de vazamento de informações sigilosas, para falar apenas das coisas correntes. Esse é o quadro. Há também insurgências contra a PEC 241, que limita gastos. Nota da PGR (Procuradoria-Geral da República) faz criticas a ela. E defende que, se a receita crescer, seja destinada ao "combate à corrupção", ou seja, ao próprio Ministério Público, entre outros. A AGU (Advocacia-Geral da União), a Receita Federal, a PF também fazem o discurso de que os salários deles têm que ser elevados porque são combatentes da corrupção. Isso se tornou estratégia de grupos corporativos fortes para ter apoio da população. É uma esperteza midiática. Não tem nada a ver com a realidade. Os juízes todos estão agora engajados no combate à corrupção? São 18 mil Sergios Moros? Sabe? No fundo estão aproveitando-se oportunisticamente da Lava Jato. Mas não há uma luta legítima pelo fortalecimento do Estado em suas funções essenciais? A questão do devido aparelhamento dos órgãos vai muito além da questão salarial. O Judiciário estadual tem salários extremamente generosos, mas estrutura mínima. Não tem funcionários, faltam peritos. E a discussão está concentrada no salário dos juízes. Nós não vemos juízes estaduais defendendo a melhoria do Judiciário estadual. Nós chegamos a discutir no STF portaria [do procurador-geral da República, Rodrigo Janot] que determinava que os procuradores viajassem de classe executiva. Quer dizer, perdemos as medidas! E isso é preciso ser dito para o distinto público, que é quem paga a conta. Se o procurador que vai à Itália fazer um convênio, ou à Suíça obter o retorno de dinheiro, viaja de classe executiva ou de econômica, isso tem a ver com combate à corrupção? O Judiciário brasileiro é um macrocéfalo com pernas de pau. É o mais caro do mundo. E muito mal estruturado. Há uma distorção completa. O governador do Maranhão, Flávio Dino, me disse que não há nenhum desembargador ganhando menos do que R$ 55 mil no Estado. O teto nacional é de R$ 33 mil. Eu estive com o governador Francisco Dornelles, do Rio, que enfrenta situação extremamente difícil. Ele tem receita de R$ 34 bilhões. Gasta R$ 17 bilhões com 220 mil aposentados, muitos do judiciário, do legislativo e do MP. Ele tem dificuldade de saber quanto ganha um juiz. Um representante do Ministério Público pediu a ele que antecipasse o repasse [ao órgão], num total alheamento da realidade. E nenhuma disposição para participar do sacrifício pedido a todos. É uma loucura que tem método. Chegou-se ao caos porque se escolheu esse caminho. E isto em razão do quê? De governos débeis, às vezes com base ética frágil, que se curvam às imposições. Com medo do Judiciário? Com medo do Judiciário. Diante da sugestão de que levasse para a Assembleia Legislativa os cortes necessários e a divisão por todos os partícipes, Dornelles me disse: "Dificilmente a Assembleia aprovaria porque está submetida a constrangimentos impostos pelo MP e pelo Judiciário, decorrentes da Lei da Ficha Limpa". Foi uma surpresa para mim. Algo que aparentemente veio para o bem empoderou grupos que transformaram isso num instrumento de chantagem. A PEC dos gastos não pode estender ao país o que ocorre no Rio? Cortes na saúde em benefício de poderes organizados? Será a grande chance de se trazer todos os poderes para uma realidade institucional, com publicidade de seus gastos na internet para que sejam submetidos a uma supervisão geral. A autonomia administrativa e financeira não dá blindagem para ninguém sair gastando de maneira secreta. A autonomia, pensada para tirar o Judiciário e o MP da dependência do Executivo, está sendo manipulada, lida como soberania, o direito de fazer qualquer coisa. A Defensoria Pública da União conseguiu autonomia e seu primeiro ato foi se conceder auxílio moradia. Órgãos que poderiam cumprir função racionalizadora, como o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), acabaram cooptados. O último ato da gestão passada do CNJ foi estender o recesso de 20/12 a 6/1, da Justiça Federal, que deveria ter sido extinto, para a Justiça Estadual. O CNJ se transformou, em certas gestões, num instrumento de corporação. Quando há alteração de vencimentos na esfera federal, cada legislador estadual teria que deliberar sobre os vencimentos na esfera estadual. O CNJ decidiu que isso seria automático, violando a autonomia dos Estados. Em suma, criamos um monstro. As autoridades não estariam navegando na Lava Jato também para fortalecer projeto político de avanço de ideias que defendem, como as "10 medidas contra a corrupção"? Deixa eu dizer logo: a Lava Jato tem sido um grande instrumento de combate à corrupção. Ela colocou as entranhas do sistema político e econômico-financeiro à mostra, tornando imperativas uma série de reformas. Agora, daí a dizer que nós temos que canonizar todas as práticas ou decisões do juiz Moro e dos procuradores vai uma longa distância. É preciso escrutinar as decisões e criticar métodos que levam a abusos. Eu mesmo já votei em favor da concessão de habeas corpus e defendo limites temporais para as prisões preventivas. Da mesma forma, as chamadas dez medidas têm que ser examinadas com escrutínio crítico. Medidas propostas como iniciativa popular não têm que ser necessariamente aprovadas pelo Congresso. O senhor acha que as 2,2 milhões de pessoas que assinaram a proposta das dez medidas leram e entenderam cada uma delas? Claro que não. E vocês em São Paulo já nos ensinaram que não é tão difícil obter uma massa de assinaturas, desde que se conte com um sindicato competente como o dos camelôs. Quando pessoas de certa credibilidade [como os procuradores] colocam a pergunta "Você é a favor ou contra o combate à corrupção?", é claro que muitos firmarão o documento. As pessoas não são do mundo jurídico e não conhecem suas peculiaridades. Mas certamente não concordam que se valide tortura ou prova ilícita nem que se dificulte o habeas corpus. Cada um tem seu ofício por verdadeiro, e talvez eles [procuradores] estejam traduzindo essa visão. Mas estão usando a Lava Jato para fortalecer a corporação e seus privilégios e, além disso, a visão de mundo deles. Que não é necessariamente a de todos nem coincide, em suas linhas básicas, com o Estado de Direito. O Congresso tem que examinar isso de maneira crítica. O Congresso tem condições de fazer isso, com o número de parlamentares que estão envolvidos na Lava Jato? O Congresso é mais do que essas pessoas. Ele representa a sociedade. E não somos uma comunidade de botocudos. Temos analfabetos, mas temos pessoas que sabem ler e escrever. Que não precisam de pacotes de iluminados. O STF não poderia ser incluído nas críticas que o senhor faz ao Judiciário? Ele não é moroso em casos como o de Eduardo Cunha (PMDB-RJ)? Cunha foi eleito presidente da Câmara, com uma força e respaldo institucional enormes. Era parlamentar, tinha imunidade, só poderia ser preso em flagrante. A competência penal do STF foi pensada para casos excepcionais. Não se esperava que a criminalidade na política se instalasse de forma tão ampla. Ele não tem, portanto, a dinâmica de quem se dedica a isso exclusivamente [juízes]. E suas decisões são paradigmáticas, têm efeito irradiador. O Supremo não pode banalizar suas ações. O senhor jantou com o presidente Michel Temer recentemente. E foi criticado, já que vai julgá-lo numa ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Sobre questões ligadas ao processo não se conversa. Nós dois sabemos os limites éticos. Agora, é impossível um presidente do TSE não conversar com o presidente da República. Há questões, por exemplo, orçamentárias que precisam ser discutidas. Quando Lula era presidente da República e eu, do STF, cansei de visitá-lo em sua residência. Jantei com o pessoal do PC do B recentemente, almocei com o José Eduardo Cardozo [ex-ministro da Justiça e advogado de Dilma Rousseff]. Converso com inúmeros políticos. No mais é trololó, é mimimi, tentam na verdade fazer carimbos. O senhor se expõe mais do que outros ministros. É natural que receba mais críticas. Convivo com isso com naturalidade. Há uma falta de institucionalidade no país, de pessoas que cumpram a função de fazer as críticas adequadas. Os parlamentares temem criticar juízes porque amanhã estarão submetidos a um deles. Não falam sobre o Ministério Publico nem sobre a Ordem dos Advogados. É razoável que alguém que não tenha que ter esse tipo de reverência possa falar e apontar rumos. Alguém que tenha responsabilidade institucional, que passou pela presidência do Supremo, que não deve ser um idiota e que não tem medo de críticas.
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Dunga não quer, mas precisa
Se Ronaldinho tivesse jogado, por muito tempo, no nível técnico dos dois anos seguidos em que foi o melhor do mundo, estaria hoje entre os maiores da história. Em vez de tantas discussões sobre as causas de seu rápido declínio, poderíamos fazer um raciocínio inverso, o de tentar compreender os motivos de ele ter sido tão fenomenal durante dois anos. Atípico seria esse período. O mesmo ocorre com outros jogadores, de diferentes níveis técnicos. Amanhã, contra o Chile, um jogo sem favorito, o Brasil deve atuar com Douglas Costa e Willian, pelas pontas, com Hulk, de centroavante, e, provavelmente, com Oscar, de meia, pelo centro, no lugar de Lucas Lima. Se estivesse Neymar, poderia sair Willian, passando Douglas Costa para a direita; Oscar, com Neymar formando dupla com o centroavante; ou Hulk, com a equipe sem centroavante. Oscar (ou Lucas Lima) deveria jogar mais como um terceiro do meio-campo, um meio-campista, do que mais próximo da área, como um meia-atacante. Prefiro Lucas Lima, por ser mais armador, organizador. Os clubes e a seleção brasileira, com algumas exceções, perderam a capacidade de se juntar no meio-campo, de trocar passes, de ficar com a bola, de impor o jogo, de armar e de atacar em bloco. Vivem de bolas esticadas, de estocadas e de lances individuais e isolados. Como o Chile avança e pressiona, os rápidos e habilidosos meias e atacantes brasileiros devem ter mais espaço no contra-ataque. Essa é uma das razões das habituais vitórias do Brasil. Douglas Costa tem brilhado no Bayern, porque o time domina a partida, recupera a bola no campo do adversário e, rapidamente, a entrega a ele, com apenas um marcador à frente. Douglas Costa é rápido, habilidoso e cruza bem. Dunga tenta se livrar de alguns jogadores, mas não consegue. Novamente, Daniel Alves ficou fora e só depois foi chamado, por causa da saída de um lateral. Será, mais uma vez, o titular. Com Fabinho, é o contrário. Dunga não quer se livrar dele, mas não o escala. Com Marcelo, ocorre algo parecido. Na Copa América, só foi chamado por causa da contusão de Filipe Luís e foi titular. Dunga gosta mais de Filipe Luís, mas não consegue se livrar de Marcelo, que tem jogado demais no Real Madrid. Dunga tentou também se livrar de Hulk, que ficou muito tempo sem ser convocado, por causa de um desentendimento sobre a condição física do jogador. Mas não conseguiu, pois não há opção melhor. A bola da vez é Thiago Silva, ainda mais depois do pênalti cometido contra o Paraguai. Imagino também que não vá conseguir se livrar dele. Em vez de bani-lo, Dunga deveria recuperá-lo para a Seleção. Thiago Silva continua brilhando na PSG, muito mais que David Luiz e Marquinhos, zagueiros convocados. Outra incoerência é a convocação de Kaká, que só foi chamado porque Philippe Coutinho se contundiu. Se Kaká é tão importante, como dizem, por sua experiência e por ser um conselheiro dos jogadores, por que não foi chamado antes? Dunga deveria se livrar de si próprio, de seu dogmatismo, de sua estreiteza, de achar que só existe uma verdade e uma maneira de vencer.
colunas
Dunga não quer, mas precisaSe Ronaldinho tivesse jogado, por muito tempo, no nível técnico dos dois anos seguidos em que foi o melhor do mundo, estaria hoje entre os maiores da história. Em vez de tantas discussões sobre as causas de seu rápido declínio, poderíamos fazer um raciocínio inverso, o de tentar compreender os motivos de ele ter sido tão fenomenal durante dois anos. Atípico seria esse período. O mesmo ocorre com outros jogadores, de diferentes níveis técnicos. Amanhã, contra o Chile, um jogo sem favorito, o Brasil deve atuar com Douglas Costa e Willian, pelas pontas, com Hulk, de centroavante, e, provavelmente, com Oscar, de meia, pelo centro, no lugar de Lucas Lima. Se estivesse Neymar, poderia sair Willian, passando Douglas Costa para a direita; Oscar, com Neymar formando dupla com o centroavante; ou Hulk, com a equipe sem centroavante. Oscar (ou Lucas Lima) deveria jogar mais como um terceiro do meio-campo, um meio-campista, do que mais próximo da área, como um meia-atacante. Prefiro Lucas Lima, por ser mais armador, organizador. Os clubes e a seleção brasileira, com algumas exceções, perderam a capacidade de se juntar no meio-campo, de trocar passes, de ficar com a bola, de impor o jogo, de armar e de atacar em bloco. Vivem de bolas esticadas, de estocadas e de lances individuais e isolados. Como o Chile avança e pressiona, os rápidos e habilidosos meias e atacantes brasileiros devem ter mais espaço no contra-ataque. Essa é uma das razões das habituais vitórias do Brasil. Douglas Costa tem brilhado no Bayern, porque o time domina a partida, recupera a bola no campo do adversário e, rapidamente, a entrega a ele, com apenas um marcador à frente. Douglas Costa é rápido, habilidoso e cruza bem. Dunga tenta se livrar de alguns jogadores, mas não consegue. Novamente, Daniel Alves ficou fora e só depois foi chamado, por causa da saída de um lateral. Será, mais uma vez, o titular. Com Fabinho, é o contrário. Dunga não quer se livrar dele, mas não o escala. Com Marcelo, ocorre algo parecido. Na Copa América, só foi chamado por causa da contusão de Filipe Luís e foi titular. Dunga gosta mais de Filipe Luís, mas não consegue se livrar de Marcelo, que tem jogado demais no Real Madrid. Dunga tentou também se livrar de Hulk, que ficou muito tempo sem ser convocado, por causa de um desentendimento sobre a condição física do jogador. Mas não conseguiu, pois não há opção melhor. A bola da vez é Thiago Silva, ainda mais depois do pênalti cometido contra o Paraguai. Imagino também que não vá conseguir se livrar dele. Em vez de bani-lo, Dunga deveria recuperá-lo para a Seleção. Thiago Silva continua brilhando na PSG, muito mais que David Luiz e Marquinhos, zagueiros convocados. Outra incoerência é a convocação de Kaká, que só foi chamado porque Philippe Coutinho se contundiu. Se Kaká é tão importante, como dizem, por sua experiência e por ser um conselheiro dos jogadores, por que não foi chamado antes? Dunga deveria se livrar de si próprio, de seu dogmatismo, de sua estreiteza, de achar que só existe uma verdade e uma maneira de vencer.
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Ana Paula Vescovi será secretária do Tesouro Nacional
A economista Ana Paula Vescovi, atual secretária de Fazenda do Espírito Santo, assumirá a Secretaria do Tesouro Nacional. A nomeação foi confirmada nesta quinta-feira (2) pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ana Paula substitui Otávio Ladeira, servidor de carreira que será secretário-adjunto do Tesouro. A nova titular do Tesouro já trabalhou no ministério nos governos FHC e Lula. Foi secretária-adjunta de Macroeconomia na Secretaria de Política Econômica entre 1997 e 2007. Ana Paula é mestre em Economia do Setor Público pela UNB (Universidade de Brasília e mestre em Administração Pública pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Otávio Ladeira estava no cargo desde dezembro de 2015. Ele substituiu Marcelo Barbosa Saintive, que deixou o ministério junto com Joaquim Levy.
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Ana Paula Vescovi será secretária do Tesouro NacionalA economista Ana Paula Vescovi, atual secretária de Fazenda do Espírito Santo, assumirá a Secretaria do Tesouro Nacional. A nomeação foi confirmada nesta quinta-feira (2) pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ana Paula substitui Otávio Ladeira, servidor de carreira que será secretário-adjunto do Tesouro. A nova titular do Tesouro já trabalhou no ministério nos governos FHC e Lula. Foi secretária-adjunta de Macroeconomia na Secretaria de Política Econômica entre 1997 e 2007. Ana Paula é mestre em Economia do Setor Público pela UNB (Universidade de Brasília e mestre em Administração Pública pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Otávio Ladeira estava no cargo desde dezembro de 2015. Ele substituiu Marcelo Barbosa Saintive, que deixou o ministério junto com Joaquim Levy.
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Cidades afetadas pela cheia no Acre recebem 7 toneladas de medicamentos
Os municípios atingidos pela cheia no Acre receberão mais de sete toneladas de medicamentos e insumos enviados pelo governo federal. O material, que começou a chegar ao Estado na última sexta-feira (6), foi dividido em 30 kits, de 250 kg cada um. A previsão do Ministério da Saúde é que até o fim desta semana todas as unidades sejam entregues pela força-tarefa do Exército que têm atuado em parceria com o Estado. O kit é composto por 30 medicamentos, incluindo antibióticos e anti-inflamatórios e 18 insumos estratégicos (ataduras, seringas) para o atendimento, por um período de três meses, de até 500 pessoas desabrigadas e desalojadas. "Estamos fazendo um novo envio para reposição dos medicamentos. Só neste ano já foram enviados ao Acre 41 kits", afirma Daniela Buosi, coordenadora de Vigilância e Saúde Ambiental do Ministério da Saúde. Ela explica que a logística é complexa e que cada emergência requer um plano de contingência. No caso do Acre, a nova remessa está indo de avião até Rio Branco. De lá, será encaminhada aos demais municípios afetados. "Enviamos um mínimo de dois kits por voo, de acordo com a carga máxima de cada aeronave. Afinal, cada kit pesa 250 kg". Segundo a coordenadora, a medida não é um ato isolado, integra o sistema de gestão de emergência previsto na Portaria 2363 do Ministério da Saúde que instituiu repasses do Fundo Nacional de Saúde a Estados e municípios em estado de calamidade pública. Além do aporte material, equipes de apoio também são escolhidas ou enviadas para as localidades. FAXINA Uma operação de limpeza será iniciada nesta segunda-feira (9) em Rio Branco, onde as águas do rio Acre permanecem em constante vazante. Os trabalhos terão início às 6h e a jornada só se encerra às 22h. Cerca de 570 homens divididos em 30 equipes estarão envolvidos nos trabalhos de retiradas de entulhos, desobstrução de esgotos e lavagem das ruas de bairros que já apresentaram vazante (Bahia Nova, Bahia Velha, Carandá, parte do Aeroporto Velho, Habitasa, parte da Cadeia Velha e Cidade Nova). O serviço de higienização envolverá 270 máquinas, entre caçambas, pá carregadeiras, caminhões pipas, retroescavadeiras e outros. "Na medida em que rio for baixando, iremos avançando com a operação nos demais bairros, como a Seis de Agosto, Taquari, Triangulo Velho e Novo. Estamos orientando as famílias que estão em abrigos públicos para que aguardem o nível das águas baixar. Para que somente após a limpeza das áreas afetadas, elas retornem às suas residências", afirmou o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, em nota. Na manhã deste domingo (8), o nível do manancial marcava 16,85 metros, segundo boletim da Defesa Civil. Para que os moradores voltem aos seus lares, essa marca precisa atingir pelo menos 14 metros.
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Cidades afetadas pela cheia no Acre recebem 7 toneladas de medicamentosOs municípios atingidos pela cheia no Acre receberão mais de sete toneladas de medicamentos e insumos enviados pelo governo federal. O material, que começou a chegar ao Estado na última sexta-feira (6), foi dividido em 30 kits, de 250 kg cada um. A previsão do Ministério da Saúde é que até o fim desta semana todas as unidades sejam entregues pela força-tarefa do Exército que têm atuado em parceria com o Estado. O kit é composto por 30 medicamentos, incluindo antibióticos e anti-inflamatórios e 18 insumos estratégicos (ataduras, seringas) para o atendimento, por um período de três meses, de até 500 pessoas desabrigadas e desalojadas. "Estamos fazendo um novo envio para reposição dos medicamentos. Só neste ano já foram enviados ao Acre 41 kits", afirma Daniela Buosi, coordenadora de Vigilância e Saúde Ambiental do Ministério da Saúde. Ela explica que a logística é complexa e que cada emergência requer um plano de contingência. No caso do Acre, a nova remessa está indo de avião até Rio Branco. De lá, será encaminhada aos demais municípios afetados. "Enviamos um mínimo de dois kits por voo, de acordo com a carga máxima de cada aeronave. Afinal, cada kit pesa 250 kg". Segundo a coordenadora, a medida não é um ato isolado, integra o sistema de gestão de emergência previsto na Portaria 2363 do Ministério da Saúde que instituiu repasses do Fundo Nacional de Saúde a Estados e municípios em estado de calamidade pública. Além do aporte material, equipes de apoio também são escolhidas ou enviadas para as localidades. FAXINA Uma operação de limpeza será iniciada nesta segunda-feira (9) em Rio Branco, onde as águas do rio Acre permanecem em constante vazante. Os trabalhos terão início às 6h e a jornada só se encerra às 22h. Cerca de 570 homens divididos em 30 equipes estarão envolvidos nos trabalhos de retiradas de entulhos, desobstrução de esgotos e lavagem das ruas de bairros que já apresentaram vazante (Bahia Nova, Bahia Velha, Carandá, parte do Aeroporto Velho, Habitasa, parte da Cadeia Velha e Cidade Nova). O serviço de higienização envolverá 270 máquinas, entre caçambas, pá carregadeiras, caminhões pipas, retroescavadeiras e outros. "Na medida em que rio for baixando, iremos avançando com a operação nos demais bairros, como a Seis de Agosto, Taquari, Triangulo Velho e Novo. Estamos orientando as famílias que estão em abrigos públicos para que aguardem o nível das águas baixar. Para que somente após a limpeza das áreas afetadas, elas retornem às suas residências", afirmou o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, em nota. Na manhã deste domingo (8), o nível do manancial marcava 16,85 metros, segundo boletim da Defesa Civil. Para que os moradores voltem aos seus lares, essa marca precisa atingir pelo menos 14 metros.
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Curdos retomaram do EI a cidade iraquiana de Sinjar, diz líder regional
As forças curdas retomaram nesta sexta-feira (13) a cidade de Sinjar, no Iraque, das mãos da milícia radical Estado Islâmico (EI), disse o presidente do Curdistão iraquiano, Massoud Barzani. "A liberação de Sinjar terá um grande impacto na libertação de Mossul", disse Barzani em uma coletiva de imprensa. Mossul é a autodeclarada capital do califado do EI no Iraque. Com o apoio de bombardeios liderados pelos Estados Unidos, soldados peshmerga (nome das tropas curdas) entraram na cidade sem enfrentar grande resistência dos combatentes do EI. A operação de retomada foi deflagrada nesta quinta-feira (12). Leia mais em: http://folha.com/no1705849
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Curdos retomaram do EI a cidade iraquiana de Sinjar, diz líder regionalAs forças curdas retomaram nesta sexta-feira (13) a cidade de Sinjar, no Iraque, das mãos da milícia radical Estado Islâmico (EI), disse o presidente do Curdistão iraquiano, Massoud Barzani. "A liberação de Sinjar terá um grande impacto na libertação de Mossul", disse Barzani em uma coletiva de imprensa. Mossul é a autodeclarada capital do califado do EI no Iraque. Com o apoio de bombardeios liderados pelos Estados Unidos, soldados peshmerga (nome das tropas curdas) entraram na cidade sem enfrentar grande resistência dos combatentes do EI. A operação de retomada foi deflagrada nesta quinta-feira (12). Leia mais em: http://folha.com/no1705849
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Cidade do sertão cearense faz 'vaquinha' para produzir filme
No interior do Ceará, uma cidade se uniu para levar "Os Olhos de Alice", um drama sobre prostituição, a festivais internacionais e aos cinemas. A produção foi rodada no início de julho em Aurora (cerca de 360 km de Fortaleza), município com 24 mil habitantes onde nasceu o idealizador do filme, Lamarck Dias. Assim, 60% da equipe eram de pessoas da cidade. Do custo total de R$ 50 mil da produção, R$ 43 mil foram pagos por empresários e atores locais e o restante veio da Secretaria Municipal de Cultura. "Não tínhamos verba. A gente recrutou a própria população. Cerca de 60 pessoas, entre atores, figurantes e equipe técnica", diz o potiguar Daniel Rizzi ("Sem Chão", 2016), convidado por Dias para dirigir a obra. O longa, de 80 minutos, expõe os traumas ocasionados pelo abuso e exploração sexual contra jovens e adolescentes no interior do país. A atriz potiguar Luanna Oliveira vive a jovem Alice, que desde a infância sofre abusos sexuais e acaba levada à prostituição pelas mãos do próprio pai (Marcos Wainberg, ex-"Zorra Total"). Miguel Nader, com participação em novelas da Globo, também faz parte do elenco. A ideia para o lançamento, previsto para dezembro, é fazer uma grande festa em Aurora, reunindo até 5.000 pessoas para a exibição. Há ainda esperança de voos internacionais. "A missão é apresentar o filme nos grandes festivais, incluindo Gramado e Cannes, para percebermos como será recebido e, posteriormente, buscarmos salas de cinema pelo país", afirma Rizzi.
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Cidade do sertão cearense faz 'vaquinha' para produzir filmeNo interior do Ceará, uma cidade se uniu para levar "Os Olhos de Alice", um drama sobre prostituição, a festivais internacionais e aos cinemas. A produção foi rodada no início de julho em Aurora (cerca de 360 km de Fortaleza), município com 24 mil habitantes onde nasceu o idealizador do filme, Lamarck Dias. Assim, 60% da equipe eram de pessoas da cidade. Do custo total de R$ 50 mil da produção, R$ 43 mil foram pagos por empresários e atores locais e o restante veio da Secretaria Municipal de Cultura. "Não tínhamos verba. A gente recrutou a própria população. Cerca de 60 pessoas, entre atores, figurantes e equipe técnica", diz o potiguar Daniel Rizzi ("Sem Chão", 2016), convidado por Dias para dirigir a obra. O longa, de 80 minutos, expõe os traumas ocasionados pelo abuso e exploração sexual contra jovens e adolescentes no interior do país. A atriz potiguar Luanna Oliveira vive a jovem Alice, que desde a infância sofre abusos sexuais e acaba levada à prostituição pelas mãos do próprio pai (Marcos Wainberg, ex-"Zorra Total"). Miguel Nader, com participação em novelas da Globo, também faz parte do elenco. A ideia para o lançamento, previsto para dezembro, é fazer uma grande festa em Aurora, reunindo até 5.000 pessoas para a exibição. Há ainda esperança de voos internacionais. "A missão é apresentar o filme nos grandes festivais, incluindo Gramado e Cannes, para percebermos como será recebido e, posteriormente, buscarmos salas de cinema pelo país", afirma Rizzi.
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Castelo de pedra e colina verde dão vista panorâmica para Edimburgo
A pontualidade, diz o ditado, é britânica. Pobres os turistas que, a segundos das 13h, se amontoam nas bilheterias do castelo de Edimburgo. Isso porque, na mesma hora, dezenas de visitantes já se apinharam esperando o horário, canônico para o lugar. Nos tais segundos que antecedem as 13h, um soldado surge portando uma bala, litúrgica e devidamente posicionada no canhão para, na hora marcada, reverberar. Quem não conseguiu lugar na amurada tenta ver (e ouvir) de longe o tiro e o estampido seco, que ecoa rapidamente pelo amplo horizonte que se vê no topo da cidade. Ainda assim se ouvem gritinhos de susto. O tiro das 13h, atração maior do castelo, servia para regular os relógios de navios atracados na costa da capital escocesa. Mas é tradição nova se comparada a outros pontos do lugar: ela data de 1861; a capela de St. Margaret, de 1130. Simples, até espartana, a igreja guarda riqueza nos detalhes (dos tecidos do altar, por exemplo) e é tão simbólica quanto a pedra do Destino, sobre a qual são coroados reis britânicos, e o pitoresco cemitério para cães soldados. Essa simplicidade, por sua vez, contrasta com o pequeno museu que preserva as reluzentes joias da coroa escocesa e o belo Great Hall, com armaduras mantidas sob um teto de madeira trabalhada. PARQUES E PUBS Da Castle Rock, no cume de Edimburgo, o único sentido é tomar a Royal Mile. Cercada de edifícios tão antigos quanto o castelo –a imponente catedral de St. Giles é de 1124– a via é vibrante, com lojas de decoração e quinquilharias, turistas aos montes e tocadores de gaitas de fole. Há que se tomar as ruas perpendiculares, porém, para deixar a esfera medieval e adentrar um pouco mais na modernidade britânica, na chamada "New Town". Descendo à esquerda, no sentido dos parques Queen Street Gardens e Regent Gardens (onde está o monumento nacional da Escócia), na região da George e da Queen streets, ficam bares modernos (como Panda & Sons e Bramble) e restaurantes refinados. À direita, em vielas como a Cowgate, topa-se com uma unidade da cervejaria moderninha BrewDog –nascida a 250 km dali– e uma fileira de pubs na Grassmarket, antiga praça de enforcamentos. Quem seguir sempre em frente pela Royal Mile vai encontrar o parque Holyrood, onde fica um palácio que serve de residência à família real (hoje com uma exposição sobre as roupas da rainha Elizabeth), o parlamento escocês, em um prédio moderno para os padrões locais, e a colina Arthur's Seat, alcançada depois de duas horas de trilha. Impossível não travar a disputa da vista mais bonita: a do castelo histórico (a 130 metros) ou da colina de natureza preservada (a 251 metros)? * Capital tem agenda cheia de festivais Um dos apelidos de Edimburgo é 'Cidade dos Festivais', pelo grande número de eventos realizados a partir do verão. São pelo menos dez até outubro (de filmes, arte, teatro, livros...); o primeiro deles, o Imaginate, com shows e peças para crianças, começa no próximo dia 28. Programação em edinburghfestivalcity.com. O jornalista viajou a convite da importadora Aurora * O QUE SABER SOBRE A ESCÓCIA Fuso horário + 4 horas em relação a Brasília (está em horário de verão) Moeda Libra esterlina (£ 1 = R$ 5,02) Visto Brasileiros não precisam de visto para ficar até 3 meses * PACOTES R$ 2.923 Seis noites em Aberdeen, sem refeições ou passeios incluídos. Inclui aéreo. No Decolar: decolar.com € 984 (R$ 3.894) Cinco noites entre Edimburgo, Inverness e Glasgow, com café e passeios de barco, a castelos e destilarias. Sem aéreo, por pessoa. Na CVC: (11) 3003-9282; cvc.com.br US$ 1.360 (R$ 4.714) Seis noites entre Inverness e Edimburgo. Valor por pessoa, sem aéreo, com passeios e café. Na Gold Trip: (11) 4411-8254; goldtrip.com.br R$ 6.049 Valor por pessoa para nove noites entre Edimburgo, Highlands, Oban e ilha de Skye, com café e tours (incluindo destilaria). Na Flytour: flytour.com.br US$ 1.820 (R$ 6.304) Por pessoa. Oito noites entre Glasgow, Edimburgo e Highlands, com café e tours. Sem aéreo. Na RCA: (11) 3017-8700; rcaturismo.com.br R$ 7.858 Por pessoa. Nove noites entre Inglaterra e Escócia. Com café, três jantares, traslados e passeios (também destilaria). Sem aéreo. Na Agaxtur: (11) 3067-0900; agaxtur.com.br US$ 2.219 (R$ 7.692) Pacote de sete noites entre Edimburgo, Aviemore, Oban e ilha de Skye, com café e quatro jantares. Inclui aéreo e passeios. Na Venice: (11) 3087-4747; veniceturismo.com.br US$ 3.280 (R$ 11,3 mil) Valor para duas pessoas por oito noites entre Edimburgo, Highlands, Oban e ilha de Skye. Com café, traslados e passeios a castelos e destilarias. Na Pisa: (11) 5052-4085; pisa.tur.br US$ 3.660 (R$ 12,6 mil) Nove noites entre Londres, Liverpool, Glasgow, Inverness e Edimburgo. Com café, aéreo e passeios, incluindo destilaria. Na Abreu: (11) 2860-1840; abreutur.com.br
turismo
Castelo de pedra e colina verde dão vista panorâmica para EdimburgoA pontualidade, diz o ditado, é britânica. Pobres os turistas que, a segundos das 13h, se amontoam nas bilheterias do castelo de Edimburgo. Isso porque, na mesma hora, dezenas de visitantes já se apinharam esperando o horário, canônico para o lugar. Nos tais segundos que antecedem as 13h, um soldado surge portando uma bala, litúrgica e devidamente posicionada no canhão para, na hora marcada, reverberar. Quem não conseguiu lugar na amurada tenta ver (e ouvir) de longe o tiro e o estampido seco, que ecoa rapidamente pelo amplo horizonte que se vê no topo da cidade. Ainda assim se ouvem gritinhos de susto. O tiro das 13h, atração maior do castelo, servia para regular os relógios de navios atracados na costa da capital escocesa. Mas é tradição nova se comparada a outros pontos do lugar: ela data de 1861; a capela de St. Margaret, de 1130. Simples, até espartana, a igreja guarda riqueza nos detalhes (dos tecidos do altar, por exemplo) e é tão simbólica quanto a pedra do Destino, sobre a qual são coroados reis britânicos, e o pitoresco cemitério para cães soldados. Essa simplicidade, por sua vez, contrasta com o pequeno museu que preserva as reluzentes joias da coroa escocesa e o belo Great Hall, com armaduras mantidas sob um teto de madeira trabalhada. PARQUES E PUBS Da Castle Rock, no cume de Edimburgo, o único sentido é tomar a Royal Mile. Cercada de edifícios tão antigos quanto o castelo –a imponente catedral de St. Giles é de 1124– a via é vibrante, com lojas de decoração e quinquilharias, turistas aos montes e tocadores de gaitas de fole. Há que se tomar as ruas perpendiculares, porém, para deixar a esfera medieval e adentrar um pouco mais na modernidade britânica, na chamada "New Town". Descendo à esquerda, no sentido dos parques Queen Street Gardens e Regent Gardens (onde está o monumento nacional da Escócia), na região da George e da Queen streets, ficam bares modernos (como Panda & Sons e Bramble) e restaurantes refinados. À direita, em vielas como a Cowgate, topa-se com uma unidade da cervejaria moderninha BrewDog –nascida a 250 km dali– e uma fileira de pubs na Grassmarket, antiga praça de enforcamentos. Quem seguir sempre em frente pela Royal Mile vai encontrar o parque Holyrood, onde fica um palácio que serve de residência à família real (hoje com uma exposição sobre as roupas da rainha Elizabeth), o parlamento escocês, em um prédio moderno para os padrões locais, e a colina Arthur's Seat, alcançada depois de duas horas de trilha. Impossível não travar a disputa da vista mais bonita: a do castelo histórico (a 130 metros) ou da colina de natureza preservada (a 251 metros)? * Capital tem agenda cheia de festivais Um dos apelidos de Edimburgo é 'Cidade dos Festivais', pelo grande número de eventos realizados a partir do verão. São pelo menos dez até outubro (de filmes, arte, teatro, livros...); o primeiro deles, o Imaginate, com shows e peças para crianças, começa no próximo dia 28. Programação em edinburghfestivalcity.com. O jornalista viajou a convite da importadora Aurora * O QUE SABER SOBRE A ESCÓCIA Fuso horário + 4 horas em relação a Brasília (está em horário de verão) Moeda Libra esterlina (£ 1 = R$ 5,02) Visto Brasileiros não precisam de visto para ficar até 3 meses * PACOTES R$ 2.923 Seis noites em Aberdeen, sem refeições ou passeios incluídos. Inclui aéreo. No Decolar: decolar.com € 984 (R$ 3.894) Cinco noites entre Edimburgo, Inverness e Glasgow, com café e passeios de barco, a castelos e destilarias. Sem aéreo, por pessoa. Na CVC: (11) 3003-9282; cvc.com.br US$ 1.360 (R$ 4.714) Seis noites entre Inverness e Edimburgo. Valor por pessoa, sem aéreo, com passeios e café. Na Gold Trip: (11) 4411-8254; goldtrip.com.br R$ 6.049 Valor por pessoa para nove noites entre Edimburgo, Highlands, Oban e ilha de Skye, com café e tours (incluindo destilaria). Na Flytour: flytour.com.br US$ 1.820 (R$ 6.304) Por pessoa. Oito noites entre Glasgow, Edimburgo e Highlands, com café e tours. Sem aéreo. Na RCA: (11) 3017-8700; rcaturismo.com.br R$ 7.858 Por pessoa. Nove noites entre Inglaterra e Escócia. Com café, três jantares, traslados e passeios (também destilaria). Sem aéreo. Na Agaxtur: (11) 3067-0900; agaxtur.com.br US$ 2.219 (R$ 7.692) Pacote de sete noites entre Edimburgo, Aviemore, Oban e ilha de Skye, com café e quatro jantares. Inclui aéreo e passeios. Na Venice: (11) 3087-4747; veniceturismo.com.br US$ 3.280 (R$ 11,3 mil) Valor para duas pessoas por oito noites entre Edimburgo, Highlands, Oban e ilha de Skye. Com café, traslados e passeios a castelos e destilarias. Na Pisa: (11) 5052-4085; pisa.tur.br US$ 3.660 (R$ 12,6 mil) Nove noites entre Londres, Liverpool, Glasgow, Inverness e Edimburgo. Com café, aéreo e passeios, incluindo destilaria. Na Abreu: (11) 2860-1840; abreutur.com.br
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Investimento mais fácil
Num país em que a concorrência no setor financeiro mostra-se aquém do desejável, surgem novidades que tendem a ampliar o poder de barganha do consumidor. É o que se observa na área de investimentos, onde a onipresença dos bancos começa a ser questionada por corretoras e plataformas independentes com potencial de aproximar o poupador de quem precisa de recursos, cortando as comissões de intermediários. Um bom exemplo é o Tesouro Direto (TD), ferramenta já consagrada de compra e venda de títulos públicos federais, que assiste a um rápido aumento do número de cadastrados —já são 1 milhão de pessoas, das quais 365 mil ativas, com aportes de R$ 38 bilhões. Embora significativo, o montante representa ainda diminuta parcela da dívida federal no mercado (1,3%), o que sugere considerável potencial de crescimento. O site do Tesouro Direto passou recentemente por reformas para facilitar as operações e incentivar o pequeno investidor a deixar produtos menos rentáveis, como a tradicional Poupança. Observa-se, com efeito, uma crescente onda de conscientização sobre os baixos rendimentos dessa modalidade de investimento, que chega a perder para a inflação. Há também outros instrumentos financeiros oferecidos por empresas não ligadas a bancos. Por exemplo, títulos privados, CDBs e letras financeiras podem ser adquiridos em plataformas eletrônicas, em geral em condições melhores que as tradicionalmente disponíveis. Nem tudo é vantajoso, porém. Apesar de tais provedores serem regulados por governo e mercado, não se deve ignorar os riscos de que os clientes façam investimentos sem suficiente informação. Corretoras e gestores que ganham por volume de transações podem ser incentivados a vender o máximo possível, em detrimento da saúde financeira do investidor. Hoje já é possível comparar custos de empréstimos entre bancos, com benefícios óbvios para empresas e famílias. Mesmo no segmento de cartões de crédito, conhecido por taxas abusivas, há métodos inovadores para identificar a qualidade de crédito do cliente e facilitar a queda dos juros dos empréstimos. Ao governo cumpre trabalhar para que a regulação do setor financeiro seja compatível com o aumento da concorrência. Mais alternativas tendem a beneficiar empresas e pessoas físicas que, em muitos casos, se tornam reféns de serviços bancários caros e juros incompatíveis. [email protected]
opiniao
Investimento mais fácilNum país em que a concorrência no setor financeiro mostra-se aquém do desejável, surgem novidades que tendem a ampliar o poder de barganha do consumidor. É o que se observa na área de investimentos, onde a onipresença dos bancos começa a ser questionada por corretoras e plataformas independentes com potencial de aproximar o poupador de quem precisa de recursos, cortando as comissões de intermediários. Um bom exemplo é o Tesouro Direto (TD), ferramenta já consagrada de compra e venda de títulos públicos federais, que assiste a um rápido aumento do número de cadastrados —já são 1 milhão de pessoas, das quais 365 mil ativas, com aportes de R$ 38 bilhões. Embora significativo, o montante representa ainda diminuta parcela da dívida federal no mercado (1,3%), o que sugere considerável potencial de crescimento. O site do Tesouro Direto passou recentemente por reformas para facilitar as operações e incentivar o pequeno investidor a deixar produtos menos rentáveis, como a tradicional Poupança. Observa-se, com efeito, uma crescente onda de conscientização sobre os baixos rendimentos dessa modalidade de investimento, que chega a perder para a inflação. Há também outros instrumentos financeiros oferecidos por empresas não ligadas a bancos. Por exemplo, títulos privados, CDBs e letras financeiras podem ser adquiridos em plataformas eletrônicas, em geral em condições melhores que as tradicionalmente disponíveis. Nem tudo é vantajoso, porém. Apesar de tais provedores serem regulados por governo e mercado, não se deve ignorar os riscos de que os clientes façam investimentos sem suficiente informação. Corretoras e gestores que ganham por volume de transações podem ser incentivados a vender o máximo possível, em detrimento da saúde financeira do investidor. Hoje já é possível comparar custos de empréstimos entre bancos, com benefícios óbvios para empresas e famílias. Mesmo no segmento de cartões de crédito, conhecido por taxas abusivas, há métodos inovadores para identificar a qualidade de crédito do cliente e facilitar a queda dos juros dos empréstimos. Ao governo cumpre trabalhar para que a regulação do setor financeiro seja compatível com o aumento da concorrência. Mais alternativas tendem a beneficiar empresas e pessoas físicas que, em muitos casos, se tornam reféns de serviços bancários caros e juros incompatíveis. [email protected]
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É só o começo
Aposto um picolé de acerola que ninguém ficou surpreso com esse bafão envolvendo a Fifa e a CBF. Há duas semanas, escrevi que, sempre que lia uma notícia sobre a confederação brasileira, me lembrava de "Os Sopranos", uma série da HBO sobre a máfia. Teve gente que não gostou da minha "petulância". Fui chamada de "jornalistazinha de araque". Sou de araque mesmo no que se refere a futebol, mas corrupção, lavagem de dinheiro e toda sorte de trambicagem são velhos conhecidos de qualquer um que leia sobre o meio esportivo. Imagine o que acontece se quem está metido na trambicagem é gente que controla todo o dinheiro e o poder do futebol mundial. A lama deve ser bem maior do que foi noticiado. Mas, ao contrário do que sempre acontece, ou seja, nada, dessa vez a coisa vai ficar bem preta para muita gente importante. Em 15 anos, 13 inquéritos foram abertos contra a CBF e o ex-presidente Ricardo Teixeira, segundo informações do repórter Marco Antônio Martins, ontem, na Folha. Como eu disse: deram em nada. Algumas investigações foram arquivadas ou trancadas por determinação judicial, disse a Polícia Federal. Isso me deixou mais curiosa para saber quem resolveu peitar os dinossauros da Fifa e protagonizar o que está sendo considerado o maior escândalo da história do futebol. Ninguém menos do que a secretária de Justiça dos Estados Unidos, Loretta Lynch, que, para azar dos dirigentes da Fifa, assumiu o cargo há apenas um mês e já colocou em prática o seu discurso de posse. "Ninguém é grande demais para a cadeia. Ninguém está acima da lei." Não mesmo. Em sua primeira grande operação, a senhora Lynch só pegou peixe graúdo. No dia em que as acusações e as prisões foram feitas, ela disse que as investigações abrangem ao menos duas gerações de dirigentes. O que, nas entrelinhas, para mim, está escrito: mais gente será presa. E foi confirmado pela declaração da procuradora americana Kelly Currie: "Essas acusações não são o capítulo final de nossas investigações". O recado é claro: é só o começo. Aposto mais um picolé, dessa vez de chocolate, que ninguém ficou surpreso que o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, pegou o primeiro avião e se escafedeu da Suíça, deixando um José Maria Marin, no mínimo, sem apoio moral. Pra não dizer outra coisa. Por exemplo, a essa hora, Del Nero deve ter pensado: salve-se quem puder. Marin já é um senhorzinho e não fala inglês. Bandido, segundo o FBI, mas um senhorzinho. Senhorzinho que foi largado lá pelo seu sucessor, que, além de ser o representante atual de tudo o que a CBF faz, ainda é advogado criminalista. Fazia sentido ele ficar lá. Mas, depois das declarações da dupla Lynch e Currie e de as investigações do FBI o indicarem como co-conspirador, como informou a Folha, também faz todo sentido que Del Nero tenha feito o que fez. Refugiar-se em nosso Brasil varonil. Segundo ele, para dar "explicações às autoridades e à imprensa". Você acredita? Eu também não. O mais engraçado é o Congresso vir agora com papo de CPI. Agora? Agora que a cavalaria ianque chegou e já começou a prender os bandidos, nossos nobres congressistas querem brincar de mocinho? Confio muito mais em Loretta Lynch, que fez em seu primeiro mês de trabalho o que nossa polícia e nosso Congresso não fizeram em décadas. God bless America!
colunas
É só o começoAposto um picolé de acerola que ninguém ficou surpreso com esse bafão envolvendo a Fifa e a CBF. Há duas semanas, escrevi que, sempre que lia uma notícia sobre a confederação brasileira, me lembrava de "Os Sopranos", uma série da HBO sobre a máfia. Teve gente que não gostou da minha "petulância". Fui chamada de "jornalistazinha de araque". Sou de araque mesmo no que se refere a futebol, mas corrupção, lavagem de dinheiro e toda sorte de trambicagem são velhos conhecidos de qualquer um que leia sobre o meio esportivo. Imagine o que acontece se quem está metido na trambicagem é gente que controla todo o dinheiro e o poder do futebol mundial. A lama deve ser bem maior do que foi noticiado. Mas, ao contrário do que sempre acontece, ou seja, nada, dessa vez a coisa vai ficar bem preta para muita gente importante. Em 15 anos, 13 inquéritos foram abertos contra a CBF e o ex-presidente Ricardo Teixeira, segundo informações do repórter Marco Antônio Martins, ontem, na Folha. Como eu disse: deram em nada. Algumas investigações foram arquivadas ou trancadas por determinação judicial, disse a Polícia Federal. Isso me deixou mais curiosa para saber quem resolveu peitar os dinossauros da Fifa e protagonizar o que está sendo considerado o maior escândalo da história do futebol. Ninguém menos do que a secretária de Justiça dos Estados Unidos, Loretta Lynch, que, para azar dos dirigentes da Fifa, assumiu o cargo há apenas um mês e já colocou em prática o seu discurso de posse. "Ninguém é grande demais para a cadeia. Ninguém está acima da lei." Não mesmo. Em sua primeira grande operação, a senhora Lynch só pegou peixe graúdo. No dia em que as acusações e as prisões foram feitas, ela disse que as investigações abrangem ao menos duas gerações de dirigentes. O que, nas entrelinhas, para mim, está escrito: mais gente será presa. E foi confirmado pela declaração da procuradora americana Kelly Currie: "Essas acusações não são o capítulo final de nossas investigações". O recado é claro: é só o começo. Aposto mais um picolé, dessa vez de chocolate, que ninguém ficou surpreso que o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, pegou o primeiro avião e se escafedeu da Suíça, deixando um José Maria Marin, no mínimo, sem apoio moral. Pra não dizer outra coisa. Por exemplo, a essa hora, Del Nero deve ter pensado: salve-se quem puder. Marin já é um senhorzinho e não fala inglês. Bandido, segundo o FBI, mas um senhorzinho. Senhorzinho que foi largado lá pelo seu sucessor, que, além de ser o representante atual de tudo o que a CBF faz, ainda é advogado criminalista. Fazia sentido ele ficar lá. Mas, depois das declarações da dupla Lynch e Currie e de as investigações do FBI o indicarem como co-conspirador, como informou a Folha, também faz todo sentido que Del Nero tenha feito o que fez. Refugiar-se em nosso Brasil varonil. Segundo ele, para dar "explicações às autoridades e à imprensa". Você acredita? Eu também não. O mais engraçado é o Congresso vir agora com papo de CPI. Agora? Agora que a cavalaria ianque chegou e já começou a prender os bandidos, nossos nobres congressistas querem brincar de mocinho? Confio muito mais em Loretta Lynch, que fez em seu primeiro mês de trabalho o que nossa polícia e nosso Congresso não fizeram em décadas. God bless America!
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Dirigido por Scorsese, documentário sobre Bob Dylan ganha edição de luxo
O Nobel de Literatura provocou um tsunami de lançamentos e relançamentos de tudo relacionado a Dylan: discos clássicos remasterizados, livros de letras de canções, e agora essa edição de luxo do documentário dirigido em 2005 por Martin Scorsese, que já era um filme extenso —207 minutos— e agora ganhou quase três horas de extras, com cenas de shows, apresentações na TV e entrevistas. Bob Dylan - No Direction Home: 10th Anniversary Edition. Direção: Martin Scorsese. (R$ 79,90, DVD, em londoncalling.com.br ) * Filme Saída da floresta Comédia dramática em que Viggo Mortensen faz um pai que cria seis filhos no meio de uma floresta no Noroeste dos Estados Unidos, sem contato com o mundo moderno, até que precisa ir à "cidade grande" para o velório da esposa, que havia abandonado a família. Apesar de um final um tanto piegas, o filme é muito acima da média. Capitão Fantástico. Direção: Matt Ross. Elenco: Viggo Mortensen, George MacKay, Samantha Isler e outros. Disponível no Google Play (aluguel a partir de R$ 6,90) e no iTunes Store (aluguel a partir de US$ 4,99) * Livro A luta Adaptação para os quadrinhos do famoso romance de Franz Kafka sobre um homem, Joseph K., que é preso sem nenhuma explicação e precisa enfrentar um sistema jurídico e policial absurdo. O texto é do escritor norte-americano David Zane Mairowitz e os desenhos, do artista gráfico francês Chantal Montellier. O Processo. Autor: Franz Kafka. Editora: Veneta (2013, 128 págs., R$ 28,90 em livrariadafolha.com.br )
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Dirigido por Scorsese, documentário sobre Bob Dylan ganha edição de luxoO Nobel de Literatura provocou um tsunami de lançamentos e relançamentos de tudo relacionado a Dylan: discos clássicos remasterizados, livros de letras de canções, e agora essa edição de luxo do documentário dirigido em 2005 por Martin Scorsese, que já era um filme extenso —207 minutos— e agora ganhou quase três horas de extras, com cenas de shows, apresentações na TV e entrevistas. Bob Dylan - No Direction Home: 10th Anniversary Edition. Direção: Martin Scorsese. (R$ 79,90, DVD, em londoncalling.com.br ) * Filme Saída da floresta Comédia dramática em que Viggo Mortensen faz um pai que cria seis filhos no meio de uma floresta no Noroeste dos Estados Unidos, sem contato com o mundo moderno, até que precisa ir à "cidade grande" para o velório da esposa, que havia abandonado a família. Apesar de um final um tanto piegas, o filme é muito acima da média. Capitão Fantástico. Direção: Matt Ross. Elenco: Viggo Mortensen, George MacKay, Samantha Isler e outros. Disponível no Google Play (aluguel a partir de R$ 6,90) e no iTunes Store (aluguel a partir de US$ 4,99) * Livro A luta Adaptação para os quadrinhos do famoso romance de Franz Kafka sobre um homem, Joseph K., que é preso sem nenhuma explicação e precisa enfrentar um sistema jurídico e policial absurdo. O texto é do escritor norte-americano David Zane Mairowitz e os desenhos, do artista gráfico francês Chantal Montellier. O Processo. Autor: Franz Kafka. Editora: Veneta (2013, 128 págs., R$ 28,90 em livrariadafolha.com.br )
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Hoje na TV: Corinthians e Botafogo-PB pela Copa São Paulo
14h - Sobradinho x Botafogo-RJ Copa SP, SporTV 2 16h - América-PE x Santos Copa SP, SporTV 2, ESPN Brasil 19h - Corinthians x Botafogo-PB Copa SP, SporTV 22h - Cleveland x Toronto NBA, SporTV 3
esporte
Hoje na TV: Corinthians e Botafogo-PB pela Copa São Paulo14h - Sobradinho x Botafogo-RJ Copa SP, SporTV 2 16h - América-PE x Santos Copa SP, SporTV 2, ESPN Brasil 19h - Corinthians x Botafogo-PB Copa SP, SporTV 22h - Cleveland x Toronto NBA, SporTV 3
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'Deputado que apoia ladrão, 100 anos sem reeleição' é lema de ato em SP
"Deputado que apoia ladrão, 100 anos sem reeleição". Este era o lema do protesto que reuniu um pequeno público entre 14h e 15h30 neste domingo (6) na esquina da avenida Paulista com a alameda Ministro Rocha Azevedo, em São Paulo. De acordo com a organização, 500 pessoas passaram pelo ato. O Movimento #QueroUmBrasilÉtico, criado pelo jurista Luiz Flávio Gomes, convocou a manifestação contra os votos dos deputados que, na quarta-feira (2), rejeitaram a denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva com base na delação de executivos da JBS. A denúncia foi barrada por 263 a 227 votos dos deputados, que foram contrários à autorização para o Supremo Tribunal Federal analisar o caso. Estiveram ausentes 19 deputados (na prática, votando com o presidente) e houve duas abstenções. Para o ato, foram impressos cartazes com a foto dos 263 deputados que votaram a favor do presidente para serem distribuídos para quem passasse por ali. 'VOTO FAXINA' "Queremos que a população tenha em mente quais os políticos corruptos e façam o 'voto faxina' para que eles não se reelejam", explica Luiz Flávio Gomes. O jurista acredita que a internet tem um papel fundamental na disseminação do nome e dos rostos desses deputados. "Nosso grande objetivo é faxinar corrupto e renovar o Congresso." Gritos de "Fora, Temer", "Fora, Lula" e "Fora, Aécio" foram entoados pelo público. Para ele, o ideal é que Temer seja afastado, e seu sucessor, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, assuma. "E se descobrirmos que ele é corrupto deve sair também", diz. A assistente jurídica Damaris Sousa, 31, defende esse tipo de ato. "É melhor do que ficar reclamando em casa. Temos de lutar. Precisamos nos unir para atingir o objetivo. Diminuir a corrupção." Temer nega todas as acusações e afirma que a peça assinada pelo procurador Rodrigo Janot é uma "ficção" baseada em um ato criminoso patrocinado por um "cafajeste" e "bandido" –em referência à gravação feita por Joesley Batista, da JBS, de uma conversa que o empresário teve com o presidente no porão do Palácio do Jaburu. Com a decisão da Câmara, a denúncia fica congelada até o fim do mandato de Temer, em dezembro do ano que vem.
poder
'Deputado que apoia ladrão, 100 anos sem reeleição' é lema de ato em SP"Deputado que apoia ladrão, 100 anos sem reeleição". Este era o lema do protesto que reuniu um pequeno público entre 14h e 15h30 neste domingo (6) na esquina da avenida Paulista com a alameda Ministro Rocha Azevedo, em São Paulo. De acordo com a organização, 500 pessoas passaram pelo ato. O Movimento #QueroUmBrasilÉtico, criado pelo jurista Luiz Flávio Gomes, convocou a manifestação contra os votos dos deputados que, na quarta-feira (2), rejeitaram a denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva com base na delação de executivos da JBS. A denúncia foi barrada por 263 a 227 votos dos deputados, que foram contrários à autorização para o Supremo Tribunal Federal analisar o caso. Estiveram ausentes 19 deputados (na prática, votando com o presidente) e houve duas abstenções. Para o ato, foram impressos cartazes com a foto dos 263 deputados que votaram a favor do presidente para serem distribuídos para quem passasse por ali. 'VOTO FAXINA' "Queremos que a população tenha em mente quais os políticos corruptos e façam o 'voto faxina' para que eles não se reelejam", explica Luiz Flávio Gomes. O jurista acredita que a internet tem um papel fundamental na disseminação do nome e dos rostos desses deputados. "Nosso grande objetivo é faxinar corrupto e renovar o Congresso." Gritos de "Fora, Temer", "Fora, Lula" e "Fora, Aécio" foram entoados pelo público. Para ele, o ideal é que Temer seja afastado, e seu sucessor, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, assuma. "E se descobrirmos que ele é corrupto deve sair também", diz. A assistente jurídica Damaris Sousa, 31, defende esse tipo de ato. "É melhor do que ficar reclamando em casa. Temos de lutar. Precisamos nos unir para atingir o objetivo. Diminuir a corrupção." Temer nega todas as acusações e afirma que a peça assinada pelo procurador Rodrigo Janot é uma "ficção" baseada em um ato criminoso patrocinado por um "cafajeste" e "bandido" –em referência à gravação feita por Joesley Batista, da JBS, de uma conversa que o empresário teve com o presidente no porão do Palácio do Jaburu. Com a decisão da Câmara, a denúncia fica congelada até o fim do mandato de Temer, em dezembro do ano que vem.
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Em ato no Senado, Ricardo Ferraço deixa PMDB e se filia ao PSDB
Descontente com a atual gestão do governo Dilma Rousseff, o senador Ricardo Ferraço (ES) migrou para a oposição ao se filiar nesta terça-feira (1º) ao PSDB. O parlamentar deixou o seu antigo partido, o PMDB, em janeiro. O PMDB é o principal partido de apoio da base aliada do governo, tendo a maioria dos parlamentares no Congresso. Ferraço, no entanto, já demonstrava seu descontentamento há tempos e adotava uma postura independente em votações no Senado, além de acompanhar a indicação de voto da oposição em diversos momentos. Para Ferraço, a atual situação político-econômica do país exige que os representantes da sociedade adotem posições claras e firmes. "É uma decisão absolutamente amadurecida em razão do aprofundamento do ambiente político e econômico, mas também do ambiente moral que está presente na fleuma política do país. O senador fez campanha para a eleição de Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência em 2014. Em junho do ano passado, o senador integrou a comitiva de parlamentares que viajou à Venezuela para reforçar uma campanha pela libertação de políticos opositores ao governo de Nicolás Maduro, que estavam presos no país. "Diferente do que tem acontecido no país nos últimos meses, a cooptação de membros da oposição pelo governo com o oferecimento de todo tipo de vantagem, hoje nós estamos vendo o senador Ricardo Ferraço fazer o caminho inverso", afirmou o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, após o ato de filiação. Segundo o tucano, o novo integrante da legenda terá "um papel estratégico" junto à liderança da oposição no Senado e também junto à direção nacional do partido. Ferraço foi eleito senador em 2011. Ele já foi filiado ao PSDB anteriormente e também ao PTB e PPS. Com a filiação do senador, o PSDB passa a ter 11 integrantes no Senado.
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Em ato no Senado, Ricardo Ferraço deixa PMDB e se filia ao PSDBDescontente com a atual gestão do governo Dilma Rousseff, o senador Ricardo Ferraço (ES) migrou para a oposição ao se filiar nesta terça-feira (1º) ao PSDB. O parlamentar deixou o seu antigo partido, o PMDB, em janeiro. O PMDB é o principal partido de apoio da base aliada do governo, tendo a maioria dos parlamentares no Congresso. Ferraço, no entanto, já demonstrava seu descontentamento há tempos e adotava uma postura independente em votações no Senado, além de acompanhar a indicação de voto da oposição em diversos momentos. Para Ferraço, a atual situação político-econômica do país exige que os representantes da sociedade adotem posições claras e firmes. "É uma decisão absolutamente amadurecida em razão do aprofundamento do ambiente político e econômico, mas também do ambiente moral que está presente na fleuma política do país. O senador fez campanha para a eleição de Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência em 2014. Em junho do ano passado, o senador integrou a comitiva de parlamentares que viajou à Venezuela para reforçar uma campanha pela libertação de políticos opositores ao governo de Nicolás Maduro, que estavam presos no país. "Diferente do que tem acontecido no país nos últimos meses, a cooptação de membros da oposição pelo governo com o oferecimento de todo tipo de vantagem, hoje nós estamos vendo o senador Ricardo Ferraço fazer o caminho inverso", afirmou o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, após o ato de filiação. Segundo o tucano, o novo integrante da legenda terá "um papel estratégico" junto à liderança da oposição no Senado e também junto à direção nacional do partido. Ferraço foi eleito senador em 2011. Ele já foi filiado ao PSDB anteriormente e também ao PTB e PPS. Com a filiação do senador, o PSDB passa a ter 11 integrantes no Senado.
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Ocupações de escolas opõem pais e alunos em SP, diz pesquisa Datafolha
A ocupação de escolas como forma de protesto divide as famílias. Enquanto a maioria dos estudantes é a favor, os pais pensam diferente. Pesquisa Datafolha mostra que 6 em cada 10 estudantes paulistanos aprovam a tática que virou uma marca do movimento estudantil desde o ano passado, sobretudo entre os secundaristas. Entre os pais, 62% são contrários. A pesquisa, que ouviu 805 estudantes e 408 pais de 25 a 30 de novembro, reflete a opinião de estudantes do 8º e 9º anos do ensino fundamental e do ensino médio, além de pais com filhos nessas séries na capital paulista. Datafolha - Ocupação de escolas Entre os consultados, 80% são da rede pública e o restante, de escolas particulares (proporção que reflete a realidade das matrículas em SP). Os estudantes, em sua maioria, acreditam no formato, mas se dividem sobre os impactos: 51% acreditam que as ocupações trazem mais prejuízos que benefícios para as escolas. Por outro lado, metade declara que há mais benefícios para a educação brasileira de maneira geral. Apenas um terço dos pais vê benefícios para a escola e para a educação. O apoio aos atos reflete a opinião de uma maioria de alunos que nem sequer participou efetivamente do movimento. Apenas 6% fizeram parte de ocupações em 2015, quando quase 200 escolas foram tomadas por estudantes contrários ao projeto de reorganização da rede estadual. Anunciada pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), a proposta previa fechar 94 escolas e deixar unidades com atendimento de apenas um ciclo de ensino. A reorganização, abortada pelo governo no fim de 2015, provocaria a transferência de 311 mil alunos. A falta de diálogo foi um dos estopins. "Apesar de poucos ocuparem, as ocupações ganharam a opinião pública", diz Marco Antonio Carvalho Teixeira, professor da FGV. A técnica de enfermagem Adriana Gonçalves, 41, soube pelas redes sociais que a filha, Beatriz, 16, tinha sido detida numa das tentativas de desocupação pela PM na Escola Estadual de Diadema, a primeira a ser ocupada. "Você quer que seu filho lute pelo o que acredita, mas naquele dia fiquei com muito medo", diz a mãe. Beatriz afirma acreditar no impacto dos atos. "Eu me mudei para a escola porque me preocupo com meu futuro." As ocupações ainda trazem uma mudança "qualitativa da maneira em que os estudantes se relacionam com a escola", afirma o professor Pablo Ortellado, da USP. A Secretaria de Educação de SP informa que, neste ano, 450 mil alunos e servidores já foram ouvidos em consulta sobre gestão democrática. Haverá encontros para debater o tema em 2017, diz Wilson Levy, responsável pelo projeto. ONDA Em 2016, a falta de merenda em escolas técnicas estaduais paulistas provocou nova fase de ocupações. A tática se repetiu em outros cinco Estados por motivos diversos. No segundo semestre, a ação dos estudantes se voltou contra o governo Michel Temer (PMDB). A medida provisória do ensino médio e a proposta de emenda constitucional do teto de gastos desencadearam outra onda de ocupações pelo Brasil. Mil escolas e prédios de universidades foram tomados, e também houve protestos. Cerca de 13% dos estudantes participaram de manifestações neste ano. Além das pautas educacionais, eles foram às ruas contra o impeachment e contra Temer. Entre os pais, o índice foi de 11%, mas a pauta se inverte. A maioria marchou contra o governo Dilma –reivindicações estudantis não motivaram os pais. "Quando 10% estão mobilizados, o país inteiro está mobilizado. O que era diferente antes de junho de 2013", diz Ortellado. A margem de erro é de 4 pontos percentuais entre alunos e de 5 entre pais.
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Ocupações de escolas opõem pais e alunos em SP, diz pesquisa DatafolhaA ocupação de escolas como forma de protesto divide as famílias. Enquanto a maioria dos estudantes é a favor, os pais pensam diferente. Pesquisa Datafolha mostra que 6 em cada 10 estudantes paulistanos aprovam a tática que virou uma marca do movimento estudantil desde o ano passado, sobretudo entre os secundaristas. Entre os pais, 62% são contrários. A pesquisa, que ouviu 805 estudantes e 408 pais de 25 a 30 de novembro, reflete a opinião de estudantes do 8º e 9º anos do ensino fundamental e do ensino médio, além de pais com filhos nessas séries na capital paulista. Datafolha - Ocupação de escolas Entre os consultados, 80% são da rede pública e o restante, de escolas particulares (proporção que reflete a realidade das matrículas em SP). Os estudantes, em sua maioria, acreditam no formato, mas se dividem sobre os impactos: 51% acreditam que as ocupações trazem mais prejuízos que benefícios para as escolas. Por outro lado, metade declara que há mais benefícios para a educação brasileira de maneira geral. Apenas um terço dos pais vê benefícios para a escola e para a educação. O apoio aos atos reflete a opinião de uma maioria de alunos que nem sequer participou efetivamente do movimento. Apenas 6% fizeram parte de ocupações em 2015, quando quase 200 escolas foram tomadas por estudantes contrários ao projeto de reorganização da rede estadual. Anunciada pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), a proposta previa fechar 94 escolas e deixar unidades com atendimento de apenas um ciclo de ensino. A reorganização, abortada pelo governo no fim de 2015, provocaria a transferência de 311 mil alunos. A falta de diálogo foi um dos estopins. "Apesar de poucos ocuparem, as ocupações ganharam a opinião pública", diz Marco Antonio Carvalho Teixeira, professor da FGV. A técnica de enfermagem Adriana Gonçalves, 41, soube pelas redes sociais que a filha, Beatriz, 16, tinha sido detida numa das tentativas de desocupação pela PM na Escola Estadual de Diadema, a primeira a ser ocupada. "Você quer que seu filho lute pelo o que acredita, mas naquele dia fiquei com muito medo", diz a mãe. Beatriz afirma acreditar no impacto dos atos. "Eu me mudei para a escola porque me preocupo com meu futuro." As ocupações ainda trazem uma mudança "qualitativa da maneira em que os estudantes se relacionam com a escola", afirma o professor Pablo Ortellado, da USP. A Secretaria de Educação de SP informa que, neste ano, 450 mil alunos e servidores já foram ouvidos em consulta sobre gestão democrática. Haverá encontros para debater o tema em 2017, diz Wilson Levy, responsável pelo projeto. ONDA Em 2016, a falta de merenda em escolas técnicas estaduais paulistas provocou nova fase de ocupações. A tática se repetiu em outros cinco Estados por motivos diversos. No segundo semestre, a ação dos estudantes se voltou contra o governo Michel Temer (PMDB). A medida provisória do ensino médio e a proposta de emenda constitucional do teto de gastos desencadearam outra onda de ocupações pelo Brasil. Mil escolas e prédios de universidades foram tomados, e também houve protestos. Cerca de 13% dos estudantes participaram de manifestações neste ano. Além das pautas educacionais, eles foram às ruas contra o impeachment e contra Temer. Entre os pais, o índice foi de 11%, mas a pauta se inverte. A maioria marchou contra o governo Dilma –reivindicações estudantis não motivaram os pais. "Quando 10% estão mobilizados, o país inteiro está mobilizado. O que era diferente antes de junho de 2013", diz Ortellado. A margem de erro é de 4 pontos percentuais entre alunos e de 5 entre pais.
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Socuerro! Tá cruel ser bambi!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O Esculhambador Geral da República! Ereções na Argentina! Ganhou um coxinha! Rarará! Adeus Cristina Quiche! Doze anos de quicherismo! Os argentinos não aguentavam mais quiche, agora querem coxinha! Rarará! E eu vou sentir saudades da Cristina Quiche, da Maga Patalógica! A gente cria apego! Saudades daquela boca de bico de tênis Conga! Rarará! Sabe por que o Macri ganhou? Porque espalharam: "Quem votar no Scioli ganha um beijo na boca da Cristina Kirchner"! Da Viúva Porcina! Rarará! E o Brasileirão? Breaking News: "França, Rússia, EUA e Corinthians prometem atacar o Estado Islâmico com toda força". Tá cruel ser bambi! Tá desumano! Não sou mais são-paulino! Virei refugiado! Vou pedir asilo no Íbis, o pior time do mundo! Depois do São Paulo! Rarará! Seis a um não é derrota, é atropelamento. 6 a 1 foi um TITEroteio! Aquilo foi um titeroteio; pá, pá, pá, pá, pá, pá! Efeito Alemanha: Timão bundão, faltou unzão! Rarará! E o site "Kibeloco" revela por que o Ceni não jogou: o Ceni não jogou porque o geriatra proibiu chocolate! Rarará! E todo os trocadilhos com seis: "seis mereceram", "não seis o que aconteceu". E todos os trocadilhos com hexa: "por hexa eu não esperava", "hexagerados". E os corintianos festejaram o hexacampeonato fantasiados de Pixuleco! Quem teve a ideia de fazer essa camisa? Corintiano já tem fama, lenda e piada de marginal! E aí fazem uma camisa listrada de preto e branco! Pixulecos! Rarará! E a faixa: "Corinthians campeão! Obrigado, juiz!". Rarará! E São Paulo Futebol Clube quer dizer Sempre Permaneceremos Fregueses do Corinthians! Rarará! E um amigo meu me passou um e-mail na segunda-feira de manhã bem cedo escrito "Simão?". Aí eu abri e : "GOOOOOL DO CORINTHIANS!". Isso é terrorismo! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje, só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
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Socuerro! Tá cruel ser bambi!Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O Esculhambador Geral da República! Ereções na Argentina! Ganhou um coxinha! Rarará! Adeus Cristina Quiche! Doze anos de quicherismo! Os argentinos não aguentavam mais quiche, agora querem coxinha! Rarará! E eu vou sentir saudades da Cristina Quiche, da Maga Patalógica! A gente cria apego! Saudades daquela boca de bico de tênis Conga! Rarará! Sabe por que o Macri ganhou? Porque espalharam: "Quem votar no Scioli ganha um beijo na boca da Cristina Kirchner"! Da Viúva Porcina! Rarará! E o Brasileirão? Breaking News: "França, Rússia, EUA e Corinthians prometem atacar o Estado Islâmico com toda força". Tá cruel ser bambi! Tá desumano! Não sou mais são-paulino! Virei refugiado! Vou pedir asilo no Íbis, o pior time do mundo! Depois do São Paulo! Rarará! Seis a um não é derrota, é atropelamento. 6 a 1 foi um TITEroteio! Aquilo foi um titeroteio; pá, pá, pá, pá, pá, pá! Efeito Alemanha: Timão bundão, faltou unzão! Rarará! E o site "Kibeloco" revela por que o Ceni não jogou: o Ceni não jogou porque o geriatra proibiu chocolate! Rarará! E todo os trocadilhos com seis: "seis mereceram", "não seis o que aconteceu". E todos os trocadilhos com hexa: "por hexa eu não esperava", "hexagerados". E os corintianos festejaram o hexacampeonato fantasiados de Pixuleco! Quem teve a ideia de fazer essa camisa? Corintiano já tem fama, lenda e piada de marginal! E aí fazem uma camisa listrada de preto e branco! Pixulecos! Rarará! E a faixa: "Corinthians campeão! Obrigado, juiz!". Rarará! E São Paulo Futebol Clube quer dizer Sempre Permaneceremos Fregueses do Corinthians! Rarará! E um amigo meu me passou um e-mail na segunda-feira de manhã bem cedo escrito "Simão?". Aí eu abri e : "GOOOOOL DO CORINTHIANS!". Isso é terrorismo! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje, só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
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Em dia volátil, dólar fecha a R$ 3,28 e Bolsa termina perto da estabilidade
A falta de clareza sobre os próximos passos em relação às reformas e ao governo fez a quinta-feira (25) ser marcada pelo sobe e desce nos mercados de câmbio e Bolsa. Apesar da volatilidade do pregão, o dólar e o Ibovespa fecharam o dia praticamente no zero a zero. O dólar comercial terminou o dia com leve alta de 0,09%, para R$ 3,284. O dólar à vista, que fecha mais cedo, subiu 0,45%, para R$ 3,294. Na Bolsa, o Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas do mercado brasileiro, encerrou o dia com leve queda de 0,05%, para 63.226 pontos. A instabilidade não significou um giro maior: o volume negociado foi de R$ 8,49 bilhões, em linha com a média diária do ano. Um dia depois das manifestações em Brasília que deixaram 49 feridos, a falta de notícias deu o tom do pregão. Nos bastidores, fala-se de articulações para substituir o presidente Michel Temer. As conversas teriam evoluído e envolveriam diretamente três ex-presidentes da República: Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e José Sarney. "Essa falta de notícia significa que Brasília está pegando fogo, que o pessoal deve estar articulando alguma coisa muito forte. Por enquanto, é negociação de bastidor, o que não injeta confiança nos investidores. É um retrato de como o mercado deve se comportar nos próximos dias", afirma Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora. As ações da JBS se destacaram no pregão, com alta de 22,54%, impulsionadas por informações de que a empresa estaria tentando vender ativos no mercado. Desde que o escândalo das delações veio à tona, na quarta-feira passada (18), as ações da empresa acumulam desvalorização de 13,6%. No auge da crise, entre quarta e segunda-feira, a queda somava 37%. Outras ações do setor de alimentos processados também se destacaram no dia. Os papéis da BRF avançaram 2,73%, e as ações da Marfrig se valorizaram 0,48%. As ações da Minerva avançaram 4,31%. AÇÕES As ações da Petrobras encerraram o dia em baixa, com a desvalorização de mais de 5% nos preços do petróleo mesmo após a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidir estender os cortes de produção por nove meses. Parte dos analistas vê o mercado frustrado diante de expectativas de uma redução mais acentuada e por período mais longo. Os papéis mais negociados da estatal recuaram 1,43%, para R$ 13,74. As ações com direito a voto perderam 2,36%, para R$ 14,46. As ações da mineradora Vale subiram nesta sessão, embora os preços do minério de ferro tenham recuado 0,46%, no terceiro dia de queda. As ações mais negociadas da Vale subiram 0,58%, para R$ 26,18. As ações com direito a voto avançaram 0,65%, para R$ 27,70. "A Vale tem apresentado um resultado surpreendentemente forte em relação ao Itaú e à Petrobras. Dos três principais papéis que compõem o Ibovespa, a Vale é o que demonstra um poder de compra significativamente superior ao de Petrobras e Itaú, isso em meio à falta de força na China e à queda nos preços do minério de ferro", ressalta Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do Grupo L&S. No setor financeiro, a maioria dos papéis de bancos fechou o dia em baixa. As ações do Itaú Unibanco caíram 1,88%, os papéis preferenciais do Bradesco recuaram 0,69% e os ordinários, 0,07%. As ações do Banco do Brasil subiram 0,40%, enquanto as units —conjunto de ações— do Santander Brasil perderam 2,64%. DÓLAR A instabilidade no mercado de câmbio fez o dólar variar de R$ 3,26 a R$ 3,29 nesta quinta-feira. No exterior, a moeda americana perdeu força ante 26 das 31 principais divisas do mundo. O Banco Central deu sequência às intervenções diárias no mercado de câmbio e vendeu 8.000 contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). O BC já rolou US$ 3,2 bilhões do total de US$ 4,435 bilhões de contratos que vencem em junho.
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Em dia volátil, dólar fecha a R$ 3,28 e Bolsa termina perto da estabilidadeA falta de clareza sobre os próximos passos em relação às reformas e ao governo fez a quinta-feira (25) ser marcada pelo sobe e desce nos mercados de câmbio e Bolsa. Apesar da volatilidade do pregão, o dólar e o Ibovespa fecharam o dia praticamente no zero a zero. O dólar comercial terminou o dia com leve alta de 0,09%, para R$ 3,284. O dólar à vista, que fecha mais cedo, subiu 0,45%, para R$ 3,294. Na Bolsa, o Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas do mercado brasileiro, encerrou o dia com leve queda de 0,05%, para 63.226 pontos. A instabilidade não significou um giro maior: o volume negociado foi de R$ 8,49 bilhões, em linha com a média diária do ano. Um dia depois das manifestações em Brasília que deixaram 49 feridos, a falta de notícias deu o tom do pregão. Nos bastidores, fala-se de articulações para substituir o presidente Michel Temer. As conversas teriam evoluído e envolveriam diretamente três ex-presidentes da República: Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e José Sarney. "Essa falta de notícia significa que Brasília está pegando fogo, que o pessoal deve estar articulando alguma coisa muito forte. Por enquanto, é negociação de bastidor, o que não injeta confiança nos investidores. É um retrato de como o mercado deve se comportar nos próximos dias", afirma Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora. As ações da JBS se destacaram no pregão, com alta de 22,54%, impulsionadas por informações de que a empresa estaria tentando vender ativos no mercado. Desde que o escândalo das delações veio à tona, na quarta-feira passada (18), as ações da empresa acumulam desvalorização de 13,6%. No auge da crise, entre quarta e segunda-feira, a queda somava 37%. Outras ações do setor de alimentos processados também se destacaram no dia. Os papéis da BRF avançaram 2,73%, e as ações da Marfrig se valorizaram 0,48%. As ações da Minerva avançaram 4,31%. AÇÕES As ações da Petrobras encerraram o dia em baixa, com a desvalorização de mais de 5% nos preços do petróleo mesmo após a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidir estender os cortes de produção por nove meses. Parte dos analistas vê o mercado frustrado diante de expectativas de uma redução mais acentuada e por período mais longo. Os papéis mais negociados da estatal recuaram 1,43%, para R$ 13,74. As ações com direito a voto perderam 2,36%, para R$ 14,46. As ações da mineradora Vale subiram nesta sessão, embora os preços do minério de ferro tenham recuado 0,46%, no terceiro dia de queda. As ações mais negociadas da Vale subiram 0,58%, para R$ 26,18. As ações com direito a voto avançaram 0,65%, para R$ 27,70. "A Vale tem apresentado um resultado surpreendentemente forte em relação ao Itaú e à Petrobras. Dos três principais papéis que compõem o Ibovespa, a Vale é o que demonstra um poder de compra significativamente superior ao de Petrobras e Itaú, isso em meio à falta de força na China e à queda nos preços do minério de ferro", ressalta Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do Grupo L&S. No setor financeiro, a maioria dos papéis de bancos fechou o dia em baixa. As ações do Itaú Unibanco caíram 1,88%, os papéis preferenciais do Bradesco recuaram 0,69% e os ordinários, 0,07%. As ações do Banco do Brasil subiram 0,40%, enquanto as units —conjunto de ações— do Santander Brasil perderam 2,64%. DÓLAR A instabilidade no mercado de câmbio fez o dólar variar de R$ 3,26 a R$ 3,29 nesta quinta-feira. No exterior, a moeda americana perdeu força ante 26 das 31 principais divisas do mundo. O Banco Central deu sequência às intervenções diárias no mercado de câmbio e vendeu 8.000 contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). O BC já rolou US$ 3,2 bilhões do total de US$ 4,435 bilhões de contratos que vencem em junho.
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Vamos continuar a recolher corpos de mulheres mutilados e carbonizados?
O corpo de Caroline, 28, foi encontrado com um corte na barriga. Estava grávida de cinco meses e recorreu uma clínica clandestina de aborto em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Escondeu a gravidez da família e decidiu interromper a gravidez em comum acordo com o namorado. Pegou um ônibus sozinha em Paraíba do Sul, centro fluminense, onde morava com a família, na madrugada do dia 19. Duas horas depois, chegava à rodoviária do Rio. O corpo foi encontrado na noite do mesmo dia. O caso está na 21ª DP (Bonsucesso). A morte de Carolina se soma a de Jandira Cruz, 27, e de Elisângela Barbosa, 32, que em 2014 também morreram no Rio após abortos clandestinos. O corpo de Jandira foi encontrado carbonizado. O de Elisângela, numa vala. A autópsia encontrou um tubo plástico no interior do útero. A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que a cada dois dias uma mulher brasileira morra vítima de aborto ilegal. Há estudos que mostram que até 1 milhão de abortos ilegais são feitos todos os anos no Brasil. Os números são imprecisos já que a clandestinidade define esse submundo. Mas as mortes que chegam à imprensa são suficientes para revelar o sintoma gravíssimo de saúde pública que o aborto representa no país. Diante de uma população na maioria católica e evangélica, o debate público praticamente inexiste. Gestores e políticos, mais preocupados com interesses eleitorais, também pouco se importam com essas mulheres pobres que morrem desamparadas. Ou com aquelas que ficarão para sempre com sequelas físicas e emocionais. Claro. Com suas mulheres, suas filhas e suas irmãs, isso dificilmente vai acontecer, já que, caso elas decidam abortar, podem contar com a melhor assistência. É obrigação do Estado laico proteger a saúde de suas mulheres, para que não morram em procedimentos clandestinos. O tema não pode continuar objeto de barganha para apoio e voto religioso. Mulheres de todas as classes sociais, muitas vezes casadas e com religião, fazem aborto. Isso é fato, referendado por muitos estudos. O fato de ser crime não diminui as ocorrências, pelo contrário, só piora. Provoca mortes e esterilidade daquelas que, sem condições de pagar por uma assistência médica segura, recorre à clandestinidade. No Uruguai, onde a prática deixou de ser crime em 2012, não houve mais mortes por aborto, segundo dados do governo. O número de procedimentos também caiu, de 33 mil por ano para 6.700. São sinais de que trazer o aborto para debate amplia a discussão de métodos anticoncepcionais e planejamento familiar. AMPLIAÇÃO DO ABORTO LEGAL Em tempos de zika e que um grupo pede nesta quarta (24) a ampliação do aborto legal para as mulheres infectadas pelo vírus da zika, a discussão ganha força. Um ótimo momento para cada um de nós fazer a seguinte pergunta: vamos continuar assistindo impassíveis a entrega das nossas mulheres aos carniceiros e depois recolher seus corpos mutilados e carbonizados?
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Vamos continuar a recolher corpos de mulheres mutilados e carbonizados?O corpo de Caroline, 28, foi encontrado com um corte na barriga. Estava grávida de cinco meses e recorreu uma clínica clandestina de aborto em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Escondeu a gravidez da família e decidiu interromper a gravidez em comum acordo com o namorado. Pegou um ônibus sozinha em Paraíba do Sul, centro fluminense, onde morava com a família, na madrugada do dia 19. Duas horas depois, chegava à rodoviária do Rio. O corpo foi encontrado na noite do mesmo dia. O caso está na 21ª DP (Bonsucesso). A morte de Carolina se soma a de Jandira Cruz, 27, e de Elisângela Barbosa, 32, que em 2014 também morreram no Rio após abortos clandestinos. O corpo de Jandira foi encontrado carbonizado. O de Elisângela, numa vala. A autópsia encontrou um tubo plástico no interior do útero. A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que a cada dois dias uma mulher brasileira morra vítima de aborto ilegal. Há estudos que mostram que até 1 milhão de abortos ilegais são feitos todos os anos no Brasil. Os números são imprecisos já que a clandestinidade define esse submundo. Mas as mortes que chegam à imprensa são suficientes para revelar o sintoma gravíssimo de saúde pública que o aborto representa no país. Diante de uma população na maioria católica e evangélica, o debate público praticamente inexiste. Gestores e políticos, mais preocupados com interesses eleitorais, também pouco se importam com essas mulheres pobres que morrem desamparadas. Ou com aquelas que ficarão para sempre com sequelas físicas e emocionais. Claro. Com suas mulheres, suas filhas e suas irmãs, isso dificilmente vai acontecer, já que, caso elas decidam abortar, podem contar com a melhor assistência. É obrigação do Estado laico proteger a saúde de suas mulheres, para que não morram em procedimentos clandestinos. O tema não pode continuar objeto de barganha para apoio e voto religioso. Mulheres de todas as classes sociais, muitas vezes casadas e com religião, fazem aborto. Isso é fato, referendado por muitos estudos. O fato de ser crime não diminui as ocorrências, pelo contrário, só piora. Provoca mortes e esterilidade daquelas que, sem condições de pagar por uma assistência médica segura, recorre à clandestinidade. No Uruguai, onde a prática deixou de ser crime em 2012, não houve mais mortes por aborto, segundo dados do governo. O número de procedimentos também caiu, de 33 mil por ano para 6.700. São sinais de que trazer o aborto para debate amplia a discussão de métodos anticoncepcionais e planejamento familiar. AMPLIAÇÃO DO ABORTO LEGAL Em tempos de zika e que um grupo pede nesta quarta (24) a ampliação do aborto legal para as mulheres infectadas pelo vírus da zika, a discussão ganha força. Um ótimo momento para cada um de nós fazer a seguinte pergunta: vamos continuar assistindo impassíveis a entrega das nossas mulheres aos carniceiros e depois recolher seus corpos mutilados e carbonizados?
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Corinthians pode ter a volta do meia Renato Augusto na Libertadores
Após o empate em 0 a 0 do Corinthians contra o Red Bull, no último sábado (14), Tite reclamou da ausência de armadores. Contra o Danubio, do Uruguai, nesta terça (17), ele pode contar com o retorno de Renato Augusto. O meia participou de atividade tática na manhã deste domingo (15), no centro de treinamento, e deve pelo menos ser relacionado para a viagem a Montevidéu para a Copa Libertadores. Ele se recuperou de lesão no tornozelo esquerdo. O Corinthians também poderá escalar Danilo, que foi poupado no Campeonato Paulista. "Nós jogamos apenas com o Jadson na armação e as coisas não deram certo", explicou o treinador, que considerou esperada a oscilação do time, que ainda está invicto na temporada. A base da escalação deve ser a mesma que não derrotou o Red Bull, inclusive com Emerson Sheik, que protagonizou empurrão no árbitro Luiz Vanderlei Martinucho. Depois da partida, o atacante pediu desculpas ao juiz, que não relatou qualquer incidente na súmula. No ano passado, o Corinthians teve Petros e Guerrero suspensos por jogadas parecidas. "Não aconteceu nada demais", garantiu Sheik.
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Corinthians pode ter a volta do meia Renato Augusto na LibertadoresApós o empate em 0 a 0 do Corinthians contra o Red Bull, no último sábado (14), Tite reclamou da ausência de armadores. Contra o Danubio, do Uruguai, nesta terça (17), ele pode contar com o retorno de Renato Augusto. O meia participou de atividade tática na manhã deste domingo (15), no centro de treinamento, e deve pelo menos ser relacionado para a viagem a Montevidéu para a Copa Libertadores. Ele se recuperou de lesão no tornozelo esquerdo. O Corinthians também poderá escalar Danilo, que foi poupado no Campeonato Paulista. "Nós jogamos apenas com o Jadson na armação e as coisas não deram certo", explicou o treinador, que considerou esperada a oscilação do time, que ainda está invicto na temporada. A base da escalação deve ser a mesma que não derrotou o Red Bull, inclusive com Emerson Sheik, que protagonizou empurrão no árbitro Luiz Vanderlei Martinucho. Depois da partida, o atacante pediu desculpas ao juiz, que não relatou qualquer incidente na súmula. No ano passado, o Corinthians teve Petros e Guerrero suspensos por jogadas parecidas. "Não aconteceu nada demais", garantiu Sheik.
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Erramos: Veja pacotes para viajar em julho para o Nordeste
Por erro da assessoria de imprensa, no texto "Veja pacotes para viajar em julho para o Nordeste", publicado na versão impressa e no site da Folha (Turismo - 18/06/2015 02h00), foi informado que os pacotes da Flytour Viagens para Lençóis Maranhenses (MA) e Barra Grande (PI) incluem passagens aéreas. Os preços não incluem o aéreo. O texto foi corrigido.
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Erramos: Veja pacotes para viajar em julho para o NordestePor erro da assessoria de imprensa, no texto "Veja pacotes para viajar em julho para o Nordeste", publicado na versão impressa e no site da Folha (Turismo - 18/06/2015 02h00), foi informado que os pacotes da Flytour Viagens para Lençóis Maranhenses (MA) e Barra Grande (PI) incluem passagens aéreas. Os preços não incluem o aéreo. O texto foi corrigido.
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A digital do PSDB
BRASÍLIA - Em entrevista recente ao UOL, o senador Aécio Neves disse ter evitado que seu partido pusesse a "digital" na eleição de Eduardo Cunha à presidência da Câmara. É verdade. O PSDB apoiou um candidato azarão e esperou a vitória do peemedebista para então formar dobradinha com ele, com o objetivo comum de desgastar o governo Dilma. Como a impressão digital é usada em investigações policiais, presume-se que Aécio associasse a candidatura Cunha à possibilidade de crimes. A outra hipótese é de ato falho, como o que o senador cometeu nesta quarta ao dizer que foi reeleito presidente da República, e não do PSDB. Há uma semelhança entre a atitude dos tucanos na eleição da Câmara e na discussão atual sobre impeachment. Nos dois casos, o partido parece sonhar com o bônus sem o ônus. Não quis se associar a Cunha e agora tenta se desvincular do movimento para derrubar Dilma antes do fim do mandato, em 2018. O PSDB já tentou contestar duas vezes a eleição de 2014. Defendeu uma exótica auditoria nas urnas e pediu que o TSE diplomasse Aécio no lugar de Dilma. Só deixou a impressão de que não aceitava perder. Agora os tucanos fazem pose de estátua enquanto torcem para que a presidente caia de maduro. No domingo, Aécio disse que o fim do governo pode ser "mais breve do que alguns imaginam". FHC afirma que o partido "está pronto para assumir". O PSDB precisa decidir se quer ou não antecipar a saída de Dilma, assumindo a responsabilidade por sua escolha. Se continuar mais preocupado em preservar sua digital da cena do impeachment, o pote de ouro pode acabar no colo do PMDB. * Pró-memória: Carlos Ayres Britto, o ex-ministro do STF que diz não ver "perigo de golpe", atuou na campanha de Aécio em 2014. Recebeu R$ 56 mil por um parecer sustentando que a obra do aeródromo de Cláudio (MG) foi legal.
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A digital do PSDBBRASÍLIA - Em entrevista recente ao UOL, o senador Aécio Neves disse ter evitado que seu partido pusesse a "digital" na eleição de Eduardo Cunha à presidência da Câmara. É verdade. O PSDB apoiou um candidato azarão e esperou a vitória do peemedebista para então formar dobradinha com ele, com o objetivo comum de desgastar o governo Dilma. Como a impressão digital é usada em investigações policiais, presume-se que Aécio associasse a candidatura Cunha à possibilidade de crimes. A outra hipótese é de ato falho, como o que o senador cometeu nesta quarta ao dizer que foi reeleito presidente da República, e não do PSDB. Há uma semelhança entre a atitude dos tucanos na eleição da Câmara e na discussão atual sobre impeachment. Nos dois casos, o partido parece sonhar com o bônus sem o ônus. Não quis se associar a Cunha e agora tenta se desvincular do movimento para derrubar Dilma antes do fim do mandato, em 2018. O PSDB já tentou contestar duas vezes a eleição de 2014. Defendeu uma exótica auditoria nas urnas e pediu que o TSE diplomasse Aécio no lugar de Dilma. Só deixou a impressão de que não aceitava perder. Agora os tucanos fazem pose de estátua enquanto torcem para que a presidente caia de maduro. No domingo, Aécio disse que o fim do governo pode ser "mais breve do que alguns imaginam". FHC afirma que o partido "está pronto para assumir". O PSDB precisa decidir se quer ou não antecipar a saída de Dilma, assumindo a responsabilidade por sua escolha. Se continuar mais preocupado em preservar sua digital da cena do impeachment, o pote de ouro pode acabar no colo do PMDB. * Pró-memória: Carlos Ayres Britto, o ex-ministro do STF que diz não ver "perigo de golpe", atuou na campanha de Aécio em 2014. Recebeu R$ 56 mil por um parecer sustentando que a obra do aeródromo de Cláudio (MG) foi legal.
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Relator de CPI critica colegas de PT por pedirem convocação de tucanos
O relator da CPI da Petrobras, deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ), criticou a iniciativa dos parlamentares da bancada do seu partido na comissão de pedirem a convocação, para depoimento, dos senadores do bloco de oposição Aécio Neves (PSDB-MG), Agripino Maia (DEM-RN) e Álvaro Dias (PSDB-PR). Anunciados na tarde desta quinta-feira (14) pela liderança do PT, os requerimentos para as convocações dos oposicionistas não haviam sido protocolados na comissão até o final da tarde. O relator disse ter tomado conhecimento dos requerimentos pelos jornalistas. Ele se disse contrário à ideia. Segundo a liderança do PT, o objetivo dos pedidos sobre Aécio e Alvaro é que eles expliquem o suposto pagamento de suborno de R$ 10 milhões para o ex-senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), relatado pelo delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras. Sobre Agripino, os petistas querem que ele se manifeste sobre a acusação, feita por um empresário em 2012, de que ele recebeu pagamento de R$ 1 milhão em um esquema de corrupção no serviço de inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Luiz Sérgio disse que não foi consultado sobre a iniciativa. "Um requerimento com esse teor, se foi apresentado, como vocês estão me relatando, entra também na classificação de requerimentos que têm o objetivo da disputa política. Então como estão apresentando requerimentos, de figuras do PT, com objetivo político, isso deve significar um trato, mas enquanto relator eu tenho a mesma interpretação. São requerimentos de disputa política que não têm a ver com o objeto da CPI", disse. A CPI se reuniu nesta quinta para avaliar cerca de 60 requerimentos previamente destacados pelo relator. Marcada por farpas e trocas de acusações entre parlamentares do PT, PSDB e PMDB, a parte deliberativa da sessão se arrastou por quatro horas, das 10h às 14h, sem conseguir votar outros requerimentos que estão há dias na fila, como os das convocações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há também pendente um requerimento para a quebra do sigilo telefônico do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT-SP). Não há prazo para a votação desses pedidos. Por volta das 14h, a análise dos requerimentos teve que ser interrompida porque começou, no plenário, a ordem do dia da Câmara. Na CPI, a sessão continuou com o depoimento do executivo da empresa Sete Brasil Renato Sanches Rodrigues, que durou duas horas e pouco acrescentou à investigação. O engenheiro negou qualquer irregularidade e disse que só entrou na Sete Brasil em junho de 2014, portanto depois da deflagração da Operação Lava Jato. DEFESA O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), procurou afastar as dúvidas de que o comando da CPI não quis enfrentar os requerimentos mais controversos. Ele disse que seu papel nesse ponto se resume a pautar os requerimentos para votação do plenário da comissão. "O que nós votamos hoje foram apenas requerimentos priorizados pelo relator porque teve início a ordem do dia. O PT usou o instrumento regimental, eu não tenho como não seguir o regimento da Casa." Sobre os requerimentos acerca dos líderes do PSDB, Motta disse que não cabe a ele "dar opinião se concorda ou não concorda". Indagado pela imprensa sobre o motivo pelo qual não pautou os requerimentos sobre Lula e Janot, o relator Luiz Sérgio disse que também os considera parte de uma "disputa política". "Isso é um bom exemplo de dois requerimentos apresentados para a disputa política. Como relator vou lutar para que seja centrado nos objetivos [da CPI]. Dos requerimentos, um chega a ser uma provocação e outro foge completamente do escopo da CPI. [] O que não é legítimo é a CPI distanciar de seu objetivo que é investigar a corrupção", disse Sérgio. "Tem requerimentos aprovados de empresários que nós precisamos inclusive planejar tempo para ouvi-los. Já teve vários requerimentos aprovados. Não pode ser a vontade individual de quem quer que seja. É preciso expressar a média ponderada da comissão. Mesmo o PSDB apresentou 87 requerimentos e já tiveram 45 deles aprovados. Vejo que não se justifica o esperneio", concluiu.
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Relator de CPI critica colegas de PT por pedirem convocação de tucanosO relator da CPI da Petrobras, deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ), criticou a iniciativa dos parlamentares da bancada do seu partido na comissão de pedirem a convocação, para depoimento, dos senadores do bloco de oposição Aécio Neves (PSDB-MG), Agripino Maia (DEM-RN) e Álvaro Dias (PSDB-PR). Anunciados na tarde desta quinta-feira (14) pela liderança do PT, os requerimentos para as convocações dos oposicionistas não haviam sido protocolados na comissão até o final da tarde. O relator disse ter tomado conhecimento dos requerimentos pelos jornalistas. Ele se disse contrário à ideia. Segundo a liderança do PT, o objetivo dos pedidos sobre Aécio e Alvaro é que eles expliquem o suposto pagamento de suborno de R$ 10 milhões para o ex-senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), relatado pelo delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras. Sobre Agripino, os petistas querem que ele se manifeste sobre a acusação, feita por um empresário em 2012, de que ele recebeu pagamento de R$ 1 milhão em um esquema de corrupção no serviço de inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Luiz Sérgio disse que não foi consultado sobre a iniciativa. "Um requerimento com esse teor, se foi apresentado, como vocês estão me relatando, entra também na classificação de requerimentos que têm o objetivo da disputa política. Então como estão apresentando requerimentos, de figuras do PT, com objetivo político, isso deve significar um trato, mas enquanto relator eu tenho a mesma interpretação. São requerimentos de disputa política que não têm a ver com o objeto da CPI", disse. A CPI se reuniu nesta quinta para avaliar cerca de 60 requerimentos previamente destacados pelo relator. Marcada por farpas e trocas de acusações entre parlamentares do PT, PSDB e PMDB, a parte deliberativa da sessão se arrastou por quatro horas, das 10h às 14h, sem conseguir votar outros requerimentos que estão há dias na fila, como os das convocações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há também pendente um requerimento para a quebra do sigilo telefônico do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT-SP). Não há prazo para a votação desses pedidos. Por volta das 14h, a análise dos requerimentos teve que ser interrompida porque começou, no plenário, a ordem do dia da Câmara. Na CPI, a sessão continuou com o depoimento do executivo da empresa Sete Brasil Renato Sanches Rodrigues, que durou duas horas e pouco acrescentou à investigação. O engenheiro negou qualquer irregularidade e disse que só entrou na Sete Brasil em junho de 2014, portanto depois da deflagração da Operação Lava Jato. DEFESA O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), procurou afastar as dúvidas de que o comando da CPI não quis enfrentar os requerimentos mais controversos. Ele disse que seu papel nesse ponto se resume a pautar os requerimentos para votação do plenário da comissão. "O que nós votamos hoje foram apenas requerimentos priorizados pelo relator porque teve início a ordem do dia. O PT usou o instrumento regimental, eu não tenho como não seguir o regimento da Casa." Sobre os requerimentos acerca dos líderes do PSDB, Motta disse que não cabe a ele "dar opinião se concorda ou não concorda". Indagado pela imprensa sobre o motivo pelo qual não pautou os requerimentos sobre Lula e Janot, o relator Luiz Sérgio disse que também os considera parte de uma "disputa política". "Isso é um bom exemplo de dois requerimentos apresentados para a disputa política. Como relator vou lutar para que seja centrado nos objetivos [da CPI]. Dos requerimentos, um chega a ser uma provocação e outro foge completamente do escopo da CPI. [] O que não é legítimo é a CPI distanciar de seu objetivo que é investigar a corrupção", disse Sérgio. "Tem requerimentos aprovados de empresários que nós precisamos inclusive planejar tempo para ouvi-los. Já teve vários requerimentos aprovados. Não pode ser a vontade individual de quem quer que seja. É preciso expressar a média ponderada da comissão. Mesmo o PSDB apresentou 87 requerimentos e já tiveram 45 deles aprovados. Vejo que não se justifica o esperneio", concluiu.
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"Minha vida corre perigo": e-mails que desencadearam os "Panama Papers"
A primeira mensagem chegou por e-mail, de forma anônima, há mais de um ano: "Olá, aqui é o fulano. Interessam alguns dados?" "Estamos muito interessados", respondeu Bastian Obermayer, repórter do jornal alemão "Süddeutsche Zeitung". "Há algumas precondições. Minha vida corre perigo", alertou a fonte, segundo confirmou à BBC Frederik Obermaier, outro repórter do jornal alemão. "A única coisa que não podemos revelar é o idioma em que se deu o diálogo original", desculpou-se Obermaier, um dos integrantes da equipe de investigação que recebeu os chamados "Panama Papers", o maior vazamento de documentos confidenciais da história. De fato, o jornal recebeu, ao longo de vários meses, mais de 11 milhões de documentos de uma das empresas mais fechadas do mundo, o escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca. Os documentos —que envolvem 12 chefes de Estado atuais e passados e mais de 60 de seus parentes, além de personalidades políticas e esportivas— mostram como ricos e poderosos usam paraísos fiscais para ocultar patrimônio. É importante lembrar que contas offshore não são por si só ilegais, desde que devidamente declaradas ao Fisco: podem ser uma forma de investir-se em bens e ativos no exterior. Muitas vezes, porém, contas em paraísos fiscais são usadas para evadir impostos, lavar dinheiro ou ocultar o real dono da fortuna depositada. A Mossack Fonseca nega ter cometido qualquer irregularidade em seus 40 anos de atuação. A identidade da fonte que divulgou os documentos é desconhecida. O que se sabe é como o vazamento ocorreu. CRIPTOGRAFIA A fonte anônima impôs condições claras. Em primeiro lugar, encontros ao vivo estavam descartados. "A comunicação será apenas por arquivos criptografados. Nunca nos reuniremos. A decisão sobre o que será publicado é, obviamente, de vocês", disse a fonte ao jornal. Mas qual era a motivação para fazer algo assim? "Quero tornar esses crimes públicos", disse, ao ser questionado a respeito. "De quantos documentos estamos falando?", foi a pergunta seguinte. "Mais do que vocês jamais viram antes." Efetivamente, nos meses seguintes, os documentos vazados cresceram até superar 2,6 terabytes de dados, em 11,5 milhões de documentos da Mossack Fonseca. Os dados abrangem um período que vai da década de 1970 a 2016 e envolvem 214 mil entidades. AÇÃO HACKER Ramon Fonseca, um dos fundadores da Mossack Fonseca, negou que o vazamento tenha partido da empresa e denunciou a ação de hackers. Fonseca disse à agência Reuters que foi um furto de documentos feito por "hackers externos", e não um vazamento por empregados. Disse ainda que a empresa já apresentou denúncia ao Ministério Público local. Para se ter uma ideia da dimensão do vazamento, se os documentos divulgados pelo WikiLeaks fossem a população da cidade americana de São Francisco (837 mil pessoas), os "Panama Papers" equivaleriam à população da Índia (1,2 bilhão). "A fonte não queria compensação econômica nem nada em troca, apenas algumas medidas de segurança", afirmaram Obermaier e colegas em artigo no "Süddeutsche Zeitung". Para processar a quantidade enorme de informações, o jornal alemão compartilhou os documentos com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês). Isso permitiu a análise dos arquivos por uma equipe de cerca de 400 jornalistas de 107 meios de comunicação de 76 países, entre eles a BBC. VOLUME Milhões de e-mails, contratos, transcrições e documentos escaneados compõem a maior parte da informação divulgada. Jornalistas e a fonte compartilharam arquivos por meio de um programa de cibersegurança chamado Nuix. Para isso, empregaram um processo tecnológico conhecido como reconhecimento ótico de caracteres (OCR, em inglês), que permitiu organizar os arquivos criptografados e converter imagens em textos digitais. Com isso, o processo ganhou rapidez. Especialistas do ICIJ criaram um mecanismo de busca com dois fatores de autenticação, e compartilharam o endereço eletrônico com dezenas de órgãos de imprensa, por meio de e-mails criptografados. A tecnologia também permitia manter conversas em tempo real, e os jornalistas puderam trocar conselhos e informações em diferentes idiomas. Depois de mais de um ano de trabalho, as primeiras reportagens começaram a ser publicadas no domingo (3). E o resto já é (e está sendo) história.
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"Minha vida corre perigo": e-mails que desencadearam os "Panama Papers"A primeira mensagem chegou por e-mail, de forma anônima, há mais de um ano: "Olá, aqui é o fulano. Interessam alguns dados?" "Estamos muito interessados", respondeu Bastian Obermayer, repórter do jornal alemão "Süddeutsche Zeitung". "Há algumas precondições. Minha vida corre perigo", alertou a fonte, segundo confirmou à BBC Frederik Obermaier, outro repórter do jornal alemão. "A única coisa que não podemos revelar é o idioma em que se deu o diálogo original", desculpou-se Obermaier, um dos integrantes da equipe de investigação que recebeu os chamados "Panama Papers", o maior vazamento de documentos confidenciais da história. De fato, o jornal recebeu, ao longo de vários meses, mais de 11 milhões de documentos de uma das empresas mais fechadas do mundo, o escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca. Os documentos —que envolvem 12 chefes de Estado atuais e passados e mais de 60 de seus parentes, além de personalidades políticas e esportivas— mostram como ricos e poderosos usam paraísos fiscais para ocultar patrimônio. É importante lembrar que contas offshore não são por si só ilegais, desde que devidamente declaradas ao Fisco: podem ser uma forma de investir-se em bens e ativos no exterior. Muitas vezes, porém, contas em paraísos fiscais são usadas para evadir impostos, lavar dinheiro ou ocultar o real dono da fortuna depositada. A Mossack Fonseca nega ter cometido qualquer irregularidade em seus 40 anos de atuação. A identidade da fonte que divulgou os documentos é desconhecida. O que se sabe é como o vazamento ocorreu. CRIPTOGRAFIA A fonte anônima impôs condições claras. Em primeiro lugar, encontros ao vivo estavam descartados. "A comunicação será apenas por arquivos criptografados. Nunca nos reuniremos. A decisão sobre o que será publicado é, obviamente, de vocês", disse a fonte ao jornal. Mas qual era a motivação para fazer algo assim? "Quero tornar esses crimes públicos", disse, ao ser questionado a respeito. "De quantos documentos estamos falando?", foi a pergunta seguinte. "Mais do que vocês jamais viram antes." Efetivamente, nos meses seguintes, os documentos vazados cresceram até superar 2,6 terabytes de dados, em 11,5 milhões de documentos da Mossack Fonseca. Os dados abrangem um período que vai da década de 1970 a 2016 e envolvem 214 mil entidades. AÇÃO HACKER Ramon Fonseca, um dos fundadores da Mossack Fonseca, negou que o vazamento tenha partido da empresa e denunciou a ação de hackers. Fonseca disse à agência Reuters que foi um furto de documentos feito por "hackers externos", e não um vazamento por empregados. Disse ainda que a empresa já apresentou denúncia ao Ministério Público local. Para se ter uma ideia da dimensão do vazamento, se os documentos divulgados pelo WikiLeaks fossem a população da cidade americana de São Francisco (837 mil pessoas), os "Panama Papers" equivaleriam à população da Índia (1,2 bilhão). "A fonte não queria compensação econômica nem nada em troca, apenas algumas medidas de segurança", afirmaram Obermaier e colegas em artigo no "Süddeutsche Zeitung". Para processar a quantidade enorme de informações, o jornal alemão compartilhou os documentos com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês). Isso permitiu a análise dos arquivos por uma equipe de cerca de 400 jornalistas de 107 meios de comunicação de 76 países, entre eles a BBC. VOLUME Milhões de e-mails, contratos, transcrições e documentos escaneados compõem a maior parte da informação divulgada. Jornalistas e a fonte compartilharam arquivos por meio de um programa de cibersegurança chamado Nuix. Para isso, empregaram um processo tecnológico conhecido como reconhecimento ótico de caracteres (OCR, em inglês), que permitiu organizar os arquivos criptografados e converter imagens em textos digitais. Com isso, o processo ganhou rapidez. Especialistas do ICIJ criaram um mecanismo de busca com dois fatores de autenticação, e compartilharam o endereço eletrônico com dezenas de órgãos de imprensa, por meio de e-mails criptografados. A tecnologia também permitia manter conversas em tempo real, e os jornalistas puderam trocar conselhos e informações em diferentes idiomas. Depois de mais de um ano de trabalho, as primeiras reportagens começaram a ser publicadas no domingo (3). E o resto já é (e está sendo) história.
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Apesar de esforços das autoridades, se fazer entender na Rússia é desafio
Na Rússia, país da próxima Copa do Mundo, se locomover, fazer pedidos em restaurantes, tomar um táxi e resolver problemas como um extravio de bagagem ainda são desafios complicados. O complexo idioma, o alfabeto diferente e a baixa porcentagem de habitantes que falam inglês (5% de acordo com o último censo) dificultam a situação dos turistas. O problema é admitido pelos organizadores do Mundial, que prometem trabalhar para quebrar a barreira linguística e facilitar ao máximo a vida dos espectadores. Para isso, a Copa das Confederações já está servindo como um bom teste ainda mais tendo em conta a grande presença de chilenos e mexicanos. A Folha visitou até agora três cidades (Kazan, Moscou e São Petersburgo) e em todas elas as indicações para chegar aos estádios e se locomover dentro deles são bem claras, com anúncios em russo e inglês confeccionados pelo Comitê Organizador Local em parceria com a Fifa. Os voluntários –muitos deles com nível básico de inglês– também têm se esforçado para prestar informações. Eles estão presentes em grande quantidade nas arenas e em alguns pontos principais das cidades-sedes, e são identificados facilmente. Tradução placas russia "Quando eles notam que você é turista tentam fazer de tudo para ajudar. E isso é importante, pois o idioma é algo que complica muito a vida", afirmou o chileno Hernán Aguirre, que viajou desde Iquique para torcer pela seleção do seu país na Copa das Confederações. Guias de papel foram confeccionados para ajudar os visitantes. Eles estão disponíveis nos aeroportos e podem ser retirados gratuitamente logo após o desembarque. No entanto, saindo da rota dos estádios, a comunicação ainda é difícil. Coração da próxima Copa do Mundo, sediando 12 partidas da competição, incluindo a abertura e a final, Moscou é um exemplo claro disso. Nas estações de trem, os painéis apontam os destinos apenas no alfabeto cirílico. O mesmo acontece no metrô, que alcança praticamente todos os lugares da cidade. Dentro das estações mais antigas todas as placas estão em cirílico. Caminhar por elas é uma tarefa dura para quem não conhece a língua. As transferências entre as linhas são informadas apenas no idioma local. Adesivos no chão mostram o nome das estações em inglês, mas no horário de pico é praticamente impossível vê-los. Não é raro flagrar turistas com celulares usando aplicativos de tradução para encontrar uma saída. Já as estações inauguradas nos últimos dois anos possuem sinalização em inglês. Nos vagões de quase todos os trens há transliteração dos nomes e os anúncios das paradas são feitas tanto em russo quanto em inglês. Há uma campanha para recrutar pessoas para trabalharem nas estações, prioritariamente nos caixas. Exige-se nível pré-intermediário de inglês. O salário mensal é de 34 mil rublos (R$ 1.896). "Receber um grande torneio como a Copa do Mundo é sempre bom para a cidade, ajuda em seu desenvolvimento e a ter uma boa infraestrutura. Majoritariamente, queremos ter muitas informações em inglês, mas também podemos colocar algo em japonês, chinês, alemão, italiano", disse em entrevista ao canal RT Nikolai Guliaev, chefe do Departamento de Turismo e Esporte da Cidade. Se usar transporte público pode ser um pouco assustador no primeiro momento por causa do idioma, os aplicativos de táxi para smartphones são uma boa opção. As companhias russas disponibilizam o serviço em inglês. Assim, não é necessário dar orientações aos motoristas, que quase sempre só falam russo, o que muitas vezes inviabiliza tomar um táxi na rua. Em restaurantes mais caros, há cardápios em inglês. Mas na maioria dos estabelecimentos é o russo que domina, inclusive em cadeias americanas como McDonald's e Burger King. Garçons que entendem inglês são raros. A língua também é falada por funcionários de quase todos os hotéis de grandes cadeias. Mas em albergues o cenário muda, com o russo sendo a língua padrão. Em farmácias, lojas e hospitais de menor porte o cenário é semelhante. Nos aeroportos das sedes da Copa, seguindo padrões internacionais, as sinalizações são traduzidas para o inglês. Mas muitos funcionários só falam o russo. A Folha presenciou em Kazan dois turistas mexicanos sofrendo para explicar a uma mulher as características da mala que havia sido extraviada e onde deveria ser entregue. Só se fizeram entender graças a ajuda de um voluntário do torneio. "É incrível como ainda é difícil se comunicar aqui", desabafaram.
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Apesar de esforços das autoridades, se fazer entender na Rússia é desafioNa Rússia, país da próxima Copa do Mundo, se locomover, fazer pedidos em restaurantes, tomar um táxi e resolver problemas como um extravio de bagagem ainda são desafios complicados. O complexo idioma, o alfabeto diferente e a baixa porcentagem de habitantes que falam inglês (5% de acordo com o último censo) dificultam a situação dos turistas. O problema é admitido pelos organizadores do Mundial, que prometem trabalhar para quebrar a barreira linguística e facilitar ao máximo a vida dos espectadores. Para isso, a Copa das Confederações já está servindo como um bom teste ainda mais tendo em conta a grande presença de chilenos e mexicanos. A Folha visitou até agora três cidades (Kazan, Moscou e São Petersburgo) e em todas elas as indicações para chegar aos estádios e se locomover dentro deles são bem claras, com anúncios em russo e inglês confeccionados pelo Comitê Organizador Local em parceria com a Fifa. Os voluntários –muitos deles com nível básico de inglês– também têm se esforçado para prestar informações. Eles estão presentes em grande quantidade nas arenas e em alguns pontos principais das cidades-sedes, e são identificados facilmente. Tradução placas russia "Quando eles notam que você é turista tentam fazer de tudo para ajudar. E isso é importante, pois o idioma é algo que complica muito a vida", afirmou o chileno Hernán Aguirre, que viajou desde Iquique para torcer pela seleção do seu país na Copa das Confederações. Guias de papel foram confeccionados para ajudar os visitantes. Eles estão disponíveis nos aeroportos e podem ser retirados gratuitamente logo após o desembarque. No entanto, saindo da rota dos estádios, a comunicação ainda é difícil. Coração da próxima Copa do Mundo, sediando 12 partidas da competição, incluindo a abertura e a final, Moscou é um exemplo claro disso. Nas estações de trem, os painéis apontam os destinos apenas no alfabeto cirílico. O mesmo acontece no metrô, que alcança praticamente todos os lugares da cidade. Dentro das estações mais antigas todas as placas estão em cirílico. Caminhar por elas é uma tarefa dura para quem não conhece a língua. As transferências entre as linhas são informadas apenas no idioma local. Adesivos no chão mostram o nome das estações em inglês, mas no horário de pico é praticamente impossível vê-los. Não é raro flagrar turistas com celulares usando aplicativos de tradução para encontrar uma saída. Já as estações inauguradas nos últimos dois anos possuem sinalização em inglês. Nos vagões de quase todos os trens há transliteração dos nomes e os anúncios das paradas são feitas tanto em russo quanto em inglês. Há uma campanha para recrutar pessoas para trabalharem nas estações, prioritariamente nos caixas. Exige-se nível pré-intermediário de inglês. O salário mensal é de 34 mil rublos (R$ 1.896). "Receber um grande torneio como a Copa do Mundo é sempre bom para a cidade, ajuda em seu desenvolvimento e a ter uma boa infraestrutura. Majoritariamente, queremos ter muitas informações em inglês, mas também podemos colocar algo em japonês, chinês, alemão, italiano", disse em entrevista ao canal RT Nikolai Guliaev, chefe do Departamento de Turismo e Esporte da Cidade. Se usar transporte público pode ser um pouco assustador no primeiro momento por causa do idioma, os aplicativos de táxi para smartphones são uma boa opção. As companhias russas disponibilizam o serviço em inglês. Assim, não é necessário dar orientações aos motoristas, que quase sempre só falam russo, o que muitas vezes inviabiliza tomar um táxi na rua. Em restaurantes mais caros, há cardápios em inglês. Mas na maioria dos estabelecimentos é o russo que domina, inclusive em cadeias americanas como McDonald's e Burger King. Garçons que entendem inglês são raros. A língua também é falada por funcionários de quase todos os hotéis de grandes cadeias. Mas em albergues o cenário muda, com o russo sendo a língua padrão. Em farmácias, lojas e hospitais de menor porte o cenário é semelhante. Nos aeroportos das sedes da Copa, seguindo padrões internacionais, as sinalizações são traduzidas para o inglês. Mas muitos funcionários só falam o russo. A Folha presenciou em Kazan dois turistas mexicanos sofrendo para explicar a uma mulher as características da mala que havia sido extraviada e onde deveria ser entregue. Só se fizeram entender graças a ajuda de um voluntário do torneio. "É incrível como ainda é difícil se comunicar aqui", desabafaram.
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Prevista em lei, aula de trânsito não decolou no país
Apesar de prevista no Código de Trânsito Brasileiro como atividade extracurricular, a educação no trânsito raramente é encontrada nas escolas. A responsabilidade da implementação da disciplina é das escolas em conjunto com o Ministério da Educação e prefeituras. Para Roberta Torres, especialista em segurança no trânsito da Procondutor —empresa especializada em educação no trânsito— outra solução seria abordar o tema como conteúdo transversal em outras matérias e não em uma disciplina única. "A ideia não é colocar a criança como um minimotorista, mas como um sujeito que vai e vem com segurança. Assim, quando chegar aos 18 anos, na formação dos condutores, ela estaria melhor preparada", afirma ela. "Ao fim das contas, o bom condutor não é o que sabe apenas o significado das placas, mas que faz escolhas adequadas na hora de dirigir", diz Torres. Criar campanhas educativas para quem já dirige é outra possibilidade para diminuir os acidentes, diz Silvia Lisboa, coordenadora do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, uma iniciativa criada há dois anos com o objetivo de reduzir pela metade o número de mortes em acidentes de trânsito no Estado de São Paulo até 2020. "A educação deve atender todos os atores do trânsito, de crianças a quem já possui habilitação. Daí a importância de fazer campanhas permanentes", afirma ela. "Mudar a cultura das pessoas não é fácil e exige mobilização e união de esforços. Além de investir em melhorias como sinalização, condição das vias e fiscalização, sensibilizar a todos é fundamental", completa. Para isso, o movimento que Silvia Lisboa coordena trabalha em parceria com órgãos e agentes públicos, buscando mapear os pontos mais críticos -como locais sem iluminação, por exemplo.
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Prevista em lei, aula de trânsito não decolou no paísApesar de prevista no Código de Trânsito Brasileiro como atividade extracurricular, a educação no trânsito raramente é encontrada nas escolas. A responsabilidade da implementação da disciplina é das escolas em conjunto com o Ministério da Educação e prefeituras. Para Roberta Torres, especialista em segurança no trânsito da Procondutor —empresa especializada em educação no trânsito— outra solução seria abordar o tema como conteúdo transversal em outras matérias e não em uma disciplina única. "A ideia não é colocar a criança como um minimotorista, mas como um sujeito que vai e vem com segurança. Assim, quando chegar aos 18 anos, na formação dos condutores, ela estaria melhor preparada", afirma ela. "Ao fim das contas, o bom condutor não é o que sabe apenas o significado das placas, mas que faz escolhas adequadas na hora de dirigir", diz Torres. Criar campanhas educativas para quem já dirige é outra possibilidade para diminuir os acidentes, diz Silvia Lisboa, coordenadora do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, uma iniciativa criada há dois anos com o objetivo de reduzir pela metade o número de mortes em acidentes de trânsito no Estado de São Paulo até 2020. "A educação deve atender todos os atores do trânsito, de crianças a quem já possui habilitação. Daí a importância de fazer campanhas permanentes", afirma ela. "Mudar a cultura das pessoas não é fácil e exige mobilização e união de esforços. Além de investir em melhorias como sinalização, condição das vias e fiscalização, sensibilizar a todos é fundamental", completa. Para isso, o movimento que Silvia Lisboa coordena trabalha em parceria com órgãos e agentes públicos, buscando mapear os pontos mais críticos -como locais sem iluminação, por exemplo.
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No Acre, ministro defende opção de aborto para fetos com microcefalia
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, defendeu neste sábado (13) , que mulheres tenham a opção do aborto em casos de fetos com microcefalia. A declaração ocorreu em Rio Branco (AC), durante a campanha nacional de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da zika, doença que pode ter relação com os casos de microcefalia. "Eu pessoalmente acho que tem que ser revista a rigidez em relação ao aborto, porque você não pode obrigar uma mãe, uma família, a ter um filho com microcefalia. Sou favorável a uma revisão das regras atuais para que a mulher possa optar por um enfrentamento desse tipo. Mas essa é uma posição pessoal. O governo ainda não tem uma posição sobre isso", disse o ministro, ao ser questionado por jornalistas sobre sua posição sobre o tema. No início de fevereiro, em meio à epidemia de zika, o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos já havia defendido que os direitos reprodutivos da mulher fossem garantidos, incluindo a descriminalização do aborto. A ação de combate ao mosquito ocorreu em mais de 350 cidades do país e contou com 220 mil integrantes das Forças Armadas, além da presença de ministros em diversos municípios. No Acre, a ação aconteceu na Praça da Juventude, no bairro Cidade Nova, em Rio Branco. Além de Juca Ferreira, estavam presentes o prefeito da capital acreana, Marcus Alexandre (PT), e o governador, Tião Viana (PT). Até o mês de fevereiro, o Acre registrou 106 casos suspeitos do vírus da zika. O maior número está na capital, com 105 casos –o outro foi registrado em Brasileia (a 220 km de Rio Branco). Todos que atenderam aos sinais e sintomas de caso suspeito seguem em investigação epidemiológica e laboratorial. Sobre os casos de microcefalia, de dezembro de 2015 a janeiro de 2016, foram notificados 19 casos da doença na Maternidade Bárbara Heliodora, na capital acreana. Em relação a dengue, dados do Ministério da Saúde revelam que o Acre tem 53,4 casos para cada 100 mil habitantes. O estado é o oitavo no ranking em incidência da doença. No ano passado, no mesmo período, o Acre ocupava o primeiro lugar da lista, com 217, 5 casos.
cotidiano
No Acre, ministro defende opção de aborto para fetos com microcefaliaO ministro da Cultura, Juca Ferreira, defendeu neste sábado (13) , que mulheres tenham a opção do aborto em casos de fetos com microcefalia. A declaração ocorreu em Rio Branco (AC), durante a campanha nacional de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da zika, doença que pode ter relação com os casos de microcefalia. "Eu pessoalmente acho que tem que ser revista a rigidez em relação ao aborto, porque você não pode obrigar uma mãe, uma família, a ter um filho com microcefalia. Sou favorável a uma revisão das regras atuais para que a mulher possa optar por um enfrentamento desse tipo. Mas essa é uma posição pessoal. O governo ainda não tem uma posição sobre isso", disse o ministro, ao ser questionado por jornalistas sobre sua posição sobre o tema. No início de fevereiro, em meio à epidemia de zika, o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos já havia defendido que os direitos reprodutivos da mulher fossem garantidos, incluindo a descriminalização do aborto. A ação de combate ao mosquito ocorreu em mais de 350 cidades do país e contou com 220 mil integrantes das Forças Armadas, além da presença de ministros em diversos municípios. No Acre, a ação aconteceu na Praça da Juventude, no bairro Cidade Nova, em Rio Branco. Além de Juca Ferreira, estavam presentes o prefeito da capital acreana, Marcus Alexandre (PT), e o governador, Tião Viana (PT). Até o mês de fevereiro, o Acre registrou 106 casos suspeitos do vírus da zika. O maior número está na capital, com 105 casos –o outro foi registrado em Brasileia (a 220 km de Rio Branco). Todos que atenderam aos sinais e sintomas de caso suspeito seguem em investigação epidemiológica e laboratorial. Sobre os casos de microcefalia, de dezembro de 2015 a janeiro de 2016, foram notificados 19 casos da doença na Maternidade Bárbara Heliodora, na capital acreana. Em relação a dengue, dados do Ministério da Saúde revelam que o Acre tem 53,4 casos para cada 100 mil habitantes. O estado é o oitavo no ranking em incidência da doença. No ano passado, no mesmo período, o Acre ocupava o primeiro lugar da lista, com 217, 5 casos.
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Número de imóveis financiados com recursos da poupança cresce só 1,6%
Os financiamentos imobiliários com recursos da poupança viabilizaram a compra e construção de 538,3 mil unidades no ano passado, um crescimento de apenas 1,6% na comparação com 2013. A quase estabilidade ocorre em um cenário de desaceleração da economia e desaquecimento do mercado imobiliário no país. O percentual financiado dos imóveis aumentou de 64,9% para 65,4% de 2013 para 2014. Em 2010, por exemplo, esse percentual era de 62%. Na maioria dos bancos, o limite máximo permitido para financiamento é 80% do preço do imóvel, podendo chegar a 90% em algumas linhas de crédito. Em valor, o crescimento dos empréstimos chegou a 3,4% devido ao aumento de preços. Os financiamentos somaram R$ 112,9 bilhões no ano passado, a maior marca já registrada, segundo a Abecip (Associação das Empresas de Crédito). "O crédito imobiliário está mais maduro no Brasil. Não vamos –e não é saudável nem desejável– crescer mais 30% ao ano, como no passado. Nos melhores anos, talvez cresceremos 10%", disse Octavio de Lazari, presidente da associação. NOVOS E USADOS O melhor desempenho foi dos empréstimos para imóveis novos, que somaram R$ 35,3 bilhões –27% maior do que no ano anterior. Por outro lado, os financiamentos para imóveis usados caiu 6% –desceu de R$ 49 bilhões para R$ 46,2 bilhões. Segundo Lazari, a retração nos financiamentos de imóveis usados é mais sensível à queda na confiança do consumidor ao longo de 2014. Para 2015, o setor espera repetir o crescimento de 5% dos financiamentos, levando-os ao patamar de R$ 119 bilhões. INADIMPLÊNCIA A inadimplência do crédito imobiliário caiu em 2014, ficando em 1,3% dos financiamentos com alienação fiduciária (bem fica em nome do banco) e de 1,4% contando as hipotecas. Em 2013, os atrasos eram de 1,4% e 1,7% respectivamente. "O financiamento imobiliário é o crédito mais saudável do país. Por isso, é também o mais disputado pelos bancos", disse Lazari. JUROS A Caixa Econômica Federal, que detém 70% do crédito imobiliário no país, reajustou as taxas de juros das operações para financiamento de imóveis residenciais contratadas com recursos da poupança. A nova taxa começou a ser aplicada aos imóveis financiados a partir de segunda-feira (19). A Caixa afirmou que elevou as taxas por causa do aumento da taxa básica de juros, a Selic. Nos financiamentos feitos pelo SFH (Sistema Financeiro Habitacional), a taxa balcão –para clientes sem relacionamento com o banco– foi mantida em 9,15%; para quem já tem relacionamento com o banco (quem é correntista, por exemplo), os juros subiram de 8,75% para 9%. Já para imóveis negociados pelo SFI (Sistema de Financiamento Imobiliário), a taxa balcão subiu de 9,20% para 11%; para clientes com relacionamento, o juro passou de 9,10% para 10,70%. Para as propostas de financiamento aprovadas até sexta-feira (16), as taxas continuam nas condições anteriores. Segundo o banco, as taxas dos financiamentos contratados com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que incluem os do programa Minha Casa, Minha Vida, não sofrerão reajuste.
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Número de imóveis financiados com recursos da poupança cresce só 1,6%Os financiamentos imobiliários com recursos da poupança viabilizaram a compra e construção de 538,3 mil unidades no ano passado, um crescimento de apenas 1,6% na comparação com 2013. A quase estabilidade ocorre em um cenário de desaceleração da economia e desaquecimento do mercado imobiliário no país. O percentual financiado dos imóveis aumentou de 64,9% para 65,4% de 2013 para 2014. Em 2010, por exemplo, esse percentual era de 62%. Na maioria dos bancos, o limite máximo permitido para financiamento é 80% do preço do imóvel, podendo chegar a 90% em algumas linhas de crédito. Em valor, o crescimento dos empréstimos chegou a 3,4% devido ao aumento de preços. Os financiamentos somaram R$ 112,9 bilhões no ano passado, a maior marca já registrada, segundo a Abecip (Associação das Empresas de Crédito). "O crédito imobiliário está mais maduro no Brasil. Não vamos –e não é saudável nem desejável– crescer mais 30% ao ano, como no passado. Nos melhores anos, talvez cresceremos 10%", disse Octavio de Lazari, presidente da associação. NOVOS E USADOS O melhor desempenho foi dos empréstimos para imóveis novos, que somaram R$ 35,3 bilhões –27% maior do que no ano anterior. Por outro lado, os financiamentos para imóveis usados caiu 6% –desceu de R$ 49 bilhões para R$ 46,2 bilhões. Segundo Lazari, a retração nos financiamentos de imóveis usados é mais sensível à queda na confiança do consumidor ao longo de 2014. Para 2015, o setor espera repetir o crescimento de 5% dos financiamentos, levando-os ao patamar de R$ 119 bilhões. INADIMPLÊNCIA A inadimplência do crédito imobiliário caiu em 2014, ficando em 1,3% dos financiamentos com alienação fiduciária (bem fica em nome do banco) e de 1,4% contando as hipotecas. Em 2013, os atrasos eram de 1,4% e 1,7% respectivamente. "O financiamento imobiliário é o crédito mais saudável do país. Por isso, é também o mais disputado pelos bancos", disse Lazari. JUROS A Caixa Econômica Federal, que detém 70% do crédito imobiliário no país, reajustou as taxas de juros das operações para financiamento de imóveis residenciais contratadas com recursos da poupança. A nova taxa começou a ser aplicada aos imóveis financiados a partir de segunda-feira (19). A Caixa afirmou que elevou as taxas por causa do aumento da taxa básica de juros, a Selic. Nos financiamentos feitos pelo SFH (Sistema Financeiro Habitacional), a taxa balcão –para clientes sem relacionamento com o banco– foi mantida em 9,15%; para quem já tem relacionamento com o banco (quem é correntista, por exemplo), os juros subiram de 8,75% para 9%. Já para imóveis negociados pelo SFI (Sistema de Financiamento Imobiliário), a taxa balcão subiu de 9,20% para 11%; para clientes com relacionamento, o juro passou de 9,10% para 10,70%. Para as propostas de financiamento aprovadas até sexta-feira (16), as taxas continuam nas condições anteriores. Segundo o banco, as taxas dos financiamentos contratados com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que incluem os do programa Minha Casa, Minha Vida, não sofrerão reajuste.
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Renan se tornou réu em processo criminal, mas sem maioria convicta
Não se tratava nem de corrupção nem de lavagem de dinheiro. A denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente do Senado, Renan Calheiros, examinada ontem no STF, falava de outros crimes: desvio de verbas públicas (peculato), falsificação ideológica e uso de documento falso. Ao Supremo não cabia decidir, nesta fase, se Renan efetivamente os cometeu. Cumpria apenas saber se há elementos suficientes para abrir contra ele um processo penal. Tudo tem origem no caso Monica Veloso, com quem Renan teve um filho. As quantias que ele tinha de pagar com pensão alimentícia e aluguel, noticiou-se na época, provinham de uma empreiteira, e não de seu próprio bolso. Para refutar essa versão, Renan apresentou diversos documentos afirmando que tinha recursos para sustentar o filho. Vendera centenas de cabeças de gado de sua fazenda e recebera empréstimo de uma locadora de veículos. Para a Procuradoria-Geral da República, os papéis eram falsos. Tanto assim que as notas fiscais do gado vendido mostravam números diferentes do que diziam as guias contabilizando o gado transportado, ou do que se lia nos comprovantes sobre o gado vacinado. A própria declaração de renda do senador falava num número de cabeças que não correspondia ao das notas fiscais. A defesa contestou. Mostrar diferenças entre os documentos é uma coisa. Outra coisa é dizer qual documento é falso e qual é verdadeiro. Sem mostrar isso, a denúncia não identificou o ponto exato do crime –e não poderia, portanto, prosseguir. De resto, a lei prevê penas diversas quando se falsifica um documento público (como um boletim de ocorrência, por exemplo), e quando se falsifica um documento privado (como um contrato de empréstimo). Com penas diferentes, muda o cálculo do tempo para se saber se o processo pode ainda ser aberto ou se o Estado já perdeu seu prazo para incriminar alguém. Parte dos papéis apresentados por Renan, como as notas fiscais, não era pública. Outra parte, como as guias de vacinação, sim. Havia prescrição –e, no geral, as acusações sobre falsidade ideológica tinham de ser abandonadas. Foi o que entendeu o relator do caso, ministro Edson Facchin. Sobre desvio de verbas públicas, entretanto, na sua visão a denúncia fazia sentido. Renan Calheiros disse ter usado verbas indenizatórias –que o Senado oferece a seus membros para despesas diversas–no aluguel de veículos. A locadora, que tinha como sócio um antigo auxiliar de Renan, não registra nada em seus extratos bancários. Nem a conta de Renan tem sinais desse gasto. Ao mesmo tempo, a locadora emprestou-lhe mais de R$ 70 mil, sem prova de que tenha visto o dinheiro de volta. Segundo a denúncia, o dinheiro das verbas serviu para Renan gastar como quisesse. Facchin avaliou que os indícios de peculato eram suficientes para abrir um processo. São precários, disse Teori Zavascki, que ainda assim também aceitou esse ponto. "Mas não é nenhum modelo de denúncia", acrescentou. "Nenhum primor", concordou Carmen Lúcia. Foi também a opinião de Luiz Fux. A denúncia é aceitável sim, até na questão da falsidade ideológica dos documentos públicos, discordaram Luis Roberto Barroso e Rosa Weber. No campo oposto, Dias Toffoli rejeitou tudo –inclusive as acusações de peculato: só a falta de movimentação no banco não mostra que a locadora deixou de prestar serviços a Renan... Bizarrice, concordou Gilmar Mendes. A Procuradoria "revira os fatos", animou-se Ricardo Lewandowski. As esperanças de Renan foram sepultadas por Marco Aurélio, Celso de Mello e Carmen Lúcia: por maioria, o presidente do Senado torna-se réu num processo criminal por peculato. Mas não foi maioria das mais convictas –e, no julgamento propriamente dito, não há como garantir sua condenação.
colunas
Renan se tornou réu em processo criminal, mas sem maioria convictaNão se tratava nem de corrupção nem de lavagem de dinheiro. A denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente do Senado, Renan Calheiros, examinada ontem no STF, falava de outros crimes: desvio de verbas públicas (peculato), falsificação ideológica e uso de documento falso. Ao Supremo não cabia decidir, nesta fase, se Renan efetivamente os cometeu. Cumpria apenas saber se há elementos suficientes para abrir contra ele um processo penal. Tudo tem origem no caso Monica Veloso, com quem Renan teve um filho. As quantias que ele tinha de pagar com pensão alimentícia e aluguel, noticiou-se na época, provinham de uma empreiteira, e não de seu próprio bolso. Para refutar essa versão, Renan apresentou diversos documentos afirmando que tinha recursos para sustentar o filho. Vendera centenas de cabeças de gado de sua fazenda e recebera empréstimo de uma locadora de veículos. Para a Procuradoria-Geral da República, os papéis eram falsos. Tanto assim que as notas fiscais do gado vendido mostravam números diferentes do que diziam as guias contabilizando o gado transportado, ou do que se lia nos comprovantes sobre o gado vacinado. A própria declaração de renda do senador falava num número de cabeças que não correspondia ao das notas fiscais. A defesa contestou. Mostrar diferenças entre os documentos é uma coisa. Outra coisa é dizer qual documento é falso e qual é verdadeiro. Sem mostrar isso, a denúncia não identificou o ponto exato do crime –e não poderia, portanto, prosseguir. De resto, a lei prevê penas diversas quando se falsifica um documento público (como um boletim de ocorrência, por exemplo), e quando se falsifica um documento privado (como um contrato de empréstimo). Com penas diferentes, muda o cálculo do tempo para se saber se o processo pode ainda ser aberto ou se o Estado já perdeu seu prazo para incriminar alguém. Parte dos papéis apresentados por Renan, como as notas fiscais, não era pública. Outra parte, como as guias de vacinação, sim. Havia prescrição –e, no geral, as acusações sobre falsidade ideológica tinham de ser abandonadas. Foi o que entendeu o relator do caso, ministro Edson Facchin. Sobre desvio de verbas públicas, entretanto, na sua visão a denúncia fazia sentido. Renan Calheiros disse ter usado verbas indenizatórias –que o Senado oferece a seus membros para despesas diversas–no aluguel de veículos. A locadora, que tinha como sócio um antigo auxiliar de Renan, não registra nada em seus extratos bancários. Nem a conta de Renan tem sinais desse gasto. Ao mesmo tempo, a locadora emprestou-lhe mais de R$ 70 mil, sem prova de que tenha visto o dinheiro de volta. Segundo a denúncia, o dinheiro das verbas serviu para Renan gastar como quisesse. Facchin avaliou que os indícios de peculato eram suficientes para abrir um processo. São precários, disse Teori Zavascki, que ainda assim também aceitou esse ponto. "Mas não é nenhum modelo de denúncia", acrescentou. "Nenhum primor", concordou Carmen Lúcia. Foi também a opinião de Luiz Fux. A denúncia é aceitável sim, até na questão da falsidade ideológica dos documentos públicos, discordaram Luis Roberto Barroso e Rosa Weber. No campo oposto, Dias Toffoli rejeitou tudo –inclusive as acusações de peculato: só a falta de movimentação no banco não mostra que a locadora deixou de prestar serviços a Renan... Bizarrice, concordou Gilmar Mendes. A Procuradoria "revira os fatos", animou-se Ricardo Lewandowski. As esperanças de Renan foram sepultadas por Marco Aurélio, Celso de Mello e Carmen Lúcia: por maioria, o presidente do Senado torna-se réu num processo criminal por peculato. Mas não foi maioria das mais convictas –e, no julgamento propriamente dito, não há como garantir sua condenação.
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Brasileiro reencontra Tom Brady na NFL após 'massacre' em 2014
New England Patriots, do quarterback (lançador) Tom Brady, e Kansas City Chiefs, do kicker (chutador) brasileiro Cairo Santos, abrem neste sábado (16), às 19h35 (de Brasília, com ESPN), as semifinais de conferência da NFL, a liga de futebol americano dos Estados Unidos. O jogo será disputado em New England. O vencedor deste confronto enfrenta na final da Conferência Americana Denver Broncos ou Pittsburgh Steelers, que se enfrentam no domingo (17). Patriots e Chiefs vão se encontrar pela primeira vez desde setembro de 2014, quando o time de Kansas City atropelou o rival por 41 a 14, em casa. Naquela partida, Brady, marido da modelo brasileira Gisele Bündchen e um dos maiores astros da NFL, teve um touchdown, mas sofreu duas interceptações e conquistou apenas 159 jardas. O quarterback dos Chiefs, Alex Smith, por sua vez, lançou para 248 jardas e teve três touchdowns. Já Santos terminou o jogo com dois field goals. Agora, porém, o brasileiro vai enfrentar a torcida dos Patriots e o frio de New England. A previsão indica máxima de 1 grau para sábado. "Isso [o frio], definitivamente, afeta. Quando está muito frio, a compressão da bola não fica boa. Mas no jogo você não sente muito por causa da adrenalina", afirmou Santos, que se tornou em 2014 o primeiro brasileiro a jogar na NFL. O time de Kansas City chega embalado para a partida, já que venceu os seus últimos 11 jogos. Ainda neste sábado (também com ESPN), o Arizona Cardinals encara o Green Bay Packers a partir das 23h15 pela semifinal da Conferência Nacional. O vencedor deste duelo vai enfrentar o ganhador do jogo entre Carolina Panthers e Seattle Seahawks, que acontece domingo. O campeão de cada uma das duas conferências se encaram no Super Bowl, a grande final da NFL, no dia 7 de fevereiro.
esporte
Brasileiro reencontra Tom Brady na NFL após 'massacre' em 2014New England Patriots, do quarterback (lançador) Tom Brady, e Kansas City Chiefs, do kicker (chutador) brasileiro Cairo Santos, abrem neste sábado (16), às 19h35 (de Brasília, com ESPN), as semifinais de conferência da NFL, a liga de futebol americano dos Estados Unidos. O jogo será disputado em New England. O vencedor deste confronto enfrenta na final da Conferência Americana Denver Broncos ou Pittsburgh Steelers, que se enfrentam no domingo (17). Patriots e Chiefs vão se encontrar pela primeira vez desde setembro de 2014, quando o time de Kansas City atropelou o rival por 41 a 14, em casa. Naquela partida, Brady, marido da modelo brasileira Gisele Bündchen e um dos maiores astros da NFL, teve um touchdown, mas sofreu duas interceptações e conquistou apenas 159 jardas. O quarterback dos Chiefs, Alex Smith, por sua vez, lançou para 248 jardas e teve três touchdowns. Já Santos terminou o jogo com dois field goals. Agora, porém, o brasileiro vai enfrentar a torcida dos Patriots e o frio de New England. A previsão indica máxima de 1 grau para sábado. "Isso [o frio], definitivamente, afeta. Quando está muito frio, a compressão da bola não fica boa. Mas no jogo você não sente muito por causa da adrenalina", afirmou Santos, que se tornou em 2014 o primeiro brasileiro a jogar na NFL. O time de Kansas City chega embalado para a partida, já que venceu os seus últimos 11 jogos. Ainda neste sábado (também com ESPN), o Arizona Cardinals encara o Green Bay Packers a partir das 23h15 pela semifinal da Conferência Nacional. O vencedor deste duelo vai enfrentar o ganhador do jogo entre Carolina Panthers e Seattle Seahawks, que acontece domingo. O campeão de cada uma das duas conferências se encaram no Super Bowl, a grande final da NFL, no dia 7 de fevereiro.
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Sem ondas, 4ª rodada do Mundial de surfe é adiada pela 3ª vez consecutiva
A organização da Liga Mundial de surfe decidiu adiar pela terceira vez consecutiva a quarta rodada da etapa de Jeffreys Bay (África do Sul), a sexta do Mundial de surfe, prevista para ser realizada nesta sexta-feira (17). De acordo com a organização, o mar apresentava poucas ondas. A expectativa é que a etapa seja concluída no final de semana, já que a previsão é de ótimas ondas. A janela da competição se encerra no domingo (19). Os surfistas entraram no mar para competir oficialmente na última terça-feira (14). Na oportunidade, quatro brasileiros conseguiram a classificação para a quarta rodada : Adriano de Souza, o Mineirinho, líder do Mundial, Alejo Muniz, Wiggolly Dantas e Gabriel Medina. Medina enfrentará na próxima bateria o americano Kelly Slater, 43, que ostenta 11 títulos, e o australiano Mick Fanning, 34, tricampeão.  Dantas e Mineirinho estão na mesma bateria juntamente com o norte-americano Nat Young. Já Alejo Muniz enfrentará o havaiano Keanu Asing e Michel Bourez. O primeiro colocado de cada bateria avança diretamente para as quartas de final. Os outros dois disputam uma repescagem.
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Sem ondas, 4ª rodada do Mundial de surfe é adiada pela 3ª vez consecutivaA organização da Liga Mundial de surfe decidiu adiar pela terceira vez consecutiva a quarta rodada da etapa de Jeffreys Bay (África do Sul), a sexta do Mundial de surfe, prevista para ser realizada nesta sexta-feira (17). De acordo com a organização, o mar apresentava poucas ondas. A expectativa é que a etapa seja concluída no final de semana, já que a previsão é de ótimas ondas. A janela da competição se encerra no domingo (19). Os surfistas entraram no mar para competir oficialmente na última terça-feira (14). Na oportunidade, quatro brasileiros conseguiram a classificação para a quarta rodada : Adriano de Souza, o Mineirinho, líder do Mundial, Alejo Muniz, Wiggolly Dantas e Gabriel Medina. Medina enfrentará na próxima bateria o americano Kelly Slater, 43, que ostenta 11 títulos, e o australiano Mick Fanning, 34, tricampeão.  Dantas e Mineirinho estão na mesma bateria juntamente com o norte-americano Nat Young. Já Alejo Muniz enfrentará o havaiano Keanu Asing e Michel Bourez. O primeiro colocado de cada bateria avança diretamente para as quartas de final. Os outros dois disputam uma repescagem.
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Disney terá hotel imersivo e parque inspirado em 'Star Wars'
A Disney anunciou sua nova área temática "Star Wars: Galaxy's Edge", inspirada na série de obras de ficção científica, com inauguração prevista para 2019. A divulgação foi feita por Bob Chapek, presidente da Walt Disney Parks and Resorts, durante o D23 Expo 2017, evento dedicado aos fãs da empresa que aconteceu na Califórnia entre os dias 14 e 16 deste mês. No "Galaxy's Edge", que vai ter uma área de mais de 56 mil metros quadrados, os visitantes poderão interagir com personagens dos filmes como o robô BB-8 e o alienígena Chewbacca. Os turistas também poderão participar de uma batalha pelo controle da galáxia, simulando uma guerra entre a Resistência e a Primeira Ordem, e pilotar a nave espacial Millennium Falcon. O primeiro local a receber a novidade será o Disneyland Park, em Anaheim, Califórnia. O Disney's Hollywood Studios, em Orlando, Flórida, deve também ganhar a atração em seguida. Chapek falou ainda sobre o projeto de construir um novo hotel temático e imersivo inspirado em Star Wars no Walt Disney World Resort, em Bay Lake, Flórida. O empreendimento ainda não tem data de inauguração. O transporte entre atrações ali também será renovado com o Disney Skyliner, um conjunto de teleféricos que dará uma visão panorâmica de todo o complexo, e o serviço Minnie Van, de carros estilizados que carregam os hóspedes pelo parque. * Estação de metrô ou galeria de arte? Em alguns lugares do mundo, pegar o transporte público pode ser uma experiência parecida com a de ir ao museu. Selecionamos cinco paradas de metrô entre as mais criativas pelo mundo; veja abaixo. Formosa Boulevard, Kaohsiung (Taiwan) Uma instalação com 30 metros de diâmetro e mais de 4.000 painéis de vidro ilumina a estação Olaias, Lisboa (Portugal) O projeto arquitetônico inseriu formas geométricas e painéis coloridos por toda a estação Westfriedhof, Munique (Alemanha) No teto, 11 lâmpadas com quase quatro metros de diâmetro cada emitem luz azul, amarela e vermelha Komsomolskaya, Moscou (Rússia) Na estação, aberta em 1952, a decoração fica por conta dos ornamentos barrocos e lustres Solna Centrum, Estocolmo (Suécia) Com a aparência de uma caverna avermelhada, essa estação abriga painéis de arte contemporânea * O Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (PR), abriu o seu "berçário" para os visitantes na última segunda-feira (24). Na chamada Sala de Filhotes, os turistas poderão acompanhar o trabalho de técnicos e veterinários que cuidam das aves e dos ovos ainda não chocados das mais de 140 espécies que existem por lá. Entre os pássaros, há flamingos e o mutum-de-alagoas, atualmente extinto da natureza. Antes, o local era fechado para visitação. Localizada na entrada do parque, a sala faz parte do percurso de aproximadamente 1,5 quilômetro que os visitantes podem percorrer e onde se pode ter contato com mais de 1.300 aves, algumas das quais pousam no braço das pessoas. O ingresso custa R$ 40. Mais em parquedasaves.com.br. * Turistas que gostam de cozinhar poderão participar de uma prova inspirada no reality show gastronômico "MasterChef" a bordo de navios da empresa italiana MSC. Os hóspedes serão convidados a pegar as panelas, sempre em duplas, para criar um prato a partir de ingredientes desconhecidos guardados em uma caixa -prova conhecida como "caixa surpresa" no programa. A diferença é que, no caso do cruzeiro, o chef do navio é quem avaliará a comida. O vencedor participará de um sorteio anual com os campeões de outros cruzeiros. Entre os prêmios está a presença na seletiva para a próxima edição do programa de TV. A atração estará disponível em navios que virão ao Brasil no fim do ano. * Depois de morar em sete países, o inglês Tony Danby, 49, que trabalha no mercado financeiro, se estabeleceu de vez em São Paulo, onde mora há dez anos com sua mulher brasileira. "Me encantei pela hospitalidade e pelo clima. Sempre que dá, procuro descobrir as belezas do país e descansar fora do agito da capital", conta. Ele indica quatro lugares para relaxar Praia dos Carneiros (PE) "Fica a poucas horas de Recife e é um lugar paradisíaco. Encontrar praias extensas, de areia fofa, é algo muito difícil na Europa, então essa foi uma das minhas experiências favoritas no Nordeste" Lençóis (BA) "É uma cidade incrível no meio da Chapada Diamantina, com caminhadas e trilhas tranquilas. Só é preciso ficar atento às cobras durante o passeio, como fomos alertados pelos próprios moradores do local" Ilha de Boipeba (BA) "Um pouco difícil de chegar -tive que encarar horas de viagem de barco e jipe. A aventura foi compensada pelas praias vazias, silenciosas, onde pude tomar sol até me queimar" Paraty (RJ) "Foi uma das primeiras cidades que visitei no Brasil e é, de longe, a minha favorita. Adoro caminhar pelas ruas do centro histórico e conhecer as ilhas da região nos passeios de barco"
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Disney terá hotel imersivo e parque inspirado em 'Star Wars'A Disney anunciou sua nova área temática "Star Wars: Galaxy's Edge", inspirada na série de obras de ficção científica, com inauguração prevista para 2019. A divulgação foi feita por Bob Chapek, presidente da Walt Disney Parks and Resorts, durante o D23 Expo 2017, evento dedicado aos fãs da empresa que aconteceu na Califórnia entre os dias 14 e 16 deste mês. No "Galaxy's Edge", que vai ter uma área de mais de 56 mil metros quadrados, os visitantes poderão interagir com personagens dos filmes como o robô BB-8 e o alienígena Chewbacca. Os turistas também poderão participar de uma batalha pelo controle da galáxia, simulando uma guerra entre a Resistência e a Primeira Ordem, e pilotar a nave espacial Millennium Falcon. O primeiro local a receber a novidade será o Disneyland Park, em Anaheim, Califórnia. O Disney's Hollywood Studios, em Orlando, Flórida, deve também ganhar a atração em seguida. Chapek falou ainda sobre o projeto de construir um novo hotel temático e imersivo inspirado em Star Wars no Walt Disney World Resort, em Bay Lake, Flórida. O empreendimento ainda não tem data de inauguração. O transporte entre atrações ali também será renovado com o Disney Skyliner, um conjunto de teleféricos que dará uma visão panorâmica de todo o complexo, e o serviço Minnie Van, de carros estilizados que carregam os hóspedes pelo parque. * Estação de metrô ou galeria de arte? Em alguns lugares do mundo, pegar o transporte público pode ser uma experiência parecida com a de ir ao museu. Selecionamos cinco paradas de metrô entre as mais criativas pelo mundo; veja abaixo. Formosa Boulevard, Kaohsiung (Taiwan) Uma instalação com 30 metros de diâmetro e mais de 4.000 painéis de vidro ilumina a estação Olaias, Lisboa (Portugal) O projeto arquitetônico inseriu formas geométricas e painéis coloridos por toda a estação Westfriedhof, Munique (Alemanha) No teto, 11 lâmpadas com quase quatro metros de diâmetro cada emitem luz azul, amarela e vermelha Komsomolskaya, Moscou (Rússia) Na estação, aberta em 1952, a decoração fica por conta dos ornamentos barrocos e lustres Solna Centrum, Estocolmo (Suécia) Com a aparência de uma caverna avermelhada, essa estação abriga painéis de arte contemporânea * O Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (PR), abriu o seu "berçário" para os visitantes na última segunda-feira (24). Na chamada Sala de Filhotes, os turistas poderão acompanhar o trabalho de técnicos e veterinários que cuidam das aves e dos ovos ainda não chocados das mais de 140 espécies que existem por lá. Entre os pássaros, há flamingos e o mutum-de-alagoas, atualmente extinto da natureza. Antes, o local era fechado para visitação. Localizada na entrada do parque, a sala faz parte do percurso de aproximadamente 1,5 quilômetro que os visitantes podem percorrer e onde se pode ter contato com mais de 1.300 aves, algumas das quais pousam no braço das pessoas. O ingresso custa R$ 40. Mais em parquedasaves.com.br. * Turistas que gostam de cozinhar poderão participar de uma prova inspirada no reality show gastronômico "MasterChef" a bordo de navios da empresa italiana MSC. Os hóspedes serão convidados a pegar as panelas, sempre em duplas, para criar um prato a partir de ingredientes desconhecidos guardados em uma caixa -prova conhecida como "caixa surpresa" no programa. A diferença é que, no caso do cruzeiro, o chef do navio é quem avaliará a comida. O vencedor participará de um sorteio anual com os campeões de outros cruzeiros. Entre os prêmios está a presença na seletiva para a próxima edição do programa de TV. A atração estará disponível em navios que virão ao Brasil no fim do ano. * Depois de morar em sete países, o inglês Tony Danby, 49, que trabalha no mercado financeiro, se estabeleceu de vez em São Paulo, onde mora há dez anos com sua mulher brasileira. "Me encantei pela hospitalidade e pelo clima. Sempre que dá, procuro descobrir as belezas do país e descansar fora do agito da capital", conta. Ele indica quatro lugares para relaxar Praia dos Carneiros (PE) "Fica a poucas horas de Recife e é um lugar paradisíaco. Encontrar praias extensas, de areia fofa, é algo muito difícil na Europa, então essa foi uma das minhas experiências favoritas no Nordeste" Lençóis (BA) "É uma cidade incrível no meio da Chapada Diamantina, com caminhadas e trilhas tranquilas. Só é preciso ficar atento às cobras durante o passeio, como fomos alertados pelos próprios moradores do local" Ilha de Boipeba (BA) "Um pouco difícil de chegar -tive que encarar horas de viagem de barco e jipe. A aventura foi compensada pelas praias vazias, silenciosas, onde pude tomar sol até me queimar" Paraty (RJ) "Foi uma das primeiras cidades que visitei no Brasil e é, de longe, a minha favorita. Adoro caminhar pelas ruas do centro histórico e conhecer as ilhas da região nos passeios de barco"
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Mega-Sena acumula e prêmio deve ultrapassar os R$ 100 milhões
Nenhum bilhete acertou as seis dezenas do concurso 1.952 da Mega-Sena. Com isso, o prêmio pode chegar a R$ 105 milhões no próximo sábado (29). As dezenas sorteadas na noite desta quarta-feira (26) foram 9 - 21 - 36 - 38 - 52 - 53. Apesar de não ter havido vencedores do prêmio principal, estimado em R$ 90 milhões, 180 apostas acertaram as cinco números da quina e levam para casa o prêmio de R$ 39.521,60 cada um. Outras 13.017 apostas acertaram quatro números da quadra e cada uma delas ganhou R$ 780,72. A aposta mínima, de seis números, é de R$ 3,50 e pode ser feita até as 19h (horário de Brasília). Normalmente, a Mega-Sena realiza sorteios duas vezes por semana, às quartas e aos sábados. Acompanhe o resultado das loterias.
cotidiano
Mega-Sena acumula e prêmio deve ultrapassar os R$ 100 milhõesNenhum bilhete acertou as seis dezenas do concurso 1.952 da Mega-Sena. Com isso, o prêmio pode chegar a R$ 105 milhões no próximo sábado (29). As dezenas sorteadas na noite desta quarta-feira (26) foram 9 - 21 - 36 - 38 - 52 - 53. Apesar de não ter havido vencedores do prêmio principal, estimado em R$ 90 milhões, 180 apostas acertaram as cinco números da quina e levam para casa o prêmio de R$ 39.521,60 cada um. Outras 13.017 apostas acertaram quatro números da quadra e cada uma delas ganhou R$ 780,72. A aposta mínima, de seis números, é de R$ 3,50 e pode ser feita até as 19h (horário de Brasília). Normalmente, a Mega-Sena realiza sorteios duas vezes por semana, às quartas e aos sábados. Acompanhe o resultado das loterias.
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Série alerta para a diferença entre desejar um produto e precisar dele
Com a oferta de vários produtos no mercado, os consumidores podem ficar tentados a comprar um item do qual não precisam por puro desejo de possuir esse bem, mostra o seriado infantil "O Porco e o Magro". A série faz parte do programa de educação financeira desenvolvido pela BM&FBovespa e é voltada para crianças de sete a dez anos. Os personagens principais são o Porco, economista formado pela universidade de Harvard (EUA), e o Magro, que representa o cidadão comum. A primeira temporada mostrou o Magro com dificuldades para organizar seu orçamento do dia a dia. Com a ajuda do Porco, ele recebeu noções de finanças pessoais e começou a desenvolver um comportamento financeiro saudável. Neste segundo ano, o Magro continua seguindo as orientações do especialista e colocando as dicas em prática. Confira o 8º episódio da segunda temporada do seriado infantil: Veja vídeo Veja também na página de educação financeira do "Folhainvest" os outros episódios da série.
mercado
Série alerta para a diferença entre desejar um produto e precisar deleCom a oferta de vários produtos no mercado, os consumidores podem ficar tentados a comprar um item do qual não precisam por puro desejo de possuir esse bem, mostra o seriado infantil "O Porco e o Magro". A série faz parte do programa de educação financeira desenvolvido pela BM&FBovespa e é voltada para crianças de sete a dez anos. Os personagens principais são o Porco, economista formado pela universidade de Harvard (EUA), e o Magro, que representa o cidadão comum. A primeira temporada mostrou o Magro com dificuldades para organizar seu orçamento do dia a dia. Com a ajuda do Porco, ele recebeu noções de finanças pessoais e começou a desenvolver um comportamento financeiro saudável. Neste segundo ano, o Magro continua seguindo as orientações do especialista e colocando as dicas em prática. Confira o 8º episódio da segunda temporada do seriado infantil: Veja vídeo Veja também na página de educação financeira do "Folhainvest" os outros episódios da série.
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Delta Air Lines avalia incorporar aviões da Gol à frota
A norte-americana Delta Air Lines está avaliando oportunidades de incorporar à sua frota aeronaves da Gol, da qual é acionista, conforme a parceira brasileira toma medidas de redução de capacidade em meio à desaceleração da demanda no Brasil. O próximo presidente-executivo da Delta, Ed Bastian, comentou nesta quinta-feira (14) em teleconferência sobre seu resultado trimestral que a empresa está "trabalhando muito de perto com os parceiros no Brasil". "Estamos em diálogo... não somos os únicos indivíduos na mesa porque eles também estão conversando com alguns 'lessors' (empresas de leasing)", afirmou. Segundo a Delta, uma decisão sobre incorporar aeronaves da Gol à frota ou usar seus componentes para reformar outros aviões ainda não foi tomada. A Gol tem frota composta por aeronaves 737 da Boeing. A companhia aérea brasileira pretende reduzir entre 15% e 18% o volume total de decolagens em 2016. Procurada após os comentários de Bastian, a Gol não poder comentar o assunto de imediato. No fim do mês passado, a Gol disse que tem hoje 20 aeronaves excedentes na malha prevista ao longo deste ano, para o que negocia uma solução com empresas de leasing. Segundo o presidente da brasileira, Paulo Kakinoff, a discussão faz parte das atividades a serem realizadas com a contratação da empresa de assessoria financeira especializada SkyWorks Capital. Por sua vez, a Delta precisa renovar sua frota de aeronaves de um corredor. A empresa pretende aposentar cerca de 115 aeronaves mais antigas MD-88, assim como tirar de operação jatos menores e menos eficientes com os quais companhias aéreas regionais voam sob contrato com a norte-americana, disse o vice-presidente financeiro da Delta, Paul Jacobson. A Reuters noticiou na semana passada que a Delta estava em negociações com fabricantes para comprar dezenas de jatos de um corredor, com a canadense Bombardier pressionando para vender aeronaves modelo CSeries. Jacobson disse que a Delta ainda não decidiu que aviões adquirir e que espera dar uma atualização em maio sobre despesas com aeronaves.
mercado
Delta Air Lines avalia incorporar aviões da Gol à frotaA norte-americana Delta Air Lines está avaliando oportunidades de incorporar à sua frota aeronaves da Gol, da qual é acionista, conforme a parceira brasileira toma medidas de redução de capacidade em meio à desaceleração da demanda no Brasil. O próximo presidente-executivo da Delta, Ed Bastian, comentou nesta quinta-feira (14) em teleconferência sobre seu resultado trimestral que a empresa está "trabalhando muito de perto com os parceiros no Brasil". "Estamos em diálogo... não somos os únicos indivíduos na mesa porque eles também estão conversando com alguns 'lessors' (empresas de leasing)", afirmou. Segundo a Delta, uma decisão sobre incorporar aeronaves da Gol à frota ou usar seus componentes para reformar outros aviões ainda não foi tomada. A Gol tem frota composta por aeronaves 737 da Boeing. A companhia aérea brasileira pretende reduzir entre 15% e 18% o volume total de decolagens em 2016. Procurada após os comentários de Bastian, a Gol não poder comentar o assunto de imediato. No fim do mês passado, a Gol disse que tem hoje 20 aeronaves excedentes na malha prevista ao longo deste ano, para o que negocia uma solução com empresas de leasing. Segundo o presidente da brasileira, Paulo Kakinoff, a discussão faz parte das atividades a serem realizadas com a contratação da empresa de assessoria financeira especializada SkyWorks Capital. Por sua vez, a Delta precisa renovar sua frota de aeronaves de um corredor. A empresa pretende aposentar cerca de 115 aeronaves mais antigas MD-88, assim como tirar de operação jatos menores e menos eficientes com os quais companhias aéreas regionais voam sob contrato com a norte-americana, disse o vice-presidente financeiro da Delta, Paul Jacobson. A Reuters noticiou na semana passada que a Delta estava em negociações com fabricantes para comprar dezenas de jatos de um corredor, com a canadense Bombardier pressionando para vender aeronaves modelo CSeries. Jacobson disse que a Delta ainda não decidiu que aviões adquirir e que espera dar uma atualização em maio sobre despesas com aeronaves.
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Concurso da prefeitura de SP verifica cor da pele de cotistas aprovados
No início de junho, Moacir Marques Lima Junior, 43, teve de entrar em uma sala com outros oito aprovados por cotas no concurso para professor da rede municipal de São Paulo. Portando uma placa com seus nomes no peito, os integrantes do grupo foram analisados por uma comissão que, com base na aparência, definiu quem ali era ou não era negro. "Fomos constrangidos e humilhados. Não estava previsto no edital do concurso que iríamos passar por um tribunal de raças", diz Lima Junior. De cor parda, filho de mãe negra e pai branco, o professor foi eliminado da relação de aprovados por cotas. "Minha identidade como negro foi aviltada naquele momento", afirma. Lima Junior passou no concurso como cotista de acordo com lei de 2013, que reserva 20% das vagas em concursos públicos para pretos, pardos e indígenas. Denominam-se como negras as pessoas com pele preta e parda. Sem que houvesse previsão no edital do concurso, no entanto –como ressaltam Lima Junior e outros prejudicados–, os aprovados pelo sistema foram chamados para a sessão de verificação do fenótipo. Uma comissão da prefeitura formada por três pessoas definiu os aprovados. Ao todo, 138 candidatos acabaram desclassificados na análise de aparência. A gestão João Doria (PSDB) informou que seguiu definição de decreto de 21 de dezembro de 2016, editado pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT). A equipe de Doria promete rever o decreto. Um comunicado deve ser publicado no "Diário Oficial" do município nesta semana com prazo de recurso para quem se sentiu injustiçado. A lei municipal de cotas em concursos fala apenas em autodeclaração, a exemplo da legislação que reserva vagas nas universidade federais. O decreto de Haddad, porém, incluiu este novo rito. Ele segue o que prevê, inclusive, um decreto federal pelo presidente Michel Temer (PMDB) para concursos federais. Lima Junior é professor há 14 anos. Formado pela USP, ele já havia sido aprovado em outro concurso municipal pelas cotas, quando foram exigidas como comprovação fotos suas e de familiares. Um grupo de docentes reprovados nessa etapa tem se organizado para tentar a revisão da análise. Além de não concordarem com o método, reclamam que não houve oportunidade de recurso. A comissão de análise é tocada pela Secretaria de Direitos Humanos. Segundo a titular da pasta, Eloisa Arruda, o município vai conceder prazos de recurso. "A prefeitura só cumpriu o que previa o decreto, editado na gestão passada. Vamos recepcionar as críticas, aprimorar eventualmente o processo ou mesmo eliminá-lo", disse. COMISSÃO TEVE APOIO DO MOVIMENTO NEGRO Formada em educação física, a professora Chirlly Araujo, 31, autodeclarou-se "parda" na inscrição do concurso para professor da rede municipal de São Paulo, mas acabou eliminada porque a comissão da prefeitura entendeu que ela não era negra. A professora, que também é passista de uma escola de samba da zona sul, reclama da subjetividade da análise, além da forma de avaliação. "Eu me senti na fila dos escravos que estavam à venda, como se fossem pedir, a qualquer momento, para mostrar os dentes", diz ela, que relata ter sido vítima de insultos racistas durante a infância. "Levei uma vida toda para me afirmar como negra e agora sinto como se minha identidade tivesse sido roubada. E todas as situações de racismo por que passei?", questiona. Araujo conta que uma mulher com o mesmo tom de pele dela, mas de cabelos cacheados, foi aprovada. Ela não. Segundo informações da equipe do ex-prefeito Haddad, a criação da comissão de veracidade da autodeclaração foi resultado de um ano de discussões com membros do Ministério Público e do movimento negro –que denunciam volume elevado de fraudes. Havia preocupação de não desmoralizar o instituto das cotas. Para a secretária municipal de Direitos Humanos, Eloisa Arruda, a existência da comissão cria situações como essas. "Em uma população miscigenada, como a brasileira, temos grandes dificuldades de identificação." DEBATE Frei David Santos, da ONG Educafro, apoiou a criação da comissão por causa dos repetidos casos de fraudes. "Antes das cotas, poucos pardos quase brancos lutavam pelo negro. Mas agora que ser negro é vantagem, vários pardos quase brancos estão buscando esse direito." Segundo ele, a aparência é o fator primordial para o racismo, lembrando a alta correlação entre cor de pele e mortalidade. "Tenho um sobrinho de pele mais branca que nunca sofreu racismo, ao contrário do primo dele, de pele mais escura. Ambos são netos de um avô preto, mas a polícia só aborda um deles." Mas ele pondera sobre a forma da verificação. "É algo novo, temos que aperfeiçoar." Santos também aponta o desafio em relação aos pardos. O Mapa da Violência no Brasil em 2014 mostrou que 60,6% das vítimas de mortes violentas tinham pele parda. Comissões que analisam a autodeclaração já causaram polêmica. A UnB (Universidade de Brasília) criou uma em 2004. Em 2007, irmãos gêmeos se inscreveram pela cotas. Um foi aprovado, outro não. O método foi abandonado em 2012.
cotidiano
Concurso da prefeitura de SP verifica cor da pele de cotistas aprovadosNo início de junho, Moacir Marques Lima Junior, 43, teve de entrar em uma sala com outros oito aprovados por cotas no concurso para professor da rede municipal de São Paulo. Portando uma placa com seus nomes no peito, os integrantes do grupo foram analisados por uma comissão que, com base na aparência, definiu quem ali era ou não era negro. "Fomos constrangidos e humilhados. Não estava previsto no edital do concurso que iríamos passar por um tribunal de raças", diz Lima Junior. De cor parda, filho de mãe negra e pai branco, o professor foi eliminado da relação de aprovados por cotas. "Minha identidade como negro foi aviltada naquele momento", afirma. Lima Junior passou no concurso como cotista de acordo com lei de 2013, que reserva 20% das vagas em concursos públicos para pretos, pardos e indígenas. Denominam-se como negras as pessoas com pele preta e parda. Sem que houvesse previsão no edital do concurso, no entanto –como ressaltam Lima Junior e outros prejudicados–, os aprovados pelo sistema foram chamados para a sessão de verificação do fenótipo. Uma comissão da prefeitura formada por três pessoas definiu os aprovados. Ao todo, 138 candidatos acabaram desclassificados na análise de aparência. A gestão João Doria (PSDB) informou que seguiu definição de decreto de 21 de dezembro de 2016, editado pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT). A equipe de Doria promete rever o decreto. Um comunicado deve ser publicado no "Diário Oficial" do município nesta semana com prazo de recurso para quem se sentiu injustiçado. A lei municipal de cotas em concursos fala apenas em autodeclaração, a exemplo da legislação que reserva vagas nas universidade federais. O decreto de Haddad, porém, incluiu este novo rito. Ele segue o que prevê, inclusive, um decreto federal pelo presidente Michel Temer (PMDB) para concursos federais. Lima Junior é professor há 14 anos. Formado pela USP, ele já havia sido aprovado em outro concurso municipal pelas cotas, quando foram exigidas como comprovação fotos suas e de familiares. Um grupo de docentes reprovados nessa etapa tem se organizado para tentar a revisão da análise. Além de não concordarem com o método, reclamam que não houve oportunidade de recurso. A comissão de análise é tocada pela Secretaria de Direitos Humanos. Segundo a titular da pasta, Eloisa Arruda, o município vai conceder prazos de recurso. "A prefeitura só cumpriu o que previa o decreto, editado na gestão passada. Vamos recepcionar as críticas, aprimorar eventualmente o processo ou mesmo eliminá-lo", disse. COMISSÃO TEVE APOIO DO MOVIMENTO NEGRO Formada em educação física, a professora Chirlly Araujo, 31, autodeclarou-se "parda" na inscrição do concurso para professor da rede municipal de São Paulo, mas acabou eliminada porque a comissão da prefeitura entendeu que ela não era negra. A professora, que também é passista de uma escola de samba da zona sul, reclama da subjetividade da análise, além da forma de avaliação. "Eu me senti na fila dos escravos que estavam à venda, como se fossem pedir, a qualquer momento, para mostrar os dentes", diz ela, que relata ter sido vítima de insultos racistas durante a infância. "Levei uma vida toda para me afirmar como negra e agora sinto como se minha identidade tivesse sido roubada. E todas as situações de racismo por que passei?", questiona. Araujo conta que uma mulher com o mesmo tom de pele dela, mas de cabelos cacheados, foi aprovada. Ela não. Segundo informações da equipe do ex-prefeito Haddad, a criação da comissão de veracidade da autodeclaração foi resultado de um ano de discussões com membros do Ministério Público e do movimento negro –que denunciam volume elevado de fraudes. Havia preocupação de não desmoralizar o instituto das cotas. Para a secretária municipal de Direitos Humanos, Eloisa Arruda, a existência da comissão cria situações como essas. "Em uma população miscigenada, como a brasileira, temos grandes dificuldades de identificação." DEBATE Frei David Santos, da ONG Educafro, apoiou a criação da comissão por causa dos repetidos casos de fraudes. "Antes das cotas, poucos pardos quase brancos lutavam pelo negro. Mas agora que ser negro é vantagem, vários pardos quase brancos estão buscando esse direito." Segundo ele, a aparência é o fator primordial para o racismo, lembrando a alta correlação entre cor de pele e mortalidade. "Tenho um sobrinho de pele mais branca que nunca sofreu racismo, ao contrário do primo dele, de pele mais escura. Ambos são netos de um avô preto, mas a polícia só aborda um deles." Mas ele pondera sobre a forma da verificação. "É algo novo, temos que aperfeiçoar." Santos também aponta o desafio em relação aos pardos. O Mapa da Violência no Brasil em 2014 mostrou que 60,6% das vítimas de mortes violentas tinham pele parda. Comissões que analisam a autodeclaração já causaram polêmica. A UnB (Universidade de Brasília) criou uma em 2004. Em 2007, irmãos gêmeos se inscreveram pela cotas. Um foi aprovado, outro não. O método foi abandonado em 2012.
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Como a reforma trabalhista pode afetar os sindicatos e seus 150 mil funcionários
"Ai, moça, em novembro ninguém sabe. Talvez a gente nem esteja mais aqui", diz a recepcionista do departamento de homologação do Sintracon-SP (Sindicato da Construção Civil de São Paulo), quando questionada sobre sua expectativa em relação à nova legislação trabalhista, que entra em vigor no fim deste ano. Em dois meses, caso o texto aprovado em 11 de julho no Senado não seja alterado por medida provisória, a contribuição sindical obrigatória deixa de existir - e, com ela, a principal fonte de financiamento para muitas das entidades que representam tanto empresas quanto trabalhadores. Essas organizações empregam atualmente 153,5 mil pessoas com carteira assinada no país, mostram os dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Os sindicatos de trabalhadores, destino dos R$ 2,6 bilhões arrecadados em 2016 com o desconto de um dia de trabalho de todos os funcionários com carteira assinada do país, respondem por 76,5% do total de vagas, 117,6 mil. As entidades patronais, que receberam R$ 1,3 bilhão da contribuição recolhida diretamente das empresas, somam 35,9 mil funcionários. Passada a reforma, dizem especialistas em mercado de trabalho e sindicalismo, o número de trabalhadores em sindicatos no Brasil tende a encolher, de um lado, porque muitas entidades terão de se reestruturar para sobreviver com um orçamento menor e, de outro, porque centenas de sindicatos deixarão de existir. A extinção do imposto terá maior impacto sobre cerca de 7 mil dos quase 12 mil sindicatos de trabalhadores do país, diz o consultor sindical João Guilherme Vargas Netto, já que cerca de 5 mil entidades representam funcionários públicos e da zona rural e têm grande parte das receitas garantidas por mensalidade paga pelos afiliados. Daqueles 7 mil, ele afirma, 4 mil são sindicatos "de carimbo", que não negociam melhores salários ou melhores condições de trabalho para suas bases e existem exclusivamente por causa do imposto. "Esses tendem a desaparecer", ele diz. Da forma como foi instituído, em 1937, o imposto sindical tende a provocar a dependência do sindicalismo em relação ao Estado e o distanciamento em relação aos trabalhadores que representam, afirma Andréia Galvão, professora do departamento de ciência política da Unicamp. Assim, a mudança trazida pela reforma poderia estimular um sindicalismo mais independente e mais representativo, ela diz. Sem a garantia de recursos financeiros, os sindicatos precisariam se preocupar mais com o trabalho de base, já que passariam a depender de suas próprias forças, isto é, de seus filiados e suas contribuições voluntárias. A reestruturação do movimento sindical, acrescenta Vargas Netto, vai levar a um reagrupamento das entidades, com demissões e corte de áreas que não sejam fundamentais. "É claro que os sindicatos mais ativos, que têm uma tradição de luta, não terão vida fácil", diz a cientista política. "O sindicalismo é um movimento vital para organizar e representar os interesses dos trabalhadores. O Brasil possui sindicatos importantes em categorias como bancários, petroleiros, metalúrgicos, químicos, professores e diversas carreiras na função pública." Além da extinção do imposto, essas entidades enfrentarão desafios colocados por outros artigos da reforma que, afirma Galvão, enfraquecem o sindicalismo. Entre eles, estão a possibilidade de negociação individual de aspectos importantes da relação de trabalho sem assistência sindical, a representação dos trabalhadores no local de trabalho independentemente dos sindicatos, com a formação de comissões de empregados com atribuições que hoje são das entidades - e que, em sua avaliação, podem sofrer interferência das empresas -, e a não obrigatoriedade de que as rescisões contratuais sejam homologadas nos sindicatos. O FIM DA HOMOLOGAÇÃO Os departamentos de homologação serão afetados não apenas pelo fim da contribuição sindical. O artigo 477 da nova lei acaba com a autenticação hoje obrigatória nos sindicatos dos desligamentos de funcionários com mais de um ano trabalho. No Sintracon-SP, essa área emprega dez pessoas: duas recepcionistas - entre elas a que conversou com a reportagem -, uma coordenadora e sete atendentes, que registram 3,5 mil documentos por mês. Uma delas é Mônica Vieira Dourado Lourenço, que, depois de quase dois anos e meio na entidade, voltou a cadastrar o currículo em sites de recrutamento. "A gente aproveita quando os funcionários de RH das empresas vêm fazer homologação para perguntar se lá tem vaga, mas a construção também está passando por um momento ruim", acrescenta. Ela decidiu procurar outro emprego ainda antes da iminência da aprovação da reforma trabalhista, porque deseja trabalhar com algo mais próximo de sua área de formação, em recursos humanos. Mas admite que é crescente o número de colegas que, com medo de perder o emprego no fim deste ano, também buscam recolocação. "No mínimo o número de funcionários vai cair", diz a coordenadora do departamento, a advogada Natália Cardoso de Oliveira Santos. O sindicato foi seu primeiro emprego, que assumiu em 2013, logo após ser aprovada no exame da ordem. A reunião com a direção de entidade sobre o que deve acontecer após novembro ainda não aconteceu. No pior cenário, a área deixaria de existir. Para ela, o fim da homologação obrigatória deve causar prejuízo também aos trabalhadores. Entre os funcionários da construção civil, ressalta, que em geral têm menos anos de estudo, é comum o desconhecimento sobre os direitos que o empregado tem quando é desligado da empresa. "Nós esbarramos com irregularidades todos os dias". Não raro, conta Mônica, que trabalha diretamente com as homologações, são descontados como falta os dias que os funcionários permanecem em casa a pedido da própria empresa, nos intervalos entre uma obra e outra. Também há casos em que a companhia, sob a alegação de que fará o pagamento em dinheiro da rescisão, faz depósito bancário de um envelope vazio na conta do empregado. "Tem gente que não sabe que tem direito a férias, aos 40% de multa sobre o saldo do FGTS, e só descobre quando chega aqui." Quando a nova legislação trabalhista entrar em vigor, em novembro, a homologação passará a ser feita diretamente pelos empregadores. "Não há previsão quanto à necessidade de presença de um advogado para dar assistência ao empregado", afirma Carlos Eduardo Vianna Cardoso, sócio do setor trabalhista do Siqueira Castro Advogados. Como o documento servirá como um comprovante de quitação pelos valores nele indicados, o especialista recomenda que, caso o empregado entenda que há algo errado, não assine e procure um advogado para eventualmente cobrar a diferença. CRISE Há mais de dois anos, as entidades sindicais enfrentam restrições orçamentárias. Com a queda no número de trabalhadores formais por causa da recessão - são 3 milhões de vagas com carteira assinada a menos só no biênio 2015-2016 -, os recursos vindos da contribuição despencaram para uma série de entidades. No Sintracon-SP, a receita total recuou de R$ 60 milhões em 2014 para R$ 40 milhões neste ano, conta o presidente da entidade, Antônio de Sousa Ramalho, deputado estadual pelo PSDB. Cerca de 10% do orçamento vem do imposto sindical. O restante, da mensalidade paga pelos associados, de R$ 35. "A construção perdeu quase um milhão de empregos durante a crise", ele afirma. Para se adaptar à nova realidade financeira, o sindicato cortou um terço dos funcionários, de pouco mais de 300 em 2014 para 200. Entre os demitidos estavam os 20 médicos e 12 dentistas do centro de saúde, que ocupa parte dos quatro andares do prédio e está sendo completamente desativado neste mês. Os filiados ao sindicato passarão a ser atendidos pela rede da Secretaria Social da Construção (Seconci). Para Ramalho, que está à frente da entidade desde 1999, há 18 anos, "o imposto sindical morreu e tinha que morrer mesmo". Ele acredita que os sindicatos deveriam ser mantidos por uma contribuição discutida em assembleia com os trabalhadores, que julgariam o resultado da campanha salarial e, a partir daí, definiriam o percentual a ser descontado dos salários. REAÇÃO DOS SINDICATOS Essa é uma das modificações que as centrais sindicais têm tentado negociar com o governo, diz o diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Clemente Ganz Lúcio, e que poderiam ser implementadas através de medida provisória. "É preciso garantir um financiamento associado ao bem público que o sindicato cria", ressalta, referindo-se aos ganhos resultantes das campanhas salariais, que atingem todos os trabalhadores de cada categoria - mesmo aqueles que, depois da lei, decidirem não contribuir. Além disso, as entidades consideram fundamental que se retire o poder de negociação que foi concedido às comissões de funcionários que passarão a ser eleitas dentro das empresas. A avaliação é que uma série de atribuições que hoje são prerrogativa dos sindicatos passam a ser desempenhadas por trabalhadores que, muitas vezes, estão suscetíveis a pressão dos empregadores. "Isso quando falamos apenas dos sindicatos, mas há outros pontos que precisam de limite imediato, como o trabalho intermitente", acrescenta Ganz Lúcio. ENTIDADES PATRONAIS As entidades patronais também serão afetadas pelo fim do imposto sindical. Na CNC (Confederação Nacional do Comércio), a contribuição representa 12% da receita, que deve chegar a R$ 450 milhões neste ano, conforme a proposta orçamentária divulgada no fim do ano passado. Através de sua assessoria de imprensa, a entidade afirma que o recurso "é importante para o fortalecimento da atuação efetiva das entidades sindicais na representação das categorias econômicas a elas filiadas", mas destaca que tem trabalhado em busca da "autossustentabilidade, ampliando a arrecadação com a oferta de produtos e serviços aos empresários e a administração eficiente dos recursos". A Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) também buscará aumentar a fatia das receitas com serviços. Atualmente, a contribuição responde por 16% do orçamento. A entidade, que defende o fim da obrigatoriedade do imposto sindical, afirma que "a modernização da legislação trabalhista passa também pelas entidades sindicais, tanto as de trabalhadores quanto as patronais".
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Como a reforma trabalhista pode afetar os sindicatos e seus 150 mil funcionários"Ai, moça, em novembro ninguém sabe. Talvez a gente nem esteja mais aqui", diz a recepcionista do departamento de homologação do Sintracon-SP (Sindicato da Construção Civil de São Paulo), quando questionada sobre sua expectativa em relação à nova legislação trabalhista, que entra em vigor no fim deste ano. Em dois meses, caso o texto aprovado em 11 de julho no Senado não seja alterado por medida provisória, a contribuição sindical obrigatória deixa de existir - e, com ela, a principal fonte de financiamento para muitas das entidades que representam tanto empresas quanto trabalhadores. Essas organizações empregam atualmente 153,5 mil pessoas com carteira assinada no país, mostram os dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Os sindicatos de trabalhadores, destino dos R$ 2,6 bilhões arrecadados em 2016 com o desconto de um dia de trabalho de todos os funcionários com carteira assinada do país, respondem por 76,5% do total de vagas, 117,6 mil. As entidades patronais, que receberam R$ 1,3 bilhão da contribuição recolhida diretamente das empresas, somam 35,9 mil funcionários. Passada a reforma, dizem especialistas em mercado de trabalho e sindicalismo, o número de trabalhadores em sindicatos no Brasil tende a encolher, de um lado, porque muitas entidades terão de se reestruturar para sobreviver com um orçamento menor e, de outro, porque centenas de sindicatos deixarão de existir. A extinção do imposto terá maior impacto sobre cerca de 7 mil dos quase 12 mil sindicatos de trabalhadores do país, diz o consultor sindical João Guilherme Vargas Netto, já que cerca de 5 mil entidades representam funcionários públicos e da zona rural e têm grande parte das receitas garantidas por mensalidade paga pelos afiliados. Daqueles 7 mil, ele afirma, 4 mil são sindicatos "de carimbo", que não negociam melhores salários ou melhores condições de trabalho para suas bases e existem exclusivamente por causa do imposto. "Esses tendem a desaparecer", ele diz. Da forma como foi instituído, em 1937, o imposto sindical tende a provocar a dependência do sindicalismo em relação ao Estado e o distanciamento em relação aos trabalhadores que representam, afirma Andréia Galvão, professora do departamento de ciência política da Unicamp. Assim, a mudança trazida pela reforma poderia estimular um sindicalismo mais independente e mais representativo, ela diz. Sem a garantia de recursos financeiros, os sindicatos precisariam se preocupar mais com o trabalho de base, já que passariam a depender de suas próprias forças, isto é, de seus filiados e suas contribuições voluntárias. A reestruturação do movimento sindical, acrescenta Vargas Netto, vai levar a um reagrupamento das entidades, com demissões e corte de áreas que não sejam fundamentais. "É claro que os sindicatos mais ativos, que têm uma tradição de luta, não terão vida fácil", diz a cientista política. "O sindicalismo é um movimento vital para organizar e representar os interesses dos trabalhadores. O Brasil possui sindicatos importantes em categorias como bancários, petroleiros, metalúrgicos, químicos, professores e diversas carreiras na função pública." Além da extinção do imposto, essas entidades enfrentarão desafios colocados por outros artigos da reforma que, afirma Galvão, enfraquecem o sindicalismo. Entre eles, estão a possibilidade de negociação individual de aspectos importantes da relação de trabalho sem assistência sindical, a representação dos trabalhadores no local de trabalho independentemente dos sindicatos, com a formação de comissões de empregados com atribuições que hoje são das entidades - e que, em sua avaliação, podem sofrer interferência das empresas -, e a não obrigatoriedade de que as rescisões contratuais sejam homologadas nos sindicatos. O FIM DA HOMOLOGAÇÃO Os departamentos de homologação serão afetados não apenas pelo fim da contribuição sindical. O artigo 477 da nova lei acaba com a autenticação hoje obrigatória nos sindicatos dos desligamentos de funcionários com mais de um ano trabalho. No Sintracon-SP, essa área emprega dez pessoas: duas recepcionistas - entre elas a que conversou com a reportagem -, uma coordenadora e sete atendentes, que registram 3,5 mil documentos por mês. Uma delas é Mônica Vieira Dourado Lourenço, que, depois de quase dois anos e meio na entidade, voltou a cadastrar o currículo em sites de recrutamento. "A gente aproveita quando os funcionários de RH das empresas vêm fazer homologação para perguntar se lá tem vaga, mas a construção também está passando por um momento ruim", acrescenta. Ela decidiu procurar outro emprego ainda antes da iminência da aprovação da reforma trabalhista, porque deseja trabalhar com algo mais próximo de sua área de formação, em recursos humanos. Mas admite que é crescente o número de colegas que, com medo de perder o emprego no fim deste ano, também buscam recolocação. "No mínimo o número de funcionários vai cair", diz a coordenadora do departamento, a advogada Natália Cardoso de Oliveira Santos. O sindicato foi seu primeiro emprego, que assumiu em 2013, logo após ser aprovada no exame da ordem. A reunião com a direção de entidade sobre o que deve acontecer após novembro ainda não aconteceu. No pior cenário, a área deixaria de existir. Para ela, o fim da homologação obrigatória deve causar prejuízo também aos trabalhadores. Entre os funcionários da construção civil, ressalta, que em geral têm menos anos de estudo, é comum o desconhecimento sobre os direitos que o empregado tem quando é desligado da empresa. "Nós esbarramos com irregularidades todos os dias". Não raro, conta Mônica, que trabalha diretamente com as homologações, são descontados como falta os dias que os funcionários permanecem em casa a pedido da própria empresa, nos intervalos entre uma obra e outra. Também há casos em que a companhia, sob a alegação de que fará o pagamento em dinheiro da rescisão, faz depósito bancário de um envelope vazio na conta do empregado. "Tem gente que não sabe que tem direito a férias, aos 40% de multa sobre o saldo do FGTS, e só descobre quando chega aqui." Quando a nova legislação trabalhista entrar em vigor, em novembro, a homologação passará a ser feita diretamente pelos empregadores. "Não há previsão quanto à necessidade de presença de um advogado para dar assistência ao empregado", afirma Carlos Eduardo Vianna Cardoso, sócio do setor trabalhista do Siqueira Castro Advogados. Como o documento servirá como um comprovante de quitação pelos valores nele indicados, o especialista recomenda que, caso o empregado entenda que há algo errado, não assine e procure um advogado para eventualmente cobrar a diferença. CRISE Há mais de dois anos, as entidades sindicais enfrentam restrições orçamentárias. Com a queda no número de trabalhadores formais por causa da recessão - são 3 milhões de vagas com carteira assinada a menos só no biênio 2015-2016 -, os recursos vindos da contribuição despencaram para uma série de entidades. No Sintracon-SP, a receita total recuou de R$ 60 milhões em 2014 para R$ 40 milhões neste ano, conta o presidente da entidade, Antônio de Sousa Ramalho, deputado estadual pelo PSDB. Cerca de 10% do orçamento vem do imposto sindical. O restante, da mensalidade paga pelos associados, de R$ 35. "A construção perdeu quase um milhão de empregos durante a crise", ele afirma. Para se adaptar à nova realidade financeira, o sindicato cortou um terço dos funcionários, de pouco mais de 300 em 2014 para 200. Entre os demitidos estavam os 20 médicos e 12 dentistas do centro de saúde, que ocupa parte dos quatro andares do prédio e está sendo completamente desativado neste mês. Os filiados ao sindicato passarão a ser atendidos pela rede da Secretaria Social da Construção (Seconci). Para Ramalho, que está à frente da entidade desde 1999, há 18 anos, "o imposto sindical morreu e tinha que morrer mesmo". Ele acredita que os sindicatos deveriam ser mantidos por uma contribuição discutida em assembleia com os trabalhadores, que julgariam o resultado da campanha salarial e, a partir daí, definiriam o percentual a ser descontado dos salários. REAÇÃO DOS SINDICATOS Essa é uma das modificações que as centrais sindicais têm tentado negociar com o governo, diz o diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Clemente Ganz Lúcio, e que poderiam ser implementadas através de medida provisória. "É preciso garantir um financiamento associado ao bem público que o sindicato cria", ressalta, referindo-se aos ganhos resultantes das campanhas salariais, que atingem todos os trabalhadores de cada categoria - mesmo aqueles que, depois da lei, decidirem não contribuir. Além disso, as entidades consideram fundamental que se retire o poder de negociação que foi concedido às comissões de funcionários que passarão a ser eleitas dentro das empresas. A avaliação é que uma série de atribuições que hoje são prerrogativa dos sindicatos passam a ser desempenhadas por trabalhadores que, muitas vezes, estão suscetíveis a pressão dos empregadores. "Isso quando falamos apenas dos sindicatos, mas há outros pontos que precisam de limite imediato, como o trabalho intermitente", acrescenta Ganz Lúcio. ENTIDADES PATRONAIS As entidades patronais também serão afetadas pelo fim do imposto sindical. Na CNC (Confederação Nacional do Comércio), a contribuição representa 12% da receita, que deve chegar a R$ 450 milhões neste ano, conforme a proposta orçamentária divulgada no fim do ano passado. Através de sua assessoria de imprensa, a entidade afirma que o recurso "é importante para o fortalecimento da atuação efetiva das entidades sindicais na representação das categorias econômicas a elas filiadas", mas destaca que tem trabalhado em busca da "autossustentabilidade, ampliando a arrecadação com a oferta de produtos e serviços aos empresários e a administração eficiente dos recursos". A Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) também buscará aumentar a fatia das receitas com serviços. Atualmente, a contribuição responde por 16% do orçamento. A entidade, que defende o fim da obrigatoriedade do imposto sindical, afirma que "a modernização da legislação trabalhista passa também pelas entidades sindicais, tanto as de trabalhadores quanto as patronais".
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Para leitor, reforma trabalhista é retrocesso para o trabalhador
REFORMAS DO GOVERNO Duas perguntas: por que o presidente Temer e o ministro Meirelles, antes da votação da reforma da Previdência, não fazem uma séria auditoria e divulgam o rombo causado pelas dívidas de banqueiros e empresários? Defender uma negociação horizontal entre patrões e empregados, conhecendo a mentalidade dos empresários, e chamar isso de avanço na reforma trabalhista não é o mesmo que acreditar nos contos da carochinha? MOACYR DA SILVA (São Paulo, SP) * É preciso mostrar para o povo que as reformas são inadiáveis e fundamentais. Não são um projeto do governo Temer, mas, sim, uma necessidade do país. Sem isso, vai ficar impossível conseguir apoio popular para aprová-las no Congresso. CARLOS A. MELO F. SANTOS (Pará de Minas, MG) * Não é possível acreditar que a Folha considere relevante uma carta assinada por 13 alunos. A reportagem não se justifica, mesmo que seja para evidenciar o ridículo de uma classe dominante sem empatia com o coletivo, como indicam o texto e a manifestação de alguns pais. MARCY JUNQUEIRA SALLOWICZ (São Paulo, SP) * O artigo de Paulo Tafner é mais um belo exemplo do tipo de sofisma que consiste em falar a favor do carente para defender o abastado: defender o lucro para preservar o emprego, defender o banqueiro para salvar a poupança. Em suas palavras, a reforma previdenciária é necessária para salvar "milhões de pessoas que deixarão de ter acesso ao emprego, à saúde, à educação, à segurança, se ela não for realizada". Nada a ver com o interesse do capital financeiro, entenderam? JOSÉ MARIA ALVES DA SILVA (Viçosa, MG) - RECEITA FEDERAL A dinheirama que circulou em contas nebulosas, empresas offshore e paraísos fiscais, revelada pela Lava Jato, evidencia a urgência de uma intervenção. O fisco brasileiro, para vigiar a classe média e seus modestos rendimentos, utiliza um leão vigoroso, impiedoso, de dentes fortes e garras afiadas. Mas, para vigiar os abastados corruptos e suas empresas de fachada, utiliza um leão maltratado, parvo, banguela e de garras quebradiças. A Receita é federal e parcial. TÚLLIO MARCO SOARES CARVALHO (Belo Horizonte, MG) - IMPOSTO SINDICAL Muito oportuno o artigo "O sindicalismo sem resultado". As contribuições sindicais obrigatórias deveriam ser extintas. Como muito bem identificado no texto, as entidades patronais e de trabalhadores deveriam ser mantidas por contribuições voluntárias, o que certamente fortalece a representatividade. Da mesma forma, as contribuições ao sistema S merecem ampla discussão e revisão, para evitar os desmandos que ocorrem em diversos segmentos empresariais. ANDRÉ ALI MERE, vice-diretor da Ciesp em Ribeirão Preto (Ribeirão Preto, SP) - OPERAÇÃO LAVA JATO O ministro Gilmar Mendes diz que a PF não pode interrogar Aécio Neves com "surpresas". Assim, passa a ideia de que é defensor, patrono de Aécio, e pede 48 horas de prazo para que ele tenha acesso ao que os delatores disseram. Isso não abriria precedentes para aqueles que foram interrogados no cárcere e para os que foram conduzidos coercivamente exigirem o mesmo tratamento? Dois pesos e duas medidas. AMELIO DEZEM (Toledo, PR) * Como leitor assíduo do respeitado jornalista Janio de Freitas, permito-me esclarecer que o artigo "Aberração" coloca dúvidas em relação à correção da decisão do ministro Gilmar Mendes, que apenas fez cumprir a lei e uma súmula vinculante do STF, a qual faculta à defesa acesso à íntegra dos depoimentos que compõem a investigação. Não há polêmica em relação a isso. Aécio Neves tem direito a isso, assim como os ex-presidentes Lula e Dilma (que represento em outro inquérito) e qualquer outro cidadão. ALBERTO ZACHARIAS TORON (São Paulo, SP) * Uns (muitos), são conduzidos coercitivamente, de pronto, para prestar depoimento. Outros (poucos), podem estudar o inquérito antes de depor, para não haver surpresa. Esse é o nosso país (ou, pelo menos, o de Gilmar e companhia). Lamentável e vergonhoso. LUIZ FERNANDO SCHMIDT (Goiânia, GO) * Palocci declarou ao juiz Moro que ele teria coisas a declarar que ocupariam sua agenda por pelo menos mais um ano. Muito inteligente, Pallocci quer simplesmente adiar a possibilidade de Lula vir a ser condenado e ainda tornar sua candidatura viável. Penso que, se existem mesmo as provas para condenar Lula, elas devem ser apresentadas já. A delação de Pallocci seria apenas mais uma. Realmente, uma grande jogada. PAULO H. C. DE OLIVEIRA (Rio de Janeiro, RJ) * Anna Virginia Balloussier, em sua entrevista com Deltan Dallagnol, só não fez a pergunta que a maioria dos brasileiros gostaríamos de fazer: ele continua feliz com o fragoroso "sucesso" de sua exposição de slides? ANTONIO CARLOS ORSELLI (Araraquara, SP) - TRUMP E OS IMPOSTOS Trump acaba de cortar com uma única canetada vários impostos nos EUA. Aposta em um crescimento de 3% ainda neste ano, para que o mercado compense as perdas de receita do governo. Aqui, o governo fala em elevar combustíveis e impostos. PAULO BOCCATO (Taquaritinga, SP) - DEMOCRACIA Tendo lido "A democracia sitiada", de Sérgio Abranches, na "Ilustríssima" deste domingo (23/4), e agora, ao ler "Não dá para fingir os danos causados por Google e Facebook", de Jonathan Taplin em um artigo para o "New York Times", eu me vi forçado a pensar que faltaria lógica em não haver relação entre os fenômenos. JOSÉ DIEGUEZ (São Carlos, SP) - ESPECIAL SOBRE CÂNCER Adorei a forma como o assunto foi tratado no caderno "É a vida" ( Seminários Folha, 27/4). Todas as informações a respeito do tema foram muito pertinentes (os gráficos e pesquisas), assim como o depoimento de pessoas que conseguiram vencer a doença. Como cidadão, acho extremamente importante que todos saibam como o câncer afeta a vida das pessoas e como o diagnóstico precoce auxilia na cura. LUCAS CANDEIRA (Cotia, SP) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Para leitor, reforma trabalhista é retrocesso para o trabalhadorREFORMAS DO GOVERNO Duas perguntas: por que o presidente Temer e o ministro Meirelles, antes da votação da reforma da Previdência, não fazem uma séria auditoria e divulgam o rombo causado pelas dívidas de banqueiros e empresários? Defender uma negociação horizontal entre patrões e empregados, conhecendo a mentalidade dos empresários, e chamar isso de avanço na reforma trabalhista não é o mesmo que acreditar nos contos da carochinha? MOACYR DA SILVA (São Paulo, SP) * É preciso mostrar para o povo que as reformas são inadiáveis e fundamentais. Não são um projeto do governo Temer, mas, sim, uma necessidade do país. Sem isso, vai ficar impossível conseguir apoio popular para aprová-las no Congresso. CARLOS A. MELO F. SANTOS (Pará de Minas, MG) * Não é possível acreditar que a Folha considere relevante uma carta assinada por 13 alunos. A reportagem não se justifica, mesmo que seja para evidenciar o ridículo de uma classe dominante sem empatia com o coletivo, como indicam o texto e a manifestação de alguns pais. MARCY JUNQUEIRA SALLOWICZ (São Paulo, SP) * O artigo de Paulo Tafner é mais um belo exemplo do tipo de sofisma que consiste em falar a favor do carente para defender o abastado: defender o lucro para preservar o emprego, defender o banqueiro para salvar a poupança. Em suas palavras, a reforma previdenciária é necessária para salvar "milhões de pessoas que deixarão de ter acesso ao emprego, à saúde, à educação, à segurança, se ela não for realizada". Nada a ver com o interesse do capital financeiro, entenderam? JOSÉ MARIA ALVES DA SILVA (Viçosa, MG) - RECEITA FEDERAL A dinheirama que circulou em contas nebulosas, empresas offshore e paraísos fiscais, revelada pela Lava Jato, evidencia a urgência de uma intervenção. O fisco brasileiro, para vigiar a classe média e seus modestos rendimentos, utiliza um leão vigoroso, impiedoso, de dentes fortes e garras afiadas. Mas, para vigiar os abastados corruptos e suas empresas de fachada, utiliza um leão maltratado, parvo, banguela e de garras quebradiças. A Receita é federal e parcial. TÚLLIO MARCO SOARES CARVALHO (Belo Horizonte, MG) - IMPOSTO SINDICAL Muito oportuno o artigo "O sindicalismo sem resultado". As contribuições sindicais obrigatórias deveriam ser extintas. Como muito bem identificado no texto, as entidades patronais e de trabalhadores deveriam ser mantidas por contribuições voluntárias, o que certamente fortalece a representatividade. Da mesma forma, as contribuições ao sistema S merecem ampla discussão e revisão, para evitar os desmandos que ocorrem em diversos segmentos empresariais. ANDRÉ ALI MERE, vice-diretor da Ciesp em Ribeirão Preto (Ribeirão Preto, SP) - OPERAÇÃO LAVA JATO O ministro Gilmar Mendes diz que a PF não pode interrogar Aécio Neves com "surpresas". Assim, passa a ideia de que é defensor, patrono de Aécio, e pede 48 horas de prazo para que ele tenha acesso ao que os delatores disseram. Isso não abriria precedentes para aqueles que foram interrogados no cárcere e para os que foram conduzidos coercivamente exigirem o mesmo tratamento? Dois pesos e duas medidas. AMELIO DEZEM (Toledo, PR) * Como leitor assíduo do respeitado jornalista Janio de Freitas, permito-me esclarecer que o artigo "Aberração" coloca dúvidas em relação à correção da decisão do ministro Gilmar Mendes, que apenas fez cumprir a lei e uma súmula vinculante do STF, a qual faculta à defesa acesso à íntegra dos depoimentos que compõem a investigação. Não há polêmica em relação a isso. Aécio Neves tem direito a isso, assim como os ex-presidentes Lula e Dilma (que represento em outro inquérito) e qualquer outro cidadão. ALBERTO ZACHARIAS TORON (São Paulo, SP) * Uns (muitos), são conduzidos coercitivamente, de pronto, para prestar depoimento. Outros (poucos), podem estudar o inquérito antes de depor, para não haver surpresa. Esse é o nosso país (ou, pelo menos, o de Gilmar e companhia). Lamentável e vergonhoso. LUIZ FERNANDO SCHMIDT (Goiânia, GO) * Palocci declarou ao juiz Moro que ele teria coisas a declarar que ocupariam sua agenda por pelo menos mais um ano. Muito inteligente, Pallocci quer simplesmente adiar a possibilidade de Lula vir a ser condenado e ainda tornar sua candidatura viável. Penso que, se existem mesmo as provas para condenar Lula, elas devem ser apresentadas já. A delação de Pallocci seria apenas mais uma. Realmente, uma grande jogada. PAULO H. C. DE OLIVEIRA (Rio de Janeiro, RJ) * Anna Virginia Balloussier, em sua entrevista com Deltan Dallagnol, só não fez a pergunta que a maioria dos brasileiros gostaríamos de fazer: ele continua feliz com o fragoroso "sucesso" de sua exposição de slides? ANTONIO CARLOS ORSELLI (Araraquara, SP) - TRUMP E OS IMPOSTOS Trump acaba de cortar com uma única canetada vários impostos nos EUA. Aposta em um crescimento de 3% ainda neste ano, para que o mercado compense as perdas de receita do governo. Aqui, o governo fala em elevar combustíveis e impostos. PAULO BOCCATO (Taquaritinga, SP) - DEMOCRACIA Tendo lido "A democracia sitiada", de Sérgio Abranches, na "Ilustríssima" deste domingo (23/4), e agora, ao ler "Não dá para fingir os danos causados por Google e Facebook", de Jonathan Taplin em um artigo para o "New York Times", eu me vi forçado a pensar que faltaria lógica em não haver relação entre os fenômenos. JOSÉ DIEGUEZ (São Carlos, SP) - ESPECIAL SOBRE CÂNCER Adorei a forma como o assunto foi tratado no caderno "É a vida" ( Seminários Folha, 27/4). Todas as informações a respeito do tema foram muito pertinentes (os gráficos e pesquisas), assim como o depoimento de pessoas que conseguiram vencer a doença. Como cidadão, acho extremamente importante que todos saibam como o câncer afeta a vida das pessoas e como o diagnóstico precoce auxilia na cura. LUCAS CANDEIRA (Cotia, SP) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Teste do pezinho, orelhinha e olhinho ainda estão longe do ideal, diz IBGE
Os primeiros exames feitos com bebês, como teste do pezinho, da orelhinha, e do olhinho ainda estão em patamares distantes do ideal no país, apontou o IBGE. Segundo pesquisa do órgão, o teste do pezinho, essencial para o diagnóstico de doenças graves como fenilcetonúria e anemia falciforme, que prejudicam o desenvolvimento da criança, foi feito por 70% das crianças na primeira semana de vida. "Isso significa que 30% das crianças não fazem o teste na primeira semana de vida, o que atrasa em muito o diagnóstico de doenças que precisam ser tratadas o quanto antes", afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Eduardo da Silva Vaz. Clique na infografia: Teste do pezinho Segundo Vaz, é surpreendente os percentuais muito baixos de realização do teste nas regiões Norte (54,6%) e Nordeste (53,87%). No Sudeste, o percentual chega a 84,7%. "Infelizmente ainda não conseguimos reduzir no país essa diferença entre as regiões. Os programas de transferência de renda do governo ajudam, mas não resolvem essa desigualdade, já que em locais de renda maior, é maior também o atendimento via rede privada. Estamos perdendo crianças diagnosticadas tardiamente com doenças graves". De acordo com a pesquisa, é pequeno também o percentual de crianças com menos de dois anos que tiveram sua primeira consulta médica até sete dias depois de ter tido alta da maternidade. No país, apenas 28,7% das crianças fizeram exames na primeira semana fora do hospital. No Norte, o percentual cai para 17,7%. O chamado teste do olhinho, exame que o médico lança um foco de luz vermelha no fundo do olho do bebê, para ver se não há problemas com a retina. No país, 51,1% fizeram o exame na primeira semana de vida. Clique na infografia: Teste do olhinho Vaz explica que se, por algum problema na retina, a criança não desenvolver a visão nos primeiros meses de vida, há chance de ela desenvolver cegueira definitiva. O mesmo ocorre com a audição. Se a criança for diagnosticada com problema de audição e não for diagnosticada nos os seis primeiros meses, dificilmente ela conseguirá, a despeito do problema de audição, desenvolver a fala, por exemplo. O teste da orelhinha é feita por 56% das crianças na primeira semana de vida. "Se levar dois anos para perceber o problema, já será tarde". Clique na infografia: Teste da orelhinha
cotidiano
Teste do pezinho, orelhinha e olhinho ainda estão longe do ideal, diz IBGEOs primeiros exames feitos com bebês, como teste do pezinho, da orelhinha, e do olhinho ainda estão em patamares distantes do ideal no país, apontou o IBGE. Segundo pesquisa do órgão, o teste do pezinho, essencial para o diagnóstico de doenças graves como fenilcetonúria e anemia falciforme, que prejudicam o desenvolvimento da criança, foi feito por 70% das crianças na primeira semana de vida. "Isso significa que 30% das crianças não fazem o teste na primeira semana de vida, o que atrasa em muito o diagnóstico de doenças que precisam ser tratadas o quanto antes", afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Eduardo da Silva Vaz. Clique na infografia: Teste do pezinho Segundo Vaz, é surpreendente os percentuais muito baixos de realização do teste nas regiões Norte (54,6%) e Nordeste (53,87%). No Sudeste, o percentual chega a 84,7%. "Infelizmente ainda não conseguimos reduzir no país essa diferença entre as regiões. Os programas de transferência de renda do governo ajudam, mas não resolvem essa desigualdade, já que em locais de renda maior, é maior também o atendimento via rede privada. Estamos perdendo crianças diagnosticadas tardiamente com doenças graves". De acordo com a pesquisa, é pequeno também o percentual de crianças com menos de dois anos que tiveram sua primeira consulta médica até sete dias depois de ter tido alta da maternidade. No país, apenas 28,7% das crianças fizeram exames na primeira semana fora do hospital. No Norte, o percentual cai para 17,7%. O chamado teste do olhinho, exame que o médico lança um foco de luz vermelha no fundo do olho do bebê, para ver se não há problemas com a retina. No país, 51,1% fizeram o exame na primeira semana de vida. Clique na infografia: Teste do olhinho Vaz explica que se, por algum problema na retina, a criança não desenvolver a visão nos primeiros meses de vida, há chance de ela desenvolver cegueira definitiva. O mesmo ocorre com a audição. Se a criança for diagnosticada com problema de audição e não for diagnosticada nos os seis primeiros meses, dificilmente ela conseguirá, a despeito do problema de audição, desenvolver a fala, por exemplo. O teste da orelhinha é feita por 56% das crianças na primeira semana de vida. "Se levar dois anos para perceber o problema, já será tarde". Clique na infografia: Teste da orelhinha
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Santos volta a jogar bem e goleia Atlético-MG na Vila Belmiro
O Santos goleou em casa o Atlético-MG, por 4 a 0, nesta quarta-feira (16), e está mais próximo do G4, o grupo de classificação para a Libertadores. A partida foi válida pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro e o placar foi construído por Gabriel, Ricardo Oliveira e Marquinhos Gabriel. A equipe do litoral paulista alcançou 40 pontos na classificação e subiu para a sétima posição. Atual quarto colocado, o Flamengo tem apenas um ponto a mais. Já o Atlético-MG permanece com 49 e vê o Grêmio encostar, um ponto atrás. A distância para o líder Corinthians continua em cinco pontos. Santos 4 x 0 Atlético-MG O jogo começou com as duas equipes buscando o ataque, mas o Santos tomou conta das ações já na metade da primeira etapa. Aos 37 minutos, Gabriel abriu o placar após carregar a bola pela direita até o centro e disparar um chute certeiro de longa distância no canto esquerdo de Victor. Logo aos nove do segundo tempo, Gabriel marcou mais uma vez ao receber grande passe de Lucas Lima e disparar sozinho pelo campo de ataque. O camisa 10 esperou Victor sair e tocou para o gol. Gabriel já marcou sete vezes no campeonato. O artilheiro do Brasileiro, Ricardo Oliveira, fez o terceiro aos 25 minutos da etapa final. Lucas Lima roubou a bola da defesa mineira e tabelou com o centroavante, que tocou para chegar a 17 gols no Brasileiro. Marquinhos Gabriel decretou a goleada com um belo disparo de fora da área, aos 46. A próxima rodada será de clássico para o Santos, que visitará o Corinthians no domingo (20), às 11h. O Atlético-MG tentará a recuperação após a goleada como mandante diante do Flamengo no mesmo dia, às 16h.
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Santos volta a jogar bem e goleia Atlético-MG na Vila BelmiroO Santos goleou em casa o Atlético-MG, por 4 a 0, nesta quarta-feira (16), e está mais próximo do G4, o grupo de classificação para a Libertadores. A partida foi válida pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro e o placar foi construído por Gabriel, Ricardo Oliveira e Marquinhos Gabriel. A equipe do litoral paulista alcançou 40 pontos na classificação e subiu para a sétima posição. Atual quarto colocado, o Flamengo tem apenas um ponto a mais. Já o Atlético-MG permanece com 49 e vê o Grêmio encostar, um ponto atrás. A distância para o líder Corinthians continua em cinco pontos. Santos 4 x 0 Atlético-MG O jogo começou com as duas equipes buscando o ataque, mas o Santos tomou conta das ações já na metade da primeira etapa. Aos 37 minutos, Gabriel abriu o placar após carregar a bola pela direita até o centro e disparar um chute certeiro de longa distância no canto esquerdo de Victor. Logo aos nove do segundo tempo, Gabriel marcou mais uma vez ao receber grande passe de Lucas Lima e disparar sozinho pelo campo de ataque. O camisa 10 esperou Victor sair e tocou para o gol. Gabriel já marcou sete vezes no campeonato. O artilheiro do Brasileiro, Ricardo Oliveira, fez o terceiro aos 25 minutos da etapa final. Lucas Lima roubou a bola da defesa mineira e tabelou com o centroavante, que tocou para chegar a 17 gols no Brasileiro. Marquinhos Gabriel decretou a goleada com um belo disparo de fora da área, aos 46. A próxima rodada será de clássico para o Santos, que visitará o Corinthians no domingo (20), às 11h. O Atlético-MG tentará a recuperação após a goleada como mandante diante do Flamengo no mesmo dia, às 16h.
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Itália improvisa campos de refugiados após fechamento das fronteiras
Barracas, espaços comerciais e até túneis formam os "campos de refugiados" improvisados que a Itália instalou para abrigar as centenas de imigrantes que ficaram bloqueados no país após o fechamento das fronteiras dos países vizinhos. São centenas de imigrantes, a maioria da Eritréia e do Sudão, que chegaram de barco desde a Líbia e ficaram presos na Itália, onde não querem ficar, com destino a uma Europa que não os quer. Essa situação foi criada pelo fechamento do espaço europeu de Schengen até amanhã, 15 de junho, devido a já finalizada cúpula do G7, realizada na Alemanha, que fez os países que fazem fronteira com a Itália - França, Áustria e Alemanha - impedissem a passagem de imigrantes. Há dias eles vagam pelas estações das principais cidades italianas à espera de pegar o trem que os levará para Suécia, Alemanha ou França, onde encontrarão seus familiares, e cuja passagem pagaram com um enorme esforço que os deixou sem dinheiro. Outra centena deles passou a noite no dique do porto de Ventimiglia, cidade da região italiana de Ligúria que faz fronteira com a França, depois de a Gendarmaria francesa ter impedido que a atravessassem. Embora com atraso, após dias de polêmica, as autoridades italianas se mobilizaram para criar improvisados campos de refugiados em Ventimiglia e nas proximidades da estação Tiburtina de Roma e da Central de Milão. Desde esta noite os chamados "cubos", fora da estação Central de Milão, foram alugados como espaços comerciais, destinados a dar cobertura às centenas de imigrantes que até agora passavam o dia no interior da estação ou na praça e nos jardins próximos. Alguns preferiram continuar dormindo na rua, explicou um dos voluntários que leva comida a estas pessoas, que acredita se tratar de uma estratégia para identificá-los. Pelo menos nestes espaços as organizações humanitárias e os voluntários puderam se organizar para dar três refeições aos imigrantes. "Sei que não são lugares ideais, mas a Estação colocou à nossa disposição estes espaços e estas pessoas precisam de uma solução", explicou o vereador de Políticas Sociais da prefeitura de Milão, Pierfrancesco Majorino. Em Roma, a prefeitura e a Cruz Vermelha instalaram um acampamento com uma grande barraca com capacidade para até 150 pessoas e serviços higiênicos, onde a noite os imigrantes homens passaram, enquanto as mulheres e as crianças foram levadas para um abrigo. Mas a última e mais representativa imagem da repercussão de fechar as fronteiras é a de Ventimiglia, onde quase cem imigrantes foram rechaçados na fronteira com Nice. Alguns deles buscaram abrigo no interior de um túnel por causa da chuva que caiu ontem, e um grupo de 40 pessoas passou a noite no dique do porto, protegidos por cobertores isotérmicos, em protesto. Embora a prefeitura de Ventimiglia tenha instalado serviços higiênicos e organizações e os próprios moradores da cidade levem comida e roupa aos imigrantes, afirmaram que a situação começa a ser preocupante, pois continuam a chegar imigrantes que têm a França como destino. Esta situação levou o primeiro-ministro do Interior a ameaçar hoje em entrevista na televisão que a Itália "mudará de comportamento se a Europa não for solidária, pois não aceitará uma Europa egoísta". O presidente do governo italiano, Matteo Renzi, considerou "insuficiente" e "quase uma provocação" a proposta da Comissão Europeia de distribuir somente entre 24 mil sírios e eritreus entre os Estados-membros, e ainda com a oposição de muitos deles. Tanto Renzi como Alfano explicaram que estão preparando "um plano B" sobre imigração caso a Europa não queira ajudar. A expectativa é que as fronteiras sejam abertas amanhã e esses imigrantes conseguirão ir para seus países de destino encontrar suas famílias.
mundo
Itália improvisa campos de refugiados após fechamento das fronteirasBarracas, espaços comerciais e até túneis formam os "campos de refugiados" improvisados que a Itália instalou para abrigar as centenas de imigrantes que ficaram bloqueados no país após o fechamento das fronteiras dos países vizinhos. São centenas de imigrantes, a maioria da Eritréia e do Sudão, que chegaram de barco desde a Líbia e ficaram presos na Itália, onde não querem ficar, com destino a uma Europa que não os quer. Essa situação foi criada pelo fechamento do espaço europeu de Schengen até amanhã, 15 de junho, devido a já finalizada cúpula do G7, realizada na Alemanha, que fez os países que fazem fronteira com a Itália - França, Áustria e Alemanha - impedissem a passagem de imigrantes. Há dias eles vagam pelas estações das principais cidades italianas à espera de pegar o trem que os levará para Suécia, Alemanha ou França, onde encontrarão seus familiares, e cuja passagem pagaram com um enorme esforço que os deixou sem dinheiro. Outra centena deles passou a noite no dique do porto de Ventimiglia, cidade da região italiana de Ligúria que faz fronteira com a França, depois de a Gendarmaria francesa ter impedido que a atravessassem. Embora com atraso, após dias de polêmica, as autoridades italianas se mobilizaram para criar improvisados campos de refugiados em Ventimiglia e nas proximidades da estação Tiburtina de Roma e da Central de Milão. Desde esta noite os chamados "cubos", fora da estação Central de Milão, foram alugados como espaços comerciais, destinados a dar cobertura às centenas de imigrantes que até agora passavam o dia no interior da estação ou na praça e nos jardins próximos. Alguns preferiram continuar dormindo na rua, explicou um dos voluntários que leva comida a estas pessoas, que acredita se tratar de uma estratégia para identificá-los. Pelo menos nestes espaços as organizações humanitárias e os voluntários puderam se organizar para dar três refeições aos imigrantes. "Sei que não são lugares ideais, mas a Estação colocou à nossa disposição estes espaços e estas pessoas precisam de uma solução", explicou o vereador de Políticas Sociais da prefeitura de Milão, Pierfrancesco Majorino. Em Roma, a prefeitura e a Cruz Vermelha instalaram um acampamento com uma grande barraca com capacidade para até 150 pessoas e serviços higiênicos, onde a noite os imigrantes homens passaram, enquanto as mulheres e as crianças foram levadas para um abrigo. Mas a última e mais representativa imagem da repercussão de fechar as fronteiras é a de Ventimiglia, onde quase cem imigrantes foram rechaçados na fronteira com Nice. Alguns deles buscaram abrigo no interior de um túnel por causa da chuva que caiu ontem, e um grupo de 40 pessoas passou a noite no dique do porto, protegidos por cobertores isotérmicos, em protesto. Embora a prefeitura de Ventimiglia tenha instalado serviços higiênicos e organizações e os próprios moradores da cidade levem comida e roupa aos imigrantes, afirmaram que a situação começa a ser preocupante, pois continuam a chegar imigrantes que têm a França como destino. Esta situação levou o primeiro-ministro do Interior a ameaçar hoje em entrevista na televisão que a Itália "mudará de comportamento se a Europa não for solidária, pois não aceitará uma Europa egoísta". O presidente do governo italiano, Matteo Renzi, considerou "insuficiente" e "quase uma provocação" a proposta da Comissão Europeia de distribuir somente entre 24 mil sírios e eritreus entre os Estados-membros, e ainda com a oposição de muitos deles. Tanto Renzi como Alfano explicaram que estão preparando "um plano B" sobre imigração caso a Europa não queira ajudar. A expectativa é que as fronteiras sejam abertas amanhã e esses imigrantes conseguirão ir para seus países de destino encontrar suas famílias.
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Lançamentos de imóveis em São Paulo caem 23% em 2016 com demanda fraca
O lançamento de imóveis residenciais na cidade de São Paulo caiu 23,3% em 2016 na comparação com o ano anterior, de acordo com dados do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário) divulgados nesta terça-feira (14). Foi o segundo ano consecutivo de forte retração nos lançamentos. Em 2015, porém, o tombo foi maior, de 32,4% ante 2014. Com demanda baixa e estoque alto, as construtoras seguraram os novos empreendimentos. Foram 17,6 mil unidades lançadas em 2016 —contra 23 mil no ano anterior—, o menor patamar desde 2004, início da série histórica atual do Secovi. Os lançamentos se concentraram na tipologia tida como mais "segura" pelo mercado: apartamentos de dois quartos entre R$ 225 mil e R$ 500 mil. O preço dos imóveis lançados permaneceu praticamente estável entre 2015 e 2016, com o metro quadrado custando, em média, R$ 8.800. "Para 2017, prevemos um crescimento de 5% a 10% nesse valor, dependendo da unidade", diz Emilio Kallas, vice-presidente de incorporação e terrenos urbanos do Secovi.. A venda de imóveis novos na capital paulista também recuou drasticamente em 2016 (20%), com 16 mil unidades comercializadas, o menor volume da série histórica. "O ano passado foi o pior do nosso setor, nos últimos 12 anos pelo menos", diz Kallas. A cidade fechou o ano com 24 mil unidades novas em oferta. Para zerar esse estoque, o Secovi calcula que seriam necessários 19 meses. O VGV (Valor Global de Vendas) —que soma o valor potencial de venda de todas as unidades de um empreendimento que será lançado— passou de R$ 10,5 bilhões em 2015 para R$ 8,6 bilhões em 2016, uma queda de 18%. "As unidades foram reduzidas, e, assim, comercializadas mais baratas. Foi uma adequação do mercado, que diminuiu o tamanho dos imóveis mirando um comprando com um ticket médio menor", explica Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi. Segundo ele, devem faltar imóveis maiores na cidade nos próximos anos. Para Flavio Amary, presidente da entidade, inflação e taxa de juros em queda podem ajudar o setor a se recuperar gradualmente a partir de 2017. Setor de imóveis - Residenciais na cidade de São Paulo, em mil unidades GRANDE SP Na região metropolitana de São Paulo (exceto a capital), a queda nos lançamentos em 2016 foi ainda maior, de 40,5% sobre o ano anterior. Em relação às vendas, foram comercializadas 9 mil unidades, uma variação negativa de 31% na comparação com 2015.
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Lançamentos de imóveis em São Paulo caem 23% em 2016 com demanda fracaO lançamento de imóveis residenciais na cidade de São Paulo caiu 23,3% em 2016 na comparação com o ano anterior, de acordo com dados do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário) divulgados nesta terça-feira (14). Foi o segundo ano consecutivo de forte retração nos lançamentos. Em 2015, porém, o tombo foi maior, de 32,4% ante 2014. Com demanda baixa e estoque alto, as construtoras seguraram os novos empreendimentos. Foram 17,6 mil unidades lançadas em 2016 —contra 23 mil no ano anterior—, o menor patamar desde 2004, início da série histórica atual do Secovi. Os lançamentos se concentraram na tipologia tida como mais "segura" pelo mercado: apartamentos de dois quartos entre R$ 225 mil e R$ 500 mil. O preço dos imóveis lançados permaneceu praticamente estável entre 2015 e 2016, com o metro quadrado custando, em média, R$ 8.800. "Para 2017, prevemos um crescimento de 5% a 10% nesse valor, dependendo da unidade", diz Emilio Kallas, vice-presidente de incorporação e terrenos urbanos do Secovi.. A venda de imóveis novos na capital paulista também recuou drasticamente em 2016 (20%), com 16 mil unidades comercializadas, o menor volume da série histórica. "O ano passado foi o pior do nosso setor, nos últimos 12 anos pelo menos", diz Kallas. A cidade fechou o ano com 24 mil unidades novas em oferta. Para zerar esse estoque, o Secovi calcula que seriam necessários 19 meses. O VGV (Valor Global de Vendas) —que soma o valor potencial de venda de todas as unidades de um empreendimento que será lançado— passou de R$ 10,5 bilhões em 2015 para R$ 8,6 bilhões em 2016, uma queda de 18%. "As unidades foram reduzidas, e, assim, comercializadas mais baratas. Foi uma adequação do mercado, que diminuiu o tamanho dos imóveis mirando um comprando com um ticket médio menor", explica Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi. Segundo ele, devem faltar imóveis maiores na cidade nos próximos anos. Para Flavio Amary, presidente da entidade, inflação e taxa de juros em queda podem ajudar o setor a se recuperar gradualmente a partir de 2017. Setor de imóveis - Residenciais na cidade de São Paulo, em mil unidades GRANDE SP Na região metropolitana de São Paulo (exceto a capital), a queda nos lançamentos em 2016 foi ainda maior, de 40,5% sobre o ano anterior. Em relação às vendas, foram comercializadas 9 mil unidades, uma variação negativa de 31% na comparação com 2015.
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Belém recebe mais fiéis para o Natal, mas perde moradores cristãos
A árvore de Natal de 15 metros de altura da Praça da Manjedoura, cravejada de luzes coloridas, faz a alegria dos milhares de peregrinos cristãos em Belém (Cisjordânia), onde, segundo a tradição cristã, Jesus nasceu. Mas, ao contrário da maioria dos turistas que visitam a cidade todo mês de dezembro para ir a locais sagrados como a Igreja da Natividade, os cristãos da própria cidade sagrada formam, hoje, um rebanho cada vez menor. A população cristã de Belém míngua por causa da baixa natalidade, do aumento de casamentos mistos e da emigração de famílias inteiras fugindo da tensão, de perseguições e da falta de oportunidades. Em 1948, os cristãos constituíam 85% da população de Belém e os muçulmanos, 15%. Em 2016, os porcentuais foram trocados: entre os 32 mil habitantes, apenas 15% são cristãos. Os outros 85% são muçulmanos, segundo estimativas extraoficiais (o próximo censo será realizado em 2017). "O tempo está correndo contra nós. Em 20 anos, seremos tão poucos que precisarão buscar os cristãos com lanternas justamente aqui Belém, o berço do cristianismo", diz Samir Qumsieh, diretor da TV Al-Mahd, que estuda a situação dos cristãos na cidade há 40 anos. Qumsieh conta que todos os seus quatro irmãos e dois de seus quatro filhos deixaram Belém para morar no exterior: "Meus filhos riem quando pergunto se vão voltar. Dizem que não têm o que fazer por aqui", diz o pesquisador. "Mas eu fico porque quero lutar para manter a população cristã na Terra Santa". O professor de educação física Walid Al Shatleh, 53, está prestes a se tornar mais um número nessa estatística. Residente de Bait Jala (parte da província de Belém, que tem, ao todo, 200 mil habitantes), ele se prepara para emigrar para Austrália ou Canadá com a mulher e os três filhos. Ele aponta o conflito com Israel como principal motivo. "Minha família tinha 2,5 hectares de terra, mas a maioria foi confiscada por Israel. Tenho que andar com a identidade no bolso para não ser detido por soldados. Quero um cotidiano melhor para minha família", diz o professor. A prefeita de Belém, Vera Baboun, também é rápida em apontar Israel como fonte dos problemas. Para ela, o muro que Israel constrói em torno de Belém desde 2002 (ano auge da Segunda Intifada palestina, revolta violenta que deixou cerca de mil israelenses mortos em ataques terroristas entre 2000 e 2004) estrangulou a cidade, afugentando turistas e peregrinos e limitando o ir e vir dos moradores. Israel diz que o muro ajudou a acabar com os atentados. "Há poucas oportunidades de negócios e por isso os palestinos optam por deixar a região. Belém tem a maior taxa de imigração interna dentro da Palestina. Nossa taxa de desemprego é 27%, a maior da Cisjordânia. A saída para os cristãos é independência e o acordo de paz", diz a prefeita. Apesar desse cenário, o turismo em Belém melhorou em 2016. Esperam-se 120 mil turistas em dezembro, um aumento de 80% em comparação ao mesmo mês do ano passado (65 mil). O número se compara o auge do final dos anos 90, antes da Segunda Intifada. Para o pesquisador Qumsieh, há outras razões para a fuga em massa dos cristãos de Belém. Ele aponta para a baixa de natalidade dos cristãos em comparação aos muçulmanos, mas, principalmente, a convivência nem sempre pacífica entre as religiões nos territórios palestinos. "A ocupação israelense influencia negativamente, mas não podemos negar que temos muitos problemas internos", afirma o pesquisador, admitindo que muitos palestinos têm medo de revelar suas agruras. "Nem tudo o que se sabe pode ser dito. Teoricamente, somos tratados de igual para igual. Mas, na prática, é diferente. Muçulmanos, por exemplo, não vendem terras a cristãos sob pena de serem hostilizados em suas comunidades e muitas terras de cristãos são roubadas. Há uma máfia de terras aqui." O pesquisador também aponta o aumento dos casamentos mistos entre jovens cristãos e muçulmanos como fator na diminuição de cristãos em Belém. Como nos territórios controlados pela Autoridade Palestina casamentos inter-religiosos ou civis não são permitidos, sempre um dos noivos precisa se converter. Em geral, são os cristãos que se convertem ao islamismo. "Sentimos cada vez mais a influência do islã radical e nos sentimos pressionados. É só olhar como as meninas estão se cobrindo com véus nas ruas", diz o pesquisador. Há notícias, também, de intimidações, perseguições a cristãos e vandalismo contra igrejas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, além de outros crimes contra os direitos humanos. Segundo o jornalista israelense Danny Rubinstein, do jornal Haaretz, a nacionalidade palestina se tornou, com o tempo, algo que tem a religião muçulmana como pilar. "A vida pública mudou totalmente e os cristãos se sentem presos num gueto cultural e religioso", acredita. Em 1948, antes da criação do Estado de Israel, os cristãos eram 10% dos 1,8 milhão de moradores da então Palestina do Mandato Britânico (hoje Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza). Hoje, são meros 2% dos cerca de 14 milhões de moradores da região. Mas o fenômeno acontece por todo o Oriente Médio. Hoje, dos mais de 500 milhões de habitantes da região, cerca de 15 milhões são cristãos, algo em torno de 3%. O percentual era 20% há apenas cem anos. O único lugar onde a população cristã cresce, atualmente, é Israel. Mesmo com os baixos níveis de natalidade: 1,3%, comparado a 1,8% dos judeus e 2,5%, dos muçulmanos. Hoje, há 161 mil cristãos em Israel, 2% a mais do que os 158 mil de 2012. Cerca de 80% dos cristãos de Israel são árabes. Os restantes 20% são imigrantes (legais ou ilegais) e trabalhadores estrangeiros de países como Rússia, Ucrânia, Filipinas, Tailândia, Eritreia e Etiópia. "Em todo o Oriente Médio, os cristãos são atacados por todos. Só em Israel estão estáveis e a salvo", diz Samir Qumsieh. "É uma vergonha que um cristão palestino tenha que viver em Israel para se sentir seguro."
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Belém recebe mais fiéis para o Natal, mas perde moradores cristãosA árvore de Natal de 15 metros de altura da Praça da Manjedoura, cravejada de luzes coloridas, faz a alegria dos milhares de peregrinos cristãos em Belém (Cisjordânia), onde, segundo a tradição cristã, Jesus nasceu. Mas, ao contrário da maioria dos turistas que visitam a cidade todo mês de dezembro para ir a locais sagrados como a Igreja da Natividade, os cristãos da própria cidade sagrada formam, hoje, um rebanho cada vez menor. A população cristã de Belém míngua por causa da baixa natalidade, do aumento de casamentos mistos e da emigração de famílias inteiras fugindo da tensão, de perseguições e da falta de oportunidades. Em 1948, os cristãos constituíam 85% da população de Belém e os muçulmanos, 15%. Em 2016, os porcentuais foram trocados: entre os 32 mil habitantes, apenas 15% são cristãos. Os outros 85% são muçulmanos, segundo estimativas extraoficiais (o próximo censo será realizado em 2017). "O tempo está correndo contra nós. Em 20 anos, seremos tão poucos que precisarão buscar os cristãos com lanternas justamente aqui Belém, o berço do cristianismo", diz Samir Qumsieh, diretor da TV Al-Mahd, que estuda a situação dos cristãos na cidade há 40 anos. Qumsieh conta que todos os seus quatro irmãos e dois de seus quatro filhos deixaram Belém para morar no exterior: "Meus filhos riem quando pergunto se vão voltar. Dizem que não têm o que fazer por aqui", diz o pesquisador. "Mas eu fico porque quero lutar para manter a população cristã na Terra Santa". O professor de educação física Walid Al Shatleh, 53, está prestes a se tornar mais um número nessa estatística. Residente de Bait Jala (parte da província de Belém, que tem, ao todo, 200 mil habitantes), ele se prepara para emigrar para Austrália ou Canadá com a mulher e os três filhos. Ele aponta o conflito com Israel como principal motivo. "Minha família tinha 2,5 hectares de terra, mas a maioria foi confiscada por Israel. Tenho que andar com a identidade no bolso para não ser detido por soldados. Quero um cotidiano melhor para minha família", diz o professor. A prefeita de Belém, Vera Baboun, também é rápida em apontar Israel como fonte dos problemas. Para ela, o muro que Israel constrói em torno de Belém desde 2002 (ano auge da Segunda Intifada palestina, revolta violenta que deixou cerca de mil israelenses mortos em ataques terroristas entre 2000 e 2004) estrangulou a cidade, afugentando turistas e peregrinos e limitando o ir e vir dos moradores. Israel diz que o muro ajudou a acabar com os atentados. "Há poucas oportunidades de negócios e por isso os palestinos optam por deixar a região. Belém tem a maior taxa de imigração interna dentro da Palestina. Nossa taxa de desemprego é 27%, a maior da Cisjordânia. A saída para os cristãos é independência e o acordo de paz", diz a prefeita. Apesar desse cenário, o turismo em Belém melhorou em 2016. Esperam-se 120 mil turistas em dezembro, um aumento de 80% em comparação ao mesmo mês do ano passado (65 mil). O número se compara o auge do final dos anos 90, antes da Segunda Intifada. Para o pesquisador Qumsieh, há outras razões para a fuga em massa dos cristãos de Belém. Ele aponta para a baixa de natalidade dos cristãos em comparação aos muçulmanos, mas, principalmente, a convivência nem sempre pacífica entre as religiões nos territórios palestinos. "A ocupação israelense influencia negativamente, mas não podemos negar que temos muitos problemas internos", afirma o pesquisador, admitindo que muitos palestinos têm medo de revelar suas agruras. "Nem tudo o que se sabe pode ser dito. Teoricamente, somos tratados de igual para igual. Mas, na prática, é diferente. Muçulmanos, por exemplo, não vendem terras a cristãos sob pena de serem hostilizados em suas comunidades e muitas terras de cristãos são roubadas. Há uma máfia de terras aqui." O pesquisador também aponta o aumento dos casamentos mistos entre jovens cristãos e muçulmanos como fator na diminuição de cristãos em Belém. Como nos territórios controlados pela Autoridade Palestina casamentos inter-religiosos ou civis não são permitidos, sempre um dos noivos precisa se converter. Em geral, são os cristãos que se convertem ao islamismo. "Sentimos cada vez mais a influência do islã radical e nos sentimos pressionados. É só olhar como as meninas estão se cobrindo com véus nas ruas", diz o pesquisador. Há notícias, também, de intimidações, perseguições a cristãos e vandalismo contra igrejas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, além de outros crimes contra os direitos humanos. Segundo o jornalista israelense Danny Rubinstein, do jornal Haaretz, a nacionalidade palestina se tornou, com o tempo, algo que tem a religião muçulmana como pilar. "A vida pública mudou totalmente e os cristãos se sentem presos num gueto cultural e religioso", acredita. Em 1948, antes da criação do Estado de Israel, os cristãos eram 10% dos 1,8 milhão de moradores da então Palestina do Mandato Britânico (hoje Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza). Hoje, são meros 2% dos cerca de 14 milhões de moradores da região. Mas o fenômeno acontece por todo o Oriente Médio. Hoje, dos mais de 500 milhões de habitantes da região, cerca de 15 milhões são cristãos, algo em torno de 3%. O percentual era 20% há apenas cem anos. O único lugar onde a população cristã cresce, atualmente, é Israel. Mesmo com os baixos níveis de natalidade: 1,3%, comparado a 1,8% dos judeus e 2,5%, dos muçulmanos. Hoje, há 161 mil cristãos em Israel, 2% a mais do que os 158 mil de 2012. Cerca de 80% dos cristãos de Israel são árabes. Os restantes 20% são imigrantes (legais ou ilegais) e trabalhadores estrangeiros de países como Rússia, Ucrânia, Filipinas, Tailândia, Eritreia e Etiópia. "Em todo o Oriente Médio, os cristãos são atacados por todos. Só em Israel estão estáveis e a salvo", diz Samir Qumsieh. "É uma vergonha que um cristão palestino tenha que viver em Israel para se sentir seguro."
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