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Cristina diz que cumpriu promessa de deixar Argentina como 'país normal'
A presidente argentina em final de mandato, Cristina Kirchner, disse neste domingo (25) estar muito satisfeita com os doze anos de governo kirchnerista e anunciou que de dedicará a militância assim que deixar o cargo, no próximo dia 10 de dezembro. Cristina, que assumiu a Presidência após quatro anos de mandato de seu marido, Nestor Kirchner (1950-2010), está há oito anos no poder. Ela votou em um colégio eleitoral na cidade patagônia de Río Gallegos, rodeada de jornalistas, apoiadores e um aparato montado especialmente para ela com as cores da bandeira do país. A presidente disse estar emocionada por sentir que seu partido, a Frente para a Vitória, cumpriu a promessa de seu marido ao assumir a Casa Rosada, em 2003: dar aos argentinos um país normal. "Hoje estamos votando depois de três governos consecutivos da Frente para a Vitória em um país absolutamente normal", disse a presidente, acrescentando que, nos anos anteriores, os argentinos sempre votavam em meio a uma crise. "[Hoje] não há ninguém que tenha medo do cenário econômico, ninguém com medo de perder seu trabalho, estamos em um país com pleno emprego, com os índices mais baixos de desemprego de toda a história para este último trimestre, com uma atividade econômica e um crescimento econômico único na América Latina", listou a presidente. No governo, os Kirchner tiraram a Argentina do colapso, após a crise de 2001, que levou o país à bancarrota. Seu principal feito foi ter reduzido a pobreza, que no início de seu governo engolia mais da metade da população, para os atuais 28%. Mas em troca, se notabilizou pela confrontação permanente, que buscou inimigos nos políticos opositores, no "imperialismo" americano e inglês e nos meios de comunicação. No setor empresarial, essa política de confronto e interferência se traduziu em menos investimentos na última fase da gestão Cristina, o que acabou por deprimir o crescimento. Hoje, a economia está estagnada. Mas a presidente dobrou a aposta. Neste ano de eleições, turbinou os gastos sociais e levará a Argentina a um deficit fiscal recorde, equivalente a 7% do PIB do país. Se gera alto grau de incerteza sobre como o próximo governante lidará com a correção da gastança, por outro lado sua política contribuiu para que a mandatária se despeça com alta popularidade, de mais de 50%. Questionada sobre o que fará após passar o comando do país em 10 de dezembro, Cristina disse: "O que sempre fiz, militar". A presidente já insinuou por diversas vezes que poderia se candidatar novamente em 2019, já que a legislação eleitoral argentina proíbe um terceiro mandato consecutivo. Na Província de Santa Cruz, onde a presidente votou, seu filho mais velho, Máximo Kirchner, estreia na política como candidato a deputado nacional pela Frente. Sua cunhada, Alicia Kirchner, compete para o cargo de governadora.
mundo
Cristina diz que cumpriu promessa de deixar Argentina como 'país normal'A presidente argentina em final de mandato, Cristina Kirchner, disse neste domingo (25) estar muito satisfeita com os doze anos de governo kirchnerista e anunciou que de dedicará a militância assim que deixar o cargo, no próximo dia 10 de dezembro. Cristina, que assumiu a Presidência após quatro anos de mandato de seu marido, Nestor Kirchner (1950-2010), está há oito anos no poder. Ela votou em um colégio eleitoral na cidade patagônia de Río Gallegos, rodeada de jornalistas, apoiadores e um aparato montado especialmente para ela com as cores da bandeira do país. A presidente disse estar emocionada por sentir que seu partido, a Frente para a Vitória, cumpriu a promessa de seu marido ao assumir a Casa Rosada, em 2003: dar aos argentinos um país normal. "Hoje estamos votando depois de três governos consecutivos da Frente para a Vitória em um país absolutamente normal", disse a presidente, acrescentando que, nos anos anteriores, os argentinos sempre votavam em meio a uma crise. "[Hoje] não há ninguém que tenha medo do cenário econômico, ninguém com medo de perder seu trabalho, estamos em um país com pleno emprego, com os índices mais baixos de desemprego de toda a história para este último trimestre, com uma atividade econômica e um crescimento econômico único na América Latina", listou a presidente. No governo, os Kirchner tiraram a Argentina do colapso, após a crise de 2001, que levou o país à bancarrota. Seu principal feito foi ter reduzido a pobreza, que no início de seu governo engolia mais da metade da população, para os atuais 28%. Mas em troca, se notabilizou pela confrontação permanente, que buscou inimigos nos políticos opositores, no "imperialismo" americano e inglês e nos meios de comunicação. No setor empresarial, essa política de confronto e interferência se traduziu em menos investimentos na última fase da gestão Cristina, o que acabou por deprimir o crescimento. Hoje, a economia está estagnada. Mas a presidente dobrou a aposta. Neste ano de eleições, turbinou os gastos sociais e levará a Argentina a um deficit fiscal recorde, equivalente a 7% do PIB do país. Se gera alto grau de incerteza sobre como o próximo governante lidará com a correção da gastança, por outro lado sua política contribuiu para que a mandatária se despeça com alta popularidade, de mais de 50%. Questionada sobre o que fará após passar o comando do país em 10 de dezembro, Cristina disse: "O que sempre fiz, militar". A presidente já insinuou por diversas vezes que poderia se candidatar novamente em 2019, já que a legislação eleitoral argentina proíbe um terceiro mandato consecutivo. Na Província de Santa Cruz, onde a presidente votou, seu filho mais velho, Máximo Kirchner, estreia na política como candidato a deputado nacional pela Frente. Sua cunhada, Alicia Kirchner, compete para o cargo de governadora.
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7 em cada 10 apoiam Uber em SP, aponta Datafolha; táxi é bem avaliado
O serviço do Uber, aplicativo que conecta motoristas particulares a passageiros, é defendido por sete em cada dez moradores da cidade de São Paulo, segundo a mais recente pesquisa Datafolha. Por outro lado, a categoria mais afetada pela empresa americana, os taxistas, também têm seu trabalho bem avaliado –já que 65% dos usuários de táxi dizem considerar esses serviços ótimos ou bons, 24%, regulares, e 10%, ruins ou péssimos. O levantamento foi realizado nos dias 12 e 13 de julho, cerca de dois meses após a liberação, pela gestão Fernando Haddad (PT), desses aplicativos de transporte –mercado que hoje tem concorrentes do Uber, como Cabify (espanhol) e WillGo (indiano). A pesquisa dá a dimensão de como a atividade do Uber está difundida na capital paulista: 81% da população conhece esse serviço, que já foi utilizado por 27% do total. De modo geral, 69% dos paulistanos são a favor das atividades do Uber, ante 17% que são contrários e 8%, indiferentes –demais não souberam responder. Opinião sobre o Uber em São Paulo - Maioria aprova aplicativo que conecta motoristas a passageiros Assim como em outras cidades do mundo e do restante do país, a chegada do Uber em São Paulo foi alvo de resistência e protestos violentos de taxistas, com episódios de depredação e ataques a carros e até a passageiros. Os taxistas, que dispõem de alvará fornecido pelo poder público em quantidade limitada, alegam que a atividade representa concorrência desleal, já que os serviços não contam com as mesmas exigências dos taxistas –como vistorias e taxas municipais. Por outro lado, defensores do Uber e de outros aplicativos argumentam que os taxistas dispõem de outros benefícios, como isenção de imposto na aquisição do carro. Parte do grupo pró-Uber avalia que esse aplicativo cresceu devido à prestação ruim de serviço pelos taxistas, mas a pesquisa Datafolha aponta mais satisfação do que insatisfação com os táxis. Mesmo diante do crescimento do aplicativo concorrente, 39% dos paulistanos dizem que ainda costumam utilizar os táxis –e, dentre esses, dois terços elogiam a qualidade dos serviços. Avaliação dos táxis em São Paulo - Entre 39% que já usaram o serviço A taxa de aprovação do serviço do Uber, porém, é superior –no universo de usuários, 93% consideram ótimo ou bom, 2%, regular, e outros 2%, ruim ou péssimo. As maiores taxas de utilização do aplicativo foram registradas entre os jovens de 16 a 24 anos (41%), moradores com ensino superior (48%) e entre os mais ricos (61% dos que ganham mais de dez salários mínimos). Quem diz já ter usado o Uber, por região da cidade - Em % ANO ELEITORAL Criada em 1969, a categoria dos taxistas teve seu domínio ameaçado a partir do fim de 2014, quando os carros do Uber começaram a atuar em São Paulo –parte do tempo de forma ilegal, sendo alvo de apreensões, parte apoiada por medidas judiciais temporárias. Em 2015, um projeto aprovado na Câmara barrou a atuação do aplicativo. Haddad sancionou a lei, mas, a partir de uma brecha, decidiu levar adiante um projeto que regulamentava essa plataforma. Como os vereadores barraram, Haddad decidiu fazer a regulamentação, por decreto, neste ano eleitoral. Ao mesmo tempo, criou benefícios aos táxis, como permissão para usar corredores de ônibus à esquerda mesmo nos picos, desde que com passageiros. O Datafolha aponta que só 14% dos moradores aprovam a gestão de Haddad, número mais baixo do mandato. Avaliação da gestão Haddad - Em %
cotidiano
7 em cada 10 apoiam Uber em SP, aponta Datafolha; táxi é bem avaliadoO serviço do Uber, aplicativo que conecta motoristas particulares a passageiros, é defendido por sete em cada dez moradores da cidade de São Paulo, segundo a mais recente pesquisa Datafolha. Por outro lado, a categoria mais afetada pela empresa americana, os taxistas, também têm seu trabalho bem avaliado –já que 65% dos usuários de táxi dizem considerar esses serviços ótimos ou bons, 24%, regulares, e 10%, ruins ou péssimos. O levantamento foi realizado nos dias 12 e 13 de julho, cerca de dois meses após a liberação, pela gestão Fernando Haddad (PT), desses aplicativos de transporte –mercado que hoje tem concorrentes do Uber, como Cabify (espanhol) e WillGo (indiano). A pesquisa dá a dimensão de como a atividade do Uber está difundida na capital paulista: 81% da população conhece esse serviço, que já foi utilizado por 27% do total. De modo geral, 69% dos paulistanos são a favor das atividades do Uber, ante 17% que são contrários e 8%, indiferentes –demais não souberam responder. Opinião sobre o Uber em São Paulo - Maioria aprova aplicativo que conecta motoristas a passageiros Assim como em outras cidades do mundo e do restante do país, a chegada do Uber em São Paulo foi alvo de resistência e protestos violentos de taxistas, com episódios de depredação e ataques a carros e até a passageiros. Os taxistas, que dispõem de alvará fornecido pelo poder público em quantidade limitada, alegam que a atividade representa concorrência desleal, já que os serviços não contam com as mesmas exigências dos taxistas –como vistorias e taxas municipais. Por outro lado, defensores do Uber e de outros aplicativos argumentam que os taxistas dispõem de outros benefícios, como isenção de imposto na aquisição do carro. Parte do grupo pró-Uber avalia que esse aplicativo cresceu devido à prestação ruim de serviço pelos taxistas, mas a pesquisa Datafolha aponta mais satisfação do que insatisfação com os táxis. Mesmo diante do crescimento do aplicativo concorrente, 39% dos paulistanos dizem que ainda costumam utilizar os táxis –e, dentre esses, dois terços elogiam a qualidade dos serviços. Avaliação dos táxis em São Paulo - Entre 39% que já usaram o serviço A taxa de aprovação do serviço do Uber, porém, é superior –no universo de usuários, 93% consideram ótimo ou bom, 2%, regular, e outros 2%, ruim ou péssimo. As maiores taxas de utilização do aplicativo foram registradas entre os jovens de 16 a 24 anos (41%), moradores com ensino superior (48%) e entre os mais ricos (61% dos que ganham mais de dez salários mínimos). Quem diz já ter usado o Uber, por região da cidade - Em % ANO ELEITORAL Criada em 1969, a categoria dos taxistas teve seu domínio ameaçado a partir do fim de 2014, quando os carros do Uber começaram a atuar em São Paulo –parte do tempo de forma ilegal, sendo alvo de apreensões, parte apoiada por medidas judiciais temporárias. Em 2015, um projeto aprovado na Câmara barrou a atuação do aplicativo. Haddad sancionou a lei, mas, a partir de uma brecha, decidiu levar adiante um projeto que regulamentava essa plataforma. Como os vereadores barraram, Haddad decidiu fazer a regulamentação, por decreto, neste ano eleitoral. Ao mesmo tempo, criou benefícios aos táxis, como permissão para usar corredores de ônibus à esquerda mesmo nos picos, desde que com passageiros. O Datafolha aponta que só 14% dos moradores aprovam a gestão de Haddad, número mais baixo do mandato. Avaliação da gestão Haddad - Em %
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O médico que merecia ter ganho o Nobel da Paz
O Quarteto de Diálogo Nacional da Tunísia levou o Nobel da Paz deste ano por mostrar que há, sim, final feliz para países que passaram pela Primavera Árabe –embora seja raro e dependa de concertos políticos como o engendrado na Tunísia. Sem tirar o mérito dos tunisianos, acho que o prêmio deveria ter ido para um país africano mais ao sul –a República Democrática do Congo (RDC). Mas, pelo terceiro ano seguido, o médico congolês Denis Mukwege, 60, um dos mais cotados para o prêmio, foi esnobado pelo comitê do Nobel. Mukwege é o maior especialista do mundo em cirurgias para reparar danos internos em vítimas de estupro coletivo. Desde 1998, o hospital que ele fundou na República Democrática do Congo, chamado Panzi, tratou mais de 30 mil mulheres estupradas nas guerras do país. O estupro é usado como arma de guerra na República Democrática do Congo desde o início da primeira guerra no país, em 1996. Embora seja difícil apurar números precisos, a ONU estima que 200 mil mulheres tenham sido estupradas nos conflitos. Muitas são atacadas de forma tão violenta que sofrem dano permanente nos órgãos internos. Meninas a partir de cinco anos e idosas de 80 anos foram mutiladas, muitas vezes na frente de suas famílias. O hospital Panzi, fundado com ajuda de uma ONG sueca, fica na cidade de Bukavu e acolhe mulheres de todo o país, que muitas vezes viajam centenas de quilômetros para cirurgias de reconstituição da vagina e aconselhamento psicológico. Mukwege desenvolveu uma técnica menos invasiva para tratar a fístula vaginal –um rompimento entre a vagina e o ânus ou entre a vagina e a bexiga por causa de estupros violentos ou partos muito difíceis. Como consequência da fístula, a mulher não consegue segurar a urina ou as fezes e pode ter vários tipos de infecções. O congolês também implementou um programa de treinamento para enfermeiras e médicos tratarem as vítimas de estupro. O programa inclui desde cirurgias de reconstrução até tratamento para sífilis e HIV, que muitas mulheres contraem nos estupros. Mukwege mora e trabalha no hospital, e faz cirurgias duas vezes por semana. Em outubro de 2012, homens armados invadiram sua casa no Congo e mantiveram suas filhas reféns enquanto esperavam que ele retornasse. Quando o médico chegou, um segurança tentou intervir, acabou morto, e Mukwege escapou se jogando no chão. Depois disso, o médico se mudou para a Europa com a família. Mas voltou a Bukavu em 2013 e foi recebido calorosamente pela comunidade. Seus pacientes haviam arrecadado fundos vendendo abacaxis e cebolas para pagar sua passagem. Mukwege nasceu em 1955, o terceiro de nove filhos. Ele estudou medicina na RDC antes de se especializar em ginecologia na Europa, após ver muitas mulheres morrerem em seu país por causa de complicações do parto. O médico já recebeu inúmeros prêmios por seu trabalho –entre eles, o Prêmio de Direitos Humanos da ONU, em 2008, e o Prêmio Sakharov do Parlamento Europeu, em 2014. Em 2015, ele recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Harvard. Falando sobre o estupro como arma de guerra, Mukwege afirmou ao diário britânico "The Guardian": "É um método de tortura. Uma maneira de aterrorizar a população. Quando vejo alguns dos ferimentos nas mulheres e crianças, chego à conclusão que esse tipo de violência tem pouco a ver com sexo: é uma forma de exercer poder através de terrorismo". Segundo ele, o mais difícil é quando ele ajuda uma mulher a dar à luz uma menina, resultado de estupro, e anos depois precisa "tratar essa mesma menina, que também foi estuprada." "Essa será a destruição do povo congolês. Se destruírem úteros suficientes, não haverá crianças. Então por que vocês não vêm direto e pegam os minerais logo?" A RDC é rica em coltan, um mineral usado na fabricação de celulares e outros aparelhos eletrônicos, que está no cerne de vários conflitos no país.
colunas
O médico que merecia ter ganho o Nobel da PazO Quarteto de Diálogo Nacional da Tunísia levou o Nobel da Paz deste ano por mostrar que há, sim, final feliz para países que passaram pela Primavera Árabe –embora seja raro e dependa de concertos políticos como o engendrado na Tunísia. Sem tirar o mérito dos tunisianos, acho que o prêmio deveria ter ido para um país africano mais ao sul –a República Democrática do Congo (RDC). Mas, pelo terceiro ano seguido, o médico congolês Denis Mukwege, 60, um dos mais cotados para o prêmio, foi esnobado pelo comitê do Nobel. Mukwege é o maior especialista do mundo em cirurgias para reparar danos internos em vítimas de estupro coletivo. Desde 1998, o hospital que ele fundou na República Democrática do Congo, chamado Panzi, tratou mais de 30 mil mulheres estupradas nas guerras do país. O estupro é usado como arma de guerra na República Democrática do Congo desde o início da primeira guerra no país, em 1996. Embora seja difícil apurar números precisos, a ONU estima que 200 mil mulheres tenham sido estupradas nos conflitos. Muitas são atacadas de forma tão violenta que sofrem dano permanente nos órgãos internos. Meninas a partir de cinco anos e idosas de 80 anos foram mutiladas, muitas vezes na frente de suas famílias. O hospital Panzi, fundado com ajuda de uma ONG sueca, fica na cidade de Bukavu e acolhe mulheres de todo o país, que muitas vezes viajam centenas de quilômetros para cirurgias de reconstituição da vagina e aconselhamento psicológico. Mukwege desenvolveu uma técnica menos invasiva para tratar a fístula vaginal –um rompimento entre a vagina e o ânus ou entre a vagina e a bexiga por causa de estupros violentos ou partos muito difíceis. Como consequência da fístula, a mulher não consegue segurar a urina ou as fezes e pode ter vários tipos de infecções. O congolês também implementou um programa de treinamento para enfermeiras e médicos tratarem as vítimas de estupro. O programa inclui desde cirurgias de reconstrução até tratamento para sífilis e HIV, que muitas mulheres contraem nos estupros. Mukwege mora e trabalha no hospital, e faz cirurgias duas vezes por semana. Em outubro de 2012, homens armados invadiram sua casa no Congo e mantiveram suas filhas reféns enquanto esperavam que ele retornasse. Quando o médico chegou, um segurança tentou intervir, acabou morto, e Mukwege escapou se jogando no chão. Depois disso, o médico se mudou para a Europa com a família. Mas voltou a Bukavu em 2013 e foi recebido calorosamente pela comunidade. Seus pacientes haviam arrecadado fundos vendendo abacaxis e cebolas para pagar sua passagem. Mukwege nasceu em 1955, o terceiro de nove filhos. Ele estudou medicina na RDC antes de se especializar em ginecologia na Europa, após ver muitas mulheres morrerem em seu país por causa de complicações do parto. O médico já recebeu inúmeros prêmios por seu trabalho –entre eles, o Prêmio de Direitos Humanos da ONU, em 2008, e o Prêmio Sakharov do Parlamento Europeu, em 2014. Em 2015, ele recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Harvard. Falando sobre o estupro como arma de guerra, Mukwege afirmou ao diário britânico "The Guardian": "É um método de tortura. Uma maneira de aterrorizar a população. Quando vejo alguns dos ferimentos nas mulheres e crianças, chego à conclusão que esse tipo de violência tem pouco a ver com sexo: é uma forma de exercer poder através de terrorismo". Segundo ele, o mais difícil é quando ele ajuda uma mulher a dar à luz uma menina, resultado de estupro, e anos depois precisa "tratar essa mesma menina, que também foi estuprada." "Essa será a destruição do povo congolês. Se destruírem úteros suficientes, não haverá crianças. Então por que vocês não vêm direto e pegam os minerais logo?" A RDC é rica em coltan, um mineral usado na fabricação de celulares e outros aparelhos eletrônicos, que está no cerne de vários conflitos no país.
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Endividada, Porto Rico tenta atrair bilionários com imposto baixo e leilões
Imposto de Renda com uma alíquota de 4% por um período de até 20 anos virou o chamariz para Porto Rico tentar atrair empresas e bilionários americanos, depois de nove anos consecutivos sem nenhum crescimento do PIB. Pacotes de incentivos a empresas que pagariam quase 40% de impostos em boa parte do território continental dos EUA, mais leilões de antigas bases militares para a instalação de fábricas ou exploração turística, pretendem reverter o declínio da ilha caribenha que é um "Estado associado" dos EUA. Veja fotos A ilha de Porto Rico já foi apelidada, com certo exagero, de "Detroit do Caribe" pela falência de suas contas. Não há tantas ruínas urbanas como na gélida capital do automóvel, e a ilha é cercada por um deslumbrante mar azul-turquesa. Mas sua dívida é de US$ 90 bilhões (para um PIB de US$ 105 bilhões). O desemprego se aproxima de 14%, quase duas vezes e meia o índice dos EUA, e nos últimos seis anos cerca de 300 mil porto-riquenhos (de uma população de 3,7 milhões) abandonaram a ilha rumo aos EUA. Segundo dados do próprio governo local, a maioria dos emigrantes tem diploma superior. Em seminário para investidores em 2014, o bilionário John Paulson disse que Porto Rico "pode se tornar a Cingapura do Caribe, com a vantagem de que nenhum americano precisa abandonar o passaporte para morar aqui" –Cingapura já atraiu diversos bilionários atrás de menos impostos, como o brasileiro Eduardo Saverin, do Facebook, que renunciou à cidadania americana. Paulson, que não se mudou para Porto Rico, comprou diversas propriedades na ilha, incluídos dois hotéis icônicos da capital, San Juan, o La Concha e o Vanderbilt. As leis assinadas em 2012, mas implementadas em ritmo caribenho, preveem imposto baixo para o investidor que passe pelo menos seis meses do ano na ilha e para empresas que se instalem com previsão de exportar manufaturas e serviços. Setores contemplados vão de tecnologia, farmacêutica e aeronáutica a bancos, indústria criativa e arquitetura. Em uma antiga base militar de Aguadilla, norte da ilha, a companhia aérea alemã Lufthansa decidiu instalar um centro de logística e manutenção, aproveitando benefícios fiscais. O governo local já mandou emissários para sondar o possível interesse da Embraer de instalar uma unidade em Porto Rico. "Faz todo sentido que uma empresa brasileira se instale aqui, com impostos baixos, desfrutando das leis e da Justiça americana e uma proximidade cultural latina, podendo exportar para os EUA bens e serviços", disse à Folha Antonio Medina. Diretor-executivo da Companhia de Fomento Industrial de Porto Rico, ele trabalhou três anos em São Paulo como diretor financeiro do laboratório farmacêutico Merck. Medina lembra que dentro do status especial de Porto Rico nos EUA, onde seus nativos têm cidadania, o sistema tributário local é autônomo. DESEMPREGO Há diversas outras diferenças de Porto Rico para o resto dos EUA. Boa parte dos serviços públicos, com exceção das telecomunicações, é estatal e privatizações são proibidas (mas são permitidas concessões). Cerca de 30% dos empregos são públicos. Políticas de ajuste implementadas nos últimos seis anos cortaram 40 mil dessas vagas, mas o endividamento não encolheu. "Precisamos ser criativos e abertos a investimentos para reverter um quadro longevo de crise", diz Grace Santana, diretora-executiva da Autoridade para Alianças Público-Privadas de Porto Rico. "Temos 1.500 instalações industriais que podem ser alugadas e vendidas, e temos um sistema de propostas aberto, em que o empresário chega com um plano de negócios e recebe uma contraproposta para a parceria." Em Washington, fontes no governo americano dizem que não veem as medidas de Porto Rico como "guerra fiscal" contra outros Estados, ponderando que a situação quase falimentar demanda "medidas extremas". E acrescentam que, com a aproximação entre EUA e Cuba, a vizinha Porto Rico –com leis americanas e um sistema de telecomunicações mais eficiente– pode se tornar a melhor base de operações na região. RAIO-X PORTO RICO Status Estado associado americano (desde 1952; habitantes têm cidadania americana desde 1917; independência da Espanha e início do domínio americano em 1898) População 3,7 milhões (2013) Tamanho 9.100 km² (terceira maior ilha do Caribe, após Cuba e de Hispaniola, onde estão Haiti e República Dominicana, equivale a quase a metade do Estado de Sergipe) PIB per capita anual US$ 28 mil (EUA, US$ 53 mil; Brasil, US$ 11 mil) PIB US$ 105 bilhões (Uruguai, com quase a mesma população, US$ 56 bilhões) Desemprego 13,9% (EUA, 5,6%)
mercado
Endividada, Porto Rico tenta atrair bilionários com imposto baixo e leilõesImposto de Renda com uma alíquota de 4% por um período de até 20 anos virou o chamariz para Porto Rico tentar atrair empresas e bilionários americanos, depois de nove anos consecutivos sem nenhum crescimento do PIB. Pacotes de incentivos a empresas que pagariam quase 40% de impostos em boa parte do território continental dos EUA, mais leilões de antigas bases militares para a instalação de fábricas ou exploração turística, pretendem reverter o declínio da ilha caribenha que é um "Estado associado" dos EUA. Veja fotos A ilha de Porto Rico já foi apelidada, com certo exagero, de "Detroit do Caribe" pela falência de suas contas. Não há tantas ruínas urbanas como na gélida capital do automóvel, e a ilha é cercada por um deslumbrante mar azul-turquesa. Mas sua dívida é de US$ 90 bilhões (para um PIB de US$ 105 bilhões). O desemprego se aproxima de 14%, quase duas vezes e meia o índice dos EUA, e nos últimos seis anos cerca de 300 mil porto-riquenhos (de uma população de 3,7 milhões) abandonaram a ilha rumo aos EUA. Segundo dados do próprio governo local, a maioria dos emigrantes tem diploma superior. Em seminário para investidores em 2014, o bilionário John Paulson disse que Porto Rico "pode se tornar a Cingapura do Caribe, com a vantagem de que nenhum americano precisa abandonar o passaporte para morar aqui" –Cingapura já atraiu diversos bilionários atrás de menos impostos, como o brasileiro Eduardo Saverin, do Facebook, que renunciou à cidadania americana. Paulson, que não se mudou para Porto Rico, comprou diversas propriedades na ilha, incluídos dois hotéis icônicos da capital, San Juan, o La Concha e o Vanderbilt. As leis assinadas em 2012, mas implementadas em ritmo caribenho, preveem imposto baixo para o investidor que passe pelo menos seis meses do ano na ilha e para empresas que se instalem com previsão de exportar manufaturas e serviços. Setores contemplados vão de tecnologia, farmacêutica e aeronáutica a bancos, indústria criativa e arquitetura. Em uma antiga base militar de Aguadilla, norte da ilha, a companhia aérea alemã Lufthansa decidiu instalar um centro de logística e manutenção, aproveitando benefícios fiscais. O governo local já mandou emissários para sondar o possível interesse da Embraer de instalar uma unidade em Porto Rico. "Faz todo sentido que uma empresa brasileira se instale aqui, com impostos baixos, desfrutando das leis e da Justiça americana e uma proximidade cultural latina, podendo exportar para os EUA bens e serviços", disse à Folha Antonio Medina. Diretor-executivo da Companhia de Fomento Industrial de Porto Rico, ele trabalhou três anos em São Paulo como diretor financeiro do laboratório farmacêutico Merck. Medina lembra que dentro do status especial de Porto Rico nos EUA, onde seus nativos têm cidadania, o sistema tributário local é autônomo. DESEMPREGO Há diversas outras diferenças de Porto Rico para o resto dos EUA. Boa parte dos serviços públicos, com exceção das telecomunicações, é estatal e privatizações são proibidas (mas são permitidas concessões). Cerca de 30% dos empregos são públicos. Políticas de ajuste implementadas nos últimos seis anos cortaram 40 mil dessas vagas, mas o endividamento não encolheu. "Precisamos ser criativos e abertos a investimentos para reverter um quadro longevo de crise", diz Grace Santana, diretora-executiva da Autoridade para Alianças Público-Privadas de Porto Rico. "Temos 1.500 instalações industriais que podem ser alugadas e vendidas, e temos um sistema de propostas aberto, em que o empresário chega com um plano de negócios e recebe uma contraproposta para a parceria." Em Washington, fontes no governo americano dizem que não veem as medidas de Porto Rico como "guerra fiscal" contra outros Estados, ponderando que a situação quase falimentar demanda "medidas extremas". E acrescentam que, com a aproximação entre EUA e Cuba, a vizinha Porto Rico –com leis americanas e um sistema de telecomunicações mais eficiente– pode se tornar a melhor base de operações na região. RAIO-X PORTO RICO Status Estado associado americano (desde 1952; habitantes têm cidadania americana desde 1917; independência da Espanha e início do domínio americano em 1898) População 3,7 milhões (2013) Tamanho 9.100 km² (terceira maior ilha do Caribe, após Cuba e de Hispaniola, onde estão Haiti e República Dominicana, equivale a quase a metade do Estado de Sergipe) PIB per capita anual US$ 28 mil (EUA, US$ 53 mil; Brasil, US$ 11 mil) PIB US$ 105 bilhões (Uruguai, com quase a mesma população, US$ 56 bilhões) Desemprego 13,9% (EUA, 5,6%)
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Ações da Petrobras caem até 9% após prejuízo de R$ 6,2 bi com corrupção
As ações mais negociadas da Petrobras caem nesta quinta-feira (23), um dia após a estatal anunciar que teve prejuízo de R$ 21,6 bilhões em 2014, o primeiro desde 1991, segundo dados ajustados pela inflação. Desse total, R$ 6,2 bilhões se referem às perdas com corrupção investigada na Operação Lava Jato. Às 10h17, as ações preferenciais –mais negociadas e sem direito a voto– caíam 9,38%, para R$ 11,89. No mesmo horário, os papéis ordinários –com direito a voto– tinham queda de 6,40%, para R$ 12,46. Foram as cotações mínimas do dia até agora. Às 14h39, as preferenciais caíam 1,21%, para R$ 12,96. Após abrirem em baixa, as ações ordinárias da estatal passaram a subir e, às 14h39, avançavam 5,93%, para R$ 14,10. Às 14h40, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, subia 1,64%, para 55.511 pontos. Nos Estados Unidos, os recibos de ações da empresa equivalentes a ações preferenciais chegaram a cair 7,6% por volta de 10h, para a minima de US$ 8,05. Às 14h40, caíam 0,23%, para US$ 8,69. Já as ADRs equivalentes às ordinárias tiveram queda de 5,7% nesta quinta, para a mínima de US$ 8,42. Às 14h41, subiam 5,71%, para US$ 9,44. As ações preferenciais têm queda mais acentuada que as ordinárias depois de a estatal indicar que não pagará dividendos em 2014. O dividendo é uma parte do lucro que a empresa distribui aos seus acionistas. Os papéis preferenciais pagam mais dividendos que os ordinários e têm preferência no recebimento desse dinheiro. "Essa diferença está relacionada ao fluxo de investimento estrangeiro. O investidor estrangeiro está preferindo migrar para as ordinárias, por isso o aumento do valor", diz Fabio Lemos, analista de renda variável da São Paulo Investments. O movimento de queda reflete a decisão de embolsar ganho dos investidores que compraram quando o papel estava cotado na casa de R$ 8, em 30 de janeiro deste ano. Desde então, as ações haviam subido cerca de 60%. Para Marco Aurélio Barbosa, analista da CM Capital Markets, a situação financeira da empresa é "preocupante". "A questão vital para a companhia agora será equalizar seu endividamento, ou seja, reduzir sua alavancagem. O problema é que sua geração de caixa deve continuar pressionada pelo cenário de preços deprimidos do petróleo vis a vis o crescimento estimado da produção", diz, em relatório. Fabio Lemos, da São Paulo Investments, afirma ainda que seria necessário afastar completamente da estatal qualquer interferência governamental. "O [Aldemir] Bendine [presidente da estatal] ainda é muito identificado com o governo. Com o cenário de endividamento da empresa, seria preciso apostar em um nome para gerir melhor a Petrobras", afirma. VALE As ações da mineradora ajudam a melhorar o humor no mercado brasileiro nesta quinta. Às 14h41, as ações preferenciais da Vale subiam 5,34%, para R$ 17,34. No mesmo horário, os papéis ordinários tinham alta de 6,37%, para R$ 20,69. Na quarta-feira, os papéis subiram mais de 9% com a alta do preço do minério de ferro e também ainda sob o efeito do lançamento de estímulos pelo banco central chinês, no domingo. DÓLAR No mercado cambial, o dólar cai em relação ao real, seguindo exterior. Das 24 principais moedas emergentes, 17 se valorizavam ante o dólar às 14h42. No mesmo horário, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha queda de 0,82%, para R$ 2,979, e o dólar comercial caía 0,73%, para R$ 2,986. A moeda reage à divulgação de que a atividade industrial nos EUA desacelerou mais que o esperado em abril, com a atividade registrando o ritmo mais lento desde janeiro, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta quinta-feira. O PMI preliminar compilado pelo Markit para indústria dos EUA caiu para 54,2 em abril ante leitura final de 55,7 em março. Uma leitura acima de 50 indica crescimento no setor. Além disso, o número de americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego subiu na semana passada pela terceira semana seguida. Para analistas, porém, a tendência continua a apontar para uma sólida melhora no mercado de trabalho. Os pedidos iniciais subiram em 1.000, para 295 mil, segundo números ajustados sazonalmente, na semana encerrada em 18 de abril, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira. O número de pedidos da semana anterior não sofreu revisões.
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Ações da Petrobras caem até 9% após prejuízo de R$ 6,2 bi com corrupçãoAs ações mais negociadas da Petrobras caem nesta quinta-feira (23), um dia após a estatal anunciar que teve prejuízo de R$ 21,6 bilhões em 2014, o primeiro desde 1991, segundo dados ajustados pela inflação. Desse total, R$ 6,2 bilhões se referem às perdas com corrupção investigada na Operação Lava Jato. Às 10h17, as ações preferenciais –mais negociadas e sem direito a voto– caíam 9,38%, para R$ 11,89. No mesmo horário, os papéis ordinários –com direito a voto– tinham queda de 6,40%, para R$ 12,46. Foram as cotações mínimas do dia até agora. Às 14h39, as preferenciais caíam 1,21%, para R$ 12,96. Após abrirem em baixa, as ações ordinárias da estatal passaram a subir e, às 14h39, avançavam 5,93%, para R$ 14,10. Às 14h40, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, subia 1,64%, para 55.511 pontos. Nos Estados Unidos, os recibos de ações da empresa equivalentes a ações preferenciais chegaram a cair 7,6% por volta de 10h, para a minima de US$ 8,05. Às 14h40, caíam 0,23%, para US$ 8,69. Já as ADRs equivalentes às ordinárias tiveram queda de 5,7% nesta quinta, para a mínima de US$ 8,42. Às 14h41, subiam 5,71%, para US$ 9,44. As ações preferenciais têm queda mais acentuada que as ordinárias depois de a estatal indicar que não pagará dividendos em 2014. O dividendo é uma parte do lucro que a empresa distribui aos seus acionistas. Os papéis preferenciais pagam mais dividendos que os ordinários e têm preferência no recebimento desse dinheiro. "Essa diferença está relacionada ao fluxo de investimento estrangeiro. O investidor estrangeiro está preferindo migrar para as ordinárias, por isso o aumento do valor", diz Fabio Lemos, analista de renda variável da São Paulo Investments. O movimento de queda reflete a decisão de embolsar ganho dos investidores que compraram quando o papel estava cotado na casa de R$ 8, em 30 de janeiro deste ano. Desde então, as ações haviam subido cerca de 60%. Para Marco Aurélio Barbosa, analista da CM Capital Markets, a situação financeira da empresa é "preocupante". "A questão vital para a companhia agora será equalizar seu endividamento, ou seja, reduzir sua alavancagem. O problema é que sua geração de caixa deve continuar pressionada pelo cenário de preços deprimidos do petróleo vis a vis o crescimento estimado da produção", diz, em relatório. Fabio Lemos, da São Paulo Investments, afirma ainda que seria necessário afastar completamente da estatal qualquer interferência governamental. "O [Aldemir] Bendine [presidente da estatal] ainda é muito identificado com o governo. Com o cenário de endividamento da empresa, seria preciso apostar em um nome para gerir melhor a Petrobras", afirma. VALE As ações da mineradora ajudam a melhorar o humor no mercado brasileiro nesta quinta. Às 14h41, as ações preferenciais da Vale subiam 5,34%, para R$ 17,34. No mesmo horário, os papéis ordinários tinham alta de 6,37%, para R$ 20,69. Na quarta-feira, os papéis subiram mais de 9% com a alta do preço do minério de ferro e também ainda sob o efeito do lançamento de estímulos pelo banco central chinês, no domingo. DÓLAR No mercado cambial, o dólar cai em relação ao real, seguindo exterior. Das 24 principais moedas emergentes, 17 se valorizavam ante o dólar às 14h42. No mesmo horário, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha queda de 0,82%, para R$ 2,979, e o dólar comercial caía 0,73%, para R$ 2,986. A moeda reage à divulgação de que a atividade industrial nos EUA desacelerou mais que o esperado em abril, com a atividade registrando o ritmo mais lento desde janeiro, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta quinta-feira. O PMI preliminar compilado pelo Markit para indústria dos EUA caiu para 54,2 em abril ante leitura final de 55,7 em março. Uma leitura acima de 50 indica crescimento no setor. Além disso, o número de americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego subiu na semana passada pela terceira semana seguida. Para analistas, porém, a tendência continua a apontar para uma sólida melhora no mercado de trabalho. Os pedidos iniciais subiram em 1.000, para 295 mil, segundo números ajustados sazonalmente, na semana encerrada em 18 de abril, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira. O número de pedidos da semana anterior não sofreu revisões.
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Benedict Cumberbatch canta música de Pink Floyd em show de Gilmour
O ator britânico Benedict Cumberbatch se aventurou como cantor durante um show do ex-guitarrista do Pink Floyd David Gilmour na noite desta quarta (28). Ele subiu ao palco do Royal Albert Hall, em Londres, e cantou o clássico "Confortably Numb", enquanto Gilmour o acompanhava na guitarra. A canção encerrou o show que pretende divulgar o álbum mais recente Gilmour, "Rattle That Lock" –a mesma turnê veio ao Brasil em 2015. Essa não foi a primeira incursão de Cumberbatch na música. O ator já havia gravado, em 2013, a canção "Can't Keep It Inside" para a trilha do filme "Álbum de Família", ao lado de Bon Iver e Kings of Leon. Em sua carreira solo, Gilmour recebeu diversos convidados ao palco para cantar os versos do ex-parceiro de banda Roger Waters na mesma canção –um deles foi ninguém menos do que David Bowie, que entoou os versos na mesma casa de shows há dez anos. Em julho, a extinta Pink Floyd anunciou que vai lançar, em novembro, a coletânea "The Early Years 1965-1972", com 27 discos e mais de 11 horas de áudio, incluindo 20 canções nunca divulgadas. Benedict Cumberbatch em show do David Gilmour
ilustrada
Benedict Cumberbatch canta música de Pink Floyd em show de GilmourO ator britânico Benedict Cumberbatch se aventurou como cantor durante um show do ex-guitarrista do Pink Floyd David Gilmour na noite desta quarta (28). Ele subiu ao palco do Royal Albert Hall, em Londres, e cantou o clássico "Confortably Numb", enquanto Gilmour o acompanhava na guitarra. A canção encerrou o show que pretende divulgar o álbum mais recente Gilmour, "Rattle That Lock" –a mesma turnê veio ao Brasil em 2015. Essa não foi a primeira incursão de Cumberbatch na música. O ator já havia gravado, em 2013, a canção "Can't Keep It Inside" para a trilha do filme "Álbum de Família", ao lado de Bon Iver e Kings of Leon. Em sua carreira solo, Gilmour recebeu diversos convidados ao palco para cantar os versos do ex-parceiro de banda Roger Waters na mesma canção –um deles foi ninguém menos do que David Bowie, que entoou os versos na mesma casa de shows há dez anos. Em julho, a extinta Pink Floyd anunciou que vai lançar, em novembro, a coletânea "The Early Years 1965-1972", com 27 discos e mais de 11 horas de áudio, incluindo 20 canções nunca divulgadas. Benedict Cumberbatch em show do David Gilmour
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Forças iraquianas retomam do EI complexo do governo em Fallujah
As forças iraquianas entraram nesta sexta-feira (17) no centro da cidade de Fallujah, a 50 km da capital Bagdá, e retomaram do grupo extremista Estado Islâmico o controle do complexo governamental, informaram comandantes militares. Depois de vários dias de combate, as Forças de Elite Contra o Terrorismo (CTS) e outras unidades iraquianas conseguiram entrar no centro deste importante reduto extremista, no centro do país. Antes haviam cercado a cidade e reconquistado algumas áreas do subúrbio. "As unidades do CTS e as forças de intervenção rápida retomaram o complexo governamental no centro de Fallujah", afirmou à agência de notícias France Presse o general Abdelwahab al-Saadi, comandante da operação militar. Raed Shaker Jawdat, chefe da Polícia Federal, confirmou o avanço das forças iraquianas, uma etapa importante na ofensiva iniciada em 23 de maio para recuperar Fallujah, sob controle dos extremistas desde janeiro de 2014. "A libertação do quartel-general, principal complexo governamental da cidade, simboliza o restabelecimento da autoridade do Estado", disse Jawdat. Os dois comandantes afirmaram que as forças iraquianas enfrentaram resistência, limitada, dos jihadistas em seu avanço para o centro da cidade. O complexo reconquistado abriga o conselho local e as instalações das forças de segurança.
mundo
Forças iraquianas retomam do EI complexo do governo em FallujahAs forças iraquianas entraram nesta sexta-feira (17) no centro da cidade de Fallujah, a 50 km da capital Bagdá, e retomaram do grupo extremista Estado Islâmico o controle do complexo governamental, informaram comandantes militares. Depois de vários dias de combate, as Forças de Elite Contra o Terrorismo (CTS) e outras unidades iraquianas conseguiram entrar no centro deste importante reduto extremista, no centro do país. Antes haviam cercado a cidade e reconquistado algumas áreas do subúrbio. "As unidades do CTS e as forças de intervenção rápida retomaram o complexo governamental no centro de Fallujah", afirmou à agência de notícias France Presse o general Abdelwahab al-Saadi, comandante da operação militar. Raed Shaker Jawdat, chefe da Polícia Federal, confirmou o avanço das forças iraquianas, uma etapa importante na ofensiva iniciada em 23 de maio para recuperar Fallujah, sob controle dos extremistas desde janeiro de 2014. "A libertação do quartel-general, principal complexo governamental da cidade, simboliza o restabelecimento da autoridade do Estado", disse Jawdat. Os dois comandantes afirmaram que as forças iraquianas enfrentaram resistência, limitada, dos jihadistas em seu avanço para o centro da cidade. O complexo reconquistado abriga o conselho local e as instalações das forças de segurança.
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França pode importar 'terceira via' na política com 20 anos de atraso
A maioria dos eleitores franceses –caso se confirmem pesquisas que dão larga vantagem ao candidato centrista Emmanuel Macron sobre Marine Le Pen (direita ultranacionalista) no segundo turno presidencial, dia 7– parece decidida a apostar na ideia de uma "terceira via". Ou a importá-la do Reino Unido com 20 anos de atraso, se formos maldosos. Grosso modo, "terceira via" é o nome dado ao misto de políticas econômicas "de direita" com políticas sociais "de esquerda" que Tony Blair, premiê britânico de 1997 a 2007, propôs implementar. Mas Blair fez isso dentro de um dos mais tradicionais partidos do Reino Unido, o Trabalhista, que buscava então renovar seu discurso após seguidas derrotas para os conservadores de Margaret Thatcher e John Major (hoje, os fracassos eleitorais recentes levaram Jeremy Corbyn à liderança, e o pêndulo da legenda migrou de volta para a esquerda). Já Macron, que teve suas políticas liberais contestadas quando era ministro da Economia de François Hollande, precisou sair do Partido Socialista e fundar sigla própria para oferecer seu programa "nem direita nem esquerda". Suas propostas vão desde o corte de 120 mil cargos no funcionalismo público à manutenção da França na União Europeia, em contraposição à campanha da adversária para deixar o bloco. Surfou na onda europeia de descontentamento com as legendas tradicionais, embora ele mesmo seja um ex-banqueiro que estava no PS até anteontem –ou seja, um homem do establishment–, e agora é favorito para se tornar, aos 39, o mais jovem ocupante do Palácio do Eliseu. A dúvida é como Macron, se eleito, fará para lidar com a tradicional polarização do país sem desagradar a eleitores dos dois lados e sem parecer "suave demais" com o terrorismo e a imigração, crítica a Hollande que é também um dos pontos mais martelados por Marine Le Pen. Incógnita ainda maior é a base parlamentar de que seu novíssimo partido, o Em Frente!, disporá para dar sustentação a um eventual governo seu depois da eleição legislativa de junho. Os grandes derrotados do primeiro turno, o PS e os Republicanos, apoiam Macron no segundo não só para evitar o risco de Le Pen chegar ao Eliseu, mas também de olho na maioria parlamentar de que o ex-banqueiro precisará e nos cargos que ele poderá oferecer em troca. AVANÇO DA FN Quanto à candidata da Frente Nacional, diferentemente do que sugere a histeria das redes sociais ("ah, a mídia também achava que o Trump não ganharia e olhem só o que aconteceu!"), na eleição francesa não é possível ter 3 milhões de votos a menos e chegar à Presidência, como o sistema do colégio eleitoral americano permitiu a Donald Trump em 2016. Ou seja, Le Pen tem de virar, em menos de duas semanas, uma desvantagem em torno de 25 pontos percentuais –o que é no mínimo uma missão digna daquela trilha sonora de Lalo Schifrin. Mas é inegável que a FN ganhou eleitores, o que a votação legislativa poderá deixar ainda mais claro. Com base nos dados do primeiro turno, o "Le Monde" estima que a sigla possa fazer até 100 das 566 cadeiras em jogo na Assembleia Nacional, um salto gigantesco: hoje são apenas duas, uma delas ocupada por Marion Maréchal-Le Pen, sobrinha de Marine.
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França pode importar 'terceira via' na política com 20 anos de atrasoA maioria dos eleitores franceses –caso se confirmem pesquisas que dão larga vantagem ao candidato centrista Emmanuel Macron sobre Marine Le Pen (direita ultranacionalista) no segundo turno presidencial, dia 7– parece decidida a apostar na ideia de uma "terceira via". Ou a importá-la do Reino Unido com 20 anos de atraso, se formos maldosos. Grosso modo, "terceira via" é o nome dado ao misto de políticas econômicas "de direita" com políticas sociais "de esquerda" que Tony Blair, premiê britânico de 1997 a 2007, propôs implementar. Mas Blair fez isso dentro de um dos mais tradicionais partidos do Reino Unido, o Trabalhista, que buscava então renovar seu discurso após seguidas derrotas para os conservadores de Margaret Thatcher e John Major (hoje, os fracassos eleitorais recentes levaram Jeremy Corbyn à liderança, e o pêndulo da legenda migrou de volta para a esquerda). Já Macron, que teve suas políticas liberais contestadas quando era ministro da Economia de François Hollande, precisou sair do Partido Socialista e fundar sigla própria para oferecer seu programa "nem direita nem esquerda". Suas propostas vão desde o corte de 120 mil cargos no funcionalismo público à manutenção da França na União Europeia, em contraposição à campanha da adversária para deixar o bloco. Surfou na onda europeia de descontentamento com as legendas tradicionais, embora ele mesmo seja um ex-banqueiro que estava no PS até anteontem –ou seja, um homem do establishment–, e agora é favorito para se tornar, aos 39, o mais jovem ocupante do Palácio do Eliseu. A dúvida é como Macron, se eleito, fará para lidar com a tradicional polarização do país sem desagradar a eleitores dos dois lados e sem parecer "suave demais" com o terrorismo e a imigração, crítica a Hollande que é também um dos pontos mais martelados por Marine Le Pen. Incógnita ainda maior é a base parlamentar de que seu novíssimo partido, o Em Frente!, disporá para dar sustentação a um eventual governo seu depois da eleição legislativa de junho. Os grandes derrotados do primeiro turno, o PS e os Republicanos, apoiam Macron no segundo não só para evitar o risco de Le Pen chegar ao Eliseu, mas também de olho na maioria parlamentar de que o ex-banqueiro precisará e nos cargos que ele poderá oferecer em troca. AVANÇO DA FN Quanto à candidata da Frente Nacional, diferentemente do que sugere a histeria das redes sociais ("ah, a mídia também achava que o Trump não ganharia e olhem só o que aconteceu!"), na eleição francesa não é possível ter 3 milhões de votos a menos e chegar à Presidência, como o sistema do colégio eleitoral americano permitiu a Donald Trump em 2016. Ou seja, Le Pen tem de virar, em menos de duas semanas, uma desvantagem em torno de 25 pontos percentuais –o que é no mínimo uma missão digna daquela trilha sonora de Lalo Schifrin. Mas é inegável que a FN ganhou eleitores, o que a votação legislativa poderá deixar ainda mais claro. Com base nos dados do primeiro turno, o "Le Monde" estima que a sigla possa fazer até 100 das 566 cadeiras em jogo na Assembleia Nacional, um salto gigantesco: hoje são apenas duas, uma delas ocupada por Marion Maréchal-Le Pen, sobrinha de Marine.
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Muricy Ramalho mantém volante Maicon entre titulares do São Paulo
Uma assistência, uma bola na trave, oito desarmes e 52 passes certos (apenas cinco errados). Mesmo assim, Maicon foi vaiado por alguns torcedores quando tocava na bola durante a vitória do São Paulo por 4 a 2 sobre o Capivariano, na última quarta (5). O pior momento da cobrança foi após o São Paulo sofrer os dois gols. Ao ser vaiado, Maicon reagiu. Virado para a torcida, ergueu a mão e pediu para as vaias continuarem. Presença certa entre os titulares neste sábado (7), contra o XV de Piracicaba, na terceira rodada do Paulista, o volante foi defendido pelo técnico Muricy Ramalho. O treinador são-paulino não só discordou do comportamento de parte da torcida como elegeu o camisa 18 o melhor em campo nos 45 minutos iniciais do jogo. "É muito profissional, bom parceiro, treina demais, se dedica. Para mim, ele foi disparado o melhor, ao menos no primeiro tempo", elogiou. "O torcedor tem que dar um voto de confiança, e eu peço isso", acrescentou. Muricy contou ter conversado com Maicon sobre o ocorrido, insistindo para que ele ficasse tranquilo, "deixasse pra lá", porque aquilo era atitude de uma minoria e que muitas pessoas haviam o aplaudido também. Ao término do duelo, o meio-campista admitiu ter se sentido irritado com a situação e reclamou de ficarem "pegando no seu pé". "O presidente está na arquibancada. Se eu sou o problema, então peçam para eu sair", desabafou. "Isso me chateia. Não sou craque, mas sou bom jogador", completou. Maicon também recebeu apoio dos companheiros de clube –Rogério Ceni, Ganso e Michel Bastos se pronunciaram publicamente a favor do volante, destacando sua importância para o triunfo sãopaulino no Pacaembu. LUIS FABIANO Reserva contra o Capivariano, Luis Fabiano está confirmado no time titular. O treinador explicou que optou por Alexandre Pato na quarta (5) para que ele tivesse a chance de jogar uma partida inteira, ganhar ritmo. Resta saber quem formará dupla de ataque com Luis Fabiano. Muricy pode manter Alan Kardec –sempre elogiado pela movimentação e marcação– ou dar nova chance a Pato, que marcou três gols na última rodada.
esporte
Muricy Ramalho mantém volante Maicon entre titulares do São PauloUma assistência, uma bola na trave, oito desarmes e 52 passes certos (apenas cinco errados). Mesmo assim, Maicon foi vaiado por alguns torcedores quando tocava na bola durante a vitória do São Paulo por 4 a 2 sobre o Capivariano, na última quarta (5). O pior momento da cobrança foi após o São Paulo sofrer os dois gols. Ao ser vaiado, Maicon reagiu. Virado para a torcida, ergueu a mão e pediu para as vaias continuarem. Presença certa entre os titulares neste sábado (7), contra o XV de Piracicaba, na terceira rodada do Paulista, o volante foi defendido pelo técnico Muricy Ramalho. O treinador são-paulino não só discordou do comportamento de parte da torcida como elegeu o camisa 18 o melhor em campo nos 45 minutos iniciais do jogo. "É muito profissional, bom parceiro, treina demais, se dedica. Para mim, ele foi disparado o melhor, ao menos no primeiro tempo", elogiou. "O torcedor tem que dar um voto de confiança, e eu peço isso", acrescentou. Muricy contou ter conversado com Maicon sobre o ocorrido, insistindo para que ele ficasse tranquilo, "deixasse pra lá", porque aquilo era atitude de uma minoria e que muitas pessoas haviam o aplaudido também. Ao término do duelo, o meio-campista admitiu ter se sentido irritado com a situação e reclamou de ficarem "pegando no seu pé". "O presidente está na arquibancada. Se eu sou o problema, então peçam para eu sair", desabafou. "Isso me chateia. Não sou craque, mas sou bom jogador", completou. Maicon também recebeu apoio dos companheiros de clube –Rogério Ceni, Ganso e Michel Bastos se pronunciaram publicamente a favor do volante, destacando sua importância para o triunfo sãopaulino no Pacaembu. LUIS FABIANO Reserva contra o Capivariano, Luis Fabiano está confirmado no time titular. O treinador explicou que optou por Alexandre Pato na quarta (5) para que ele tivesse a chance de jogar uma partida inteira, ganhar ritmo. Resta saber quem formará dupla de ataque com Luis Fabiano. Muricy pode manter Alan Kardec –sempre elogiado pela movimentação e marcação– ou dar nova chance a Pato, que marcou três gols na última rodada.
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CPI do Swissleaks suspende quebra de sigilo de empresários
A CPI do SwissLeaks do Senado suspendeu, nesta quinta-feira (16), a quebra de sigilo fiscal de seis pessoas, aprovada anteriormente na comissão. Entre elas, estão Jacob Barata e três familiares. O empresário e seus parentes têm participação em 16 empresas de ônibus da cidade do Rio e, em 2006 e 2007, tinham US$ 17,6 milhões em uma conta na unidade suíça do banco. A conta, aberta em 1990, passou a ser administrada por uma empresa com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal, em 2004. Também foi revogada a quebra do sigilo de Paula Queiroz Frota e Jacks Rabinovich, dos grupos Vicunha e Fibra. Os pedidos para suspensão foram apresentados pelos senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Davi Alcolumbre (DEM-AP). Vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) criticou a iniciativa: "O que aconteceu foi um absurdo. É o sepultamento da CPI. Não tem nenhum argumento factível", disse ele. Segundo Rodrigues, a comissão já aprovou a quebra de sigilo de 17 pessoas. Na justificativa dos pedidos, Alcolumbre argumenta que as explicações dadas pelos empresários comprovam sua "regularidade e lisura quanto a processos administrativos e judiciais". A criação da Comissão Parlamentar de Inquérito foi motivada pelo caso conhecido como SwissLeaks, apuração jornalística internacional feita a partir de dados obtidos do HSBC por um ex-funcionário do banco, Hervé Falcian. Em 2008, ele entregou dados sobre as contas no banco às autoridades da França, que posteriormente compartilharam com outros países. Na manhã de hoje, a CPI aprovou realização de videoconferência com Falcian para obter mais informações sobre as contas reveladas. Em relação ao Brasil, a lista indica que os correntistas brasileiros tinham cerca de US$ 7 bilhões entre 2006 e 2007 no banco em Genebra. Eram 6.606 contas de 8.667 clientes –muitos compartilhavam contas. Ter dinheiro no exterior não configura crimes, desde que ele seja declarado à Receita em caso de valores superiores a R$ 140 e ao Banco Central quando a soma fora do país passar dos U$$ 100 mil. Caso contrário, crimes como o de evasão, sonegação fiscal e até mesmo lavagem de dinheiro podem ser configurados a depender de como as contas foram usadas.
poder
CPI do Swissleaks suspende quebra de sigilo de empresáriosA CPI do SwissLeaks do Senado suspendeu, nesta quinta-feira (16), a quebra de sigilo fiscal de seis pessoas, aprovada anteriormente na comissão. Entre elas, estão Jacob Barata e três familiares. O empresário e seus parentes têm participação em 16 empresas de ônibus da cidade do Rio e, em 2006 e 2007, tinham US$ 17,6 milhões em uma conta na unidade suíça do banco. A conta, aberta em 1990, passou a ser administrada por uma empresa com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal, em 2004. Também foi revogada a quebra do sigilo de Paula Queiroz Frota e Jacks Rabinovich, dos grupos Vicunha e Fibra. Os pedidos para suspensão foram apresentados pelos senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Davi Alcolumbre (DEM-AP). Vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) criticou a iniciativa: "O que aconteceu foi um absurdo. É o sepultamento da CPI. Não tem nenhum argumento factível", disse ele. Segundo Rodrigues, a comissão já aprovou a quebra de sigilo de 17 pessoas. Na justificativa dos pedidos, Alcolumbre argumenta que as explicações dadas pelos empresários comprovam sua "regularidade e lisura quanto a processos administrativos e judiciais". A criação da Comissão Parlamentar de Inquérito foi motivada pelo caso conhecido como SwissLeaks, apuração jornalística internacional feita a partir de dados obtidos do HSBC por um ex-funcionário do banco, Hervé Falcian. Em 2008, ele entregou dados sobre as contas no banco às autoridades da França, que posteriormente compartilharam com outros países. Na manhã de hoje, a CPI aprovou realização de videoconferência com Falcian para obter mais informações sobre as contas reveladas. Em relação ao Brasil, a lista indica que os correntistas brasileiros tinham cerca de US$ 7 bilhões entre 2006 e 2007 no banco em Genebra. Eram 6.606 contas de 8.667 clientes –muitos compartilhavam contas. Ter dinheiro no exterior não configura crimes, desde que ele seja declarado à Receita em caso de valores superiores a R$ 140 e ao Banco Central quando a soma fora do país passar dos U$$ 100 mil. Caso contrário, crimes como o de evasão, sonegação fiscal e até mesmo lavagem de dinheiro podem ser configurados a depender de como as contas foram usadas.
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Se não segurar dívida, Brasil vai a colapso, diz ex-diretor do BC
Se não corrigir a trajetória de crescimento da dívida pública, o Brasil caminhará para "o colapso, a tributação punitiva ou a inflação", afirma o economista Paulo Vieira da Cunha, 67. Com a capacidade de financiamento "esgotada", o Estado precisa, "muito mais" do que aumentar impostos, cortar gastos, diz o ex-diretor do Banco Central. Sediado em Nova York, Cunha atua como economista-chefe do fundo de investimentos ICE Canyon, que administra US$ 2,9 bilhões em ativos, especialmente em mercados emergentes. Para ele, o país perdeu a credibilidade antes de ser rebaixado a grau especulativo pela agência Satandard & Poor's, mas com o "dirigismo pesado" do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Leia a seguir a entrevista, concedida por e-mail. O país perdeu credibilidade ao ser rebaixado a grau especulativo pela S&P? O Brasil é importante, mas não é assim assunto de primeira página... A credibilidade se perdeu antes. Foi corroída aos poucos a partir do que foi feito para a primeira eleição da Dilma; os exageros da chamada "política anticíclica", que pouco tinha de cíclica já naquela época; dos erros de diagnóstico; do acúmulo da ineficiência; do voluntarismo com a volta do dirigismo pesado; do protecionismo mal pensado; no desastre da reeleição e do início da Dilma-2. Qual é o efeito a curto prazo? No curto prazo, afora a maior volatilidade já vivida, é pequeno. O mercado esperava algo, embora não tão rapidamente. E a médio e longo prazos? Aí está o problema. A hipótese de trabalho é que outra agência de rating fará o downgrade brevemente. Isso significa que, além dos papeis da Petrobras, que já estão migrando do IG [grau de investimento] para HY [high-yield bond, correspondente a grau especulativo], também os papéis soberanos verão a migração forçada por uma parte importante dos investidores institucionais externos que têm mandatos atrelados unicamente a papéis IG (como os grandes fundos de pensão). O efeito será aumentar a taxa de juros paga pelo Tesouro, quando a taxa efetiva já beira os 20%pa e o custo dos juros chega a mais de 8% do PIB! Pior, a perda pelo soberano se estenderá para muitas empresas, menos aquelas que já estão dolarizadas, o que elevará seu custo de captação. Ou seja, quando, em dois ou três anos, o investimento voltar ao Brasil, vai ser mais difícil e mais custoso financiá-lo –a menos que aconteça um milagre e o quadro fiscal se reverta radicalmente. A recuperação de empresas e bancos, além de Petrobras, que também foram rebaixados a grau especulativo tomará o mesmo tempo que a do país? Para os papéis atrelados umbilicalmente ao soberano, como as empresas e bancos públicos, sim. Em princípio, empresas com poucas dívidas, especialmente denominadas em moedas estrangeiras e que passem a exportar uma parcela importante da sua produção (logo, com crescentes rendas em moeda estrangeira) poderão fazer a migração de volta mais rapidamente. Que mudança esperar no perfil de investimento? Como o país poupa pouco, haverá menos investimento. Haverá um número maior de projetos viáveis (com taxas de juros menores) frustrados. Aqueles cujos perfis não os qualificam para IG terão que pagar taxas de juros maiores, ou seus projetos serão analisados com taxas mínimas internas de retorno maiores, o que pode inviabilizar o investimento. Tanto faz se o financiamento é doméstico ou estrangeiro, se a empresa é pública ou privada. Que tipo de medida deveria ser tomada para reverter o quadro? A solução é reverter o quadro fiscal. A raiz do problema é que a dívida pública está numa trajetória contínua de crescimento. Não é sustentável. Sem correção, a expectativa eventual é o colapso, a tributação punitiva ou a inflação. Qualquer tentativa de romper o ciclo via aumento dos investimentos pelos bancos públicos seria frustrada. O Estado já não tem espaço fiscal; sua capacidade de financiamento está esgotada. Primeiro é preciso recriá-la, via reformas fiscais, e, aí sim, pensar em como usá-la. Que reforma fiscal é recomendável? Dada a evolução provável da relação dívida/PIB, será preciso transitar para um regime que gere sistematicamente superavit primários em torno de 2% a 3% do PIB. No meio tempo, o ajuste deveria enfatizar medidas de corte de gasto muito mais do que aumentos de tributos, como proposto [na segunda (14), o governo defendeu pacote que inclui recriação da CPMF e redução do IOF]. Na parte tributária, a ênfase deveria ser a simplificação do regime, aumento da eficiência e redução do gasto tributário. Nesse sentido, o que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) está tratando de fazer com o ICMS [unificar a alíquota], depois de mais de duas décadas de discussão, e com [a simplificação do] PIS/Cofins é realmente admirável. De outro lado, seria necessário inevitavelmente mexer na Previdência e nas regras de aposentadoria. O descontrole da inflação está no horizonte? A elevação de juros deixará de ser um instrumento de controle? Ainda não. Vai depender da capacidade do governo de enfrentar a crise fiscal. A questão da dominância fiscal sobre a política monetária é crescente, mas, no momento, mais importante para o BC do que aumentar mais os juros é deixar claro que não vai cortá-los até que a inflação observada, e não a projetada por seus modelos, esteja perto do centro da meta. A credibilidade dos seus exercícios de projeção da inflação está em dúvida. No meio tempo, a política fiscal terá que carregar o ônus da política monetária –e fazer um ajuste correspondentemente maior. O senhor defende aumento dos juros nos EUA? Muito embora amplamente esperado, o aumento dos juros pelo Federal Reserve (BC americano), depois de um hiato tão longo com taxas tão baixas terá, sim, impacto. É inevitável e, mesmo assim, eu sou favorável. O efeito internacional dependerá mais do que acontecer com a taxa de 10 anos. Muitos apostam em um "flattening" da curva –algo como o "conundrum" [enigma] da época Greenspan [presidente do Fed entre 1987 e 2006], quando o Fed subia sua taxa, mas a taxa de 10 anos não se mexia. Não sei, não estou certo. É fato que tanto o BC europeu como o do Japão continuam com programas quantitativos de estímulo. O efeito é deslocar suas curvas de juros para baixo e, portanto, tornar mais atrativos os investimentos em US-TSY [ativo do Tesouro americano], especialmente quando a perspectiva é que o hiato de juros entre moedas aumente. Na margem, esse movimento deslocaria a curva dos US-TSY para baixo notadamente num período quando o deficit fiscal dos EUA está diminuindo rapidamente e, portanto, também a colocação de novo papel. Também há sinais de que, nos EUA, a taxa de crescimento potencial caiu e que, portanto, a taxa de poupança "de equilíbrio" seria menor, o que se traduziria numa maior oferta relativa de poupança financeira, logo, taxas longas menores. Que efeito traria para o Brasil? Da parte da China, Coreia do Sul, Brasil, Índia, países exportadores de petróleo etc., parece ser que o período de acumulação forte de reservas terminou e pode estar se revertendo –provocando alguma desova no mercado de US-TSY e puxando a curva para cima, isto é, taxas maiores. Enfim, há muitas incógnitas. Mas, no frigir dos ovos, para o Brasil, no momento, seria melhor que o Fed esperasse até dezembro, ou 2016...
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Se não segurar dívida, Brasil vai a colapso, diz ex-diretor do BCSe não corrigir a trajetória de crescimento da dívida pública, o Brasil caminhará para "o colapso, a tributação punitiva ou a inflação", afirma o economista Paulo Vieira da Cunha, 67. Com a capacidade de financiamento "esgotada", o Estado precisa, "muito mais" do que aumentar impostos, cortar gastos, diz o ex-diretor do Banco Central. Sediado em Nova York, Cunha atua como economista-chefe do fundo de investimentos ICE Canyon, que administra US$ 2,9 bilhões em ativos, especialmente em mercados emergentes. Para ele, o país perdeu a credibilidade antes de ser rebaixado a grau especulativo pela agência Satandard & Poor's, mas com o "dirigismo pesado" do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Leia a seguir a entrevista, concedida por e-mail. O país perdeu credibilidade ao ser rebaixado a grau especulativo pela S&P? O Brasil é importante, mas não é assim assunto de primeira página... A credibilidade se perdeu antes. Foi corroída aos poucos a partir do que foi feito para a primeira eleição da Dilma; os exageros da chamada "política anticíclica", que pouco tinha de cíclica já naquela época; dos erros de diagnóstico; do acúmulo da ineficiência; do voluntarismo com a volta do dirigismo pesado; do protecionismo mal pensado; no desastre da reeleição e do início da Dilma-2. Qual é o efeito a curto prazo? No curto prazo, afora a maior volatilidade já vivida, é pequeno. O mercado esperava algo, embora não tão rapidamente. E a médio e longo prazos? Aí está o problema. A hipótese de trabalho é que outra agência de rating fará o downgrade brevemente. Isso significa que, além dos papeis da Petrobras, que já estão migrando do IG [grau de investimento] para HY [high-yield bond, correspondente a grau especulativo], também os papéis soberanos verão a migração forçada por uma parte importante dos investidores institucionais externos que têm mandatos atrelados unicamente a papéis IG (como os grandes fundos de pensão). O efeito será aumentar a taxa de juros paga pelo Tesouro, quando a taxa efetiva já beira os 20%pa e o custo dos juros chega a mais de 8% do PIB! Pior, a perda pelo soberano se estenderá para muitas empresas, menos aquelas que já estão dolarizadas, o que elevará seu custo de captação. Ou seja, quando, em dois ou três anos, o investimento voltar ao Brasil, vai ser mais difícil e mais custoso financiá-lo –a menos que aconteça um milagre e o quadro fiscal se reverta radicalmente. A recuperação de empresas e bancos, além de Petrobras, que também foram rebaixados a grau especulativo tomará o mesmo tempo que a do país? Para os papéis atrelados umbilicalmente ao soberano, como as empresas e bancos públicos, sim. Em princípio, empresas com poucas dívidas, especialmente denominadas em moedas estrangeiras e que passem a exportar uma parcela importante da sua produção (logo, com crescentes rendas em moeda estrangeira) poderão fazer a migração de volta mais rapidamente. Que mudança esperar no perfil de investimento? Como o país poupa pouco, haverá menos investimento. Haverá um número maior de projetos viáveis (com taxas de juros menores) frustrados. Aqueles cujos perfis não os qualificam para IG terão que pagar taxas de juros maiores, ou seus projetos serão analisados com taxas mínimas internas de retorno maiores, o que pode inviabilizar o investimento. Tanto faz se o financiamento é doméstico ou estrangeiro, se a empresa é pública ou privada. Que tipo de medida deveria ser tomada para reverter o quadro? A solução é reverter o quadro fiscal. A raiz do problema é que a dívida pública está numa trajetória contínua de crescimento. Não é sustentável. Sem correção, a expectativa eventual é o colapso, a tributação punitiva ou a inflação. Qualquer tentativa de romper o ciclo via aumento dos investimentos pelos bancos públicos seria frustrada. O Estado já não tem espaço fiscal; sua capacidade de financiamento está esgotada. Primeiro é preciso recriá-la, via reformas fiscais, e, aí sim, pensar em como usá-la. Que reforma fiscal é recomendável? Dada a evolução provável da relação dívida/PIB, será preciso transitar para um regime que gere sistematicamente superavit primários em torno de 2% a 3% do PIB. No meio tempo, o ajuste deveria enfatizar medidas de corte de gasto muito mais do que aumentos de tributos, como proposto [na segunda (14), o governo defendeu pacote que inclui recriação da CPMF e redução do IOF]. Na parte tributária, a ênfase deveria ser a simplificação do regime, aumento da eficiência e redução do gasto tributário. Nesse sentido, o que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) está tratando de fazer com o ICMS [unificar a alíquota], depois de mais de duas décadas de discussão, e com [a simplificação do] PIS/Cofins é realmente admirável. De outro lado, seria necessário inevitavelmente mexer na Previdência e nas regras de aposentadoria. O descontrole da inflação está no horizonte? A elevação de juros deixará de ser um instrumento de controle? Ainda não. Vai depender da capacidade do governo de enfrentar a crise fiscal. A questão da dominância fiscal sobre a política monetária é crescente, mas, no momento, mais importante para o BC do que aumentar mais os juros é deixar claro que não vai cortá-los até que a inflação observada, e não a projetada por seus modelos, esteja perto do centro da meta. A credibilidade dos seus exercícios de projeção da inflação está em dúvida. No meio tempo, a política fiscal terá que carregar o ônus da política monetária –e fazer um ajuste correspondentemente maior. O senhor defende aumento dos juros nos EUA? Muito embora amplamente esperado, o aumento dos juros pelo Federal Reserve (BC americano), depois de um hiato tão longo com taxas tão baixas terá, sim, impacto. É inevitável e, mesmo assim, eu sou favorável. O efeito internacional dependerá mais do que acontecer com a taxa de 10 anos. Muitos apostam em um "flattening" da curva –algo como o "conundrum" [enigma] da época Greenspan [presidente do Fed entre 1987 e 2006], quando o Fed subia sua taxa, mas a taxa de 10 anos não se mexia. Não sei, não estou certo. É fato que tanto o BC europeu como o do Japão continuam com programas quantitativos de estímulo. O efeito é deslocar suas curvas de juros para baixo e, portanto, tornar mais atrativos os investimentos em US-TSY [ativo do Tesouro americano], especialmente quando a perspectiva é que o hiato de juros entre moedas aumente. Na margem, esse movimento deslocaria a curva dos US-TSY para baixo notadamente num período quando o deficit fiscal dos EUA está diminuindo rapidamente e, portanto, também a colocação de novo papel. Também há sinais de que, nos EUA, a taxa de crescimento potencial caiu e que, portanto, a taxa de poupança "de equilíbrio" seria menor, o que se traduziria numa maior oferta relativa de poupança financeira, logo, taxas longas menores. Que efeito traria para o Brasil? Da parte da China, Coreia do Sul, Brasil, Índia, países exportadores de petróleo etc., parece ser que o período de acumulação forte de reservas terminou e pode estar se revertendo –provocando alguma desova no mercado de US-TSY e puxando a curva para cima, isto é, taxas maiores. Enfim, há muitas incógnitas. Mas, no frigir dos ovos, para o Brasil, no momento, seria melhor que o Fed esperasse até dezembro, ou 2016...
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Moro acolhe só 3% do cobrado pela Lava Jato por corrupção
Cifras bilionárias cobradas em ações penais pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba desde o início do escândalo, em 2014, despencaram nas decisões do juiz Sergio Moro. A Folha comparou o valor pedido pelos procuradores com as decisões tomadas por Moro em nove das principais ações penais abertas na Lava Jato. O juiz acolheu apenas 3% do valor requerido. De R$ 17,2 bilhões cobrados pelo Ministério Público Federal, o juiz sentenciou R$ 520 milhões nas ações movidas contra grandes empreiteiras como Odebrecht, Andrade Gutierrez e OAS, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Antonio Palocci (PT) e o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB). A grande diferença de valores se explica por dois motivos que mostram divergências entre os dois lados. Em primeiro lugar, procuradores queriam a decretação do chamado "perdimento" não só do dinheiro da corrupção, mas também dos supostos ganhos que empresas e pessoas conseguiram a partir desta prática. Só nesse quesito, queriam cerca de R$ 8 bilhões. Moro, entretanto, condenou os réus a um total de R$ 460 milhões no que chamou, em suas sentenças, de "indenização". Isso corresponde a 5,8% dos "perdimentos" apontados pelos procuradores. Em mensagem à reportagem, o Ministério Público confirmou que o juiz "tem entendido que o valor do dano mínimo corresponde estritamente ao valor das próprias propinas pagas, deixando para a esfera cível a discussão sobre a indenização dos lucros indevidos obtidos a partir do pagamento das propinas". O segundo ponto da controvérsia reside nas tentativas dos procuradores de que Moro defina, já nas sentenças dos casos criminais, o valor mínimo a ser buscado, em futuras ações cíveis, como compensação pelos danos sofridos. Nas decisões, porém, repetidamente Moro disse não "vislumbrar a título de indenização mínima, condições, pelas limitações da ação penal, de fixar outro valor além das propinas direcionadas aos agentes" públicos. O juiz ponderou que sua decisão não impede que Petrobras ou Ministério Público "persigam indenização adicional na esfera cível". Somente em "danos mínimos" de cinco empreiteiras, o Ministério Público pediu R$ 9 bilhões. O juiz, contudo, não fixou nenhum valor. Nos casos de Lula, Cunha e Palocci, não fez distinção entre "indenização" e "dano mínimo", com exceção do processo contra o ex-presidente da Câmara, no qual estabeleceu R$ 4,7 milhões. O Ministério Público Federal recorreu de várias dessas sentenças. No caso que envolve a empreiteira Odebrecht, os procuradores haviam pedido R$ 14,1 bilhões, enquanto Moro estabeleceu R$ 228,8 milhões. Novamente Moro ressaltou que tanto o MPF quanto a Petrobras poderiam recorrer a ações cíveis. O pedido do MPF e a decisão de Moro ocorreram antes de os executivos da Odebrecht terem assinado um acordo de delação premiada homologado no STF (Supremo Tribunal Federal). Os procuradores recorreram ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região contra várias decisões de Moro. Em dois, o TRF manteve a posição do juiz. A Lava Jato deverá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça. Sem vitórias expressivas no tema financeiro nas ações penais de Curitiba, o Ministério Público teve sucesso por outro caminho, os acordos de leniência assinados com as principais empreiteiras e os acordos de colaboração fechados com investigados. Juntas, as empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht concordaram em devolver um total de R$ 8,6 bilhões aos cofres da União. Segundo informações fornecidas à Folha pela Procuradoria no Paraná, até a última quinta-feira (24) essas empresas haviam depositado um total de R$ 1 bilhão. Todos os valores reconhecidos, entretanto, ficaram abaixo dos valores pretendidos pela Lava Jato nas ações penais abertas em Curitiba. O valor admitido pela Odebrecht, de R$ 3,8 bilhões, por exemplo, ficou aquém dos R$ 14,1 bilhões pretendidos na ação penal. OUTRO LADO A Procuradoria da República no Paraná afirmou, em nota enviada à Folha, que as diferenças de valores entre Ministério Público Federal e vara federal criminal de Curitiba (PR) na Lava Jato "decorrem de diferentes interpretações da lei e isso não impede que o ressarcimento adicional seja buscado na esfera cível". Segundo a Procuradoria, "existe uma discordância entre o Ministério Público e o juiz no tocante àquilo em que consiste o dano mínimo que deve ser determinado na sentença criminal". "Leis não são matemática e estão sujeitas a interpretação. A lei estabelece que, na sentença criminal, o juiz 'fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração'. Como o ressarcimento é uma questão cível e não criminal, a lei determina que o juiz criminal fixe apenas o montante mínimo de ressarcimento, deixando a discussão do ressarcimento completo para o juízo cível", informou a Procuradoria. A Procuradoria argumentou que o dano cometido contra a sociedade "não se restringe às propinas". "Considerando que se tratava de um esquema de corrupção, o pagamento das propinas objetivava obter um benefício econômico indevido. Já o juiz tem entendido que o valor do dano mínimo corresponde estritamente ao valor das próprias propinas pagas, deixando para a esfera cível a discussão sobre a indenização dos lucros indevidos obtidos a partir do pagamento das propinas." "Em razão das discordâncias, o MPF tem recorrido à Corte de Apelação [TRF] para que defina essa questão e, conforme o entendimento dos procuradores regionais da República que atuam no caso, pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça –em pelo menos um dos casos isso aconteceu. É o que se pode afirmar em linhas gerais, sem entrar em especificidades de cada caso." A Procuradoria também mencionou que acordos de leniência fechados com quatro empresas em decorrência da Lava Jato preveem um pagamento total de R$ 8,6 bilhões à União.
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Moro acolhe só 3% do cobrado pela Lava Jato por corrupçãoCifras bilionárias cobradas em ações penais pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba desde o início do escândalo, em 2014, despencaram nas decisões do juiz Sergio Moro. A Folha comparou o valor pedido pelos procuradores com as decisões tomadas por Moro em nove das principais ações penais abertas na Lava Jato. O juiz acolheu apenas 3% do valor requerido. De R$ 17,2 bilhões cobrados pelo Ministério Público Federal, o juiz sentenciou R$ 520 milhões nas ações movidas contra grandes empreiteiras como Odebrecht, Andrade Gutierrez e OAS, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Antonio Palocci (PT) e o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB). A grande diferença de valores se explica por dois motivos que mostram divergências entre os dois lados. Em primeiro lugar, procuradores queriam a decretação do chamado "perdimento" não só do dinheiro da corrupção, mas também dos supostos ganhos que empresas e pessoas conseguiram a partir desta prática. Só nesse quesito, queriam cerca de R$ 8 bilhões. Moro, entretanto, condenou os réus a um total de R$ 460 milhões no que chamou, em suas sentenças, de "indenização". Isso corresponde a 5,8% dos "perdimentos" apontados pelos procuradores. Em mensagem à reportagem, o Ministério Público confirmou que o juiz "tem entendido que o valor do dano mínimo corresponde estritamente ao valor das próprias propinas pagas, deixando para a esfera cível a discussão sobre a indenização dos lucros indevidos obtidos a partir do pagamento das propinas". O segundo ponto da controvérsia reside nas tentativas dos procuradores de que Moro defina, já nas sentenças dos casos criminais, o valor mínimo a ser buscado, em futuras ações cíveis, como compensação pelos danos sofridos. Nas decisões, porém, repetidamente Moro disse não "vislumbrar a título de indenização mínima, condições, pelas limitações da ação penal, de fixar outro valor além das propinas direcionadas aos agentes" públicos. O juiz ponderou que sua decisão não impede que Petrobras ou Ministério Público "persigam indenização adicional na esfera cível". Somente em "danos mínimos" de cinco empreiteiras, o Ministério Público pediu R$ 9 bilhões. O juiz, contudo, não fixou nenhum valor. Nos casos de Lula, Cunha e Palocci, não fez distinção entre "indenização" e "dano mínimo", com exceção do processo contra o ex-presidente da Câmara, no qual estabeleceu R$ 4,7 milhões. O Ministério Público Federal recorreu de várias dessas sentenças. No caso que envolve a empreiteira Odebrecht, os procuradores haviam pedido R$ 14,1 bilhões, enquanto Moro estabeleceu R$ 228,8 milhões. Novamente Moro ressaltou que tanto o MPF quanto a Petrobras poderiam recorrer a ações cíveis. O pedido do MPF e a decisão de Moro ocorreram antes de os executivos da Odebrecht terem assinado um acordo de delação premiada homologado no STF (Supremo Tribunal Federal). Os procuradores recorreram ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região contra várias decisões de Moro. Em dois, o TRF manteve a posição do juiz. A Lava Jato deverá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça. Sem vitórias expressivas no tema financeiro nas ações penais de Curitiba, o Ministério Público teve sucesso por outro caminho, os acordos de leniência assinados com as principais empreiteiras e os acordos de colaboração fechados com investigados. Juntas, as empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht concordaram em devolver um total de R$ 8,6 bilhões aos cofres da União. Segundo informações fornecidas à Folha pela Procuradoria no Paraná, até a última quinta-feira (24) essas empresas haviam depositado um total de R$ 1 bilhão. Todos os valores reconhecidos, entretanto, ficaram abaixo dos valores pretendidos pela Lava Jato nas ações penais abertas em Curitiba. O valor admitido pela Odebrecht, de R$ 3,8 bilhões, por exemplo, ficou aquém dos R$ 14,1 bilhões pretendidos na ação penal. OUTRO LADO A Procuradoria da República no Paraná afirmou, em nota enviada à Folha, que as diferenças de valores entre Ministério Público Federal e vara federal criminal de Curitiba (PR) na Lava Jato "decorrem de diferentes interpretações da lei e isso não impede que o ressarcimento adicional seja buscado na esfera cível". Segundo a Procuradoria, "existe uma discordância entre o Ministério Público e o juiz no tocante àquilo em que consiste o dano mínimo que deve ser determinado na sentença criminal". "Leis não são matemática e estão sujeitas a interpretação. A lei estabelece que, na sentença criminal, o juiz 'fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração'. Como o ressarcimento é uma questão cível e não criminal, a lei determina que o juiz criminal fixe apenas o montante mínimo de ressarcimento, deixando a discussão do ressarcimento completo para o juízo cível", informou a Procuradoria. A Procuradoria argumentou que o dano cometido contra a sociedade "não se restringe às propinas". "Considerando que se tratava de um esquema de corrupção, o pagamento das propinas objetivava obter um benefício econômico indevido. Já o juiz tem entendido que o valor do dano mínimo corresponde estritamente ao valor das próprias propinas pagas, deixando para a esfera cível a discussão sobre a indenização dos lucros indevidos obtidos a partir do pagamento das propinas." "Em razão das discordâncias, o MPF tem recorrido à Corte de Apelação [TRF] para que defina essa questão e, conforme o entendimento dos procuradores regionais da República que atuam no caso, pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça –em pelo menos um dos casos isso aconteceu. É o que se pode afirmar em linhas gerais, sem entrar em especificidades de cada caso." A Procuradoria também mencionou que acordos de leniência fechados com quatro empresas em decorrência da Lava Jato preveem um pagamento total de R$ 8,6 bilhões à União.
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Para presidente da Câmara, 'não há espaço' para discutir impeachment
Responsável por avaliar se um pedido de impeachment de um presidente da República é arquivado ou encaminhado aos parlamentares, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quarta-feira (11) que "não há espaço" para discutir a saída de Dilma Rousseff. "Eu sempre fui muito claro em relação a esse assunto [pedido de impeachment de Dilma] e vou continuar sendo. Não vejo espaço para isso. Não concordo com esse tipo de discussão e não terá meu apoiamento", afirmou o peemedebista. Cunha, um dos principais líderes do PMDB que tem o vice-presidente, Michel Temer, defendeu a legitimidade do governo da petista. Ele afirmou que dificuldades iniciais de um mandato não podem justificar uma saída pelo comando do país. "Existe diferença muito grande de você ter qualquer tipo de divergência ou forma de atuar com independência. O governo está legitimamente eleito. Não dá para você no início do mandato ter esse tipo de tratamento desse processo", afirmou. Deputados e senadores da oposição vão participar de protestos de 15 de março pedindo o impeachment de Dilma. Nos últimos dias, líderes oposicionistas têm defendido que as medidas impopulares adotadas pela petista –como aumento da gasolina e a alterações em direitos trabalhistas e previdenciários–, o escândalo de corrupção na Petrobras e a queda significativa da popularidade da presidente, registrada pela Datafolha no fim de semana, justificam o debate sobre o impeachment. AÉCIO NEVES O senador tucano Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, afirmou que o impeachment não está na pauta da sigla. Apesar disso, defende os tucanos que têm abordado o assunto. "Não é crime falar", afirmou à Folha. "Desconhecer que há um sentimento de tamanha indignação na sociedade é desconhecer a realidade." A análise foi feita pelo tucano um dia depois de o líder de seu partido no Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), bater boca com o petista Lindbergh Farias (RJ) no plenário. A confusão começou após Cunha Lima sustentar que a discussão sobre é legítima, o que provocou a irritação de Lindbergh. "Não está na pauta do nosso partido, mas não é crime falar sobre o assunto, como fez o senador Cássio Cunha Lima", defendeu Aécio. Aécio disse ainda que não vê "hoje elementos jurídicos ou políticos para um pedido de impeachment". Mas avalia que a situação tende a piorar, pela instabilidade das relações no Congresso e o escândalo da Petrobras. TRÂMITE Para ser aprovado na Câmara, um pedido de impeachment tem que passar por comissão e ainda receber o apoio de 342 dos 513 deputados. Na sequência, o processo segue para o Senado, onde precisará de apoio de 54 dos 81 senadores. Após chegar ao Senado, o pedido precisa ocorrer em até 180 dias, período pelo qual o presidente fica afastado do cargo.
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Para presidente da Câmara, 'não há espaço' para discutir impeachmentResponsável por avaliar se um pedido de impeachment de um presidente da República é arquivado ou encaminhado aos parlamentares, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quarta-feira (11) que "não há espaço" para discutir a saída de Dilma Rousseff. "Eu sempre fui muito claro em relação a esse assunto [pedido de impeachment de Dilma] e vou continuar sendo. Não vejo espaço para isso. Não concordo com esse tipo de discussão e não terá meu apoiamento", afirmou o peemedebista. Cunha, um dos principais líderes do PMDB que tem o vice-presidente, Michel Temer, defendeu a legitimidade do governo da petista. Ele afirmou que dificuldades iniciais de um mandato não podem justificar uma saída pelo comando do país. "Existe diferença muito grande de você ter qualquer tipo de divergência ou forma de atuar com independência. O governo está legitimamente eleito. Não dá para você no início do mandato ter esse tipo de tratamento desse processo", afirmou. Deputados e senadores da oposição vão participar de protestos de 15 de março pedindo o impeachment de Dilma. Nos últimos dias, líderes oposicionistas têm defendido que as medidas impopulares adotadas pela petista –como aumento da gasolina e a alterações em direitos trabalhistas e previdenciários–, o escândalo de corrupção na Petrobras e a queda significativa da popularidade da presidente, registrada pela Datafolha no fim de semana, justificam o debate sobre o impeachment. AÉCIO NEVES O senador tucano Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, afirmou que o impeachment não está na pauta da sigla. Apesar disso, defende os tucanos que têm abordado o assunto. "Não é crime falar", afirmou à Folha. "Desconhecer que há um sentimento de tamanha indignação na sociedade é desconhecer a realidade." A análise foi feita pelo tucano um dia depois de o líder de seu partido no Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), bater boca com o petista Lindbergh Farias (RJ) no plenário. A confusão começou após Cunha Lima sustentar que a discussão sobre é legítima, o que provocou a irritação de Lindbergh. "Não está na pauta do nosso partido, mas não é crime falar sobre o assunto, como fez o senador Cássio Cunha Lima", defendeu Aécio. Aécio disse ainda que não vê "hoje elementos jurídicos ou políticos para um pedido de impeachment". Mas avalia que a situação tende a piorar, pela instabilidade das relações no Congresso e o escândalo da Petrobras. TRÂMITE Para ser aprovado na Câmara, um pedido de impeachment tem que passar por comissão e ainda receber o apoio de 342 dos 513 deputados. Na sequência, o processo segue para o Senado, onde precisará de apoio de 54 dos 81 senadores. Após chegar ao Senado, o pedido precisa ocorrer em até 180 dias, período pelo qual o presidente fica afastado do cargo.
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Agência da Indonésia propõe prisão cercada por crocodilos 'incorruptíveis'
O chefe da agência antidrogas da Indonésia, Budi Waseso, propôs a construção, em uma ilha, de uma prisão cercada por crocodilos para detentos condenados à pena de morte. Segundo Waseso, os crocodilos são "incorruptíveis" e por isso, em muitos casos, exercem a função de guardas melhor que humanos. "Não se pode subornar crocodilos. Não se pode convencê-los a deixar detentos escaparem", disse Waseso, segundo o portal de notícias local Tempo. "Vamos colocar o máximo de crocodilos que conseguirmos lá. Procurarei o tipo mais feroz de crocodilos." As autoridades ainda não determinaram o local nem a previsão de abertura da prisão, cujo projeto está em fases iniciais. De acordo com o porta-voz da agência antidrogas, Slamet Pribadi, o objetivo de construir uma prisão para detentos no corredor da morte é evitar a mistura de narcotraficantes com detentos comuns a fim de que estes não sejam recrutados para quadrilhas de drogas. Segundo a mídia local, Waseso sugeriu na semana passada que traficantes detidos ingerissem as drogas que transportavam como forma de "dar um fim" aos narcóticos apreendidos pelas autoridades. "É melhor que [os traficantes] se livrem [das drogas]. Eles podem comê-las para se arrepender. Suas ações destroem as novas gerações", disse Waseso. A Indonésia tem uma das mais duras leis antinarcóticos do mundo e levantou, em 2013, a moratória sobre a pena de morte para traficantes de drogas. No primeiro semestre, as autoridades do país executaram dois brasileiros acusados de tráfico internacional de drogas. As execuções geraram atritos entre os governos da Indonésia e do Brasil.
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Agência da Indonésia propõe prisão cercada por crocodilos 'incorruptíveis'O chefe da agência antidrogas da Indonésia, Budi Waseso, propôs a construção, em uma ilha, de uma prisão cercada por crocodilos para detentos condenados à pena de morte. Segundo Waseso, os crocodilos são "incorruptíveis" e por isso, em muitos casos, exercem a função de guardas melhor que humanos. "Não se pode subornar crocodilos. Não se pode convencê-los a deixar detentos escaparem", disse Waseso, segundo o portal de notícias local Tempo. "Vamos colocar o máximo de crocodilos que conseguirmos lá. Procurarei o tipo mais feroz de crocodilos." As autoridades ainda não determinaram o local nem a previsão de abertura da prisão, cujo projeto está em fases iniciais. De acordo com o porta-voz da agência antidrogas, Slamet Pribadi, o objetivo de construir uma prisão para detentos no corredor da morte é evitar a mistura de narcotraficantes com detentos comuns a fim de que estes não sejam recrutados para quadrilhas de drogas. Segundo a mídia local, Waseso sugeriu na semana passada que traficantes detidos ingerissem as drogas que transportavam como forma de "dar um fim" aos narcóticos apreendidos pelas autoridades. "É melhor que [os traficantes] se livrem [das drogas]. Eles podem comê-las para se arrepender. Suas ações destroem as novas gerações", disse Waseso. A Indonésia tem uma das mais duras leis antinarcóticos do mundo e levantou, em 2013, a moratória sobre a pena de morte para traficantes de drogas. No primeiro semestre, as autoridades do país executaram dois brasileiros acusados de tráfico internacional de drogas. As execuções geraram atritos entre os governos da Indonésia e do Brasil.
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Publicações francesas terão 'alerta Photoshop' em imagens retocadas
Não é segredo para ninguém que imagens de modelos são, quase sempre, retocadas antes de serem publicadas. Às vezes, as mudanças são para fazê-los parecer mais magros ou para turbinar a silhueta. Na tela do computador, é possível ainda apagar celulite, alongar as pernas, suavizar a pele e deixar os olhos mais arregalados. Muitas vezes esses retoques são impecáveis e difíceis de identificar. Por isso, a França decidiu criar um "alerta Photoshop" para qualquer imagem comercial em que a aparência corporal de uma pessoa tenha sido alterada digitalmente, em especial para fazer com que alguém pareça mais magro ou mais forte. Essas imagens devem, a partir deste domingo, exibir um alerta parecido com o estampado num maço de cigarro. "Photographie retouchée", dirá o aviso que, em português, significa "fotografia retocada". Quem ignorar a nova regra pode ser multado em € 37,5 mil euros (cerca de R$ 140 mil) ou em 30% do custo de criação do comercial. Com a medida, o governo francês tenta conter a manipulação de imagens tratando a técnica como problema de saúde pública. Isso porque espera-se que a mudança ajude a conter a magreza extrema em modelos e distúrbios relacionados à imagem corporal entre aqueles que almejam o corpo perfeito e se inspiram nos que tiveram as fotos retocadas. "Expor jovens a imagens normativas e irrealistas leva a uma sensação de auto depreciação e de baixa autoestima que pode afetar comportamentos relacionados à saúde", afirmou a ministra da Saúde da França, Marisol Touraine. CULTO À MAGREZA A França não é o primeiro país a introduzir esse tipo de regra. Algo similar já está em vigor, por exemplo, em Israel. Mas a obsessão com a magreza tem intensificado o debate na França. Milhares de pessoas sofrem de anorexia no país que apresenta o menor índice médio de massa corporal da Europa. A medida leva em conta altura e peso para saber se uma pessoa está com o peso ideal. Em um novo livro, a autora Gabrielle Deydier salienta que a magreza é reverenciada na França, e a gordura desprezada. Ela conta que perdeu o emprego em uma escola depois que um colega se opôs à obesidade dela. Outra vez, numa entrevista de emprego, ficou chocada ao ouvir do empregador que era "notório" que as pessoas mais gordas tinham QI mais baixos. Mas como um alerta em imagens retocadas pode fazer diferença na forma como as pessoas na França encaram seus corpos? Tom Quinn, de uma organização britânica que trata de transtornos alimentares, afirma que pode ser "simplista" sugerir que olhar imagens retocadas pode causar distúrbios. Mas ele próprio admite que muita gente que se depara com imagens adulteradas pode ter baixa estima. "Nós apoiamos qualquer medida que possa contribuir para que sociedade tenha uma visão mais saudável dos diferentes tipos de corpo e que todos estejam cientes de quais fotos foram retocadas", disse Quinn. Para ele, o ideal é uma sociedade onde não há pressão sobre modelos e sobre o público em geral para ser o mais magro possível. A ativista Jean Kilbourne, autora do livro "Deadly Persuasion: Why Women and Girls Must Fight the Power of Advertising" (Persuasão mortal: Por que as mulheres e as meninas devem combater o poder viciante da publicidade, em tradução livre e sem edição em português), disse: "Os anúncios vendem mais do que produtos". "Eles vendem valores, vendem imagens, vendem conceitos de amor e sexualidade, de sucesso e, talvez o mais importante, de normalidade. Em grande medida, nos dizem quem somos e quem devemos ser" TRUQUES Esta não é a única coisa que o governo francês fez recentemente para tentar combater a magreza excessiva na indústria de moda, que referência internacional. Desde maio, modelos tiveram que mostrar um atestado médico para provar que são saudáveis, e algumas empresas proibiram modelos super magros. Mas é importante lembrar que existem outros truques do comércio além da alteração digital. Além de certas poses e determinados ângulos, uma boa iluminação ou, simplesmente, sugar a barriga, podem fazer um modelo ficar muito diferente da realidade em um curto espaço de tempo. Há truques tanto para parecer mais magro quanto para assegurar uma aparência mais atlética, com, por exemplo, "barriga tanquinho". Vale ressaltar que a nova regra francesa não vale para qualquer tipo de alteração. Não abrange, por exemplo, cabelos retocados ou os casos em que manchas na pele foram removidas. Desde quando a nova lei foi anunciada, a agência de imagens Getty proibiu as imagens retocadas de sua categoria comercial. Mas ainda é cedo para falar em uma nova tendência de exibir imagens de corpos mais reais.
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Publicações francesas terão 'alerta Photoshop' em imagens retocadasNão é segredo para ninguém que imagens de modelos são, quase sempre, retocadas antes de serem publicadas. Às vezes, as mudanças são para fazê-los parecer mais magros ou para turbinar a silhueta. Na tela do computador, é possível ainda apagar celulite, alongar as pernas, suavizar a pele e deixar os olhos mais arregalados. Muitas vezes esses retoques são impecáveis e difíceis de identificar. Por isso, a França decidiu criar um "alerta Photoshop" para qualquer imagem comercial em que a aparência corporal de uma pessoa tenha sido alterada digitalmente, em especial para fazer com que alguém pareça mais magro ou mais forte. Essas imagens devem, a partir deste domingo, exibir um alerta parecido com o estampado num maço de cigarro. "Photographie retouchée", dirá o aviso que, em português, significa "fotografia retocada". Quem ignorar a nova regra pode ser multado em € 37,5 mil euros (cerca de R$ 140 mil) ou em 30% do custo de criação do comercial. Com a medida, o governo francês tenta conter a manipulação de imagens tratando a técnica como problema de saúde pública. Isso porque espera-se que a mudança ajude a conter a magreza extrema em modelos e distúrbios relacionados à imagem corporal entre aqueles que almejam o corpo perfeito e se inspiram nos que tiveram as fotos retocadas. "Expor jovens a imagens normativas e irrealistas leva a uma sensação de auto depreciação e de baixa autoestima que pode afetar comportamentos relacionados à saúde", afirmou a ministra da Saúde da França, Marisol Touraine. CULTO À MAGREZA A França não é o primeiro país a introduzir esse tipo de regra. Algo similar já está em vigor, por exemplo, em Israel. Mas a obsessão com a magreza tem intensificado o debate na França. Milhares de pessoas sofrem de anorexia no país que apresenta o menor índice médio de massa corporal da Europa. A medida leva em conta altura e peso para saber se uma pessoa está com o peso ideal. Em um novo livro, a autora Gabrielle Deydier salienta que a magreza é reverenciada na França, e a gordura desprezada. Ela conta que perdeu o emprego em uma escola depois que um colega se opôs à obesidade dela. Outra vez, numa entrevista de emprego, ficou chocada ao ouvir do empregador que era "notório" que as pessoas mais gordas tinham QI mais baixos. Mas como um alerta em imagens retocadas pode fazer diferença na forma como as pessoas na França encaram seus corpos? Tom Quinn, de uma organização britânica que trata de transtornos alimentares, afirma que pode ser "simplista" sugerir que olhar imagens retocadas pode causar distúrbios. Mas ele próprio admite que muita gente que se depara com imagens adulteradas pode ter baixa estima. "Nós apoiamos qualquer medida que possa contribuir para que sociedade tenha uma visão mais saudável dos diferentes tipos de corpo e que todos estejam cientes de quais fotos foram retocadas", disse Quinn. Para ele, o ideal é uma sociedade onde não há pressão sobre modelos e sobre o público em geral para ser o mais magro possível. A ativista Jean Kilbourne, autora do livro "Deadly Persuasion: Why Women and Girls Must Fight the Power of Advertising" (Persuasão mortal: Por que as mulheres e as meninas devem combater o poder viciante da publicidade, em tradução livre e sem edição em português), disse: "Os anúncios vendem mais do que produtos". "Eles vendem valores, vendem imagens, vendem conceitos de amor e sexualidade, de sucesso e, talvez o mais importante, de normalidade. Em grande medida, nos dizem quem somos e quem devemos ser" TRUQUES Esta não é a única coisa que o governo francês fez recentemente para tentar combater a magreza excessiva na indústria de moda, que referência internacional. Desde maio, modelos tiveram que mostrar um atestado médico para provar que são saudáveis, e algumas empresas proibiram modelos super magros. Mas é importante lembrar que existem outros truques do comércio além da alteração digital. Além de certas poses e determinados ângulos, uma boa iluminação ou, simplesmente, sugar a barriga, podem fazer um modelo ficar muito diferente da realidade em um curto espaço de tempo. Há truques tanto para parecer mais magro quanto para assegurar uma aparência mais atlética, com, por exemplo, "barriga tanquinho". Vale ressaltar que a nova regra francesa não vale para qualquer tipo de alteração. Não abrange, por exemplo, cabelos retocados ou os casos em que manchas na pele foram removidas. Desde quando a nova lei foi anunciada, a agência de imagens Getty proibiu as imagens retocadas de sua categoria comercial. Mas ainda é cedo para falar em uma nova tendência de exibir imagens de corpos mais reais.
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Helena Ranaldi e Leopoldo Pacheco vivem drama familiar do britânico Nick Payne
MARIA LUÍSA BARSANELLI DE SÃO PAULO Em "Se Existe Eu Ainda Não Encontrei", o dramaturgo britânico Nick Payne cria uma peça em camadas, que vão sendo retiradas cena a cena, até revelar seu miolo. A peça, que agora ganha sua primeira montagem brasileira, dirigida por Daniel Alvim, acompanha um núcleo familiar. George (Leopoldo Pacheco), o pai, é um ambientalista que vive obcecado com seu livro sobre emissões de carbono e com qualquer tarefa que possa prejudicar o meio ambiente. Sua mulher, Fiona (Helena Ranaldi) foge dos problemas de casa e usa como saída seu trabalho como professora de uma escola, onde está prestes a estrear um musical com os alunos. Absortos em seus mundos, não veem as turbulências de Anna (Lyv Zieze), sua filha adolescente que sofre com o bullying de colegas. É Terry (Luciano Gatti), irmão disfuncional de George, quem ironicamente consegue perceber as pequenas rachaduras da família. Teatro Eva Herz - Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Av. Paulista, 2.073, tel. 3170-4059. Sáb.: 21h. Dom.: 19h. De 30/9 a 10/12. 16 anos. 90 min. Ingr.: R$ 50 * MUSICAL Samba de uma nota só Para a temporada paulistana, o musical "Garota de Ipanema" (que estreou no Rio, em 2016) foi reformulado. Ganhou novo texto (de Rodrigo Faour e Sergio Módena), direção (de Módena) e o elenco agora tem Fabi Bang, Myra Ruiz, Claudio Lins e outros atores. Em uma espécie de show teatral, narra a história da bossa nova com 54 números musicais de clássicos do gênero, como "Ela É Carioca" e "Chega de Saudade". Teatro Opus - shopping Villa-Lobos. Av. das Nações Unidas, 4.777, tel. 4003-1212. Sex.: 21h30. Sáb.: 21h. Dom.: 20h30. De 22/9 a 1º/10. Livre. 90 min. Ingr.: R$ 50 a R$ 160
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Helena Ranaldi e Leopoldo Pacheco vivem drama familiar do britânico Nick PayneMARIA LUÍSA BARSANELLI DE SÃO PAULO Em "Se Existe Eu Ainda Não Encontrei", o dramaturgo britânico Nick Payne cria uma peça em camadas, que vão sendo retiradas cena a cena, até revelar seu miolo. A peça, que agora ganha sua primeira montagem brasileira, dirigida por Daniel Alvim, acompanha um núcleo familiar. George (Leopoldo Pacheco), o pai, é um ambientalista que vive obcecado com seu livro sobre emissões de carbono e com qualquer tarefa que possa prejudicar o meio ambiente. Sua mulher, Fiona (Helena Ranaldi) foge dos problemas de casa e usa como saída seu trabalho como professora de uma escola, onde está prestes a estrear um musical com os alunos. Absortos em seus mundos, não veem as turbulências de Anna (Lyv Zieze), sua filha adolescente que sofre com o bullying de colegas. É Terry (Luciano Gatti), irmão disfuncional de George, quem ironicamente consegue perceber as pequenas rachaduras da família. Teatro Eva Herz - Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Av. Paulista, 2.073, tel. 3170-4059. Sáb.: 21h. Dom.: 19h. De 30/9 a 10/12. 16 anos. 90 min. Ingr.: R$ 50 * MUSICAL Samba de uma nota só Para a temporada paulistana, o musical "Garota de Ipanema" (que estreou no Rio, em 2016) foi reformulado. Ganhou novo texto (de Rodrigo Faour e Sergio Módena), direção (de Módena) e o elenco agora tem Fabi Bang, Myra Ruiz, Claudio Lins e outros atores. Em uma espécie de show teatral, narra a história da bossa nova com 54 números musicais de clássicos do gênero, como "Ela É Carioca" e "Chega de Saudade". Teatro Opus - shopping Villa-Lobos. Av. das Nações Unidas, 4.777, tel. 4003-1212. Sex.: 21h30. Sáb.: 21h. Dom.: 20h30. De 22/9 a 1º/10. Livre. 90 min. Ingr.: R$ 50 a R$ 160
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Receita libera consulta ao 3º lote de restituições do IR nesta segunda
A Receita Federal liberou às 9h (horário de Brasília) desta segunda-feira (10) a consulta ao terceiro lote de restituições do Imposto de Renda de 2015. Nesse lote, serão creditadas restituições para 1,742 milhão de contribuintes, no total de R$ 2,173 bilhões, valor já acrescido da taxa Selic de 4,24%. Na média, cada contribuinte receberá R$ 1.247. O crédito da restituição será feito no dia 17 de agosto. Além das declarações deste ano, a Receita também liberou a consulta a sete lotes residuais (declarações que estavam retidas pela malha fina) referentes aos exercícios de 2008 a 2014 (veja tabela abaixo). O pagamento ocorrerá no dia 17. No total, a Receita pagará R$ 2,4 bilhões para 1,827 milhão de contribuintes (média de R$ 1.314 para cada um). Para saber se teve a declaração liberada, o contribuinte deve acessar o site da Receita: www.receita.fazenda.gov.br. Ou ligar para o Receitafone, pelo telefone 146. Em ambos os casos, é preciso ter em mãos o número do CPF do contribuinte. Caso o valor não seja creditado na conta, o contribuinte poderá ir a qualquer agência do Banco do Brasil ou ligar para a Central de Atendimento, pelo telefone 4004-0001 (capitais) e 0800-729-0001 (demais localidades) para agendar o crédito em conta-corrente ou poupança, em seu nome, em qualquer banco. LOTES DE 2015 O pagamento das restituições de 2015 será feito em mais cinco lotes, até dezembro: Restituição do Imposto de Renda
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Receita libera consulta ao 3º lote de restituições do IR nesta segundaA Receita Federal liberou às 9h (horário de Brasília) desta segunda-feira (10) a consulta ao terceiro lote de restituições do Imposto de Renda de 2015. Nesse lote, serão creditadas restituições para 1,742 milhão de contribuintes, no total de R$ 2,173 bilhões, valor já acrescido da taxa Selic de 4,24%. Na média, cada contribuinte receberá R$ 1.247. O crédito da restituição será feito no dia 17 de agosto. Além das declarações deste ano, a Receita também liberou a consulta a sete lotes residuais (declarações que estavam retidas pela malha fina) referentes aos exercícios de 2008 a 2014 (veja tabela abaixo). O pagamento ocorrerá no dia 17. No total, a Receita pagará R$ 2,4 bilhões para 1,827 milhão de contribuintes (média de R$ 1.314 para cada um). Para saber se teve a declaração liberada, o contribuinte deve acessar o site da Receita: www.receita.fazenda.gov.br. Ou ligar para o Receitafone, pelo telefone 146. Em ambos os casos, é preciso ter em mãos o número do CPF do contribuinte. Caso o valor não seja creditado na conta, o contribuinte poderá ir a qualquer agência do Banco do Brasil ou ligar para a Central de Atendimento, pelo telefone 4004-0001 (capitais) e 0800-729-0001 (demais localidades) para agendar o crédito em conta-corrente ou poupança, em seu nome, em qualquer banco. LOTES DE 2015 O pagamento das restituições de 2015 será feito em mais cinco lotes, até dezembro: Restituição do Imposto de Renda
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Divulgação parcial da lista de Janot pega Temer de surpresa
A divulgação dos nomes de cinco ministros na lista de pedidos de investigação da Procuradoria-Geral da República causou desconforto à equipe de Michel Temer, para quem a manutenção do sigilo sobre os detalhes das denúncias contribui para aumentar o desgaste da imagem do governo. A avaliação é que, sem dar publicidade às informações sobre a gravidade das acusações, todos os ministros ficam em suspeição, o que impede a elaboração de uma estratégia de defesa e a análise individualizada, com risco de afetar a pauta administrativa. Mantido o sigilo sobre as acusações, o Palácio do Planalto avalia pedir à Advocacia-Geral da União que solicite ao ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, relator da Lava Jato, que acelere a divulgação do conteúdo dos pedidos de investigação. Lava Jato no STF O presidente já esperava as presenças de Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral), Gilberto Kassab (Comunicações) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores) na lista. A inclusão de Bruno Araújo (Cidades), contudo, causou surpresa. Temer ordenou à equipe ministerial que não precipite qualquer reação aos pedidos de abertura de inquérito, antes que seja conhecida a dimensão de seu impacto sobre Planalto. Só assim, argumentam auxiliares presidenciais, o governo terá condições de calibrar a reação necessária. Na tentativa de se descolar de denúncias, Temer decidiu também que não irá a público para defender auxiliares e aliados citados em delações premiadas. O presidente pediu cautela na análise dos casos, para evitar erros políticos na esteira dessa turbulência. Para se blindar de cobranças, a tendência é que ele repita que definiu uma linha de corte para demissões e que só afastará definitivamente quem se tornar réu pelo STF. Nos últimos dias, articuladores do Planalto pediram aos líderes da base aliada no Congresso que façam avançar os projetos de interesse do governo, em tentativa de superar a agenda imposta pelos inquéritos e uma possível sensação de paralisia do Legislativo. Preocupa sobretudo a reforma da Previdência. Nos bastidores, correligionários do presidente temem que o impacto da lista de investigados atrase a tramitação do projeto, postergando a votação de abril para junho, e estimule traições na base aliada, já identificadas no PTB, no PSB e no PSD. Outro receio: a possibilidade de desgaste no poder de negociação do ministro da Casa Civil, estimulando a inclusão de emendas que alterem o texto original da proposta. O Planalto defendia que o sigilo das delações fosse quebrado assim que a PGR enviasse ao Supremo pedidos contra autoridades, para evitar que detalhes fossem revelados às vésperas de votações importantes da reforma da Previdência ou das manifestações em apoio à Lava Jato. No dia 26, por exemplo, movimentos de rua como Vem Pra Rua e MBL (Movimento Brasil Livre) marcaram protesto em defesa da operação. A última lista apresentada pelo procurador-geral, em março de 2015, fortaleceu o coro popular pela saída de Dilma Rousseff, que sofreu impeachment no ano seguinte.
poder
Divulgação parcial da lista de Janot pega Temer de surpresaA divulgação dos nomes de cinco ministros na lista de pedidos de investigação da Procuradoria-Geral da República causou desconforto à equipe de Michel Temer, para quem a manutenção do sigilo sobre os detalhes das denúncias contribui para aumentar o desgaste da imagem do governo. A avaliação é que, sem dar publicidade às informações sobre a gravidade das acusações, todos os ministros ficam em suspeição, o que impede a elaboração de uma estratégia de defesa e a análise individualizada, com risco de afetar a pauta administrativa. Mantido o sigilo sobre as acusações, o Palácio do Planalto avalia pedir à Advocacia-Geral da União que solicite ao ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, relator da Lava Jato, que acelere a divulgação do conteúdo dos pedidos de investigação. Lava Jato no STF O presidente já esperava as presenças de Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral), Gilberto Kassab (Comunicações) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores) na lista. A inclusão de Bruno Araújo (Cidades), contudo, causou surpresa. Temer ordenou à equipe ministerial que não precipite qualquer reação aos pedidos de abertura de inquérito, antes que seja conhecida a dimensão de seu impacto sobre Planalto. Só assim, argumentam auxiliares presidenciais, o governo terá condições de calibrar a reação necessária. Na tentativa de se descolar de denúncias, Temer decidiu também que não irá a público para defender auxiliares e aliados citados em delações premiadas. O presidente pediu cautela na análise dos casos, para evitar erros políticos na esteira dessa turbulência. Para se blindar de cobranças, a tendência é que ele repita que definiu uma linha de corte para demissões e que só afastará definitivamente quem se tornar réu pelo STF. Nos últimos dias, articuladores do Planalto pediram aos líderes da base aliada no Congresso que façam avançar os projetos de interesse do governo, em tentativa de superar a agenda imposta pelos inquéritos e uma possível sensação de paralisia do Legislativo. Preocupa sobretudo a reforma da Previdência. Nos bastidores, correligionários do presidente temem que o impacto da lista de investigados atrase a tramitação do projeto, postergando a votação de abril para junho, e estimule traições na base aliada, já identificadas no PTB, no PSB e no PSD. Outro receio: a possibilidade de desgaste no poder de negociação do ministro da Casa Civil, estimulando a inclusão de emendas que alterem o texto original da proposta. O Planalto defendia que o sigilo das delações fosse quebrado assim que a PGR enviasse ao Supremo pedidos contra autoridades, para evitar que detalhes fossem revelados às vésperas de votações importantes da reforma da Previdência ou das manifestações em apoio à Lava Jato. No dia 26, por exemplo, movimentos de rua como Vem Pra Rua e MBL (Movimento Brasil Livre) marcaram protesto em defesa da operação. A última lista apresentada pelo procurador-geral, em março de 2015, fortaleceu o coro popular pela saída de Dilma Rousseff, que sofreu impeachment no ano seguinte.
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Presidente interino da Câmara decide anular tramitação do impeachment
O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), assinou uma decisão nesta segunda-feira (9) para anular a tramitação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Casa. Em seu despacho que será publicado na edição do Diário da Câmara desta terça (10), o deputado derruba as sessões do plenário que trataram do processo na Casa entre os dias 15 e 17 de abril e determina que o processo, que está no Senado, volte à Câmara. Maranhão determina que a Casa terá cinco sessões para refazer a votação no plenário. Na última sexta (6), Maranhão afirmou em encontro com parlamentares, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo": "Vocês vão se surpreender comigo". O deputado Fernando Francischini (SD-PR) já anunciou que prepara recurso ao STF (Supremo Tribunal Federal) para derrubar a medida. O impeachment já avançou ao Senado, tendo relatório aprovado por comissão especial, e a votação é prevista para quarta-feira (11), quando os senadores decidirão sobre o afastamento por 180 dias de Dilma. Não está certo se esse calendário será mantido. O principal argumento para invalidar a sessão é que os partidos não poderiam ter fechado questão ou dado orientação em relação ao voto dos parlamentares, uma vez que, segundo o presidente interino, "os parlamentares deveriam votar de acordo com suas convicções pessoais e livremente". O pepista também diz que o fato de os deputados terem anunciado publicamente seus votos caracteriza pré-julgamento e clara ofensa ao amplo direito de defesa consagrado na Constituição. O congressista alega ainda que a defesa de Dilma deveria ter sido ouvida por último no momento da votação. Há ainda uma alegação técnica de que o resultado da votação teria que ser encaminhado ao Senado por resolução e não por ofício, como teria ocorrido. "Não poderiam os senhores parlamentares antes da conclusão da votação terem anunciado publicamente os seus votos, na medida em que isso caracteriza prejulgamento e clara ofensa ao amplo direito de defesa que está consagrado na Constituição. Do mesmo modo, não poderia a defesa da presidente ter deixado de falar por último no momento da votação, como acabou ocorrendo", diz o presidente interino. Em sua decisão, Maranhão diz que os deputados ficam proibidos de antecipar seus votos sobre o processo para a nova votação. Maranhão acolheu recurso da AGU (Advocacia-Geral da União) questionando a votação do processo de impeachment de Dilma, no dia 17 de abril, pelo plenário da Câmara. O impeachment foi aprovado por 367 votos contra 137, pela abertura do processo de impeachment. A Folha antecipou, na coluna Painel do último dia 6, que havia um recurso da AGU pendente, datado de 25 de abril, em que o advogado-geral José Eduardo Cardozo requeria a nulidade da votação. "Com uma canetada, Maranhão pode agora levar o impeachment à estaca zero", disse um aliado de Cunha à época. O deputado é aliado do governador Flávio Dino (PC do B-MA), um dos principais correligionários de Dilma, e votou contra a autorização da Câmara para abertura do processo de impeachment. Vice-presidente da Câmara, Maranhão chegou ao comando da Casa na semana passada após o STF (Supremo Tribunal Federal) determinar a suspensão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do mandato e da Presidência da Câmara, que foi o principal fiador do impeachment no Congresso. Na ação, a AGU apontou ilegalidades como orientação de voto feita pelos líderes partidários, motivações de voto alheias ao tema em questão (os que votaram "pela família", por exemplo), manifestação do relator no dia da votação, não abertura de espaço à defesa após essa fala e falta da aprovação de uma resolução materializando a decisão do plenário. A acusação contra Dilma leva em conta as chamadas pedaladas fiscais e decretos que ampliaram os gastos federais em R$ 3 bilhões. DILMA A presidente Dilma recebeu a notícia durante evento no Palácio do Planalto para anunciar a criação de universidades. Em meio a gritos da plateia de "Uh! É Maranhão" e "Fica querida!", a presidente afirmou sobre a decisão de Maranhão: "Eu soube agora, da mesma forma que vocês, que um recurso foi aceito e que portanto o processo de impeachment está suspenso". "Eu não tenho essa informação oficial. Estou falando porque não podia fingir que não estava sabendo da mesma coisa que vocês", afirmou. "Não é oficial, não sei as consequências, tenham cautela, porque vivemos uma conjuntura de manhas e artimanhas". "Temos que saber que temos pela frente uma disputa dura, cheia de dificuldades. Peço encarecidamente aos senhores parlamentares uma certa tranquilidade para lidar com isso", afirmou Dilma, que falou por cerca de 20 minutos. ÍNTEGRA Leia a íntegra da nota emitida por Maranhão: 1. O Presidente da Comissão Especial do Impeachment do Senado Federal, Senador Raimundo Lira, no dia 27 de abril do corrente ano, encaminhou à Câmara dos Deputados, ofício em que indagava sobre o andamento de recurso apresentado pela Advocacia-Geral da União contra a decisão que autorizou a instauração de processo de impeachment contra a Sra. Presidente da República, Dilma Rousseff. 2. Ao tomar conhecimento desse ofício, tomei ciência da existência de petição dirigida pela Sra. Presidente da República, por meio da Advocacia-Geral da União, em que pleiteava a anulação da Sessão realizada pela Câmara dos Deputados, nos dias 15, 16 e 17 de abril. Nessa sessão, como todos sabem, o Plenário desta Casa aprovou parecer encaminhado ao Senado Federal para a eventual abertura de processo contra a Sra. Presidente da República, Dilma Rousseff, por crime de responsabilidade. 3. Como a petição não havia ainda sido decidida, eu a examinei e decidi acolher em parte as ponderações nela contidas. Desacolhi a arguição de nulidade feita em relação aos motivos apresentados pelos Srs. Deputados no momento de votação, por entender que não ocorreram quaisquer vícios naquelas declarações de votos. Todavia, acolhi as demais arguições, por entender que efetivamente ocorreram vícios que tornaram nula de pleno direito a sessão em questão. Não poderiam os partidos políticos ter fechado questão ou firmado orientação para que os parlamentares votassem de um modo ou de outro, uma vez que, no caso deveriam votar de acordo com as suas convicções pessoais e livremente. Não poderiam os senhores parlamentares antes da conclusão da votação terem anunciado publicamente os seus votos, na medida em que isso caracteriza prejulgamento e clara ofensa ao amplo direito de defesa que está consagrado na Constituição. Do mesmo modo, não poderia a defesa da Sra. Presidente da República ter deixado de falar por último no momento da votação, como acabou ocorrendo. 4. Também considero que o resultado da votação deveria ter sido formalizado por Resolução, por ser o que dispõe o Regimento Interno da Câmara dos Deputados e o que estava originalmente previsto no processamento do impeachment do Presidente Collor, tomado como paradigma pelo STF para o processamento do presente pedido de impeachment. 5. Por estas razões, anulei a sessão realizada nos dias 15, 16 e 17 e determinei que uma nova sessão seja realizada para deliberar sobre a matéria no prazo de 5 sessões contados da data em que o processo for devolvido pelo Senado à Câmara dos Deputados. 6. Para o cumprimento da minha decisão, encaminhei o ofício ao Presidente do Senado para que os autos do processo de impeachment sejam devolvidos à Câmara dos Deputados.
poder
Presidente interino da Câmara decide anular tramitação do impeachmentO presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), assinou uma decisão nesta segunda-feira (9) para anular a tramitação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Casa. Em seu despacho que será publicado na edição do Diário da Câmara desta terça (10), o deputado derruba as sessões do plenário que trataram do processo na Casa entre os dias 15 e 17 de abril e determina que o processo, que está no Senado, volte à Câmara. Maranhão determina que a Casa terá cinco sessões para refazer a votação no plenário. Na última sexta (6), Maranhão afirmou em encontro com parlamentares, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo": "Vocês vão se surpreender comigo". O deputado Fernando Francischini (SD-PR) já anunciou que prepara recurso ao STF (Supremo Tribunal Federal) para derrubar a medida. O impeachment já avançou ao Senado, tendo relatório aprovado por comissão especial, e a votação é prevista para quarta-feira (11), quando os senadores decidirão sobre o afastamento por 180 dias de Dilma. Não está certo se esse calendário será mantido. O principal argumento para invalidar a sessão é que os partidos não poderiam ter fechado questão ou dado orientação em relação ao voto dos parlamentares, uma vez que, segundo o presidente interino, "os parlamentares deveriam votar de acordo com suas convicções pessoais e livremente". O pepista também diz que o fato de os deputados terem anunciado publicamente seus votos caracteriza pré-julgamento e clara ofensa ao amplo direito de defesa consagrado na Constituição. O congressista alega ainda que a defesa de Dilma deveria ter sido ouvida por último no momento da votação. Há ainda uma alegação técnica de que o resultado da votação teria que ser encaminhado ao Senado por resolução e não por ofício, como teria ocorrido. "Não poderiam os senhores parlamentares antes da conclusão da votação terem anunciado publicamente os seus votos, na medida em que isso caracteriza prejulgamento e clara ofensa ao amplo direito de defesa que está consagrado na Constituição. Do mesmo modo, não poderia a defesa da presidente ter deixado de falar por último no momento da votação, como acabou ocorrendo", diz o presidente interino. Em sua decisão, Maranhão diz que os deputados ficam proibidos de antecipar seus votos sobre o processo para a nova votação. Maranhão acolheu recurso da AGU (Advocacia-Geral da União) questionando a votação do processo de impeachment de Dilma, no dia 17 de abril, pelo plenário da Câmara. O impeachment foi aprovado por 367 votos contra 137, pela abertura do processo de impeachment. A Folha antecipou, na coluna Painel do último dia 6, que havia um recurso da AGU pendente, datado de 25 de abril, em que o advogado-geral José Eduardo Cardozo requeria a nulidade da votação. "Com uma canetada, Maranhão pode agora levar o impeachment à estaca zero", disse um aliado de Cunha à época. O deputado é aliado do governador Flávio Dino (PC do B-MA), um dos principais correligionários de Dilma, e votou contra a autorização da Câmara para abertura do processo de impeachment. Vice-presidente da Câmara, Maranhão chegou ao comando da Casa na semana passada após o STF (Supremo Tribunal Federal) determinar a suspensão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do mandato e da Presidência da Câmara, que foi o principal fiador do impeachment no Congresso. Na ação, a AGU apontou ilegalidades como orientação de voto feita pelos líderes partidários, motivações de voto alheias ao tema em questão (os que votaram "pela família", por exemplo), manifestação do relator no dia da votação, não abertura de espaço à defesa após essa fala e falta da aprovação de uma resolução materializando a decisão do plenário. A acusação contra Dilma leva em conta as chamadas pedaladas fiscais e decretos que ampliaram os gastos federais em R$ 3 bilhões. DILMA A presidente Dilma recebeu a notícia durante evento no Palácio do Planalto para anunciar a criação de universidades. Em meio a gritos da plateia de "Uh! É Maranhão" e "Fica querida!", a presidente afirmou sobre a decisão de Maranhão: "Eu soube agora, da mesma forma que vocês, que um recurso foi aceito e que portanto o processo de impeachment está suspenso". "Eu não tenho essa informação oficial. Estou falando porque não podia fingir que não estava sabendo da mesma coisa que vocês", afirmou. "Não é oficial, não sei as consequências, tenham cautela, porque vivemos uma conjuntura de manhas e artimanhas". "Temos que saber que temos pela frente uma disputa dura, cheia de dificuldades. Peço encarecidamente aos senhores parlamentares uma certa tranquilidade para lidar com isso", afirmou Dilma, que falou por cerca de 20 minutos. ÍNTEGRA Leia a íntegra da nota emitida por Maranhão: 1. O Presidente da Comissão Especial do Impeachment do Senado Federal, Senador Raimundo Lira, no dia 27 de abril do corrente ano, encaminhou à Câmara dos Deputados, ofício em que indagava sobre o andamento de recurso apresentado pela Advocacia-Geral da União contra a decisão que autorizou a instauração de processo de impeachment contra a Sra. Presidente da República, Dilma Rousseff. 2. Ao tomar conhecimento desse ofício, tomei ciência da existência de petição dirigida pela Sra. Presidente da República, por meio da Advocacia-Geral da União, em que pleiteava a anulação da Sessão realizada pela Câmara dos Deputados, nos dias 15, 16 e 17 de abril. Nessa sessão, como todos sabem, o Plenário desta Casa aprovou parecer encaminhado ao Senado Federal para a eventual abertura de processo contra a Sra. Presidente da República, Dilma Rousseff, por crime de responsabilidade. 3. Como a petição não havia ainda sido decidida, eu a examinei e decidi acolher em parte as ponderações nela contidas. Desacolhi a arguição de nulidade feita em relação aos motivos apresentados pelos Srs. Deputados no momento de votação, por entender que não ocorreram quaisquer vícios naquelas declarações de votos. Todavia, acolhi as demais arguições, por entender que efetivamente ocorreram vícios que tornaram nula de pleno direito a sessão em questão. Não poderiam os partidos políticos ter fechado questão ou firmado orientação para que os parlamentares votassem de um modo ou de outro, uma vez que, no caso deveriam votar de acordo com as suas convicções pessoais e livremente. Não poderiam os senhores parlamentares antes da conclusão da votação terem anunciado publicamente os seus votos, na medida em que isso caracteriza prejulgamento e clara ofensa ao amplo direito de defesa que está consagrado na Constituição. Do mesmo modo, não poderia a defesa da Sra. Presidente da República ter deixado de falar por último no momento da votação, como acabou ocorrendo. 4. Também considero que o resultado da votação deveria ter sido formalizado por Resolução, por ser o que dispõe o Regimento Interno da Câmara dos Deputados e o que estava originalmente previsto no processamento do impeachment do Presidente Collor, tomado como paradigma pelo STF para o processamento do presente pedido de impeachment. 5. Por estas razões, anulei a sessão realizada nos dias 15, 16 e 17 e determinei que uma nova sessão seja realizada para deliberar sobre a matéria no prazo de 5 sessões contados da data em que o processo for devolvido pelo Senado à Câmara dos Deputados. 6. Para o cumprimento da minha decisão, encaminhei o ofício ao Presidente do Senado para que os autos do processo de impeachment sejam devolvidos à Câmara dos Deputados.
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Bolsonaro se equipara a Trump e se diz 'muito feliz' com vitória do republicano
BRASÍLIA - Permita-me não falar de Trump. Eram 11h45 desta quarta (9) quando encontrei o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), 61, em uma das entradas do Congresso. Como de hábito, cercado por transeuntes e suas maquininhas de fazer selfie. Após atendê-los, saiu rua afora para pegar um caminho alternativo para o seu gabinete. Apesar de adotar passos de Usain Bolt nos cerca de 100 metros percorridos, foi parado seis vezes por admiradores e uma sétima por um homem que de dentro do carro gritou: "Vamos para os Estados Unidos, Bolsonaro"! "Hahaha, se o Trump convidar..." Entre uma foto e outra, Bolsonaro comentou a vitória do republicano. "Tem muita coisa em comum comigo, ele foi massacrado pela mídia de lá como eu sou massacrado pela daqui, não esquece esse detalhe." E listou medidas de Trump que, justiça seja feita, ele prega há anos. Para começar, críticas aos médicos cubanos e à imigração venezuelana, o que remete ao muro antimexicano de Trump. "Muro é força de expressão dele, mas não pode entrar no nosso país qualquer um." Bolsonaro, que considera Ustra (símbolo da repressão durante a ditadura) um herói nacional, quer que todo cidadão de bem tenha uma arma. Para fazendeiros ele acha melhor um fuzil. "Porque a propriedade é privada. Se é privada, é sagrada." A entrada do seu gabinete é decorada por um "mural da vergonha" com informes sobre o "kit gay" e a questão LGBTT. Mas ele diz não ser homofóbico. Teve até funcionário gay. "No momento não sei, aaacho que não tenho [enfatiza o 'acho']." Ele afirma que evoluiu no tema. No "linguajar", melhor dizendo. "Antes o calibre era muito pesado, mas continuo atirando na mesma direção." Ao se acomodar no espaço reservado do pequeno gabinete, resumiu o estado de espírito: "Estou muito feliz". Na mesa, um jornal com a manchete: "Deu Trump. E agora?" Bolsonaro quer presidir o Brasil. Na última pesquisa do Datafolha já chegava a 8% das intenções de voto.
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Bolsonaro se equipara a Trump e se diz 'muito feliz' com vitória do republicanoBRASÍLIA - Permita-me não falar de Trump. Eram 11h45 desta quarta (9) quando encontrei o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), 61, em uma das entradas do Congresso. Como de hábito, cercado por transeuntes e suas maquininhas de fazer selfie. Após atendê-los, saiu rua afora para pegar um caminho alternativo para o seu gabinete. Apesar de adotar passos de Usain Bolt nos cerca de 100 metros percorridos, foi parado seis vezes por admiradores e uma sétima por um homem que de dentro do carro gritou: "Vamos para os Estados Unidos, Bolsonaro"! "Hahaha, se o Trump convidar..." Entre uma foto e outra, Bolsonaro comentou a vitória do republicano. "Tem muita coisa em comum comigo, ele foi massacrado pela mídia de lá como eu sou massacrado pela daqui, não esquece esse detalhe." E listou medidas de Trump que, justiça seja feita, ele prega há anos. Para começar, críticas aos médicos cubanos e à imigração venezuelana, o que remete ao muro antimexicano de Trump. "Muro é força de expressão dele, mas não pode entrar no nosso país qualquer um." Bolsonaro, que considera Ustra (símbolo da repressão durante a ditadura) um herói nacional, quer que todo cidadão de bem tenha uma arma. Para fazendeiros ele acha melhor um fuzil. "Porque a propriedade é privada. Se é privada, é sagrada." A entrada do seu gabinete é decorada por um "mural da vergonha" com informes sobre o "kit gay" e a questão LGBTT. Mas ele diz não ser homofóbico. Teve até funcionário gay. "No momento não sei, aaacho que não tenho [enfatiza o 'acho']." Ele afirma que evoluiu no tema. No "linguajar", melhor dizendo. "Antes o calibre era muito pesado, mas continuo atirando na mesma direção." Ao se acomodar no espaço reservado do pequeno gabinete, resumiu o estado de espírito: "Estou muito feliz". Na mesa, um jornal com a manchete: "Deu Trump. E agora?" Bolsonaro quer presidir o Brasil. Na última pesquisa do Datafolha já chegava a 8% das intenções de voto.
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Pirâmides podem ter câmaras secretas inexploradas, diz ministro do Egito
O ministro egípcio das Antiguidades, Mamduh al-Damati, garantiu neste domingo (17) que o programa para escanear pirâmides está avançado e revelará novos segredos sobre os famosos monumentos. Salas secretas, ainda não exploradas, podem ter sido descobertas pelos arqueólogos. O programa, chamado ScanPyramids, do qual participam cientistas egípcios, franceses, canadenses e japoneses, começou em 25 de outubro e utiliza técnicas não invasivas como análises térmicas com câmeras infravermelhas ou cartografia com ajuda de drones. Em 9 de novembro, o ministro al-Damati já havia anunciado que a aplicação do método na Grande Pirâmide de Gizé, uma das mais famosas do Egito, havia revelado tais diferenças de temperatura entre blocos contíguos –de até 6 graus centígrados– que poderiam indicar a presença de câmaras secretas ainda não exploradas. Visitada por turistas do mundo inteiro, o monumento abrigou os restos mortais do faraó Quéops e é a última das sete maravilhas do mundo antigo ainda de pé. O ministro também prometeu que a pirâmide de Quéops, que tem 146 metros de altura e foi construída há mais de 4.500 anos –antes da invenção da roda– ia revelar um de seus "segredos" antes do final do programa ScanPyramids, previsto para o final de 2016. Também foram detectadas várias "anomalias térmicas" na parte ocidental da pirâmide vermelha de Dahshur, ao sul do Cairo, e na fachada norte de Quéops, anunciou neste domingo Mathieu Klein, da Universidade Laval, de Québec. Estas diferenças de temperatura entre blocos vizinhos podem indicar a existência de uma cavidade ou de um corredor, de acordo com os especialistas. "Temos muitos mistérios para desvendar nas pirâmides, mas ainda é cedo para saber no que consistem", disse o ministro al-Damati. Com informações da AFP
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Pirâmides podem ter câmaras secretas inexploradas, diz ministro do EgitoO ministro egípcio das Antiguidades, Mamduh al-Damati, garantiu neste domingo (17) que o programa para escanear pirâmides está avançado e revelará novos segredos sobre os famosos monumentos. Salas secretas, ainda não exploradas, podem ter sido descobertas pelos arqueólogos. O programa, chamado ScanPyramids, do qual participam cientistas egípcios, franceses, canadenses e japoneses, começou em 25 de outubro e utiliza técnicas não invasivas como análises térmicas com câmeras infravermelhas ou cartografia com ajuda de drones. Em 9 de novembro, o ministro al-Damati já havia anunciado que a aplicação do método na Grande Pirâmide de Gizé, uma das mais famosas do Egito, havia revelado tais diferenças de temperatura entre blocos contíguos –de até 6 graus centígrados– que poderiam indicar a presença de câmaras secretas ainda não exploradas. Visitada por turistas do mundo inteiro, o monumento abrigou os restos mortais do faraó Quéops e é a última das sete maravilhas do mundo antigo ainda de pé. O ministro também prometeu que a pirâmide de Quéops, que tem 146 metros de altura e foi construída há mais de 4.500 anos –antes da invenção da roda– ia revelar um de seus "segredos" antes do final do programa ScanPyramids, previsto para o final de 2016. Também foram detectadas várias "anomalias térmicas" na parte ocidental da pirâmide vermelha de Dahshur, ao sul do Cairo, e na fachada norte de Quéops, anunciou neste domingo Mathieu Klein, da Universidade Laval, de Québec. Estas diferenças de temperatura entre blocos vizinhos podem indicar a existência de uma cavidade ou de um corredor, de acordo com os especialistas. "Temos muitos mistérios para desvendar nas pirâmides, mas ainda é cedo para saber no que consistem", disse o ministro al-Damati. Com informações da AFP
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Nem a ciência nem a religião evitaram a tristeza da morte do meu amigo
O receio de perder o outro nasce com a gente. E, por ironia, é a única coisa que a gente não perde. Ainda bebês, ficamos em pânico com aquela sádica brincadeira do "Cadê papai? Achou!" ou "Sumiu/ apareceu". Quando nossos pais escondem o rosto com as mãos, nos presenteiam com um segundo e meio de pavor absoluto e depois sorriem do nosso medo de que eles nunca mais estivessem ali. Anos depois, quando o sádico já era eu, perguntei à minha analista se era justo brincar disso com as minhas filhas. E aprendi que há um efeito positivo nesse jogo, pois a perda momentânea é seguida da reafirmação da presença. A criança passa a saber que se o pai se esconde com as mãos, ou vai trabalhar, ou viaja, ele voltará. Mas o receio de perder o outro continua em nós. Uma vez li um estudo sobre a morte que falava sobre como ela foi sendo desnaturalizada na civilização ocidental. Antigamente, se alguém estava à beira da morte, ficava deitado em sua cama, recebia seus familiares e amigos, partilhava seus bens, dizia suas últimas palavras e os mais próximos se despediam. Havia uma transição entre o estar/não estar. A despedida tinha muita importância. Com o avanço da medicina, a morte foi sendo tirada do nosso convívio. Se alguém está mal é logo internado, e quanto pior estiver, menos pode receber visitas. Quando a morte chega, não temos mais a despedida. Só a notícia. Nós temos muito medo da morte. E dedicamos bilhões de qualquer moeda para que a ciência nos ajude a adiar esse encontro marcado. Outros tantos bilhões circulam na indústria da fé, para que nos convençam de que a morte não existe de fato. Nesta semana, nem a ciência nem a religião evitaram a tristeza da morte do meu amigo Moreno. Queria muito que ele estivesse brincando de "Sumiu/apareceu". Queria muito ter me despedido. Um enorme beijo e todo meu amor pra você, Moreno.
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Nem a ciência nem a religião evitaram a tristeza da morte do meu amigoO receio de perder o outro nasce com a gente. E, por ironia, é a única coisa que a gente não perde. Ainda bebês, ficamos em pânico com aquela sádica brincadeira do "Cadê papai? Achou!" ou "Sumiu/ apareceu". Quando nossos pais escondem o rosto com as mãos, nos presenteiam com um segundo e meio de pavor absoluto e depois sorriem do nosso medo de que eles nunca mais estivessem ali. Anos depois, quando o sádico já era eu, perguntei à minha analista se era justo brincar disso com as minhas filhas. E aprendi que há um efeito positivo nesse jogo, pois a perda momentânea é seguida da reafirmação da presença. A criança passa a saber que se o pai se esconde com as mãos, ou vai trabalhar, ou viaja, ele voltará. Mas o receio de perder o outro continua em nós. Uma vez li um estudo sobre a morte que falava sobre como ela foi sendo desnaturalizada na civilização ocidental. Antigamente, se alguém estava à beira da morte, ficava deitado em sua cama, recebia seus familiares e amigos, partilhava seus bens, dizia suas últimas palavras e os mais próximos se despediam. Havia uma transição entre o estar/não estar. A despedida tinha muita importância. Com o avanço da medicina, a morte foi sendo tirada do nosso convívio. Se alguém está mal é logo internado, e quanto pior estiver, menos pode receber visitas. Quando a morte chega, não temos mais a despedida. Só a notícia. Nós temos muito medo da morte. E dedicamos bilhões de qualquer moeda para que a ciência nos ajude a adiar esse encontro marcado. Outros tantos bilhões circulam na indústria da fé, para que nos convençam de que a morte não existe de fato. Nesta semana, nem a ciência nem a religião evitaram a tristeza da morte do meu amigo Moreno. Queria muito que ele estivesse brincando de "Sumiu/apareceu". Queria muito ter me despedido. Um enorme beijo e todo meu amor pra você, Moreno.
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Ana Westphal: Entrevista ficcional com Foucault
Salvo adaptações mínimas próprias à transposição ficcional, todas as respostas atribuídas ao filósofo Michel Foucault nessa entrevista apócrifa foram extraídas de seus ditos e escritos já publicados. * Como o sr. se sente por ter sido barrado pelo cardeal d. Odilo Scherer, justamente quando a PUC-SP estava a ponto de oficializar uma cátedra em seu nome? Fico perplexo. Lembro que estive no Brasil em 1975, quando o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado. O Exército alegou que ele havia se enforcado em sua cela. Foi o arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, que promoveu, na catedral da Sé, uma cerimônia ecumênica em sua memória. O cardeal presidia a cerimônia: caminhou diante dos fiéis e os saudou exclamando "shalom, shalom". Em torno da praça havia policiais armados. A polícia teve que recuar: não pôde fazer nada contra a multidão. A Igreja era o refúgio dos dissidentes e opositores da ditadura. É estranho que hoje, em plena democracia, as posições tenham se invertido. Como o senhor interpreta essa virada? Quais são suas relações com o catolicismo? Passei meus últimos anos vasculhando documentos na Biblioteca Saulchoir, dos Dominicanos, em Paris. Para escrever meus últimos livros, me encantei com Tertuliano, Cassiano, são João Crisóstemo, com o cristianismo primitivo, as técnicas da confissão, os exercícios espirituais do Concílio de Trento. Não por acaso, quando morri, os dominicanos foram os únicos que se ofereceram a acolher meu arquivo. Graças a eles meus manuscritos ficaram na França. Tenho dificuldade em entender o que seria uma universidade católica da qual fosse banida a liberdade de pensamento. É isso tão essencial? É preciso libertar-se da sacralização do social como única instância do real, e deixar de considerar vento essa coisa essencial na vida e nas relações humanas –o pensamento. O sr. sabia que seus livros são incompatíveis com os princípios do catolicismo, como reza decisão do Conselho Superior da Fundação São Paulo, composto por d. Odilo, bispos e reitora? Meus livros nunca foram dirigidos contra a Igreja. Apenas põem a nu mecanismos de poder que atravessam todas as instituições. É verdade que a Igreja inventou um novo tipo de poder, que chamei de pastoral: cuidar do rebanho, cuidar de cada alma. Mas sempre insisti que em qualquer relação de poder nada está decidido de antemão –há contrapoderes, há revides, há resistência, há reversibilidades. A própria espiritualidade pode ter sido uma resistência, num momento determinado, a formas hierárquicas de poder. Se meus livros foram dirigidos contra alguém, foi contra mim mesmo. De que valeria pesquisar, se fosse apenas para confirmar o que já sabíamos? O que me move é a única curiosidade que vale –saber se podemos pensar diferentemente do que pensávamos antes. Como numa viagem, a pesquisa nos rejuvenesce, mas também envelhece a relação que temos conosco mesmo. É aí onde é preciso deixar-se para trás, reinventar-se. Que tipo de homens o senhor admira, afinal? Homens engajados ou os que desaparecem? Em qual categoria o senhor se inclui? Não são essas as categorias que definem os homens. Admiro os que introduziram no mundo em que vivemos a única tensão da qual não cabe rir nem envergonhar-se: aquela que rompe o fio do tempo. ANA WESTPHAL é mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Ana Westphal: Entrevista ficcional com FoucaultSalvo adaptações mínimas próprias à transposição ficcional, todas as respostas atribuídas ao filósofo Michel Foucault nessa entrevista apócrifa foram extraídas de seus ditos e escritos já publicados. * Como o sr. se sente por ter sido barrado pelo cardeal d. Odilo Scherer, justamente quando a PUC-SP estava a ponto de oficializar uma cátedra em seu nome? Fico perplexo. Lembro que estive no Brasil em 1975, quando o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado. O Exército alegou que ele havia se enforcado em sua cela. Foi o arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, que promoveu, na catedral da Sé, uma cerimônia ecumênica em sua memória. O cardeal presidia a cerimônia: caminhou diante dos fiéis e os saudou exclamando "shalom, shalom". Em torno da praça havia policiais armados. A polícia teve que recuar: não pôde fazer nada contra a multidão. A Igreja era o refúgio dos dissidentes e opositores da ditadura. É estranho que hoje, em plena democracia, as posições tenham se invertido. Como o senhor interpreta essa virada? Quais são suas relações com o catolicismo? Passei meus últimos anos vasculhando documentos na Biblioteca Saulchoir, dos Dominicanos, em Paris. Para escrever meus últimos livros, me encantei com Tertuliano, Cassiano, são João Crisóstemo, com o cristianismo primitivo, as técnicas da confissão, os exercícios espirituais do Concílio de Trento. Não por acaso, quando morri, os dominicanos foram os únicos que se ofereceram a acolher meu arquivo. Graças a eles meus manuscritos ficaram na França. Tenho dificuldade em entender o que seria uma universidade católica da qual fosse banida a liberdade de pensamento. É isso tão essencial? É preciso libertar-se da sacralização do social como única instância do real, e deixar de considerar vento essa coisa essencial na vida e nas relações humanas –o pensamento. O sr. sabia que seus livros são incompatíveis com os princípios do catolicismo, como reza decisão do Conselho Superior da Fundação São Paulo, composto por d. Odilo, bispos e reitora? Meus livros nunca foram dirigidos contra a Igreja. Apenas põem a nu mecanismos de poder que atravessam todas as instituições. É verdade que a Igreja inventou um novo tipo de poder, que chamei de pastoral: cuidar do rebanho, cuidar de cada alma. Mas sempre insisti que em qualquer relação de poder nada está decidido de antemão –há contrapoderes, há revides, há resistência, há reversibilidades. A própria espiritualidade pode ter sido uma resistência, num momento determinado, a formas hierárquicas de poder. Se meus livros foram dirigidos contra alguém, foi contra mim mesmo. De que valeria pesquisar, se fosse apenas para confirmar o que já sabíamos? O que me move é a única curiosidade que vale –saber se podemos pensar diferentemente do que pensávamos antes. Como numa viagem, a pesquisa nos rejuvenesce, mas também envelhece a relação que temos conosco mesmo. É aí onde é preciso deixar-se para trás, reinventar-se. Que tipo de homens o senhor admira, afinal? Homens engajados ou os que desaparecem? Em qual categoria o senhor se inclui? Não são essas as categorias que definem os homens. Admiro os que introduziram no mundo em que vivemos a única tensão da qual não cabe rir nem envergonhar-se: aquela que rompe o fio do tempo. ANA WESTPHAL é mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Governo da Argentina afirma que acordo entre Citi e abutres viola leis
A saída encontrada pelo Citibank para resolver o impasse com o governo da Argentina recebeu duras críticas do ministro da economia do país, Axel Kicillof. Para ele, o banco está violando as leis do país. Proibido pela Justiça americana de repassar o pagamento a credores da dívida argentina, o Citi fez um acordo com os chamados fundos abutres na última sexta (20). A negociação liberou o banco a fazer o pagamento de uma parcela de US$ 3,7 milhões da dívida argentina que vencerá no próximo dia 31 e outra, prevista para junho. Apesar da decisão aparentemente favorável, o governo argentino questiona os termos do acordo. Para obter a permissão, o Citi se comprometeu a não questionar mais na Justiça dos EUA a proibição aos pagamentos. Além disso, informou que abandonará o negócio de custódia dos títulos da Argentina. Para Axel Kicillof, o banco agiu pelas costas de clientes e do governo argentino, ao abrir mão do recurso na Justiça. "O acordo favorece os fundos abutres, tentando não desrespeitar a lei argentina. Ou seja, [o Citi] está querendo ficar bem com Deus e com o diabo", afirmou o ministro. Na opinião de Kicillof, o recurso revelaria por fim que a Justiça dos EUA não tem razão ao tentar interferir no pagamento de uma dívida interna da Argentina. Desde julho do ano passado, o país está proibido, por ordem do juiz Thomas Griesa, de realizar pagamentos no exterior até que chegue a um acordo com os chamados fundos abutres. Essa decisão alcançou agora credores internos, que compraram títulos emitidos em dólares. O governo argentino questiona a decisão. "Depois que o Citi desistiu vergonhosamente da causa, a República Argentina terá que assumir a apelação, se o sistema jurídico americano assim o permitir. Não porque não concorda com a decisão, mas porque o juiz Griesa está errado e quer favorecer os abutres". Kicillof disse ainda que o Citi traiu a confiança dos seus clientes e do regulador, o que afeta todo o sistema financeiro da Argentina. "Como um banco que opera no país negocia com fundos especulativos que querem extorquir o país e gerar problemas em suas cadeias de pagamento", questionou o ministro, que sugeriu ainda que talvez o Citi tenha interesse em ficar com o dinheiro dos credores. "O que vemos aqui é uma armadilha legal, uma tentativa de enganar [os credores]. O Citibank quer sair de fininho e deixar que os detentores de títulos que se virem", afirmou. Apesar da reprovação, o ministro não anunciou sanções contra o banco americano. Disse que informará os órgãos reguladores, como o Banco Central e a CNV (Comissión Nacional de Valores), a CVM local, para que avaliem se o Citi está descumprindo as leis do país. Kicillof afirmou ainda que o pagamento a ser feito pelo Citi é pequeno perto do que pagará a Argentina em 31 de março - cerca de 10% do total. "Mas não por isso menos grave", afirmou. Sobre a saída do Citi do negócio de custódia dos títulos argentinos, desejo expresso pelo próprio banco, Kicillof afirmou que "ninguém é proibido de sair de um negócio lucrativo", mas que as autoridades vão analisar se nenhuma norma será descumprida durante esse processo. O Citi não comentou as declarações do ministro da Economia.
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Governo da Argentina afirma que acordo entre Citi e abutres viola leisA saída encontrada pelo Citibank para resolver o impasse com o governo da Argentina recebeu duras críticas do ministro da economia do país, Axel Kicillof. Para ele, o banco está violando as leis do país. Proibido pela Justiça americana de repassar o pagamento a credores da dívida argentina, o Citi fez um acordo com os chamados fundos abutres na última sexta (20). A negociação liberou o banco a fazer o pagamento de uma parcela de US$ 3,7 milhões da dívida argentina que vencerá no próximo dia 31 e outra, prevista para junho. Apesar da decisão aparentemente favorável, o governo argentino questiona os termos do acordo. Para obter a permissão, o Citi se comprometeu a não questionar mais na Justiça dos EUA a proibição aos pagamentos. Além disso, informou que abandonará o negócio de custódia dos títulos da Argentina. Para Axel Kicillof, o banco agiu pelas costas de clientes e do governo argentino, ao abrir mão do recurso na Justiça. "O acordo favorece os fundos abutres, tentando não desrespeitar a lei argentina. Ou seja, [o Citi] está querendo ficar bem com Deus e com o diabo", afirmou o ministro. Na opinião de Kicillof, o recurso revelaria por fim que a Justiça dos EUA não tem razão ao tentar interferir no pagamento de uma dívida interna da Argentina. Desde julho do ano passado, o país está proibido, por ordem do juiz Thomas Griesa, de realizar pagamentos no exterior até que chegue a um acordo com os chamados fundos abutres. Essa decisão alcançou agora credores internos, que compraram títulos emitidos em dólares. O governo argentino questiona a decisão. "Depois que o Citi desistiu vergonhosamente da causa, a República Argentina terá que assumir a apelação, se o sistema jurídico americano assim o permitir. Não porque não concorda com a decisão, mas porque o juiz Griesa está errado e quer favorecer os abutres". Kicillof disse ainda que o Citi traiu a confiança dos seus clientes e do regulador, o que afeta todo o sistema financeiro da Argentina. "Como um banco que opera no país negocia com fundos especulativos que querem extorquir o país e gerar problemas em suas cadeias de pagamento", questionou o ministro, que sugeriu ainda que talvez o Citi tenha interesse em ficar com o dinheiro dos credores. "O que vemos aqui é uma armadilha legal, uma tentativa de enganar [os credores]. O Citibank quer sair de fininho e deixar que os detentores de títulos que se virem", afirmou. Apesar da reprovação, o ministro não anunciou sanções contra o banco americano. Disse que informará os órgãos reguladores, como o Banco Central e a CNV (Comissión Nacional de Valores), a CVM local, para que avaliem se o Citi está descumprindo as leis do país. Kicillof afirmou ainda que o pagamento a ser feito pelo Citi é pequeno perto do que pagará a Argentina em 31 de março - cerca de 10% do total. "Mas não por isso menos grave", afirmou. Sobre a saída do Citi do negócio de custódia dos títulos argentinos, desejo expresso pelo próprio banco, Kicillof afirmou que "ninguém é proibido de sair de um negócio lucrativo", mas que as autoridades vão analisar se nenhuma norma será descumprida durante esse processo. O Citi não comentou as declarações do ministro da Economia.
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Cratera aumenta e já 'engole' rua e calçada na zona leste de SP
Uma cratera com cerca de 8 metros de largura e 3 metros de profundidade interdita parte da rua David Lopes de Moraes, em Sapopemba (zona leste), há cerca de um mês, afirmam moradores. O asfalto cedeu na altura do número 134 após um temporal em 24 de fevereiro. Um carro chegou a ser engolido pela cratera. A família que estava no veículo se salvou. "Na época vieram prefeitura, Defesa Civil e até bombeiros. Duas casas foram interditadas e nada mais foi feito", relata a autônoma Cássia dos Santos Silva, de 31 anos. A preocupação dos moradores é que a cratera cresça mais. "Cada dia vai piorando um pouco. Com a chuva da semana passada, a cratera aumentou. Antes, ocupava só a rua. Agora, já quebrou as calçadas. O pior é que nós procuramos a subprefeitura e ela diz que está sem verba para o conserto", afirma a diarista Luzia Alberto da Silva, 58. Quase em frente à cratera funciona uma creche, cujo pátio está interditado. Outro problema é um eucalipto próximo, com risco de cair. "Como ela [a árvore] fica quase em frente à minha casa, a prefeitura me deu um papel indicando que, em caso de chuva forte, eu não devo ficar na frente de casa. Minha segurança não está garantida", diz a dona de casa Armelinda Carnicelli, 53. A gestão Haddad (PT) diz que já fez um projeto para a recuperação da galeria. As obras ainda não começaram, mas a conclusão está prevista para o segundo semestre. Segundo a a Subprefeitura de Sapopemba, foram instaladas estruturas e usado concreto para conter a erosão do solo perto das casas.
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Cratera aumenta e já 'engole' rua e calçada na zona leste de SPUma cratera com cerca de 8 metros de largura e 3 metros de profundidade interdita parte da rua David Lopes de Moraes, em Sapopemba (zona leste), há cerca de um mês, afirmam moradores. O asfalto cedeu na altura do número 134 após um temporal em 24 de fevereiro. Um carro chegou a ser engolido pela cratera. A família que estava no veículo se salvou. "Na época vieram prefeitura, Defesa Civil e até bombeiros. Duas casas foram interditadas e nada mais foi feito", relata a autônoma Cássia dos Santos Silva, de 31 anos. A preocupação dos moradores é que a cratera cresça mais. "Cada dia vai piorando um pouco. Com a chuva da semana passada, a cratera aumentou. Antes, ocupava só a rua. Agora, já quebrou as calçadas. O pior é que nós procuramos a subprefeitura e ela diz que está sem verba para o conserto", afirma a diarista Luzia Alberto da Silva, 58. Quase em frente à cratera funciona uma creche, cujo pátio está interditado. Outro problema é um eucalipto próximo, com risco de cair. "Como ela [a árvore] fica quase em frente à minha casa, a prefeitura me deu um papel indicando que, em caso de chuva forte, eu não devo ficar na frente de casa. Minha segurança não está garantida", diz a dona de casa Armelinda Carnicelli, 53. A gestão Haddad (PT) diz que já fez um projeto para a recuperação da galeria. As obras ainda não começaram, mas a conclusão está prevista para o segundo semestre. Segundo a a Subprefeitura de Sapopemba, foram instaladas estruturas e usado concreto para conter a erosão do solo perto das casas.
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Estarão nossas cidades preparadas para os carros autônomos?
Os carros autônomos, ou veículos sem motoristas, poderão causar grande impacto na vida das nossas cidades em um futuro próximo. Embora seja de amplo conhecimento o estágio de desenvolvimento tecnológico desse tipo de veículo, a repercussão de sua implantação no planejamento e desenvolvimento das áreas urbanas não é ainda totalmente compreendida. Sua influência na infraestrutura, no sistema de transporte público e mesmo no mercado imobiliário deve ser mais bem avaliada. Veículos autônomos, segundo especialistas, poderiam reduzir em até 90% os quase 1,3 milhão de acidentes rodoviários fatais ocorridos no mundo anualmente, além de colaborar para que se obtenham muitos outros benefícios relacionados ao transporte e à mobilidade urbana. Contudo, o processo de transição para esse modelo requer drástica mudança na indústria e ampla reformatação dos transportes público e privado. Essa mudança não ocorrerá de forma adequada se não forem compreendidos os principais desafios trazidos por esse novo modelo à dinâmica da mobilidade urbana e ao processo de planejamento. Grandes cidades geram tráfego. Porém, tráfego não gera grandes cidades. Podemos induzir a criação de grandes centros urbanos com a estruturação das decisões de planejamento relacionadas ao transporte e ao uso do solo, tendo em mente os veículos autônomos e as suas potencialidades. A implantação de sistemas baseados em veículos sem motoristas deve resultar na diminuição do tempo de viagem, tendo como consequências a redução da demanda por novas vias e a necessidade de espaços para estacionamento. Dessa forma, fica clara a importância de investimentos na melhoria e adaptação do sistema viário existente, de forma a acomodar o tráfego desse novo tipo de veículo. Entretanto, será necessário um longo período de transição para que os veículos autônomos compartilhem as ruas e avenidas com os veículos tradicionais, dirigidos por motoristas. Dessa forma, devemos nos preparar para conviver em um sistema híbrido, estruturado em regramentos e tecnologia capazes de acomodar, com segurança, a interação entre as máquinas autoguiadas e os, por vezes, relapsos motoristas. O treinamento e a educação no trânsito, sem dúvida, deverão passar por profunda reciclagem. Parece difícil, pelo menos no início dessa transição, que veículos autônomos e dirigidos por humanos possam compartilhar as mesmas faixas nas vias, devendo ser criadas, portanto, faixas e até vias exclusivas para os autônomos, que crescerão conforme o aumento do número desses veículos. Os veículos automatizados não utilizarão somente o seu sistema inteligente para tomar decisões. Ele deverá, ao contrário, estar conectado ao de outros veículos e também a sensores localizados ao longo das vias e de pontos específicos da cidade. Portanto, além de equipar as ruas com o sistema sensorial necessário, os veículos dirigidos por humanos deverão ser também dotados de sistemas capazes de se comunicar com os veículos automatizados. Essa adaptação nas máquinas e nas vias trará efeitos colaterais importantes, principalmente porque possibilitará enviar informações para centrais de tráfego, que ajustarão o fluxo de veículos em determinadas áreas para melhorar a fluidez e diminuir o tempo de viagem. Além de preparar as cidades para acomodar a gradual implantação de veículos autônomos, devemos conscientizar nossos planejadores acerca das potencialidades vinculadas ao seu envolvimento nos modelos de análise e estruturação dos planos de desenvolvimento urbano.
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Estarão nossas cidades preparadas para os carros autônomos?Os carros autônomos, ou veículos sem motoristas, poderão causar grande impacto na vida das nossas cidades em um futuro próximo. Embora seja de amplo conhecimento o estágio de desenvolvimento tecnológico desse tipo de veículo, a repercussão de sua implantação no planejamento e desenvolvimento das áreas urbanas não é ainda totalmente compreendida. Sua influência na infraestrutura, no sistema de transporte público e mesmo no mercado imobiliário deve ser mais bem avaliada. Veículos autônomos, segundo especialistas, poderiam reduzir em até 90% os quase 1,3 milhão de acidentes rodoviários fatais ocorridos no mundo anualmente, além de colaborar para que se obtenham muitos outros benefícios relacionados ao transporte e à mobilidade urbana. Contudo, o processo de transição para esse modelo requer drástica mudança na indústria e ampla reformatação dos transportes público e privado. Essa mudança não ocorrerá de forma adequada se não forem compreendidos os principais desafios trazidos por esse novo modelo à dinâmica da mobilidade urbana e ao processo de planejamento. Grandes cidades geram tráfego. Porém, tráfego não gera grandes cidades. Podemos induzir a criação de grandes centros urbanos com a estruturação das decisões de planejamento relacionadas ao transporte e ao uso do solo, tendo em mente os veículos autônomos e as suas potencialidades. A implantação de sistemas baseados em veículos sem motoristas deve resultar na diminuição do tempo de viagem, tendo como consequências a redução da demanda por novas vias e a necessidade de espaços para estacionamento. Dessa forma, fica clara a importância de investimentos na melhoria e adaptação do sistema viário existente, de forma a acomodar o tráfego desse novo tipo de veículo. Entretanto, será necessário um longo período de transição para que os veículos autônomos compartilhem as ruas e avenidas com os veículos tradicionais, dirigidos por motoristas. Dessa forma, devemos nos preparar para conviver em um sistema híbrido, estruturado em regramentos e tecnologia capazes de acomodar, com segurança, a interação entre as máquinas autoguiadas e os, por vezes, relapsos motoristas. O treinamento e a educação no trânsito, sem dúvida, deverão passar por profunda reciclagem. Parece difícil, pelo menos no início dessa transição, que veículos autônomos e dirigidos por humanos possam compartilhar as mesmas faixas nas vias, devendo ser criadas, portanto, faixas e até vias exclusivas para os autônomos, que crescerão conforme o aumento do número desses veículos. Os veículos automatizados não utilizarão somente o seu sistema inteligente para tomar decisões. Ele deverá, ao contrário, estar conectado ao de outros veículos e também a sensores localizados ao longo das vias e de pontos específicos da cidade. Portanto, além de equipar as ruas com o sistema sensorial necessário, os veículos dirigidos por humanos deverão ser também dotados de sistemas capazes de se comunicar com os veículos automatizados. Essa adaptação nas máquinas e nas vias trará efeitos colaterais importantes, principalmente porque possibilitará enviar informações para centrais de tráfego, que ajustarão o fluxo de veículos em determinadas áreas para melhorar a fluidez e diminuir o tempo de viagem. Além de preparar as cidades para acomodar a gradual implantação de veículos autônomos, devemos conscientizar nossos planejadores acerca das potencialidades vinculadas ao seu envolvimento nos modelos de análise e estruturação dos planos de desenvolvimento urbano.
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Não mexam no bolso do consumidor
No passado, tudo era estratégico no Brasil: serviços postais, energia, petróleo, telecomunicações, bancos e minério. Hoje não é, mas o consumidor continua pagando a conta de estatais ineficientes, sempre sob ataque de políticos que dominam partes ou a totalidade destes feudos. Roberto Campos, economista, embaixador, político e escritor foi um dos maiores inimigos da estatização da economia, conduzida por 'nacionalistas' que enxergavam ameaças à soberania nacional em qualquer disputa de mercado sem domínio estatal. Poucos têm a coragem, mesmo atualmente, de cobrar a retomada do processo de privatizações. Lembrei-me disso porque o governo Temer soltou um balão de ensaio sobre a criação de uma nova alíquota do Imposto de Renda para pessoas com renda mensal superior a R$ 20 mil. Ou seja, profissionais que conseguiram progredir porque estudaram e trabalharam muito teriam de pagar 35% de IR. Face à reação de empresários e políticos, o presidente recuou e ainda pediu aplausos por não ter feito o que ameaçou. Esqueceu-se de dizer que de 1996 até agora a tabela do IR acumula defasagem superior a 80%. Isso é aumento de tributos sem necessidade de aprovação pelo Congresso Nacional. Dessa forma, uma montanha de dinheiro deixa de ser utilizada no consumo, reforçando a recessão, o desemprego e a queda na arrecadação de tributos. Enquanto as autoridades discutem formas de arrecadar mais em meio a uma colossal crise, ou seja, tirar de quem já não tem renda e, muitas vezes, nem emprego formal, há mais de 100 mil cargos comissionados (de não concursados, portanto) no governo federal. Por que não começar os cortes de despesas por aí? Além disso, há 151 empresas federais na base de dados do Sistema de Informação das Estatais Federais. Será que são todas indispensáveis ao bom funcionamento do país? A propósito, que bom funcionamento se as pessoas morrem nas filas dos hospitais públicos, têm de pagar planos de saúde e escolas particulares, e se balas perdidas matam até fetos no útero da mãe e a infraestrutura do país é lastimável? A propósito, as emendas parlamentares devem totalizar mais de R$ 6 bilhões este ano. Por sorte, o Supremo Tribunal Federal (STF) brecou o reajuste da remuneração dos ministros (de R$ 33 mil para R$ 39 mil), que teria efeito cascata em todo o Judiciário. Detalhe: a inflação anual acumulada é inferior a 3%. Para tornar mais difícil aceitar este quadro, está em curso uma reforma política, que estipula a criação de um fundo público eleitoral de R$ 3,6 bilhões, para que os políticos nos contem, em suas campanhas, como vão melhorar nossas vidas. O dinheiro dos brasileiros deve voltar para o consumo, a fim de reativar a economia e reduzir o maldito desemprego. Chega de bancar tudo isso. Ninguém aguenta mais.
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Não mexam no bolso do consumidorNo passado, tudo era estratégico no Brasil: serviços postais, energia, petróleo, telecomunicações, bancos e minério. Hoje não é, mas o consumidor continua pagando a conta de estatais ineficientes, sempre sob ataque de políticos que dominam partes ou a totalidade destes feudos. Roberto Campos, economista, embaixador, político e escritor foi um dos maiores inimigos da estatização da economia, conduzida por 'nacionalistas' que enxergavam ameaças à soberania nacional em qualquer disputa de mercado sem domínio estatal. Poucos têm a coragem, mesmo atualmente, de cobrar a retomada do processo de privatizações. Lembrei-me disso porque o governo Temer soltou um balão de ensaio sobre a criação de uma nova alíquota do Imposto de Renda para pessoas com renda mensal superior a R$ 20 mil. Ou seja, profissionais que conseguiram progredir porque estudaram e trabalharam muito teriam de pagar 35% de IR. Face à reação de empresários e políticos, o presidente recuou e ainda pediu aplausos por não ter feito o que ameaçou. Esqueceu-se de dizer que de 1996 até agora a tabela do IR acumula defasagem superior a 80%. Isso é aumento de tributos sem necessidade de aprovação pelo Congresso Nacional. Dessa forma, uma montanha de dinheiro deixa de ser utilizada no consumo, reforçando a recessão, o desemprego e a queda na arrecadação de tributos. Enquanto as autoridades discutem formas de arrecadar mais em meio a uma colossal crise, ou seja, tirar de quem já não tem renda e, muitas vezes, nem emprego formal, há mais de 100 mil cargos comissionados (de não concursados, portanto) no governo federal. Por que não começar os cortes de despesas por aí? Além disso, há 151 empresas federais na base de dados do Sistema de Informação das Estatais Federais. Será que são todas indispensáveis ao bom funcionamento do país? A propósito, que bom funcionamento se as pessoas morrem nas filas dos hospitais públicos, têm de pagar planos de saúde e escolas particulares, e se balas perdidas matam até fetos no útero da mãe e a infraestrutura do país é lastimável? A propósito, as emendas parlamentares devem totalizar mais de R$ 6 bilhões este ano. Por sorte, o Supremo Tribunal Federal (STF) brecou o reajuste da remuneração dos ministros (de R$ 33 mil para R$ 39 mil), que teria efeito cascata em todo o Judiciário. Detalhe: a inflação anual acumulada é inferior a 3%. Para tornar mais difícil aceitar este quadro, está em curso uma reforma política, que estipula a criação de um fundo público eleitoral de R$ 3,6 bilhões, para que os políticos nos contem, em suas campanhas, como vão melhorar nossas vidas. O dinheiro dos brasileiros deve voltar para o consumo, a fim de reativar a economia e reduzir o maldito desemprego. Chega de bancar tudo isso. Ninguém aguenta mais.
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Poluição a longo prazo aumenta risco de hipertensão arterial
A exposição de longo prazo à poluição do ar urbano aumenta de forma crescente o risco de hipertensão arterial, de acordo com um estudo divulgado na terça-feira (25) feito com mais de 41.000 moradores de cidades europeias. A poluição sonora constante –especialmente do trânsito– também aumenta a probabilidade de hipertensão, disseram pesquisadores na revista médica "European Heart Journal". A hipertensão arterial é o principal fator de risco para doenças e mortes prematuras. O estudo revelou que um adulto a mais por grupo de 100 pessoas desenvolveu hipertensão arterial nas partes mais poluídas das cidades em comparação com os bairros de ar mais puro. O risco é semelhante ao de estar clinicamente acima do peso com um índice de massa corporal (IMC) de 25-30, disseram os pesquisadores. Para realizar o estudo, 33 especialistas liderados por Barbara Hoffmann, professora na Universidade Heinrich Heine de Dusseldorf, na Alemanha, monitorou 41.071 pessoas na Noruega, Suécia, Dinamarca, Alemanha e Espanha por cinco a nove anos. Ao mesmo tempo, os pesquisadores examinaram anualmente a qualidade do ar em cada localidade durante três períodos de duas semanas entre 2008 e 2011, medindo as diferentes quantidades de material particulado. Cada incremento de cinco microgramas –ou milionésimos de um grama– da menor dessas partículas aumentou em 20% o risco de hipertensão para as pessoas que vivem nas áreas mais poluídas, em comparação com os que moram nos locais menos poluídos. Nenhum dos participantes tinha hipertensão quando ingressou no estudo, mas durante o período de acompanhamento, 6.207 pessoas (15%) relataram ter desenvolvido a doença ou que começaram a tomar medicamentos para baixar a pressão arterial. Em relação à poluição sonora, os pesquisadores descobriram que as pessoas que vivem em ruas movimentadas com tráfego noturno barulhento tinham, em média, um risco 6% maior de desenvolver hipertensão em comparação moradores de áreas onde os níveis de ruído eram pelo menos 20% mais baixos. "Nossos resultados mostram que a exposição a longo prazo à poluição ambiental particulada está associada a uma maior incidência de hipertensão autodeclarada", disse Hoffmann em um comunicado. Mesmo quando o barulho foi excluído, o impacto da poluição do ar sobre a pressão arterial permaneceu, acrescentou. "A legislação atual não protege a população europeia adequadamente contra os efeitos nocivos da poluição do ar", concluíram os pesquisadores. Os níveis de poluição eram maiores na Espanha e na Alemanha do que nos países nórdicos, observou Hoffmann. Acredita-se que a poluição do ar afete o coração e os vasos sanguíneos ao causar inflamação, um acúmulo de radicais livres –conhecido como estresse oxidativo–, e um desequilíbrio no sistema nervoso. Já a poluição sonora afetaria o funcionamento dos sistemas nervoso e hormonal, segundo os cientistas.
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Poluição a longo prazo aumenta risco de hipertensão arterialA exposição de longo prazo à poluição do ar urbano aumenta de forma crescente o risco de hipertensão arterial, de acordo com um estudo divulgado na terça-feira (25) feito com mais de 41.000 moradores de cidades europeias. A poluição sonora constante –especialmente do trânsito– também aumenta a probabilidade de hipertensão, disseram pesquisadores na revista médica "European Heart Journal". A hipertensão arterial é o principal fator de risco para doenças e mortes prematuras. O estudo revelou que um adulto a mais por grupo de 100 pessoas desenvolveu hipertensão arterial nas partes mais poluídas das cidades em comparação com os bairros de ar mais puro. O risco é semelhante ao de estar clinicamente acima do peso com um índice de massa corporal (IMC) de 25-30, disseram os pesquisadores. Para realizar o estudo, 33 especialistas liderados por Barbara Hoffmann, professora na Universidade Heinrich Heine de Dusseldorf, na Alemanha, monitorou 41.071 pessoas na Noruega, Suécia, Dinamarca, Alemanha e Espanha por cinco a nove anos. Ao mesmo tempo, os pesquisadores examinaram anualmente a qualidade do ar em cada localidade durante três períodos de duas semanas entre 2008 e 2011, medindo as diferentes quantidades de material particulado. Cada incremento de cinco microgramas –ou milionésimos de um grama– da menor dessas partículas aumentou em 20% o risco de hipertensão para as pessoas que vivem nas áreas mais poluídas, em comparação com os que moram nos locais menos poluídos. Nenhum dos participantes tinha hipertensão quando ingressou no estudo, mas durante o período de acompanhamento, 6.207 pessoas (15%) relataram ter desenvolvido a doença ou que começaram a tomar medicamentos para baixar a pressão arterial. Em relação à poluição sonora, os pesquisadores descobriram que as pessoas que vivem em ruas movimentadas com tráfego noturno barulhento tinham, em média, um risco 6% maior de desenvolver hipertensão em comparação moradores de áreas onde os níveis de ruído eram pelo menos 20% mais baixos. "Nossos resultados mostram que a exposição a longo prazo à poluição ambiental particulada está associada a uma maior incidência de hipertensão autodeclarada", disse Hoffmann em um comunicado. Mesmo quando o barulho foi excluído, o impacto da poluição do ar sobre a pressão arterial permaneceu, acrescentou. "A legislação atual não protege a população europeia adequadamente contra os efeitos nocivos da poluição do ar", concluíram os pesquisadores. Os níveis de poluição eram maiores na Espanha e na Alemanha do que nos países nórdicos, observou Hoffmann. Acredita-se que a poluição do ar afete o coração e os vasos sanguíneos ao causar inflamação, um acúmulo de radicais livres –conhecido como estresse oxidativo–, e um desequilíbrio no sistema nervoso. Já a poluição sonora afetaria o funcionamento dos sistemas nervoso e hormonal, segundo os cientistas.
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Do nióbio à serrapilheira, mais adubo para a pesquisa nacional
Final dos anos 80, talvez 1987 ou 1988. Numa caminhada suarenta pela reserva Ducke, arredores de Manaus, aprendi com o visionário Antonio Donato Nobre o significado de "serrapilheira": camada fofa de detritos vegetais, sobretudo folhas, que recobre o solo pobre da floresta amazônica e sustenta sua exuberância alimentando raízes e sementes. Uma revelação, quase uma epifania: a mata aduba a si própria. Três décadas depois, dou com a palavra –e o conceito– no nome de uma iniciativa não menos desconcertante: Instituto Serrapilheira, a primeira entidade privada de fomento à pesquisa no país. A novidade foi espargida por Branca e João Moreira Salles sobre a terra dura em que claudica a ciência nacional. A linguista e o documentarista, de uma das famílias mais ricas do Brasil, criaram um fundo de R$ 350 milhões que deve render uns R$ 15-20 milhões anuais para investir em projetos de ciências naturais e matemática. O sobrenome está mais associado ao Unibanco, mas o grosso de sua fortuna também brotou do solo, mais precisamente do subsolo, com a exploração do mineral nióbio. Diante do patrimônio de João e Branca, na casa da dezena de bilhões de reais, pode parecer pouco separar R$ 350 milhões para uma causa bem-vista. Não é. Não é pouco fazer o que quase nenhum brasileiro rico faz. Nas universidades americanas, tropeça-se em prédios e institutos inteiros pagos por ex-alunos que se deram bem na vida (pouco importa se têm incentivos fiscais para tanto). Aqui, a Faculdade de Direito da USP viu retiradas as placas com os nomes de doadores que ajudaram a reformar algumas salas. Não é pouco contribuir para tirar todos os anos, que seja, 15 cientistas brasileiros felizardos do inferno burocrático em que vivem, se cada um for agraciado com R$ 1 milhão para gastar como quiser. Sem ter de preencher formulários que não fazem sentido, escrever relatórios que ninguém lerá ou reunir notas fiscais que vão dormir nalguma pasta poeirenta. Não é pouco vir a público para dizer que o objetivo da doação é "fertilizar a terra da ciência brasileira", que afinal já deu muitos frutos, ainda que nenhum Nobel. Cotejados com o bilionário orçamento anual da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), por exemplo, R$ 15 milhões por ano é fichinha; na paisagem estorricada do investimento privado em ciências naturais, é um maná. Há muitos seres pequenos –bactérias, fungos, insetos– que vivem na serrapilheira e realizam o trabalho incessante de decompor e devolver para consumo os nutrientes presentes na maçaroca vegetal. Sem eles não se ergueriam até o dossel da floresta nem floresceriam os ipês e os piquiazeiros, coisa muito bonita de ver.
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Do nióbio à serrapilheira, mais adubo para a pesquisa nacionalFinal dos anos 80, talvez 1987 ou 1988. Numa caminhada suarenta pela reserva Ducke, arredores de Manaus, aprendi com o visionário Antonio Donato Nobre o significado de "serrapilheira": camada fofa de detritos vegetais, sobretudo folhas, que recobre o solo pobre da floresta amazônica e sustenta sua exuberância alimentando raízes e sementes. Uma revelação, quase uma epifania: a mata aduba a si própria. Três décadas depois, dou com a palavra –e o conceito– no nome de uma iniciativa não menos desconcertante: Instituto Serrapilheira, a primeira entidade privada de fomento à pesquisa no país. A novidade foi espargida por Branca e João Moreira Salles sobre a terra dura em que claudica a ciência nacional. A linguista e o documentarista, de uma das famílias mais ricas do Brasil, criaram um fundo de R$ 350 milhões que deve render uns R$ 15-20 milhões anuais para investir em projetos de ciências naturais e matemática. O sobrenome está mais associado ao Unibanco, mas o grosso de sua fortuna também brotou do solo, mais precisamente do subsolo, com a exploração do mineral nióbio. Diante do patrimônio de João e Branca, na casa da dezena de bilhões de reais, pode parecer pouco separar R$ 350 milhões para uma causa bem-vista. Não é. Não é pouco fazer o que quase nenhum brasileiro rico faz. Nas universidades americanas, tropeça-se em prédios e institutos inteiros pagos por ex-alunos que se deram bem na vida (pouco importa se têm incentivos fiscais para tanto). Aqui, a Faculdade de Direito da USP viu retiradas as placas com os nomes de doadores que ajudaram a reformar algumas salas. Não é pouco contribuir para tirar todos os anos, que seja, 15 cientistas brasileiros felizardos do inferno burocrático em que vivem, se cada um for agraciado com R$ 1 milhão para gastar como quiser. Sem ter de preencher formulários que não fazem sentido, escrever relatórios que ninguém lerá ou reunir notas fiscais que vão dormir nalguma pasta poeirenta. Não é pouco vir a público para dizer que o objetivo da doação é "fertilizar a terra da ciência brasileira", que afinal já deu muitos frutos, ainda que nenhum Nobel. Cotejados com o bilionário orçamento anual da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), por exemplo, R$ 15 milhões por ano é fichinha; na paisagem estorricada do investimento privado em ciências naturais, é um maná. Há muitos seres pequenos –bactérias, fungos, insetos– que vivem na serrapilheira e realizam o trabalho incessante de decompor e devolver para consumo os nutrientes presentes na maçaroca vegetal. Sem eles não se ergueriam até o dossel da floresta nem floresceriam os ipês e os piquiazeiros, coisa muito bonita de ver.
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Justiça não tem resposta para todos os males, afirma Deltan Dallagnol
Coordenador da força-tarefa da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol diz à Folha que a operação não vai salvar a pátria. De nada adianta, afinal, retirar "maçãs podres" sem atacar "o que as faz apodrecer". No livro "A Luta contra a Corrupção", lançado nesta quarta (26) em Curitiba, ele contemporiza altos e baixos do trabalho que já dura três anos e não tem previsão de fim –e os reveses vão da polêmica apresentação no Power Point sobre o ex-presidente Lula (a repercussão negativa o "pegou de surpresa" ) à prisão do ex-ministro Guido Mantega no hospital que tratava o câncer de sua mulher. Uma das maiores ameaças à Lava Jato esmoreceu no mesmo dia, quando o Senado alterou uma proposta de lei de abuso de autoridade que "abriria a temporada de caça" ao Judiciário. Guiando-se pelo lema "aja como se tudo dependesse de você, mas ore como se tudo dependesse de Deus", o evangélico Dallagnol afirma não "descogitar" virar pastor no futuro. * O sr. narra várias frustrações no decorrer da Lava Jato. Qual foi a maior delas? Deltan Dallagnol - Sem dúvida, o dia posterior à votação das Dez Medidas Contra a Corrupção [projeto de lei proposto pelo Ministério Público Federal] no Congresso [em novembro, quando país estava em luto após acidente de avião com o time Chapecoense]. Não só porque elas tinham sido desfiguradas, apesar de todo o apoio da população. A maior parte das medidas afastadas foi substituída por um projeto que buscava cercear a independência do Judiciário, a ponto de inviabilizar as investigações, o que nos fez mostrar para a sociedade que, se aquela proposta fosse aprovada, disfarçada de "lei de abuso de autoridade", nós não conseguiríamos manter o trabalho [a força-tarefa da Lava Jato ameaçou renúncia coletiva]. As Dez Medidas têm salvação? Precisamos caminhar da indignação para a transformação, fazer esse trânsito do diagnóstico para o tratamento. Acredito que, se a sociedade se engajar, conseguiremos ter a transformação que esperamos. Por dois modos: pressão e voto. Se os que estão [no poder] não derem ouvidos aos anseios da sociedade, a sociedade pode mudar quem está lá. O sr. disse, no livro, discordar da pesquisa Ipsos que aponta que 72% acreditam que a Lava Jato fará do Brasil um país sério. Por quê? A Lava Jato traz à tona o monstro da corrupção, põe ele em carne e osso na nossa frente, e ele é assustador. É como ir ao médico, e ele diagnosticar que você tem problema de saúde. Se não se tratar, não adianta. A Lava Jato não cura o doente. Precisamos buscar reformas para que o crime de corrupção não compense. Entendo que a sociedade tenha essa expectativa, mas devemos tomar cuidado para não repetir o erro da Itália: uma superconfiança de que o sistema de Justiça tem resposta para todos os males. Não tem. Não basta retirar as maçãs podres. Precisa mudar as condições de temperatura, umidade, luz que fazem a maçã apodrecer. O sr. citou a italiana Operação Mãos Limpas. Um efeito colateral dela: a ascensão de uma figura tão tosca quanto Silvio Berlusconi. Preocupa-se com um Berlusconi à brasileira? Talvez não com um novo Berlusconi. Ele dominava grande parte da mídia italiana [quando eleito primeiro-ministro]. Temos no Brasil uma imprensa mais dividida e mais livre. Nossa preocupação é que o Brasil não avance para as reformas que mudem o sistema. Na Itália teve o diagnóstico, não o tratamento. A maior parte das punições foi esvaziada. Não só o pêndulo voltou à posição original, talvez tenha até piorado o combate à corrupção. A cultura antipolítica que rendeu de Berlusconi a Donald Trump pode chegar ao Brasil? Existe, claro, preocupação da sociedade em buscar algo diferente. Não necessariamente será algo ruim. Depende de quem serão os candidatos. Essa é uma pergunta difícil. Não saberia dizer se surgirá algum antipolítico prejudicial ao Brasil. O sr. destaca alvos de críticas à operação brasileira, como a prisão do ex-ministro Guido Mantega no hospital em que sua mulher operaria um câncer e sua apresentação no Power Point sobre Lula. Mas contemporiza todos esses episódios. Numa autocrítica, a Lava Jato já errou? Qualquer ato humano sempre pode ser feito de um modo muito melhor ou muito pior. A régua para o que deve ou não ser feito, no caso da Lava Jato, é a Constituição. Na nossa perspectiva, tudo o que foi feito foi dentro dela. Mas teve algum erro? Teria que dar uma pensada. É claro que é sempre possível fazer melhor se tiver uma visão retrospectiva. No começo, uma crítica recorrente era a de que a Lava Jato seria partidária, por mirar sobretudo o PT. No início, atingiu mais três partidos específicos: PT, PMDB e PP. Por quê? Eram os partidos que colocaram os diretores da Petrobras nas áreas em que foi identificada corrupção. Na medida em que a Lava Jato se espalhou, com colaborações de empresas que trabalhavam em outras esferas de governo e em órgãos públicos, natural que tenha superado mais de 20 partidos e 400 políticos. Você dizer que a Lava Jato tinha atuação partidária é construir teoria da conspiração. Atuam neste caso centenas de agentes públicos. Ideia de partidarização implicaria que pessoas concursadas, sem nenhuma vinculação política, estivessem em conluio para prejudicar partido A ou B. Na eleição de 2014, delegados centrais na operação exaltaram Aécio Neves nas redes sociais. Aos olhos de um Brasil tão polarizado, não poderia atrapalhar a imagem da operação? Fazer ressalva: não tenho lembrança exata disso, surgiu tanta coisa falsa nessa era da pós-verdade. Mas, ainda que tenha havido posicionamento de um ou outro, veja que só na PF são cerca de 40 agentes. No MPF, 50. Na Receita, outros tantos. Todos escolhidos antes de aparecerem partidos e de modo aleatório, por sorteio. Isso mostra que não teve pré-ajuste, que tivemos pessoas com diferentes visões de vida atuando no caso. Ainda que tivesse uma ou outra com determinada convicção política, não identificamos nenhum ato contaminado por posição partidária. O sr. vislumbra um fim para a Lava Jato? Difícil dar um fim. Novas colaborações podem gerar outras linhas de investigação. E há sementes da Lava Jato espalhadas por uma série de Estados. Mas arrisca uma data? 2020, 2023...? Imprevisível. Quanto à minha participação, é claro que os agentes públicos cansam com o tempo. Nós estamos cansados. Mas ainda vemos contribuição a dar no caso. Pensa no seu futuro pós-Lava Jato? Já disse que cogitaria virar pastor. Na verdade, coloquei que eu "descogitaria" poucas coisas na vida. Mesmo até, se fosse o caso, virar pastor. Isso no contexto de me perguntarem se havia plano para carreira política. Disse que não estou considerando isso no momento. O sr. fala que tentaram usar sua crença evangélica contra o sr. e, ao mesmo tempo, cita Deus como um guia. Como sua formação moral e religiosa o influencia no trabalho? A frase que menciono no livro é uma que me guiou ao longo da vida: agir como se tudo dependesse de você e orar como se tudo dependesse de Deus. Não devemos nos isentar da nossa responsabilidade. Ao mesmo tempo, ela nos traz para posição de reconhecimento que o que acontece na vida não depende só de nós. As pessoas, de acordo com sua fé, verão isso de modo diferente. Pode ser fruto de acaso, azar, atuação de outros deuses. Agora, busco me pautar pelo melhor que posso fazer, e sempre orando a Deus para que o melhor aconteça. Frequento uma igreja batista, já fui líder de pequenos grupos nela, sigo os princípios cristãos, mas minha atuação como agente público é pautada pela Constituição. O Estado é laico. O sr. não "descogita" entrar pra política? A Rede o sondou, segundo o "Painel". Essa informação está incorreta. Até colocaram que eu teria falado com a Marina Silva. Seria um grande prazer encontrá-la, mas até hoje nunca conversei com ela. Hoje, a melhor contribuição que posso dar é com meu trabalho no caso. A ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon afirmou que a Lava Jato pegará o Judiciário num segundo momento e que esse Poder estaria por ora sendo preservado. Não existe estratégia de preservação. Quando um colaborador se apresenta, nossa exigência é que traga todas as provas que tenha a seu alcance ou onde podemos obtê-las. Se ele omitir, está sujeito às consequências previstas no acordo [de delação premiada], como perda dos benefícios. Na minha perspectiva, seria uma decisão não inteligente omitir qualquer tipo de fato. Temos interesse em revelar todos os crimes, quem quer que seja. Esse é nosso dever. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou texto que ameniza punição ao Judiciário na lei do abuso de autoridade. Uma foto sua circula nas redes sob o título "Os Intocáveis", para ironizar benefícios da classe. O procurador-geral da República ofereceu um projeto que é melhor que o original. Agravava penas, punia inclusive a carteirada. O que nós fomos contra eram pontos específicos, altamente maléficos, que cerceiam as investigações. Por exemplo, colocava nas mãos do condenado a possibilidade de processar criminalmente o investigador por supostos abusos, e pelo que o próprio investigado entendesse como abuso. Na prática, abriria a temporada de caça a investigadores, promotores, juízes, e em casos que envolvem réus poderosos, como a Lava Jato. No mensalão foi Joaquim Barbosa, na Lava Jato, Sergio Moro. Como vê a imagem do Judiciário super-herói? Vejo um risco. Especialmente de superconfiança, como se aquelas pessoas fossem salvar a pátria. Acaba eximindo de responsabilidade o cidadão, como se as pessoas vítimas da sua história, do passado, dos representantes que não nos representam. E elas, esperando heróis, ficam em posição passiva, aguardando que alguém faça o trabalho inteiro. Mas são simplesmente agentes públicos fazendo seu dever. Elas não vão trazer transformação. Precisamos escrever, como cidadãos, o livro da nossa história. O Brasil, tradicionalmente, é conhecido por ter Estado forte e sociedade civil fraca. Precisamos inverter essa equação. Há três semanas, o sr. abordou Wagner Moura, que já criticou a Lava Jato, numa conferência em Harvard. Como foi o encontro? Me parece uma pessoa crítica, mas que raciocina a partir de valores. Uma pessoa coerente, cujo trabalho não só como ator, mas como ativista social, eu admiro. É sempre saudável o diálogo. Foi uma conversa esclarecedora não só para que entendêssemos o ponto de vista dele, mas ele o nosso. Wagner foi extremamente cortês. - O que o procurador conta em livro TURMA DOS NAPAS Era 'um CDF apaixonado por esportes' (sobretudo surfe e skate) na adolescência, quando andava com a 'turma nos napas' (referência ao nariz avantajado) CITAÇÃO A força-tarefa achou numa agenda de Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato, citação de Millôr Fernandes ('acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder') YOUSSEF Em mar.14, a PF soube que o doleiro estava em São Luís (MA). Telefonaram para todos os hotéis, sem se identificar. Ao aencontrá-lo, o agente desligou. Youssef, intrigado, ligou de volta. Caiu no número da PF, e ele: 'Desculpe, foi engano'. Foi preso no dia ARTE Durante apreensão na casa do engenheiro Zwi Skornicki, envolvido no propinoduto da Petrobras, a PF achou 'uma coleção de carros de luxo antigos e 48 obras de arte que incluíam Salvador Dalí, Vik Muniz, Romero Britto e Cícero Dias' ODEBRECHT Destaca a entrevista de abr.2015 à Folha, em que executivo do grupo afirmou que estava todo mundo esperando pelo momento em que pegariam a Odebrecht: 'Nós não fomos pegos porque não fizemos nada de errado' SEGUNDA ESPOSA O procurador reclama que, 'na tentativa de provar um suposto viés partidário da Lava Jato', blogs 'marrons' até o 'casaram' com Rosângela Lyra, socialite que liderou protestos anti-Lula. 'Lembrando: só casei uma vez e o nome da minha esposa é Fernanda' POWER POINT Contemporiza a polêmica apresentação que fez sobre Lula. 'A repercussão negativa e imediata nas redes sociais nos pegou de surpresa', diz, pois vinha fazendo gráficos similares há dois anos GREGORIO DUVIVIER Cita o colunista da Folha associado à esquerda ao falar do bordão político "rouba, mas faz". "Muitos de nós [o] associamos ao político errado. Esse era o slogan eleitoral de Ademar de Barros, político paulista que acumulou vitórias eleitorais nas décadas de 1940 a 1960. Como diria o humorista e escritor Gregorio Duvivier, esse outro político em quem você pensou, a quem associou o tal slogan, bem, até isso ele roubou."
poder
Justiça não tem resposta para todos os males, afirma Deltan DallagnolCoordenador da força-tarefa da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol diz à Folha que a operação não vai salvar a pátria. De nada adianta, afinal, retirar "maçãs podres" sem atacar "o que as faz apodrecer". No livro "A Luta contra a Corrupção", lançado nesta quarta (26) em Curitiba, ele contemporiza altos e baixos do trabalho que já dura três anos e não tem previsão de fim –e os reveses vão da polêmica apresentação no Power Point sobre o ex-presidente Lula (a repercussão negativa o "pegou de surpresa" ) à prisão do ex-ministro Guido Mantega no hospital que tratava o câncer de sua mulher. Uma das maiores ameaças à Lava Jato esmoreceu no mesmo dia, quando o Senado alterou uma proposta de lei de abuso de autoridade que "abriria a temporada de caça" ao Judiciário. Guiando-se pelo lema "aja como se tudo dependesse de você, mas ore como se tudo dependesse de Deus", o evangélico Dallagnol afirma não "descogitar" virar pastor no futuro. * O sr. narra várias frustrações no decorrer da Lava Jato. Qual foi a maior delas? Deltan Dallagnol - Sem dúvida, o dia posterior à votação das Dez Medidas Contra a Corrupção [projeto de lei proposto pelo Ministério Público Federal] no Congresso [em novembro, quando país estava em luto após acidente de avião com o time Chapecoense]. Não só porque elas tinham sido desfiguradas, apesar de todo o apoio da população. A maior parte das medidas afastadas foi substituída por um projeto que buscava cercear a independência do Judiciário, a ponto de inviabilizar as investigações, o que nos fez mostrar para a sociedade que, se aquela proposta fosse aprovada, disfarçada de "lei de abuso de autoridade", nós não conseguiríamos manter o trabalho [a força-tarefa da Lava Jato ameaçou renúncia coletiva]. As Dez Medidas têm salvação? Precisamos caminhar da indignação para a transformação, fazer esse trânsito do diagnóstico para o tratamento. Acredito que, se a sociedade se engajar, conseguiremos ter a transformação que esperamos. Por dois modos: pressão e voto. Se os que estão [no poder] não derem ouvidos aos anseios da sociedade, a sociedade pode mudar quem está lá. O sr. disse, no livro, discordar da pesquisa Ipsos que aponta que 72% acreditam que a Lava Jato fará do Brasil um país sério. Por quê? A Lava Jato traz à tona o monstro da corrupção, põe ele em carne e osso na nossa frente, e ele é assustador. É como ir ao médico, e ele diagnosticar que você tem problema de saúde. Se não se tratar, não adianta. A Lava Jato não cura o doente. Precisamos buscar reformas para que o crime de corrupção não compense. Entendo que a sociedade tenha essa expectativa, mas devemos tomar cuidado para não repetir o erro da Itália: uma superconfiança de que o sistema de Justiça tem resposta para todos os males. Não tem. Não basta retirar as maçãs podres. Precisa mudar as condições de temperatura, umidade, luz que fazem a maçã apodrecer. O sr. citou a italiana Operação Mãos Limpas. Um efeito colateral dela: a ascensão de uma figura tão tosca quanto Silvio Berlusconi. Preocupa-se com um Berlusconi à brasileira? Talvez não com um novo Berlusconi. Ele dominava grande parte da mídia italiana [quando eleito primeiro-ministro]. Temos no Brasil uma imprensa mais dividida e mais livre. Nossa preocupação é que o Brasil não avance para as reformas que mudem o sistema. Na Itália teve o diagnóstico, não o tratamento. A maior parte das punições foi esvaziada. Não só o pêndulo voltou à posição original, talvez tenha até piorado o combate à corrupção. A cultura antipolítica que rendeu de Berlusconi a Donald Trump pode chegar ao Brasil? Existe, claro, preocupação da sociedade em buscar algo diferente. Não necessariamente será algo ruim. Depende de quem serão os candidatos. Essa é uma pergunta difícil. Não saberia dizer se surgirá algum antipolítico prejudicial ao Brasil. O sr. destaca alvos de críticas à operação brasileira, como a prisão do ex-ministro Guido Mantega no hospital em que sua mulher operaria um câncer e sua apresentação no Power Point sobre Lula. Mas contemporiza todos esses episódios. Numa autocrítica, a Lava Jato já errou? Qualquer ato humano sempre pode ser feito de um modo muito melhor ou muito pior. A régua para o que deve ou não ser feito, no caso da Lava Jato, é a Constituição. Na nossa perspectiva, tudo o que foi feito foi dentro dela. Mas teve algum erro? Teria que dar uma pensada. É claro que é sempre possível fazer melhor se tiver uma visão retrospectiva. No começo, uma crítica recorrente era a de que a Lava Jato seria partidária, por mirar sobretudo o PT. No início, atingiu mais três partidos específicos: PT, PMDB e PP. Por quê? Eram os partidos que colocaram os diretores da Petrobras nas áreas em que foi identificada corrupção. Na medida em que a Lava Jato se espalhou, com colaborações de empresas que trabalhavam em outras esferas de governo e em órgãos públicos, natural que tenha superado mais de 20 partidos e 400 políticos. Você dizer que a Lava Jato tinha atuação partidária é construir teoria da conspiração. Atuam neste caso centenas de agentes públicos. Ideia de partidarização implicaria que pessoas concursadas, sem nenhuma vinculação política, estivessem em conluio para prejudicar partido A ou B. Na eleição de 2014, delegados centrais na operação exaltaram Aécio Neves nas redes sociais. Aos olhos de um Brasil tão polarizado, não poderia atrapalhar a imagem da operação? Fazer ressalva: não tenho lembrança exata disso, surgiu tanta coisa falsa nessa era da pós-verdade. Mas, ainda que tenha havido posicionamento de um ou outro, veja que só na PF são cerca de 40 agentes. No MPF, 50. Na Receita, outros tantos. Todos escolhidos antes de aparecerem partidos e de modo aleatório, por sorteio. Isso mostra que não teve pré-ajuste, que tivemos pessoas com diferentes visões de vida atuando no caso. Ainda que tivesse uma ou outra com determinada convicção política, não identificamos nenhum ato contaminado por posição partidária. O sr. vislumbra um fim para a Lava Jato? Difícil dar um fim. Novas colaborações podem gerar outras linhas de investigação. E há sementes da Lava Jato espalhadas por uma série de Estados. Mas arrisca uma data? 2020, 2023...? Imprevisível. Quanto à minha participação, é claro que os agentes públicos cansam com o tempo. Nós estamos cansados. Mas ainda vemos contribuição a dar no caso. Pensa no seu futuro pós-Lava Jato? Já disse que cogitaria virar pastor. Na verdade, coloquei que eu "descogitaria" poucas coisas na vida. Mesmo até, se fosse o caso, virar pastor. Isso no contexto de me perguntarem se havia plano para carreira política. Disse que não estou considerando isso no momento. O sr. fala que tentaram usar sua crença evangélica contra o sr. e, ao mesmo tempo, cita Deus como um guia. Como sua formação moral e religiosa o influencia no trabalho? A frase que menciono no livro é uma que me guiou ao longo da vida: agir como se tudo dependesse de você e orar como se tudo dependesse de Deus. Não devemos nos isentar da nossa responsabilidade. Ao mesmo tempo, ela nos traz para posição de reconhecimento que o que acontece na vida não depende só de nós. As pessoas, de acordo com sua fé, verão isso de modo diferente. Pode ser fruto de acaso, azar, atuação de outros deuses. Agora, busco me pautar pelo melhor que posso fazer, e sempre orando a Deus para que o melhor aconteça. Frequento uma igreja batista, já fui líder de pequenos grupos nela, sigo os princípios cristãos, mas minha atuação como agente público é pautada pela Constituição. O Estado é laico. O sr. não "descogita" entrar pra política? A Rede o sondou, segundo o "Painel". Essa informação está incorreta. Até colocaram que eu teria falado com a Marina Silva. Seria um grande prazer encontrá-la, mas até hoje nunca conversei com ela. Hoje, a melhor contribuição que posso dar é com meu trabalho no caso. A ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon afirmou que a Lava Jato pegará o Judiciário num segundo momento e que esse Poder estaria por ora sendo preservado. Não existe estratégia de preservação. Quando um colaborador se apresenta, nossa exigência é que traga todas as provas que tenha a seu alcance ou onde podemos obtê-las. Se ele omitir, está sujeito às consequências previstas no acordo [de delação premiada], como perda dos benefícios. Na minha perspectiva, seria uma decisão não inteligente omitir qualquer tipo de fato. Temos interesse em revelar todos os crimes, quem quer que seja. Esse é nosso dever. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou texto que ameniza punição ao Judiciário na lei do abuso de autoridade. Uma foto sua circula nas redes sob o título "Os Intocáveis", para ironizar benefícios da classe. O procurador-geral da República ofereceu um projeto que é melhor que o original. Agravava penas, punia inclusive a carteirada. O que nós fomos contra eram pontos específicos, altamente maléficos, que cerceiam as investigações. Por exemplo, colocava nas mãos do condenado a possibilidade de processar criminalmente o investigador por supostos abusos, e pelo que o próprio investigado entendesse como abuso. Na prática, abriria a temporada de caça a investigadores, promotores, juízes, e em casos que envolvem réus poderosos, como a Lava Jato. No mensalão foi Joaquim Barbosa, na Lava Jato, Sergio Moro. Como vê a imagem do Judiciário super-herói? Vejo um risco. Especialmente de superconfiança, como se aquelas pessoas fossem salvar a pátria. Acaba eximindo de responsabilidade o cidadão, como se as pessoas vítimas da sua história, do passado, dos representantes que não nos representam. E elas, esperando heróis, ficam em posição passiva, aguardando que alguém faça o trabalho inteiro. Mas são simplesmente agentes públicos fazendo seu dever. Elas não vão trazer transformação. Precisamos escrever, como cidadãos, o livro da nossa história. O Brasil, tradicionalmente, é conhecido por ter Estado forte e sociedade civil fraca. Precisamos inverter essa equação. Há três semanas, o sr. abordou Wagner Moura, que já criticou a Lava Jato, numa conferência em Harvard. Como foi o encontro? Me parece uma pessoa crítica, mas que raciocina a partir de valores. Uma pessoa coerente, cujo trabalho não só como ator, mas como ativista social, eu admiro. É sempre saudável o diálogo. Foi uma conversa esclarecedora não só para que entendêssemos o ponto de vista dele, mas ele o nosso. Wagner foi extremamente cortês. - O que o procurador conta em livro TURMA DOS NAPAS Era 'um CDF apaixonado por esportes' (sobretudo surfe e skate) na adolescência, quando andava com a 'turma nos napas' (referência ao nariz avantajado) CITAÇÃO A força-tarefa achou numa agenda de Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato, citação de Millôr Fernandes ('acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder') YOUSSEF Em mar.14, a PF soube que o doleiro estava em São Luís (MA). Telefonaram para todos os hotéis, sem se identificar. Ao aencontrá-lo, o agente desligou. Youssef, intrigado, ligou de volta. Caiu no número da PF, e ele: 'Desculpe, foi engano'. Foi preso no dia ARTE Durante apreensão na casa do engenheiro Zwi Skornicki, envolvido no propinoduto da Petrobras, a PF achou 'uma coleção de carros de luxo antigos e 48 obras de arte que incluíam Salvador Dalí, Vik Muniz, Romero Britto e Cícero Dias' ODEBRECHT Destaca a entrevista de abr.2015 à Folha, em que executivo do grupo afirmou que estava todo mundo esperando pelo momento em que pegariam a Odebrecht: 'Nós não fomos pegos porque não fizemos nada de errado' SEGUNDA ESPOSA O procurador reclama que, 'na tentativa de provar um suposto viés partidário da Lava Jato', blogs 'marrons' até o 'casaram' com Rosângela Lyra, socialite que liderou protestos anti-Lula. 'Lembrando: só casei uma vez e o nome da minha esposa é Fernanda' POWER POINT Contemporiza a polêmica apresentação que fez sobre Lula. 'A repercussão negativa e imediata nas redes sociais nos pegou de surpresa', diz, pois vinha fazendo gráficos similares há dois anos GREGORIO DUVIVIER Cita o colunista da Folha associado à esquerda ao falar do bordão político "rouba, mas faz". "Muitos de nós [o] associamos ao político errado. Esse era o slogan eleitoral de Ademar de Barros, político paulista que acumulou vitórias eleitorais nas décadas de 1940 a 1960. Como diria o humorista e escritor Gregorio Duvivier, esse outro político em quem você pensou, a quem associou o tal slogan, bem, até isso ele roubou."
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'Os jovens estão quebrando a cara buscando o novo', diz Tom Cavalcante
Longe da televisão havia quatro anos, Tom Cavalcante voltou em junho deste ano com o humorístico "#PartiuShopping", no Multishow. O programa não terá segunda temporada, mas o comediante segue contratado do canal. Ele prepara para 2016 uma paródia de talk show, ainda sem nome, conduzida por personagens do humorista. "Quando me chamaram para o 'Partiu', direção e roteiro estavam definidos, fiquei como observador. Agora, posso dar mais minha cara", diz ele à coluna. (BIANCA SOARES) * Seu humor é popular, como isso afasta a classe alta? Pesco o que li num livro ou vi num filme e aplico isso de forma popular. As pessoas viajam em ideias elitistas. Por mais que eu tenha o privilégio de viver em Los Angeles, no ninho do cinema, sei que no meu país a maioria das pessoas ainda está crescendo economicamente e sonha em ter uma TV a cabo um dia. Mas você acha que a classe alta está carente de programação humorística? O que eu acho é que nos últimos tempos a gente perdeu a referência de Brasil. Com a internet, as pessoas vivem a máquina Estados Unidos de forma muito consistente, das roupas aos costumes. O humor brasileiro, assim como o inglês, continua sempre lidando com as referências nacionais. Você participou há pouco do 'Tomara que Caia', que saiu do ar por fraca audiência. O que deu errado? Alguns formatos não dão certo. Pode ter um elenco estelar, mas se não tem química As pessoas estão tentando levantar o novo, mas não percebem que o alicerce é o ensinamento do velho. Os jovens estão quebrando muito a cara buscando o novo. No "Tomara que Caia", o Boninho falou: "Você tem que entrar de Ribamar". Na hora, explodiu a audiência. E aí tinha gente que dizia "ah, mas Ribamar já foi". Está errado. A mesma coisa com a "Escolinha" -a fórmula é de sucesso, vai explodir. Quer voltar pra TV aberta? Se tiver um projeto interessante, sim. No momento não tenho nada.
ilustrada
'Os jovens estão quebrando a cara buscando o novo', diz Tom CavalcanteLonge da televisão havia quatro anos, Tom Cavalcante voltou em junho deste ano com o humorístico "#PartiuShopping", no Multishow. O programa não terá segunda temporada, mas o comediante segue contratado do canal. Ele prepara para 2016 uma paródia de talk show, ainda sem nome, conduzida por personagens do humorista. "Quando me chamaram para o 'Partiu', direção e roteiro estavam definidos, fiquei como observador. Agora, posso dar mais minha cara", diz ele à coluna. (BIANCA SOARES) * Seu humor é popular, como isso afasta a classe alta? Pesco o que li num livro ou vi num filme e aplico isso de forma popular. As pessoas viajam em ideias elitistas. Por mais que eu tenha o privilégio de viver em Los Angeles, no ninho do cinema, sei que no meu país a maioria das pessoas ainda está crescendo economicamente e sonha em ter uma TV a cabo um dia. Mas você acha que a classe alta está carente de programação humorística? O que eu acho é que nos últimos tempos a gente perdeu a referência de Brasil. Com a internet, as pessoas vivem a máquina Estados Unidos de forma muito consistente, das roupas aos costumes. O humor brasileiro, assim como o inglês, continua sempre lidando com as referências nacionais. Você participou há pouco do 'Tomara que Caia', que saiu do ar por fraca audiência. O que deu errado? Alguns formatos não dão certo. Pode ter um elenco estelar, mas se não tem química As pessoas estão tentando levantar o novo, mas não percebem que o alicerce é o ensinamento do velho. Os jovens estão quebrando muito a cara buscando o novo. No "Tomara que Caia", o Boninho falou: "Você tem que entrar de Ribamar". Na hora, explodiu a audiência. E aí tinha gente que dizia "ah, mas Ribamar já foi". Está errado. A mesma coisa com a "Escolinha" -a fórmula é de sucesso, vai explodir. Quer voltar pra TV aberta? Se tiver um projeto interessante, sim. No momento não tenho nada.
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'Paraolimpíada' ou 'paralimpíada'?
Enquanto escrevo este texto, a cerimônia de abertura da Paraolimpíada (ou Paralimpíada?) está em pleno curso. Na maior parte dos sites, jornais e emissoras de rádio e TV, predomina a forma "Paralimpíada", como desejam os comitês oficiais (o Olímpico e o Paralímpico). Na Folha e no UOL, a forma empregada é "Paraolimpíada", como determinam os cânones da língua. Não quero me meter na discussão sobre as razões que o Comitê Paralímpico Internacional (International Paralympic Committee) tem para exigir que se suprima o "o" de "olympic" e, consequentemente, de "olímpico" na formação do nome do seu comitê em inglês, português etc. Parece que o que motiva o CPI (IPC, no original) a impor a supressão do "o" é algo de fundo comercial e sabe Deus mais o quê. O que temos em "paraolímpico" (ou "paralímpico"?) é a formação de um termo que resulta da soma do elemento grego "par(a)-" com o adjetivo "olímpico". De acordo com o "Houaiss", o elemento "par(a)-" ocorre com a noção de "junto", "ao lado de", "ao longo de", "para além de", o que se vê em vocábulos como "paramédico", "parapsicologia", "paratireoide", "paranormal" etc. A Paraolimpíada (ou Paralimpíada?) não é a Olimpíada, mas segue muitos dos seus ritos (os esportes, as premiações, as cerimônias, o espírito que norteia as competições etc.), ou seja, é algo paralelo à Olimpíada, daí o nome levar o "par(a)-". Pois bem. Chegamos ao xis da questão: a supressão do "o". "Portuguesmente" falando, essa supressão do "o" não faz o menor sentido, já que, na nossa língua, o que pode ocorrer é a supressão da vogal final do primeiro elemento e não da vogal inicial do segundo elemento. Vejamos: de "hidr(o)-" + "elétrico" tem-se "hidroelétrico" ou "hidrelétrico" (e não "hidrolétrico"); de "gastro-" + "intestinal" tem-se "gastrointestinal" ou "gastrintestinal" (e não "gastrontestinal"). Poderíamos, pois, ter também "Parolimpíada" e "parolímpico". Muitos desses vocábulos que resultam da supressão da vogal final do primeiro elemento (como "gastrenterologista", "gastrenterologia", entre tantos outros) podem causar surpresa, estranheza etc., o que talvez decorra da maior ou menor incidência desta ou daquela forma. Mais surpresa ainda causam formas que surgem de um processo que não é da língua, como o que se vê em "Paralimpíada" e "paralímpico". Espúrias, essas formas contradizem o que é natural no nosso idioma, fato que justifica a opção da Folha e do UOL pelas formas vernáculas. O "Houaiss", o "Aulete" e o "VOLP" ignoram solenemente as formas impostas pelos comitês internacionais, ou seja, só registram "paraolímpico" e "Paraolimpíada". Aproveito para lembrar um caso que não é propriamente semelhante, mas tem alguma afinidade. Refiro-me à Petrobras, que, quando fundada, era "Petrobrás", e assim ficou até a década de 90, quando perdeu o acento agudo. Os argumentos foram bizarros. Um deles dizia que "não existe acento em inglês". De acordo com esses gênios, investidores internacionais poderiam achar que se tratava de um apóstrofo ("Petrobra's"), o que poderia fazer um gringo achar que... Haja bobagem! Como se sabe, a suíça Nestlé nunca prosperou em canto nenhum do mundo justamente por causa do acento... É isso. Rio 2016
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'Paraolimpíada' ou 'paralimpíada'?Enquanto escrevo este texto, a cerimônia de abertura da Paraolimpíada (ou Paralimpíada?) está em pleno curso. Na maior parte dos sites, jornais e emissoras de rádio e TV, predomina a forma "Paralimpíada", como desejam os comitês oficiais (o Olímpico e o Paralímpico). Na Folha e no UOL, a forma empregada é "Paraolimpíada", como determinam os cânones da língua. Não quero me meter na discussão sobre as razões que o Comitê Paralímpico Internacional (International Paralympic Committee) tem para exigir que se suprima o "o" de "olympic" e, consequentemente, de "olímpico" na formação do nome do seu comitê em inglês, português etc. Parece que o que motiva o CPI (IPC, no original) a impor a supressão do "o" é algo de fundo comercial e sabe Deus mais o quê. O que temos em "paraolímpico" (ou "paralímpico"?) é a formação de um termo que resulta da soma do elemento grego "par(a)-" com o adjetivo "olímpico". De acordo com o "Houaiss", o elemento "par(a)-" ocorre com a noção de "junto", "ao lado de", "ao longo de", "para além de", o que se vê em vocábulos como "paramédico", "parapsicologia", "paratireoide", "paranormal" etc. A Paraolimpíada (ou Paralimpíada?) não é a Olimpíada, mas segue muitos dos seus ritos (os esportes, as premiações, as cerimônias, o espírito que norteia as competições etc.), ou seja, é algo paralelo à Olimpíada, daí o nome levar o "par(a)-". Pois bem. Chegamos ao xis da questão: a supressão do "o". "Portuguesmente" falando, essa supressão do "o" não faz o menor sentido, já que, na nossa língua, o que pode ocorrer é a supressão da vogal final do primeiro elemento e não da vogal inicial do segundo elemento. Vejamos: de "hidr(o)-" + "elétrico" tem-se "hidroelétrico" ou "hidrelétrico" (e não "hidrolétrico"); de "gastro-" + "intestinal" tem-se "gastrointestinal" ou "gastrintestinal" (e não "gastrontestinal"). Poderíamos, pois, ter também "Parolimpíada" e "parolímpico". Muitos desses vocábulos que resultam da supressão da vogal final do primeiro elemento (como "gastrenterologista", "gastrenterologia", entre tantos outros) podem causar surpresa, estranheza etc., o que talvez decorra da maior ou menor incidência desta ou daquela forma. Mais surpresa ainda causam formas que surgem de um processo que não é da língua, como o que se vê em "Paralimpíada" e "paralímpico". Espúrias, essas formas contradizem o que é natural no nosso idioma, fato que justifica a opção da Folha e do UOL pelas formas vernáculas. O "Houaiss", o "Aulete" e o "VOLP" ignoram solenemente as formas impostas pelos comitês internacionais, ou seja, só registram "paraolímpico" e "Paraolimpíada". Aproveito para lembrar um caso que não é propriamente semelhante, mas tem alguma afinidade. Refiro-me à Petrobras, que, quando fundada, era "Petrobrás", e assim ficou até a década de 90, quando perdeu o acento agudo. Os argumentos foram bizarros. Um deles dizia que "não existe acento em inglês". De acordo com esses gênios, investidores internacionais poderiam achar que se tratava de um apóstrofo ("Petrobra's"), o que poderia fazer um gringo achar que... Haja bobagem! Como se sabe, a suíça Nestlé nunca prosperou em canto nenhum do mundo justamente por causa do acento... É isso. Rio 2016
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Antonio Prata lê trecho de seu novo livro de crônicas
Antonio Prata acaba de lançar sua nova coletânea, "Trinta e Poucos", com mais de 70 textos publicados originalmente na Folha. São reflexões -entre o real e o ficcional- de dilemas de uma geração contemporânea ao escritor, hoje com 38 anos. É uma faixa etária nebulosa, quando a idade não representa muita coisa: o sujeito não é nem novo nem velho.Leia mais aqui
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Antonio Prata lê trecho de seu novo livro de crônicasAntonio Prata acaba de lançar sua nova coletânea, "Trinta e Poucos", com mais de 70 textos publicados originalmente na Folha. São reflexões -entre o real e o ficcional- de dilemas de uma geração contemporânea ao escritor, hoje com 38 anos. É uma faixa etária nebulosa, quando a idade não representa muita coisa: o sujeito não é nem novo nem velho.Leia mais aqui
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Apoio mundial a acordo nuclear deixa Israel com poucas opções
O acordo nuclear entre o Irã e um grupo de países liderados pelos Estados Unidos, na terça-feira (14), foi um pesado revés pessoal para o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu. O êxito nas negociações colocou-o em oposição à comunidade internacional e com poucas opções para torpedear um acordo que passou anos tentando impedir. Netanyahu chamou o acordo de "um chocante erro histórico", afirmando que ele não impediria o Irã de desenvolver a capacidade de fabricar armas nucleares. E tampouco faz qualquer coisa para tratar do apoio da República Islâmica a grupos militantes hostis, ele afirmou. Falando em inglês a jornalistas, Netanyahu, com uma expressão sombria no rosto, afirmou que o acordo que alivia as sanções em troca de restrições ao programa nuclear do Irã, suspeito de desejar desenvolver uma bomba atômica, não se aplicava a Israel, e deu a entender fortemente que ação militar continua a ser uma opção. "Israel não se sente compelido a respeitar esse acordo com o Irã porque o Irã continua a buscar a nossa destruição", ele declarou. "Sempre nos defenderemos". Embora a oposição de Netanyahu ao acordo seja compartilhada por seus rivais políticos, traduzir esse sentimento em ação não será fácil. Um forte lobby no Congresso dos Estados Unidos está planejada, mas sua chance de sucesso parece mínima, e a opção militar acarretaria graves riscos e deixaria Israel fortemente isolado. Para Netanyahu, o acordo representa talvez uma das piores derrotas de sua carreira política de três décadas. Ele há anos fala a audiências sobre os perigos de um Irã dotado de armas nucleares, muitas vezes descrevendo a batalha contra os iranianos como a missão de sua vida. Ele vociferou contra o Irã em importantes discursos nas Nações Unidas, e em março expressou oposição ao acordo que estava emergindo, em um discurso ao Congresso norte-americano que irritou a Casa Branca. A Casa Branca anunciou na noite de terça-feira que o presidente Barack Obama havia conversado com Netanyahu e dito a ele que o acordo não reduzia as preocupações dos Estados Unidos quanto ao apoio do Irã a grupos militantes e suas ameaças contra Israel. Obama disse que a visita do secretário da Defesa Ashton Carter a Israel, planejada para a semana que vem, reflete o alvo nível de cooperação entre os dois países no campo da segurança. Mas aparentemente nem a linguagem conciliatória de Obama e nem as garantias do presidente iraniano Hasan Rowhani, mais cedo, de que o Irã "nunca" buscaria desenvolver uma arma nuclear bastaram para acalmar o líder israelense. Netanyahu disse que o acordo suspenderia as dolorosas sanções econômicas contra o Irã –criando um influxo de fundos muito necessário– sem impedir que o país desenvolvesse a capacidade de produzir armas nucleares. "A bonança financeira alimentará o terrorismo iraniano em todo o mundo, a agressão do país na região e seus esforços para destruir Israel, que persistem", ele afirmou. Netanyahu criticou repetidamente o apoio do Irã a grupos hostis como o Hamas, na Palestina, e o Hizbollah, no Líbano, e os apelos de líderes iranianos pela destruição de Israel. Ele também disse que o acordo "repete os erros" de um pacto anterior com a Coreia do Norte, sob o qual o sistema de inspeção e fiscalização criado fracassou em impedir que o país desenvolvesse uma capacidade nuclear. Ele declarou que em uma década, quando aspectos cruciais do acordo com o Irã virão a expirar, "um regime terrorista inalterado, incapaz de arrependimento, e muito mais rico" emergirá com a capacidade de produzir "todo um arsenal nuclear e os meios de empregá-lo". "Que erro histórico chocante", declarou Netanyahu. Irã MÃOS ATADAS Quanto ao curso inicial de ação adotado por Israel –o lobby intenso no Congresso dos Estados Unidos–, existe pouco que se possa fazer contra o acordo a despeito da forte oposição republicana a ele, especialmente porque Obama não necessita de aprovação do Congresso. Sob um acordo fechado entre Obama e os legisladores, o Congresso tem 60 dias para revisar o acordo antes que o presidente possa começar a relaxar as sanções. Os legisladores provavelmente tentarão bloquear o acordo aprovando novas sanções ou impedindo que Obama suspensa as vigentes –o incentivo crucial para que o Irã cumpra o acordo. Na terça-feira (14), Obama ameaçou vetar quaisquer resoluções do Congresso que busquem minar o acordo, o que significa que os oponentes teriam de obter maioria de dois terços para derrubar o veto. Legado Obama Isso requereria que dezenas de democratas votassem contra o presidente, o que parece improvável. Obama também poderia usar seus poderes presidenciais a fim de oferecer substancial redução de sanções sem anuência do Congresso. Da mesma forma, a probabilidade de uma ação militar unilateral da parte de Israel parece mínima. Israel há muito adverte que a opção militar é real, mas se recusou a agir devido à natureza arriscada de uma missão de longo alcance e devido à oposição de seus aliados. Um ataque militar agora seria ainda mais arriscado, dado o apoio internacional generalizado ao acordo. Netanyahu pode buscar o que ele descreve como aliança de bastidores com os aliados norte-americanos no golfo Pérsico, que compartilham dos temores de Israel de que o acordo não impedirá o Irã de construir uma bomba. A Arábia Saudita, a maior potência sunita, divulgou um alerta claro na noite de terça-feira, afirmando que o Irã deve usar os ganhos econômicos obtidos com a suspensão das sanções para melhorar as vidas dos iranianos, "em lugar de usá-los para causar tumulto na região" Ainda no mundo árabe, o Egito classificou o acordo como desdobramento importante, e os Emirados Árabes Unidos (EAU) e Kuwait o receberam positivamente. Muita gente no Golfo Pérsico, e os sunitas linha dura, temem que o acordo reforce a campanha do Irã, liderado por xiitas, para ampliar sua influência sobre o mundo árabe. "O Irã está se movendo de acordo com uma visão clara e bem estudada, absorvendo seus adversários", declarou no Twitter o importante líder religioso saudita Salman al-Ouda. "Onde estão os governos árabes?" Em discurso anunciando o acordo, Rowhani tentou descartar a coincidência de interesses entre os países árabes e Israel, na oposição ao acordo. "Nações da região e vizinhas, cuidado para não se deixarem enganar pelo regime sionista", ele declarou. Irã 2 APOIO INTERNO Os parceiros de coalizão e os líderes oposicionistas de Israel criticaram zangadamente o acordo da terça-feira, refletindo a oposição generalizada dos israelenses a ele. "Trata-se de um regime cuja base é a trapaça, e agora eles continuarão fazendo o que fizeram pelos últimos 20 anos, que é tentar obter armas nucleares pelas costas do mundo", disse Yair Lapid, líder do partido oposicionista israelense Yesh Latid à Associated Press. Mas políticos de oposição também culparam Netanyahu pelo revés, afirmando que ele havia antagonizado desnecessariamente os Estados Unidos e outros aliados. "É inconcebível que tenhamos chegado a esse momento crucial com influência zero sobre o acordo emergente", disse o líder oposicionista Isaac Herzog ao diário "Yediot Ahronot". "Isso é resultado de um fracasso pessoal e exclusivo de Netanyahu". Um dia antes do acordo, Lapid apelou pela renúncia de Netanyahu. "Ele sabe melhor do que ninguém que enquanto ele for primeiro-ministro os Estados Unidos não nos ouvirão e o mundo não levará a sério as nossas preocupações", disse Lapid. Netanyahu apelou a todos os partidos que "deixem as mesquinharias políticas de lado" e se unam na oposição ao Irã. Yoaz Hendel, antigo porta-voz de Netanyahu, disse que o acordo da terça-feira caracterizava um "grande fracasso" para seu ex-chefe. Mas acrescentou que algumas das críticas eram injustas, alegando que os Estados Unidos haviam agido para proteger seus interesses específicos, e que mesmo em momentos passados, de relações mais calorosas, outros líderes israelenses haviam perdido batalhas diplomáticas importantes contra presidentes norte-americanos. "Não estou certo de que um relacionamento pessoal e bons sentimentos pessoais mudariam alguma coisa", ele disse. Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Apoio mundial a acordo nuclear deixa Israel com poucas opçõesO acordo nuclear entre o Irã e um grupo de países liderados pelos Estados Unidos, na terça-feira (14), foi um pesado revés pessoal para o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu. O êxito nas negociações colocou-o em oposição à comunidade internacional e com poucas opções para torpedear um acordo que passou anos tentando impedir. Netanyahu chamou o acordo de "um chocante erro histórico", afirmando que ele não impediria o Irã de desenvolver a capacidade de fabricar armas nucleares. E tampouco faz qualquer coisa para tratar do apoio da República Islâmica a grupos militantes hostis, ele afirmou. Falando em inglês a jornalistas, Netanyahu, com uma expressão sombria no rosto, afirmou que o acordo que alivia as sanções em troca de restrições ao programa nuclear do Irã, suspeito de desejar desenvolver uma bomba atômica, não se aplicava a Israel, e deu a entender fortemente que ação militar continua a ser uma opção. "Israel não se sente compelido a respeitar esse acordo com o Irã porque o Irã continua a buscar a nossa destruição", ele declarou. "Sempre nos defenderemos". Embora a oposição de Netanyahu ao acordo seja compartilhada por seus rivais políticos, traduzir esse sentimento em ação não será fácil. Um forte lobby no Congresso dos Estados Unidos está planejada, mas sua chance de sucesso parece mínima, e a opção militar acarretaria graves riscos e deixaria Israel fortemente isolado. Para Netanyahu, o acordo representa talvez uma das piores derrotas de sua carreira política de três décadas. Ele há anos fala a audiências sobre os perigos de um Irã dotado de armas nucleares, muitas vezes descrevendo a batalha contra os iranianos como a missão de sua vida. Ele vociferou contra o Irã em importantes discursos nas Nações Unidas, e em março expressou oposição ao acordo que estava emergindo, em um discurso ao Congresso norte-americano que irritou a Casa Branca. A Casa Branca anunciou na noite de terça-feira que o presidente Barack Obama havia conversado com Netanyahu e dito a ele que o acordo não reduzia as preocupações dos Estados Unidos quanto ao apoio do Irã a grupos militantes e suas ameaças contra Israel. Obama disse que a visita do secretário da Defesa Ashton Carter a Israel, planejada para a semana que vem, reflete o alvo nível de cooperação entre os dois países no campo da segurança. Mas aparentemente nem a linguagem conciliatória de Obama e nem as garantias do presidente iraniano Hasan Rowhani, mais cedo, de que o Irã "nunca" buscaria desenvolver uma arma nuclear bastaram para acalmar o líder israelense. Netanyahu disse que o acordo suspenderia as dolorosas sanções econômicas contra o Irã –criando um influxo de fundos muito necessário– sem impedir que o país desenvolvesse a capacidade de produzir armas nucleares. "A bonança financeira alimentará o terrorismo iraniano em todo o mundo, a agressão do país na região e seus esforços para destruir Israel, que persistem", ele afirmou. Netanyahu criticou repetidamente o apoio do Irã a grupos hostis como o Hamas, na Palestina, e o Hizbollah, no Líbano, e os apelos de líderes iranianos pela destruição de Israel. Ele também disse que o acordo "repete os erros" de um pacto anterior com a Coreia do Norte, sob o qual o sistema de inspeção e fiscalização criado fracassou em impedir que o país desenvolvesse uma capacidade nuclear. Ele declarou que em uma década, quando aspectos cruciais do acordo com o Irã virão a expirar, "um regime terrorista inalterado, incapaz de arrependimento, e muito mais rico" emergirá com a capacidade de produzir "todo um arsenal nuclear e os meios de empregá-lo". "Que erro histórico chocante", declarou Netanyahu. Irã MÃOS ATADAS Quanto ao curso inicial de ação adotado por Israel –o lobby intenso no Congresso dos Estados Unidos–, existe pouco que se possa fazer contra o acordo a despeito da forte oposição republicana a ele, especialmente porque Obama não necessita de aprovação do Congresso. Sob um acordo fechado entre Obama e os legisladores, o Congresso tem 60 dias para revisar o acordo antes que o presidente possa começar a relaxar as sanções. Os legisladores provavelmente tentarão bloquear o acordo aprovando novas sanções ou impedindo que Obama suspensa as vigentes –o incentivo crucial para que o Irã cumpra o acordo. Na terça-feira (14), Obama ameaçou vetar quaisquer resoluções do Congresso que busquem minar o acordo, o que significa que os oponentes teriam de obter maioria de dois terços para derrubar o veto. Legado Obama Isso requereria que dezenas de democratas votassem contra o presidente, o que parece improvável. Obama também poderia usar seus poderes presidenciais a fim de oferecer substancial redução de sanções sem anuência do Congresso. Da mesma forma, a probabilidade de uma ação militar unilateral da parte de Israel parece mínima. Israel há muito adverte que a opção militar é real, mas se recusou a agir devido à natureza arriscada de uma missão de longo alcance e devido à oposição de seus aliados. Um ataque militar agora seria ainda mais arriscado, dado o apoio internacional generalizado ao acordo. Netanyahu pode buscar o que ele descreve como aliança de bastidores com os aliados norte-americanos no golfo Pérsico, que compartilham dos temores de Israel de que o acordo não impedirá o Irã de construir uma bomba. A Arábia Saudita, a maior potência sunita, divulgou um alerta claro na noite de terça-feira, afirmando que o Irã deve usar os ganhos econômicos obtidos com a suspensão das sanções para melhorar as vidas dos iranianos, "em lugar de usá-los para causar tumulto na região" Ainda no mundo árabe, o Egito classificou o acordo como desdobramento importante, e os Emirados Árabes Unidos (EAU) e Kuwait o receberam positivamente. Muita gente no Golfo Pérsico, e os sunitas linha dura, temem que o acordo reforce a campanha do Irã, liderado por xiitas, para ampliar sua influência sobre o mundo árabe. "O Irã está se movendo de acordo com uma visão clara e bem estudada, absorvendo seus adversários", declarou no Twitter o importante líder religioso saudita Salman al-Ouda. "Onde estão os governos árabes?" Em discurso anunciando o acordo, Rowhani tentou descartar a coincidência de interesses entre os países árabes e Israel, na oposição ao acordo. "Nações da região e vizinhas, cuidado para não se deixarem enganar pelo regime sionista", ele declarou. Irã 2 APOIO INTERNO Os parceiros de coalizão e os líderes oposicionistas de Israel criticaram zangadamente o acordo da terça-feira, refletindo a oposição generalizada dos israelenses a ele. "Trata-se de um regime cuja base é a trapaça, e agora eles continuarão fazendo o que fizeram pelos últimos 20 anos, que é tentar obter armas nucleares pelas costas do mundo", disse Yair Lapid, líder do partido oposicionista israelense Yesh Latid à Associated Press. Mas políticos de oposição também culparam Netanyahu pelo revés, afirmando que ele havia antagonizado desnecessariamente os Estados Unidos e outros aliados. "É inconcebível que tenhamos chegado a esse momento crucial com influência zero sobre o acordo emergente", disse o líder oposicionista Isaac Herzog ao diário "Yediot Ahronot". "Isso é resultado de um fracasso pessoal e exclusivo de Netanyahu". Um dia antes do acordo, Lapid apelou pela renúncia de Netanyahu. "Ele sabe melhor do que ninguém que enquanto ele for primeiro-ministro os Estados Unidos não nos ouvirão e o mundo não levará a sério as nossas preocupações", disse Lapid. Netanyahu apelou a todos os partidos que "deixem as mesquinharias políticas de lado" e se unam na oposição ao Irã. Yoaz Hendel, antigo porta-voz de Netanyahu, disse que o acordo da terça-feira caracterizava um "grande fracasso" para seu ex-chefe. Mas acrescentou que algumas das críticas eram injustas, alegando que os Estados Unidos haviam agido para proteger seus interesses específicos, e que mesmo em momentos passados, de relações mais calorosas, outros líderes israelenses haviam perdido batalhas diplomáticas importantes contra presidentes norte-americanos. "Não estou certo de que um relacionamento pessoal e bons sentimentos pessoais mudariam alguma coisa", ele disse. Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Os futuros da Europa
Na imprensa italiana e nas ruas de Veneza, o tema dominante é a massa dos refugiados (já centenas de milhares), que fogem do sul (atravessando o Mediterrâneo ao deus-dará) e do leste (a pé ou escondidos em caminhões e trens). Mesmo mortos, eles batem à porta da Europa. A Bienal de Veneza deste ano tem por título: "Todos os Futuros do Mundo". As obras parecem abstratas à vista do problema do dia. Claro, elas não foram realizadas hoje, mas a desculpa não vale: a última década é a longa crônica de uma crise anunciada. Uma das poucas exceções está no pavilhão da Alemanha (justamente, um país generoso com os refugiados): depoimentos de quem vem fugindo há anos, de Eritreia, Sudão, Uganda, Gana, Camarões"¦ No pavilhão central da Bienal, foi montado um auditório para leituras públicas. Um dos projetos é a leitura de "O Capital", de Marx; outro é a leitura das notas de um fotógrafo libanês, Abdallah Farah, que escrevia o tema das fotos que tirava –no caso, centenas de rolinhos nunca revelados, entre 1997 e 2006. A descrição anotada toma o lugar das imagens, que ainda estão nos filmes, invisíveis. Hoje, das duas leituras, a segunda é a que me tocou mais. Conversando com vizinhos venezianos que habitualmente execram os imigrantes chineses, haitianos etc., o que surpreende é uma generosidade quase sem reservas. Ninguém parece recear que, desapercebidos na massa, os próprios carrascos dos refugiados se insinuem na Europa para alistar recrutas ou para exportar sua guerra. Ninguém pensa que, de qualquer forma, a imigração produzirá também inimigos. Um dia, esquecida a gratidão pelo asilo, alguns filhos dos que chegam hoje serão desterrados: não serão mais sírios, líbios, sudaneses etc., e tampouco serão propriamente europeus. Nesse dia, sentindo-se excluídos no país que os acolheu, mas os integrou só pela metade (porque não soube como, ou porque eles não quiseram), esses alguns preferirão ser mártires de primeira classe a cidadãos de segunda. Seja como for, no momento, não há alternativa à generosidade da recepção. Mas é óbvio que a solução da crise está nos países de onde os refugiados fogem. Há poucos casos em que uma ajuda econômica poderia criar condições para que ninguém precisasse fugir da sua casa. E seria mais barato do que pescar cadáveres no Mediterrâneo. Mas nenhuma ajuda econômica é suficiente quando os refugiados fogem de comunidades nacionais que os perseguem. Nesses casos, que são a maioria, só restaria meter-se nessas sociedades, à força, com intervenções militares. Aqui, não tenho como não concordar com a coluna de João Pereira Coutinho na Folha de terça (8). Só que tomar partido nunca é simples: os libertadores de hoje geralmente são os opressores de amanhã. Todos se indignam quando a França ou a Inglaterra não abrigam um número suficiente de refugiados; os mesmos se indignariam, evocando o colonialismo do passado, se soldados franceses ou ingleses colocassem suas botas na Síria, mesmo se a intenção fosse manter o país habitável para os sírios. Além disso, duvido que o povo inglês ou o francês esteja disposto a encarar uma guerra. Em matéria de generosidade, mandar cobertores, arroz e penicilina é sempre mais fácil do que arriscar a vida dos filhos da gente. Falando em filhos, não sei se a Europa tem mesmo interesse em ajudar a tornar a África e o Oriente Médio realmente habitáveis. Por quê? Porque a imigração maciça de hoje talvez seja a salvação da Europa. A população europeia envelhece: daqui a pouco haverá um trabalhador ativo por cada aposentado. Certo, os refugiados transformarão a Europa, mas ela já se transformou várias vezes ao longo dos séculos. Em compensação, eles podem evitar que o continente se torne um asilo para anciões cuja fatura ninguém conseguiria pagar. A condição para que os refugiados de hoje salvem a Europa é que eles façam dela sua nova pátria. Alguns dizem que isso não tem chances de acontecer, por conta das diferenças culturais. É o que os romanos deviam pensar dos bárbaros longobardos nos anos 700 d.C.. E Milão é hoje a capital da Lombardia"¦ Um pouco por experiência, um pouco por ter me debruçado sobre o tema, acredito que a integração num novo país não depende da religião e dos costumes da gente, mas do sonho com o qual a gente chega. O futuro, em suma, está na resposta à pergunta: o pequeno Aylan, deitado de bruços na linha d'água da praia de Bodrum, com o que ele sonha?
colunas
Os futuros da EuropaNa imprensa italiana e nas ruas de Veneza, o tema dominante é a massa dos refugiados (já centenas de milhares), que fogem do sul (atravessando o Mediterrâneo ao deus-dará) e do leste (a pé ou escondidos em caminhões e trens). Mesmo mortos, eles batem à porta da Europa. A Bienal de Veneza deste ano tem por título: "Todos os Futuros do Mundo". As obras parecem abstratas à vista do problema do dia. Claro, elas não foram realizadas hoje, mas a desculpa não vale: a última década é a longa crônica de uma crise anunciada. Uma das poucas exceções está no pavilhão da Alemanha (justamente, um país generoso com os refugiados): depoimentos de quem vem fugindo há anos, de Eritreia, Sudão, Uganda, Gana, Camarões"¦ No pavilhão central da Bienal, foi montado um auditório para leituras públicas. Um dos projetos é a leitura de "O Capital", de Marx; outro é a leitura das notas de um fotógrafo libanês, Abdallah Farah, que escrevia o tema das fotos que tirava –no caso, centenas de rolinhos nunca revelados, entre 1997 e 2006. A descrição anotada toma o lugar das imagens, que ainda estão nos filmes, invisíveis. Hoje, das duas leituras, a segunda é a que me tocou mais. Conversando com vizinhos venezianos que habitualmente execram os imigrantes chineses, haitianos etc., o que surpreende é uma generosidade quase sem reservas. Ninguém parece recear que, desapercebidos na massa, os próprios carrascos dos refugiados se insinuem na Europa para alistar recrutas ou para exportar sua guerra. Ninguém pensa que, de qualquer forma, a imigração produzirá também inimigos. Um dia, esquecida a gratidão pelo asilo, alguns filhos dos que chegam hoje serão desterrados: não serão mais sírios, líbios, sudaneses etc., e tampouco serão propriamente europeus. Nesse dia, sentindo-se excluídos no país que os acolheu, mas os integrou só pela metade (porque não soube como, ou porque eles não quiseram), esses alguns preferirão ser mártires de primeira classe a cidadãos de segunda. Seja como for, no momento, não há alternativa à generosidade da recepção. Mas é óbvio que a solução da crise está nos países de onde os refugiados fogem. Há poucos casos em que uma ajuda econômica poderia criar condições para que ninguém precisasse fugir da sua casa. E seria mais barato do que pescar cadáveres no Mediterrâneo. Mas nenhuma ajuda econômica é suficiente quando os refugiados fogem de comunidades nacionais que os perseguem. Nesses casos, que são a maioria, só restaria meter-se nessas sociedades, à força, com intervenções militares. Aqui, não tenho como não concordar com a coluna de João Pereira Coutinho na Folha de terça (8). Só que tomar partido nunca é simples: os libertadores de hoje geralmente são os opressores de amanhã. Todos se indignam quando a França ou a Inglaterra não abrigam um número suficiente de refugiados; os mesmos se indignariam, evocando o colonialismo do passado, se soldados franceses ou ingleses colocassem suas botas na Síria, mesmo se a intenção fosse manter o país habitável para os sírios. Além disso, duvido que o povo inglês ou o francês esteja disposto a encarar uma guerra. Em matéria de generosidade, mandar cobertores, arroz e penicilina é sempre mais fácil do que arriscar a vida dos filhos da gente. Falando em filhos, não sei se a Europa tem mesmo interesse em ajudar a tornar a África e o Oriente Médio realmente habitáveis. Por quê? Porque a imigração maciça de hoje talvez seja a salvação da Europa. A população europeia envelhece: daqui a pouco haverá um trabalhador ativo por cada aposentado. Certo, os refugiados transformarão a Europa, mas ela já se transformou várias vezes ao longo dos séculos. Em compensação, eles podem evitar que o continente se torne um asilo para anciões cuja fatura ninguém conseguiria pagar. A condição para que os refugiados de hoje salvem a Europa é que eles façam dela sua nova pátria. Alguns dizem que isso não tem chances de acontecer, por conta das diferenças culturais. É o que os romanos deviam pensar dos bárbaros longobardos nos anos 700 d.C.. E Milão é hoje a capital da Lombardia"¦ Um pouco por experiência, um pouco por ter me debruçado sobre o tema, acredito que a integração num novo país não depende da religião e dos costumes da gente, mas do sonho com o qual a gente chega. O futuro, em suma, está na resposta à pergunta: o pequeno Aylan, deitado de bruços na linha d'água da praia de Bodrum, com o que ele sonha?
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Como resolver nossos problemas?
Neste belo sábado irei falar sobre problemas. Existem dois tipos: os sentimentais e os físicos. Os sentimentais "doem no coração". Os físicos são doenças, dores etc. Mas nós podemos pensar em formas de resolvê-los. Na minha classe, tivemos uma ideia brilhante para resolver os problemas! A professora nos fez listar nossos problemas e qualidades. Depois, lemos as qualidades dos outros e juntamos com suas dificuldades. Por exemplo: Fulano desenha bem, mas é ruim em matemática. Ciclano desenha mal, mas é muito bom em matemática. Pronto! Nesta dupla, um ajuda o outro com o que sabe fazer de bom. Minha avó também me ensinou uma coisa que funciona. Se você pensa que está doente, seu cérebro diz para o corpo que você está realmente doente. Por isso, relaxe. Pense num personagem poderoso para expulsar as coisas ruins. Imagine o Super-Homem batendo nas bactérias, tirando o muco do nariz, colando band-aid nos ferimentos da garganta e em tudo o que está atrapalhando. Pense com bastante vontade. Comigo, isso funciona. LUCAS PROTA CRIPPA, 10, colunista da "Folhinha"
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Como resolver nossos problemas?Neste belo sábado irei falar sobre problemas. Existem dois tipos: os sentimentais e os físicos. Os sentimentais "doem no coração". Os físicos são doenças, dores etc. Mas nós podemos pensar em formas de resolvê-los. Na minha classe, tivemos uma ideia brilhante para resolver os problemas! A professora nos fez listar nossos problemas e qualidades. Depois, lemos as qualidades dos outros e juntamos com suas dificuldades. Por exemplo: Fulano desenha bem, mas é ruim em matemática. Ciclano desenha mal, mas é muito bom em matemática. Pronto! Nesta dupla, um ajuda o outro com o que sabe fazer de bom. Minha avó também me ensinou uma coisa que funciona. Se você pensa que está doente, seu cérebro diz para o corpo que você está realmente doente. Por isso, relaxe. Pense num personagem poderoso para expulsar as coisas ruins. Imagine o Super-Homem batendo nas bactérias, tirando o muco do nariz, colando band-aid nos ferimentos da garganta e em tudo o que está atrapalhando. Pense com bastante vontade. Comigo, isso funciona. LUCAS PROTA CRIPPA, 10, colunista da "Folhinha"
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Citado na lista de Janot, Cunha diz que governo 'quer sócio na lama'
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse neste sábado (7) à Folha que o governo federal quer "sócio na lama", ao comentar o seu nome e de oposicionistas na lista de investigados da Procuradoria-Geral da República no caso Lava Jato. "O governo quer sócio na lama. Eu só entrei para poderem colocar Anastasia", ataca o deputado. Na lista divulgada nesta sexta-feira, o nome do senador e ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia foi incluído. Ele é braço direito de Aécio Neves, líder da oposição e adversário de Dilma em 2014. Cunha aparece citado em mesmo depoimento de Anastasia. Para o deputado, a peça da procuradoria é uma "piada" e foi uma "alopragem" de integrantes do governo, que, segundo acusa, teriam interferido junto a Rodrigo Janot para inclui-lo e a oposição na lista. "Sabemos exatamente o jogo político que aconteceu. O PGR agiu como aparelho visando a imputação política de indícios como se todos fossem participes da mesma lama. É lamentável ver o PGR, talvez para merecer sua recondução, se prestar a esse papel", postou no Twitter. O maior número de envolvidos é do PP, seguidos pelo PT e pelo PMDB, todos da base aliada de apoio à Dilma Rousseff. Cunha voltou a negar envolvimento com Fernando Soares, o Fernando Baiano e reafirma que o ex-diretor Nestor Cerveró foi indicado pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS), que teve pedido de inquérito arquivado. "Fernando Soares nunca representou a mim nem ao PMDB", disse Cunha no Twitter. Procurada pela Folha, a PGR informou por meio da assessoria de imprensa que seguiu apenas critérios técnicos e jurídicos nos pedidos de abertura de inquéritos. NOTA OFICIAL Cunha também divulgou uma nota oficial sobre a menção de seu nome na lista de Janot, com o título "Quem não deve, não teme". Leia abaixo a íntegra do texto. Quem não deve, não teme 'Tendo acesso à petição, comento alguns fatos para contestar vários absurdos divulgados. Primeiramente, óbvio que desminto todas as afirmações do procurador Geral da República contidas na petição', rebate Eduardo Cunha. Leiam a reposta completa... Tendo acesso à petição, comento alguns fatos para contestar vários absurdos divulgados. Primeiramente, óbvio que desminto todas as afirmações do procurador Geral da República contidas na petição. O PMDB na Câmara nunca teve nada a ver com a indicação de Paulo Roberto Costa. Afirmam que Nestor Cerveró foi indicado pelo PMDB, quando todos sabem que ele era indicado de um senador, objeto de arquivamento. Fernando Soares nunca representou o PMDB e nem a mim. O procurador menciona que ele representava a Câmara e o Senado. O procurador não mencionou nomes de senadores. O procurador fala em representações na Câmara dos Deputados que teria sido feita por mim, mas jamais cita a representação, que, absolutamente, não existe. Bastava uma simples pesquisa no portal da Câmara para ver todas as propostas que apresentei, e isso posso provar. Só que ele, o procurador, não tem como provar. Simplesmente não fiz qualquer representação e se, por ventura, outros parlamentares fizeram, por que, então, o procurador não pediu inquérito dos outros parlamentares? Quem fala é um delator desqualificado, cujo advogado deu declaração pública que eu não tinha sido citado. O delator atribui saber, sem provar, que um terceiro teria pagado a Fernando Soares, e que este pagamento seria dirigido a mim. Os absurdos são vários. Primeiramente, o de atribuir pacto de terceiro sem provar. Atribuir o recebimento sem provar, e ainda supor que eu era beneficiário. Depois, vem um estranho novo depoimento do delator em 11 de fevereiro, dez dias depois de eu ser eleito presidente da Câmara, falando que o meu nome surgiu, SALVO ENGANO, Paulo Roberto teria citado meu nome. Aí, mistura com Fernando Soares e Andrade Gutierrez e volta à situação anterior, em que eu era beneficiário sem detalhar que benefício era e de quem. Em seguida, vem para as raias do absurdo para dizer, como justificativa, que recebi doações oficiais de campanha de empresas envolvidas em corrupção. E não cessa o absurdo, ao misturar a doação à minha campanha com várias doações de empresas ao comitê financeiro do PMDB como se fossem minhas. Neste ponto, há dois grandes absurdos: o primeiro é criminalizar a doação de campanha por ser de empresa envolvida no suposto esquema de corrupção. Imaginem só todas as campanhas majoritárias, incluindo a da Dilma, a do Aécio e todas as outras? Também receberam doações destas empresas. Por que, então, não abriram inquérito contra todos que receberam doações dessas empresas? O segundo grande absurdo é como a mim atribuir o benefício de doação à comitê financeiro do partido como se fosse minha? Ainda cita como indício de doação do comitê financeiro do PP para a minha campanha de 2010, como se isso fosse prova de benefício indevido. Vejam só, para justificar, retorna a história do policial que teria entregue dinheiro a um endereço atribuído a mim e provado que não era o meu. Aí, ele cita o desmentido do policial. Coloca a foto da casa, reconhece o proprietário correto, atribui a ele a relação com deputado Jorge Picciani. Atribui relação de Picciani comigo e justifica a eleição do filho dele, o deputado federal Leonardo Picciani, para liderar o PMDB na Câmara em meu lugar como indício, e fala que, apesar do desmentido do policial e do desmentido do próprio delator, que é preciso aprofundar a investigação. É uma piada essa peça do procurador, e causa estranheza que ele não tenha a mim pedido explicações, como, aliás, sempre foi praxe na Procuradoria Geral da República (PGR). Após ler o inquérito, a mim não restou qualquer dúvida de que ter novo depoimento do delator dez dias após eu me eleger, e usar como referência a história do policial - e pasmem - doações oficiais de campanha como indícios de que esse inquérito foi proposto por motivação política - é mais uma alopragem que responderei e desmontarei com relativa facilidade. Talvez, manter em dúvida a história do policial servisse para justificar o inquérito sobre um senador do PSDB para a todos confundir. O procurador geral da República agiu como aparelho, visando à imputação política de indícios como se todos fossem partícipes da mesma lama. É lamentável ver o procurador, talvez para merecer a sua recondução, se prestar a esse papel. E criminalizar a minha doação oficial de campanha sem criminalizar a dos outros é um acinte à inteligência de quem quer que seja. Sabemos exatamente o jogo político que aconteceu e não dá para ficar calado sem denunciar a politização e aparelhamento da PGR. Eles estão a serviço de quem? Pelo critério do indício, o procurador só será reconduzido se for da vontade do executivo. Dessa forma, a mim e, creio também ao senador do PSDB, interessa saber com quem estamos misturados nessa corrupção odienta. Fui à CPI da Petrobras, que, aliás, ajudei a criar, para colocar-me à disposição para esclarecer o que for necessário. Vou pedir ao presidente da CPI para lá comparecer novamente, visando detalhar vírgula a vírgula dessa indecente petição do procurador geral da República, que, certamente, vai envergonhar muitos dessa respeitosa instituição. Eduardo Cunha é presidente da Câmara dos Deputados.
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Citado na lista de Janot, Cunha diz que governo 'quer sócio na lama'O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse neste sábado (7) à Folha que o governo federal quer "sócio na lama", ao comentar o seu nome e de oposicionistas na lista de investigados da Procuradoria-Geral da República no caso Lava Jato. "O governo quer sócio na lama. Eu só entrei para poderem colocar Anastasia", ataca o deputado. Na lista divulgada nesta sexta-feira, o nome do senador e ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia foi incluído. Ele é braço direito de Aécio Neves, líder da oposição e adversário de Dilma em 2014. Cunha aparece citado em mesmo depoimento de Anastasia. Para o deputado, a peça da procuradoria é uma "piada" e foi uma "alopragem" de integrantes do governo, que, segundo acusa, teriam interferido junto a Rodrigo Janot para inclui-lo e a oposição na lista. "Sabemos exatamente o jogo político que aconteceu. O PGR agiu como aparelho visando a imputação política de indícios como se todos fossem participes da mesma lama. É lamentável ver o PGR, talvez para merecer sua recondução, se prestar a esse papel", postou no Twitter. O maior número de envolvidos é do PP, seguidos pelo PT e pelo PMDB, todos da base aliada de apoio à Dilma Rousseff. Cunha voltou a negar envolvimento com Fernando Soares, o Fernando Baiano e reafirma que o ex-diretor Nestor Cerveró foi indicado pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS), que teve pedido de inquérito arquivado. "Fernando Soares nunca representou a mim nem ao PMDB", disse Cunha no Twitter. Procurada pela Folha, a PGR informou por meio da assessoria de imprensa que seguiu apenas critérios técnicos e jurídicos nos pedidos de abertura de inquéritos. NOTA OFICIAL Cunha também divulgou uma nota oficial sobre a menção de seu nome na lista de Janot, com o título "Quem não deve, não teme". Leia abaixo a íntegra do texto. Quem não deve, não teme 'Tendo acesso à petição, comento alguns fatos para contestar vários absurdos divulgados. Primeiramente, óbvio que desminto todas as afirmações do procurador Geral da República contidas na petição', rebate Eduardo Cunha. Leiam a reposta completa... Tendo acesso à petição, comento alguns fatos para contestar vários absurdos divulgados. Primeiramente, óbvio que desminto todas as afirmações do procurador Geral da República contidas na petição. O PMDB na Câmara nunca teve nada a ver com a indicação de Paulo Roberto Costa. Afirmam que Nestor Cerveró foi indicado pelo PMDB, quando todos sabem que ele era indicado de um senador, objeto de arquivamento. Fernando Soares nunca representou o PMDB e nem a mim. O procurador menciona que ele representava a Câmara e o Senado. O procurador não mencionou nomes de senadores. O procurador fala em representações na Câmara dos Deputados que teria sido feita por mim, mas jamais cita a representação, que, absolutamente, não existe. Bastava uma simples pesquisa no portal da Câmara para ver todas as propostas que apresentei, e isso posso provar. Só que ele, o procurador, não tem como provar. Simplesmente não fiz qualquer representação e se, por ventura, outros parlamentares fizeram, por que, então, o procurador não pediu inquérito dos outros parlamentares? Quem fala é um delator desqualificado, cujo advogado deu declaração pública que eu não tinha sido citado. O delator atribui saber, sem provar, que um terceiro teria pagado a Fernando Soares, e que este pagamento seria dirigido a mim. Os absurdos são vários. Primeiramente, o de atribuir pacto de terceiro sem provar. Atribuir o recebimento sem provar, e ainda supor que eu era beneficiário. Depois, vem um estranho novo depoimento do delator em 11 de fevereiro, dez dias depois de eu ser eleito presidente da Câmara, falando que o meu nome surgiu, SALVO ENGANO, Paulo Roberto teria citado meu nome. Aí, mistura com Fernando Soares e Andrade Gutierrez e volta à situação anterior, em que eu era beneficiário sem detalhar que benefício era e de quem. Em seguida, vem para as raias do absurdo para dizer, como justificativa, que recebi doações oficiais de campanha de empresas envolvidas em corrupção. E não cessa o absurdo, ao misturar a doação à minha campanha com várias doações de empresas ao comitê financeiro do PMDB como se fossem minhas. Neste ponto, há dois grandes absurdos: o primeiro é criminalizar a doação de campanha por ser de empresa envolvida no suposto esquema de corrupção. Imaginem só todas as campanhas majoritárias, incluindo a da Dilma, a do Aécio e todas as outras? Também receberam doações destas empresas. Por que, então, não abriram inquérito contra todos que receberam doações dessas empresas? O segundo grande absurdo é como a mim atribuir o benefício de doação à comitê financeiro do partido como se fosse minha? Ainda cita como indício de doação do comitê financeiro do PP para a minha campanha de 2010, como se isso fosse prova de benefício indevido. Vejam só, para justificar, retorna a história do policial que teria entregue dinheiro a um endereço atribuído a mim e provado que não era o meu. Aí, ele cita o desmentido do policial. Coloca a foto da casa, reconhece o proprietário correto, atribui a ele a relação com deputado Jorge Picciani. Atribui relação de Picciani comigo e justifica a eleição do filho dele, o deputado federal Leonardo Picciani, para liderar o PMDB na Câmara em meu lugar como indício, e fala que, apesar do desmentido do policial e do desmentido do próprio delator, que é preciso aprofundar a investigação. É uma piada essa peça do procurador, e causa estranheza que ele não tenha a mim pedido explicações, como, aliás, sempre foi praxe na Procuradoria Geral da República (PGR). Após ler o inquérito, a mim não restou qualquer dúvida de que ter novo depoimento do delator dez dias após eu me eleger, e usar como referência a história do policial - e pasmem - doações oficiais de campanha como indícios de que esse inquérito foi proposto por motivação política - é mais uma alopragem que responderei e desmontarei com relativa facilidade. Talvez, manter em dúvida a história do policial servisse para justificar o inquérito sobre um senador do PSDB para a todos confundir. O procurador geral da República agiu como aparelho, visando à imputação política de indícios como se todos fossem partícipes da mesma lama. É lamentável ver o procurador, talvez para merecer a sua recondução, se prestar a esse papel. E criminalizar a minha doação oficial de campanha sem criminalizar a dos outros é um acinte à inteligência de quem quer que seja. Sabemos exatamente o jogo político que aconteceu e não dá para ficar calado sem denunciar a politização e aparelhamento da PGR. Eles estão a serviço de quem? Pelo critério do indício, o procurador só será reconduzido se for da vontade do executivo. Dessa forma, a mim e, creio também ao senador do PSDB, interessa saber com quem estamos misturados nessa corrupção odienta. Fui à CPI da Petrobras, que, aliás, ajudei a criar, para colocar-me à disposição para esclarecer o que for necessário. Vou pedir ao presidente da CPI para lá comparecer novamente, visando detalhar vírgula a vírgula dessa indecente petição do procurador geral da República, que, certamente, vai envergonhar muitos dessa respeitosa instituição. Eduardo Cunha é presidente da Câmara dos Deputados.
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'Morte de soldado não deslustra a Olimpíada do Rio de Janeiro', diz Temer
GUSTAVO URIBE DE BRASÍLIA O presidente interino, Michel Temer, lamentou nesta sexta-feira (12) a morte do agente da Força Nacional Hélio Vieira, mas avaliou que o incidente não "deslustra" a Olimpíada do Rio de Janeiro. Segundo o peemedebista, o ritmo dos jogos esportivos não será paralisado por conta do assassinato, que para ele não afetará a imagem do evento mundial. O soldado foi baleado na cabeça na quarta-feira (10) após entrar por engano na comunidade Vila do João, no complexo da Maré. Na noite de quinta-feira (11), o governo federal declarou luto oficial pela morte. "Foi um lamentável acidente, mas que foi imediatamente combatido. Houve, de qualquer maneira, a presença significativa das forças federais e estaduais. Portanto, o ritmo da Olimpíada não fica paralisado por isso. Há, sim, um grande lamento que tornou-se oficial", disse. "Mas isso não deslustra a Olimpíada, que está transcorrendo em um ritmo normalíssimo, com muitos brasileiros ganhando medalhas", acrescentou. O ministro da Defesa Raul Jungmann classificou como grave o ataque aos agentes da Força Nacional, mas disse que não havia "a menor sombra de dúvida de que o Rio de Janeiro é uma cidade segura". Em reação, o Exército cercou os acessos à comunidade às 2h da madrugada da quinta-feira (11), para impedir que bandidos deixassem a favela. Pela manhã, policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da Polícia Federal iniciaram a operação pela comunidade. Quatro homens entre 18 e 32 anos foram baleados. Igor Barbosa Gregório, 23, morreu com um tiro na cabeça.
esporte
'Morte de soldado não deslustra a Olimpíada do Rio de Janeiro', diz Temer GUSTAVO URIBE DE BRASÍLIA O presidente interino, Michel Temer, lamentou nesta sexta-feira (12) a morte do agente da Força Nacional Hélio Vieira, mas avaliou que o incidente não "deslustra" a Olimpíada do Rio de Janeiro. Segundo o peemedebista, o ritmo dos jogos esportivos não será paralisado por conta do assassinato, que para ele não afetará a imagem do evento mundial. O soldado foi baleado na cabeça na quarta-feira (10) após entrar por engano na comunidade Vila do João, no complexo da Maré. Na noite de quinta-feira (11), o governo federal declarou luto oficial pela morte. "Foi um lamentável acidente, mas que foi imediatamente combatido. Houve, de qualquer maneira, a presença significativa das forças federais e estaduais. Portanto, o ritmo da Olimpíada não fica paralisado por isso. Há, sim, um grande lamento que tornou-se oficial", disse. "Mas isso não deslustra a Olimpíada, que está transcorrendo em um ritmo normalíssimo, com muitos brasileiros ganhando medalhas", acrescentou. O ministro da Defesa Raul Jungmann classificou como grave o ataque aos agentes da Força Nacional, mas disse que não havia "a menor sombra de dúvida de que o Rio de Janeiro é uma cidade segura". Em reação, o Exército cercou os acessos à comunidade às 2h da madrugada da quinta-feira (11), para impedir que bandidos deixassem a favela. Pela manhã, policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da Polícia Federal iniciaram a operação pela comunidade. Quatro homens entre 18 e 32 anos foram baleados. Igor Barbosa Gregório, 23, morreu com um tiro na cabeça.
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Para quebrar tabu, Neuer conta com fator Copa e apoios ilustres
O goleiro alemão Neuer, 28, do Bayern de Munique, poderá quebrar um tabu nesta segunda-feira (12), na premiação da Bola de Ouro da Fifa, em Zurique, na Suíça. Se foi eleito o melhor jogador de 2014, ele se tornará o primeiro goleiro a vencer o prêmio. O já aposentado Oliver Kahn, compatriota de Neuer, ficou em segundo em 2002, melhor colocação de um atleta da posição. Na eleição, porém, o goleiro alemão tem dois concorrentes de peso: o atacante argentino Lionel Messi, dono de quatro Bolas de Ouro, e o atacante português Cristiano Ronaldo, que já venceu o prêmio por duas vezes. Para derrotá-los, Neuer tem ao seu favor o bom desempenho na Copa do Mundo do Brasil. Foi um dos grandes destaques da seleção alemã, que bateu a Argentina na final e conquistou o tetracampeonato. E vencer o Mundial sempre foi um fator preponderante na escolha. Em 1994, o Brasil levou o título. E Romário ganhou o prêmio. Em 1998, a França se sagrou campeão. E Zidane acabou eleito o melhor do mundo. Em 2002, o Brasil conquistou o pentacampeão. Ronaldo recebeu o troféu. Em 2006, depois do título da Itália, Cannavaro garantiu o prêmio. Além disso, Neuer tem recebido apoio de figuras ilustres do futebol, como do presidente da Uefa, Michel Platini, e até do ex-jogador Maradona, compatriota de Messi. "Nem Messi e nem Cristiano Ronaldo. Para mim, o candidato é Neuer, que teve mais méritos. Acho que Ronaldo e Messi relaxaram nesta temporada", disse Maradona em entrevista à rádio Havana. "Muitos jogadores merecem ganhar a Bola de Ouro, mas eu sou da opinião que o prêmio em um ano de Copa do Mundo deve ir para um jogador que venceu o Mundial", afirmou Platini. Além de ganhar a Copa com a Alemanha, Neuer, que despontou no Schalke, tem outras conquistas importantes na sua carreira, como os títulos das temporadas 2012/13 e 2013/14 do Campeonato Alemão, a Liga dos Campeões de 2012/13 e o Mundial de Clubes de 2013. O ex-atacante ucraniano Andriy Shevchenko, que fez história pelo Milan, engrossou o coro a favor do goleiro. "Os três nomes são potenciais vencedores, mas Neuer é minha escolha porque eu acho que ele fez algo especial na Copa do Mundo e também em sua temporada com o Bayern de Munique", afirmou.
esporte
Para quebrar tabu, Neuer conta com fator Copa e apoios ilustresO goleiro alemão Neuer, 28, do Bayern de Munique, poderá quebrar um tabu nesta segunda-feira (12), na premiação da Bola de Ouro da Fifa, em Zurique, na Suíça. Se foi eleito o melhor jogador de 2014, ele se tornará o primeiro goleiro a vencer o prêmio. O já aposentado Oliver Kahn, compatriota de Neuer, ficou em segundo em 2002, melhor colocação de um atleta da posição. Na eleição, porém, o goleiro alemão tem dois concorrentes de peso: o atacante argentino Lionel Messi, dono de quatro Bolas de Ouro, e o atacante português Cristiano Ronaldo, que já venceu o prêmio por duas vezes. Para derrotá-los, Neuer tem ao seu favor o bom desempenho na Copa do Mundo do Brasil. Foi um dos grandes destaques da seleção alemã, que bateu a Argentina na final e conquistou o tetracampeonato. E vencer o Mundial sempre foi um fator preponderante na escolha. Em 1994, o Brasil levou o título. E Romário ganhou o prêmio. Em 1998, a França se sagrou campeão. E Zidane acabou eleito o melhor do mundo. Em 2002, o Brasil conquistou o pentacampeão. Ronaldo recebeu o troféu. Em 2006, depois do título da Itália, Cannavaro garantiu o prêmio. Além disso, Neuer tem recebido apoio de figuras ilustres do futebol, como do presidente da Uefa, Michel Platini, e até do ex-jogador Maradona, compatriota de Messi. "Nem Messi e nem Cristiano Ronaldo. Para mim, o candidato é Neuer, que teve mais méritos. Acho que Ronaldo e Messi relaxaram nesta temporada", disse Maradona em entrevista à rádio Havana. "Muitos jogadores merecem ganhar a Bola de Ouro, mas eu sou da opinião que o prêmio em um ano de Copa do Mundo deve ir para um jogador que venceu o Mundial", afirmou Platini. Além de ganhar a Copa com a Alemanha, Neuer, que despontou no Schalke, tem outras conquistas importantes na sua carreira, como os títulos das temporadas 2012/13 e 2013/14 do Campeonato Alemão, a Liga dos Campeões de 2012/13 e o Mundial de Clubes de 2013. O ex-atacante ucraniano Andriy Shevchenko, que fez história pelo Milan, engrossou o coro a favor do goleiro. "Os três nomes são potenciais vencedores, mas Neuer é minha escolha porque eu acho que ele fez algo especial na Copa do Mundo e também em sua temporada com o Bayern de Munique", afirmou.
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Polícia Rodoviária Federal prende ex-chefe do tráfico da zona sul do Rio
Jony Paulo Gomes de Oliveira, 35, ex-chefe do tráfico nos morros da Babilônia e Chapéu Mangueira, no Leme (zona sul do Rio), e Victor França Barros Linhares, 21, foram presos na madrugada deste sábado (27) por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Uma equipe do Núcleo de Operações Especiais (NOE) da PRF fazia uma blitz na rodovia Presidente Dutra (BR116), próximo ao acesso à Linha Vermelha, quando abordou os suspeitos em um Zafira e encontrou a chave de um veículo do modelo HB20. Após vistoria, foi constatado que o chassi estava adulterado e o carro não havia sido emplacado. Os suspeitos também estavam em posse de 3.500 reais em dinheiro. Eles foram encaminhados para a 39ª DP, na Pavuna, sob acusação de adulteração de sinal de identificador de veículo automotor e foi instaurado um inquérito para apurar a procedência do carro apreendido. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, quando abordados, Jony e Victor afirmaram que estavam no outro veículo, o HB20, que apresentou problemas mecânicos e, por isso, teriam solicitado um serviço de táxi de uma cooperativa pirata do Chapadão, comunidade da zona norte do Rio. Em 2006, Jony já havia sido preso por policiais da 12ª DP de Copacabana pelo roubo de 31 armas adaptadas para tiros de festim e 70 réplicas usadas na gravação do filme Tropa de Elite. O disque-denúncia anunciava uma recompensa de mil reais por informações que levassem à sua prisão.
cotidiano
Polícia Rodoviária Federal prende ex-chefe do tráfico da zona sul do RioJony Paulo Gomes de Oliveira, 35, ex-chefe do tráfico nos morros da Babilônia e Chapéu Mangueira, no Leme (zona sul do Rio), e Victor França Barros Linhares, 21, foram presos na madrugada deste sábado (27) por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Uma equipe do Núcleo de Operações Especiais (NOE) da PRF fazia uma blitz na rodovia Presidente Dutra (BR116), próximo ao acesso à Linha Vermelha, quando abordou os suspeitos em um Zafira e encontrou a chave de um veículo do modelo HB20. Após vistoria, foi constatado que o chassi estava adulterado e o carro não havia sido emplacado. Os suspeitos também estavam em posse de 3.500 reais em dinheiro. Eles foram encaminhados para a 39ª DP, na Pavuna, sob acusação de adulteração de sinal de identificador de veículo automotor e foi instaurado um inquérito para apurar a procedência do carro apreendido. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, quando abordados, Jony e Victor afirmaram que estavam no outro veículo, o HB20, que apresentou problemas mecânicos e, por isso, teriam solicitado um serviço de táxi de uma cooperativa pirata do Chapadão, comunidade da zona norte do Rio. Em 2006, Jony já havia sido preso por policiais da 12ª DP de Copacabana pelo roubo de 31 armas adaptadas para tiros de festim e 70 réplicas usadas na gravação do filme Tropa de Elite. O disque-denúncia anunciava uma recompensa de mil reais por informações que levassem à sua prisão.
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Frederico Vasconcelos: Primeira desembargadora do TJ de São Paulo decide antecipar aposentadoria
A Desembargadora Zélia Maria Antunes Alves, da 13ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, decidiu antecipar sua aposentadoria, despedindo-se dos colegas da Câmara na última quarta-feira (4). Primeira mulher a se tornar juíza estadual em ... Leia post completo no blog
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Frederico Vasconcelos: Primeira desembargadora do TJ de São Paulo decide antecipar aposentadoriaA Desembargadora Zélia Maria Antunes Alves, da 13ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, decidiu antecipar sua aposentadoria, despedindo-se dos colegas da Câmara na última quarta-feira (4). Primeira mulher a se tornar juíza estadual em ... Leia post completo no blog
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Prouni terá 116 mil bolsas no segundo semestre; SP concentra 25,8% delas
O MEC divulgou na tarde desta sexta-feira (12) o número de bolsas que serão oferecidas pelo Prouni no segundo semestre deste ano. Ao todo, serão 116 mil, sendo mais de 25,8% delas concentradas no Estado de São Paulo. Segundo o MEC, 68.971 bolsas oferecidas são integrais e 47.033 parciais. As inscrições acontecerão entre terça (16) e quinta-feira (18) e deverão ser feitas exclusivamente pela internet. São Paulo lidera o número de vagas, com 30.519, seguido de Minas Gerais (14.335) e Rio Grande do Sul (8.088). Já os Estados com menor número de vagas ofertadas são: Roraima (165), Acre (396) e Amapá (402). Veja a divisão por Estados aqui. Podem concorrer os candidatos que fizeram o Enem 2014 e receberam nota acima de zero na redação. É preciso ainda preencher alguns requisitos como não ter diploma de ensino superior, ter cursado o ensino médio completo em escola pública ou em escola privada como bolsista. O estudante precisa ainda ter um determinado limite de renda: pertencer a família cuja renda mensal per capita não exceda 1,5 salário mínimo (R$ 1.182), para bolsas integrais, ou três salários mínimos, para parciais (50%). O estudante poderá indicar duas opções de sua preferência –os resultados serão divulgados a partir de 22 de junho. Haverá apenas uma chamada para os selecionados.
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Prouni terá 116 mil bolsas no segundo semestre; SP concentra 25,8% delasO MEC divulgou na tarde desta sexta-feira (12) o número de bolsas que serão oferecidas pelo Prouni no segundo semestre deste ano. Ao todo, serão 116 mil, sendo mais de 25,8% delas concentradas no Estado de São Paulo. Segundo o MEC, 68.971 bolsas oferecidas são integrais e 47.033 parciais. As inscrições acontecerão entre terça (16) e quinta-feira (18) e deverão ser feitas exclusivamente pela internet. São Paulo lidera o número de vagas, com 30.519, seguido de Minas Gerais (14.335) e Rio Grande do Sul (8.088). Já os Estados com menor número de vagas ofertadas são: Roraima (165), Acre (396) e Amapá (402). Veja a divisão por Estados aqui. Podem concorrer os candidatos que fizeram o Enem 2014 e receberam nota acima de zero na redação. É preciso ainda preencher alguns requisitos como não ter diploma de ensino superior, ter cursado o ensino médio completo em escola pública ou em escola privada como bolsista. O estudante precisa ainda ter um determinado limite de renda: pertencer a família cuja renda mensal per capita não exceda 1,5 salário mínimo (R$ 1.182), para bolsas integrais, ou três salários mínimos, para parciais (50%). O estudante poderá indicar duas opções de sua preferência –os resultados serão divulgados a partir de 22 de junho. Haverá apenas uma chamada para os selecionados.
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Novo tesoureiro do PT defendeu compra da refinaria de Pasadena
Escolhido na sexta-feira (17) o novo tesoureiro do PT, Márcio Macêdo já defendeu publicamente a compra da refinaria de Pasadena e as operações da Petrobras que deram início à CPI da Lava Jato. Ele também assinou, em junho do ano passado, um manifesto contra a postura do então presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, no julgamento do mensalão. "O Brasil assiste perplexo à escalada de arbitrariedades cometidas por Joaquim Barbosa", diz o documento endereçado aos demais ministros da Suprema Corte. O manifesto afirma que os sentenciados do mensalão, incluindo o ex-tesoureiro Delúbio Soares, vivem momentos de angústia. Seus signatários pedem que o tribunal reveja seus métodos. Durante o julgamento do mensalão, Macêdo também foi às ruas em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva."Quero dizer às elites do Brasil que mexer com Lula é mexer com o povo brasileiro", discursou. Ao longo de seu mandato como deputado federal, de 2011 a 2014, Macêdo subiu à tribuna para apoiar mensaleiros e dirigentes da Petrobras. Ele acusou, por exemplo, a oposição de "macular a imagem da empresa" para privatizá-la e disse que o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli "fez um bom negócio" na compra de Pasadena. "Quero repudiar a posição irresponsável da oposição em relação ao episódio da Petrobras e de Pasadena." O novo secretário de finanças do PT integra a corrente mais poderosa do partido e comandada por Lula. Nas reuniões internas, sempre apoiou a tendência composta pelo antecessor João Vaccari Neto e por Delúbio. Macêdo se define como cria do ex-presidente da Petrobras e ex-senador José Eduardo Dutra (PT-SE). Aos 44 anos, foi secretário municipal de Aracaju durante a gestão de Marcelo Déda (PT), morto em 2013, e presidiu o PT em Sergipe. Nascido na Bahia, ele é biólogo. Em entrevista à Folha, disse que pretende oxigenar a sigla. "Tenho a vida limpa."
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Novo tesoureiro do PT defendeu compra da refinaria de PasadenaEscolhido na sexta-feira (17) o novo tesoureiro do PT, Márcio Macêdo já defendeu publicamente a compra da refinaria de Pasadena e as operações da Petrobras que deram início à CPI da Lava Jato. Ele também assinou, em junho do ano passado, um manifesto contra a postura do então presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, no julgamento do mensalão. "O Brasil assiste perplexo à escalada de arbitrariedades cometidas por Joaquim Barbosa", diz o documento endereçado aos demais ministros da Suprema Corte. O manifesto afirma que os sentenciados do mensalão, incluindo o ex-tesoureiro Delúbio Soares, vivem momentos de angústia. Seus signatários pedem que o tribunal reveja seus métodos. Durante o julgamento do mensalão, Macêdo também foi às ruas em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva."Quero dizer às elites do Brasil que mexer com Lula é mexer com o povo brasileiro", discursou. Ao longo de seu mandato como deputado federal, de 2011 a 2014, Macêdo subiu à tribuna para apoiar mensaleiros e dirigentes da Petrobras. Ele acusou, por exemplo, a oposição de "macular a imagem da empresa" para privatizá-la e disse que o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli "fez um bom negócio" na compra de Pasadena. "Quero repudiar a posição irresponsável da oposição em relação ao episódio da Petrobras e de Pasadena." O novo secretário de finanças do PT integra a corrente mais poderosa do partido e comandada por Lula. Nas reuniões internas, sempre apoiou a tendência composta pelo antecessor João Vaccari Neto e por Delúbio. Macêdo se define como cria do ex-presidente da Petrobras e ex-senador José Eduardo Dutra (PT-SE). Aos 44 anos, foi secretário municipal de Aracaju durante a gestão de Marcelo Déda (PT), morto em 2013, e presidiu o PT em Sergipe. Nascido na Bahia, ele é biólogo. Em entrevista à Folha, disse que pretende oxigenar a sigla. "Tenho a vida limpa."
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Mesmo com dólar alto, exportação de calçados cai
A valorização do dólar não foi suficiente para impulsionar as exportações dos calçados brasileiros. O setor fechou 2015 com US$ 960,4 milhões (R$ 3,5 bilhões) em vendas para o exterior, uma queda de 9,4% em relação ao US$ 1,06 bilhão (R$ 3,8 bilhão) de 2014. "Os contratos são fechados com prazos longos, de seis meses. Muitos não conseguiram aproveitar", diz Heitor Klein, presidente da Abicalçados, associação do setor. A recuperação do setor deverá vir nos próximos dois anos, segundo ele. "Tivemos a crise de 2009 e depois o real mais forte, o que afetou as exportações. Esperamos retomar os patamares de 2008", afirma. A Democrata, que exporta 25% de sua produção, não encontrou demanda maior por conta dos preços melhores. "O comprador não estava com a carteira aberta à espera do Brasil", diz Marcelo Paludetto, diretor comercial. A empresa teve estagnação nas exportações em 2015 e não vê melhora para 2016, com base nos contratos fechados no primeiro semestre. O cenário foi diferente para a Bibi, de calçados infantis. A marca viu as vendas ao exterior crescerem 25%. "Não atribuímos a alta ao dólar. Foi resultado do investimento na conquista de novos mercados", afirma o presidente Marlin Kohlrausch. Para garantir uma alta de 67,4% das exportações, a Arezzo investiu em retomar contatos comerciais antigos e participação em feiras. "Queremos manter esse ritmo em 2016, para compensar o resultado do mercado interno", diz Thiago Borges, diretor financeiro da empresa. sapatos * Nova base A mexicana MDR, presente em mais de 60 países, decidiu expandir sua atuação para o solo brasileiro. A empresa abriu escritório em São Paulo para fabricar e distribuir sua linha de cosméticos para a pele. A produção foi terceirizada em três plantas paulistas. "A ideia é investir no fortalecimento da marca para ganharmos escala nas vendas e, então, abrirmos uma indústria própria", afirma João Grilo, diretor-geral da MDR no Brasil. A empresa começou com seis itens, vendidos em redes de farmácia. Os planos são chegar a 30 neste ano. O momento de economia em crise, diz Grilo, foi benéfico. "É uma oportunidade de entrar no mercado brasileiro. Há dois ou três anos, os custos eram muito altos." A experiência servirá como teste para expandir a marca para a América Latina. R$ 100 milhões é o investimento no Brasil R$ 200 milhões é o faturamento previsto * Crise derruba consumo de iogurte entre os brasileiros Os potes de iogurte perderam espaço em 2015. A queda no consumo foi de 9,2%, segundo a consultoria Kantar Worldpanel. Os produtos do tipo grego, que em 2014 haviam crescido 165% e evitado o recuo do setor, registraram alta de apenas 3,7% no ano passado. "A crise levou os clientes a favorecerem produtos mais em conta. Mas também acabou o fator novidade", afirma Vicente Jabur, executivo sênior da entidade. Na outra ponta, os iogurtes líquidos tiveram alta de 2,7%. No ano anterior, haviam retraído 2,4%. O consumidor também trocou as embalagens maiores pelas individuais. O volume médio por compra caiu 13%. Na categoria grego, por exemplo, as bandejas perderam 38,4% da preferência. As unitárias subiram 50%. "As famílias estão com o dinheiro contado. Nessa hora, não vale o custo benefício por peso e sim o preço final", afirma Jabur. Embora o volume tenha diminuído, a presença do produto lácteo nas casas brasileiras aumentou um ponto percentual, para 95%. "É um produto que o brasileiro não está disposto a abrir mão. Ele leva menos, mas compra", diz. iogurtes1 * Pra gringo ver Uma portaria aprovada em fevereiro mudou a regra para pleitear verbas dos bancos BID e CAF para projetos de Estados e cidades voltados ao desenvolvimento do turismo. Eles podem usar o dinheiro concedido pelo Prodetur, programa do Ministério do Turismo, como parte dos 40% do valor que devem apresentar como contrapartida. "Atendemos à pressão dos Estados do Norte e Nordeste que tinham mais dificuldade em juntar o dinheiro necessário", diz o ministro de Turismo, Henrique Alves. * Acerto A quantidade de acordos na Justiça do Trabalho de São Paulo aumentou 3,75% em relação a 2014. O valor médio que as empresas pagaram aos seus ex-empregados em acertos subiu 52% e ultrapassou os R$ 4.000. *Prateleiras * A Tlantic, empresa de tecnologia para supermercados, pretende crescer entre os pequenos varejistas neste ano. A previsão é de aumento de receitas, pois os clientes vão querer gerenciar melhor seus custos. Briga... O número de ações judiciais por falta de pagamento de condomínio na cidade de São Paulo teve queda de 45% em janeiro deste ano, em relação ao mesmo período de 2015. No total, foram 464 processos no primeiro mês do ano. *...de condomínio * O total de ações judiciais em todo 2015, no entanto, cresceu 11,6% em comparação ao ano anterior, com mais de 10 mil processos por inadimplência, de acordo com o Secovi-SP (sindicato de habitação). * Hora do café com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS, TAÍS HIRATA e MÁRCIA SOMAN
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Mesmo com dólar alto, exportação de calçados caiA valorização do dólar não foi suficiente para impulsionar as exportações dos calçados brasileiros. O setor fechou 2015 com US$ 960,4 milhões (R$ 3,5 bilhões) em vendas para o exterior, uma queda de 9,4% em relação ao US$ 1,06 bilhão (R$ 3,8 bilhão) de 2014. "Os contratos são fechados com prazos longos, de seis meses. Muitos não conseguiram aproveitar", diz Heitor Klein, presidente da Abicalçados, associação do setor. A recuperação do setor deverá vir nos próximos dois anos, segundo ele. "Tivemos a crise de 2009 e depois o real mais forte, o que afetou as exportações. Esperamos retomar os patamares de 2008", afirma. A Democrata, que exporta 25% de sua produção, não encontrou demanda maior por conta dos preços melhores. "O comprador não estava com a carteira aberta à espera do Brasil", diz Marcelo Paludetto, diretor comercial. A empresa teve estagnação nas exportações em 2015 e não vê melhora para 2016, com base nos contratos fechados no primeiro semestre. O cenário foi diferente para a Bibi, de calçados infantis. A marca viu as vendas ao exterior crescerem 25%. "Não atribuímos a alta ao dólar. Foi resultado do investimento na conquista de novos mercados", afirma o presidente Marlin Kohlrausch. Para garantir uma alta de 67,4% das exportações, a Arezzo investiu em retomar contatos comerciais antigos e participação em feiras. "Queremos manter esse ritmo em 2016, para compensar o resultado do mercado interno", diz Thiago Borges, diretor financeiro da empresa. sapatos * Nova base A mexicana MDR, presente em mais de 60 países, decidiu expandir sua atuação para o solo brasileiro. A empresa abriu escritório em São Paulo para fabricar e distribuir sua linha de cosméticos para a pele. A produção foi terceirizada em três plantas paulistas. "A ideia é investir no fortalecimento da marca para ganharmos escala nas vendas e, então, abrirmos uma indústria própria", afirma João Grilo, diretor-geral da MDR no Brasil. A empresa começou com seis itens, vendidos em redes de farmácia. Os planos são chegar a 30 neste ano. O momento de economia em crise, diz Grilo, foi benéfico. "É uma oportunidade de entrar no mercado brasileiro. Há dois ou três anos, os custos eram muito altos." A experiência servirá como teste para expandir a marca para a América Latina. R$ 100 milhões é o investimento no Brasil R$ 200 milhões é o faturamento previsto * Crise derruba consumo de iogurte entre os brasileiros Os potes de iogurte perderam espaço em 2015. A queda no consumo foi de 9,2%, segundo a consultoria Kantar Worldpanel. Os produtos do tipo grego, que em 2014 haviam crescido 165% e evitado o recuo do setor, registraram alta de apenas 3,7% no ano passado. "A crise levou os clientes a favorecerem produtos mais em conta. Mas também acabou o fator novidade", afirma Vicente Jabur, executivo sênior da entidade. Na outra ponta, os iogurtes líquidos tiveram alta de 2,7%. No ano anterior, haviam retraído 2,4%. O consumidor também trocou as embalagens maiores pelas individuais. O volume médio por compra caiu 13%. Na categoria grego, por exemplo, as bandejas perderam 38,4% da preferência. As unitárias subiram 50%. "As famílias estão com o dinheiro contado. Nessa hora, não vale o custo benefício por peso e sim o preço final", afirma Jabur. Embora o volume tenha diminuído, a presença do produto lácteo nas casas brasileiras aumentou um ponto percentual, para 95%. "É um produto que o brasileiro não está disposto a abrir mão. Ele leva menos, mas compra", diz. iogurtes1 * Pra gringo ver Uma portaria aprovada em fevereiro mudou a regra para pleitear verbas dos bancos BID e CAF para projetos de Estados e cidades voltados ao desenvolvimento do turismo. Eles podem usar o dinheiro concedido pelo Prodetur, programa do Ministério do Turismo, como parte dos 40% do valor que devem apresentar como contrapartida. "Atendemos à pressão dos Estados do Norte e Nordeste que tinham mais dificuldade em juntar o dinheiro necessário", diz o ministro de Turismo, Henrique Alves. * Acerto A quantidade de acordos na Justiça do Trabalho de São Paulo aumentou 3,75% em relação a 2014. O valor médio que as empresas pagaram aos seus ex-empregados em acertos subiu 52% e ultrapassou os R$ 4.000. *Prateleiras * A Tlantic, empresa de tecnologia para supermercados, pretende crescer entre os pequenos varejistas neste ano. A previsão é de aumento de receitas, pois os clientes vão querer gerenciar melhor seus custos. Briga... O número de ações judiciais por falta de pagamento de condomínio na cidade de São Paulo teve queda de 45% em janeiro deste ano, em relação ao mesmo período de 2015. No total, foram 464 processos no primeiro mês do ano. *...de condomínio * O total de ações judiciais em todo 2015, no entanto, cresceu 11,6% em comparação ao ano anterior, com mais de 10 mil processos por inadimplência, de acordo com o Secovi-SP (sindicato de habitação). * Hora do café com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS, TAÍS HIRATA e MÁRCIA SOMAN
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Cruzeiros têm durações e preços variados; confira opções de pacotes
Veja opções de pacotes para cruzeiros temáticos, que passam por outros países da América do Sul ou com saídas no Réveillon e Natal –estes, costumam ter tarifas mais caras. Com a crise, temporada de cruzeiros será menor, mas com boas promoções Cruzeiristas têm alternativas para driblar alta do dólar Navios têm telão para ver filmes da piscina e simuladores de F-1 MINICRUZEIROS São viagens curtas, de no máximo cinco noites; costumam ser opções mais econômicas R$ 552 Três noites a bordo do Rhapsody of the Seas, com saída de Santos e parada em Búzios. Embarque em 8/12. Na Agaxtur: agaxtur.com.br R$ 839 Três noites no Empress, com paradas em Santos (SP), Itajaí e Porto Belo (SC). Inclui ingresso para o Beto Carrero World. Embarques em dezembro, janeiro e fevereiro. No Hotel Urbano: hotelurbano.com/cruzeiros R$ 839 Quatro noites no MSC Armonia, com saída de Santos e paradas em Cabo Frio (RJ) e Ilhabela. Embarque em 27/11. No Decolar: decolar.com.br * FERIADOS Saídas para Réveillon, Natal ou Carnaval, costumam ter tarifas mais caras R$ 1.581 O Carnaval no MSC Magnifica parte de Santos e faz paradas em Punta del Este, Buenos Aires e Montevidéu. A viagem tem seis noites. Na CVC: cvc.com.br R$ 1.682 O cruzeiro de Natal no Costa Pacifica parte de Santos com destino a Rio, Salvador e Ilhabela. Duração de seis noites, inclui ceia de Natal. Na Visual: visualturismo.com.br R$ 4.067 O cruzeiro de Réveillon no Sovereign para em Santos, Rio, Búzios (RJ) e Paranaguá (PR). Na noite da virada, o barco fica em Copacabana. Na CVC: cvc.com.br * CONE SUL As viagens, de duração média de uma semana, incluem paradas na Argentina e no Uruguai R$ 1.434 Sete noites no Costa Pacifica, com partida de Santos e escalas em Buenos Aires e Montevidéu. Na Submarino Viagens: submarinoviagens.com.br R$ 1.731 Sete noites no MSC Magnifica, que sai de Santos e para em Buenos Aires, Montevidéu e Punta del Este. Embarques em janeiro, fevereiro e março. Na MSC: msccruzeiros.com.br R$ 7.423 São 17 noites no Rhapsody of the Seas. Com saída de Santos, faz paradas em Buenos Aires, Montevidéu, Puerto Madryn, Cabo Horn, Ushuaia, Punta Arenas, fiordes chilenos e Valparaíso, no Chile. Inclui traslado e hospedagem em Santiago e passagem aérea de volta a São Paulo. Na TAM Viagens: tamviagens.com.br * NORDESTE Salvador e Ilhéus são os portos que mais vão receber cruzeiros. Costumam durar uma semana R$ 1.013 Partindo do Rio, o MSC Lirica faz um trajeto de seis noites, parando em Búzios, Salvador e Ilhéus. Na MSC: msccruzeiros.com.br R$ 1.432 Sete noites no MSC Splendida, saindo de Santos, com escalas em Búzios, Salvador, Ilhéus e Ilha Grande. Na MSC: msccruzeiros.com.br TEMÁTICOS As saídas elegem um tema, que permeia atividades a bordo; são bastante concorridos R$ 1.699 A bordo do Costa Pacifica, o cruzeiro Fitness oferece mais de 150 aulas; entre elas, ioga, pilates e zumba. Com seis noites, sai de Santos e faz escalas no Rio, Salvador e Ilhabela. Na TAM Viagens: tamviagens.com.br R$ 2.290 O cruzeiro Sênior, de oito noites, sai de Santos e passa por Buenos Aires e Montevidéu. Tem aulas de ginástica e dança de salão e palestras sobre qualidade de vida. No Hotel Urbano: hotelurbano.com/cruzeiros R$ 7.616 * Um dos mais conhecidos, o Emoções em Alto Mar, do cantor Roberto Carlos, também será a bordo do Costa Pacifica. A viagem ocorre entre 20 e 24/1/2016. Inclui refeições e bebidas, além do traslado SP-Santos. No Projeto Emoções em Alto Mar: projetoemocoes.com.br * Preço para cabine dupla * PASSAGEM Navios de luxo passam pelo Brasil durante o verão, com rotas exclusivas (mas mais caras) US$ 6.999 (R$ 24.665) Do Rio a Miami, o Seven Seas Mariner (Regent) navega por 21 noites. Percorre um trecho do rio Amazonas e para em ilhas caribenhas. Na Regent Seven Seas: rssc.com US$ 5.999 (R$ 21.140) O Seabourn Quest sai de Fort Lauderdale (EUA) e segue com escalas em ilhas do Caribe. No Brasil, adentra o rio Amazonas e faz paradas em Santarém, Parintins e Manaus, o destino final. São 14 noites. Na Seabourn: seabourn.com * TRAVESSIAS Depois do fim da temporada, os navios se deslocam para outros destinos mundo afora; as viagens têm bom custo-benefício R$ 2.848 A volta do Rhapsody of the Seas tem escalas nas Ilhas Canárias, Málaga e Barcelona. São 14 noites, com embarque em 10/4/2016. Na Royal Caribbean: royalcaribbean.com.br R$ 4.055 Com saída do Rio, o Costa Fascinosa faz travessia de 16 noites, com destino a Savona, na Itália. Escalas em pontos como Maceió, Ilhas Canárias e Funchal. Embarque em 3/3/2016. Na Costa: costacruzeiros.com.br
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Cruzeiros têm durações e preços variados; confira opções de pacotesVeja opções de pacotes para cruzeiros temáticos, que passam por outros países da América do Sul ou com saídas no Réveillon e Natal –estes, costumam ter tarifas mais caras. Com a crise, temporada de cruzeiros será menor, mas com boas promoções Cruzeiristas têm alternativas para driblar alta do dólar Navios têm telão para ver filmes da piscina e simuladores de F-1 MINICRUZEIROS São viagens curtas, de no máximo cinco noites; costumam ser opções mais econômicas R$ 552 Três noites a bordo do Rhapsody of the Seas, com saída de Santos e parada em Búzios. Embarque em 8/12. Na Agaxtur: agaxtur.com.br R$ 839 Três noites no Empress, com paradas em Santos (SP), Itajaí e Porto Belo (SC). Inclui ingresso para o Beto Carrero World. Embarques em dezembro, janeiro e fevereiro. No Hotel Urbano: hotelurbano.com/cruzeiros R$ 839 Quatro noites no MSC Armonia, com saída de Santos e paradas em Cabo Frio (RJ) e Ilhabela. Embarque em 27/11. No Decolar: decolar.com.br * FERIADOS Saídas para Réveillon, Natal ou Carnaval, costumam ter tarifas mais caras R$ 1.581 O Carnaval no MSC Magnifica parte de Santos e faz paradas em Punta del Este, Buenos Aires e Montevidéu. A viagem tem seis noites. Na CVC: cvc.com.br R$ 1.682 O cruzeiro de Natal no Costa Pacifica parte de Santos com destino a Rio, Salvador e Ilhabela. Duração de seis noites, inclui ceia de Natal. Na Visual: visualturismo.com.br R$ 4.067 O cruzeiro de Réveillon no Sovereign para em Santos, Rio, Búzios (RJ) e Paranaguá (PR). Na noite da virada, o barco fica em Copacabana. Na CVC: cvc.com.br * CONE SUL As viagens, de duração média de uma semana, incluem paradas na Argentina e no Uruguai R$ 1.434 Sete noites no Costa Pacifica, com partida de Santos e escalas em Buenos Aires e Montevidéu. Na Submarino Viagens: submarinoviagens.com.br R$ 1.731 Sete noites no MSC Magnifica, que sai de Santos e para em Buenos Aires, Montevidéu e Punta del Este. Embarques em janeiro, fevereiro e março. Na MSC: msccruzeiros.com.br R$ 7.423 São 17 noites no Rhapsody of the Seas. Com saída de Santos, faz paradas em Buenos Aires, Montevidéu, Puerto Madryn, Cabo Horn, Ushuaia, Punta Arenas, fiordes chilenos e Valparaíso, no Chile. Inclui traslado e hospedagem em Santiago e passagem aérea de volta a São Paulo. Na TAM Viagens: tamviagens.com.br * NORDESTE Salvador e Ilhéus são os portos que mais vão receber cruzeiros. Costumam durar uma semana R$ 1.013 Partindo do Rio, o MSC Lirica faz um trajeto de seis noites, parando em Búzios, Salvador e Ilhéus. Na MSC: msccruzeiros.com.br R$ 1.432 Sete noites no MSC Splendida, saindo de Santos, com escalas em Búzios, Salvador, Ilhéus e Ilha Grande. Na MSC: msccruzeiros.com.br TEMÁTICOS As saídas elegem um tema, que permeia atividades a bordo; são bastante concorridos R$ 1.699 A bordo do Costa Pacifica, o cruzeiro Fitness oferece mais de 150 aulas; entre elas, ioga, pilates e zumba. Com seis noites, sai de Santos e faz escalas no Rio, Salvador e Ilhabela. Na TAM Viagens: tamviagens.com.br R$ 2.290 O cruzeiro Sênior, de oito noites, sai de Santos e passa por Buenos Aires e Montevidéu. Tem aulas de ginástica e dança de salão e palestras sobre qualidade de vida. No Hotel Urbano: hotelurbano.com/cruzeiros R$ 7.616 * Um dos mais conhecidos, o Emoções em Alto Mar, do cantor Roberto Carlos, também será a bordo do Costa Pacifica. A viagem ocorre entre 20 e 24/1/2016. Inclui refeições e bebidas, além do traslado SP-Santos. No Projeto Emoções em Alto Mar: projetoemocoes.com.br * Preço para cabine dupla * PASSAGEM Navios de luxo passam pelo Brasil durante o verão, com rotas exclusivas (mas mais caras) US$ 6.999 (R$ 24.665) Do Rio a Miami, o Seven Seas Mariner (Regent) navega por 21 noites. Percorre um trecho do rio Amazonas e para em ilhas caribenhas. Na Regent Seven Seas: rssc.com US$ 5.999 (R$ 21.140) O Seabourn Quest sai de Fort Lauderdale (EUA) e segue com escalas em ilhas do Caribe. No Brasil, adentra o rio Amazonas e faz paradas em Santarém, Parintins e Manaus, o destino final. São 14 noites. Na Seabourn: seabourn.com * TRAVESSIAS Depois do fim da temporada, os navios se deslocam para outros destinos mundo afora; as viagens têm bom custo-benefício R$ 2.848 A volta do Rhapsody of the Seas tem escalas nas Ilhas Canárias, Málaga e Barcelona. São 14 noites, com embarque em 10/4/2016. Na Royal Caribbean: royalcaribbean.com.br R$ 4.055 Com saída do Rio, o Costa Fascinosa faz travessia de 16 noites, com destino a Savona, na Itália. Escalas em pontos como Maceió, Ilhas Canárias e Funchal. Embarque em 3/3/2016. Na Costa: costacruzeiros.com.br
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Falta de energia provoca lentidão na linha 3-vermelha do metrô
A falta de energia elétrica entre as estações Bresser-Mooca e Palmeiras-Barra Funda do metrô provocou lentidão na linha 3-vermelha no início da manhã desta segunda-feira (4). De acordo com informações do Metrô, os trens também circulam com tempo maior de parada entre as estações. Moradores da região central e da zona norte de São Paulo também relataram falta de energia no início da manhã. A Eletropaulo ainda apura o que motivou a falta de energia elétrica.
cotidiano
Falta de energia provoca lentidão na linha 3-vermelha do metrôA falta de energia elétrica entre as estações Bresser-Mooca e Palmeiras-Barra Funda do metrô provocou lentidão na linha 3-vermelha no início da manhã desta segunda-feira (4). De acordo com informações do Metrô, os trens também circulam com tempo maior de parada entre as estações. Moradores da região central e da zona norte de São Paulo também relataram falta de energia no início da manhã. A Eletropaulo ainda apura o que motivou a falta de energia elétrica.
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Artista carioca terá obras exibidas na Times Square
Um vídeo do artista carioca Alexandre Mazza será exibido nos telões da Times Square, em Nova York, em março do ano que vem. Chamada "Se For pra Ser Amor, Que Marque a Ama", a obra foi escolhida após Mazza ganhar um prêmio em um concurso do festival americano Moving Image. Em agosto do ano passado, personagens da dupla paulistana OsGemeos foram mostrados no local, que é cartão-postal da cidade. Leia a coluna completa aqui
colunas
Artista carioca terá obras exibidas na Times SquareUm vídeo do artista carioca Alexandre Mazza será exibido nos telões da Times Square, em Nova York, em março do ano que vem. Chamada "Se For pra Ser Amor, Que Marque a Ama", a obra foi escolhida após Mazza ganhar um prêmio em um concurso do festival americano Moving Image. Em agosto do ano passado, personagens da dupla paulistana OsGemeos foram mostrados no local, que é cartão-postal da cidade. Leia a coluna completa aqui
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Nave giratória, boneca de pano e mais: veja lista de brinquedos com descontos
DE SÃO PAULO De furadeira a panela francesa de ferro, garimpamos produtos em 14 categorias com até 70% de desconto. Confira as ofertas de brinquedos. Olhou, levou! * 1 - Xilofone. De R$ 226 por R$ 182, na Cucatoys. Tel.: 3873-2809. 2 - Nave giratória Playmobil. De R$ 399,99 por R$ 169,99, na PB Kids. Promoção válida no site. www.pbkids.com.br 3 - Bolsa que muda de cor. De R$ 299,99 por R$ 199,99, na Ri Happy. Tel. 5564-3978. 4 - Mandalacarú. De R$ 51 por R$ 43, na Trenzinho Brinquedos Educativos. Tel.: 3088-0936. 5 - Tenda de sarja com bandeiras e estrutura de bambu. De R$ 690 por R$ 586,50, na Futon Company. Tel. 3083-6212. 6 - Boneca de pano. De R$ 35 por R$ 25 cada uma, na Preta Pretinha Brinquedos. Tel.: 3812-6066. * Os preços e a disponibilidade dos produtos doram conferidos entre os dias 1º, 2 e 3/8. As mercadorias estão sujeitas à variação do estoque
saopaulo
Nave giratória, boneca de pano e mais: veja lista de brinquedos com descontosDE SÃO PAULO De furadeira a panela francesa de ferro, garimpamos produtos em 14 categorias com até 70% de desconto. Confira as ofertas de brinquedos. Olhou, levou! * 1 - Xilofone. De R$ 226 por R$ 182, na Cucatoys. Tel.: 3873-2809. 2 - Nave giratória Playmobil. De R$ 399,99 por R$ 169,99, na PB Kids. Promoção válida no site. www.pbkids.com.br 3 - Bolsa que muda de cor. De R$ 299,99 por R$ 199,99, na Ri Happy. Tel. 5564-3978. 4 - Mandalacarú. De R$ 51 por R$ 43, na Trenzinho Brinquedos Educativos. Tel.: 3088-0936. 5 - Tenda de sarja com bandeiras e estrutura de bambu. De R$ 690 por R$ 586,50, na Futon Company. Tel. 3083-6212. 6 - Boneca de pano. De R$ 35 por R$ 25 cada uma, na Preta Pretinha Brinquedos. Tel.: 3812-6066. * Os preços e a disponibilidade dos produtos doram conferidos entre os dias 1º, 2 e 3/8. As mercadorias estão sujeitas à variação do estoque
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Vereadores de São Paulo aprovam aumento dos próprios salários
Em meio à crise econômica, os vereadores de São Paulo aprovaram o aumento de seus próprios salários na tarde desta terça-feira (20). O reajuste de 26,3% para 2017 eleva os ganhos dos 55 vereadores da Casa de R$ 15.031,76 para R$ 18.991,68. O aumento ocorre a 11 dias do fim do mandato e contraria medida do futuro prefeito, João Doria (PSDB), que vetou para o ano que vem reajuste dos salários dele, do vice-prefeito e dos secretários. O aumento só para a Câmara é automático e não depende de sanção do prefeito. De acordo com a lei municipal, os subsídios dos vereadores só podem ser alterados ao fim de uma legislatura. Foram menos de cinco minutos entre a colocação do projeto de reajuste na pauta de votação e a aprovação. Logo em seguida, os vereadores aprovaram o orçamento da cidade para 2017 e encerraram a sessão, dando início ao recesso parlamentar. Os vereadores voltarão para a posse no dia 1º. Em seguida, voltam ao recesso, que só acaba em fevereiro. Foram 30 votos a favor e 11 contrários. Votam contra os vereadores Andrea Matarazzo (PSD), Aurélio Nomura (PSDB), Aurélio Miguel (PR), José Police Neto (PSD), Mário Covas Neto (PSDB), Gilberto Natalini (PV), Massataka Ota (PSB), Patrícia Bezerra (PSDB), Ricardo Nunes (PMDB), Salomão Pereira (PSDB), e Toninho Vespoli (PSOL). Outros 14 vereadores não votaram e são considerados ausentes. DISTANCIAMENTO "O aumento de salários em meio à crise econômica evidencia o distanciamento desta Casa com a população. Está em total desconexão com a realidade", disse Vespoli. Um dos autores do projeto e cotado para a presidência da Casa no ano que vem, Milton Leite (DEM) disse que a alta dos salários é justa. "O aumento de 26% não é tão significativo diante de quatro anos sem aumento. É menor que a inflação acumulada, de aproximadamente 32%", disse. Questionado sobre parlamentos de outros países em que legisladores não têm salário, Leite disse que tomá-los como exemplo seria "uma falsidade com a democracia". "Se pensarmos nessa mudança, é necessário discutir com a sociedade que tipo de parlamento ela quer e como ela quer ser representada. Aí isso poderia mudar. Os subsídios existem em todas as esferas de Poder, não só em São Paulo", disse. José Police Neto (PSD) votou contra, mas disse achar justo o reajuste. "Justo eu acho que é, mas não neste momento de crise econômica e previsão de corte de gastos", afirmou. O reajuste foi articulado pela Mesa Diretora da Casa, sob o argumento de que os salários estão congelados há quatro anos. De acordo com o Legislativo, o orçamento da Câmara para o ano que vem, de R$ 620 milhões, é suficiente para pagar os novos salários. O reajuste dos 55 vereadores terá um impacto anual de R$ 2,6 milhões ao Legislativo. CUSTOS Além do salário, os vereadores tem direito a R$ 22 mil de verba de gabinete mensal. Os custos com salários e benefícios de 20 servidores aos quais os vereadores têm direito chegam a R$ 140 mil mensais. No entanto, o aumento aos parlamentares não altera em nada a folha salarial dos funcionários. Estes continuem tendo como teto o salário do prefeito (R$ 24,1 mil), que não sofreu alterações. A mudança segue a Constituição Federal, mas gera polêmica em meio à crise econômica e à queda de arrecadação na cidade. A questão começou a ser discutida na mesa diretora da Casa no fim de novembro sob o argumento de que o debate só pode ocorrer antes do início de um novo mandato. O projeto de aumento é assinado pelos vereadores Milton Leite (DEM), Adilson Amadeu (PTB) e Adolfo Quintas (PSD). O presidente da Câmara, que votou favoravelmente à mudança, não falou com jornalistas após o fim da sessão. Durante seus dois anos de mandato, ele defendeu que a Casa reduziu os custos no biênio em que ele comandou a Câmara. A presidência da Câmara defende que o reajuste seria abaixo da inflação a contar do último aumento para cá, que foi de aproximadamente 32%. De acordo com a Constituição, o salário do prefeito não pode ultrapassar 90,2% dos rendimentos de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Já o dos vereadores equivale a 75% dos ganhos de um deputado estadual, que é de R$ 25.322,25. Mesmo com o teto de salário dos funcionários da prefeitura, há centenas de servidores –incluindo aposentados– que tem ganhos acima do que recebe o prefeito. Eles conseguiram o direito por meio de ações na Justiça. É o caso de servidores da própria Câmara e de procuradores do município. Com patrimônio aproximado de R$ 180 milhões, Doria já anunciou que doará sua remuneração para instituições. ORÇAMENTO Os vereadores também aprovaram, em definitivo, o Orçamento para 2017, primeiro ano da gestão Doria. A previsão total de receita do município para o ano que vem é de R$ 54,5 milhões. Os vereadores articularam com a equipe de Doria alterações que interferem diretamente nos redutos eleitorais de vereadores. Aumentou, por exemplo o valor previsto para emendas parlamentares (obras indicadas por vereadores) de R$ 166 milhões previstos no orçamento enviado por Haddad para R$ 231 milhões. Além disso, orçamento das subprefeituras (que serão rebatizadas como prefeituras regionais) saltou de R$ 1,2 bilhão previstos no projeto de Haddad para R$ 1,34 bilhão. Um projeto de ampliação de galerias de água sob o Legislativo também obrigou uma mudança no orçamento na casa de R$ 30 milhões. Esse valor foi retirado de contratos com a limpeza pública e transferido para a Câmara. Trata-se de uma obra prevista pela Secretaria de Infraestrutura Urbana na região central, mas afetará o subterrâneo do Legislativo, que arcará com os custos de parte da obra. Mesmo com a manutenção da tarifa de ônibus, o subsídio para as empresas de ônibus foi mantido em R$ 1,7 bilhão, sendo que a previsão é de que deva chegar aos R$ 3 bilhões. No entanto, a gestão tem autonomia para remanejar 10% do orçamento, o que permitiria o pagamento às viações. PROTESTO Pelo menos oito pessoas ocuparam uma antessala da presidência da Câmara. O grupo protestou contra o aumento dos vereadores e a não votação de uma série de outros projetos, entre eles os ligados à área de cultura. "Em cinco minutos, eles votaram o aumento de salário deles e derrubaram tudo o que era de interesse da periferia e da cultura ", disse um dos ativistas, que pediu para não ser identificado. "Se para cultura não tem dinheiro, aumento para vereador tem? Enquanto não revogarem esse aumento, não sairemos", disse o ativista cultural e designer Jesus dos Santos, 32. Eles deixaram o local após reunião com o presidente da Casa, Antônio Donato. A manifestação foi pacífica. Os manifestantes pertencem a coletivos ligados à cultura, movimentos de periferia e estudantes secundaristas.
cotidiano
Vereadores de São Paulo aprovam aumento dos próprios saláriosEm meio à crise econômica, os vereadores de São Paulo aprovaram o aumento de seus próprios salários na tarde desta terça-feira (20). O reajuste de 26,3% para 2017 eleva os ganhos dos 55 vereadores da Casa de R$ 15.031,76 para R$ 18.991,68. O aumento ocorre a 11 dias do fim do mandato e contraria medida do futuro prefeito, João Doria (PSDB), que vetou para o ano que vem reajuste dos salários dele, do vice-prefeito e dos secretários. O aumento só para a Câmara é automático e não depende de sanção do prefeito. De acordo com a lei municipal, os subsídios dos vereadores só podem ser alterados ao fim de uma legislatura. Foram menos de cinco minutos entre a colocação do projeto de reajuste na pauta de votação e a aprovação. Logo em seguida, os vereadores aprovaram o orçamento da cidade para 2017 e encerraram a sessão, dando início ao recesso parlamentar. Os vereadores voltarão para a posse no dia 1º. Em seguida, voltam ao recesso, que só acaba em fevereiro. Foram 30 votos a favor e 11 contrários. Votam contra os vereadores Andrea Matarazzo (PSD), Aurélio Nomura (PSDB), Aurélio Miguel (PR), José Police Neto (PSD), Mário Covas Neto (PSDB), Gilberto Natalini (PV), Massataka Ota (PSB), Patrícia Bezerra (PSDB), Ricardo Nunes (PMDB), Salomão Pereira (PSDB), e Toninho Vespoli (PSOL). Outros 14 vereadores não votaram e são considerados ausentes. DISTANCIAMENTO "O aumento de salários em meio à crise econômica evidencia o distanciamento desta Casa com a população. Está em total desconexão com a realidade", disse Vespoli. Um dos autores do projeto e cotado para a presidência da Casa no ano que vem, Milton Leite (DEM) disse que a alta dos salários é justa. "O aumento de 26% não é tão significativo diante de quatro anos sem aumento. É menor que a inflação acumulada, de aproximadamente 32%", disse. Questionado sobre parlamentos de outros países em que legisladores não têm salário, Leite disse que tomá-los como exemplo seria "uma falsidade com a democracia". "Se pensarmos nessa mudança, é necessário discutir com a sociedade que tipo de parlamento ela quer e como ela quer ser representada. Aí isso poderia mudar. Os subsídios existem em todas as esferas de Poder, não só em São Paulo", disse. José Police Neto (PSD) votou contra, mas disse achar justo o reajuste. "Justo eu acho que é, mas não neste momento de crise econômica e previsão de corte de gastos", afirmou. O reajuste foi articulado pela Mesa Diretora da Casa, sob o argumento de que os salários estão congelados há quatro anos. De acordo com o Legislativo, o orçamento da Câmara para o ano que vem, de R$ 620 milhões, é suficiente para pagar os novos salários. O reajuste dos 55 vereadores terá um impacto anual de R$ 2,6 milhões ao Legislativo. CUSTOS Além do salário, os vereadores tem direito a R$ 22 mil de verba de gabinete mensal. Os custos com salários e benefícios de 20 servidores aos quais os vereadores têm direito chegam a R$ 140 mil mensais. No entanto, o aumento aos parlamentares não altera em nada a folha salarial dos funcionários. Estes continuem tendo como teto o salário do prefeito (R$ 24,1 mil), que não sofreu alterações. A mudança segue a Constituição Federal, mas gera polêmica em meio à crise econômica e à queda de arrecadação na cidade. A questão começou a ser discutida na mesa diretora da Casa no fim de novembro sob o argumento de que o debate só pode ocorrer antes do início de um novo mandato. O projeto de aumento é assinado pelos vereadores Milton Leite (DEM), Adilson Amadeu (PTB) e Adolfo Quintas (PSD). O presidente da Câmara, que votou favoravelmente à mudança, não falou com jornalistas após o fim da sessão. Durante seus dois anos de mandato, ele defendeu que a Casa reduziu os custos no biênio em que ele comandou a Câmara. A presidência da Câmara defende que o reajuste seria abaixo da inflação a contar do último aumento para cá, que foi de aproximadamente 32%. De acordo com a Constituição, o salário do prefeito não pode ultrapassar 90,2% dos rendimentos de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Já o dos vereadores equivale a 75% dos ganhos de um deputado estadual, que é de R$ 25.322,25. Mesmo com o teto de salário dos funcionários da prefeitura, há centenas de servidores –incluindo aposentados– que tem ganhos acima do que recebe o prefeito. Eles conseguiram o direito por meio de ações na Justiça. É o caso de servidores da própria Câmara e de procuradores do município. Com patrimônio aproximado de R$ 180 milhões, Doria já anunciou que doará sua remuneração para instituições. ORÇAMENTO Os vereadores também aprovaram, em definitivo, o Orçamento para 2017, primeiro ano da gestão Doria. A previsão total de receita do município para o ano que vem é de R$ 54,5 milhões. Os vereadores articularam com a equipe de Doria alterações que interferem diretamente nos redutos eleitorais de vereadores. Aumentou, por exemplo o valor previsto para emendas parlamentares (obras indicadas por vereadores) de R$ 166 milhões previstos no orçamento enviado por Haddad para R$ 231 milhões. Além disso, orçamento das subprefeituras (que serão rebatizadas como prefeituras regionais) saltou de R$ 1,2 bilhão previstos no projeto de Haddad para R$ 1,34 bilhão. Um projeto de ampliação de galerias de água sob o Legislativo também obrigou uma mudança no orçamento na casa de R$ 30 milhões. Esse valor foi retirado de contratos com a limpeza pública e transferido para a Câmara. Trata-se de uma obra prevista pela Secretaria de Infraestrutura Urbana na região central, mas afetará o subterrâneo do Legislativo, que arcará com os custos de parte da obra. Mesmo com a manutenção da tarifa de ônibus, o subsídio para as empresas de ônibus foi mantido em R$ 1,7 bilhão, sendo que a previsão é de que deva chegar aos R$ 3 bilhões. No entanto, a gestão tem autonomia para remanejar 10% do orçamento, o que permitiria o pagamento às viações. PROTESTO Pelo menos oito pessoas ocuparam uma antessala da presidência da Câmara. O grupo protestou contra o aumento dos vereadores e a não votação de uma série de outros projetos, entre eles os ligados à área de cultura. "Em cinco minutos, eles votaram o aumento de salário deles e derrubaram tudo o que era de interesse da periferia e da cultura ", disse um dos ativistas, que pediu para não ser identificado. "Se para cultura não tem dinheiro, aumento para vereador tem? Enquanto não revogarem esse aumento, não sairemos", disse o ativista cultural e designer Jesus dos Santos, 32. Eles deixaram o local após reunião com o presidente da Casa, Antônio Donato. A manifestação foi pacífica. Os manifestantes pertencem a coletivos ligados à cultura, movimentos de periferia e estudantes secundaristas.
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Só à luz do dia
Por 11 votos a zero, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o dispositivo da reforma política aprovada em setembro pelo Congresso que permitia as chamadas doações ocultas nas eleições. Embora provisória –trata-se ainda de liminar em ação da Ordem dos Advogados do Brasil–, a decisão sinalizou que os ministros da corte suprema não compactuam com a tentativa dos partidos de escamotear os vínculos entre doadores e candidatos beneficiados. A falta de transparência sobre o financiamento é danosa para a democracia. Os eleitores têm direito de apoiar os postulantes com os quais se identificam, mas as doações precisam ser feitas à vista de todos –tanto para que se saiba quem secunda determinada candidatura como para que seja mais fácil fiscalizar a atuação do político. A Operação Lava Jato tem revelado à exaustão negociatas entre patrocinadores e eleitos, sempre regidas por uma interpretação perversa do princípio franciscano "é dando que se recebe". A fim de manter transações em sigilo, muitos partidos brasileiros recorriam ao expediente de reunir as contribuições em um caixa único. O bolo era depois repassado aos candidatos sem que os patronos fossem identificados. O Tribunal Superior Eleitoral tentou cercear esse subterfúgio em 2010, mas as precauções adotadas se revelaram insuficientes. Naquele pleito, as 12 maiores legendas mantiveram nas sombras o destino de mais de R$ 500 milhões que aportaram nos comitês eleitorais. No ano passado, o TSE determinou, pela primeira vez, que as siglas revelassem os doadores originais de todos os recursos. Os partidos reagiram. A reforma eleitoral aprovada em marcha forçada procurou apagar o rastro do dinheiro. Por meio de um parágrafo introduzido no artigo 28 da Lei Eleitoral, o Congresso tentou derrubar a resolução 23.406 do TSE, insistindo em que todos os valores repassados pelos partidos a seus candidatos fossem registrados "sem individualização dos doadores". Felizmente o STF não se deixou intimidar por essa manobra para restabelecer o "statu quo ante". Como sustentou a ministra Cármen Lúcia, "a transparência faz parte da democracia. Ou se tem democracia e, portanto, transparência, ou não se tem democracia". É claro que a decisão do STF não vai eliminar os acertos entre doadores e políticos, e muito menos suprimirá o caixa dois. Doações ocultas não deixarão de existir, lamentavelmente, mas se tornarão mais difíceis e, sobretudo, não contarão com o verniz de legalidade que os congressistas passaram sobre elas. [email protected]
opiniao
Só à luz do diaPor 11 votos a zero, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o dispositivo da reforma política aprovada em setembro pelo Congresso que permitia as chamadas doações ocultas nas eleições. Embora provisória –trata-se ainda de liminar em ação da Ordem dos Advogados do Brasil–, a decisão sinalizou que os ministros da corte suprema não compactuam com a tentativa dos partidos de escamotear os vínculos entre doadores e candidatos beneficiados. A falta de transparência sobre o financiamento é danosa para a democracia. Os eleitores têm direito de apoiar os postulantes com os quais se identificam, mas as doações precisam ser feitas à vista de todos –tanto para que se saiba quem secunda determinada candidatura como para que seja mais fácil fiscalizar a atuação do político. A Operação Lava Jato tem revelado à exaustão negociatas entre patrocinadores e eleitos, sempre regidas por uma interpretação perversa do princípio franciscano "é dando que se recebe". A fim de manter transações em sigilo, muitos partidos brasileiros recorriam ao expediente de reunir as contribuições em um caixa único. O bolo era depois repassado aos candidatos sem que os patronos fossem identificados. O Tribunal Superior Eleitoral tentou cercear esse subterfúgio em 2010, mas as precauções adotadas se revelaram insuficientes. Naquele pleito, as 12 maiores legendas mantiveram nas sombras o destino de mais de R$ 500 milhões que aportaram nos comitês eleitorais. No ano passado, o TSE determinou, pela primeira vez, que as siglas revelassem os doadores originais de todos os recursos. Os partidos reagiram. A reforma eleitoral aprovada em marcha forçada procurou apagar o rastro do dinheiro. Por meio de um parágrafo introduzido no artigo 28 da Lei Eleitoral, o Congresso tentou derrubar a resolução 23.406 do TSE, insistindo em que todos os valores repassados pelos partidos a seus candidatos fossem registrados "sem individualização dos doadores". Felizmente o STF não se deixou intimidar por essa manobra para restabelecer o "statu quo ante". Como sustentou a ministra Cármen Lúcia, "a transparência faz parte da democracia. Ou se tem democracia e, portanto, transparência, ou não se tem democracia". É claro que a decisão do STF não vai eliminar os acertos entre doadores e políticos, e muito menos suprimirá o caixa dois. Doações ocultas não deixarão de existir, lamentavelmente, mas se tornarão mais difíceis e, sobretudo, não contarão com o verniz de legalidade que os congressistas passaram sobre elas. [email protected]
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Mansões e coberturas abrigam os endinheirados que vieram curtir os Jogos
ROBERTO DE OLIVEIRA ENVIADO ESPECIAL AO RIO Em tempos de ocupação olímpica, um cantinho de privacidade custa caro. À beira-mar ou cercado pela natureza, uma fortuna. Na casa projetada pelo arquiteto Claudio Bernardes, esconde-se um robusto jardim criado pelo paisagista Roberto Burle Marx, numa área com cerca de 8.000 m². Em qualquer pedacinho em que se esteja, não dá para ver os vizinhos, muito menos ser visto por eles. Luxuoso e confortável, o imóvel, onde o som mais próximo do estridente é o trinado dos passarinhos cantando, foi alugado por US$ 40 mil (cerca de R$ 130 mil)... a diária. Toda e qualquer discrição vale a pena: o espaço será morada de um grupo de magnatas árabes, bem no alto do pequenino e nobre bairro do Joá, espécie de divisor de águas entre a zona oeste e a zona sul do Rio, encravado no morro da Joatinga. A cerca de 10 km dali, uma rua tranquila e arborizada do Jardim Botânico abriga apenas seis casas, mas são "as casas". Sem saída, a área cheira a rosas. Privilegiado por tanta tranquilidade, esse ambiente servirá de abrigo para a versão olímpica da Embaixada do Qatar, país-anfitrião da Copa de 2022. Entre seus inquilinos está a autoridade máxima do estratégico Estado do Golfo Pérsico: o emir Tamim bin Hamad Al Thani, filho do xeque Hamad bin Khalifa Al Thani, um dos homens mais ricos do mundo, que, em 2013, abdicou do trono de forma inédita no mundo árabe em prol do herdeiro. Só a mansão principal, pé-direito de 9 metros, sofá de 24 assentos no lobby, sete suítes e um escritório suspenso por cabos de aço, ocupa 7.000 m². Por questões contratuais, fotos ali dentro estão terminantemente proibidas. A vista é de um cartão-postal: no alto, o Cristo Redentor de braços abertos, abaixo, o deque de madeira se encontra com a piscina, dando a impressão de que ela vai desaguar bem no verde do Jardim Botânico. Desde o começo do ano passado, a sondagem por aquele território vem sendo cultivada a sete chaves para garantir que ele se transformasse, por pelo menos um mês, em um pedacinho do Qatar dentro do Rio de Janeiro. Dois meses atrás, um funcionário da embaixada veio de Brasília para organizar a chegada da comitiva. Fluente em inglês, português e, é claro, árabe, está hospedado no Copacabana Palace, o clássico hotel do bairro, onde outras 50 pessoas daquele país se juntarão a ele durante os Jogos. DRINQUES E MIMOS Leonardo Schneider, 44, vice-presidente do Secovi-Rio, afirma que o mercado imobiliário AAA vive um momento de euforia nesta Olimpíada quando comparado ao do Réveillon. Explica que, depois da Copa do Mundo, há dois anos, quando esse segmento atingiu seu ápice, o número de proprietários colocando casas e coberturas de luxo para alugar aumentou durante a Rio-2016. A oferta teve impacto direto nos preços, que sofreram uma queda de 20%, se comparado aos praticados durante o Mundial de futebol. São Conrado/Joá, orla de Leblon/Ipanema e Lagoa compõem o "top 3" dos cenários dos sonhos dos estrangeiros, segundo a Folha apurou, nas duas últimas semanas, com dez imobiliárias de alto padrão. Nesses ambientes, decorados com peças de design assinado e obras de arte, construções que esbanjam o uso de madeira, favorecendo a harmonia entre concreto e natureza, a locação na temporada olímpica pode chegar a R$ 2 milhões. Todo o processo de aluguel e ocupação é mantido sob sigilo absoluto. Quem aluga ou alugou não fala sobre o assunto por razões, óbvias, de segurança. Chefes de Estados, delegações, federações e CEOs de patrocinadores engrossam a lista de locatários VIPs durante o evento. Executivos de marcas como Adidas, Nike e Apple também fazem parte da seleta clientela. A grandiosidade e o luxo dos imóveis servem ainda de cenários para campanhas de marketing da Rio-2016, com atletas posando diante de vistas deslumbrantes da cidade maravilhosa. A colombiana Juliana Guzman e o francês Arnaud Bughon são donos da Rio Exclusive, uma das maiores empresas do setor. Seu "staff" não é tão plural quanto o da Vila Olímpica, mas possui uma equipe com 150 pessoas de 16 nacionalidades, profissionais que, nas palavras de Juliana, "possuem experiência internacional e vivenciaram o luxo". Outro pré-requisito: disponibilidade para trabalhar 24 horas por dia. É comum atender a pedidos como troca de lençóis, no meio da noite, ou ir para cozinha para preparar uma lagosta à thermidor durante a madrugada. O aluguel envolve um pacote de mimos com direito a seis profissionais, todos bilíngues, entre eles um chef, um assistente de cozinha, uma anfitriã (governanta moderna), um funcionário de limpeza, outro de manutenção e um "poolboy", especialista em drinques. Seguranças particulares, fisioterapeutas, personal trainers e até mesmo maquiadores, fluentes em inglês, no mínimo, podem ser incluídos, mediante pagamento à parte, é claro. Só da Rússia, a Rio Exclusive está cuidando de cem pessoas, entre profissionais de federação, delegação e comitê. Do cardápio a pacotes de passeios pelo Rio, tudo é traduzido para aquele idioma. Até uma designer gráfica foi contratada para elaborar projetos na língua de Vladimir Putin -este não deve dar as caras por aqui. Antes da ocupação estrangeira, um esquema de vistoria entra em ação. Uma empresa é contratada para fotografar o imóvel e tudo o que há dentro dele. Outra retira objetos pessoais, que são encaixotados e armazenados num depósito. Pós-faxina geral, arquitetos e engenheiros realizam um "check-up", antes de o novo inquilino ali se instalar. Somente essa operação, orçada em R$ 100 mil, explica Juliana, pode levar de quatro a seis dias. Diante de tanto esmero e tamanho investimento, esses hóspedes-ilustres, com toda a certeza que o dinheiro pode comprar, esperam não se deparar com goteiras nem ralos entupidos.
esporte
Mansões e coberturas abrigam os endinheirados que vieram curtir os Jogos ROBERTO DE OLIVEIRA ENVIADO ESPECIAL AO RIO Em tempos de ocupação olímpica, um cantinho de privacidade custa caro. À beira-mar ou cercado pela natureza, uma fortuna. Na casa projetada pelo arquiteto Claudio Bernardes, esconde-se um robusto jardim criado pelo paisagista Roberto Burle Marx, numa área com cerca de 8.000 m². Em qualquer pedacinho em que se esteja, não dá para ver os vizinhos, muito menos ser visto por eles. Luxuoso e confortável, o imóvel, onde o som mais próximo do estridente é o trinado dos passarinhos cantando, foi alugado por US$ 40 mil (cerca de R$ 130 mil)... a diária. Toda e qualquer discrição vale a pena: o espaço será morada de um grupo de magnatas árabes, bem no alto do pequenino e nobre bairro do Joá, espécie de divisor de águas entre a zona oeste e a zona sul do Rio, encravado no morro da Joatinga. A cerca de 10 km dali, uma rua tranquila e arborizada do Jardim Botânico abriga apenas seis casas, mas são "as casas". Sem saída, a área cheira a rosas. Privilegiado por tanta tranquilidade, esse ambiente servirá de abrigo para a versão olímpica da Embaixada do Qatar, país-anfitrião da Copa de 2022. Entre seus inquilinos está a autoridade máxima do estratégico Estado do Golfo Pérsico: o emir Tamim bin Hamad Al Thani, filho do xeque Hamad bin Khalifa Al Thani, um dos homens mais ricos do mundo, que, em 2013, abdicou do trono de forma inédita no mundo árabe em prol do herdeiro. Só a mansão principal, pé-direito de 9 metros, sofá de 24 assentos no lobby, sete suítes e um escritório suspenso por cabos de aço, ocupa 7.000 m². Por questões contratuais, fotos ali dentro estão terminantemente proibidas. A vista é de um cartão-postal: no alto, o Cristo Redentor de braços abertos, abaixo, o deque de madeira se encontra com a piscina, dando a impressão de que ela vai desaguar bem no verde do Jardim Botânico. Desde o começo do ano passado, a sondagem por aquele território vem sendo cultivada a sete chaves para garantir que ele se transformasse, por pelo menos um mês, em um pedacinho do Qatar dentro do Rio de Janeiro. Dois meses atrás, um funcionário da embaixada veio de Brasília para organizar a chegada da comitiva. Fluente em inglês, português e, é claro, árabe, está hospedado no Copacabana Palace, o clássico hotel do bairro, onde outras 50 pessoas daquele país se juntarão a ele durante os Jogos. DRINQUES E MIMOS Leonardo Schneider, 44, vice-presidente do Secovi-Rio, afirma que o mercado imobiliário AAA vive um momento de euforia nesta Olimpíada quando comparado ao do Réveillon. Explica que, depois da Copa do Mundo, há dois anos, quando esse segmento atingiu seu ápice, o número de proprietários colocando casas e coberturas de luxo para alugar aumentou durante a Rio-2016. A oferta teve impacto direto nos preços, que sofreram uma queda de 20%, se comparado aos praticados durante o Mundial de futebol. São Conrado/Joá, orla de Leblon/Ipanema e Lagoa compõem o "top 3" dos cenários dos sonhos dos estrangeiros, segundo a Folha apurou, nas duas últimas semanas, com dez imobiliárias de alto padrão. Nesses ambientes, decorados com peças de design assinado e obras de arte, construções que esbanjam o uso de madeira, favorecendo a harmonia entre concreto e natureza, a locação na temporada olímpica pode chegar a R$ 2 milhões. Todo o processo de aluguel e ocupação é mantido sob sigilo absoluto. Quem aluga ou alugou não fala sobre o assunto por razões, óbvias, de segurança. Chefes de Estados, delegações, federações e CEOs de patrocinadores engrossam a lista de locatários VIPs durante o evento. Executivos de marcas como Adidas, Nike e Apple também fazem parte da seleta clientela. A grandiosidade e o luxo dos imóveis servem ainda de cenários para campanhas de marketing da Rio-2016, com atletas posando diante de vistas deslumbrantes da cidade maravilhosa. A colombiana Juliana Guzman e o francês Arnaud Bughon são donos da Rio Exclusive, uma das maiores empresas do setor. Seu "staff" não é tão plural quanto o da Vila Olímpica, mas possui uma equipe com 150 pessoas de 16 nacionalidades, profissionais que, nas palavras de Juliana, "possuem experiência internacional e vivenciaram o luxo". Outro pré-requisito: disponibilidade para trabalhar 24 horas por dia. É comum atender a pedidos como troca de lençóis, no meio da noite, ou ir para cozinha para preparar uma lagosta à thermidor durante a madrugada. O aluguel envolve um pacote de mimos com direito a seis profissionais, todos bilíngues, entre eles um chef, um assistente de cozinha, uma anfitriã (governanta moderna), um funcionário de limpeza, outro de manutenção e um "poolboy", especialista em drinques. Seguranças particulares, fisioterapeutas, personal trainers e até mesmo maquiadores, fluentes em inglês, no mínimo, podem ser incluídos, mediante pagamento à parte, é claro. Só da Rússia, a Rio Exclusive está cuidando de cem pessoas, entre profissionais de federação, delegação e comitê. Do cardápio a pacotes de passeios pelo Rio, tudo é traduzido para aquele idioma. Até uma designer gráfica foi contratada para elaborar projetos na língua de Vladimir Putin -este não deve dar as caras por aqui. Antes da ocupação estrangeira, um esquema de vistoria entra em ação. Uma empresa é contratada para fotografar o imóvel e tudo o que há dentro dele. Outra retira objetos pessoais, que são encaixotados e armazenados num depósito. Pós-faxina geral, arquitetos e engenheiros realizam um "check-up", antes de o novo inquilino ali se instalar. Somente essa operação, orçada em R$ 100 mil, explica Juliana, pode levar de quatro a seis dias. Diante de tanto esmero e tamanho investimento, esses hóspedes-ilustres, com toda a certeza que o dinheiro pode comprar, esperam não se deparar com goteiras nem ralos entupidos.
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A fábrica do nada
RIO DE JANEIRO - "Quem se desloca recebe. Quem pede tem preferência". No início desta crônica eu poderia citar Platão, Nietzsche ou Santo Agostinho. Preferi citar Gentil Cardoso, folclórico técnico de futebol em outros tempos. Pensando bem, a máxima serve para todos e em qualquer circunstância. Serve até para Deus, que pairava sobre as águas sem nada para fazer. Para passar o infinito do seu tempo sem fazer mais nada, criou o céu, as estrelas e alguns bichos, entre os quais o macaco. Como tinha muito tempo para não fazer mais nada, enjoou do macaco e fez dele o primeiro homem. Não se deslocou de onde estava e ninguém pediu qualquer coisa a ele. Até que teve a infeliz ideia de fazer o primeiro homem, colocando-o num paraíso criado especialmente para a sua nova obra. Ficou muito cansado e resolveu descansar sete dias, que se prolongaram em vários séculos. Quando acabou o repouso, viu que havia feito uma besteira. Inundou a sua criação durante 40 dias e 40 noites. Para não esquecer o que havia feito, salvou o homem e os animais, um casal de cada espécie. Ficou exausto novamente e resolveu descansar. E até hoje continua repousando, deixando sua obra em busca de um destino. Em compensação, deu-lhe o livre-arbítrio. E assim chegamos a 2017, às armas químicas, à Lava Jato e ao rock. Chegou ao ponto de tolerar que um cronista, que também não gosta de fazer nada, escrevesse esta crônica, pedindo que ele não acorde nunca e deixe sua obra em busca do nada. Os deuses gregos recusaram o nada e fornicaram com suas filhas, cunhadas, primas, vizinhas e até mesmo suas mães. Criados à sua imagem e semelhança, tivemos uma respeitável herança que se tornou a fábrica do tudo, inclusive da Odebrecht.
colunas
A fábrica do nadaRIO DE JANEIRO - "Quem se desloca recebe. Quem pede tem preferência". No início desta crônica eu poderia citar Platão, Nietzsche ou Santo Agostinho. Preferi citar Gentil Cardoso, folclórico técnico de futebol em outros tempos. Pensando bem, a máxima serve para todos e em qualquer circunstância. Serve até para Deus, que pairava sobre as águas sem nada para fazer. Para passar o infinito do seu tempo sem fazer mais nada, criou o céu, as estrelas e alguns bichos, entre os quais o macaco. Como tinha muito tempo para não fazer mais nada, enjoou do macaco e fez dele o primeiro homem. Não se deslocou de onde estava e ninguém pediu qualquer coisa a ele. Até que teve a infeliz ideia de fazer o primeiro homem, colocando-o num paraíso criado especialmente para a sua nova obra. Ficou muito cansado e resolveu descansar sete dias, que se prolongaram em vários séculos. Quando acabou o repouso, viu que havia feito uma besteira. Inundou a sua criação durante 40 dias e 40 noites. Para não esquecer o que havia feito, salvou o homem e os animais, um casal de cada espécie. Ficou exausto novamente e resolveu descansar. E até hoje continua repousando, deixando sua obra em busca de um destino. Em compensação, deu-lhe o livre-arbítrio. E assim chegamos a 2017, às armas químicas, à Lava Jato e ao rock. Chegou ao ponto de tolerar que um cronista, que também não gosta de fazer nada, escrevesse esta crônica, pedindo que ele não acorde nunca e deixe sua obra em busca do nada. Os deuses gregos recusaram o nada e fornicaram com suas filhas, cunhadas, primas, vizinhas e até mesmo suas mães. Criados à sua imagem e semelhança, tivemos uma respeitável herança que se tornou a fábrica do tudo, inclusive da Odebrecht.
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Para senadores do PMDB, carta de Temer apequena vice-presidente
Senadores do PMDB reagiram com surpresa na manhã desta terça-feira (8) ao conteúdo da carta do vice-presidente da República Michel Temer entregue à presidente Dilma Rousseff nesta segunda (7), em que o vice afirma que a petista "nunca confiou nele" e tece outras reclamações. Publicamente, os senadores afirmam que a carta é de cunho pessoal e foi endereçada à presidente da República para tratar de um assunto que só interessaria aos dois. Os parlamentares também fizeram questão de ressaltar que a ideia de elaboração da carta e o seu conteúdo não foram discutidos em nenhuma instância do partido e não refletem uma posição da legenda. Em caráter reservado, no entanto, os senadores mostraram um descontentamento com as reclamações feitas por Temer porque elas demonstrariam uma atuação pessoal e não em prol do partido e que a carta não seria "digna" do vice-presidente. Eles avaliaram também que a estratégia de Temer não condiz com a sua biografia e, da forma como a carta foi entregue e, posteriormente, acabou sendo divulgada, a posição do vice acabou sendo "reduzida" dentro do governo e Temer "se apequenou". Segundo um senador, parte dos integrantes da cúpula do partido chegou a desconfiar, em um primeiro momento, da veracidade da carta, sob a alegação de que ela não combinava com o estilo de Temer, mais discreto e culto. Sobre o trecho em que Temer diz que é um "vice decorativo", os senadores ponderaram a motivação de Temer de ter brigado dentro da legenda para que a chapa PT-PMDB fosse mantida nas eleições de 2014 para que ele pudesse concorrer à reeleição de vice. O movimento inviabilizou muitas das articulações eleitorais que estavam sendo montadas nos Estados. Um senador chegou a classificar Temer como "egoísta" por ter buscado apoio dentro do partido e agora estar reclamando por indicações para ministérios. 'INFANTIL' Senadores que conversaram com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), após a divulgação da carta afirmam que o peemedebista a classificou como uma carta "infantil" e "despropositada". Alguns peemedebistas também interpretaram a carta como uma atitude de rompimento com o governo com o intuito de tirar proveito de um momento em que a presidente está enfraquecida ao enfrentar no Congresso um processo de impeachment. No documento, enviado à presidente em caráter pessoal e privado, Temer diz que sempre teve "ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB". Ele diz que passou os primeiros quatros anos de governo como "vice decorativo". O vice começa a carta dizendo que a palavra voa, mas o escrito fica. Por isso, diz, preferiu escrever. Avisa então que está fazendo um "desabafo" que deveria ter feito "há muito tempo". Na avaliação de amigos do vice, a carta realmente representa o rompimento com a presidente Dilma, apesar de o peemedebista não querer dar esta conotação ao documento. Temer demonstra profundo incômodo com declarações e ações de Dilma, de seu governo e de seus aliados sobre a "confiança" que devotam a ele. "Desde logo lhe digo que não é preciso alardear publicamente a necessidade da minha lealdade", escreve. "Tenho-a revelado ao longo destes cinco anos." "Entretanto, sempre tive ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB. Desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal e partidário ao seu governo", sustenta Temer. CÂMARA O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), disse que ficou surpreso com a carta do vice-presidente, sobretudo em relação ao incômodo dele com a oferta de ministérios para a bancada do PMDB na Casa Legislativa na última reforma administrativa. "Quando a presidente fez o convite para a bancada do partido, o vice-presidente estava presente na reunião. Eu fico surpreso que ele tenha ficado incomodado, até porque esperava que ele ficasse feliz com a possibilidade de fortalecimento da sigla da Câmara dos Deputados", disse. Ele também avaliou como "estranho" o empenho do vice-presidente em articular o apoio do partido à reeleição da presidente, no ano passado, uma vez que ele se considerava um "vice decorativo" no primeiro mandato.
poder
Para senadores do PMDB, carta de Temer apequena vice-presidenteSenadores do PMDB reagiram com surpresa na manhã desta terça-feira (8) ao conteúdo da carta do vice-presidente da República Michel Temer entregue à presidente Dilma Rousseff nesta segunda (7), em que o vice afirma que a petista "nunca confiou nele" e tece outras reclamações. Publicamente, os senadores afirmam que a carta é de cunho pessoal e foi endereçada à presidente da República para tratar de um assunto que só interessaria aos dois. Os parlamentares também fizeram questão de ressaltar que a ideia de elaboração da carta e o seu conteúdo não foram discutidos em nenhuma instância do partido e não refletem uma posição da legenda. Em caráter reservado, no entanto, os senadores mostraram um descontentamento com as reclamações feitas por Temer porque elas demonstrariam uma atuação pessoal e não em prol do partido e que a carta não seria "digna" do vice-presidente. Eles avaliaram também que a estratégia de Temer não condiz com a sua biografia e, da forma como a carta foi entregue e, posteriormente, acabou sendo divulgada, a posição do vice acabou sendo "reduzida" dentro do governo e Temer "se apequenou". Segundo um senador, parte dos integrantes da cúpula do partido chegou a desconfiar, em um primeiro momento, da veracidade da carta, sob a alegação de que ela não combinava com o estilo de Temer, mais discreto e culto. Sobre o trecho em que Temer diz que é um "vice decorativo", os senadores ponderaram a motivação de Temer de ter brigado dentro da legenda para que a chapa PT-PMDB fosse mantida nas eleições de 2014 para que ele pudesse concorrer à reeleição de vice. O movimento inviabilizou muitas das articulações eleitorais que estavam sendo montadas nos Estados. Um senador chegou a classificar Temer como "egoísta" por ter buscado apoio dentro do partido e agora estar reclamando por indicações para ministérios. 'INFANTIL' Senadores que conversaram com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), após a divulgação da carta afirmam que o peemedebista a classificou como uma carta "infantil" e "despropositada". Alguns peemedebistas também interpretaram a carta como uma atitude de rompimento com o governo com o intuito de tirar proveito de um momento em que a presidente está enfraquecida ao enfrentar no Congresso um processo de impeachment. No documento, enviado à presidente em caráter pessoal e privado, Temer diz que sempre teve "ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB". Ele diz que passou os primeiros quatros anos de governo como "vice decorativo". O vice começa a carta dizendo que a palavra voa, mas o escrito fica. Por isso, diz, preferiu escrever. Avisa então que está fazendo um "desabafo" que deveria ter feito "há muito tempo". Na avaliação de amigos do vice, a carta realmente representa o rompimento com a presidente Dilma, apesar de o peemedebista não querer dar esta conotação ao documento. Temer demonstra profundo incômodo com declarações e ações de Dilma, de seu governo e de seus aliados sobre a "confiança" que devotam a ele. "Desde logo lhe digo que não é preciso alardear publicamente a necessidade da minha lealdade", escreve. "Tenho-a revelado ao longo destes cinco anos." "Entretanto, sempre tive ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB. Desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal e partidário ao seu governo", sustenta Temer. CÂMARA O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), disse que ficou surpreso com a carta do vice-presidente, sobretudo em relação ao incômodo dele com a oferta de ministérios para a bancada do PMDB na Casa Legislativa na última reforma administrativa. "Quando a presidente fez o convite para a bancada do partido, o vice-presidente estava presente na reunião. Eu fico surpreso que ele tenha ficado incomodado, até porque esperava que ele ficasse feliz com a possibilidade de fortalecimento da sigla da Câmara dos Deputados", disse. Ele também avaliou como "estranho" o empenho do vice-presidente em articular o apoio do partido à reeleição da presidente, no ano passado, uma vez que ele se considerava um "vice decorativo" no primeiro mandato.
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Somente 13% dos jovens infratores respondem por delitos graves, diz Ipea
Roubos, furtos e tráfico correspondem por 67% dos delitos praticados pelos adolescentes que cumprem medida socioeducativa no país. Já 12,7% são de delitos considerados graves, como homicídios, latrocínios, lesão corporal e estupros. O restante são de outros crimes. Os dados, que se referem a 2013, são da nota técnica "O adolescente em conflito com a lei e o debate sobre a redução da maioridade penal: esclarecimentos necessários", divulgada nesta terça-feira (16) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O levantamento, que traça um perfil do jovem que cumpre medida socioeducativa no país, deve se somar a outras pesquisas enviadas pelo governo federal ao Congresso na tentativa de barrar a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. A estratégia do governo é mostrar que é baixa a proporção de adolescentes infratores que respondem por delitos mais graves. Em 2013, conforme os dados mais recentes disponíveis, o país tinha 23 mil adolescentes privados de liberdade. Deste total, 95% eram do sexo masculino, e 60% tinham entre 16 e 18 anos. Segundo pesquisa do Ipea, em 2003 metade dos adolescentes privados de liberdade no país não frequentavam a escola nem trabalhavam quando cometeram o delito. Embora anunciado com a perspectiva de trazer os "esclarecimentos necessários" sobre o tema, o estudo não traz dados que dimensionem a participação dos menores no total de crimes no país, especialmente no que se refere aos homicídios, conforme mostrou a Folha no início do mês. O secretário nacional de Juventude, Gabriel Medina, admite o problema. "A dificuldade é grande, porque, se olhar o sistema prisional, 40% são presos provisórios. E 90% dos homicídios não são esclarecidos no Brasil. É um dado complexo de ser construído", disse. "Esse debate nos chama para a necessidade de universalizar um padrão de dados no país", completa, referindo-se à diferença na metodologia de dados de segurança pública adotadas pelos Estados. MEDIDAS O estudo mostra ainda que, do total de adolescentes privados de liberdade em 2013, cerca de 65%, ou 15 mil, cumpriam medida de internação, considerada a mais severa aplicada. Para a pesquisadora Enid Rocha, no entanto, esse número deveria ser menor, ligado principalmente a casos graves –dos 23 mil adolescentes, 3.200 estavam neste grupo, afirma. "Nossa aposta não é a redução da maioridade penal, mas a melhoria da qualidade da aplicação do sistema socioeducativo", disse Rocha, uma das autoras do estudo. Outros 8.500 cumpriam medida de internação provisória, estavam em semiliberdade ou privados de liberdade, mas em situação indefinida. O estudo também mostra a proporção de adolescentes apreendidos em cada região do país para cada tipo de delito. A região com maior proporção de adolescentes no sistema socioeducativo detidos por homicídio e latrocínio é o Sul, onde 20% dos jovens apreendidos respondem por esse motivo. No caso de roubo e furto, a maior proporção fica no Centro-Oeste, com 52%, ao lado do Norte, com 51%. Ainda segundo o levantamento, para cada mil adolescentes em São Paulo, Estado com maior número de adolescentes em medida socioeducativa, três estão privados de liberdade. No Rio de Janeiro, essa proporção é de 1,9.
cotidiano
Somente 13% dos jovens infratores respondem por delitos graves, diz IpeaRoubos, furtos e tráfico correspondem por 67% dos delitos praticados pelos adolescentes que cumprem medida socioeducativa no país. Já 12,7% são de delitos considerados graves, como homicídios, latrocínios, lesão corporal e estupros. O restante são de outros crimes. Os dados, que se referem a 2013, são da nota técnica "O adolescente em conflito com a lei e o debate sobre a redução da maioridade penal: esclarecimentos necessários", divulgada nesta terça-feira (16) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O levantamento, que traça um perfil do jovem que cumpre medida socioeducativa no país, deve se somar a outras pesquisas enviadas pelo governo federal ao Congresso na tentativa de barrar a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. A estratégia do governo é mostrar que é baixa a proporção de adolescentes infratores que respondem por delitos mais graves. Em 2013, conforme os dados mais recentes disponíveis, o país tinha 23 mil adolescentes privados de liberdade. Deste total, 95% eram do sexo masculino, e 60% tinham entre 16 e 18 anos. Segundo pesquisa do Ipea, em 2003 metade dos adolescentes privados de liberdade no país não frequentavam a escola nem trabalhavam quando cometeram o delito. Embora anunciado com a perspectiva de trazer os "esclarecimentos necessários" sobre o tema, o estudo não traz dados que dimensionem a participação dos menores no total de crimes no país, especialmente no que se refere aos homicídios, conforme mostrou a Folha no início do mês. O secretário nacional de Juventude, Gabriel Medina, admite o problema. "A dificuldade é grande, porque, se olhar o sistema prisional, 40% são presos provisórios. E 90% dos homicídios não são esclarecidos no Brasil. É um dado complexo de ser construído", disse. "Esse debate nos chama para a necessidade de universalizar um padrão de dados no país", completa, referindo-se à diferença na metodologia de dados de segurança pública adotadas pelos Estados. MEDIDAS O estudo mostra ainda que, do total de adolescentes privados de liberdade em 2013, cerca de 65%, ou 15 mil, cumpriam medida de internação, considerada a mais severa aplicada. Para a pesquisadora Enid Rocha, no entanto, esse número deveria ser menor, ligado principalmente a casos graves –dos 23 mil adolescentes, 3.200 estavam neste grupo, afirma. "Nossa aposta não é a redução da maioridade penal, mas a melhoria da qualidade da aplicação do sistema socioeducativo", disse Rocha, uma das autoras do estudo. Outros 8.500 cumpriam medida de internação provisória, estavam em semiliberdade ou privados de liberdade, mas em situação indefinida. O estudo também mostra a proporção de adolescentes apreendidos em cada região do país para cada tipo de delito. A região com maior proporção de adolescentes no sistema socioeducativo detidos por homicídio e latrocínio é o Sul, onde 20% dos jovens apreendidos respondem por esse motivo. No caso de roubo e furto, a maior proporção fica no Centro-Oeste, com 52%, ao lado do Norte, com 51%. Ainda segundo o levantamento, para cada mil adolescentes em São Paulo, Estado com maior número de adolescentes em medida socioeducativa, três estão privados de liberdade. No Rio de Janeiro, essa proporção é de 1,9.
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Quinta tem fim do 'Triunfo da Cor' e noite de 'Sagração da Primavera'
BRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO São Paulo, 7 de julho de 2016. Quinta-feira. Bom dia para você que vai se vestir bem porque nunca se sabe o que a noite pode trazer! Veja o que você precisa saber para tocar e aproveitar o seu dia: * PARA CURTIR A CIDADE Pós-impressionismo | A exposição "O Triunfo da Cor" chega ao seu último dia no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro. Com obras vindas dos museus parisienses d'Orsay e l'Orangeri, a mostra apresenta o trabalho de uma geração de artistas que sucederam os impressionistas. São reunidas 75 telas de 32 pintores, como van Gogh, Gauguin e Cézanne. Samba | A veterana Beth Carvalho celebra 51 anos de carreira em seu segundo show na semana (haverá mais um na sexta, 8). Na apresentação no Sesc Belenzinho, a sambista reivista marcos de sua trajetória, a exemplo de "Andança", "Vou Festejar" e "Coisinha do Pai". Ingressos custam de R$ 12 a R$ 40. Stravinski | Regida pelo maestro convidado Giancarlo Guerrero, a Osesp executa peça de Debussy, de Dutilleux e "A Sagração da Primavera", de Igor Stravinsky. Entradas custam de R$ 42 a R$ 194. * PARA TER ASSUNTO Dilma | Em tom de apelo, a presidente afastada, Dilma Rousseff, apresentou na quarta (6) sua defesa na comissão do impeachment Senado por meio de seu advogado, José Eduardo Cardoso. Ela afirma na carta que o governo de Temer é fruto de golpe de Estado "apoiado na farsa". PF | Uma operação da Polícia Federal que é um desdobramento da Lava Jato prendeu na quarta (6) o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, e afastou seu sucessor, Pedro Diniz Figueiredo. Silva é acusado de cobrar R$ 12 milhões em propina para a usina de Angra 3. Pixulecos | O Supremo Tribunal Federal enviou à Polícia Federal um pedido para que seja aberta uma investigação para apurar os responsáveis por levar a uma manifestação na av. Paulista bonecos do presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski, e do procurador-geral Rodrigo Janot. Um ofício afirma que os "pixulecos" representam uma "grave ameaça à ordem pública e inaceitável atentado à credibilidade do judiciário. Ajuda | A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, indicou que o governo vai esperar o país sair da crise para reavaliar subsídios e incentivos concedidos nos últimos anos para estimular a atividade econômica, como a desoneração da folha de pagamento de setores da indústria. Drogas | O assassinato do traficante Jorge Rafaat Toumani no mês passado marcou o início de um novo domínio na fronteira do Brasil com o Paraguai. O brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, 48, preso em Assunção, é agora o chefe do tráfico de drogas na região. Boa esperança | Portugal bate Gales por 2 a 0 e pega a França ou a Alemanha na final da Eurocopa. * É MELHOR SE PREVENIR... Tempo | A previsão é de dia mais frio que a quarta, com temperatura máxima estipulada em 22ºC e mínima em 10ºC. O céu deve seguir parcialmente nublado até a noite. Zona oeste | A av. Sumaré deve ter faixa bloqueada entre a praça Marrey Jr. e a rua Dr. Homem de Melo para a ampliação de uma galeria. Zona leste | A r. Américo Salvador Novelli, na zona leste, deve seguir interditada entre as ruas Flores do Piauí e Ignácio Alves de Mattoso até segunda (11) devido a obras no corredor de ônibus. Zona sul | A av. Dona Helena Pereira de Moraes deve seguir fechada entre a marginal Pinheiros e o acesso ao parque Burle Marx até as 4h de sexta (8) para obras na ponte.
saopaulo
Quinta tem fim do 'Triunfo da Cor' e noite de 'Sagração da Primavera'BRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO São Paulo, 7 de julho de 2016. Quinta-feira. Bom dia para você que vai se vestir bem porque nunca se sabe o que a noite pode trazer! Veja o que você precisa saber para tocar e aproveitar o seu dia: * PARA CURTIR A CIDADE Pós-impressionismo | A exposição "O Triunfo da Cor" chega ao seu último dia no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro. Com obras vindas dos museus parisienses d'Orsay e l'Orangeri, a mostra apresenta o trabalho de uma geração de artistas que sucederam os impressionistas. São reunidas 75 telas de 32 pintores, como van Gogh, Gauguin e Cézanne. Samba | A veterana Beth Carvalho celebra 51 anos de carreira em seu segundo show na semana (haverá mais um na sexta, 8). Na apresentação no Sesc Belenzinho, a sambista reivista marcos de sua trajetória, a exemplo de "Andança", "Vou Festejar" e "Coisinha do Pai". Ingressos custam de R$ 12 a R$ 40. Stravinski | Regida pelo maestro convidado Giancarlo Guerrero, a Osesp executa peça de Debussy, de Dutilleux e "A Sagração da Primavera", de Igor Stravinsky. Entradas custam de R$ 42 a R$ 194. * PARA TER ASSUNTO Dilma | Em tom de apelo, a presidente afastada, Dilma Rousseff, apresentou na quarta (6) sua defesa na comissão do impeachment Senado por meio de seu advogado, José Eduardo Cardoso. Ela afirma na carta que o governo de Temer é fruto de golpe de Estado "apoiado na farsa". PF | Uma operação da Polícia Federal que é um desdobramento da Lava Jato prendeu na quarta (6) o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, e afastou seu sucessor, Pedro Diniz Figueiredo. Silva é acusado de cobrar R$ 12 milhões em propina para a usina de Angra 3. Pixulecos | O Supremo Tribunal Federal enviou à Polícia Federal um pedido para que seja aberta uma investigação para apurar os responsáveis por levar a uma manifestação na av. Paulista bonecos do presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski, e do procurador-geral Rodrigo Janot. Um ofício afirma que os "pixulecos" representam uma "grave ameaça à ordem pública e inaceitável atentado à credibilidade do judiciário. Ajuda | A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, indicou que o governo vai esperar o país sair da crise para reavaliar subsídios e incentivos concedidos nos últimos anos para estimular a atividade econômica, como a desoneração da folha de pagamento de setores da indústria. Drogas | O assassinato do traficante Jorge Rafaat Toumani no mês passado marcou o início de um novo domínio na fronteira do Brasil com o Paraguai. O brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, 48, preso em Assunção, é agora o chefe do tráfico de drogas na região. Boa esperança | Portugal bate Gales por 2 a 0 e pega a França ou a Alemanha na final da Eurocopa. * É MELHOR SE PREVENIR... Tempo | A previsão é de dia mais frio que a quarta, com temperatura máxima estipulada em 22ºC e mínima em 10ºC. O céu deve seguir parcialmente nublado até a noite. Zona oeste | A av. Sumaré deve ter faixa bloqueada entre a praça Marrey Jr. e a rua Dr. Homem de Melo para a ampliação de uma galeria. Zona leste | A r. Américo Salvador Novelli, na zona leste, deve seguir interditada entre as ruas Flores do Piauí e Ignácio Alves de Mattoso até segunda (11) devido a obras no corredor de ônibus. Zona sul | A av. Dona Helena Pereira de Moraes deve seguir fechada entre a marginal Pinheiros e o acesso ao parque Burle Marx até as 4h de sexta (8) para obras na ponte.
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Direita francesa faz reunião de urgência e banca nome de Fillon
A direita francesa deu nesta segunda (6) um voto de confiança a seu candidato, François Fillon, cuja campanha está abalada por acusações de corrupção contra ele. A cúpula do partido Republicanos, do ex-presidente Nicolas Sarkozy, fez reunião de emergência e reiterou apoio a Fillon. Horas antes, o ex-premiê Alain Juppé afirmou que não concorreria às eleições presidenciais caso Fillon decidisse sair da disputa. Juppé afirmou ter decidido "de uma vez por todas" que não será candidato, mas disse que Fillon desperdiçou sua chance de vitória. "Nosso país está doente", declarou Juppé em Bordeaux, cidade do litoral oeste da qual é prefeito. "Para mim é tarde demais, mas não é tarde demais para a França." Com o declínio da campanha de Fillon e a negativa de Juppé, o partido conservador Republicanos corre grande risco de não passar do primeiro turno, marcado para 23 de abril. Se isso ocorrer, será a primeira vez na França pós-Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que o principal partido de direita não chegará ao segundo turno. As pesquisas apontam, por ora, que o segundo turno será disputado em 7 de maio pela líder da extrema direita, Marine Le Pen, da Frente Nacional, e pelo centrista independente Emmanuel Macron. Sondagem divulgada nesta segunda aponta Le Pen na liderança, com 27% das intenções de voto, seguida por Macron (24%) e Fillon (19%). No segundo turno, porém, ela seria derrotada tanto por Macron (60% a 40%) quanto por Fillon (56% a 44%). COMPLÔ Fillon é acusado de ter remunerado sua mulher, Penelope, como assistente parlamentar sem que ela tivesse exercido o cargo. Ele também teria contratado dois de seus filhos. O conservador admite ter errado na decisão. As contratações não são, em si, ilegais na França. O problema, segundo as denúncias, é que seus familiares não cumpriram com as funções, o que Fillon nega. Fillon tinha, segundo o ex-premiê Juppé, o caminho à Presidência aberto diante de si. Mas "a instigação de investigações judiciais contra ele e sua defesa baseada em um suposto complô o levaram a um beco sem saída". Apesar de toda a pressão, Fillon tem se recusado a desistir, afirmando haver uma tentativa de "assassinato político" contra ele. Dezenas de políticos retiraram seu apoio à candidatura, incluindo seu porta-voz, Thierry Solère, e seu diretor de campanha, Patrick Stefanini, que se demitiram. Mas, após a declaração de Juppé, o comitê político dos Republicanos reiterou nesta segunda seu "apoio unânime" à candidatura. A sigla não pode substituir Fillon à força. Ele foi eleito em primárias em novembro. O ex-presidente Nicolas Sarkozy, que assim como Juppé foi derrotado nas primárias, tem se mobilizado para que Fillon abandone a candidatura, mas não está claro quem tomaria o seu lugar. HOLLANDE A crise do Republicanos aumenta as chances de que os radicais da Frente Nacional, representados por Marine Le Pen, vençam. O presidente François Hollande, do Partido Socialista, afirmou em entrevista aos principais jornais europeus publicada nesta segunda-feira que é seu dever impedir a vitória de Le Pen neste ano. Ele disse que a extrema direita nunca esteve tão perto de chegar à Presidência. Hollande decidiu não concorrer a um segundo mandato, em decisão inédita para um presidente francês desde a Segunda Guerra. O Partido Socialista elegeu como candidato o ex-ministro da Educação Benoît Hamon, que aparece em quarto lugar nas pesquisas, com cerca de 15%, e não tem chance de chegar ao segundo turno.
mundo
Direita francesa faz reunião de urgência e banca nome de FillonA direita francesa deu nesta segunda (6) um voto de confiança a seu candidato, François Fillon, cuja campanha está abalada por acusações de corrupção contra ele. A cúpula do partido Republicanos, do ex-presidente Nicolas Sarkozy, fez reunião de emergência e reiterou apoio a Fillon. Horas antes, o ex-premiê Alain Juppé afirmou que não concorreria às eleições presidenciais caso Fillon decidisse sair da disputa. Juppé afirmou ter decidido "de uma vez por todas" que não será candidato, mas disse que Fillon desperdiçou sua chance de vitória. "Nosso país está doente", declarou Juppé em Bordeaux, cidade do litoral oeste da qual é prefeito. "Para mim é tarde demais, mas não é tarde demais para a França." Com o declínio da campanha de Fillon e a negativa de Juppé, o partido conservador Republicanos corre grande risco de não passar do primeiro turno, marcado para 23 de abril. Se isso ocorrer, será a primeira vez na França pós-Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que o principal partido de direita não chegará ao segundo turno. As pesquisas apontam, por ora, que o segundo turno será disputado em 7 de maio pela líder da extrema direita, Marine Le Pen, da Frente Nacional, e pelo centrista independente Emmanuel Macron. Sondagem divulgada nesta segunda aponta Le Pen na liderança, com 27% das intenções de voto, seguida por Macron (24%) e Fillon (19%). No segundo turno, porém, ela seria derrotada tanto por Macron (60% a 40%) quanto por Fillon (56% a 44%). COMPLÔ Fillon é acusado de ter remunerado sua mulher, Penelope, como assistente parlamentar sem que ela tivesse exercido o cargo. Ele também teria contratado dois de seus filhos. O conservador admite ter errado na decisão. As contratações não são, em si, ilegais na França. O problema, segundo as denúncias, é que seus familiares não cumpriram com as funções, o que Fillon nega. Fillon tinha, segundo o ex-premiê Juppé, o caminho à Presidência aberto diante de si. Mas "a instigação de investigações judiciais contra ele e sua defesa baseada em um suposto complô o levaram a um beco sem saída". Apesar de toda a pressão, Fillon tem se recusado a desistir, afirmando haver uma tentativa de "assassinato político" contra ele. Dezenas de políticos retiraram seu apoio à candidatura, incluindo seu porta-voz, Thierry Solère, e seu diretor de campanha, Patrick Stefanini, que se demitiram. Mas, após a declaração de Juppé, o comitê político dos Republicanos reiterou nesta segunda seu "apoio unânime" à candidatura. A sigla não pode substituir Fillon à força. Ele foi eleito em primárias em novembro. O ex-presidente Nicolas Sarkozy, que assim como Juppé foi derrotado nas primárias, tem se mobilizado para que Fillon abandone a candidatura, mas não está claro quem tomaria o seu lugar. HOLLANDE A crise do Republicanos aumenta as chances de que os radicais da Frente Nacional, representados por Marine Le Pen, vençam. O presidente François Hollande, do Partido Socialista, afirmou em entrevista aos principais jornais europeus publicada nesta segunda-feira que é seu dever impedir a vitória de Le Pen neste ano. Ele disse que a extrema direita nunca esteve tão perto de chegar à Presidência. Hollande decidiu não concorrer a um segundo mandato, em decisão inédita para um presidente francês desde a Segunda Guerra. O Partido Socialista elegeu como candidato o ex-ministro da Educação Benoît Hamon, que aparece em quarto lugar nas pesquisas, com cerca de 15%, e não tem chance de chegar ao segundo turno.
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"Não se para um vício com guerra, mas com amor", diz ex-traficante dos EUA
Foi no bairro em que Richard Donnell Ross cresceu, em South Central Los Angeles, que a epidemia de crack começou nos EUA, no início dos anos 1980. E seu envolvimento foi crucial: aos 19, ele foi o primeiro a criar um império com a droga, atingindo diversas cidades do país e arrecadando US$ 200 mil por dia. "Freeway Rick", como era conhecido, produzia a pedra em Los Angeles, com cocaína que comprava de nicaraguenses, num esquema que mais tarde seria conhecido por levantar fundos para rebeldes anticomunistas na Nicarágua, com o apoio da CIA. Ross, 57 anos, foi tema do documentário "Freeway: Crack in the System" (2015) e é retratado no filme "O Mensageiro" (2014), sobre o jornalista Gary Webb, que revelou em 1996 a relação da CIA com o tráfico nos EUA. Condenado à prisão perpétua ao ser pego com 100 kg de cocaína, Ross aprendeu a ler e escrever na cadeia e achou a brecha jurídica para diminuir sua pena para 20 anos. Ao sair, em 2009, publicou o livro "Freeway Rick Ross: The Untold Autobiography" de forma independente, criou uma linha de camisetas e passou a dar palestras motivacionais contra analfabetismo e gangues. A Folha conversou com Ross num restaurante vegano do bairro, seu predileto. Ele usa óculos de grau amarrado por cordinha no pescoço e deixa dois celulares na mesa, os quais atende sempre que toca. É casado e tem dois filhos, com quem espera realizar seu sonho: ir ao torneio de Wimbledon. Antes das drogas, Freeway jogava tênis e chegou a ganhar uma bolsa para universidade por causa do esporte, mas perdeu quando descobriram que não sabia ler. * Folha - Como foi seu primeiro contato com cocaína? Ross - Contato físico foi em 1979 ou 1980, um amigo me apresentou e não acreditei, era como uma fantasia se realizando. Porque antes só tinha visto em filme, era coisa de Hollywood, muito cara, uma grama era uns US$ 300. A primeira vez que vi foi no filme "Super Fly" [1972], foi o que atiçou minha mente, aprendi que era algo glamoroso, que tinha que ser feito. Eu não tinha dinheiro para nada, nem para gasolina no carro, e olha que a gasolina era 75 centavos o galão. Por que resolveu vender crack e não cocaína? Por volta de 1983, poucas pessoas queriam crack porque elas gostavam de preparar elas mesmas. Montamos uma linha para agilizar a fabricação porque tinha gente que vinha de manhã, antes do trabalho, reclamando que não tinha tempo de cozinhar, não tinham os utensílios. Então a gente começou a fazer o que chamávamos de 'ready rock' [pedra pronta]. Era mais conveniente e os clientes descobriram que podiam confiar em nós. Nunca pesou sua consciência por vender drogas? Não... Levou anos para a gente perceber a deterioração [dos bairros]. Não foi em uma semana. E para nós, era progresso, olhávamos para o dinheiro. A primeira coisa que notamos foram as ruas virando quarteirões do crack, com gente esperando nas esquinas vendendo a droga. Gente que não conseguia um emprego, agora via o dinheiro fluir. Era festa o tempo todo. Mas depois as pessoas começaram a perder suas casas, seus empregos, as mulheres se prostituíam. Foi um processo gradual. Como era o processo para fabricar crack? Começamos cedo com os caras da Nicarágua. Crescemos juntos. Era um ou dois quilos no início e depois 200 quilos. Tudo virava crack, não era difícil. No auge, tinha umas 30 ou 40 propriedades em Los Angeles e alguns pontos com fornos, panelas industriais, das usadas para fazer feijão nos restaurantes. Tinha umas dez pessoas para me ajudar, cozinhávamos 20 ou 30 quilos de uma vez. Como as autoridades reagiam com a epidemia de crack? A polícia sempre foi violenta, mas ficou ainda mais com o noticiário, com as mentiras de que nós éramos membros de gangues. Traficante não se mistura com gangue, não quer violência. E os policiais tinham inveja da gente também. Eram brancos, mais velhos e viam os negros com dinheiro para comprar suas casas, seus carros. Eu fazia num dia o que eles faziam num ano. A polícia tratava usuário diferente de traficante? Tratava traficante pior. Na cabeça de todo mundo, o traficante é pior que o usuário. O usuário é sempre a vítima, mas será mesmo? Não acho que usuário seja diferente do traficante. Ambos têm responsabilidades iguais. Se você tira o usuário, acabou o traficante. Ele acabava na cadeia para dedurar o traficante. Caso contrário não deduraria porque ele gostava do traficante, era alguém de confiança. Quem eram seus clientes? Que tipo de usuários você lidava? Maioria negros, não lidava com brancos. A cocaína me deu a chance de me misturar com gente que nunca se misturaria comigo, médicos, advogados, cientistas, empresários, cantores. Todo mundo estava envolvido. Mas só lidei com usuários por um período curto porque logo fiquei grande. Vendia US$ 2.500 em cocaína. Ninguém me procurava para comprar US$ 50, US$ 100. Só quem era muito amigo. Algum cantor famoso? Ike Turner, marido da Tina. Comprava pó e depois crack. Ele era cool. Fomos parar na mesma cela por um tempo. Fiquei feliz porque na cadeia você quer ficar perto de gente com cabeça parecida, que corre atrás do dinheiro. Acho que falamos sobre música, mas não sobre drogas. Era uma coisa muito particular na época, não aberta como hoje, ninguém se vangloriava como os rappers fazem hoje. O rap realmente contaminou a mente dos jovens, promove as gangues de maneira como nunca foi feito. Quando foi para a prisão, o que aconteceu com seus negócios? Foi confiscado ou as pessoas pegaram as casas, eu não colocava no meu nome. Chegou fácil, foi embora fácil, como dizem. Lembro do momento quando, na cadeia, percebi que estava zerado. Não podia fazer mais ligações, não recebia mais dinheiro no correio para comprar sabão, pasta de dente. Foi assustador, mas a melhor coisa, porque comecei a me reconstruir. Enquanto tinha mulheres para falar no telefone, era tudo o que eu fazia. Quando acabou, tive que pensar no que fazer da vida. O que diria para políticos no Brasil que tentam acabar com a epidemia de crack? Trate estas pessoas como se fossem seus filhos. O que você faria se seu filho estivesse viciado em crack? Vai colocar a polícia com suas armas e cachorros atrás dele? Você não para um vício com uma guerra. É melhor mostrar amor. Se você me odeia, eu te odeio e nós temos guerra. Mas se você me mostrar amor, eu tenho que te mostrar algum amor. É como estão lidando com a epidemia de heroína agora nos EUA, é um problema médico. Você pode ir para uma clínica, e o governo paga o tratamento. Na minha época, você ia para a prisão.
cotidiano
"Não se para um vício com guerra, mas com amor", diz ex-traficante dos EUAFoi no bairro em que Richard Donnell Ross cresceu, em South Central Los Angeles, que a epidemia de crack começou nos EUA, no início dos anos 1980. E seu envolvimento foi crucial: aos 19, ele foi o primeiro a criar um império com a droga, atingindo diversas cidades do país e arrecadando US$ 200 mil por dia. "Freeway Rick", como era conhecido, produzia a pedra em Los Angeles, com cocaína que comprava de nicaraguenses, num esquema que mais tarde seria conhecido por levantar fundos para rebeldes anticomunistas na Nicarágua, com o apoio da CIA. Ross, 57 anos, foi tema do documentário "Freeway: Crack in the System" (2015) e é retratado no filme "O Mensageiro" (2014), sobre o jornalista Gary Webb, que revelou em 1996 a relação da CIA com o tráfico nos EUA. Condenado à prisão perpétua ao ser pego com 100 kg de cocaína, Ross aprendeu a ler e escrever na cadeia e achou a brecha jurídica para diminuir sua pena para 20 anos. Ao sair, em 2009, publicou o livro "Freeway Rick Ross: The Untold Autobiography" de forma independente, criou uma linha de camisetas e passou a dar palestras motivacionais contra analfabetismo e gangues. A Folha conversou com Ross num restaurante vegano do bairro, seu predileto. Ele usa óculos de grau amarrado por cordinha no pescoço e deixa dois celulares na mesa, os quais atende sempre que toca. É casado e tem dois filhos, com quem espera realizar seu sonho: ir ao torneio de Wimbledon. Antes das drogas, Freeway jogava tênis e chegou a ganhar uma bolsa para universidade por causa do esporte, mas perdeu quando descobriram que não sabia ler. * Folha - Como foi seu primeiro contato com cocaína? Ross - Contato físico foi em 1979 ou 1980, um amigo me apresentou e não acreditei, era como uma fantasia se realizando. Porque antes só tinha visto em filme, era coisa de Hollywood, muito cara, uma grama era uns US$ 300. A primeira vez que vi foi no filme "Super Fly" [1972], foi o que atiçou minha mente, aprendi que era algo glamoroso, que tinha que ser feito. Eu não tinha dinheiro para nada, nem para gasolina no carro, e olha que a gasolina era 75 centavos o galão. Por que resolveu vender crack e não cocaína? Por volta de 1983, poucas pessoas queriam crack porque elas gostavam de preparar elas mesmas. Montamos uma linha para agilizar a fabricação porque tinha gente que vinha de manhã, antes do trabalho, reclamando que não tinha tempo de cozinhar, não tinham os utensílios. Então a gente começou a fazer o que chamávamos de 'ready rock' [pedra pronta]. Era mais conveniente e os clientes descobriram que podiam confiar em nós. Nunca pesou sua consciência por vender drogas? Não... Levou anos para a gente perceber a deterioração [dos bairros]. Não foi em uma semana. E para nós, era progresso, olhávamos para o dinheiro. A primeira coisa que notamos foram as ruas virando quarteirões do crack, com gente esperando nas esquinas vendendo a droga. Gente que não conseguia um emprego, agora via o dinheiro fluir. Era festa o tempo todo. Mas depois as pessoas começaram a perder suas casas, seus empregos, as mulheres se prostituíam. Foi um processo gradual. Como era o processo para fabricar crack? Começamos cedo com os caras da Nicarágua. Crescemos juntos. Era um ou dois quilos no início e depois 200 quilos. Tudo virava crack, não era difícil. No auge, tinha umas 30 ou 40 propriedades em Los Angeles e alguns pontos com fornos, panelas industriais, das usadas para fazer feijão nos restaurantes. Tinha umas dez pessoas para me ajudar, cozinhávamos 20 ou 30 quilos de uma vez. Como as autoridades reagiam com a epidemia de crack? A polícia sempre foi violenta, mas ficou ainda mais com o noticiário, com as mentiras de que nós éramos membros de gangues. Traficante não se mistura com gangue, não quer violência. E os policiais tinham inveja da gente também. Eram brancos, mais velhos e viam os negros com dinheiro para comprar suas casas, seus carros. Eu fazia num dia o que eles faziam num ano. A polícia tratava usuário diferente de traficante? Tratava traficante pior. Na cabeça de todo mundo, o traficante é pior que o usuário. O usuário é sempre a vítima, mas será mesmo? Não acho que usuário seja diferente do traficante. Ambos têm responsabilidades iguais. Se você tira o usuário, acabou o traficante. Ele acabava na cadeia para dedurar o traficante. Caso contrário não deduraria porque ele gostava do traficante, era alguém de confiança. Quem eram seus clientes? Que tipo de usuários você lidava? Maioria negros, não lidava com brancos. A cocaína me deu a chance de me misturar com gente que nunca se misturaria comigo, médicos, advogados, cientistas, empresários, cantores. Todo mundo estava envolvido. Mas só lidei com usuários por um período curto porque logo fiquei grande. Vendia US$ 2.500 em cocaína. Ninguém me procurava para comprar US$ 50, US$ 100. Só quem era muito amigo. Algum cantor famoso? Ike Turner, marido da Tina. Comprava pó e depois crack. Ele era cool. Fomos parar na mesma cela por um tempo. Fiquei feliz porque na cadeia você quer ficar perto de gente com cabeça parecida, que corre atrás do dinheiro. Acho que falamos sobre música, mas não sobre drogas. Era uma coisa muito particular na época, não aberta como hoje, ninguém se vangloriava como os rappers fazem hoje. O rap realmente contaminou a mente dos jovens, promove as gangues de maneira como nunca foi feito. Quando foi para a prisão, o que aconteceu com seus negócios? Foi confiscado ou as pessoas pegaram as casas, eu não colocava no meu nome. Chegou fácil, foi embora fácil, como dizem. Lembro do momento quando, na cadeia, percebi que estava zerado. Não podia fazer mais ligações, não recebia mais dinheiro no correio para comprar sabão, pasta de dente. Foi assustador, mas a melhor coisa, porque comecei a me reconstruir. Enquanto tinha mulheres para falar no telefone, era tudo o que eu fazia. Quando acabou, tive que pensar no que fazer da vida. O que diria para políticos no Brasil que tentam acabar com a epidemia de crack? Trate estas pessoas como se fossem seus filhos. O que você faria se seu filho estivesse viciado em crack? Vai colocar a polícia com suas armas e cachorros atrás dele? Você não para um vício com uma guerra. É melhor mostrar amor. Se você me odeia, eu te odeio e nós temos guerra. Mas se você me mostrar amor, eu tenho que te mostrar algum amor. É como estão lidando com a epidemia de heroína agora nos EUA, é um problema médico. Você pode ir para uma clínica, e o governo paga o tratamento. Na minha época, você ia para a prisão.
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Elenco valoriza qualidade do livro que gerou 'A Luz Entre Oceanos'
Drama pesado, imagens belíssimas e atores em desempenhos intensos. "A Luz Entre Oceanos" é um filme envolvente, que não renega seu DNA literário. Tem um ritmo cadenciado e vai fisgando o espectador até o final. O diretor americano Derek Cianfrance tem no currículo dois longas sobre relações amorosas amargas, "Namorados para Sempre" (2010) e "O Lugar onde Tudo Termina" (2012). Ambos têm Ryan Gosling em elogiadas atuações. Aqui ele escalou o alemão Michael Fassbender no papel de Tom Sherbourne, inglês que volta da Primeira Guerra Mundial. O conflito o transformou em um homem amargurado e solitário, que aceita o trabalho como cuidador de um farol numa ilha deserta. Fassbender é um ator sólido, denso, e dá ao diretor o fio condutor necessário para a adaptação do romance de estreia da australiana M. L. Stedman, best-seller mundial desde o lançamento, em 2012. A chave do intrincado drama psicológico está nas reações do introspectivo Sherbourne. No início, o filme atrai pelo deslumbrante visual da ilha. As imagens são inebriantes. A trama começa, efetivamente, quando ele conhece Isabel, garota que mora no continente –a ilha fica a uma viagem de barco de algumas horas. Ela perdeu os dois irmãos nos campos de batalha. A aproximação do casal é lenta e tem uma levada encantadora, de apelo romântico. Talvez facilitado pela presença da charmosa sueca Alicia Vikander, de "Jason Bourne" e "A Garota Dinamarquesa". Estrela em ascensão no cinema americano, com o rosto estampado na capa de todas as revistas, ela é casada com Fassbender, e a afeição entre eles fica explícita na tela. Isabel engravida duas vezes, mas perde os bebês. Logo após a segunda vez, Sherbourne avista um bote perto da praia. Encontra nele um homem morto e um bebê de dois meses, ainda vivo. A mulher o convence a esconder o ocorrido. Isolados por meses na ilha, vão dizer a todos que a criança é sua filha. A rigidez moral de Sherbourne passará por uma prova de fogo quando ele descobrir quem é a mãe verdadeira da criança. O desfecho do enredo é bem conduzido e justifica todo o sucesso do livro. A LUZ ENTRE OCEANOS (THE LIGHT BETWEEN OCEANS) DIREÇÃO Derek Cianfrance ELENCO Michael Fassbender, Alicia Vikander, Rachel Weisz PRODUÇÃO EUA, 2016, 12 anos QUANDO: em cartaz
ilustrada
Elenco valoriza qualidade do livro que gerou 'A Luz Entre Oceanos'Drama pesado, imagens belíssimas e atores em desempenhos intensos. "A Luz Entre Oceanos" é um filme envolvente, que não renega seu DNA literário. Tem um ritmo cadenciado e vai fisgando o espectador até o final. O diretor americano Derek Cianfrance tem no currículo dois longas sobre relações amorosas amargas, "Namorados para Sempre" (2010) e "O Lugar onde Tudo Termina" (2012). Ambos têm Ryan Gosling em elogiadas atuações. Aqui ele escalou o alemão Michael Fassbender no papel de Tom Sherbourne, inglês que volta da Primeira Guerra Mundial. O conflito o transformou em um homem amargurado e solitário, que aceita o trabalho como cuidador de um farol numa ilha deserta. Fassbender é um ator sólido, denso, e dá ao diretor o fio condutor necessário para a adaptação do romance de estreia da australiana M. L. Stedman, best-seller mundial desde o lançamento, em 2012. A chave do intrincado drama psicológico está nas reações do introspectivo Sherbourne. No início, o filme atrai pelo deslumbrante visual da ilha. As imagens são inebriantes. A trama começa, efetivamente, quando ele conhece Isabel, garota que mora no continente –a ilha fica a uma viagem de barco de algumas horas. Ela perdeu os dois irmãos nos campos de batalha. A aproximação do casal é lenta e tem uma levada encantadora, de apelo romântico. Talvez facilitado pela presença da charmosa sueca Alicia Vikander, de "Jason Bourne" e "A Garota Dinamarquesa". Estrela em ascensão no cinema americano, com o rosto estampado na capa de todas as revistas, ela é casada com Fassbender, e a afeição entre eles fica explícita na tela. Isabel engravida duas vezes, mas perde os bebês. Logo após a segunda vez, Sherbourne avista um bote perto da praia. Encontra nele um homem morto e um bebê de dois meses, ainda vivo. A mulher o convence a esconder o ocorrido. Isolados por meses na ilha, vão dizer a todos que a criança é sua filha. A rigidez moral de Sherbourne passará por uma prova de fogo quando ele descobrir quem é a mãe verdadeira da criança. O desfecho do enredo é bem conduzido e justifica todo o sucesso do livro. A LUZ ENTRE OCEANOS (THE LIGHT BETWEEN OCEANS) DIREÇÃO Derek Cianfrance ELENCO Michael Fassbender, Alicia Vikander, Rachel Weisz PRODUÇÃO EUA, 2016, 12 anos QUANDO: em cartaz
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Trazido ao país por presos na Lava Jato, estaleiro enfrenta crise
Uma das maiores empresas de construção naval do mundo, a Keppel Fels, de Cingapura, foi trazida ao Brasil por dois empresários hoje presos pela Operação Lava Jato e se consolidou como uma das maiores fornecedoras da Petrobras, por meio do estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ). A subsidiária brasileira, porém, enfrenta hoje uma crise financeira, devido a atrasos nos pagamentos pela empresa de sondas Sete Brasil. No mês passado, demitiu pouco mais de mil empregados, de acordo com o sindicato dos metalúrgicos local. A empresa presta serviço para a Petrobras desde a década de 1970, mas sua primeira grande encomenda com a estatal foi a sonda P-18, nos anos 1990, obtida com apoio do engenheiro Zwi Skornicki –preso na última fase da Lava Jato, sob suspeita de ser operador de propinas na estatal. Em uma revista corporativa de 2007, a Fels diz que os dois principais executivos da empresa, Choo Chiao Beng e Tong Chong Heong, foram alertados por Skornicki das oportunidades de negócios geradas pela licitação das sondas P-18 e P-19. Em 2000, a companhia decidiu se instalar no país, em parceria com a Pem Setal, de Augusto Mendonça, que foi preso pela Lava Jato em novembro de 2014 e já condenado. Chamada de Fels Setal, a companhia ocupou as instalações do estaleiro Verolme, um dos maiores do país, que estava fechado por falta de encomendas. Em 2002, em campanha eleitoral, o ex-presidente Lula gravou no estaleiro um filme prometendo que a Petrobras voltaria a construir plataformas no país. Dois anos depois, a Fels Setal pegava sua primeira grande encomenda, a plataforma P-51. SETE BRASIL Hoje, já sem a Setal, o estaleiro tem contratos para a construção de partes de três plataformas da Petrobras, mas seu principal cliente é a Sete Brasil: são US$ 4,9 bilhões para a entrega de seis sondas de perfuração –uma delas já quase concluída e outras duas com obras iniciadas. Segundo informações do mercado, a empresa só recebeu até agora US$ 1,4 bilhão. O último pagamento foi feito no fim de 2014, o que levou à decisão de paralisar as obras em novembro de 2015. Um mês depois, foram demitidos 500 trabalhadores. No início de fevereiro deste ano, outros mil perderam o emprego. A Folha apurou que a companhia cobra da Sete uma dívida de US$ 2 bilhões pelos gastos já incorridos no contrato. No auge das encomendas, no fim dos anos 2000, o estaleiro chegou a ter 12 mil trabalhadores, diz o presidente do sindicato, Manoel Sales. Hoje, são cerca de 5.000. Apontado por executivos do setor como o estaleiros mais eficiente do país, foi o último a sentir a crise que provocou milhares de demissões na indústria naval brasileira. "Tememos que essa situação possa abalar novas encomendas e provocar novas demissões", diz Sales.
poder
Trazido ao país por presos na Lava Jato, estaleiro enfrenta criseUma das maiores empresas de construção naval do mundo, a Keppel Fels, de Cingapura, foi trazida ao Brasil por dois empresários hoje presos pela Operação Lava Jato e se consolidou como uma das maiores fornecedoras da Petrobras, por meio do estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ). A subsidiária brasileira, porém, enfrenta hoje uma crise financeira, devido a atrasos nos pagamentos pela empresa de sondas Sete Brasil. No mês passado, demitiu pouco mais de mil empregados, de acordo com o sindicato dos metalúrgicos local. A empresa presta serviço para a Petrobras desde a década de 1970, mas sua primeira grande encomenda com a estatal foi a sonda P-18, nos anos 1990, obtida com apoio do engenheiro Zwi Skornicki –preso na última fase da Lava Jato, sob suspeita de ser operador de propinas na estatal. Em uma revista corporativa de 2007, a Fels diz que os dois principais executivos da empresa, Choo Chiao Beng e Tong Chong Heong, foram alertados por Skornicki das oportunidades de negócios geradas pela licitação das sondas P-18 e P-19. Em 2000, a companhia decidiu se instalar no país, em parceria com a Pem Setal, de Augusto Mendonça, que foi preso pela Lava Jato em novembro de 2014 e já condenado. Chamada de Fels Setal, a companhia ocupou as instalações do estaleiro Verolme, um dos maiores do país, que estava fechado por falta de encomendas. Em 2002, em campanha eleitoral, o ex-presidente Lula gravou no estaleiro um filme prometendo que a Petrobras voltaria a construir plataformas no país. Dois anos depois, a Fels Setal pegava sua primeira grande encomenda, a plataforma P-51. SETE BRASIL Hoje, já sem a Setal, o estaleiro tem contratos para a construção de partes de três plataformas da Petrobras, mas seu principal cliente é a Sete Brasil: são US$ 4,9 bilhões para a entrega de seis sondas de perfuração –uma delas já quase concluída e outras duas com obras iniciadas. Segundo informações do mercado, a empresa só recebeu até agora US$ 1,4 bilhão. O último pagamento foi feito no fim de 2014, o que levou à decisão de paralisar as obras em novembro de 2015. Um mês depois, foram demitidos 500 trabalhadores. No início de fevereiro deste ano, outros mil perderam o emprego. A Folha apurou que a companhia cobra da Sete uma dívida de US$ 2 bilhões pelos gastos já incorridos no contrato. No auge das encomendas, no fim dos anos 2000, o estaleiro chegou a ter 12 mil trabalhadores, diz o presidente do sindicato, Manoel Sales. Hoje, são cerca de 5.000. Apontado por executivos do setor como o estaleiros mais eficiente do país, foi o último a sentir a crise que provocou milhares de demissões na indústria naval brasileira. "Tememos que essa situação possa abalar novas encomendas e provocar novas demissões", diz Sales.
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Pela 1ª vez, cientistas removem doença genética com 'cirurgia química' de embrião
Pesquisadores chineses afirmam ter realizado pela primeira vez no mundo uma "cirurgia química" em embriões humanos para extrair uma doença. A equipe da Universidade de Sun Yat-sen usou uma técnica chamada "edição de base" para corrigir um único erro entre as três bilhões de "letras" do nosso código genético. Eles alteraram embriões feitos em laboratório para extrair a doença talassemia beta. A equipe disse que o experimento pode levar, algum dia, ao tratamento de uma série de doenças herdadas geneticamente. A técnica altera a construção base do DNA: as quatro bases adenina, citosina, guanina e timina. Elas são mais conhecidas por suas respectivas letras iniciais, A, C, G e T. Todas as instruções para "configurar" o corpo humano e colocá-lo em funcionamento estão codificadas nas combinações dessas quatro bases. A talassemia beta, uma doença sanguínea que causa sintomas de anemia e pode levar à morte, é provocada por uma mudança em uma única base no código genético –conhecida como mutação pontual. Os pesquisadores chineses a "editaram de volta". Eles copiaram o DNA e trocaram o G por um A, corrigindo o problema. "Nós somos os primeiros a demonstrar a viabilidade de curar doenças genéticas em embriões humanos a partir de um sistema de edição de base", disse à BBC Junjiu Huang, um dos cientistas do grupo. Ele disse que o estudo abre novas portas para tratar pacientes e prevenir bebês de nascerem com a talassemia beta "e até mesmo outras doenças hereditárias". Os experimentos foram feitos com tecidos de um paciente com a doença e através de embriões humanos criados a partir da clonagem. REVOLUÇÃO GENÉTICA A edição de base é um avanço em relação a outra forma de editar genes, a técnica conhecida como Crispr, que já está revolucionando a ciência. A Crispr quebra o DNA. Quando o corpo tenta consertar a quebra, ela desativa uma série de instruções, que também são chamadas de gene. Aí está a oportunidade de inserir novas informações genéticas. A edição de base faz as próprias bases de DNA se transformarem umas nas outras. O professor David Liu, pioneiro da edição de base na Universidade de Harvard, descreveu o método como "cirurgia química". Ele afirma que a técnica é mais eficiente e tem menos efeitos colaterais indesejados do que a Crispr. "Cerca de dois terços das variantes genéticas humanas associadas a doenças são mutações pontuais. Portanto, a edição de base tem o potencial de corrigir diretamente, ou reproduzir para fins de pesquisa, muitas [mutações] patogênicas". O grupo de cientistas da Universidade de Sun Yat-sen em Guangzhou (China) virou manchete anteriormente quando eles foram os primeiros a usar a técnica Crispr em embriões humanos. O professor Robin Lovell-Badge, do Instituto Francis Crick em Londres, disse que determinados trechos desse último estudo são "engenhosos". Mas ele também questionou por que eles não fizeram mais pesquisas com animais antes de ir diretamente aos embriões humanos e afirmou que as regras sobre pesquisas com embriões em outros países teriam sido "mais rigorosas". O estudo, publicado na revista científica "Protein and Cell", é o mais recente exemplo da rapidez na evolução da habilidade dos cientistas de manipular o DNA humano. Isso está provocando um debate profundo de ética na sociedade, sobre o que é e o que não é aceitável nos esforços para prevenir doenças. O professor Lovell-Badge disse que esses métodos dificilmente serão usados clinicamente em breve. "Serão necessários muito mais debates sobre ética e sobre como esses métodos seriam regulados. E, em muitos países, incluindo a China, é necessário ter mecanismos mais robustos para regulação, fiscalização e acompanhamento a longo prazo."
ciencia
Pela 1ª vez, cientistas removem doença genética com 'cirurgia química' de embriãoPesquisadores chineses afirmam ter realizado pela primeira vez no mundo uma "cirurgia química" em embriões humanos para extrair uma doença. A equipe da Universidade de Sun Yat-sen usou uma técnica chamada "edição de base" para corrigir um único erro entre as três bilhões de "letras" do nosso código genético. Eles alteraram embriões feitos em laboratório para extrair a doença talassemia beta. A equipe disse que o experimento pode levar, algum dia, ao tratamento de uma série de doenças herdadas geneticamente. A técnica altera a construção base do DNA: as quatro bases adenina, citosina, guanina e timina. Elas são mais conhecidas por suas respectivas letras iniciais, A, C, G e T. Todas as instruções para "configurar" o corpo humano e colocá-lo em funcionamento estão codificadas nas combinações dessas quatro bases. A talassemia beta, uma doença sanguínea que causa sintomas de anemia e pode levar à morte, é provocada por uma mudança em uma única base no código genético –conhecida como mutação pontual. Os pesquisadores chineses a "editaram de volta". Eles copiaram o DNA e trocaram o G por um A, corrigindo o problema. "Nós somos os primeiros a demonstrar a viabilidade de curar doenças genéticas em embriões humanos a partir de um sistema de edição de base", disse à BBC Junjiu Huang, um dos cientistas do grupo. Ele disse que o estudo abre novas portas para tratar pacientes e prevenir bebês de nascerem com a talassemia beta "e até mesmo outras doenças hereditárias". Os experimentos foram feitos com tecidos de um paciente com a doença e através de embriões humanos criados a partir da clonagem. REVOLUÇÃO GENÉTICA A edição de base é um avanço em relação a outra forma de editar genes, a técnica conhecida como Crispr, que já está revolucionando a ciência. A Crispr quebra o DNA. Quando o corpo tenta consertar a quebra, ela desativa uma série de instruções, que também são chamadas de gene. Aí está a oportunidade de inserir novas informações genéticas. A edição de base faz as próprias bases de DNA se transformarem umas nas outras. O professor David Liu, pioneiro da edição de base na Universidade de Harvard, descreveu o método como "cirurgia química". Ele afirma que a técnica é mais eficiente e tem menos efeitos colaterais indesejados do que a Crispr. "Cerca de dois terços das variantes genéticas humanas associadas a doenças são mutações pontuais. Portanto, a edição de base tem o potencial de corrigir diretamente, ou reproduzir para fins de pesquisa, muitas [mutações] patogênicas". O grupo de cientistas da Universidade de Sun Yat-sen em Guangzhou (China) virou manchete anteriormente quando eles foram os primeiros a usar a técnica Crispr em embriões humanos. O professor Robin Lovell-Badge, do Instituto Francis Crick em Londres, disse que determinados trechos desse último estudo são "engenhosos". Mas ele também questionou por que eles não fizeram mais pesquisas com animais antes de ir diretamente aos embriões humanos e afirmou que as regras sobre pesquisas com embriões em outros países teriam sido "mais rigorosas". O estudo, publicado na revista científica "Protein and Cell", é o mais recente exemplo da rapidez na evolução da habilidade dos cientistas de manipular o DNA humano. Isso está provocando um debate profundo de ética na sociedade, sobre o que é e o que não é aceitável nos esforços para prevenir doenças. O professor Lovell-Badge disse que esses métodos dificilmente serão usados clinicamente em breve. "Serão necessários muito mais debates sobre ética e sobre como esses métodos seriam regulados. E, em muitos países, incluindo a China, é necessário ter mecanismos mais robustos para regulação, fiscalização e acompanhamento a longo prazo."
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Sem Legenda: O que esperar do filme inédito de Eduardo Coutinho
"Acho que esse filme nunca seria aprovado pelo Eduardo Coutinho", diz Jordana Berg. "Há coisas que incluímos de que ele talvez não gostasse; e tiramos outras de que ele gostava. Era difícil se comportar como se fosse Coutinho." A montadora  se refere ... Leia post completo no blog
ilustrada
Sem Legenda: O que esperar do filme inédito de Eduardo Coutinho"Acho que esse filme nunca seria aprovado pelo Eduardo Coutinho", diz Jordana Berg. "Há coisas que incluímos de que ele talvez não gostasse; e tiramos outras de que ele gostava. Era difícil se comportar como se fosse Coutinho." A montadora  se refere ... Leia post completo no blog
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Em debate mais equilibrado, Trump se esquiva de escândalo e ataca Hillary
Sob intensa pressão pública e crescente revolta em seu próprio partido depois da revelação de um vídeo com comentários obscenos sobre mulheres feitos por ele em 2005, o candidato republicano Donald Trump partiu para o ataque neste domingo (9), no esperado segundo debate presidencial contra sua rival democrata, Hillary Clinton. A tensão ficou clara logo de inicio, quando os dois candidatos romperam a tradição e se cumprimentaram apenas à distância, sem aperto de mãos. O constrangedor vídeo surgiu logo na segunda pergunta, quando Trump foi questionado se de fato havia beijado e agarrado mulheres "por ser uma estrela", como foi flagrado dizendo em 2005. A tática do republicano foi a de tentar parecer sereno, em contraste com o estilo explosivo que marcou sua campanha, admitir o erro e, principalmente, não deixar passar nenhuma oportunidade de atacar Hillary e seu marido, o ex-presidente Bill Clinton. "Tenho grande respeito por mulheres, ninguém tem mais respeito por elas do que eu. Eu fiquei envergonhado pelo que fiz e pedi desculpas a minha família e a meus eleitores", disse Trump, afirmando que jamais abusou de mulheres e que os comentários haviam sido nada mais que "conversa de vestiário". "Ninguém foi mais abusivo na história do que o presidente Bill Clinton, e a Hillary Clinton atacou essas mulheres violentamente. Não vamos falar de palavras, mas do que o presidente Clinton fez. Quando a Hillary levanta esse ponto, acho que é uma desgraça e ela deveria envergonhar-se." Enquanto isso, um grupo de mulheres protestava contra Trump no campus da Universidade Washington, em St Louis (Missouri), onde foi realizado o confronto. Depois de estarem em empate técnico no primeiro debate, na ultima semana, enquanto Trump enfrentava um inferno astral, Hillary abriu entre três e seis pontos de vantagem nas pesquisas. Mostrando preparo, porém mais tensa do que no primeiro debate, quando foi declarada vencedora pela maioria dos analistas e pesquisas, Hillary buscou personificar a indignação entre as mulheres pelas declarações sexistas de Trump e reiterar que ele não e qualificado para ser o presidente. "Donald disse que o video não representa quem ele é, mas esta claro para todos que representa. Vimos ao longo da campanha ele insultar pessoas, dar notas a mulheres por sua aparência e denegrir uma ex-Miss Universo. Sim, este e o Donald Trump", rebateu Hillary. Pouco antes do debate, Trump ja sinalizava que estaria na ofensiva ao organizar um dramático evento-surpresa ao lado de quatro mulheres que acusam o ex-presidente Bill Clinton de assédio. Uma a uma, Paula Jones, Juanita Broaddrick, Kathleen Willey e Kathy Shelton contaram suas historias e defenderam Trump. "Ações falam mais alto que palavras. O senhor Trump pode ter dito coisas feias, mas Bill Clinton me violentou e Hillary Clinton me ameaçou. Não acho que dê para comparar", disse a enfermeira aposentada Broaddrick, 73, que diz ter sido estuprada por Clinton em 1978, quanto ele era procurador-geral do Estado de Arkansas. Para aumentar a pressão, Trump levou as quatro mulheres para assistir o debate. Embora o debate deste domingo tenha sido mais equilibrado que o primeiro, Trump voltou a mostrar despreparo e desconhecimento sobre alguns dos principais temas da campanha, como a guerra civil na Siria. Alem de acusar Hillary e o presidente Barack Obama de ter criado a facção terrorista Estado Islâmico (EI), o que não corresponde aos fatos, o candidato republicano afirmou que o grupo ja estava sob controle de Aleppo, maior cidade siria, que na realidade esta sob cerco das tropas do ditador Bashar al Assad. "Ele disse que conhece melhor o EI que os generais. Não, voce não sabe", afirmou Hillary, reiterando que intensificaria o envio de armas aos curdos no norte da Siria para combater os terroristas e o regime de Assad. Embora tenha sido conduzido num formato de assembleia popular, com perguntas do publico e menos afeito a choques frontais, o tom de confronto marcou o debate, com alfinetadas reciprocas em quase todas as respostas dos candidatos. Depois de uma hora e meia de ataques mútuos, o debate terminou com um inesperado tom mais amigável, quando um eleitor que estava na plateia perguntou se eles seriam capazes de citar alguma qualidade positiva que respeitam no adversário. "Eu respeito os filhos dele, eles são incrivelmente capazes e devotados e eu acho que isso diz muito sobre Donald", respondeu Hillary. "Não concordo com quase nada que ele diz, mas respeito isso, como mae e avo isso e muito importante para mim." Trump, por sua vez, também não se esquivou da pergunta. "Ela não desiste, eu respeito isso. Ela e uma lutadora. Eu discordo de quase tudo pelo qual ela luta", afirmou. Depois dessas respostas, o debate terminou com o aperto de mao que faltou no inicio.
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Em debate mais equilibrado, Trump se esquiva de escândalo e ataca HillarySob intensa pressão pública e crescente revolta em seu próprio partido depois da revelação de um vídeo com comentários obscenos sobre mulheres feitos por ele em 2005, o candidato republicano Donald Trump partiu para o ataque neste domingo (9), no esperado segundo debate presidencial contra sua rival democrata, Hillary Clinton. A tensão ficou clara logo de inicio, quando os dois candidatos romperam a tradição e se cumprimentaram apenas à distância, sem aperto de mãos. O constrangedor vídeo surgiu logo na segunda pergunta, quando Trump foi questionado se de fato havia beijado e agarrado mulheres "por ser uma estrela", como foi flagrado dizendo em 2005. A tática do republicano foi a de tentar parecer sereno, em contraste com o estilo explosivo que marcou sua campanha, admitir o erro e, principalmente, não deixar passar nenhuma oportunidade de atacar Hillary e seu marido, o ex-presidente Bill Clinton. "Tenho grande respeito por mulheres, ninguém tem mais respeito por elas do que eu. Eu fiquei envergonhado pelo que fiz e pedi desculpas a minha família e a meus eleitores", disse Trump, afirmando que jamais abusou de mulheres e que os comentários haviam sido nada mais que "conversa de vestiário". "Ninguém foi mais abusivo na história do que o presidente Bill Clinton, e a Hillary Clinton atacou essas mulheres violentamente. Não vamos falar de palavras, mas do que o presidente Clinton fez. Quando a Hillary levanta esse ponto, acho que é uma desgraça e ela deveria envergonhar-se." Enquanto isso, um grupo de mulheres protestava contra Trump no campus da Universidade Washington, em St Louis (Missouri), onde foi realizado o confronto. Depois de estarem em empate técnico no primeiro debate, na ultima semana, enquanto Trump enfrentava um inferno astral, Hillary abriu entre três e seis pontos de vantagem nas pesquisas. Mostrando preparo, porém mais tensa do que no primeiro debate, quando foi declarada vencedora pela maioria dos analistas e pesquisas, Hillary buscou personificar a indignação entre as mulheres pelas declarações sexistas de Trump e reiterar que ele não e qualificado para ser o presidente. "Donald disse que o video não representa quem ele é, mas esta claro para todos que representa. Vimos ao longo da campanha ele insultar pessoas, dar notas a mulheres por sua aparência e denegrir uma ex-Miss Universo. Sim, este e o Donald Trump", rebateu Hillary. Pouco antes do debate, Trump ja sinalizava que estaria na ofensiva ao organizar um dramático evento-surpresa ao lado de quatro mulheres que acusam o ex-presidente Bill Clinton de assédio. Uma a uma, Paula Jones, Juanita Broaddrick, Kathleen Willey e Kathy Shelton contaram suas historias e defenderam Trump. "Ações falam mais alto que palavras. O senhor Trump pode ter dito coisas feias, mas Bill Clinton me violentou e Hillary Clinton me ameaçou. Não acho que dê para comparar", disse a enfermeira aposentada Broaddrick, 73, que diz ter sido estuprada por Clinton em 1978, quanto ele era procurador-geral do Estado de Arkansas. Para aumentar a pressão, Trump levou as quatro mulheres para assistir o debate. Embora o debate deste domingo tenha sido mais equilibrado que o primeiro, Trump voltou a mostrar despreparo e desconhecimento sobre alguns dos principais temas da campanha, como a guerra civil na Siria. Alem de acusar Hillary e o presidente Barack Obama de ter criado a facção terrorista Estado Islâmico (EI), o que não corresponde aos fatos, o candidato republicano afirmou que o grupo ja estava sob controle de Aleppo, maior cidade siria, que na realidade esta sob cerco das tropas do ditador Bashar al Assad. "Ele disse que conhece melhor o EI que os generais. Não, voce não sabe", afirmou Hillary, reiterando que intensificaria o envio de armas aos curdos no norte da Siria para combater os terroristas e o regime de Assad. Embora tenha sido conduzido num formato de assembleia popular, com perguntas do publico e menos afeito a choques frontais, o tom de confronto marcou o debate, com alfinetadas reciprocas em quase todas as respostas dos candidatos. Depois de uma hora e meia de ataques mútuos, o debate terminou com um inesperado tom mais amigável, quando um eleitor que estava na plateia perguntou se eles seriam capazes de citar alguma qualidade positiva que respeitam no adversário. "Eu respeito os filhos dele, eles são incrivelmente capazes e devotados e eu acho que isso diz muito sobre Donald", respondeu Hillary. "Não concordo com quase nada que ele diz, mas respeito isso, como mae e avo isso e muito importante para mim." Trump, por sua vez, também não se esquivou da pergunta. "Ela não desiste, eu respeito isso. Ela e uma lutadora. Eu discordo de quase tudo pelo qual ela luta", afirmou. Depois dessas respostas, o debate terminou com o aperto de mao que faltou no inicio.
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Filme na TV: 'Guerra Conjugal' convida a julgar e não a entender personagens
Em geral as pessoas não se incomodam. Eu, sim. Parte dos filmes de Joaquim Pedro de Andrade tem o inconveniente de nos colocar um palmo acima dos personagens. Em vez de observar suas vidas, somos chamados a julgá-las. Assim é em "Guerra Conjugal" (1975, 14 anos, TV Brasil, 23h30), adaptação dos contos de Dalton Trevisan sobre o que Joaquim definiu como "psicopatologia amorosa na civilização do terno e gravata". Em qualquer civilização, amor e psicopatologia amorosa são praticamente uma coisa só. É preciso, porém, não se esquecer de que, em 1975, agredir o "terno e gravata" era uma forma de se opor ao poder da ditadura. Aliás, é sem terno e gravata que se desenvolve o melhor episódio, aquele, antológico, em que dois velhinhos casados têm prazer se odiando.
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Filme na TV: 'Guerra Conjugal' convida a julgar e não a entender personagensEm geral as pessoas não se incomodam. Eu, sim. Parte dos filmes de Joaquim Pedro de Andrade tem o inconveniente de nos colocar um palmo acima dos personagens. Em vez de observar suas vidas, somos chamados a julgá-las. Assim é em "Guerra Conjugal" (1975, 14 anos, TV Brasil, 23h30), adaptação dos contos de Dalton Trevisan sobre o que Joaquim definiu como "psicopatologia amorosa na civilização do terno e gravata". Em qualquer civilização, amor e psicopatologia amorosa são praticamente uma coisa só. É preciso, porém, não se esquecer de que, em 1975, agredir o "terno e gravata" era uma forma de se opor ao poder da ditadura. Aliás, é sem terno e gravata que se desenvolve o melhor episódio, aquele, antológico, em que dois velhinhos casados têm prazer se odiando.
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Veja os lançamentos da área jurídica em destaque nesta semana
A Folha seleciona semanalmente sugestões de livros jurídicos. Confira os destaques: O CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE DA LEI DA FICHA LIMPA Autor Marcelo R. Peregrino Ferreira Editora Lumen Juris / (21) 2580-7178 Quanto R$ 90 (271 págs.) É um pequeno manual sobre a história do direito ao devido processo legal. A tese do autor aparece no último capítulo, que trata de direitos políticos e inelegibilidades, bem como da lei complementar 135/2010. Apresenta doutrina e jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. MULTIPARENTALIDADE E PARENTALIDADE SOCIAL Autor Christiano Cassettari Editora Atlas / 0800-171944 Quanto R$ 74 (280 págs.) O autor propõe soluções jurídicas para tratar dos efeitos da parentalidade sócio afetiva. Tema complexo, de difícil tratamento, mas a obra traz perspectivas e respostas jurídicas relevantes. Analisa julgados e apresenta visões históricas e sociológicas. Tese aplicada e interessante. DIREITO DAS ÁGUAS Autor João Alberto Alves Amorim Editora Atlas Quanto R$ 112 (432 págs.) Em 2ª edição, a obra trata das respostas do direito à crise mundial do acesso à água. Contrapõe a visão da água enquanto mercadoria e direito fundamental. Apresenta panorama do sistema jurídico internacional e do direito brasileiro. Inclui análise de projetos de lei e de julgados. Tem perfil de bom manual. ANÁLISE ECONÔMICA DA EXPANSÃO DO DIREITO PENAL Autor Fillipe Azevedo Rodrigues Editora Del Rey / (31) 3273-2971 Quanto R$ 54,40 (252 págs.) O autor propõe tratar o crime a partir da perspectiva da análise econômica do direito. Apresenta ideias de autores internacionais. Ainda que pudesse ter explorado mais a aplicabilidade dessa teoria no direito penal brasileiro, no capítulo 3, a análise é interessante.
cotidiano
Veja os lançamentos da área jurídica em destaque nesta semanaA Folha seleciona semanalmente sugestões de livros jurídicos. Confira os destaques: O CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE DA LEI DA FICHA LIMPA Autor Marcelo R. Peregrino Ferreira Editora Lumen Juris / (21) 2580-7178 Quanto R$ 90 (271 págs.) É um pequeno manual sobre a história do direito ao devido processo legal. A tese do autor aparece no último capítulo, que trata de direitos políticos e inelegibilidades, bem como da lei complementar 135/2010. Apresenta doutrina e jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. MULTIPARENTALIDADE E PARENTALIDADE SOCIAL Autor Christiano Cassettari Editora Atlas / 0800-171944 Quanto R$ 74 (280 págs.) O autor propõe soluções jurídicas para tratar dos efeitos da parentalidade sócio afetiva. Tema complexo, de difícil tratamento, mas a obra traz perspectivas e respostas jurídicas relevantes. Analisa julgados e apresenta visões históricas e sociológicas. Tese aplicada e interessante. DIREITO DAS ÁGUAS Autor João Alberto Alves Amorim Editora Atlas Quanto R$ 112 (432 págs.) Em 2ª edição, a obra trata das respostas do direito à crise mundial do acesso à água. Contrapõe a visão da água enquanto mercadoria e direito fundamental. Apresenta panorama do sistema jurídico internacional e do direito brasileiro. Inclui análise de projetos de lei e de julgados. Tem perfil de bom manual. ANÁLISE ECONÔMICA DA EXPANSÃO DO DIREITO PENAL Autor Fillipe Azevedo Rodrigues Editora Del Rey / (31) 3273-2971 Quanto R$ 54,40 (252 págs.) O autor propõe tratar o crime a partir da perspectiva da análise econômica do direito. Apresenta ideias de autores internacionais. Ainda que pudesse ter explorado mais a aplicabilidade dessa teoria no direito penal brasileiro, no capítulo 3, a análise é interessante.
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Luciana Gimenez diz que não engravidou de Mick Jagger em canil
A apresentadora Luciana Gimenez, 45, diz que não engravidou de Mick Jagger em um canil durante uma festa, conforme afirma a biografia do músico "Mick - A Vida Louca e Selvagem de Jagger", do americano Christopher Andersen. "Você imagina o Mick Jagger com 1,75 m e 60 kg no canil, eu em cima, e os convidados todos olhando? E outra: sou uma menina superfina, jamais faria isso!", diz à "Glamour" que vai às bancas em 30/6. Luciana posou para a revista em Londres. * Ela afirma que teve uma relação de cinco anos com o vocalista dos Rolling Stones. "O Mick não é um cara a quem se pode aplicar o conceito de namoro, vive em turnê. Estivemos juntos por um ano antes de o Lucas nascer. E depois vivemos momentos de romance, carinho e afeição." DE ZERO A DEZ A chance de o TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região determinar a soltura de Marcelo Odebrecht nos próximos dias é considerada remota pela equipe de defesa do empreiteiro. Na melhor das hipóteses, ele só sairia da prisão em julho, por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Na pior, por esse raciocínio, em setembro, quando o caso então chegaria ao plenário do STF (Supremo Tribunal Federal). HISTÓRICO O Supremo já determinou que outros envolvidos na Lava Jato deixassem a cadeia, contrapondo-se a decisões do juiz Sergio Moro. ALÔ, OBAMA Quase cem organizações -entre elas a ONG brasileira Conectas Direitos Humanos- farão denúncia nesta quarta (24), na ONU, contra os EUA por manter detentos na prisão de Guantánamo sem processo. A cobrança, segundo elas, será "contundente". O presidente Barack Obama prometeu, em vão, fechar a base por causa de torturas e pela situação jurídica indefinida dos presos. ROTA PARALELA E a proposta de Lindbergh Farias (PT-RJ) para que uma comissão de senadores visite a prisão de Guantánamo, mantida pelos EUA, já gera polêmica. Ele propõe que os senadores que visitaram a Venezuela, liderados por Aécio Neves (PSDB-MG), também integrem o grupo. "Em Guantánamo não há presos políticos, como na Venezuela, e sim detentos da maior periculosidade", diz o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). "E que moral temos para investigar maus-tratos em outras prisões se as do Brasil são campos de concentração?", finaliza. ROTA PARALELA 2 "Caiado diz isso porque agora estamos falando dos EUA. É aquela velha história: contra os americanos, eles não dão nem um pio", afirma Lindbergh. "Guantánamo, como disse o [ex-presidente uruguaio José] Mujica, é um cativeiro de sequestrados. As pessoas estão presas lá sem processo." Ele diz que a comissão do Senado deve fazer "gestões" para que o Brasil receba presos da base naval, a exemplo do que já fez o Uruguai de Mujica. MÚSICA E POLÍTICA O ex-ministro Franklin Martins lançou o livro "Quem Foi Que Inventou o Brasil?", na segunda (22), na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. A empresária Mônica Monteiro, mulher dele, acompanhou a sessão de autógrafos da obra, sobre a relação entre música e política. Também compareceram a cineasta Tata Amaral, o ex-ministro Nelson Jobim, o cantor Martinho da Vila, a artista plástica Rioco Kayano e o publicitário Manoel Cyrillo. BRINCANDO DE TETRIS A produção do Ballet Bolshoi, que se apresenta em São Paulo nesta quarta (24), abriu um espaço embaixo do palco do Teatro Bradesco para encaixar parte da orquestra. O fosso não comporta os 75 músicos do espetáculo "Spartacus". "Caberia no Theatro Municipal, mas não conseguimos data lá", diz Steffen Daulsberg, da Dell'Arte. O INÍCIO DO FIM O livro "Condenado à Morte", escrito pelo jornalista da Folha Ricardo Gallo, vai virar filme. A obra, sobre Marco Archer, brasileiro fuzilado em janeiro na Indonésia, servirá de base para o longa, a cargo das produtoras Sentimental e Querosene. Com direção de Guga Sander, a história chega aos cinemas até 2017. DINHEIRO NA MÃO Os primeiros editais da Política Nacional de Cultura Viva, que totalizam R$ 13 milhões e serão lançados pelo Ministério da Cultura no dia 2, preveem a liberação direta de dinheiro público para lideranças indígenas que administram Pontos de Cultura. Antes, entidades da sociedade civil funcionavam como "atravessadoras". DINHEIRO 2 A pasta diz que a medida é inédita e ajudará na "sobrevivência dos povos indígenas". O governo também vai repassar recursos para 80 iniciativas de mídia independente e entregar 50 antenas que permitem o acesso à internet para comunidades quilombolas e rurais de áreas isoladas. SÓ ELAS O dramaturgo e novelista Walcyr Carrasco e a atriz Suely Franco receberam convidados na pré-estreia do espetáculo "Loucas por Eles", na sexta (19). O casal de atores Lucinha Lins e Claudio Tovar e a apresentadora e atriz Thammy Miranda estiveram na plateia do Teatro Augusta. CURTO-CIRCUITO O ministro Henrique Alves (Turismo) fala nesta quarta (24) para investidores internacionais do mercado imobiliário. No evento GRI Hotéis, em SP. Marina Lima faz show nesta quarta (24) na festa de 15 anos da marca Camila Klein, no Baretto. O Atelier Sandro Barros promove palestra para noivas, em parceria com Richard Ginori, nesta quarta (24), às 15h. O restaurante Piola, nos Jardins, lança nesta quarta (24) cardápio saudável. Assinado pela nutricionista Daniella Horn. com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI
colunas
Luciana Gimenez diz que não engravidou de Mick Jagger em canilA apresentadora Luciana Gimenez, 45, diz que não engravidou de Mick Jagger em um canil durante uma festa, conforme afirma a biografia do músico "Mick - A Vida Louca e Selvagem de Jagger", do americano Christopher Andersen. "Você imagina o Mick Jagger com 1,75 m e 60 kg no canil, eu em cima, e os convidados todos olhando? E outra: sou uma menina superfina, jamais faria isso!", diz à "Glamour" que vai às bancas em 30/6. Luciana posou para a revista em Londres. * Ela afirma que teve uma relação de cinco anos com o vocalista dos Rolling Stones. "O Mick não é um cara a quem se pode aplicar o conceito de namoro, vive em turnê. Estivemos juntos por um ano antes de o Lucas nascer. E depois vivemos momentos de romance, carinho e afeição." DE ZERO A DEZ A chance de o TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região determinar a soltura de Marcelo Odebrecht nos próximos dias é considerada remota pela equipe de defesa do empreiteiro. Na melhor das hipóteses, ele só sairia da prisão em julho, por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Na pior, por esse raciocínio, em setembro, quando o caso então chegaria ao plenário do STF (Supremo Tribunal Federal). HISTÓRICO O Supremo já determinou que outros envolvidos na Lava Jato deixassem a cadeia, contrapondo-se a decisões do juiz Sergio Moro. ALÔ, OBAMA Quase cem organizações -entre elas a ONG brasileira Conectas Direitos Humanos- farão denúncia nesta quarta (24), na ONU, contra os EUA por manter detentos na prisão de Guantánamo sem processo. A cobrança, segundo elas, será "contundente". O presidente Barack Obama prometeu, em vão, fechar a base por causa de torturas e pela situação jurídica indefinida dos presos. ROTA PARALELA E a proposta de Lindbergh Farias (PT-RJ) para que uma comissão de senadores visite a prisão de Guantánamo, mantida pelos EUA, já gera polêmica. Ele propõe que os senadores que visitaram a Venezuela, liderados por Aécio Neves (PSDB-MG), também integrem o grupo. "Em Guantánamo não há presos políticos, como na Venezuela, e sim detentos da maior periculosidade", diz o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). "E que moral temos para investigar maus-tratos em outras prisões se as do Brasil são campos de concentração?", finaliza. ROTA PARALELA 2 "Caiado diz isso porque agora estamos falando dos EUA. É aquela velha história: contra os americanos, eles não dão nem um pio", afirma Lindbergh. "Guantánamo, como disse o [ex-presidente uruguaio José] Mujica, é um cativeiro de sequestrados. As pessoas estão presas lá sem processo." Ele diz que a comissão do Senado deve fazer "gestões" para que o Brasil receba presos da base naval, a exemplo do que já fez o Uruguai de Mujica. MÚSICA E POLÍTICA O ex-ministro Franklin Martins lançou o livro "Quem Foi Que Inventou o Brasil?", na segunda (22), na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. A empresária Mônica Monteiro, mulher dele, acompanhou a sessão de autógrafos da obra, sobre a relação entre música e política. Também compareceram a cineasta Tata Amaral, o ex-ministro Nelson Jobim, o cantor Martinho da Vila, a artista plástica Rioco Kayano e o publicitário Manoel Cyrillo. BRINCANDO DE TETRIS A produção do Ballet Bolshoi, que se apresenta em São Paulo nesta quarta (24), abriu um espaço embaixo do palco do Teatro Bradesco para encaixar parte da orquestra. O fosso não comporta os 75 músicos do espetáculo "Spartacus". "Caberia no Theatro Municipal, mas não conseguimos data lá", diz Steffen Daulsberg, da Dell'Arte. O INÍCIO DO FIM O livro "Condenado à Morte", escrito pelo jornalista da Folha Ricardo Gallo, vai virar filme. A obra, sobre Marco Archer, brasileiro fuzilado em janeiro na Indonésia, servirá de base para o longa, a cargo das produtoras Sentimental e Querosene. Com direção de Guga Sander, a história chega aos cinemas até 2017. DINHEIRO NA MÃO Os primeiros editais da Política Nacional de Cultura Viva, que totalizam R$ 13 milhões e serão lançados pelo Ministério da Cultura no dia 2, preveem a liberação direta de dinheiro público para lideranças indígenas que administram Pontos de Cultura. Antes, entidades da sociedade civil funcionavam como "atravessadoras". DINHEIRO 2 A pasta diz que a medida é inédita e ajudará na "sobrevivência dos povos indígenas". O governo também vai repassar recursos para 80 iniciativas de mídia independente e entregar 50 antenas que permitem o acesso à internet para comunidades quilombolas e rurais de áreas isoladas. SÓ ELAS O dramaturgo e novelista Walcyr Carrasco e a atriz Suely Franco receberam convidados na pré-estreia do espetáculo "Loucas por Eles", na sexta (19). O casal de atores Lucinha Lins e Claudio Tovar e a apresentadora e atriz Thammy Miranda estiveram na plateia do Teatro Augusta. CURTO-CIRCUITO O ministro Henrique Alves (Turismo) fala nesta quarta (24) para investidores internacionais do mercado imobiliário. No evento GRI Hotéis, em SP. Marina Lima faz show nesta quarta (24) na festa de 15 anos da marca Camila Klein, no Baretto. O Atelier Sandro Barros promove palestra para noivas, em parceria com Richard Ginori, nesta quarta (24), às 15h. O restaurante Piola, nos Jardins, lança nesta quarta (24) cardápio saudável. Assinado pela nutricionista Daniella Horn. com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI
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Governo corre para aprovar medidas do ajuste ainda em 2015
O governo começa a semana correndo para que medidas importantes para o ajuste fiscal sejam aprovadas antes de 22 de dezembro, data de início do recesso parlamentar. Para governistas e aliados, a operação é essencial para que o discurso do impeachment da petista não migre da via política para a econômica. Segundo a Folha apurou, a avaliação do núcleo mais próximo a Dilma e também de integrantes do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, é de que o governo precisa mostrar sinais de reação na economia para garantir o apoio do mercado. Sem ajuda de grandes empresários e com risco de novos rebaixamentos da nota de crédito do Brasil, admitem, a situação do Planalto pode se agravar, inviabilizando a governabilidade de Dilma. Desde a semana passada, com a prisão na Operação Lava Jato do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), o Planalto tenta reorganizar sua base aliada para a votação, nesta terça-feira (1º), da nova meta fiscal, que deixa de prever superavit de R$ 55,3 bilhões e admite deficit de R$ 119,9 bilhões. A aprovação da meta poderia reverter bloqueio de R$ 10 bilhões em gastos da União, assinado por Dilma na sexta (27). Nesta terça, a presidente vai comandar a reunião de líderes do Congresso, de onde deve sair o nome do novo líder do governo no Senado. Até agora, o favorito é o senador Wellington Fagundes (PR-MT). Na reunião, a presidente vai fazer um apelo para que ministros e parlamentares ajudem na aprovação da nova meta e de outras duas medidas: a DRU (Desvinculação de Receitas da União) e o projeto de repatriação de recursos de brasileiros no exterior. Reservadamente, porém, auxiliares de Dilma dizem que se darão por satisfeitos caso o governo consiga aprovar a nova meta e a DRU e já admitem que a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e do Orçamento devem ficar para 2016. CUNHA Ainda na terça, o Planalto vai acompanhar os movimentos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que pode deflagrar o impeachment contra Dilma caso o Conselho de Ética da Casa abra o processo para sua cassação com ajuda dos votos de deputados do PT. Acusado de corrupção e lavagem de dinheiro e suspeito de esconder contas na Suíça, Cunha fechou acordo de não agressão com o Planalto caso o PT não votasse contra ele no Conselho de Ética da Câmara. Nos últimos dias, porém, os petistas têm dado sinais de votarão contra o presidente da Casa.
poder
Governo corre para aprovar medidas do ajuste ainda em 2015O governo começa a semana correndo para que medidas importantes para o ajuste fiscal sejam aprovadas antes de 22 de dezembro, data de início do recesso parlamentar. Para governistas e aliados, a operação é essencial para que o discurso do impeachment da petista não migre da via política para a econômica. Segundo a Folha apurou, a avaliação do núcleo mais próximo a Dilma e também de integrantes do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, é de que o governo precisa mostrar sinais de reação na economia para garantir o apoio do mercado. Sem ajuda de grandes empresários e com risco de novos rebaixamentos da nota de crédito do Brasil, admitem, a situação do Planalto pode se agravar, inviabilizando a governabilidade de Dilma. Desde a semana passada, com a prisão na Operação Lava Jato do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), o Planalto tenta reorganizar sua base aliada para a votação, nesta terça-feira (1º), da nova meta fiscal, que deixa de prever superavit de R$ 55,3 bilhões e admite deficit de R$ 119,9 bilhões. A aprovação da meta poderia reverter bloqueio de R$ 10 bilhões em gastos da União, assinado por Dilma na sexta (27). Nesta terça, a presidente vai comandar a reunião de líderes do Congresso, de onde deve sair o nome do novo líder do governo no Senado. Até agora, o favorito é o senador Wellington Fagundes (PR-MT). Na reunião, a presidente vai fazer um apelo para que ministros e parlamentares ajudem na aprovação da nova meta e de outras duas medidas: a DRU (Desvinculação de Receitas da União) e o projeto de repatriação de recursos de brasileiros no exterior. Reservadamente, porém, auxiliares de Dilma dizem que se darão por satisfeitos caso o governo consiga aprovar a nova meta e a DRU e já admitem que a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e do Orçamento devem ficar para 2016. CUNHA Ainda na terça, o Planalto vai acompanhar os movimentos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que pode deflagrar o impeachment contra Dilma caso o Conselho de Ética da Casa abra o processo para sua cassação com ajuda dos votos de deputados do PT. Acusado de corrupção e lavagem de dinheiro e suspeito de esconder contas na Suíça, Cunha fechou acordo de não agressão com o Planalto caso o PT não votasse contra ele no Conselho de Ética da Câmara. Nos últimos dias, porém, os petistas têm dado sinais de votarão contra o presidente da Casa.
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2ª temporada da série '13 Reasons Why' terá 7 novos personagens
O Netflix anunciou na terça (8) os novos atores que comporão o elenco da segunda temporada de "13 Reasons Why". Os episódios ainda estão em fase de produção e devem estrear em 2018. Anne Winters, Bryce Cass, Chelsea Alden, Samantha Logan, Kelli O'Hara e Ben Lawson vão aparecer na maior parte dos episódios, mas não terão papéis centrais na trama. A exceção fica por conta de Allisson Miller, que interpretará uma advogada contratada pelos pais de Hannah para processar o colégio. A expectativa é que um dos eixos narrativos da segunda temporada seja a batalha judicial. Winters, Cass, Alden e Logan vão ser estudantes do Liberty High. Já O'Hara e Lawson terão papéis mais maduros: a primeira vai interpretar Jackie, uma defensora de vítimas do bullying, e o último será Rick, treinador do time de baseball do colégio. "13 Reasons Why" foi lançada em 2017 e se tornou um dos maiores sucessos do Netflix. Enquanto o foco da primeira temporada foram os motivos que levaram a protagonista, Hannah Baker, a cometer suicídio, a segunda temporada deve explorar as consequências da morte da adolescente e as tentativas de outros personagens de superar o episódio.
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2ª temporada da série '13 Reasons Why' terá 7 novos personagensO Netflix anunciou na terça (8) os novos atores que comporão o elenco da segunda temporada de "13 Reasons Why". Os episódios ainda estão em fase de produção e devem estrear em 2018. Anne Winters, Bryce Cass, Chelsea Alden, Samantha Logan, Kelli O'Hara e Ben Lawson vão aparecer na maior parte dos episódios, mas não terão papéis centrais na trama. A exceção fica por conta de Allisson Miller, que interpretará uma advogada contratada pelos pais de Hannah para processar o colégio. A expectativa é que um dos eixos narrativos da segunda temporada seja a batalha judicial. Winters, Cass, Alden e Logan vão ser estudantes do Liberty High. Já O'Hara e Lawson terão papéis mais maduros: a primeira vai interpretar Jackie, uma defensora de vítimas do bullying, e o último será Rick, treinador do time de baseball do colégio. "13 Reasons Why" foi lançada em 2017 e se tornou um dos maiores sucessos do Netflix. Enquanto o foco da primeira temporada foram os motivos que levaram a protagonista, Hannah Baker, a cometer suicídio, a segunda temporada deve explorar as consequências da morte da adolescente e as tentativas de outros personagens de superar o episódio.
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Aos 15 anos, Flávia Saraiva conquista mais um bronze na ginástica artística
Nesta segunda-feira (13), a carioca Flávia Saraiva, 15, conquistou a medalha de bronze no individual geral feminino dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá. Flávia já havia se destacado neste domingo, quando a seleção brasileira de ginástica artística feminina levou uma medalha de bronze. Ela teve a melhor pontuação da equipe brasileira: 14.200. Esta é a primeira vez que a atleta disputa os Jogos Pan-Americanos. Nesta segunda, Flávia não esteve desde o começo entre as melhores e ficou na quinta colocação após sua apresentação no salto. Na sequência, ela cometeu pequeno erro nas barras assimétricas, mas ainda assim pulou para a terceira colocação. Nas traves, ela se desequilibrou durante sua apresentação, mas conseguiu 14.400 pontos e pulou à segunda posição. Após alta nota no solo, 14.650, ela se manteve provisoriamente na segunda colocação. Por fim, ela ficou atrás da canadense Ellie Black e da americana Madison Desch e conquistou o bronze. Na mesma categoria, Danielle Hypolito ficou na quinta colocação. Flávia Saraiva é bronze em Toronto
esporte
Aos 15 anos, Flávia Saraiva conquista mais um bronze na ginástica artísticaNesta segunda-feira (13), a carioca Flávia Saraiva, 15, conquistou a medalha de bronze no individual geral feminino dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá. Flávia já havia se destacado neste domingo, quando a seleção brasileira de ginástica artística feminina levou uma medalha de bronze. Ela teve a melhor pontuação da equipe brasileira: 14.200. Esta é a primeira vez que a atleta disputa os Jogos Pan-Americanos. Nesta segunda, Flávia não esteve desde o começo entre as melhores e ficou na quinta colocação após sua apresentação no salto. Na sequência, ela cometeu pequeno erro nas barras assimétricas, mas ainda assim pulou para a terceira colocação. Nas traves, ela se desequilibrou durante sua apresentação, mas conseguiu 14.400 pontos e pulou à segunda posição. Após alta nota no solo, 14.650, ela se manteve provisoriamente na segunda colocação. Por fim, ela ficou atrás da canadense Ellie Black e da americana Madison Desch e conquistou o bronze. Na mesma categoria, Danielle Hypolito ficou na quinta colocação. Flávia Saraiva é bronze em Toronto
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Novo zoneamento estimula criação de edifícios-garagem em SP
O projeto do novo zoneamento para São Paulo define a existência de mais de 30 zonas onde a construção de edifícios-garagens será estimulada pelo poder público. Por volta de 80% dessas regiões estão fora do centro expandido da cidade. Elas haviam sido delineadas pelo Plano Diretor do ano passado e foram ratificadas agora. De acordo com o mapa apresentado com projeto de lei do executivo, as regiões mais próximas ao centro estão nos bairros de Santana, Barra Funda, Lapa, Butantã e Ipiranga. A intenção é que os edifícios-garagens sejam criados perto de estações de metrô, trens ou terminais de ônibus. "A pessoa não vai pagar outorga onerosa para construir garagens nessas localidades", disse Fernando Haddad (PT) nesta terça-feira (2), na Câmara Municipal de São Paulo. De acordo com o prefeito, que entregou pessoalmente o projeto de lei, a medida vai estimular a pessoa a não fazer todo o trajeto de carro. "Se ela não conseguir fazer todo [o trajeto] de transporte coletivo, poderá fazer uma parte de transporte e outra de carro. Ela deixará um carro no estacionamento", afirmou. As construções dos edifícios-garagem terão que respeitar o limite máximo dos lotes, que, dependendo da zona, vai de 10 mil a 15 mil metros quadrados. De acordo com a Prefeitura, o desestímulo ao uso do carro consta de outros pontos do projeto de lei. Com a redução da exigência do número mínimo de vagas de estacionamento nos empreendimentos, principalmente de uso não residencial, Haddad espera que o uso do automóvel particular caia. No caso dos eixos de transporte público, os prédios de residência poderão ter apenas uma vaga de garagem por apartamento, em média. Mais do que isso, só se o empreendedor pagar uma taxa. Não é a primeira vez que surge um projeto municipal para a construção de dezenas de edifícios-garagens na cidade com o intuito de acomodar melhor os carros e, pelo menos, diminuir o trânsito. Em 2009, durante a gestão Kassab chegou a ser lançado um plano de zona azul vertical que previa a criação de 26 mil vagas de estacionamento público na capital. Muitos deles em áreas nobres. A ideia era que a iniciativa privada criasse tais prédios e, em troca, estes empresários poderiam explorar o sistema de zona azul por décadas. A diminuição do uso do carro só vai ocorrer, para os especialistas em mobilidade urbana, quando melhorar a oferta de transporte público. SAIBA MAIS A lei de zoneamento é responsável por detalhar as diretrizes urbanísticas presentes no Plano Diretor, aprovado pela Câmara de São Paulo em 2014. O zoneamento regula, quarteirão por quarteirão, o que pode ou não ser construído, segundo diferentes usos (residencial, comercial ou industrial). Se aprovada pelos vereadores, a lei terá validade até 2029, mesmo prazo do atual Plano Diretor. Legislações nesse sentido existem em São Paulo desde o início do século 20. Em 1934, por exemplo, foram consolidadas diretrizes para as avenidas Paulista e Higienópolis. O primeiro conjunto de diretrizes a pensar a cidade como um todo, porém, veio somente com o Plano Diretor proposto em 1972, acompanhado da lei de zoneamento que definiu o padrão de verticalização da capital paulista. A lei foi revisada em 2004, na gestão Marta Suplicy (PT), seguindo o Plano Diretor de 2002, que dava espaço à construção de moradias populares e que já previa espaços comerciais em zonas residenciais.
cotidiano
Novo zoneamento estimula criação de edifícios-garagem em SPO projeto do novo zoneamento para São Paulo define a existência de mais de 30 zonas onde a construção de edifícios-garagens será estimulada pelo poder público. Por volta de 80% dessas regiões estão fora do centro expandido da cidade. Elas haviam sido delineadas pelo Plano Diretor do ano passado e foram ratificadas agora. De acordo com o mapa apresentado com projeto de lei do executivo, as regiões mais próximas ao centro estão nos bairros de Santana, Barra Funda, Lapa, Butantã e Ipiranga. A intenção é que os edifícios-garagens sejam criados perto de estações de metrô, trens ou terminais de ônibus. "A pessoa não vai pagar outorga onerosa para construir garagens nessas localidades", disse Fernando Haddad (PT) nesta terça-feira (2), na Câmara Municipal de São Paulo. De acordo com o prefeito, que entregou pessoalmente o projeto de lei, a medida vai estimular a pessoa a não fazer todo o trajeto de carro. "Se ela não conseguir fazer todo [o trajeto] de transporte coletivo, poderá fazer uma parte de transporte e outra de carro. Ela deixará um carro no estacionamento", afirmou. As construções dos edifícios-garagem terão que respeitar o limite máximo dos lotes, que, dependendo da zona, vai de 10 mil a 15 mil metros quadrados. De acordo com a Prefeitura, o desestímulo ao uso do carro consta de outros pontos do projeto de lei. Com a redução da exigência do número mínimo de vagas de estacionamento nos empreendimentos, principalmente de uso não residencial, Haddad espera que o uso do automóvel particular caia. No caso dos eixos de transporte público, os prédios de residência poderão ter apenas uma vaga de garagem por apartamento, em média. Mais do que isso, só se o empreendedor pagar uma taxa. Não é a primeira vez que surge um projeto municipal para a construção de dezenas de edifícios-garagens na cidade com o intuito de acomodar melhor os carros e, pelo menos, diminuir o trânsito. Em 2009, durante a gestão Kassab chegou a ser lançado um plano de zona azul vertical que previa a criação de 26 mil vagas de estacionamento público na capital. Muitos deles em áreas nobres. A ideia era que a iniciativa privada criasse tais prédios e, em troca, estes empresários poderiam explorar o sistema de zona azul por décadas. A diminuição do uso do carro só vai ocorrer, para os especialistas em mobilidade urbana, quando melhorar a oferta de transporte público. SAIBA MAIS A lei de zoneamento é responsável por detalhar as diretrizes urbanísticas presentes no Plano Diretor, aprovado pela Câmara de São Paulo em 2014. O zoneamento regula, quarteirão por quarteirão, o que pode ou não ser construído, segundo diferentes usos (residencial, comercial ou industrial). Se aprovada pelos vereadores, a lei terá validade até 2029, mesmo prazo do atual Plano Diretor. Legislações nesse sentido existem em São Paulo desde o início do século 20. Em 1934, por exemplo, foram consolidadas diretrizes para as avenidas Paulista e Higienópolis. O primeiro conjunto de diretrizes a pensar a cidade como um todo, porém, veio somente com o Plano Diretor proposto em 1972, acompanhado da lei de zoneamento que definiu o padrão de verticalização da capital paulista. A lei foi revisada em 2004, na gestão Marta Suplicy (PT), seguindo o Plano Diretor de 2002, que dava espaço à construção de moradias populares e que já previa espaços comerciais em zonas residenciais.
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Lula e Chávez ficaram 7 meses sem se falar, revela telegrama
Um telegrama produzido pela Embaixada do Brasil na Venezuela revela que os então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez (1954-2013) ficaram sete meses sem conversar, logo após o venezuelano ter chamado o Congresso brasileiro de "papagaio" dos Estados Unidos. O congelamento das relações ocorreu em 2007, segundo telegrama do embaixador em Caracas Antônio José Ferreira Simões datado de março de 2009 –classificado na época como "reservado", o documento foi tornado público nesta terça-feira (19) pelo Ministério das Relações Exteriores, ao atender um pedido feito pela revista "Época" pela Lei de Acesso à Informação. "No contexto das declarações do presidente Chávez sobre o Congresso Nacional brasileiro, os dois presidentes ficaram sem encontrar-se ou falar por telefone durante sete meses", escreveu o embaixador, que hoje ocupa no Itamaraty o cargo de subsecretário-geral da América do Sul, Central e do Caribe. As relações entre Lula e Chávez foram retomadas por volta de setembro de 2007, quando começou uma série de cinco encontros realizados trimestralmente. Logo após a morte de Chávez, em 2013, o Instituto Lula divulgou um vídeo em que o petista fez diversos elogios ao venezuelano, com quem disse ter "boa afinidade ideológica" e uma relação que extrapolava a de dois presidentes, sendo "uma relação de dois companheiros". No vídeo, Lula não falou sobre o congelamento de comunicação por sete meses. "Muita gente diz que o Chávez era uma pessoa polêmica. E era. E era bom que fosse assim. Porque o Chávez permitia que as reuniões da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) sempre fossem muito vivas, muito fortes", disse o ex-presidente. De acordo com o telegrama enviado pelo embaixador Simões ao Itamaraty, apesar de alguns tropeços, a relação entre Brasil e Venezuela atingiu níveis sem precedentes durante as gestões de Lula e Chávez, o que tornou o Brasil um parceiro preferencial de negócios. O comércio bilateral, segundo Simões, registrou um aumento médio próximo de 10% ao ano desde a posse de Lula, em 2003, passando de US$ 880 milhões para US$ 6 bilhões em 2009. A Venezuela passou "a representar uma plataforma central para o processo de internacionalização das empresas brasileiras", que "ganharam projeção nos setores de obras públicas, fornecimento de equipamentos industriais e agrícolas, petroquímica e bens de consumo (Odebrecht, Cotia Trading, Volvo do Brasil, Avibrás, Braskem, Brahma, Sadia, Natura, entre outras)". Os investimentos brasileiros na Venezuela, conforme o embaixador, atingiram US$ 3 bilhões em 2007. Segundo o embaixador, a Venezuela também se beneficiou várias vezes da parceria com o Brasil, como no episódio da greve dos petroleiros da Venezuela de 2002 em que Lula, como presidente eleito, acolheu uma sugestão do então embaixador brasileiro, Ruy Nogueira, e pediu ao presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) que enviasse à Venezuela "um navio petroleiro carregado de gasolina", o que permitiu ao governo Chávez enfrentar a crise de desabastecimento e "também representou uma vitória moral para o presidente venezuelano". Foi o momento "mais frágil" dos primeiros dez anos de governo Chávez (1998-2008), o que deu "ao gesto brasileiro importância crucial para sua [de Chávez] permanência na Presidência". Além disso, informou o embaixador, o Brasil teve "papel crucial, por meio do Grupo de Amigos de Venezuela, para canalizar por vias pacíficas tensões que voltaram a surgir no relacionamento entre o governo e oposição entre 2003 e 2004". Por fim, o Brasil "tomou iniciativas que contribuíram para aproximar decisivamente" a Venezuela e os Estados Unidos. TV DIGITAL Em outro telegrama, de agosto de 2009, o embaixador relatou um encontro em Caracas entre Chávez, ele e o então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge. Na conversa, Chávez confidenciou que uma conversa sua com o presidente Lula e uma consulta ao seu ministro da Ciência e Tecnologia o fizeram "voltar atrás" da assinatura de uma carta de intenção com o governo da China para adoção do sistema de TV digital desenvolvido por aquele país. O Brasil e o Japão haviam apresentado um modelo de TV digital desenvolvido em conjunto e queriam que a Venezuela o adotasse. Chávez confirmou que "já decidiu adotar o sistema nipo-brasileiro", mas pediu "a compreensão brasileira" porque queria concluir o diálogo com a China antes de qualquer anúncio oficial para "não ferir suscetibilidades de Pequim". A adoção do sistema nipo-brasileiro foi anunciada pela Venezuela em fevereiro de 2013. Na mesma conversa com Miguel Jorge e o embaixador brasileiro, Chávez relatou as ambições da Venezuela a respeito do Brasil, destacando: "(i) o desejo de obter bens de capital e tecnologia para pequenas siderúrgicas; (ii) interesse em que a Venezuela seja sócia da siderúrgica que a Companhia Vale do Rio Doce planeja construir no Pará; (iii) disposição a iniciar, de imediato, estudos técnicos e projetos para a integração das cadeias produtivas entre a Venezuela e a Zona Franca de Manaus".
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Lula e Chávez ficaram 7 meses sem se falar, revela telegramaUm telegrama produzido pela Embaixada do Brasil na Venezuela revela que os então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez (1954-2013) ficaram sete meses sem conversar, logo após o venezuelano ter chamado o Congresso brasileiro de "papagaio" dos Estados Unidos. O congelamento das relações ocorreu em 2007, segundo telegrama do embaixador em Caracas Antônio José Ferreira Simões datado de março de 2009 –classificado na época como "reservado", o documento foi tornado público nesta terça-feira (19) pelo Ministério das Relações Exteriores, ao atender um pedido feito pela revista "Época" pela Lei de Acesso à Informação. "No contexto das declarações do presidente Chávez sobre o Congresso Nacional brasileiro, os dois presidentes ficaram sem encontrar-se ou falar por telefone durante sete meses", escreveu o embaixador, que hoje ocupa no Itamaraty o cargo de subsecretário-geral da América do Sul, Central e do Caribe. As relações entre Lula e Chávez foram retomadas por volta de setembro de 2007, quando começou uma série de cinco encontros realizados trimestralmente. Logo após a morte de Chávez, em 2013, o Instituto Lula divulgou um vídeo em que o petista fez diversos elogios ao venezuelano, com quem disse ter "boa afinidade ideológica" e uma relação que extrapolava a de dois presidentes, sendo "uma relação de dois companheiros". No vídeo, Lula não falou sobre o congelamento de comunicação por sete meses. "Muita gente diz que o Chávez era uma pessoa polêmica. E era. E era bom que fosse assim. Porque o Chávez permitia que as reuniões da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) sempre fossem muito vivas, muito fortes", disse o ex-presidente. De acordo com o telegrama enviado pelo embaixador Simões ao Itamaraty, apesar de alguns tropeços, a relação entre Brasil e Venezuela atingiu níveis sem precedentes durante as gestões de Lula e Chávez, o que tornou o Brasil um parceiro preferencial de negócios. O comércio bilateral, segundo Simões, registrou um aumento médio próximo de 10% ao ano desde a posse de Lula, em 2003, passando de US$ 880 milhões para US$ 6 bilhões em 2009. A Venezuela passou "a representar uma plataforma central para o processo de internacionalização das empresas brasileiras", que "ganharam projeção nos setores de obras públicas, fornecimento de equipamentos industriais e agrícolas, petroquímica e bens de consumo (Odebrecht, Cotia Trading, Volvo do Brasil, Avibrás, Braskem, Brahma, Sadia, Natura, entre outras)". Os investimentos brasileiros na Venezuela, conforme o embaixador, atingiram US$ 3 bilhões em 2007. Segundo o embaixador, a Venezuela também se beneficiou várias vezes da parceria com o Brasil, como no episódio da greve dos petroleiros da Venezuela de 2002 em que Lula, como presidente eleito, acolheu uma sugestão do então embaixador brasileiro, Ruy Nogueira, e pediu ao presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) que enviasse à Venezuela "um navio petroleiro carregado de gasolina", o que permitiu ao governo Chávez enfrentar a crise de desabastecimento e "também representou uma vitória moral para o presidente venezuelano". Foi o momento "mais frágil" dos primeiros dez anos de governo Chávez (1998-2008), o que deu "ao gesto brasileiro importância crucial para sua [de Chávez] permanência na Presidência". Além disso, informou o embaixador, o Brasil teve "papel crucial, por meio do Grupo de Amigos de Venezuela, para canalizar por vias pacíficas tensões que voltaram a surgir no relacionamento entre o governo e oposição entre 2003 e 2004". Por fim, o Brasil "tomou iniciativas que contribuíram para aproximar decisivamente" a Venezuela e os Estados Unidos. TV DIGITAL Em outro telegrama, de agosto de 2009, o embaixador relatou um encontro em Caracas entre Chávez, ele e o então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge. Na conversa, Chávez confidenciou que uma conversa sua com o presidente Lula e uma consulta ao seu ministro da Ciência e Tecnologia o fizeram "voltar atrás" da assinatura de uma carta de intenção com o governo da China para adoção do sistema de TV digital desenvolvido por aquele país. O Brasil e o Japão haviam apresentado um modelo de TV digital desenvolvido em conjunto e queriam que a Venezuela o adotasse. Chávez confirmou que "já decidiu adotar o sistema nipo-brasileiro", mas pediu "a compreensão brasileira" porque queria concluir o diálogo com a China antes de qualquer anúncio oficial para "não ferir suscetibilidades de Pequim". A adoção do sistema nipo-brasileiro foi anunciada pela Venezuela em fevereiro de 2013. Na mesma conversa com Miguel Jorge e o embaixador brasileiro, Chávez relatou as ambições da Venezuela a respeito do Brasil, destacando: "(i) o desejo de obter bens de capital e tecnologia para pequenas siderúrgicas; (ii) interesse em que a Venezuela seja sócia da siderúrgica que a Companhia Vale do Rio Doce planeja construir no Pará; (iii) disposição a iniciar, de imediato, estudos técnicos e projetos para a integração das cadeias produtivas entre a Venezuela e a Zona Franca de Manaus".
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LinkedIn estima lucro abaixo do esperado e afasta investidores
O LinkedIn vai precisar melhorar seu perfil para se reconectar com investidores depois que a rede social para profissionais perturbou o mercado com uma previsão de receita anual bem abaixo das expectativas. As ações da LinkedIn operavam em queda de cerca de 35% nesta sexta-feira (5), nível de preço que representa uma perda de mais de US$ 9 bilhões em valor de mercado. A queda é a mais acentuada desde que a companhia abriu seu capital em 2011. Pelo menos sete corretoras mudaram recomendações para a ação do LinkedIn de "comprar" para "manter", afirmando que a elevada valorização da empresa não era mais justificável. Enquanto isso, pelo menos 22 corretoras reduziram o preço-alvo para a ação, com a RBC cortando em quase 50%, para US$ 156. O LinkedIn previu que terá receita no ano de entre US$ 3,6 bilhões e US$ 3,65 bilhões, abaixo da média de estimativas de analistas, de US$ 3,91 bilhões, segundo a Thomson Reuters I/B/E/S. Ressaltando a desaceleração, o LinkedIn afirmou que o crescimento da receita publicitária caiu para 20% no quarto trimestre, ante 56% um ano antes.
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LinkedIn estima lucro abaixo do esperado e afasta investidoresO LinkedIn vai precisar melhorar seu perfil para se reconectar com investidores depois que a rede social para profissionais perturbou o mercado com uma previsão de receita anual bem abaixo das expectativas. As ações da LinkedIn operavam em queda de cerca de 35% nesta sexta-feira (5), nível de preço que representa uma perda de mais de US$ 9 bilhões em valor de mercado. A queda é a mais acentuada desde que a companhia abriu seu capital em 2011. Pelo menos sete corretoras mudaram recomendações para a ação do LinkedIn de "comprar" para "manter", afirmando que a elevada valorização da empresa não era mais justificável. Enquanto isso, pelo menos 22 corretoras reduziram o preço-alvo para a ação, com a RBC cortando em quase 50%, para US$ 156. O LinkedIn previu que terá receita no ano de entre US$ 3,6 bilhões e US$ 3,65 bilhões, abaixo da média de estimativas de analistas, de US$ 3,91 bilhões, segundo a Thomson Reuters I/B/E/S. Ressaltando a desaceleração, o LinkedIn afirmou que o crescimento da receita publicitária caiu para 20% no quarto trimestre, ante 56% um ano antes.
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Missa celebra centenário de Havelange sem a presença do homenageado
Sem a presença do homenageado, familiares e amigos de João Havelange participaram na noite desta segunda (9) de uma missa pelo centenário do cartola. Neste domingo, o ex-presidente da Fifa fez aniversário. O governador interino do Rio, Francisco Dornelles, o presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, e Carlos Alberto Parreira foram alguns dos amigos do dirigente presente na cerimônia, realizada em Ipanema, zona sul do Rio. "O doutor João Havelange é um exemplo de coragem. Ele levou o esporte brasileiro ao mais alto patamar do mundo. Nos orgulha reverenciá-lo", disse o deputado estadual Carlos Roberto Osório (PSDB-RJ), que subiu no altar após a missa para fazer um discurso em homenagem ao dirigente. Amigos informaram que Havelange não participou da cerimônia para evitar "emoção forte". Atualmente, ele caminha com dificuldade e precisa de acompanhante para deixar sua casa. Nos últimos anos, o ex-presidente da Fifa teve a sua carreira manchada pelo escândalo envolvendo a ISL, antiga empresa de marketing da Fifa acusada de repassar propinas a cartolas. A Justiça da Suíça revelou que ele e Ricardo Teixeira, seu ex-genro e então presidente da CBF, receberam propinas milionárias em vendas de direitos de mídia de competições da Fifa. Foram cerca de R$ 45 milhões, divididos com Teixeira. Linha do Tempo João Havelange
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Missa celebra centenário de Havelange sem a presença do homenageadoSem a presença do homenageado, familiares e amigos de João Havelange participaram na noite desta segunda (9) de uma missa pelo centenário do cartola. Neste domingo, o ex-presidente da Fifa fez aniversário. O governador interino do Rio, Francisco Dornelles, o presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, e Carlos Alberto Parreira foram alguns dos amigos do dirigente presente na cerimônia, realizada em Ipanema, zona sul do Rio. "O doutor João Havelange é um exemplo de coragem. Ele levou o esporte brasileiro ao mais alto patamar do mundo. Nos orgulha reverenciá-lo", disse o deputado estadual Carlos Roberto Osório (PSDB-RJ), que subiu no altar após a missa para fazer um discurso em homenagem ao dirigente. Amigos informaram que Havelange não participou da cerimônia para evitar "emoção forte". Atualmente, ele caminha com dificuldade e precisa de acompanhante para deixar sua casa. Nos últimos anos, o ex-presidente da Fifa teve a sua carreira manchada pelo escândalo envolvendo a ISL, antiga empresa de marketing da Fifa acusada de repassar propinas a cartolas. A Justiça da Suíça revelou que ele e Ricardo Teixeira, seu ex-genro e então presidente da CBF, receberam propinas milionárias em vendas de direitos de mídia de competições da Fifa. Foram cerca de R$ 45 milhões, divididos com Teixeira. Linha do Tempo João Havelange
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Biografia de Nem já é obra de referência sobre morros cariocas
O sentido de uma história depende do ponto a partir do qual começamos a contá-la. É o que comprova "O Dono do Morro — Um Homem e a Batalha pelo Rio", do premiado jornalista britânico Misha Glenny. O livro está destinado a figurar –ao lado de "Cidade de Deus", de Paulo Lins, e "Cidade Partida", de Zuenir Ventura– em qualquer lista que selecione as obras de referência sobre seu tema. A chave para entender sua importância está na palavra "tema", empregada aqui de modo propositalmente vago. O livro de Glenny é um "hub" cultural: uma narrativa polifônica, embora simples e sedutora, que integra circuitos diversos de conhecimento, imaginação e sensibilidade. O texto é trabalhado com tamanha sutileza, contando com a tradução preciosa de Denise Bottman, que o leitor transita entre temas distintos e passa por reflexões de fôlego sem sobressaltos, deslizando em uma narrativa ágil, atraente e contínua. O ponto de vista do observador nunca é omitido e tampouco neutraliza a distância necessária para que o testemunho do autor conviva em harmonia com o relato objetivo. Essas virtudes são fruto da consciência de Glenny sobre os imensos desafios de seu ofício, que exige a capacidade de experimentar a empatia com as pessoas mais diferentes e a faculdade de afastar-se delas, criticamente. "O Dono do Morro" é uma biografia de Antôonio Francisco Bonfim Lopes, o mítico Nem. Hoje preso, liderou por muitos anos o tráfico na Rocinha, o mais próspero da cidade. O livro compõe um notável retrato da favela e, por extensão, do Rio de Janeiro. Mais ainda, é a história do crime na cidade, pródiga em flashes sobre a economia transnacional da cocaína. Também não estaria errado quem lesse o trabalho de Glenny como um mapeamento dos tipos de poderes locais no Brasil contemporâneo –, um flagrante da interpenetração entre crime e política. Ou como uma reportagem sobre as formas com que o machismo brutal, as linguagens da violência e a barbárie do Estado se manifestaram nas últimas décadas, afetando sobretudo os segmentos sociais vulneráveis. Um prato cheio para pesquisadores e um repertório comovente de episódios dramáticos repletos de suspense para o público leitor. Nessa rica variedade de temas, destaca-se a composição biográfica de Nem. Um primor de delicadeza e acuidade, mosaico de qualidades e contradições, um personagem hamletiano em busca de si mesmo no emaranhado da vida popular carioca. O DONO DO MORRO - UM HOMEM E A BATALHA PELO RIO AUTOR: MISHA GLENNY EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS QUANTO: R$ 54,90, 360 PÁGS LUIZ EDUARDO SOARES é antropólogo, especialista em segurança pública e coautor do livro 'Elite da Tropa' (Objetiva)
ilustrada
Biografia de Nem já é obra de referência sobre morros cariocasO sentido de uma história depende do ponto a partir do qual começamos a contá-la. É o que comprova "O Dono do Morro — Um Homem e a Batalha pelo Rio", do premiado jornalista britânico Misha Glenny. O livro está destinado a figurar –ao lado de "Cidade de Deus", de Paulo Lins, e "Cidade Partida", de Zuenir Ventura– em qualquer lista que selecione as obras de referência sobre seu tema. A chave para entender sua importância está na palavra "tema", empregada aqui de modo propositalmente vago. O livro de Glenny é um "hub" cultural: uma narrativa polifônica, embora simples e sedutora, que integra circuitos diversos de conhecimento, imaginação e sensibilidade. O texto é trabalhado com tamanha sutileza, contando com a tradução preciosa de Denise Bottman, que o leitor transita entre temas distintos e passa por reflexões de fôlego sem sobressaltos, deslizando em uma narrativa ágil, atraente e contínua. O ponto de vista do observador nunca é omitido e tampouco neutraliza a distância necessária para que o testemunho do autor conviva em harmonia com o relato objetivo. Essas virtudes são fruto da consciência de Glenny sobre os imensos desafios de seu ofício, que exige a capacidade de experimentar a empatia com as pessoas mais diferentes e a faculdade de afastar-se delas, criticamente. "O Dono do Morro" é uma biografia de Antôonio Francisco Bonfim Lopes, o mítico Nem. Hoje preso, liderou por muitos anos o tráfico na Rocinha, o mais próspero da cidade. O livro compõe um notável retrato da favela e, por extensão, do Rio de Janeiro. Mais ainda, é a história do crime na cidade, pródiga em flashes sobre a economia transnacional da cocaína. Também não estaria errado quem lesse o trabalho de Glenny como um mapeamento dos tipos de poderes locais no Brasil contemporâneo –, um flagrante da interpenetração entre crime e política. Ou como uma reportagem sobre as formas com que o machismo brutal, as linguagens da violência e a barbárie do Estado se manifestaram nas últimas décadas, afetando sobretudo os segmentos sociais vulneráveis. Um prato cheio para pesquisadores e um repertório comovente de episódios dramáticos repletos de suspense para o público leitor. Nessa rica variedade de temas, destaca-se a composição biográfica de Nem. Um primor de delicadeza e acuidade, mosaico de qualidades e contradições, um personagem hamletiano em busca de si mesmo no emaranhado da vida popular carioca. O DONO DO MORRO - UM HOMEM E A BATALHA PELO RIO AUTOR: MISHA GLENNY EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS QUANTO: R$ 54,90, 360 PÁGS LUIZ EDUARDO SOARES é antropólogo, especialista em segurança pública e coautor do livro 'Elite da Tropa' (Objetiva)
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Museu realça obra pungente da escultora francesa Camille Claudel
RESUMO A apreciação do trabalho da escultora francesa Camille Claudel sempre foi contaminada pela trajetória pessoal da artista, que incluiu uma relação malfadada com Auguste Rodin e uma internação de quase 30 anos em um hospital psiquiátrico. Um novo museu dedicado somente à obra dela tenta corrigir essa distorção. Até os anos 1970, a escultora e pintora francesa Camille Claudel (1864-1943) não constava em nenhum livro de história da arte. A brevíssima menção a ela num dicionário de artistas editado à época continha equívocos em informações básicas, como o ano de sua morte e seu gênero (Camille, na França, é nome unissex). O descaso se estendia às casas de leilões. "A Pequena Castelã", busto de 1896 descrito por um estabelecimento em Versalhes como um "mármore assinado por um certo Claudel ideal para decorar jardim", foi vendido na década de 1970 por menos de mil francos, valor irrisório. Dizer que o jogo virou é pouco. Embalados pelo interesse crescente no estatuário do século 19 e no trabalho de artistas mulheres, historiadores da arte redescobriram a obra de Claudel e começaram a publicar artigos e livros no início dos anos 1980. "Hoje não consigo mais acompanhar tudo o que sai sobre ela", conta Bruno Gaudichon, diretor do museu La Piscine, em Roubaix (norte da França), que assinou o primeiro catálogo da escultora em 1984 e a curadoria de várias exposições ancoradas na obra dela. O La Piscine adquiriu "La Petite Châtelaine" em 1996 por 4 milhões de francos, correspondentes a cerca de € 800 mil (R$ 2,8 milhões). Apesar da bem-vinda projeção, a tônica do burburinho em torno de Claudel ainda era, até recentemente, quase que exclusivamente biográfica (e machista). Páginas e mais páginas eram gastas para dissecar a relação tempestuosa da jovem aprendiz com o mestre e amante, o escultor Auguste Rodin (1840-1917), e o consequente declínio do estado mental dela. A lista de títulos acerca da artista é extensa. Inclui "Uma Mulher" (1982), biografia romanceada, e "Camille Claudel em Montdevergues - História de uma Internação" (2012), em que se examinam as fichas médicas relativas aos quase 30 anos que ela passou internada num hospital psiquiátrico. Esse período é o cerne do mais recente filme dedicado à escultora, de 2013 –houve um primeiro em 1988. É para transferir o foco desse rosário de infortúnios para a notável produção artística da personagem que acaba de ser aberto o museu Camille Claudel. A instituição funciona em Nogent-sur-Seine, cerca de 100 km a sudeste de Paris. Ironia ou não, o prédio foi inaugurado em meio às celebrações do centenário de morte de Rodin, que incluem grandes exposições na capital francesa e o lançamento de uma cinebiografia. "É injusto que a vida dela oculte a obra", afirma Cécile Bertran, diretora da instituição com o maior acervo de Claudel no mundo. TERRA Primogênita de uma família burguesa provinciana, Claudel nasceu no vilarejo de Fère-en-Tardenois, no norte do país. Quando ela tinha 12 anos, seu pai, funcionário do Ministério das Finanças, foi transferido para Nogent-sur-Seine. Ali afloraria a paixão da jovem pela escultura. Uma de suas primeiras criações em terracota, aos 14, foi um "Davi e Golias" que ela mesma destruiria anos mais tarde. Ao ver o trabalho pela primeira vez, o diretor da Escola de Belas Artes de Paris, Paul Dubois, exclamou, convicto: "Você teve aulas com monsieur Rodin!". Até aquele momento, ela nunca tinha visto o artista nem ouvido falar nele –os dois só se encontrariam em 1882, um ano depois de Claudel convencer o pai a deslocar o clã para Paris a fim de que ela pudesse continuar sua formação, agora na Academia Colorassi. Certo dia, Alfred Boucher, conterrâneo e primeiro tutor da jovem, precisou trocar as funções pedagógicas parisienses por uma residência artística em Roma. Foi substituído pelo criador de "O Beijo" e "O Pensador". Assim teria início uma década de fusão amorosa e artística sem final feliz. "Quando eles se conheceram, Rodin já tinha achado sua personalidade e estética. Durante a relação, no entanto, o tema da paixão carnal se intensificou [em sua produção]", explica Catherine Chevillot, diretora do Museu Rodin e curadora da retrospectiva do escultor em cartaz até 31/7 no Grand Palais, que incluiu obras de Claudel na sala dedicada a alunos e assistentes dele. A colaboração artística deixou marcas visíveis na prática da pupila, como a repetição obsessiva de figuras e temas ao longo da carreira, procedimento moderno em que Rodin fora pioneiro. Claudel também sofreu influência de outras correntes em voga no fim de século 19: o art nouveau (ao qual ela acena ao usar materiais semipreciosos e optar por formas arredondadas) e o simbolismo (que dá impulso a suas construções alegóricas). A cronologia da relação com o colega de ofício pode ser retraçada nas obras de Claudel. "A Valsa" apanha o amor no auge. Já "A Idade Madura" eterniza a dor da ruptura. O personagem no centro dessa composição (Rodin) caminha em direção aos braços da mulher mais velha (Rose Beuret, sua companheira de longa data), deixando uma jovem caída a seus pés (Claudel). A peça em bronze vai além da história pessoal. Funciona quase como um "vanitas" escultural, uma indagação sobre o caráter vão, frívolo de toda ação e todo sentimento, em vista do inexorável e surdo rumar para a velhice e a morte. Toda a obra de Claudel parece movida por esse tipo de inquietação existencial; é dessa maneira que ela acaba tecendo ensaios tridimensionais sobre o destino. Se a garotinha de "A Pequena Castelã" dá a impressão de fitar o futuro, a velha moira de "Clotho" (uma das Três Graças da mitologia grega, que determinavam a sorte de todos os seres) se enrosca nos fios da vida que ela mesma tece. INTROSPECÇÃO "Está vendo como não tem mais nada de Rodin", escreve Camille para seu irmão, o escritor Paul Claudel, em 1893, ano que marca o rompimento com o escultor. Apesar de seu trabalho ter colhido críticas majoritariamente positivas, a artista perdia o sono com a constante filiação a Rodin. A carta a seu parente trata dos esboços para algumas de suas obras menos rodinianas, como "Les Causeuses" (1893) e "Profonde Pensée" (1905), esculturas de pequena dimensão que viram as costas para temas mitológicos. A primeira retrata um grupo de meninas sussurrando um segredo, enquanto a segunda petrifica a imagem de uma mulher ajoelhada diante de uma chaminé. Numa tanto quanto na outra, a melancolia das protagonistas eleva essas cenas domésticas para além da anedota, atingindo um sentimento universal. "Claudel é muito representativa de sua época e do ateliê de Rodin. Ao mesmo tempo, diferencia-se por seu trabalho quase que exclusivamente de introspecção, traço ainda mais evidente nessa fase de independência. Ela anuncia os trabalhos de Frida Kahlo e Louise Bourgeois", analisa Bruno Gaudichon, do La Piscine. Na virada do século 19 para o 20, a saúde mental da artista se deteriora, o que se reflete em sua produção. "Perseu e Górgona" (1902), que mostra o filho de Zeus com a cabeça de Medusa (uma das três górgonas) na mão, depois de tê-la decapitado, é considerada sua última obra-prima. Ali, ela reutiliza modelos de obras antigas para compor os corpos das figuras-título. O rosto da Medusa leva os traços da própria Claudel. MUSEU No recém-inaugurado museu Camille Claudel, a visita começa pelo acervo do antigo museu Dubois-Boucher, incorporado ao conjunto de 43 estátuas da artista que a prefeitura de Nogent-sur-Seine comprou da neta de Paul Claudel. Nessas primeiras salas, rememora-se o "boom" da escultura no século 19: enquanto obras monumentais bancadas pelo Estado invadiam o espaço público, outras menores e menos caras, feitas com técnicas inovadoras para a época, decoravam os interiores burgueses. Os Laocoontes e Joana d'Arcs, entre outros personagens mitológicos e históricos dessa ala, contrastam com "Fauno e Ninfa" (1905), de Rodin, gesso que ilustra à perfeição o expressionismo característico do escultor. Longe do tratamento acadêmico rigoroso e do virtuosismo da época, a peça não se contenta em narrar e instruir. Emociona e faz refletir. Mais à frente, no corredor que leva o público à ala Claudel, instalada na casa onde ela morou durante três anos, duas vitrines explicitam a simbiose artística entre o casal de ases da escultura. A aluna rouba o tema da mulher de cócoras do mestre em "La Femme Accroupie" (1884-85), enquanto ele copia quase identicamente a pose da menina de "La jeune fille à la gerbe" (1886), de Claudel, em "Galatée" (1887) e "Frère et soeur" (1890). Cumplicidade inscrita na pedra. ISABEL JUNQUEIRA, 33, é jornalista
ilustrissima
Museu realça obra pungente da escultora francesa Camille ClaudelRESUMO A apreciação do trabalho da escultora francesa Camille Claudel sempre foi contaminada pela trajetória pessoal da artista, que incluiu uma relação malfadada com Auguste Rodin e uma internação de quase 30 anos em um hospital psiquiátrico. Um novo museu dedicado somente à obra dela tenta corrigir essa distorção. Até os anos 1970, a escultora e pintora francesa Camille Claudel (1864-1943) não constava em nenhum livro de história da arte. A brevíssima menção a ela num dicionário de artistas editado à época continha equívocos em informações básicas, como o ano de sua morte e seu gênero (Camille, na França, é nome unissex). O descaso se estendia às casas de leilões. "A Pequena Castelã", busto de 1896 descrito por um estabelecimento em Versalhes como um "mármore assinado por um certo Claudel ideal para decorar jardim", foi vendido na década de 1970 por menos de mil francos, valor irrisório. Dizer que o jogo virou é pouco. Embalados pelo interesse crescente no estatuário do século 19 e no trabalho de artistas mulheres, historiadores da arte redescobriram a obra de Claudel e começaram a publicar artigos e livros no início dos anos 1980. "Hoje não consigo mais acompanhar tudo o que sai sobre ela", conta Bruno Gaudichon, diretor do museu La Piscine, em Roubaix (norte da França), que assinou o primeiro catálogo da escultora em 1984 e a curadoria de várias exposições ancoradas na obra dela. O La Piscine adquiriu "La Petite Châtelaine" em 1996 por 4 milhões de francos, correspondentes a cerca de € 800 mil (R$ 2,8 milhões). Apesar da bem-vinda projeção, a tônica do burburinho em torno de Claudel ainda era, até recentemente, quase que exclusivamente biográfica (e machista). Páginas e mais páginas eram gastas para dissecar a relação tempestuosa da jovem aprendiz com o mestre e amante, o escultor Auguste Rodin (1840-1917), e o consequente declínio do estado mental dela. A lista de títulos acerca da artista é extensa. Inclui "Uma Mulher" (1982), biografia romanceada, e "Camille Claudel em Montdevergues - História de uma Internação" (2012), em que se examinam as fichas médicas relativas aos quase 30 anos que ela passou internada num hospital psiquiátrico. Esse período é o cerne do mais recente filme dedicado à escultora, de 2013 –houve um primeiro em 1988. É para transferir o foco desse rosário de infortúnios para a notável produção artística da personagem que acaba de ser aberto o museu Camille Claudel. A instituição funciona em Nogent-sur-Seine, cerca de 100 km a sudeste de Paris. Ironia ou não, o prédio foi inaugurado em meio às celebrações do centenário de morte de Rodin, que incluem grandes exposições na capital francesa e o lançamento de uma cinebiografia. "É injusto que a vida dela oculte a obra", afirma Cécile Bertran, diretora da instituição com o maior acervo de Claudel no mundo. TERRA Primogênita de uma família burguesa provinciana, Claudel nasceu no vilarejo de Fère-en-Tardenois, no norte do país. Quando ela tinha 12 anos, seu pai, funcionário do Ministério das Finanças, foi transferido para Nogent-sur-Seine. Ali afloraria a paixão da jovem pela escultura. Uma de suas primeiras criações em terracota, aos 14, foi um "Davi e Golias" que ela mesma destruiria anos mais tarde. Ao ver o trabalho pela primeira vez, o diretor da Escola de Belas Artes de Paris, Paul Dubois, exclamou, convicto: "Você teve aulas com monsieur Rodin!". Até aquele momento, ela nunca tinha visto o artista nem ouvido falar nele –os dois só se encontrariam em 1882, um ano depois de Claudel convencer o pai a deslocar o clã para Paris a fim de que ela pudesse continuar sua formação, agora na Academia Colorassi. Certo dia, Alfred Boucher, conterrâneo e primeiro tutor da jovem, precisou trocar as funções pedagógicas parisienses por uma residência artística em Roma. Foi substituído pelo criador de "O Beijo" e "O Pensador". Assim teria início uma década de fusão amorosa e artística sem final feliz. "Quando eles se conheceram, Rodin já tinha achado sua personalidade e estética. Durante a relação, no entanto, o tema da paixão carnal se intensificou [em sua produção]", explica Catherine Chevillot, diretora do Museu Rodin e curadora da retrospectiva do escultor em cartaz até 31/7 no Grand Palais, que incluiu obras de Claudel na sala dedicada a alunos e assistentes dele. A colaboração artística deixou marcas visíveis na prática da pupila, como a repetição obsessiva de figuras e temas ao longo da carreira, procedimento moderno em que Rodin fora pioneiro. Claudel também sofreu influência de outras correntes em voga no fim de século 19: o art nouveau (ao qual ela acena ao usar materiais semipreciosos e optar por formas arredondadas) e o simbolismo (que dá impulso a suas construções alegóricas). A cronologia da relação com o colega de ofício pode ser retraçada nas obras de Claudel. "A Valsa" apanha o amor no auge. Já "A Idade Madura" eterniza a dor da ruptura. O personagem no centro dessa composição (Rodin) caminha em direção aos braços da mulher mais velha (Rose Beuret, sua companheira de longa data), deixando uma jovem caída a seus pés (Claudel). A peça em bronze vai além da história pessoal. Funciona quase como um "vanitas" escultural, uma indagação sobre o caráter vão, frívolo de toda ação e todo sentimento, em vista do inexorável e surdo rumar para a velhice e a morte. Toda a obra de Claudel parece movida por esse tipo de inquietação existencial; é dessa maneira que ela acaba tecendo ensaios tridimensionais sobre o destino. Se a garotinha de "A Pequena Castelã" dá a impressão de fitar o futuro, a velha moira de "Clotho" (uma das Três Graças da mitologia grega, que determinavam a sorte de todos os seres) se enrosca nos fios da vida que ela mesma tece. INTROSPECÇÃO "Está vendo como não tem mais nada de Rodin", escreve Camille para seu irmão, o escritor Paul Claudel, em 1893, ano que marca o rompimento com o escultor. Apesar de seu trabalho ter colhido críticas majoritariamente positivas, a artista perdia o sono com a constante filiação a Rodin. A carta a seu parente trata dos esboços para algumas de suas obras menos rodinianas, como "Les Causeuses" (1893) e "Profonde Pensée" (1905), esculturas de pequena dimensão que viram as costas para temas mitológicos. A primeira retrata um grupo de meninas sussurrando um segredo, enquanto a segunda petrifica a imagem de uma mulher ajoelhada diante de uma chaminé. Numa tanto quanto na outra, a melancolia das protagonistas eleva essas cenas domésticas para além da anedota, atingindo um sentimento universal. "Claudel é muito representativa de sua época e do ateliê de Rodin. Ao mesmo tempo, diferencia-se por seu trabalho quase que exclusivamente de introspecção, traço ainda mais evidente nessa fase de independência. Ela anuncia os trabalhos de Frida Kahlo e Louise Bourgeois", analisa Bruno Gaudichon, do La Piscine. Na virada do século 19 para o 20, a saúde mental da artista se deteriora, o que se reflete em sua produção. "Perseu e Górgona" (1902), que mostra o filho de Zeus com a cabeça de Medusa (uma das três górgonas) na mão, depois de tê-la decapitado, é considerada sua última obra-prima. Ali, ela reutiliza modelos de obras antigas para compor os corpos das figuras-título. O rosto da Medusa leva os traços da própria Claudel. MUSEU No recém-inaugurado museu Camille Claudel, a visita começa pelo acervo do antigo museu Dubois-Boucher, incorporado ao conjunto de 43 estátuas da artista que a prefeitura de Nogent-sur-Seine comprou da neta de Paul Claudel. Nessas primeiras salas, rememora-se o "boom" da escultura no século 19: enquanto obras monumentais bancadas pelo Estado invadiam o espaço público, outras menores e menos caras, feitas com técnicas inovadoras para a época, decoravam os interiores burgueses. Os Laocoontes e Joana d'Arcs, entre outros personagens mitológicos e históricos dessa ala, contrastam com "Fauno e Ninfa" (1905), de Rodin, gesso que ilustra à perfeição o expressionismo característico do escultor. Longe do tratamento acadêmico rigoroso e do virtuosismo da época, a peça não se contenta em narrar e instruir. Emociona e faz refletir. Mais à frente, no corredor que leva o público à ala Claudel, instalada na casa onde ela morou durante três anos, duas vitrines explicitam a simbiose artística entre o casal de ases da escultura. A aluna rouba o tema da mulher de cócoras do mestre em "La Femme Accroupie" (1884-85), enquanto ele copia quase identicamente a pose da menina de "La jeune fille à la gerbe" (1886), de Claudel, em "Galatée" (1887) e "Frère et soeur" (1890). Cumplicidade inscrita na pedra. ISABEL JUNQUEIRA, 33, é jornalista
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Vamos às urnas em clima de absoluta instabilidade política
A cinco dias das eleições, a população é chamada a escolher seus representantes entre nada menos do que 496.888 candidatos, que disputam as 5.568 prefeituras e as 57.958 vagas de vereadores. Além das novidades, devido às mudanças na legislação eleitoral, que reduziram a campanha tanto no tempo quanto nos meios, é diante de um clima da mais absoluta instabilidade política que iremos às urnas. O momento político, portanto, além de singular, é de extrema gravidade. Gravidade provocada por uma maioria parlamentar formada conjunturalmente e em torno de interesses políticos diversos e nada republicanos. Então vejamos. Dias depois de consolidado o golpe parlamentar que usurpou a vontade popular, transformou em pó o voto de mais de 54 milhões de brasileiros e tirou Dilma da Presidência, os conservadores querem fazer crer que tudo está na mais absoluta normalidade. Quanta ironia! No exterior, Temer fala na ONU e, com certo cinismo, diz que tudo foi feito dentro dos limites e respeito constitucional, enquanto Meirelles concede entrevista coletiva prestando contas aos comandantes do grande capital, sobre o andamento das reformas por eles pactuadas. Por aqui os escândalos se sucedem. Novas delações envolvem diretamente Temer em denúncias de corrupção. Aparece a filiação de 15 anos no PSDB da nova ministra "independente" da AGU. O ministro da Justiça (ex-advogado de Eduardo Cunha e do PCC) antecipa ações da Operação Lava Jato. Claro, tudo isso sem qualquer destaque na grande mídia, que se ocupa exclusivamente do PT, desta feita da prisão, num hospital, logo revogada, do ex-ministro Mantega, e, nesta segunda (26), do ex-ministro Antonio Palocci. Para completar o quadro, Temer edita uma nova medida provisória, no mínimo inusitada, promovendo uma reforma educacional. Como assim? Reformar o ensino médio por MP? Seria impensável se vivêssemos tempos de democracia. Mas não tenho dúvidas de que o real objetivo é desviar a atenção do foco principal, ou seja, da luta em defesa da democracia e dos direitos ameaçados. E as eleições de domingo? A reação da população tem sido revelada pelas diversas pesquisas — mais de 50% ainda não sabe em quem votar. O reflexo mais comum é, portanto, desinteresse e até repulsa generalizada pela política e, sobretudo, pelos partidos políticos. O que é lamentável, pois não se muda a política senão pela própria política. Recorro a Bertolt Brecht para dizer que não podemos deixar que a desesperança, a frustração e a revolta sejam a marca da reação popular: "Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem".
colunas
Vamos às urnas em clima de absoluta instabilidade políticaA cinco dias das eleições, a população é chamada a escolher seus representantes entre nada menos do que 496.888 candidatos, que disputam as 5.568 prefeituras e as 57.958 vagas de vereadores. Além das novidades, devido às mudanças na legislação eleitoral, que reduziram a campanha tanto no tempo quanto nos meios, é diante de um clima da mais absoluta instabilidade política que iremos às urnas. O momento político, portanto, além de singular, é de extrema gravidade. Gravidade provocada por uma maioria parlamentar formada conjunturalmente e em torno de interesses políticos diversos e nada republicanos. Então vejamos. Dias depois de consolidado o golpe parlamentar que usurpou a vontade popular, transformou em pó o voto de mais de 54 milhões de brasileiros e tirou Dilma da Presidência, os conservadores querem fazer crer que tudo está na mais absoluta normalidade. Quanta ironia! No exterior, Temer fala na ONU e, com certo cinismo, diz que tudo foi feito dentro dos limites e respeito constitucional, enquanto Meirelles concede entrevista coletiva prestando contas aos comandantes do grande capital, sobre o andamento das reformas por eles pactuadas. Por aqui os escândalos se sucedem. Novas delações envolvem diretamente Temer em denúncias de corrupção. Aparece a filiação de 15 anos no PSDB da nova ministra "independente" da AGU. O ministro da Justiça (ex-advogado de Eduardo Cunha e do PCC) antecipa ações da Operação Lava Jato. Claro, tudo isso sem qualquer destaque na grande mídia, que se ocupa exclusivamente do PT, desta feita da prisão, num hospital, logo revogada, do ex-ministro Mantega, e, nesta segunda (26), do ex-ministro Antonio Palocci. Para completar o quadro, Temer edita uma nova medida provisória, no mínimo inusitada, promovendo uma reforma educacional. Como assim? Reformar o ensino médio por MP? Seria impensável se vivêssemos tempos de democracia. Mas não tenho dúvidas de que o real objetivo é desviar a atenção do foco principal, ou seja, da luta em defesa da democracia e dos direitos ameaçados. E as eleições de domingo? A reação da população tem sido revelada pelas diversas pesquisas — mais de 50% ainda não sabe em quem votar. O reflexo mais comum é, portanto, desinteresse e até repulsa generalizada pela política e, sobretudo, pelos partidos políticos. O que é lamentável, pois não se muda a política senão pela própria política. Recorro a Bertolt Brecht para dizer que não podemos deixar que a desesperança, a frustração e a revolta sejam a marca da reação popular: "Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem".
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Derrotado em sua base, Garotinho mirava governo do Rio antes de prisão
Derrotado em sua base eleitoral, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) comemorava como principal vitória política a eleição do senador Marcelo Crivella (PRB) para a Prefeitura do Rio antes de ser preso nesta quarta (16) por suspeita de compra de votos. A vitória lhe deu esperanças de poder concorrer mais uma vez ao governo do Estado, desta vez com o possível apoio do prefeito da capital. Na sua última tentativa, em 2014, sequer chegou ao segundo turno. Foi superado pelo mesmo Crivella, derrotado pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). Contudo, Garotinho reconhecia que seu nome não era certo em 2018. Em conversa recente com a Folha, além de incertezas no cenário local, ele condicionou a candidatura até ao resultado da eleição norte-americana. "Estamos vivendo três conjunturas que confluíram no mesmo momento. Uma crise econômica, política e moral. Quando isso acontece, a reação das pessoas é imprevisível. Ainda paira sobre a cabeça daqueles que pensam um pouquinho adiante a ameaça de uma crise internacional, se houver a eleição do [Donald] Trump nos Estados Unidos. Você há de convir que, se esse cara ganha, é uma crise", disse Garotinho à Folha em 3 de novembro, antes da eleição do bilionário. "No Brasil, havia momentos em que as pessoas falavam em plano decenal. Depois, houve um período difícil em que as pessoas faziam planejamento anual. Caiu de dez para um. Depois, chegou um momento que o sujeito faz o planejamento mensal. Ultimamente o que a gente faz é o planejamento do dia seguinte. [...] No momento, eu tenho um projeto: provar que a eleição de Campos foi fraudada", disse Garotinho. Atual secretário municipal de Governo em Campos, Garotinho há 14 anos foi a terceira via que mais se aproximou de chegar ao segundo turno numa eleição presidencial. Em 2002, obteve 17% dos votos válidos, 4 milhões a menos do que o então candidato José Serra (PSDB), que perderia a eleição para Lula (PT). Nem Marina Silva (Rede) chegou tão perto de um segundo turno –embora tenha obtido mais votos em 2010 e 2014, a ex-ministra ficou mais distante do segundo colocado. Garotinho encerrava aquele ano uma gestão bem avaliada no governo do Rio, mas que acumulou diversas denúncias. Entre elas, uso eleitoral do programa Cheque Cidadão, a mesma que lhe causou a prisão nesta quarta-feira. Ele também é alvo de mais de dez processos, acusado de desvio de verba pública por meio de ONGs de fachada. Seu apoio elegeu a mulher, Rosinha Matheus (PR), como governadora em 2002 pelo PSB. Na gestão, assumiu o cargo de Secretário de Segurança. Atos neste cargo lhe renderam a condenação por formação de quadrilha, a única penal que sofreu. A Justiça federal considerou que ele permitiu, no cargo, a atuação de policiais corruptos, entre eles o então chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins. Ele nega as acusações e recorre da decisão. Após romper com Sérgio Cabral (PMDB) em 2006, logo após a eleição na qual o apoiou, Garotinho voltou-se para seu reduto eleitoral. Em Campos, onde foi duas vezes prefeito, elegeu mais uma vez a mulher em 2008. A última vitória eleitoral expressiva foi em 2010, quando Garotinho foi o deputado federal mais votado da história do Estado. Os quase 700 mil votos superam inclusive a marca de Jair Bolsonaro (PSC) quatro anos depois, de 464 mil votos. Em 2014, amargou a derrota de sequer chegar ao segundo turno da eleição estadual. Foi abandonado pelos principais aliados, que deixaram o PR e, alguns, seguiram para o PMDB. A família agora aos poucos perde poder no PR. A filha, a deputada federal Clarissa Garotinho (PR-RJ) e presidente municipal da sigla, corre o risco de ser expulsa do partido por ter votado contra a proposta de teto de gastos do governo Michel Temer. Se ela se consumar, a família planejava se abrigar em outra sigla. Seria a sexta de Garotinho, que também já deixou o PT, PDT, PSB e o PMDB por conflitos internos.
poder
Derrotado em sua base, Garotinho mirava governo do Rio antes de prisãoDerrotado em sua base eleitoral, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) comemorava como principal vitória política a eleição do senador Marcelo Crivella (PRB) para a Prefeitura do Rio antes de ser preso nesta quarta (16) por suspeita de compra de votos. A vitória lhe deu esperanças de poder concorrer mais uma vez ao governo do Estado, desta vez com o possível apoio do prefeito da capital. Na sua última tentativa, em 2014, sequer chegou ao segundo turno. Foi superado pelo mesmo Crivella, derrotado pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). Contudo, Garotinho reconhecia que seu nome não era certo em 2018. Em conversa recente com a Folha, além de incertezas no cenário local, ele condicionou a candidatura até ao resultado da eleição norte-americana. "Estamos vivendo três conjunturas que confluíram no mesmo momento. Uma crise econômica, política e moral. Quando isso acontece, a reação das pessoas é imprevisível. Ainda paira sobre a cabeça daqueles que pensam um pouquinho adiante a ameaça de uma crise internacional, se houver a eleição do [Donald] Trump nos Estados Unidos. Você há de convir que, se esse cara ganha, é uma crise", disse Garotinho à Folha em 3 de novembro, antes da eleição do bilionário. "No Brasil, havia momentos em que as pessoas falavam em plano decenal. Depois, houve um período difícil em que as pessoas faziam planejamento anual. Caiu de dez para um. Depois, chegou um momento que o sujeito faz o planejamento mensal. Ultimamente o que a gente faz é o planejamento do dia seguinte. [...] No momento, eu tenho um projeto: provar que a eleição de Campos foi fraudada", disse Garotinho. Atual secretário municipal de Governo em Campos, Garotinho há 14 anos foi a terceira via que mais se aproximou de chegar ao segundo turno numa eleição presidencial. Em 2002, obteve 17% dos votos válidos, 4 milhões a menos do que o então candidato José Serra (PSDB), que perderia a eleição para Lula (PT). Nem Marina Silva (Rede) chegou tão perto de um segundo turno –embora tenha obtido mais votos em 2010 e 2014, a ex-ministra ficou mais distante do segundo colocado. Garotinho encerrava aquele ano uma gestão bem avaliada no governo do Rio, mas que acumulou diversas denúncias. Entre elas, uso eleitoral do programa Cheque Cidadão, a mesma que lhe causou a prisão nesta quarta-feira. Ele também é alvo de mais de dez processos, acusado de desvio de verba pública por meio de ONGs de fachada. Seu apoio elegeu a mulher, Rosinha Matheus (PR), como governadora em 2002 pelo PSB. Na gestão, assumiu o cargo de Secretário de Segurança. Atos neste cargo lhe renderam a condenação por formação de quadrilha, a única penal que sofreu. A Justiça federal considerou que ele permitiu, no cargo, a atuação de policiais corruptos, entre eles o então chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins. Ele nega as acusações e recorre da decisão. Após romper com Sérgio Cabral (PMDB) em 2006, logo após a eleição na qual o apoiou, Garotinho voltou-se para seu reduto eleitoral. Em Campos, onde foi duas vezes prefeito, elegeu mais uma vez a mulher em 2008. A última vitória eleitoral expressiva foi em 2010, quando Garotinho foi o deputado federal mais votado da história do Estado. Os quase 700 mil votos superam inclusive a marca de Jair Bolsonaro (PSC) quatro anos depois, de 464 mil votos. Em 2014, amargou a derrota de sequer chegar ao segundo turno da eleição estadual. Foi abandonado pelos principais aliados, que deixaram o PR e, alguns, seguiram para o PMDB. A família agora aos poucos perde poder no PR. A filha, a deputada federal Clarissa Garotinho (PR-RJ) e presidente municipal da sigla, corre o risco de ser expulsa do partido por ter votado contra a proposta de teto de gastos do governo Michel Temer. Se ela se consumar, a família planejava se abrigar em outra sigla. Seria a sexta de Garotinho, que também já deixou o PT, PDT, PSB e o PMDB por conflitos internos.
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Juro do cheque especial chega a 300% ao ano e bate recorde do Plano Real
A taxa média de juros do cheque especial para pessoas físicas chegou a 300,8% ao ano em março deste ano. Com isso, superou pela primeira vez o percentual recorde verificado em julho de 1994 (294% ao ano), primeiro mês de apuração dessa informação pelo Banco Central. O custo dessa linha de crédito praticamente dobrou em dois anos. Estava em 159% em março de 2014. O estoque dessa modalidade encolheu 0,4% nos últimos 12 meses. A inadimplência passou de 12,8% para 15,3% no mesmo período. A linha mais cara para a pessoa física continua sendo o rotativo do cartão de crédito, que alcançou 449,1% ao ano no mês passado. Um ano antes, essa modalidade estava com uma taxa de juros média de 345,8% ao ano, segundo o Banco Central. Taxas médias de juros para pessoas físicas Ao contrário do que aconteceu com o cheque especial, aumentou o uso dessa modalidade. O estoque cresceu 18,6% nos últimos 12 meses, e inadimplência passou de 34,1% para 36,6% no mesmo período. Há quase quatro anos, no 1º de maio de 2012, a presidente Dilma Rousseff criticou as altas taxas de juros no cheque especial (159% na época) e no cartão de crédito (326%), ao afirmar que era "inadmissível" que o Brasil tivesse os juros mais altos do mundo. Aquele foi o início da política de redução de juros do governo (da taxa básica e dos juros nos bancos públicos), que começou a ser revertida já em 2013 por causa da alta da inflação. CRÉDITO EM BAIXA No relatório divulgado nesta quinta-feira (28), o BC informou ainda que o estoque de crédito encolheu pelo terceiro mês seguido em março. A queda foi de 0,7% em relação a fevereiro. Nos últimos 12 meses, cresceu 3,3% (abaixo da inflação de 9,4%), o que representa desaceleração em relação aos 5,2% até fevereiro. Apenas o crédito para pessoas físicas com recursos direcionados (basicamente imobiliário e agrícola) cresceu em março em relação a fevereiro e se mantém com desempenho acima da inflação na comparação em 12 meses, com expansão de 10,5%. O crédito ao consumo (para pessoas físicas com recursos livres) encolheu 0,7% no trimestre e avançou 1,7% em 12 meses. Em relação ao mesmo período do ano passado, o crédito para empresas com taxas de mercado ficou estagnado. Os empréstimos com subsídios do BNDES caíram 0,7% nessa comparação. INADIMPLÊNCIA A inadimplência no crédito ao consumidor passou de 5,3% para 5,6% entre dezembro de 2015 e março de 2016. Para as empresas, aumentou de 5,2% para 6,2% nas modalidades sem subsídios. Nos empréstimos com recursos subsidiados, esses atrasos passaram de 1,1% para 1,5% na pessoa física e de 1,8% para 2,1% na jurídica. Inadimplência, em %
mercado
Juro do cheque especial chega a 300% ao ano e bate recorde do Plano RealA taxa média de juros do cheque especial para pessoas físicas chegou a 300,8% ao ano em março deste ano. Com isso, superou pela primeira vez o percentual recorde verificado em julho de 1994 (294% ao ano), primeiro mês de apuração dessa informação pelo Banco Central. O custo dessa linha de crédito praticamente dobrou em dois anos. Estava em 159% em março de 2014. O estoque dessa modalidade encolheu 0,4% nos últimos 12 meses. A inadimplência passou de 12,8% para 15,3% no mesmo período. A linha mais cara para a pessoa física continua sendo o rotativo do cartão de crédito, que alcançou 449,1% ao ano no mês passado. Um ano antes, essa modalidade estava com uma taxa de juros média de 345,8% ao ano, segundo o Banco Central. Taxas médias de juros para pessoas físicas Ao contrário do que aconteceu com o cheque especial, aumentou o uso dessa modalidade. O estoque cresceu 18,6% nos últimos 12 meses, e inadimplência passou de 34,1% para 36,6% no mesmo período. Há quase quatro anos, no 1º de maio de 2012, a presidente Dilma Rousseff criticou as altas taxas de juros no cheque especial (159% na época) e no cartão de crédito (326%), ao afirmar que era "inadmissível" que o Brasil tivesse os juros mais altos do mundo. Aquele foi o início da política de redução de juros do governo (da taxa básica e dos juros nos bancos públicos), que começou a ser revertida já em 2013 por causa da alta da inflação. CRÉDITO EM BAIXA No relatório divulgado nesta quinta-feira (28), o BC informou ainda que o estoque de crédito encolheu pelo terceiro mês seguido em março. A queda foi de 0,7% em relação a fevereiro. Nos últimos 12 meses, cresceu 3,3% (abaixo da inflação de 9,4%), o que representa desaceleração em relação aos 5,2% até fevereiro. Apenas o crédito para pessoas físicas com recursos direcionados (basicamente imobiliário e agrícola) cresceu em março em relação a fevereiro e se mantém com desempenho acima da inflação na comparação em 12 meses, com expansão de 10,5%. O crédito ao consumo (para pessoas físicas com recursos livres) encolheu 0,7% no trimestre e avançou 1,7% em 12 meses. Em relação ao mesmo período do ano passado, o crédito para empresas com taxas de mercado ficou estagnado. Os empréstimos com subsídios do BNDES caíram 0,7% nessa comparação. INADIMPLÊNCIA A inadimplência no crédito ao consumidor passou de 5,3% para 5,6% entre dezembro de 2015 e março de 2016. Para as empresas, aumentou de 5,2% para 6,2% nas modalidades sem subsídios. Nos empréstimos com recursos subsidiados, esses atrasos passaram de 1,1% para 1,5% na pessoa física e de 1,8% para 2,1% na jurídica. Inadimplência, em %
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Mesmo comportado e longo, filme de Sofia Coppola tem elegância
O Estranho que Nós Amamos (bom) DIREÇÃO Sofia Coppola * Tentando a segunda Palma de Ouro para uma cineasta em 70 anos de festival (sendo Jane Campion a pioneira, em 1993, com "O Piano"), Sofia Coppola apresentou em Cannes sua versão de "O Estranho Que Nós Amamos" como uma fábula gótico-feminista. A imagem final condensa o simbolismo: um casarão rosa ao fundo, um portão fechado com um lenço azul amarrado numa das grades, um corpo (masculino) embrulhado em lençol branco ao pé do portão. Mais claro, impossível. Coppola disse ter feito uma nova adaptação do livro original de Thomas Cullinan, e não uma "refilmagem" do clássico dirigido em 1971 por Don Siegel. Não há, contudo, nenhuma grande adição de enredo ou de diálogo comparativamente à primeira versão. O entrecho segue o mesmo: em 1864, no período final da Guerra Civil americana, um soldado nortista, ferido numa perna, é recolhido por sete mulheres de idades variadas de uma escola para moças que ocupa um isolado rancho sulista. Todo a tensão vai girar a —té o climax da explosão— em torno da ruptura do equilíbrio com a atração despertada pela presença masculina. Colin Farrell herda aqui o papel do forasteiro criado por Clint Eastwood e Nicole Kidman assume o de Geraldine Page como a rígida diretora do internato. A própria escolha desse elenco, ao inverter o peso do protagonismo, sinaliza a nova ênfase feminina. A pegada gótica se constrói pela composição de Kidman e pela fotografia de Philippe Le Sourd ("Sete Vidas"). Kidman é mais sutil que Page no filme de Siegel, mas seu rosto tem algo da psicótica de Bette Davis em "O Que Terá Acontecido a Baby Jane?" (1962). Le Sourd, por seu lado, parece ter buscado inspiração na economia e dramaticidade do trabalho de John Alcott para "Barry Lyndon" (1975) de Stanley Kubrick. O mesmo balanço entre delicadeza explícita e agressividade represada em torno de um grupo feminino aproxima "O Estranho Que Nós Amamos" de "As Virgens Suicidas" (1999), o primeiro longa-metragem de Sofia Coppola. A presença em ambos de Kirsten Dunst, herdeira aqui do papel de Elizabeth Hartman como a sedutora Edwina, reforça o elo. "O Estranho Que Nós Amamos" se deixa ver com elegância, mas tudo parece mais morno e previsível do que no filme de Siegel. A questão que fica é por que a revisita —e assim tão bem comportada.
ilustrada
Mesmo comportado e longo, filme de Sofia Coppola tem elegânciaO Estranho que Nós Amamos (bom) DIREÇÃO Sofia Coppola * Tentando a segunda Palma de Ouro para uma cineasta em 70 anos de festival (sendo Jane Campion a pioneira, em 1993, com "O Piano"), Sofia Coppola apresentou em Cannes sua versão de "O Estranho Que Nós Amamos" como uma fábula gótico-feminista. A imagem final condensa o simbolismo: um casarão rosa ao fundo, um portão fechado com um lenço azul amarrado numa das grades, um corpo (masculino) embrulhado em lençol branco ao pé do portão. Mais claro, impossível. Coppola disse ter feito uma nova adaptação do livro original de Thomas Cullinan, e não uma "refilmagem" do clássico dirigido em 1971 por Don Siegel. Não há, contudo, nenhuma grande adição de enredo ou de diálogo comparativamente à primeira versão. O entrecho segue o mesmo: em 1864, no período final da Guerra Civil americana, um soldado nortista, ferido numa perna, é recolhido por sete mulheres de idades variadas de uma escola para moças que ocupa um isolado rancho sulista. Todo a tensão vai girar a —té o climax da explosão— em torno da ruptura do equilíbrio com a atração despertada pela presença masculina. Colin Farrell herda aqui o papel do forasteiro criado por Clint Eastwood e Nicole Kidman assume o de Geraldine Page como a rígida diretora do internato. A própria escolha desse elenco, ao inverter o peso do protagonismo, sinaliza a nova ênfase feminina. A pegada gótica se constrói pela composição de Kidman e pela fotografia de Philippe Le Sourd ("Sete Vidas"). Kidman é mais sutil que Page no filme de Siegel, mas seu rosto tem algo da psicótica de Bette Davis em "O Que Terá Acontecido a Baby Jane?" (1962). Le Sourd, por seu lado, parece ter buscado inspiração na economia e dramaticidade do trabalho de John Alcott para "Barry Lyndon" (1975) de Stanley Kubrick. O mesmo balanço entre delicadeza explícita e agressividade represada em torno de um grupo feminino aproxima "O Estranho Que Nós Amamos" de "As Virgens Suicidas" (1999), o primeiro longa-metragem de Sofia Coppola. A presença em ambos de Kirsten Dunst, herdeira aqui do papel de Elizabeth Hartman como a sedutora Edwina, reforça o elo. "O Estranho Que Nós Amamos" se deixa ver com elegância, mas tudo parece mais morno e previsível do que no filme de Siegel. A questão que fica é por que a revisita —e assim tão bem comportada.
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Mesmo sem chuvas, reservatórios de SP registram alta nesta terça-feira
Mesmo sem chuvas, os reservatórios de São Paulo tiveram alta nesta terça-feira (24). De acordo com dados da Sabesp, o Cantareira subiu 0,3 ponto percentual em relação ao dia anterior e está agora com 13,6%. O percentual usado agora tem como base a quantidade de água naquele dia e a capacidade total do reservatório, de 1,3 trilhão de litros e que inclui o volume útil (acima dos níveis de captação) e as duas cotas do volume morto (reserva do fundo das represas, captadas com o auxílio de bombas). Até então, o índice considerava o volume morto apenas na quantidade disponível, e não na capacidade total -sem ele, o sistema tem capacidade de 1 trilhão de litros de água. Se fosse considerado o valor divulgado anteriormente, o Cantareira estaria com 17,6% nesta terça. Após pressão do Ministério Público Estadual que cobra mais transparência na divulgação das informações, a Sabesp agora divulga os dois dados sobre a crise da água em São Paulo. Até agora, choveu 189,9 mm nas represas do sistema, quando a média histórica para o mês é de 178 mm. O Cantareira abastece 5,6 milhões de pessoas na zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da capital paulista -eram cerca de 9 milhões antes da crise. Essa diferença passou a ser atendida por outros sistemas. OUTROS RESERVATÓRIOS De acordo com a Sabesp, o nível do reservatório Alto Tietê opera com 23% de sua capacidade, registrando alta de 0,1 ponto percentual em relação ao dia anterior. O sistema abastece 4,5 milhões de pessoas na região leste da capital paulista e Grande São Paulo. No dia 14 de dezembro, o Alto Tietê passou a contar com a adição do volume morto, que gerou um volume adicional de 39,5 milhões de metros cúbicos de água da represa Ponte Nova, em Salesópolis (a 97 km de São Paulo). O nível da represa de Guarapiranga, que fornece água para 5,2 milhões de pessoas nas zonas sul e sudeste da capital paulista, chegou a 84,3%. Na segunda-feira, o índice era de 83,8%. O reservatório Rio Grande, que atende 1,5 milhão de pessoas, é o que tem a melhor situação entre os reservatórios operando com 98,3% de sua capacidade. O reservatório ficou estável em relação ao dia anterior. Já o reservatório Rio Claro, que também atende 1,5 milhão de pessoas, subiu 0,2 ponto percentual e agora está com 43,1%. O sistema Alto Cotia subiu para de 63,4%, ou seja, ganhou 0,5 ponto percentual em relação ao dia anterior. O reservatório fornece água para 400 mil pessoas. A medição da Sabesp é feita diariamente e compreende um período de 24 horas: das 7h às 7h. Veja as imagens
cotidiano
Mesmo sem chuvas, reservatórios de SP registram alta nesta terça-feiraMesmo sem chuvas, os reservatórios de São Paulo tiveram alta nesta terça-feira (24). De acordo com dados da Sabesp, o Cantareira subiu 0,3 ponto percentual em relação ao dia anterior e está agora com 13,6%. O percentual usado agora tem como base a quantidade de água naquele dia e a capacidade total do reservatório, de 1,3 trilhão de litros e que inclui o volume útil (acima dos níveis de captação) e as duas cotas do volume morto (reserva do fundo das represas, captadas com o auxílio de bombas). Até então, o índice considerava o volume morto apenas na quantidade disponível, e não na capacidade total -sem ele, o sistema tem capacidade de 1 trilhão de litros de água. Se fosse considerado o valor divulgado anteriormente, o Cantareira estaria com 17,6% nesta terça. Após pressão do Ministério Público Estadual que cobra mais transparência na divulgação das informações, a Sabesp agora divulga os dois dados sobre a crise da água em São Paulo. Até agora, choveu 189,9 mm nas represas do sistema, quando a média histórica para o mês é de 178 mm. O Cantareira abastece 5,6 milhões de pessoas na zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da capital paulista -eram cerca de 9 milhões antes da crise. Essa diferença passou a ser atendida por outros sistemas. OUTROS RESERVATÓRIOS De acordo com a Sabesp, o nível do reservatório Alto Tietê opera com 23% de sua capacidade, registrando alta de 0,1 ponto percentual em relação ao dia anterior. O sistema abastece 4,5 milhões de pessoas na região leste da capital paulista e Grande São Paulo. No dia 14 de dezembro, o Alto Tietê passou a contar com a adição do volume morto, que gerou um volume adicional de 39,5 milhões de metros cúbicos de água da represa Ponte Nova, em Salesópolis (a 97 km de São Paulo). O nível da represa de Guarapiranga, que fornece água para 5,2 milhões de pessoas nas zonas sul e sudeste da capital paulista, chegou a 84,3%. Na segunda-feira, o índice era de 83,8%. O reservatório Rio Grande, que atende 1,5 milhão de pessoas, é o que tem a melhor situação entre os reservatórios operando com 98,3% de sua capacidade. O reservatório ficou estável em relação ao dia anterior. Já o reservatório Rio Claro, que também atende 1,5 milhão de pessoas, subiu 0,2 ponto percentual e agora está com 43,1%. O sistema Alto Cotia subiu para de 63,4%, ou seja, ganhou 0,5 ponto percentual em relação ao dia anterior. O reservatório fornece água para 400 mil pessoas. A medição da Sabesp é feita diariamente e compreende um período de 24 horas: das 7h às 7h. Veja as imagens
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Papa permite a padres absolver mulheres que abortaram
O papa Francisco anunciou que vai permitir aos padres católicos que perdoem mulheres arrependidas que tenham feito abortos, assim como os médicos que fazem o procedimento, nesta terça (1º). A declaração foi feita em carta que detalhava as medidas que concederá no próximo ano do Jubileu. "Decidi, não havendo nenhuma disposição em contrário, conceder a todos os padres no Ano do Jubileu o arbítrio para absolver o pecado do aborto àqueles que o possuem e a quem, com o coração constrito, buscam o perdão por isso", afirmou. O pontífice argentino disse também estar "bastante a par da pressão" que as mulheres sofrem para abortar, afirmando conhecer "muitas mulheres que guardam em seu coração a ferida dessa decisão dolorosa". O argumento usado pelo papa é de que "o perdão de Deus não pode ser negado àqueles que se arrependeram, especialmente quando alguém busca o sacramento da confissão com um coração sincero para que obtenha a reconciliação com o Pai". Francisco havia decidido celebrar um ano extraordinário do Jubileu entre 8 de dezembro de 2015 e 20 de novembro do ano seguinte, tendo como tema a misericórdia. Na tradição católica, os jubileus são anos dedicados à remissão dos pecados e ao perdão universal. Até então, um fiel que buscasse o perdão de um pecado grave como um aborto não seria capaz de obtê-lo de um padre. A recomendação da igreja era que apenas os bispos deveriam lidar com esse tipo de confissão. Na prática, a decisão de Francisco descomplica o processo. O papa, 78, que tem repetidamente instado a igreja a mostrar mais compaixão, disse que os padres deveriam usar "palavras de boas-vindas genuínas" às mulheres e médicos que os buscassem após o procedimento, mas ao mesmo tempo ressaltar aos mesmos que estejam conscientes "da gravidade do pecado cometido". A decisão do pontífice é mais uma que o opõe aos sacerdotes mais conservadores do Vaticano. No início de agosto, Francisco já havia voltado a defender o acolhimento de divorciados, os quais são impedidos de receber o sacramento de acordo com o ensinamento tradicional da igreja. "Quem estabelece uma união após a derrota do casamento não é totalmente excomungado, e absolutamente não deve ser tratado desta forma. Eles sempre pertencerão à Igreja, que deve manter suas portas abertas", afirmou, em audiência. Francisco também deu declarações favoráveis à recepção de homossexuais ao longo de seu papado: "Quando Deus olha para uma pessoa gay, ele endossa a existência dessa pessoa com amor, ou a rejeita e condena? Nós devemos sempre considerar essa pessoa". Apesar disso, ele não retrocedeu em relação à posição oficial de que o homossexualismo é uma perversão e continua condenando a legalização da união de pessoas do mesmo sexo. Em janeiro, durante visita às Filipinas, Francisco classificou as ideias sobre métodos contraceptivos e direitos LGBT como uma "colonização ideológica" que países desenvolvidos exercem sobre regiões pobres do mundo. * ORA ET LABORA Principais obras de Francisco à frente da Igreja Católica Aborto Permitiu aos padres conceder perdão a mulheres e médicos que fazem aborto e "àqueles que buscam o perdão" ao longo do próximo ano do Jubileu (do próximo dia 8.dez a 20.nov.2016) Conselho de cardeais Francisco foi o primeiro pontífice a criar um grupo permanente de oito cardeais do mundo todo para assessorá-lo Sínodo da família Em duas partes (a segunda será em outubro), a reunião de bispos do mundo todo debate os desafios das famílias católicas em temas como comunhão para fiéis divorciados e acolhida a homossexuais Oriente Médio Após sua visita a Israel e à Palestina, Francisco conseguiu reunir autoridades israelenses e palestinas no Vaticano para orações pela paz na região Reforma econômica Para evitar escândalos financeiros no Vaticano, Francisco abriu as portas da Santa Sé para auditores internacionais e criou o Secretariado da Economia, liderado pelo cardeal australiano George Pell Abuso sexual Criou uma comissão especial para lidar com acusações de abuso sexual contra crianças cometido por sacerdotes; é liderada pelo cardeal americano Sean O'Malley e tem vítimas de abusos entre seus membros Ambiente Francisco é o primeiro papa a fazer uma encíclica (principal documento com os ensinamentos do pontífice para a igreja) sobre a questão ambiental
mundo
Papa permite a padres absolver mulheres que abortaramO papa Francisco anunciou que vai permitir aos padres católicos que perdoem mulheres arrependidas que tenham feito abortos, assim como os médicos que fazem o procedimento, nesta terça (1º). A declaração foi feita em carta que detalhava as medidas que concederá no próximo ano do Jubileu. "Decidi, não havendo nenhuma disposição em contrário, conceder a todos os padres no Ano do Jubileu o arbítrio para absolver o pecado do aborto àqueles que o possuem e a quem, com o coração constrito, buscam o perdão por isso", afirmou. O pontífice argentino disse também estar "bastante a par da pressão" que as mulheres sofrem para abortar, afirmando conhecer "muitas mulheres que guardam em seu coração a ferida dessa decisão dolorosa". O argumento usado pelo papa é de que "o perdão de Deus não pode ser negado àqueles que se arrependeram, especialmente quando alguém busca o sacramento da confissão com um coração sincero para que obtenha a reconciliação com o Pai". Francisco havia decidido celebrar um ano extraordinário do Jubileu entre 8 de dezembro de 2015 e 20 de novembro do ano seguinte, tendo como tema a misericórdia. Na tradição católica, os jubileus são anos dedicados à remissão dos pecados e ao perdão universal. Até então, um fiel que buscasse o perdão de um pecado grave como um aborto não seria capaz de obtê-lo de um padre. A recomendação da igreja era que apenas os bispos deveriam lidar com esse tipo de confissão. Na prática, a decisão de Francisco descomplica o processo. O papa, 78, que tem repetidamente instado a igreja a mostrar mais compaixão, disse que os padres deveriam usar "palavras de boas-vindas genuínas" às mulheres e médicos que os buscassem após o procedimento, mas ao mesmo tempo ressaltar aos mesmos que estejam conscientes "da gravidade do pecado cometido". A decisão do pontífice é mais uma que o opõe aos sacerdotes mais conservadores do Vaticano. No início de agosto, Francisco já havia voltado a defender o acolhimento de divorciados, os quais são impedidos de receber o sacramento de acordo com o ensinamento tradicional da igreja. "Quem estabelece uma união após a derrota do casamento não é totalmente excomungado, e absolutamente não deve ser tratado desta forma. Eles sempre pertencerão à Igreja, que deve manter suas portas abertas", afirmou, em audiência. Francisco também deu declarações favoráveis à recepção de homossexuais ao longo de seu papado: "Quando Deus olha para uma pessoa gay, ele endossa a existência dessa pessoa com amor, ou a rejeita e condena? Nós devemos sempre considerar essa pessoa". Apesar disso, ele não retrocedeu em relação à posição oficial de que o homossexualismo é uma perversão e continua condenando a legalização da união de pessoas do mesmo sexo. Em janeiro, durante visita às Filipinas, Francisco classificou as ideias sobre métodos contraceptivos e direitos LGBT como uma "colonização ideológica" que países desenvolvidos exercem sobre regiões pobres do mundo. * ORA ET LABORA Principais obras de Francisco à frente da Igreja Católica Aborto Permitiu aos padres conceder perdão a mulheres e médicos que fazem aborto e "àqueles que buscam o perdão" ao longo do próximo ano do Jubileu (do próximo dia 8.dez a 20.nov.2016) Conselho de cardeais Francisco foi o primeiro pontífice a criar um grupo permanente de oito cardeais do mundo todo para assessorá-lo Sínodo da família Em duas partes (a segunda será em outubro), a reunião de bispos do mundo todo debate os desafios das famílias católicas em temas como comunhão para fiéis divorciados e acolhida a homossexuais Oriente Médio Após sua visita a Israel e à Palestina, Francisco conseguiu reunir autoridades israelenses e palestinas no Vaticano para orações pela paz na região Reforma econômica Para evitar escândalos financeiros no Vaticano, Francisco abriu as portas da Santa Sé para auditores internacionais e criou o Secretariado da Economia, liderado pelo cardeal australiano George Pell Abuso sexual Criou uma comissão especial para lidar com acusações de abuso sexual contra crianças cometido por sacerdotes; é liderada pelo cardeal americano Sean O'Malley e tem vítimas de abusos entre seus membros Ambiente Francisco é o primeiro papa a fazer uma encíclica (principal documento com os ensinamentos do pontífice para a igreja) sobre a questão ambiental
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Painel: Planalto celebra ação de ex-ministros para excluir corrupção de balanço da Petrobras
Zaga veterana O Palácio do Planalto aplaudiu a atuação de Guido Mantega e Miriam Belchior na reunião do conselho de administração da Petrobras que barrou a contabilização de R$ 88 bilhões de perdas com corrupção. O governo considera que a cifra ... Leia post completo no blog
poder
Painel: Planalto celebra ação de ex-ministros para excluir corrupção de balanço da PetrobrasZaga veterana O Palácio do Planalto aplaudiu a atuação de Guido Mantega e Miriam Belchior na reunião do conselho de administração da Petrobras que barrou a contabilização de R$ 88 bilhões de perdas com corrupção. O governo considera que a cifra ... Leia post completo no blog
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Moisés
Leio toda noite a Bíblia que levei do hospital Albert Einstein quando estive internado. É o Velho Testamento. Aconselho sua leitura aos líderes exaustos por essa hora bíblica do Brasil. Encontrarão muita inspiração. É belo ver o jovem Salomão quando Deus lhe diz que peça qualquer coisa, e ele pede sabedoria. Mas o meu favorito é Moisés. Nestes anos de vacas magras, ler e reler sobre Moisés guiando seu povo 40 anos pelo deserto é um exemplo a ser seguido. Diferentemente de Churchill, que tinha o dom da oratória e o rádio, Moisés era gago. O que o moveu é a força que move os grandes homens: a fé. A fé em Deus, a fé num conjunto de ideias, a fé em propósitos, a fé num projeto político ou empresarial. Tudo o que o homem constrói foi antes construído dentro de sua alma. Eu digo por mim. O que me arranca da cama todo dia é o meu sonho de construir uma grande empresa, parte do sonho maior de construir um grande país. Adoro biografias. Acabei de ler "Sobre Fibras e Gente", da Sextante, que conta a história do megaempreendedor Amos Genish. Ele criou a GVT, tornou-se um caso de sucesso mundial das telecomunicações e hoje preside a Telefônica/Vivo. Leia o livro e verá empreendedorismo e fé. Fé num conjunto de valores, num propósito, em ser diferente. Os grandes líderes têm fé. Muitos, como Abilio Diniz, têm fé religiosa, fundamental para guiá-lo no cativeiro do sequestro, na ressurreição do Pão de Açúcar, nos momentos difíceis. Abilio é devoto de santa Rita, a santa das causas impossíveis. Vale a pena ler seu livro "Caminhos e Escolhas" e o livro sobre ele que a Sextante lançará. Esses líderes, todos guiados pela fé, religiosa ou não, são Moisés. E a história do profeta mostra como a opinião pública oscila de 8 ao 80. Depois de Moisés libertá-los da escravidão no Egito e abrir o mar para livrá-los do faraó, os hebreus adoraram um bezerro de ouro enquanto ele estava no monte Sinai para descer com os dez mandamentos. No Datafolha do deserto, sua popularidade subia e descia, mas Moisés, com paciência de Jó, conduziu o povo à terra prometida. Nós empresários estamos de novo na travessia do deserto. Mas aquele que tem fé em Deus ou em si encontra saídas onde não há saída. Além da sabedoria de Salomão, peço a Deus que me dê fé. Um líder tem que ter fé e inocular essa fé nos liderados. A cultura são os dez mandamentos. Os grandes líderes só falam de cultura pois sabem que, sem os dez mandamentos, a empresa vai adorar o bezerro de ouro –um atalho empresarial para o lucro fácil, que acaba com a companhia. São tentações comuns, só evitadas com cultura forte. E cultura é aquilo que você faz quando ninguém está olhando. É verdade que Moisés tinha WhatsApp com Deus. Mas será que não temos? Minha sogra tem. Minha mulher tem. Minha fé oscila. Às vezes fico sem sinal com Ele e peço o wi-fi da graça. A fé não é atingida intelectualmente. É uma graça divina para que os homens encontrem Deus. Falo neste espaço empresarial sobre fé porque as grandes empresas foram construídas por seus Moisés –homens que tinham a sabedoria de Salomão e a paciência de Jó, que tinham empresas do tamanho de David e derrotaram empresas do tamanho de Golias. Ou empresas familiares que foram destruídas porque Caim brigou com Abel. Nesses tempos difíceis, ler o Velho Testamento é um maná do céu para quem tem de ser Moisés todos os dias.
colunas
MoisésLeio toda noite a Bíblia que levei do hospital Albert Einstein quando estive internado. É o Velho Testamento. Aconselho sua leitura aos líderes exaustos por essa hora bíblica do Brasil. Encontrarão muita inspiração. É belo ver o jovem Salomão quando Deus lhe diz que peça qualquer coisa, e ele pede sabedoria. Mas o meu favorito é Moisés. Nestes anos de vacas magras, ler e reler sobre Moisés guiando seu povo 40 anos pelo deserto é um exemplo a ser seguido. Diferentemente de Churchill, que tinha o dom da oratória e o rádio, Moisés era gago. O que o moveu é a força que move os grandes homens: a fé. A fé em Deus, a fé num conjunto de ideias, a fé em propósitos, a fé num projeto político ou empresarial. Tudo o que o homem constrói foi antes construído dentro de sua alma. Eu digo por mim. O que me arranca da cama todo dia é o meu sonho de construir uma grande empresa, parte do sonho maior de construir um grande país. Adoro biografias. Acabei de ler "Sobre Fibras e Gente", da Sextante, que conta a história do megaempreendedor Amos Genish. Ele criou a GVT, tornou-se um caso de sucesso mundial das telecomunicações e hoje preside a Telefônica/Vivo. Leia o livro e verá empreendedorismo e fé. Fé num conjunto de valores, num propósito, em ser diferente. Os grandes líderes têm fé. Muitos, como Abilio Diniz, têm fé religiosa, fundamental para guiá-lo no cativeiro do sequestro, na ressurreição do Pão de Açúcar, nos momentos difíceis. Abilio é devoto de santa Rita, a santa das causas impossíveis. Vale a pena ler seu livro "Caminhos e Escolhas" e o livro sobre ele que a Sextante lançará. Esses líderes, todos guiados pela fé, religiosa ou não, são Moisés. E a história do profeta mostra como a opinião pública oscila de 8 ao 80. Depois de Moisés libertá-los da escravidão no Egito e abrir o mar para livrá-los do faraó, os hebreus adoraram um bezerro de ouro enquanto ele estava no monte Sinai para descer com os dez mandamentos. No Datafolha do deserto, sua popularidade subia e descia, mas Moisés, com paciência de Jó, conduziu o povo à terra prometida. Nós empresários estamos de novo na travessia do deserto. Mas aquele que tem fé em Deus ou em si encontra saídas onde não há saída. Além da sabedoria de Salomão, peço a Deus que me dê fé. Um líder tem que ter fé e inocular essa fé nos liderados. A cultura são os dez mandamentos. Os grandes líderes só falam de cultura pois sabem que, sem os dez mandamentos, a empresa vai adorar o bezerro de ouro –um atalho empresarial para o lucro fácil, que acaba com a companhia. São tentações comuns, só evitadas com cultura forte. E cultura é aquilo que você faz quando ninguém está olhando. É verdade que Moisés tinha WhatsApp com Deus. Mas será que não temos? Minha sogra tem. Minha mulher tem. Minha fé oscila. Às vezes fico sem sinal com Ele e peço o wi-fi da graça. A fé não é atingida intelectualmente. É uma graça divina para que os homens encontrem Deus. Falo neste espaço empresarial sobre fé porque as grandes empresas foram construídas por seus Moisés –homens que tinham a sabedoria de Salomão e a paciência de Jó, que tinham empresas do tamanho de David e derrotaram empresas do tamanho de Golias. Ou empresas familiares que foram destruídas porque Caim brigou com Abel. Nesses tempos difíceis, ler o Velho Testamento é um maná do céu para quem tem de ser Moisés todos os dias.
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Ricardo Pessoa presta depoimento em inquérito que investiga ministro
O dono da UTC, Ricardo Pessoa, está prestando depoimento desde 14h desta quinta-feira na Superintendência da Polícia Federal de Brasília em inquérito que investiga o ministro Edinho Silva (Comunicação Social). Um dos delatores da Lava Jato, o empreiteiro firmou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público em troca de redução das penas em que será enquadrado pela participação no esquema de corrupção da Petrobras. Edinho, que foi tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014, foi citado pelo próprio Pessoa em seus depoimento aos procuradores da Lava Jato como um dos beneficiários de recursos de corrupção na Petrobras. Pessoa disse em sua delação que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma em 2014 após ter sido coagido por Edinho, que teria pedido um valor maior. Em julho, a revista "Veja" reproduziu um trecho da delação de Pessoa. Segundo a publicação, o empreiteiro disse ter ouvido o seguinte de Edinho: "Você tem obras na Petrobras e tem aditivos, não pode só contribuir com isso. Tem que contribuir com mais. Eu estou precisando". Pessoa chegou às 13h30 e deixou a PF por volta das 18h, depois de quatro horas de depoimento. Edinho afirma que agiu "dentro da legalidade" à frente da arrecadação de recursos para a disputa. Advogado de Pessoa, Antonio Figueiredo Basto não está acompanhando o cliente na viagem à Brasília. "Posso dizer apenas que ele vai confirmar tudo o que disse à força-tarefa da Lava Jato", adiantou Basto.
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Ricardo Pessoa presta depoimento em inquérito que investiga ministroO dono da UTC, Ricardo Pessoa, está prestando depoimento desde 14h desta quinta-feira na Superintendência da Polícia Federal de Brasília em inquérito que investiga o ministro Edinho Silva (Comunicação Social). Um dos delatores da Lava Jato, o empreiteiro firmou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público em troca de redução das penas em que será enquadrado pela participação no esquema de corrupção da Petrobras. Edinho, que foi tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014, foi citado pelo próprio Pessoa em seus depoimento aos procuradores da Lava Jato como um dos beneficiários de recursos de corrupção na Petrobras. Pessoa disse em sua delação que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma em 2014 após ter sido coagido por Edinho, que teria pedido um valor maior. Em julho, a revista "Veja" reproduziu um trecho da delação de Pessoa. Segundo a publicação, o empreiteiro disse ter ouvido o seguinte de Edinho: "Você tem obras na Petrobras e tem aditivos, não pode só contribuir com isso. Tem que contribuir com mais. Eu estou precisando". Pessoa chegou às 13h30 e deixou a PF por volta das 18h, depois de quatro horas de depoimento. Edinho afirma que agiu "dentro da legalidade" à frente da arrecadação de recursos para a disputa. Advogado de Pessoa, Antonio Figueiredo Basto não está acompanhando o cliente na viagem à Brasília. "Posso dizer apenas que ele vai confirmar tudo o que disse à força-tarefa da Lava Jato", adiantou Basto.
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Encontro Folha de Jornalismo discute desafios da profissão
Os desafios do jornalismo em meio às transformações tecnológicas foram tema do primeiro dia do Encontro Folha de Jornalismo, que celebra os 95 anos do jornal. "O jornalismo vive um profundo paradoxo. Nunca se leu tanta notícia como hoje", disse o diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, na abertura. "Por outro lado, os pilares de sustentação econômica do jornalismo foram abalados pela transformação tecnológica." NOVAS FORMAS DE INFORMAR No primeiro painel, mediado pelo editor-executivo, Sérgio Dávila, Eugênio Bucci, professor de jornalismo da ECA-USP, e Leão Serva, colunista da Folha, deram perspectiva histórica para a crise do modelo de negócios baseado em receita publicitaria. "A imprensa no inicio não era um negócio", disse Bucci. "A redução do tamanho dos jornais cria a sensação da morte do jornalismo", disse Serva. "Vamos assistir novo ciclo na relação da sociedade com o jornalismo que talvez não se baseie mais no modelo dos jornais de massa." Vera Brandimarte, diretora de redação do "Valor Econômico", ressaltou que assinaturas digitais já representam um terço do total e em dois anos devem passar de 50%. Porém, a publicidade on-line não chega a 5% do total. "Mesmo com números tão expressivos no digital, quando a gente vê o que aconteceu com receita publicitaria, é de chorar." QUANDO A IMPRENSA É VISTA COMO OPOSIÇÃO Os desafios ao jornalismo por pressões políticas foram tema do segundo painel. O venezuelano Eugenio Martinez expôs a conflituosa relação entre os meios de comunicação e o governo desde o início do chavismo, em 1998. "Aquilo que passou a ser aceito como jornalismo na Venezuela é, na verdade, relações públicas do governo." O argentino Hugo Alconada Mon, secretário-assistente de Redação do jornal "La Nación", contou que o governo chegou a enquadrá-lo no crime de traidor da pátria por sua investigação sobre rede hoteleira da família da ex-presidente Cristina Kirchner. O brasileiro Lúcio Flávio Pinto, criador do "Jornal Pessoal", de Belém (PA), falou sobre liberdade de investigação e o enfrentamento com a política paraense. "Fui processado uma vez durante a ditadura militar e fui absolvido. Na democracia brasileira, já coleciono 33 processos, quatro condenações e inúmeras ameaças de morte." ERRAMOS EX-OMBUDSMANS DISCUTEM O DIREITO DE DEFESA No terceiro painel, a discussão foi sobre direito de resposta e as dificuldades em reconhecer erros. A ombudsman da Folha, Vera Guimarães Martins, lamentou o fato de a seção "Erramos", criada há 25 anos, não ter sido adotada pela imprensa (exceto o cearense "O Povo"). Na opinião dos ex-ombudsman da Folha Caio Túlio Costa e Júnia Nogueira de Sá, a criação do cargo e da seção Erramos "não resolveu muita coisa". Para Costa, os veículos brasileiros deveriam ter se antecipado na elaboração de forma efetiva de garantir direito de resposta. A ombudsman de "O Povo", Tania Alves, acredita que a nova lei do direito de resposta não traz tantos desafios, especialmente para jornais de menor porte. CRÔNICA Na última mesa do dia, os escritores Fernanda Torres, Ruy Castro e Luis Fernando Verissimo discorreram sobre os desafios de fazer crônicas. "Crônica é conversa fiada! Mas fico constrangido de escrever abobrinha a semana inteira", disse Castro, que procura equilibrar assuntos leves com crônicas que digam respeito ao noticiário. A atriz Fernanda Torres, que escreve na "Ilustrada", afirmou: "Tento falar mais de arte, que é o que conheço melhor, mas a realidade é impressionante. Não dá para concorrer." Para Verissimo, que assina colunas em "O Estado de S. Paulo" e "O Globo", crônica "é tudo que você disser que é crônica". " Você pode fazer ficção, comentar política ou futebol." O evento, que tem patrocínio da Odebrecht e da Fiesp, termina nesta sexta (19). Nesta quinta, o editor-executivo, Sérgio Dávila, respondeu a pergunta da plateia que questionou o patrocínio por uma empresa investigada na Operação Lava Jato: "A gente gosta de lembrar a divisão Igreja-Estado. O interesse comercial não deve se imiscuir nas prioridades das editorias. E as prioridades da Redação não devem interferir nas do comercial".
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Encontro Folha de Jornalismo discute desafios da profissãoOs desafios do jornalismo em meio às transformações tecnológicas foram tema do primeiro dia do Encontro Folha de Jornalismo, que celebra os 95 anos do jornal. "O jornalismo vive um profundo paradoxo. Nunca se leu tanta notícia como hoje", disse o diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, na abertura. "Por outro lado, os pilares de sustentação econômica do jornalismo foram abalados pela transformação tecnológica." NOVAS FORMAS DE INFORMAR No primeiro painel, mediado pelo editor-executivo, Sérgio Dávila, Eugênio Bucci, professor de jornalismo da ECA-USP, e Leão Serva, colunista da Folha, deram perspectiva histórica para a crise do modelo de negócios baseado em receita publicitaria. "A imprensa no inicio não era um negócio", disse Bucci. "A redução do tamanho dos jornais cria a sensação da morte do jornalismo", disse Serva. "Vamos assistir novo ciclo na relação da sociedade com o jornalismo que talvez não se baseie mais no modelo dos jornais de massa." Vera Brandimarte, diretora de redação do "Valor Econômico", ressaltou que assinaturas digitais já representam um terço do total e em dois anos devem passar de 50%. Porém, a publicidade on-line não chega a 5% do total. "Mesmo com números tão expressivos no digital, quando a gente vê o que aconteceu com receita publicitaria, é de chorar." QUANDO A IMPRENSA É VISTA COMO OPOSIÇÃO Os desafios ao jornalismo por pressões políticas foram tema do segundo painel. O venezuelano Eugenio Martinez expôs a conflituosa relação entre os meios de comunicação e o governo desde o início do chavismo, em 1998. "Aquilo que passou a ser aceito como jornalismo na Venezuela é, na verdade, relações públicas do governo." O argentino Hugo Alconada Mon, secretário-assistente de Redação do jornal "La Nación", contou que o governo chegou a enquadrá-lo no crime de traidor da pátria por sua investigação sobre rede hoteleira da família da ex-presidente Cristina Kirchner. O brasileiro Lúcio Flávio Pinto, criador do "Jornal Pessoal", de Belém (PA), falou sobre liberdade de investigação e o enfrentamento com a política paraense. "Fui processado uma vez durante a ditadura militar e fui absolvido. Na democracia brasileira, já coleciono 33 processos, quatro condenações e inúmeras ameaças de morte." ERRAMOS EX-OMBUDSMANS DISCUTEM O DIREITO DE DEFESA No terceiro painel, a discussão foi sobre direito de resposta e as dificuldades em reconhecer erros. A ombudsman da Folha, Vera Guimarães Martins, lamentou o fato de a seção "Erramos", criada há 25 anos, não ter sido adotada pela imprensa (exceto o cearense "O Povo"). Na opinião dos ex-ombudsman da Folha Caio Túlio Costa e Júnia Nogueira de Sá, a criação do cargo e da seção Erramos "não resolveu muita coisa". Para Costa, os veículos brasileiros deveriam ter se antecipado na elaboração de forma efetiva de garantir direito de resposta. A ombudsman de "O Povo", Tania Alves, acredita que a nova lei do direito de resposta não traz tantos desafios, especialmente para jornais de menor porte. CRÔNICA Na última mesa do dia, os escritores Fernanda Torres, Ruy Castro e Luis Fernando Verissimo discorreram sobre os desafios de fazer crônicas. "Crônica é conversa fiada! Mas fico constrangido de escrever abobrinha a semana inteira", disse Castro, que procura equilibrar assuntos leves com crônicas que digam respeito ao noticiário. A atriz Fernanda Torres, que escreve na "Ilustrada", afirmou: "Tento falar mais de arte, que é o que conheço melhor, mas a realidade é impressionante. Não dá para concorrer." Para Verissimo, que assina colunas em "O Estado de S. Paulo" e "O Globo", crônica "é tudo que você disser que é crônica". " Você pode fazer ficção, comentar política ou futebol." O evento, que tem patrocínio da Odebrecht e da Fiesp, termina nesta sexta (19). Nesta quinta, o editor-executivo, Sérgio Dávila, respondeu a pergunta da plateia que questionou o patrocínio por uma empresa investigada na Operação Lava Jato: "A gente gosta de lembrar a divisão Igreja-Estado. O interesse comercial não deve se imiscuir nas prioridades das editorias. E as prioridades da Redação não devem interferir nas do comercial".
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Bellucci repete ano passado e perde na estreia do Aberto do Rio; Nadal vence
Pelo segundo ano seguido, o paulista Thomaz Bellucci foi eliminado na estreia do Aberto do Rio. Nesta terça-feira (16), ele caiu para o ucraniano Alexandr Dolgopolov por 2 sets a 1, de virada, com parciais de 6/7, 7/5 e 6/2. O jogo foi marcado pela irregularidade dos dois tenistas. Bellucci, 32º no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), liderava contra Dolgopolov (33º) quando a chuva interrompeu a partida. O brasileiro havia vencido o primeiro set por 7/6 e sacava em 5/6, com 30 iguais no game. Na volta, o ucraniano conseguiu a quebra e fechou a segunda parcial. No terceiro set, Bellucci abriu dois games de vantagem, mas foi muito irregular e acabou derrotado após perder seis games seguidos. A chuva já havia ocasionado a interrupção de partidas na segunda, o que fez com a organização do torneio marcasse 27 jogos para a terça. Alguns deles, como o do francês Jo-Wilfried Tsonga contra o brasileiro Thiago Monteiro, porém, não chegaram a acontecer. O duelo abrirá a programação da quadra central nesta quarta (17). NADAL E FERRER VENCEM Após perder na semifinal de Buenos Aires na última semana, o espanhol Rafael Nadal, quinto colocado do ranking, estreou com vitória no Rio, ao bater o compatriota Pablo Carreno Busta por 2 sets a 0 (6/1 e 6/4). A partida terminou na madrugada desta quarta. O espanhol David Ferrer (6º), atual campeão do torneio, precisou salvar cinco set-points na segunda parcial, mas derrotou o convidado chileno Nicolas Jarry (493º) por 6/3 e 7/6. Nas oitavas de final, ele enfrentará o compatriota Albert Ramos-Vinolas. Campeão em Buenos Aires, o austríaco Dominic Thiem (19º) começou bem no Rio e bateu o espanhol Pablo Andujar (62º) em sets diretos (6/3 e 6/4). Agora, ele jogará contra o argentino Diego Schwartzman (90º), que derrotou o brasileiro João Souza (134º), o Feijão, por 6/3 e 6/2. Após o americano John Isner (11º) ter sido surpreendido na estreia, seu compatriota Jack Sock (23º), outro cabeça de chave, também caiu na primeira rodada, contra o argentino Frederico Delbonis (46º), por 7/5 e 6/1. Já o italiano Fabio Fognini (24º) confirmou o favoritismo, venceu o britânico Aljaz Bedene (51º) por 7/5 e 6/3 e passou às oitavas.
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Bellucci repete ano passado e perde na estreia do Aberto do Rio; Nadal vencePelo segundo ano seguido, o paulista Thomaz Bellucci foi eliminado na estreia do Aberto do Rio. Nesta terça-feira (16), ele caiu para o ucraniano Alexandr Dolgopolov por 2 sets a 1, de virada, com parciais de 6/7, 7/5 e 6/2. O jogo foi marcado pela irregularidade dos dois tenistas. Bellucci, 32º no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), liderava contra Dolgopolov (33º) quando a chuva interrompeu a partida. O brasileiro havia vencido o primeiro set por 7/6 e sacava em 5/6, com 30 iguais no game. Na volta, o ucraniano conseguiu a quebra e fechou a segunda parcial. No terceiro set, Bellucci abriu dois games de vantagem, mas foi muito irregular e acabou derrotado após perder seis games seguidos. A chuva já havia ocasionado a interrupção de partidas na segunda, o que fez com a organização do torneio marcasse 27 jogos para a terça. Alguns deles, como o do francês Jo-Wilfried Tsonga contra o brasileiro Thiago Monteiro, porém, não chegaram a acontecer. O duelo abrirá a programação da quadra central nesta quarta (17). NADAL E FERRER VENCEM Após perder na semifinal de Buenos Aires na última semana, o espanhol Rafael Nadal, quinto colocado do ranking, estreou com vitória no Rio, ao bater o compatriota Pablo Carreno Busta por 2 sets a 0 (6/1 e 6/4). A partida terminou na madrugada desta quarta. O espanhol David Ferrer (6º), atual campeão do torneio, precisou salvar cinco set-points na segunda parcial, mas derrotou o convidado chileno Nicolas Jarry (493º) por 6/3 e 7/6. Nas oitavas de final, ele enfrentará o compatriota Albert Ramos-Vinolas. Campeão em Buenos Aires, o austríaco Dominic Thiem (19º) começou bem no Rio e bateu o espanhol Pablo Andujar (62º) em sets diretos (6/3 e 6/4). Agora, ele jogará contra o argentino Diego Schwartzman (90º), que derrotou o brasileiro João Souza (134º), o Feijão, por 6/3 e 6/2. Após o americano John Isner (11º) ter sido surpreendido na estreia, seu compatriota Jack Sock (23º), outro cabeça de chave, também caiu na primeira rodada, contra o argentino Frederico Delbonis (46º), por 7/5 e 6/1. Já o italiano Fabio Fognini (24º) confirmou o favoritismo, venceu o britânico Aljaz Bedene (51º) por 7/5 e 6/3 e passou às oitavas.
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Julgamento do impeachment começará no dia 25; Dilma será intimada sexta
O julgamento final do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, começará em 25 de agosto e a petista será intimada sobre o andamento do caso nesta sexta (12), na parte da tarde, depois que seu advogado, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, entregar as alegações finais da defesa. Assim, o caso poderá ser encerrado ainda em agosto, conforme previsão de senadores da base aliada do governo interino. Dilma será intimada por um oficial de Justiça a serviço do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, responsável por comandar o processo de impeachment, de acordo com a legislação. A presidente, no entanto, não é obrigada a comparecer. Na semana que vem, Lewandowski se reunirá com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e líderes partidários para traçar o roteiro da sessão que pode demorar até cinco dias. Eles devem combinar procedimentos do rito processual bem como estipular horários para o início e suspensão da sessão a cada dia. Advogados da acusação, no entanto, já informaram que não pretendem convocar as seis testemunhas a que têm direito justamente para agilizar a conclusão do processo. Um dos autores da denúncia contra Dilma, Miguel Reale Júnior, afirmou que deve levar, no máximo, entre duas e três pessoas. Senadores aliados a Michel Temer querem concluir o processo em, no máximo, três dias. A pressa se dá para que o interino possa viajar para a China, para participar da reunião de cúpula presidencial do G20, que acontece em 4 e 5 de setembro. Temer quer ir como presidente efetivo do Brasil. Adversários do interino, no entanto, atribuem a pressa do peemedebista a um medo de que delações de envolvidos na Lava Jato possam enfraquecê-lo a ponto de perder apoio na votação final. A defesa, por sua vez, pretende levar as seis testemunhas a que tem direito mas ainda não definiu quem será chamado. Senadores da oposição defendem o convite ao procurador do Ministério Público Federal, Ivan Cláudio Marx, que em julho decidiu que as chamadas pedaladas fiscais - atrasos nos pagamentos de valores devidos a bancos e fundos públicos - não podem ser configuradas como crime. Dilma é acusada de editar três decretos de créditos suplementares sem aval do Congresso e de usar verba de bancos federais em programas que deveriam ser bancados pelo Tesouro, as chamadas "pedaladas fiscais" -quando foram quitadas, em 2015, o valor pago foi de R$ 72,4 bilhões. Cardozo tem até as 13h40 desta sexta para entregar as alegações finais da defesa. Em seguida, são necessários dez dias de intervalo para que se inicie o julgamento final. Como o prazo não pode começar a ser contado em um final de semana, ele se iniciará na próxima segunda (15). Nesta quarta (10), o Senado concluiu a votação intermediária do processo, que tornou Dilma ré por 59 votos a 21.
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Julgamento do impeachment começará no dia 25; Dilma será intimada sextaO julgamento final do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, começará em 25 de agosto e a petista será intimada sobre o andamento do caso nesta sexta (12), na parte da tarde, depois que seu advogado, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, entregar as alegações finais da defesa. Assim, o caso poderá ser encerrado ainda em agosto, conforme previsão de senadores da base aliada do governo interino. Dilma será intimada por um oficial de Justiça a serviço do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, responsável por comandar o processo de impeachment, de acordo com a legislação. A presidente, no entanto, não é obrigada a comparecer. Na semana que vem, Lewandowski se reunirá com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e líderes partidários para traçar o roteiro da sessão que pode demorar até cinco dias. Eles devem combinar procedimentos do rito processual bem como estipular horários para o início e suspensão da sessão a cada dia. Advogados da acusação, no entanto, já informaram que não pretendem convocar as seis testemunhas a que têm direito justamente para agilizar a conclusão do processo. Um dos autores da denúncia contra Dilma, Miguel Reale Júnior, afirmou que deve levar, no máximo, entre duas e três pessoas. Senadores aliados a Michel Temer querem concluir o processo em, no máximo, três dias. A pressa se dá para que o interino possa viajar para a China, para participar da reunião de cúpula presidencial do G20, que acontece em 4 e 5 de setembro. Temer quer ir como presidente efetivo do Brasil. Adversários do interino, no entanto, atribuem a pressa do peemedebista a um medo de que delações de envolvidos na Lava Jato possam enfraquecê-lo a ponto de perder apoio na votação final. A defesa, por sua vez, pretende levar as seis testemunhas a que tem direito mas ainda não definiu quem será chamado. Senadores da oposição defendem o convite ao procurador do Ministério Público Federal, Ivan Cláudio Marx, que em julho decidiu que as chamadas pedaladas fiscais - atrasos nos pagamentos de valores devidos a bancos e fundos públicos - não podem ser configuradas como crime. Dilma é acusada de editar três decretos de créditos suplementares sem aval do Congresso e de usar verba de bancos federais em programas que deveriam ser bancados pelo Tesouro, as chamadas "pedaladas fiscais" -quando foram quitadas, em 2015, o valor pago foi de R$ 72,4 bilhões. Cardozo tem até as 13h40 desta sexta para entregar as alegações finais da defesa. Em seguida, são necessários dez dias de intervalo para que se inicie o julgamento final. Como o prazo não pode começar a ser contado em um final de semana, ele se iniciará na próxima segunda (15). Nesta quarta (10), o Senado concluiu a votação intermediária do processo, que tornou Dilma ré por 59 votos a 21.
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Presidente do BC argentino acusa a oposição de gerar instabilidade
O presidente do Banco Central da Argentina, Alejandro Vanoli, acusou a oposição de manobrar judicialmente para gerar instabilidade econômica. A Justiça ordenou nesta terça (17), uma busca e apreensão de documentos na sede do BC, em uma investigação sobre suposta administração fraudulenta. Membros da oposição recorreram à Justiça contra Vanoli, alegando que o BC está vendendo dólares no mercado futuro a preços excessivamente baixos, provocando prejuízo aos cofres públicos. Para o executivo, o intuito da oposição é estimular a desvalorização do peso, a inflação e a recessão por via judicial. "É uma manobra política a serviço da oposição a uma semana das eleições", disse Vanoli. "O BC está atuando de acordo com as práticas de mercado e vamos seguir atuando no mercado futuro, trabalhando para estabilizar a economia em um momento em que há muitos atores que, com fins eleitorais, estão provocando instabilidade." Segundo ele, o Banco Central perdeu US$ 100 milhões em reservas nesta terça (17) em razão de especulações movidas pela decisão judicial. "Estamos na presença de um ato claramente eleitoral –não para prejudicar um governo, e sim para gerar confusão entre os argentinos às vésperas da eleição". O executivo apareceu na conferência matinal do chefe de gabinete, Aníbal Fernández, nesta quarta (18), dando sua versão para o ocorrido no dia anterior. Segundo Vanoli, a denúncia está sendo patrocinada pela oposição. Prova disso, diz ele, é que dois depoentes técnicos são economistas que apoiam ou apoiaram a oposição - Alfonso Prat-Gay, que faz parte da equipe de Mauricio Macri, e Martín Redrado, que esteve ao lado de Sergio Massa. Ambos também trabalharam para o governo de Néstor Kirchner. "Vocês imaginam qual seria a taxa de juros neste momento, em razão da campanha que estão criando? Estão tratando de criar um clima de desvalorização que é absolutamente absurdo", disse. SEGURANDO AS VENDAS Vanoli admitiu que exportadores estão segurando vendas ao exterior neste momento. Mas, para o funcionário do governo de Cristina Kirchner, isso está sendo provocado pela perspectiva de que, se Macri vencer a eleição, haverá uma desvalorização do peso. "A desvalorização que gostariam de criar [se eleitos] geraria inflação, ajuste, isso forma parte de uma campanha política", disse. A versão do executivo é que os documentos que foram buscados nesta terça no BC já haviam sido entregues ao juiz Claudio Bonadio, que teria ordenado a operação por pressão da oposição. Os governistas têm baseado sua campanha eleitoral no argumento de que se a oposição, representada por Macri, vencer a eleição do próximo domingo (22), fará uma grande desvalorização do peso (alta do dólar), medida que é extremamente impopular na Argentina. Macri e seus assessores, por sua vez, vêm afirmando que o governo de Cristina foi o que mais desvalorizou a moeda nos últimos anos e que é necessário retirar restrições cambiais para entrarem mais dólares no país.
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Presidente do BC argentino acusa a oposição de gerar instabilidadeO presidente do Banco Central da Argentina, Alejandro Vanoli, acusou a oposição de manobrar judicialmente para gerar instabilidade econômica. A Justiça ordenou nesta terça (17), uma busca e apreensão de documentos na sede do BC, em uma investigação sobre suposta administração fraudulenta. Membros da oposição recorreram à Justiça contra Vanoli, alegando que o BC está vendendo dólares no mercado futuro a preços excessivamente baixos, provocando prejuízo aos cofres públicos. Para o executivo, o intuito da oposição é estimular a desvalorização do peso, a inflação e a recessão por via judicial. "É uma manobra política a serviço da oposição a uma semana das eleições", disse Vanoli. "O BC está atuando de acordo com as práticas de mercado e vamos seguir atuando no mercado futuro, trabalhando para estabilizar a economia em um momento em que há muitos atores que, com fins eleitorais, estão provocando instabilidade." Segundo ele, o Banco Central perdeu US$ 100 milhões em reservas nesta terça (17) em razão de especulações movidas pela decisão judicial. "Estamos na presença de um ato claramente eleitoral –não para prejudicar um governo, e sim para gerar confusão entre os argentinos às vésperas da eleição". O executivo apareceu na conferência matinal do chefe de gabinete, Aníbal Fernández, nesta quarta (18), dando sua versão para o ocorrido no dia anterior. Segundo Vanoli, a denúncia está sendo patrocinada pela oposição. Prova disso, diz ele, é que dois depoentes técnicos são economistas que apoiam ou apoiaram a oposição - Alfonso Prat-Gay, que faz parte da equipe de Mauricio Macri, e Martín Redrado, que esteve ao lado de Sergio Massa. Ambos também trabalharam para o governo de Néstor Kirchner. "Vocês imaginam qual seria a taxa de juros neste momento, em razão da campanha que estão criando? Estão tratando de criar um clima de desvalorização que é absolutamente absurdo", disse. SEGURANDO AS VENDAS Vanoli admitiu que exportadores estão segurando vendas ao exterior neste momento. Mas, para o funcionário do governo de Cristina Kirchner, isso está sendo provocado pela perspectiva de que, se Macri vencer a eleição, haverá uma desvalorização do peso. "A desvalorização que gostariam de criar [se eleitos] geraria inflação, ajuste, isso forma parte de uma campanha política", disse. A versão do executivo é que os documentos que foram buscados nesta terça no BC já haviam sido entregues ao juiz Claudio Bonadio, que teria ordenado a operação por pressão da oposição. Os governistas têm baseado sua campanha eleitoral no argumento de que se a oposição, representada por Macri, vencer a eleição do próximo domingo (22), fará uma grande desvalorização do peso (alta do dólar), medida que é extremamente impopular na Argentina. Macri e seus assessores, por sua vez, vêm afirmando que o governo de Cristina foi o que mais desvalorizou a moeda nos últimos anos e que é necessário retirar restrições cambiais para entrarem mais dólares no país.
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Hollande alerta para aquecimento global e terror na abertura da COP21
O presidente da França, François Hollande, afirmou nesta segunda-feira (30), na cerimônia de abertura da COP21, que o combate ao terrorismo e ao aquecimento global merecem a mesma atenção das autoridades. "Não estou escolhendo entre a luta contra o terrorismo e a luta contra o aquecimento global. Esses são dois grandes desafios que devemos superar. Devemos deixar nossas crianças em um mundo livre do terror e fornecer um planeta protegido de desastre, um planeta viável para viver", afirmou o dirigente francês. Cerca de 150 chefes de Estado e de governo, entre eles a presidente Dilma Rousseff, se reúnem nesta segunda em Paris para o início da Conferência do Clima da ONU. O encontro diplomático termina no dia 11 de dezembro, quando os países pretendem chegar a um acordo de cumprimento de metas climáticas. Segundo Hollande, nenhum país deve se abster de seus compromissos em combater o aquecimento global. "Precisamos construir um caminho crível para o limite de aquecimento global abaixo de 2 ºC ou 1,5 ºC, se possível. Para termos certeza de que estamos no caminho certo, temos de oferecer avaliações regulares, e estabelecer mecanismos de revisão que correspondam com nossos compromissos a cada cinco anos", declarou. A COP21 começa sob desconfiança. Não se sabe se os líderes chegarão a um consenso para aprovar um documento com força de lei, o chamado "acordo legalmente vinculante", em que os países seriam obrigados a cumprir as metas estabelecidas. Em entrevista no domingo (29), a secretária-executiva do encontro, Christiana Figueres, garantiu que esse acordo será atingido, apesar da resistência de países estratégicos, como os Estados Unidos. TENSÃO A conferência, realizada na região de Le Bourget, no subúrbio de Paris, ocorre 17 dias depois dos atentados terroristas que mataram 130 pessoas na capital francesa. Em razão dos ataques, a França montou uma operação nunca vista antes para o evento da ONU, sobretudo por causa da presença de chefes de Estado nesta segunda, entre os quais os presidentes americano, Barack Obama, e russo, Vladimir Putin, dois que lideram ataques militares contra o Estado Islâmico, facção extremista que reivindicou os atentados de Paris. Um minuto de silêncio foi observado pelos líderes antes do discurso de abertura, em homenagem ás vítimas de atentados recentes em Paris, Beirute, Bagdá, Tunísia e Mali. Em seu discurso, Hollande lembrou os ataques do dia 13 de novembro. "Esses trágicos eventos representam aflição, mas também uma obrigação: nos forçam a focar no que é importante. A presença de vocês aqui gera uma imensa esperança de que não temos direito de decepcionar. Aqui em Paris vamos decidir o futuro do planeta", disse o presidente francês.
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Hollande alerta para aquecimento global e terror na abertura da COP21O presidente da França, François Hollande, afirmou nesta segunda-feira (30), na cerimônia de abertura da COP21, que o combate ao terrorismo e ao aquecimento global merecem a mesma atenção das autoridades. "Não estou escolhendo entre a luta contra o terrorismo e a luta contra o aquecimento global. Esses são dois grandes desafios que devemos superar. Devemos deixar nossas crianças em um mundo livre do terror e fornecer um planeta protegido de desastre, um planeta viável para viver", afirmou o dirigente francês. Cerca de 150 chefes de Estado e de governo, entre eles a presidente Dilma Rousseff, se reúnem nesta segunda em Paris para o início da Conferência do Clima da ONU. O encontro diplomático termina no dia 11 de dezembro, quando os países pretendem chegar a um acordo de cumprimento de metas climáticas. Segundo Hollande, nenhum país deve se abster de seus compromissos em combater o aquecimento global. "Precisamos construir um caminho crível para o limite de aquecimento global abaixo de 2 ºC ou 1,5 ºC, se possível. Para termos certeza de que estamos no caminho certo, temos de oferecer avaliações regulares, e estabelecer mecanismos de revisão que correspondam com nossos compromissos a cada cinco anos", declarou. A COP21 começa sob desconfiança. Não se sabe se os líderes chegarão a um consenso para aprovar um documento com força de lei, o chamado "acordo legalmente vinculante", em que os países seriam obrigados a cumprir as metas estabelecidas. Em entrevista no domingo (29), a secretária-executiva do encontro, Christiana Figueres, garantiu que esse acordo será atingido, apesar da resistência de países estratégicos, como os Estados Unidos. TENSÃO A conferência, realizada na região de Le Bourget, no subúrbio de Paris, ocorre 17 dias depois dos atentados terroristas que mataram 130 pessoas na capital francesa. Em razão dos ataques, a França montou uma operação nunca vista antes para o evento da ONU, sobretudo por causa da presença de chefes de Estado nesta segunda, entre os quais os presidentes americano, Barack Obama, e russo, Vladimir Putin, dois que lideram ataques militares contra o Estado Islâmico, facção extremista que reivindicou os atentados de Paris. Um minuto de silêncio foi observado pelos líderes antes do discurso de abertura, em homenagem ás vítimas de atentados recentes em Paris, Beirute, Bagdá, Tunísia e Mali. Em seu discurso, Hollande lembrou os ataques do dia 13 de novembro. "Esses trágicos eventos representam aflição, mas também uma obrigação: nos forçam a focar no que é importante. A presença de vocês aqui gera uma imensa esperança de que não temos direito de decepcionar. Aqui em Paris vamos decidir o futuro do planeta", disse o presidente francês.
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Governo vai retomar e ampliar concessões ainda este ano, diz Barbosa
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que o governo pretende ampliar o programa de concessões em infra-estrutura e dar continuidade às obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), como parte de uma agenda de retomada de crescimento. O primeiro leilão previsto para o ano será o da renovação da concessão da ponte Rio-Niterói, no dia 18 de março. Até o final de abril, o governo pretende anunciar as rodovias que serão concedidas, para realizar leilões ainda neste semestre. Estão previstos ainda para este ano concessões nas áreas de ferrovias, portos, dragagem e hidrovias, energia elétrica e aeroportos. Segundo Barbosa, o governo está analisando a lista de aeroportos e prevê lançar editais ainda no primeiro semestre, de forma a realizar leilões antes do fim do ano. O otimismo de Barbosa contrasta com avaliações de diferentes atores do governo, que preveem dificuldades para o programa de concessões diante dos escândalos da Lava Jato. A avaliação é que o interesse pode ficar comprometido pelo problemas financeiros das empreiteiras envolvidas nos escândalos e também pela possibilidade de elas virem a ser impedidas de assinar novos contratos com o poder público. (leia mais aqui) SIMPLIFICAÇÃO A agenda de retomada de crescimento também inclui, segundo Barbosa, medidas de desburocratização e simplificação de processos, com impacto no dia a dia das empresas e das pessoas físicas, como um sistema integrado de registro civil, a carteira de trabalho eletrônica e a ampliação da validade dos passaportes, para 10 anos.
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Governo vai retomar e ampliar concessões ainda este ano, diz BarbosaO ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que o governo pretende ampliar o programa de concessões em infra-estrutura e dar continuidade às obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), como parte de uma agenda de retomada de crescimento. O primeiro leilão previsto para o ano será o da renovação da concessão da ponte Rio-Niterói, no dia 18 de março. Até o final de abril, o governo pretende anunciar as rodovias que serão concedidas, para realizar leilões ainda neste semestre. Estão previstos ainda para este ano concessões nas áreas de ferrovias, portos, dragagem e hidrovias, energia elétrica e aeroportos. Segundo Barbosa, o governo está analisando a lista de aeroportos e prevê lançar editais ainda no primeiro semestre, de forma a realizar leilões antes do fim do ano. O otimismo de Barbosa contrasta com avaliações de diferentes atores do governo, que preveem dificuldades para o programa de concessões diante dos escândalos da Lava Jato. A avaliação é que o interesse pode ficar comprometido pelo problemas financeiros das empreiteiras envolvidas nos escândalos e também pela possibilidade de elas virem a ser impedidas de assinar novos contratos com o poder público. (leia mais aqui) SIMPLIFICAÇÃO A agenda de retomada de crescimento também inclui, segundo Barbosa, medidas de desburocratização e simplificação de processos, com impacto no dia a dia das empresas e das pessoas físicas, como um sistema integrado de registro civil, a carteira de trabalho eletrônica e a ampliação da validade dos passaportes, para 10 anos.
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Guardiola diz que seleção deve ser treinada por brasileiro
Na véspera da abertura do Campeonato Alemão, o técnico Josep Guardiola respondeu nesta quinta-feira (13) às afirmações de Daniel Alves de que pretendia dirigir a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014. Segundo ele, nunca houve contato com nenhum dirigente da seleção brasileira nem com qualquer intermediário que representasse a CBF. "O Brasil deve ser treinado por um técnico brasileiro", disse. Na entrevista, Guardiola elogiou a escola de treinadores brasileiros. Disse que o país tem e sempre teve grandes técnicos. Questionei: "Há um mês, Daniel Alves disse no Brasil que... Guardiola interrompeu: "Dani Alves é um amigo e gosta muito de mim E eu gosto muito dele.'' Continuei: "Ele disse que você queria treinar a seleção brasileira na Copa do Mundo e falou sobre isso.'' Guardiola interrompe de novo: "Na realidade, nunca conversei com nenhum dirigente da seleção brasileira nem com nenhum interlocutor da seleção brasileira. O Brasil tem grandes treinadores e teve excelentes treinadores durante a sua história.'' Mais uma vez: "Mas houve esta conversa com o Daniel Alves?'' Guardiola ouviu até o fim desta vez. E respondeu: "Com Dani Alves trabalhei por quatro anos e por quatro anos conversamos sobre milhões de coisas.''
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Guardiola diz que seleção deve ser treinada por brasileiroNa véspera da abertura do Campeonato Alemão, o técnico Josep Guardiola respondeu nesta quinta-feira (13) às afirmações de Daniel Alves de que pretendia dirigir a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014. Segundo ele, nunca houve contato com nenhum dirigente da seleção brasileira nem com qualquer intermediário que representasse a CBF. "O Brasil deve ser treinado por um técnico brasileiro", disse. Na entrevista, Guardiola elogiou a escola de treinadores brasileiros. Disse que o país tem e sempre teve grandes técnicos. Questionei: "Há um mês, Daniel Alves disse no Brasil que... Guardiola interrompeu: "Dani Alves é um amigo e gosta muito de mim E eu gosto muito dele.'' Continuei: "Ele disse que você queria treinar a seleção brasileira na Copa do Mundo e falou sobre isso.'' Guardiola interrompe de novo: "Na realidade, nunca conversei com nenhum dirigente da seleção brasileira nem com nenhum interlocutor da seleção brasileira. O Brasil tem grandes treinadores e teve excelentes treinadores durante a sua história.'' Mais uma vez: "Mas houve esta conversa com o Daniel Alves?'' Guardiola ouviu até o fim desta vez. E respondeu: "Com Dani Alves trabalhei por quatro anos e por quatro anos conversamos sobre milhões de coisas.''
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Ala rebelde do PMDB lança nome de Luiz Henrique contra Renan Calheiros
Com apoio da ala independente do PMDB, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) anunciou nesta terça-feira (27) que se lançará candidato à presidência do Senado. Segundo ele, sua candidatura é "irreversível". A eleição está marcada para domingo (1º) e a votação é secreta. O congressista disse que está disposto, inclusive, a disputar votos com o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que costura nos bastidores sua reeleição e deve ser apresentado como candidato oficial do partido. O PMDB, que tem a maior bancada da Casa –são 19 senadores– marcou para sábado (31) a definição de seu candidato. Para evitar desgastes, Renan só deve colocar sua candidatura na véspera, o que lhe rendeu pelo Congresso o apelido de "candidato em off". Ele tem o apoio do Palácio do Planalto, do PT e dos partidos aliados do governo. Internamente, Luiz Henrique tem o apoio dos senadores Ricardo Ferraço (ES) e Waldemir Moka (MS) que trabalham para consolidar o nome do colega entre partidos governistas e oposicionistas. "Estamos trabalhando no PMDB, mas se não conseguirmos viabilizar [a candidatura] no PMDB, nos apresentaremos como candidato da instituição", afirmou o senador. "É uma decisão irreversível", completou. Luiz Henrique afirmou que vai conversar nesta quarta com Renan para colocar sua campanha e espera oficializar seu nome até sexta-feira. "Vou falar amanhã [com Renan] e vou pedir o voto dele", afirmou. Em 2013, o próprio Luiz Henrique tentou costurar sua candidatura contra Renan, mas, pressionado pela cúpula do partido, recuou. Renan acabou vencendo Pedro Taques (PDT-MT). APOIO Luiz Henrique colocou em operação nesta terça uma ofensiva atrás de apoio. Ele telefonou para o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), para tentar costurar uma aliança. Ele recebeu indicações de que a bancada tucana deve fechar apoio a seu nome. Para se consolidar como líder da oposição no Congresso, Aécio chegou a articular o nome de Ferraço como candidato, mas as negociações não avançaram. O tucano aposta em um racha na bancada do PMDB para derrotar a candidatura à reeleição de Renan. Em outra frente, Luiz Henrique procurou a bancada do PSB, que discute na noite desta terça se coloca o nome do senador Antonio Carlos Valadares (SE) na disputa. Líder do PSB no senado, Lidice da Mata (BA), não descartou apoiar um candidato do PMDB, para respeitar a tradição de que a maior bancada fica com o comando da Casa. A senadora explicou que o movimento por Valadares foi impulsionado pela ausência de Renan no debate para a presidência. A ala rebelde do PMDB espera angariar apoio ainda do DEM, PDT e PP, além de senadores governistas independentes. "Não é uma candidatura para marcar posição. É para ganhar", disse Ferraço. REAÇÃO Mesmo sem divulgar sua candidatura, Renan tem trabalhado para tentar se consolidar como candidato único. Após saber das negociações em torno de Valadares, o próprio Renan ligou para a líder do PSB para fazer uma sondagem sobre a disputa. Integrante do grupo de Renan, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) também fez ligações para senadores do PSB numa tentativa de desmontar o movimento. De acordo com aliados de Renan, o senador tem procurado diversos senadores para pedir apoio, além de prometer indicações a cargos relevantes em comissões e órgãos do Senado. As tratativas envolvem, por exemplo, o controle das principais comissões da Casa: a de Constituição e Justiça e a de Relações Exteriores.
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Ala rebelde do PMDB lança nome de Luiz Henrique contra Renan CalheirosCom apoio da ala independente do PMDB, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) anunciou nesta terça-feira (27) que se lançará candidato à presidência do Senado. Segundo ele, sua candidatura é "irreversível". A eleição está marcada para domingo (1º) e a votação é secreta. O congressista disse que está disposto, inclusive, a disputar votos com o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que costura nos bastidores sua reeleição e deve ser apresentado como candidato oficial do partido. O PMDB, que tem a maior bancada da Casa –são 19 senadores– marcou para sábado (31) a definição de seu candidato. Para evitar desgastes, Renan só deve colocar sua candidatura na véspera, o que lhe rendeu pelo Congresso o apelido de "candidato em off". Ele tem o apoio do Palácio do Planalto, do PT e dos partidos aliados do governo. Internamente, Luiz Henrique tem o apoio dos senadores Ricardo Ferraço (ES) e Waldemir Moka (MS) que trabalham para consolidar o nome do colega entre partidos governistas e oposicionistas. "Estamos trabalhando no PMDB, mas se não conseguirmos viabilizar [a candidatura] no PMDB, nos apresentaremos como candidato da instituição", afirmou o senador. "É uma decisão irreversível", completou. Luiz Henrique afirmou que vai conversar nesta quarta com Renan para colocar sua campanha e espera oficializar seu nome até sexta-feira. "Vou falar amanhã [com Renan] e vou pedir o voto dele", afirmou. Em 2013, o próprio Luiz Henrique tentou costurar sua candidatura contra Renan, mas, pressionado pela cúpula do partido, recuou. Renan acabou vencendo Pedro Taques (PDT-MT). APOIO Luiz Henrique colocou em operação nesta terça uma ofensiva atrás de apoio. Ele telefonou para o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), para tentar costurar uma aliança. Ele recebeu indicações de que a bancada tucana deve fechar apoio a seu nome. Para se consolidar como líder da oposição no Congresso, Aécio chegou a articular o nome de Ferraço como candidato, mas as negociações não avançaram. O tucano aposta em um racha na bancada do PMDB para derrotar a candidatura à reeleição de Renan. Em outra frente, Luiz Henrique procurou a bancada do PSB, que discute na noite desta terça se coloca o nome do senador Antonio Carlos Valadares (SE) na disputa. Líder do PSB no senado, Lidice da Mata (BA), não descartou apoiar um candidato do PMDB, para respeitar a tradição de que a maior bancada fica com o comando da Casa. A senadora explicou que o movimento por Valadares foi impulsionado pela ausência de Renan no debate para a presidência. A ala rebelde do PMDB espera angariar apoio ainda do DEM, PDT e PP, além de senadores governistas independentes. "Não é uma candidatura para marcar posição. É para ganhar", disse Ferraço. REAÇÃO Mesmo sem divulgar sua candidatura, Renan tem trabalhado para tentar se consolidar como candidato único. Após saber das negociações em torno de Valadares, o próprio Renan ligou para a líder do PSB para fazer uma sondagem sobre a disputa. Integrante do grupo de Renan, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) também fez ligações para senadores do PSB numa tentativa de desmontar o movimento. De acordo com aliados de Renan, o senador tem procurado diversos senadores para pedir apoio, além de prometer indicações a cargos relevantes em comissões e órgãos do Senado. As tratativas envolvem, por exemplo, o controle das principais comissões da Casa: a de Constituição e Justiça e a de Relações Exteriores.
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Disney anuncia remake de 'O Rei Leão' com atores reais e diretor de 'Mogli'
O Walt Disney Studios fará uma parceria com o diretor Jon Favreau ("Homem de Ferro") para um remake em live-action (com atores reais) de "O Rei Leão", um dos filmes de animação mais bem-sucedidos na história, anunciou a empresa nesta quarta-feira (28). Esse será mais uma releitura dos clássicos da Disney para o público contemporâneo, como a empresa fez com "Malévola", "Cinderela" e "Mogli: o Menino Lobo". "Nós podemos confirmar oficialmente que o Walt Disney Studios e diretor Jon Favreau estão preparando uma releitura de 'O Rei Leão'", afirmou o estúdio em declaração, sem anunciar a data de lançamento. "O projeto segue o sucesso tecnologicamente inovador de 'Mogli: o Menino Lobo', também dirigido por Favreau, que estreou em abril e faturou US$ 965,8 milhões em todo o mundo". Assim como o tão aguardado filme "A Bela e a Fera", estrelado por Emma Watson e com previsão de lançamento para o ano que vem, "O Rei Leão" incluirá canções de sua versão de animação, disse a Disney. O estúdio anunciou anteriormente que também está trabalhando na sequência do filme do menino lobo com o mesmo diretor. A previsão de lançamento também não foi anunciada. Lançado em 1994, "O Rei Leão" se tornou um dos maiores filmes de animação de todos os tempos com uma bilheteria global de quase US$ 1 bilhão. Ganhou o Oscar pela canção "Can You Feel the Love Tonight", de Elton John e Tim Rice, e por sua trilha sonora de Hans Zimmer, além de dois Prêmios Grammy, com sua trilha sonora tendo vendido mais de 14 milhões de cópias. A produção para o teatro fez sua estreia na Broadway em 1997 e venceu seis prêmios Tony. Traduzido em oito idiomas, as 23 produções mundiais do filme foram vistas por mais de 85 milhões de pessoas. Seu faturamento bruto mundial ultrapassa o de qualquer filme, peça da Broadway, ou de outro título de entretenimento da história.
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Disney anuncia remake de 'O Rei Leão' com atores reais e diretor de 'Mogli'O Walt Disney Studios fará uma parceria com o diretor Jon Favreau ("Homem de Ferro") para um remake em live-action (com atores reais) de "O Rei Leão", um dos filmes de animação mais bem-sucedidos na história, anunciou a empresa nesta quarta-feira (28). Esse será mais uma releitura dos clássicos da Disney para o público contemporâneo, como a empresa fez com "Malévola", "Cinderela" e "Mogli: o Menino Lobo". "Nós podemos confirmar oficialmente que o Walt Disney Studios e diretor Jon Favreau estão preparando uma releitura de 'O Rei Leão'", afirmou o estúdio em declaração, sem anunciar a data de lançamento. "O projeto segue o sucesso tecnologicamente inovador de 'Mogli: o Menino Lobo', também dirigido por Favreau, que estreou em abril e faturou US$ 965,8 milhões em todo o mundo". Assim como o tão aguardado filme "A Bela e a Fera", estrelado por Emma Watson e com previsão de lançamento para o ano que vem, "O Rei Leão" incluirá canções de sua versão de animação, disse a Disney. O estúdio anunciou anteriormente que também está trabalhando na sequência do filme do menino lobo com o mesmo diretor. A previsão de lançamento também não foi anunciada. Lançado em 1994, "O Rei Leão" se tornou um dos maiores filmes de animação de todos os tempos com uma bilheteria global de quase US$ 1 bilhão. Ganhou o Oscar pela canção "Can You Feel the Love Tonight", de Elton John e Tim Rice, e por sua trilha sonora de Hans Zimmer, além de dois Prêmios Grammy, com sua trilha sonora tendo vendido mais de 14 milhões de cópias. A produção para o teatro fez sua estreia na Broadway em 1997 e venceu seis prêmios Tony. Traduzido em oito idiomas, as 23 produções mundiais do filme foram vistas por mais de 85 milhões de pessoas. Seu faturamento bruto mundial ultrapassa o de qualquer filme, peça da Broadway, ou de outro título de entretenimento da história.
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Como um monte de gente inocente é presa por memórias falsas no Brasil
Israel de Oliveira Pacheco, de 27 anos, está preso há sete anos, acusado de estuprar uma jovem no Rio Grande do Sul. No último 18 de setembro, ele voltou aos tribunais. Em uma decisão inédita no país, a justiça brasileira decidiu rever o caso. Quatro anos antes, exames de DNA atestaram que o material genético de Israel não correspondia à mancha de sangue encontrada na cena do crime. A amostra, concluíram os testes, pertencia a outro homem, suspeito de crimes sexuais no passado. Ainda assim, na revisão, os desembargadores ignoraram a prova técnica. Baseados apenas no reconhecimento feito pela vítima, os oficiais mantiveram a pena de onze anos e meio de prisão. O argumento foi que o fato de outro homem ter passado pela cena do crime não inocenta Israel. Mesmo que a vítima nunca tenha mencionado outra pessoa, o criminoso poderia ter agido com um comparsa. Complexo e muito discutido por acadêmicos, o caso de Israel ilustra como, no sistema judiciário brasileiro, as lembranças das testemunhas e das vítimas são levadas mais em conta do que as provas técnicas. O problema dessas situações é um só: confia-se demais em um dos nossos mecanismos mais falhos, a memória. Psicólogos sabem que criamos lembranças falsas o tempo inteiro. Segundo eles, não importa o grau de escolaridade ou de boa-fé, todo cérebro se ilude ao resgatar eventos passados. No setor criminal, como é de imaginar, a situação se torna bem mais delicada. Nos últimos anos, uma série de estudos se debruça sobre a forma como recordações ilusórias podem incriminar pessoas inocentes. Pesquisadores mostraram que o trabalho de policiais e juízes pode influenciar o depoimento das vítimas de crimes a ponto de elas fabricarem memórias falsas, acreditarem nas mesmas e incriminarem inocentes. "As provas técnicas são muito importantes, e muitas vezes são ignoradas em favor da memória", diz a psicóloga Lilian Stein, da PUC do Rio Grande do Sul, especialista no assunto e autora do livro Falsas Memórias. "Assim como o caso de Israel, existem trocentos outros casos no Brasil em que pessoas pegam penas gravíssimas por crimes que podem não ter cometido." Uma pesquisa recente liderada pela psicóloga mostrou que, além de privilegiar as provas baseadas nas memórias da vítima e das testemunhas, o sistema de justiça brasileiro usa, durante depoimentos e reconhecimentos de criminosos, métodos obsoletos que podem levar à criação de falsas recordações. "Não se trata de uma ação deliberada por parte da polícia. Acontece que, em termos de coleta de testemunho, usamos métodos dos anos 1950", frisa a pesquisadora. O estudo de Lilian foi realizado para o Ministério da Justiça com financiamento do Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Foram entrevistadas 87 pessoas, entre policiais militares e civis, defensores públicos e privados, promotores de justiça e juízes. Todos deveriam responder questões relacionadas às práticas cotidianas. Os dados mostraram que 90,3% deles dão muita importância ao testemunho durante a condução dos processos, enquanto 69,2% preferem privilegiar o reconhecimento dos criminosos. Esse desequilíbrio, afirma a psicóloga, pode levar os oficiais da lei a se basearem nas falsas recordações que eles mesmos ajudaram a criar. As memórias falsas existem porque, ao contrário do que prega o senso comum, o cérebro não funciona como uma câmera fotográfica que registra tudo da maneira exata que acontece. Na verdade, a memória é bastante maleável. Está o tempo todo se adaptando, se esquecendo de detalhes e fatos para colocar outras coisas no lugar. "Isso faz parte do funcionamento normal da memória, acontece com todo mundo o tempo todo", explica Lilian. Acontece que, com o passar do tempo, a nitidez das memórias mais antigas se perde. Os detalhes vão sumindo. Para relembrar os fatos, o cérebro precisa preencher os buracos e faz isso de maneira criativa. No processo, usa o que tiver à disposição, como fotos, falas de outras pessoas e detalhes de outras lembranças. "Como um caleidoscópio, as memórias vão se juntando e se alterando a cada vez que são lembradas. Depois de um tempo, elas estão bem diferentes do fato que foi vivenciado", afirma Lilian. "Para a pessoa, essa memória falsa é tão verdadeira quanto as outras. E é impossível para qualquer um diferenciar uma da outra." As memórias falsas podem surgir tanto espontaneamente quanto por sugestões externas. Um estudo clássico de 1974, conduzido pela psicóloga americana Elizabeth Loftus, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostrou que simples perguntas podem alterar as lembranças de um fato. Ela mostrou para dois grupos de voluntários um mesmo vídeo com a batida de dois carros. Em seguida, perguntou qual a velocidade que os veículos tinham quando se encontraram. Só que usou um verbo diferente a fim de descrever a cena para cada um dos grupos: para um, disse que os carros "colidiram"; para outro, que "se esmagaram". Apesar de terem visto o mesmo vídeo, os que ouviram a primeira pergunta disseram que os carros estavam a 50 km/h, enquanto o outro grupo apostou em 65 km/h. Mais do que isso, os voluntários que ouviram que os carros se esmagaram se lembravam de ver vidro quebrado pela cena –o que não aconteceu. Desde então, inúmeras outras pesquisas provaram a mesma coisa: que a memória pode ser alterada intencionalmente por algum agente externo. Do mesmo modo, as questões feitas por um policial ou juiz enquanto colhe um testemunho podem alterar as memórias da pessoa. Perguntas fechadas, nas quais só há algumas possibilidades de respostas –como questionar se a roupa do bandido era vermelha–, podem levar o depoente a duvidar de suas lembranças e reescrevê-las de acordo com a versão do entrevistador. "As perguntas têm de servir para a vítima descrever exatamente o que viu, e não para confirmar o que o delegado ou o juiz pensa", aponta Gustavo Noronha de Ávila, professor de Criminologia e Direito Penal na Universidade Estadual de Maringá, que também participou do estudo. "Quando acontece um crime, os peritos isolam a área para evitar contaminar as provas da cena do crime, como a posição do corpo ou as impressões digitais. Com a memória, devia acontecer a mesma coisa", defende Lilian Stein. INOCENTES ATRÁS DAS GRADES Esse tipo de trapalhada da justiça não é exclusividade do Brasil. Nos Estados Unidos, a organização Innocence Project se dedica a inocentar pessoas presas injustamente por causa de erros na condução da investigação. O grupo usa exames de DNA que comparam o material genético dos acusados com o material encontrado na cena do crime. Até hoje, a organização já liberou 333 detentos. Desses, 20 estavam no corredor da morte e seriam executados se a organização não provasse sua inocência. Em março deste ano, o mexicano Angel Gonzalez foi inocentado depois de passar mais de 20 anos na prisão no Estado de Illinois, nos Estados Unidos, por um estupro que ele não cometeu. Em 1994, a polícia o capturou a partir de uma descrição de seu tipo físico e do carro que dirigia. A vítima foi apresentada ao suspeito à distância enquanto estava sentada no banco de trás da viatura policial e o identificou. "A identificação errônea por testemunhas oculares é o fator mais frequente em todas as condenações erradas que revisamos. Elas estão presentes em 71% dos casos", diz Nick Moroni, responsável pela comunicação da organização. A partir do seu trabalho, surgiu a rede internacional da Innocence Network, dedicada a rever casos de prisões injustas em todo o mundo, com 69 organizações espalhadas por países como Itália, Israel, Austrália e Argentina. "Nós encorajamos qualquer um que esteja interessado em inocentar os condenados injustamente a perseguir esse objetivo. Condenações erradas não conhecem fronteiras", afirma Moroni. O estudo de Lilian Stein mostra o quanto uma iniciativa dessas seria importante no Brasil. A pesquisadora identificou três momentos diferentes ao longo do processo judicial nos quais podem ser realizadas as coletas de testemunho e o reconhecimento do suspeito. O primeiro é realizado pela Polícia Militar ainda antes da investigação, no momento do flagrante ou quando a vítima busca ajuda. Depois, vem a investigação propriamente dita, conduzida pela Polícia Civil e, em seguida, a fase processual, conduzida pelo juiz. Sabendo que uma memória pode ser reescrita toda vez que for relembrada, o fato de os depoimentos serem repetidos e confrontados tantas vezes aumenta muito as chances de ela ser contaminada. Os pesquisadores identificaram uma variedade enorme de práticas equivocadas durante o reconhecimento do criminoso no Brasil. Muitas vezes, a vítima reconhece o suspeito de dentro da viatura, na rua ou no corredor da delegacia. Algumas vezes, faz isso por fotos, pelo celular, via WhatsApp ou pelo perfil no Facebook. O ideal, porém, é que o reconhecimento seja feito pessoalmente, com o suspeito perfilado junto com ao menos outras cinco pessoas com características físicas semelhantes às suas, como cor, altura e corte de cabelo. Nesse momento do reconhecimento, pode começar a funcionar a famosa seletividade da justiça brasileira. "Os dados de encarceramento no Brasil mostram que a maior parte das pessoas presas são pardas e negras, jovens e moradoras de periferia", aponta Gustavo Noronha. "Isso não quer dizer que elas cometam mais crimes, mas têm maiores chances de serem pegas porque têm um estereótipo conhecido pela polícia e pelas vítimas." Nos Estados Unidos, o Innocence Project informa que 70% dos inocentes que eles tiraram da cadeia eram negros e latinos. No momento da investigação, os pesquisadores perceberam uma escassez das provas técnicas, como exames de DNA e de balística. "Apesar da qualidade de nossos profissionais, temos uma estrutura muito deficitária em nossos institutos de perícia. Isso acaba levando a um apego excessivo à prova dependente da memória", diagnostica Gustavo. Os pesquisadores brasileiros afirmam que a maior parte dos entrevistados demonstrou vontade de conseguir as informações mais corretas possíveis, embora não possuísse o conhecimento necessário para isso. Foi constatado, dizem, um desconhecimento absoluto sobre as técnicas mais modernas para a tomada de depoimentos. A mais famosa delas é a entrevista cognitiva, bastante utilizada em países como Inglaterra e Austrália. "O seu objetivo é ajudar a testemunha a varrer e extrair sua memória da maneira mais intacta e detalhada possível", destaca Lilian. A técnica prescreve que a testemunha esteja confortável e possa fazer seu relato de maneira livre. O investigador não deve pressionar a testemunha por mais informações: ela deve ser encorajada a dar maiores detalhes das situações ao relembrar o contexto do evento, lembrando dele em outra ordem ou por ângulos diferentes. "Essas técnicas requerem um treinamento específico, não adianta ler num livro", insiste a psicóloga. "Isso porque é muito diferente do modo como fazemos perguntas no dia a dia." O relatório final do estudo Avanços Científicos em Psicologia do Testemunho Aplicados ao Reconhecimento Pessoal e aos Depoimentos Forenses deve ser apresentado no fim de novembro e disponibilizado no site do Ministério da Justiça. Os pesquisadores esperam que o trabalho ajude a mudar a cultura do sistema judicial no país. "Foi o que aconteceu na Inglaterra. A partir de pesquisas, o país mudou sua legislação sobre o assunto e hoje é um grande exemplo", resume Gustavo Noronha. Enquanto isso, memórias falsas podem estar levando muita gente inocente para a prisão. *Leia na Vice: Como um monte de gente inocente é preso por memórias falsas no Brasil*
cotidiano
Como um monte de gente inocente é presa por memórias falsas no BrasilIsrael de Oliveira Pacheco, de 27 anos, está preso há sete anos, acusado de estuprar uma jovem no Rio Grande do Sul. No último 18 de setembro, ele voltou aos tribunais. Em uma decisão inédita no país, a justiça brasileira decidiu rever o caso. Quatro anos antes, exames de DNA atestaram que o material genético de Israel não correspondia à mancha de sangue encontrada na cena do crime. A amostra, concluíram os testes, pertencia a outro homem, suspeito de crimes sexuais no passado. Ainda assim, na revisão, os desembargadores ignoraram a prova técnica. Baseados apenas no reconhecimento feito pela vítima, os oficiais mantiveram a pena de onze anos e meio de prisão. O argumento foi que o fato de outro homem ter passado pela cena do crime não inocenta Israel. Mesmo que a vítima nunca tenha mencionado outra pessoa, o criminoso poderia ter agido com um comparsa. Complexo e muito discutido por acadêmicos, o caso de Israel ilustra como, no sistema judiciário brasileiro, as lembranças das testemunhas e das vítimas são levadas mais em conta do que as provas técnicas. O problema dessas situações é um só: confia-se demais em um dos nossos mecanismos mais falhos, a memória. Psicólogos sabem que criamos lembranças falsas o tempo inteiro. Segundo eles, não importa o grau de escolaridade ou de boa-fé, todo cérebro se ilude ao resgatar eventos passados. No setor criminal, como é de imaginar, a situação se torna bem mais delicada. Nos últimos anos, uma série de estudos se debruça sobre a forma como recordações ilusórias podem incriminar pessoas inocentes. Pesquisadores mostraram que o trabalho de policiais e juízes pode influenciar o depoimento das vítimas de crimes a ponto de elas fabricarem memórias falsas, acreditarem nas mesmas e incriminarem inocentes. "As provas técnicas são muito importantes, e muitas vezes são ignoradas em favor da memória", diz a psicóloga Lilian Stein, da PUC do Rio Grande do Sul, especialista no assunto e autora do livro Falsas Memórias. "Assim como o caso de Israel, existem trocentos outros casos no Brasil em que pessoas pegam penas gravíssimas por crimes que podem não ter cometido." Uma pesquisa recente liderada pela psicóloga mostrou que, além de privilegiar as provas baseadas nas memórias da vítima e das testemunhas, o sistema de justiça brasileiro usa, durante depoimentos e reconhecimentos de criminosos, métodos obsoletos que podem levar à criação de falsas recordações. "Não se trata de uma ação deliberada por parte da polícia. Acontece que, em termos de coleta de testemunho, usamos métodos dos anos 1950", frisa a pesquisadora. O estudo de Lilian foi realizado para o Ministério da Justiça com financiamento do Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Foram entrevistadas 87 pessoas, entre policiais militares e civis, defensores públicos e privados, promotores de justiça e juízes. Todos deveriam responder questões relacionadas às práticas cotidianas. Os dados mostraram que 90,3% deles dão muita importância ao testemunho durante a condução dos processos, enquanto 69,2% preferem privilegiar o reconhecimento dos criminosos. Esse desequilíbrio, afirma a psicóloga, pode levar os oficiais da lei a se basearem nas falsas recordações que eles mesmos ajudaram a criar. As memórias falsas existem porque, ao contrário do que prega o senso comum, o cérebro não funciona como uma câmera fotográfica que registra tudo da maneira exata que acontece. Na verdade, a memória é bastante maleável. Está o tempo todo se adaptando, se esquecendo de detalhes e fatos para colocar outras coisas no lugar. "Isso faz parte do funcionamento normal da memória, acontece com todo mundo o tempo todo", explica Lilian. Acontece que, com o passar do tempo, a nitidez das memórias mais antigas se perde. Os detalhes vão sumindo. Para relembrar os fatos, o cérebro precisa preencher os buracos e faz isso de maneira criativa. No processo, usa o que tiver à disposição, como fotos, falas de outras pessoas e detalhes de outras lembranças. "Como um caleidoscópio, as memórias vão se juntando e se alterando a cada vez que são lembradas. Depois de um tempo, elas estão bem diferentes do fato que foi vivenciado", afirma Lilian. "Para a pessoa, essa memória falsa é tão verdadeira quanto as outras. E é impossível para qualquer um diferenciar uma da outra." As memórias falsas podem surgir tanto espontaneamente quanto por sugestões externas. Um estudo clássico de 1974, conduzido pela psicóloga americana Elizabeth Loftus, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostrou que simples perguntas podem alterar as lembranças de um fato. Ela mostrou para dois grupos de voluntários um mesmo vídeo com a batida de dois carros. Em seguida, perguntou qual a velocidade que os veículos tinham quando se encontraram. Só que usou um verbo diferente a fim de descrever a cena para cada um dos grupos: para um, disse que os carros "colidiram"; para outro, que "se esmagaram". Apesar de terem visto o mesmo vídeo, os que ouviram a primeira pergunta disseram que os carros estavam a 50 km/h, enquanto o outro grupo apostou em 65 km/h. Mais do que isso, os voluntários que ouviram que os carros se esmagaram se lembravam de ver vidro quebrado pela cena –o que não aconteceu. Desde então, inúmeras outras pesquisas provaram a mesma coisa: que a memória pode ser alterada intencionalmente por algum agente externo. Do mesmo modo, as questões feitas por um policial ou juiz enquanto colhe um testemunho podem alterar as memórias da pessoa. Perguntas fechadas, nas quais só há algumas possibilidades de respostas –como questionar se a roupa do bandido era vermelha–, podem levar o depoente a duvidar de suas lembranças e reescrevê-las de acordo com a versão do entrevistador. "As perguntas têm de servir para a vítima descrever exatamente o que viu, e não para confirmar o que o delegado ou o juiz pensa", aponta Gustavo Noronha de Ávila, professor de Criminologia e Direito Penal na Universidade Estadual de Maringá, que também participou do estudo. "Quando acontece um crime, os peritos isolam a área para evitar contaminar as provas da cena do crime, como a posição do corpo ou as impressões digitais. Com a memória, devia acontecer a mesma coisa", defende Lilian Stein. INOCENTES ATRÁS DAS GRADES Esse tipo de trapalhada da justiça não é exclusividade do Brasil. Nos Estados Unidos, a organização Innocence Project se dedica a inocentar pessoas presas injustamente por causa de erros na condução da investigação. O grupo usa exames de DNA que comparam o material genético dos acusados com o material encontrado na cena do crime. Até hoje, a organização já liberou 333 detentos. Desses, 20 estavam no corredor da morte e seriam executados se a organização não provasse sua inocência. Em março deste ano, o mexicano Angel Gonzalez foi inocentado depois de passar mais de 20 anos na prisão no Estado de Illinois, nos Estados Unidos, por um estupro que ele não cometeu. Em 1994, a polícia o capturou a partir de uma descrição de seu tipo físico e do carro que dirigia. A vítima foi apresentada ao suspeito à distância enquanto estava sentada no banco de trás da viatura policial e o identificou. "A identificação errônea por testemunhas oculares é o fator mais frequente em todas as condenações erradas que revisamos. Elas estão presentes em 71% dos casos", diz Nick Moroni, responsável pela comunicação da organização. A partir do seu trabalho, surgiu a rede internacional da Innocence Network, dedicada a rever casos de prisões injustas em todo o mundo, com 69 organizações espalhadas por países como Itália, Israel, Austrália e Argentina. "Nós encorajamos qualquer um que esteja interessado em inocentar os condenados injustamente a perseguir esse objetivo. Condenações erradas não conhecem fronteiras", afirma Moroni. O estudo de Lilian Stein mostra o quanto uma iniciativa dessas seria importante no Brasil. A pesquisadora identificou três momentos diferentes ao longo do processo judicial nos quais podem ser realizadas as coletas de testemunho e o reconhecimento do suspeito. O primeiro é realizado pela Polícia Militar ainda antes da investigação, no momento do flagrante ou quando a vítima busca ajuda. Depois, vem a investigação propriamente dita, conduzida pela Polícia Civil e, em seguida, a fase processual, conduzida pelo juiz. Sabendo que uma memória pode ser reescrita toda vez que for relembrada, o fato de os depoimentos serem repetidos e confrontados tantas vezes aumenta muito as chances de ela ser contaminada. Os pesquisadores identificaram uma variedade enorme de práticas equivocadas durante o reconhecimento do criminoso no Brasil. Muitas vezes, a vítima reconhece o suspeito de dentro da viatura, na rua ou no corredor da delegacia. Algumas vezes, faz isso por fotos, pelo celular, via WhatsApp ou pelo perfil no Facebook. O ideal, porém, é que o reconhecimento seja feito pessoalmente, com o suspeito perfilado junto com ao menos outras cinco pessoas com características físicas semelhantes às suas, como cor, altura e corte de cabelo. Nesse momento do reconhecimento, pode começar a funcionar a famosa seletividade da justiça brasileira. "Os dados de encarceramento no Brasil mostram que a maior parte das pessoas presas são pardas e negras, jovens e moradoras de periferia", aponta Gustavo Noronha. "Isso não quer dizer que elas cometam mais crimes, mas têm maiores chances de serem pegas porque têm um estereótipo conhecido pela polícia e pelas vítimas." Nos Estados Unidos, o Innocence Project informa que 70% dos inocentes que eles tiraram da cadeia eram negros e latinos. No momento da investigação, os pesquisadores perceberam uma escassez das provas técnicas, como exames de DNA e de balística. "Apesar da qualidade de nossos profissionais, temos uma estrutura muito deficitária em nossos institutos de perícia. Isso acaba levando a um apego excessivo à prova dependente da memória", diagnostica Gustavo. Os pesquisadores brasileiros afirmam que a maior parte dos entrevistados demonstrou vontade de conseguir as informações mais corretas possíveis, embora não possuísse o conhecimento necessário para isso. Foi constatado, dizem, um desconhecimento absoluto sobre as técnicas mais modernas para a tomada de depoimentos. A mais famosa delas é a entrevista cognitiva, bastante utilizada em países como Inglaterra e Austrália. "O seu objetivo é ajudar a testemunha a varrer e extrair sua memória da maneira mais intacta e detalhada possível", destaca Lilian. A técnica prescreve que a testemunha esteja confortável e possa fazer seu relato de maneira livre. O investigador não deve pressionar a testemunha por mais informações: ela deve ser encorajada a dar maiores detalhes das situações ao relembrar o contexto do evento, lembrando dele em outra ordem ou por ângulos diferentes. "Essas técnicas requerem um treinamento específico, não adianta ler num livro", insiste a psicóloga. "Isso porque é muito diferente do modo como fazemos perguntas no dia a dia." O relatório final do estudo Avanços Científicos em Psicologia do Testemunho Aplicados ao Reconhecimento Pessoal e aos Depoimentos Forenses deve ser apresentado no fim de novembro e disponibilizado no site do Ministério da Justiça. Os pesquisadores esperam que o trabalho ajude a mudar a cultura do sistema judicial no país. "Foi o que aconteceu na Inglaterra. A partir de pesquisas, o país mudou sua legislação sobre o assunto e hoje é um grande exemplo", resume Gustavo Noronha. Enquanto isso, memórias falsas podem estar levando muita gente inocente para a prisão. *Leia na Vice: Como um monte de gente inocente é preso por memórias falsas no Brasil*
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Brasil triplica valor que estrangeiro deve investir para ter visto definitivo
O Brasil mais que triplicou o valor para conceder visto permanente aos estrangeiros, pessoas físicas, que quiserem investir em atividades produtivas no país. A partir desta quarta-feira (2), o visto permanente poderá ser concedido aos estrangeiros, pessoas físicas, que investirem ao menos R$ 500 mil no país. Até agora, eram necessários investimentos de ao menos R$ 150 mil. O novo limite, que representa aumento de 233,3%, foi fixado pelo Conselho Nacional de Imigração por meio da Resolução Normativa nº 118, de 21 de outubro, mas publicada no "Diário Oficial da União" apenas nesta quarta-feira (2). O objetivo da medida é atrair capital externo para investimento no país, gerando mais empregos e renda. Para a concessão do visto permanente, será necessário que os recursos externos sejam do próprio interessado. Também será preciso apresentar um plano de investimento que comprove o valor, em moeda estrangeira, de R$ 500 mil ou mais. O investimento poderá ser feito em empresa já existente ou recém-constituída, ou seja, a pessoa física poderá tanto apenas investir como abrir um negócio próprio. Ao apreciar o pedido de concessão de visto, o governo brasileiro dará prioridade aos investimentos que gerarem emprego e renda no país. O Brasil poderá autorizar a concessão de visto permanente quando o valor do investimento estiver abaixo de R$ 500 mil (desde que não seja inferior a R$ 150 mil) para o empreendedor que pretenda fixar-se no Brasil com o propósito de investir em atividade de inovação, de pesquisa básica ou aplicada, de caráter científico ou tecnológico. Nesse caso, o empreendimento receptor do investimento deverá atender a, pelo menos, uma das seguintes condições:
mercado
Brasil triplica valor que estrangeiro deve investir para ter visto definitivoO Brasil mais que triplicou o valor para conceder visto permanente aos estrangeiros, pessoas físicas, que quiserem investir em atividades produtivas no país. A partir desta quarta-feira (2), o visto permanente poderá ser concedido aos estrangeiros, pessoas físicas, que investirem ao menos R$ 500 mil no país. Até agora, eram necessários investimentos de ao menos R$ 150 mil. O novo limite, que representa aumento de 233,3%, foi fixado pelo Conselho Nacional de Imigração por meio da Resolução Normativa nº 118, de 21 de outubro, mas publicada no "Diário Oficial da União" apenas nesta quarta-feira (2). O objetivo da medida é atrair capital externo para investimento no país, gerando mais empregos e renda. Para a concessão do visto permanente, será necessário que os recursos externos sejam do próprio interessado. Também será preciso apresentar um plano de investimento que comprove o valor, em moeda estrangeira, de R$ 500 mil ou mais. O investimento poderá ser feito em empresa já existente ou recém-constituída, ou seja, a pessoa física poderá tanto apenas investir como abrir um negócio próprio. Ao apreciar o pedido de concessão de visto, o governo brasileiro dará prioridade aos investimentos que gerarem emprego e renda no país. O Brasil poderá autorizar a concessão de visto permanente quando o valor do investimento estiver abaixo de R$ 500 mil (desde que não seja inferior a R$ 150 mil) para o empreendedor que pretenda fixar-se no Brasil com o propósito de investir em atividade de inovação, de pesquisa básica ou aplicada, de caráter científico ou tecnológico. Nesse caso, o empreendimento receptor do investimento deverá atender a, pelo menos, uma das seguintes condições:
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Forças Armadas fazem vistoria em presídios do Nordeste e Centro-Oeste
Homens das Forças Armadas entraram em dois presídios nesta quarta-feira (15) para realizar vistoria nos prédios. Em Mossoró (RN), a ação foi feita principalmente pela Marinha, e, em Campo Grande (MS), pelo Exército. Há a previsão de que militares façam uma operação em mais um presídio nesta quarta, segundo a Folha apurou. O balanço das vistorias deve ser divulgado pelo Ministério da Defesa no fim desta quarta. Em janeiro, diante da crise penitenciária, que deixou mais de 130 detentos mortos em presídios nas duas primeiras semanas do ano, o governo do presidente Michel Temer anunciou a atuação de militares para ajudar a conter a situação. Desde o início, o Ministério da Defesa, comandado por Raul Jungmann, deixou claro que as Forças Armadas não entrariam em contato com os presos e atuariam exclusivamente nas vistorias dos prédios. RIO DE JANEIRO Além da atuação em presídios, as Forças Armadas também estão empregadas para auxiliar no policiamento do Rio de Janeiro desde terça (14). No total, 9.000 homens da Marinha e do Exército estão encarregados dessa tarefa. Na manhã desta quarta, um homem morreu após tiroteio com fuzileiros navais no Rio de Janeiro. Segundo relato dos militares, dois homens estavam roubando uma moto e um deles estava armado. Após abordagem dos militares, um homem teria atirado e os fuzileiros revidaram. O outro homem, que estaria desarmado, fugiu. Na cúpula das Forças Armadas, a avaliação é que os militares cumpriram a previsão de atirar em suspeitos que portem armas e disparem tiros, mas não naqueles que estiverem sem armas.
cotidiano
Forças Armadas fazem vistoria em presídios do Nordeste e Centro-OesteHomens das Forças Armadas entraram em dois presídios nesta quarta-feira (15) para realizar vistoria nos prédios. Em Mossoró (RN), a ação foi feita principalmente pela Marinha, e, em Campo Grande (MS), pelo Exército. Há a previsão de que militares façam uma operação em mais um presídio nesta quarta, segundo a Folha apurou. O balanço das vistorias deve ser divulgado pelo Ministério da Defesa no fim desta quarta. Em janeiro, diante da crise penitenciária, que deixou mais de 130 detentos mortos em presídios nas duas primeiras semanas do ano, o governo do presidente Michel Temer anunciou a atuação de militares para ajudar a conter a situação. Desde o início, o Ministério da Defesa, comandado por Raul Jungmann, deixou claro que as Forças Armadas não entrariam em contato com os presos e atuariam exclusivamente nas vistorias dos prédios. RIO DE JANEIRO Além da atuação em presídios, as Forças Armadas também estão empregadas para auxiliar no policiamento do Rio de Janeiro desde terça (14). No total, 9.000 homens da Marinha e do Exército estão encarregados dessa tarefa. Na manhã desta quarta, um homem morreu após tiroteio com fuzileiros navais no Rio de Janeiro. Segundo relato dos militares, dois homens estavam roubando uma moto e um deles estava armado. Após abordagem dos militares, um homem teria atirado e os fuzileiros revidaram. O outro homem, que estaria desarmado, fugiu. Na cúpula das Forças Armadas, a avaliação é que os militares cumpriram a previsão de atirar em suspeitos que portem armas e disparem tiros, mas não naqueles que estiverem sem armas.
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Elevar idade de aposentadoria não é única opção, diz conselheiro de Putin
O sistema previdenciário da Rússia enfrenta um crescente deficit que deve ser resolvido, mas aumentar a idade de aposentadoria não é a única opção, disse conselheiro econômico do presidente Vladimir Putin, Andrei Belousov, neste sábado (28). Políticas alternativas como aumentar tarifas ou pagamentos sociais "são bastante duras", disse ele em programa de televisão quando questionado se a idade de aposentadoria teria que ser maior. No fim do ano passado, Putin disse que a idade mínima de aposentadoria teria que ser maior em algum momento, mas que esse momento ainda não havia chegado. Mulheres russas podem receber pensão a partir dos 55 anos, enquanto homens podem pedir a partir de 60 anos. O Kremlin tem tratado cuidadosamente dessa questão, mas apoiadores de uma idade mais avançada para os benefícios argumentam que a medida é essencial, porque a força de trabalho do país está encolhendo. "É claro que não é inevitável, mas as alternativas são bastante duras", disse Belousov. "As alternativas são aumentar tarifas, pagamentos sociais", disse ele. "Hoje, nosso fundo de pensão não está equilibrado, ele tem um deficit de cerca de 2 trilhões de rublos (US$ 30,4 bilhões) e a tendência é crescer. Algo precisa ser feito." A questão tem se tornado mais urgente recentemente, à medida que a economia da Rússia tem caído em recessão e o orçamento tem registrado deficit. Aumentar a idade de aposentadoria ajudaria a conter esse deficit. Belousov também disse na entrevista, exibida neste sábado, haver um consenso de que não é possível para a Rússia alcançar um crescimento anual de mais de 1% ou 2% no futuro próximo com seu atual modelo econômico.
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Elevar idade de aposentadoria não é única opção, diz conselheiro de PutinO sistema previdenciário da Rússia enfrenta um crescente deficit que deve ser resolvido, mas aumentar a idade de aposentadoria não é a única opção, disse conselheiro econômico do presidente Vladimir Putin, Andrei Belousov, neste sábado (28). Políticas alternativas como aumentar tarifas ou pagamentos sociais "são bastante duras", disse ele em programa de televisão quando questionado se a idade de aposentadoria teria que ser maior. No fim do ano passado, Putin disse que a idade mínima de aposentadoria teria que ser maior em algum momento, mas que esse momento ainda não havia chegado. Mulheres russas podem receber pensão a partir dos 55 anos, enquanto homens podem pedir a partir de 60 anos. O Kremlin tem tratado cuidadosamente dessa questão, mas apoiadores de uma idade mais avançada para os benefícios argumentam que a medida é essencial, porque a força de trabalho do país está encolhendo. "É claro que não é inevitável, mas as alternativas são bastante duras", disse Belousov. "As alternativas são aumentar tarifas, pagamentos sociais", disse ele. "Hoje, nosso fundo de pensão não está equilibrado, ele tem um deficit de cerca de 2 trilhões de rublos (US$ 30,4 bilhões) e a tendência é crescer. Algo precisa ser feito." A questão tem se tornado mais urgente recentemente, à medida que a economia da Rússia tem caído em recessão e o orçamento tem registrado deficit. Aumentar a idade de aposentadoria ajudaria a conter esse deficit. Belousov também disse na entrevista, exibida neste sábado, haver um consenso de que não é possível para a Rússia alcançar um crescimento anual de mais de 1% ou 2% no futuro próximo com seu atual modelo econômico.
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Clã Sarney deixa poder, mas grupo não vai sair de cena
No último dia 18 de dezembro, o senador José Sarney (PMDB-AP) fez seu discurso de despedida do Congresso Nacional diante de um plenário vazio. Uma semana antes, a filha Roseana havia renunciado ao governo do Maranhão para não ter de passar a faixa ao sucessor que tirou seu grupo político do poder. A eleição de Flávio Dino (PC do B), que governará o Estado a partir deste 1º de janeiro, encerra um ciclo de quase 50 anos de comando de aliados de Sarney à frente do Palácio dos Leões e coincide com a saída do patriarca da vida pública. Ele não disputou a reeleição para o Senado e ficará sem mandato a partir de 2015. A posse do novo governo, no entanto, não significa a saída de cena da família. Auxiliares de Dino afirmam que, além de serem donos dos principais veículos de comunicação do Maranhão, os Sarney manterão aliados em instituições importantes. O futuro presidente do Tribunal de Contas do Estado, que também assume neste dia 1º, é um dos cinco conselheiros –de um total de sete– considerados alinhados ao grupo Sarney. Ex-deputado estadual, Jorge Pavão foi secretário de Roseana em gestões passadas antes de chegar à corte, em 2000. O ex-vice da peemedebista Washington Oliveira será o ouvidor do órgão, responsável por julgar as contas do governo. No Tribunal de Justiça, a corregedoria-geral é ocupada pela desembargadora Nelma Sarney, cunhada do ex-presidente. Pelo critério de antiguidade, ela poderá ser eleita para comandar a corte no final de 2017, ainda durante o governo Dino. A desembargadora nega que as relações familiares influenciem sua atuação. "Sempre agi com independência. Seremos parceiros do governador Flávio Dino, meu colega de magistratura [ele é ex-juiz federal], em seu compromisso de atacar os problemas da segurança e do sistema carcerário", diz Nelma. 'MEMÓRIA DA PRESIDÊNCIA' Dino terá que lidar ainda com um órgão do governo do Maranhão comandado diretamente pela família Sarney. A Fundação da Memória Republicana Brasileira, órgão público criado por Roseana para administrar o acervo da antiga Fundação Sarney, que era privada, é dirigida por um conselho curador no qual o ex-presidente tem a prerrogativa de indicar dois de seus nove integrantes. A lei orçamentária do Maranhão prevê que a Secretaria da Educação destine R$ 3 milhões em 2015 para a conservação do acervo de Sarney. O orçamento total da pasta é de R$ 1,8 bilhão. A fundação é presidida por Anna Graziela Costa, que foi chefe da Casa Civil de Roseana até dezembro e tem mandato de seis anos, assim como seus colegas de conselho, que incluem amigos e antigos auxiliares do ex-presidente e da ex-governadora. "Ele [Dino] será o governador, mas o órgão será gerido pelo Sarney", diz Rodrigo Lago, futuro secretário estadual de Transparência e Controle. Auxiliares do novo governador acreditam que, embora a ausência de mandato diminua o poder político de Sarney, ele tentará exercer um "poder paralelo" para dificultar a gestão Dino e retomar o Estado em 2018. Seu grupo político, no entanto, ainda não tem um nome natural para o próximo pleito. Roseana, que havia anunciado em meados de 2014 que não disputaria mais eleições, ainda é apontada como potencial candidata. Um possível obstáculo para o retorno da ex-governadora às urnas é a citação de seu nome nas investigações da Operação Lava Jato –ela nega irregularidades. SOBRENOME Apesar da saída de Roseana e do ex-presidente, o sobrenome Sarney continuará presente nas casas legislativas de São Luís e de Brasília. O deputado federal Sarney Filho (PV) foi reeleito para o nono mandato. Adriano Sarney, filho do parlamentar e neto de Sarney, terá o primeiro mandato como deputado estadual. O grupo de Flávio Dino espera que ele tenha uma atuação discreta, embora acredite que ele se alinhará ao grupo de deputados que fará oposição mais ferrenha ao governo. Também estão previstos embates com o Sistema Mirante de Comunicação, que pertence à família Sarney e inclui a retransmissora local da Rede Globo, rádios e o jornal "O Estado do Maranhão", o maior do Estado. Dino prometeu diminuir os repasses de publicidade oficial aos veículos da Mirante, que considera terem sido privilegiados pelos governos até agora. Sua expectativa é que se tornem porta-vozes da oposição, especialmente a coluna dominical que Sarney assina em "O Estado".
poder
Clã Sarney deixa poder, mas grupo não vai sair de cenaNo último dia 18 de dezembro, o senador José Sarney (PMDB-AP) fez seu discurso de despedida do Congresso Nacional diante de um plenário vazio. Uma semana antes, a filha Roseana havia renunciado ao governo do Maranhão para não ter de passar a faixa ao sucessor que tirou seu grupo político do poder. A eleição de Flávio Dino (PC do B), que governará o Estado a partir deste 1º de janeiro, encerra um ciclo de quase 50 anos de comando de aliados de Sarney à frente do Palácio dos Leões e coincide com a saída do patriarca da vida pública. Ele não disputou a reeleição para o Senado e ficará sem mandato a partir de 2015. A posse do novo governo, no entanto, não significa a saída de cena da família. Auxiliares de Dino afirmam que, além de serem donos dos principais veículos de comunicação do Maranhão, os Sarney manterão aliados em instituições importantes. O futuro presidente do Tribunal de Contas do Estado, que também assume neste dia 1º, é um dos cinco conselheiros –de um total de sete– considerados alinhados ao grupo Sarney. Ex-deputado estadual, Jorge Pavão foi secretário de Roseana em gestões passadas antes de chegar à corte, em 2000. O ex-vice da peemedebista Washington Oliveira será o ouvidor do órgão, responsável por julgar as contas do governo. No Tribunal de Justiça, a corregedoria-geral é ocupada pela desembargadora Nelma Sarney, cunhada do ex-presidente. Pelo critério de antiguidade, ela poderá ser eleita para comandar a corte no final de 2017, ainda durante o governo Dino. A desembargadora nega que as relações familiares influenciem sua atuação. "Sempre agi com independência. Seremos parceiros do governador Flávio Dino, meu colega de magistratura [ele é ex-juiz federal], em seu compromisso de atacar os problemas da segurança e do sistema carcerário", diz Nelma. 'MEMÓRIA DA PRESIDÊNCIA' Dino terá que lidar ainda com um órgão do governo do Maranhão comandado diretamente pela família Sarney. A Fundação da Memória Republicana Brasileira, órgão público criado por Roseana para administrar o acervo da antiga Fundação Sarney, que era privada, é dirigida por um conselho curador no qual o ex-presidente tem a prerrogativa de indicar dois de seus nove integrantes. A lei orçamentária do Maranhão prevê que a Secretaria da Educação destine R$ 3 milhões em 2015 para a conservação do acervo de Sarney. O orçamento total da pasta é de R$ 1,8 bilhão. A fundação é presidida por Anna Graziela Costa, que foi chefe da Casa Civil de Roseana até dezembro e tem mandato de seis anos, assim como seus colegas de conselho, que incluem amigos e antigos auxiliares do ex-presidente e da ex-governadora. "Ele [Dino] será o governador, mas o órgão será gerido pelo Sarney", diz Rodrigo Lago, futuro secretário estadual de Transparência e Controle. Auxiliares do novo governador acreditam que, embora a ausência de mandato diminua o poder político de Sarney, ele tentará exercer um "poder paralelo" para dificultar a gestão Dino e retomar o Estado em 2018. Seu grupo político, no entanto, ainda não tem um nome natural para o próximo pleito. Roseana, que havia anunciado em meados de 2014 que não disputaria mais eleições, ainda é apontada como potencial candidata. Um possível obstáculo para o retorno da ex-governadora às urnas é a citação de seu nome nas investigações da Operação Lava Jato –ela nega irregularidades. SOBRENOME Apesar da saída de Roseana e do ex-presidente, o sobrenome Sarney continuará presente nas casas legislativas de São Luís e de Brasília. O deputado federal Sarney Filho (PV) foi reeleito para o nono mandato. Adriano Sarney, filho do parlamentar e neto de Sarney, terá o primeiro mandato como deputado estadual. O grupo de Flávio Dino espera que ele tenha uma atuação discreta, embora acredite que ele se alinhará ao grupo de deputados que fará oposição mais ferrenha ao governo. Também estão previstos embates com o Sistema Mirante de Comunicação, que pertence à família Sarney e inclui a retransmissora local da Rede Globo, rádios e o jornal "O Estado do Maranhão", o maior do Estado. Dino prometeu diminuir os repasses de publicidade oficial aos veículos da Mirante, que considera terem sido privilegiados pelos governos até agora. Sua expectativa é que se tornem porta-vozes da oposição, especialmente a coluna dominical que Sarney assina em "O Estado".
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Como britânico que largou escola montou império multimilionário
"Números são minha diversão", diz Gary Grant, fundador da loja de brinquedos The Entertainer. Grant nem precisa discorrer sobre sua paixão por números. Em uma hora dentro de sua empresa, nossa conversa é repleta deles: quantos xelins compõem uma libra, quantos anos ele tinha quando eventos importantes aconteceram em sua vida e as datas de fatos históricos. Quando não consegue se lembrar de um número, ele próprio se interrompe e volta ao assunto original até extraí-lo das profundezas de sua mente. Para uma pessoa que não gosta de matemática, todo o processo é exaustivo, mas trata-se de uma olhar apurado sobre como funciona a mente de Grant. Disléxico, ele não demonstrava interesse na escola, mas dizia que a matemática era "muito fácil". Após ter sido reprovado, ele foi estudar em uma escola para alunos repetentes da qual saiu aos 16 anos com uma única qualificação: nota máxima em matemática. Agora ele lê as tabelas e pode falar instantaneamente se algo está errado, faz somas sem usar calculadora e até hoje, apesar de ter um diretor financeiro, checa semanalmente o fluxo de caixa da empresa, assina cheques e aprova ou não as despesas. Sua devoção aos números acabou compensando. A Entertainer —- batizada dessa forma na eventualidade de ele precisar mudar de setor e levar o nome consigo caso o negócio fracassasse —- abriu sua primeira loja em 1981. Hoje, são mais de 110 lojas no Reino Unido e quatro no exterior. O Lair (lucro antes do Imposto de Renda) foi de 7,8 milhões de libras no ano encerrado em janeiro, uma alta de quase um terço ante ao período anterior, com as vendas chegando a 130 milhões de libras. CONVERSÃO O sucesso da Entertainer ocorre apesar do gerenciamento atípico do seu negócio. Grant tornou-se cristão em 1991, uma década depois de abrir a primeira loja. Sua fé era tão forte que ele quase desistiu de tudo para se tornar um missionário, mas, em vez disso, decidiu tornar o negócio compatível com suas crenças. Uma das implicações práticas disso é que a loja nunca abre aos domingos, não vende armas de brinquedo ou produtos licenciados de marcas como Harry Potter e doa 10% dos lucros da companhia à caridade: "Só queremos estar confortáveis com o que estamos vendendo", diz ele. Antes de sua conversão, quando uma cliente muito religiosa lhe disse que ele estava "estimulando as crianças a brincar com a escuridão", e que se ele parasse de vender determinados produtos "Deus lhe devolveria em outras formas", Grant admite ter pensando que ela era "maluca". "Eu expliquei que comprava e vendia as coisas para obter lucro e esse era o segredo de todo e qualquer negócio". Agora, como ela, ele diz que o sucesso contínuo da empresa não causa surpresa, assinalando que a Bíblia diz: "Aqueles que me honram eu honrarei" (1 Samuel 2:30) Quando a companhia enfrentou seu pior momento, no auge da crise financeira de 2008, Grant chamou um vigário e convidou seus funcionários a rezar junto com ele. Ficou surpreso com quantas pessoas (cerca de 30) apareceram. Eles se encontraram semanalmente por quatro meses - chegando inclusive a orar pela concorrente Woolworths, à época em maus lençóis, por sabedoria e pela saúde financeira. No final, a empresa —que em certo momento parecia que registraria um prejuízo de 1 milhão de libras terminou 2008 sem estar pior do que começou. "Não tivemos lucro, mas não perdemos nenhum dinheiro e sobrevivemos", resume Grant. Sobreviver é uma palavra antiga no vocabulário de Grant, antes mesmo de fundar seu próprio negócio. Seus pais se divorciaram quando ele tinha apenas três anos e o dinheiro era escasso. "Se eu quisesse qualquer coisa, eu tinha de ir pra rua e batalhar por ela". Durante o período escolar, ele entregou jornais, coletou garrafas vazias de cerveja e trabalhou em uma leiteria, doceria e loja de bicicletas. ORIGEM Quando saiu da escola, ele passou a trabalhar em uma loja de bicicletas em tempo integral, que se tornou o epicentro local durante o boom dos skates nos anos 70. Quando o mercado de skates implodiu, ele comprou o excedente para vendê-lo por conta própria. Passar o tempo todo usando o telefone da loja para conversar com clientes potenciais acabou resultando em sua demissão, mas lhe deu dinheiro suficiente para começar a montar a sua própria loja de bicicletas. Em vez disso, um telefone de um amigo que era agente imobiliário e que tinha uma loja de brinquedos em Amersham (ao noroeste de Londres) em seu portfólio se provou fatídico. Gary e sua mulher, Catherine, compraram o estabelecimento apesar do pouco conhecimento no setor. Parecia um movimento ambicioso para um homem de então 23 anos. Mas ele disse que a vida já lhe havia ensinado que se um trabalho acaba, outro aparece. A cada semana, ele anotava as receitas e as despesas da loja no verso de um envelope marrom. "Era como eu administrava o fluxo de caixa", conta ele. O 'divisor de águas' na história de sua empresa ocorreria em 1991, com a derrocada da rival Zodiac Toys. Com o concorrente fora do mercado, a Entertainer pôde abrir sua primeira loja em um shopping center, algo normalmente impossível para uma pequena varejista, e a partir daí teve início a expansão. As lojas físicas ainda são a principal fonte de receita da empresa, correspondendo a 80% das vendas. O restante vem do comércio eletrônico. Trata-se de uma divisão que agrada a Grant e ele demonstra irritação quando lhe digo que as pessoas tendem a inevitavelmente ir às lojas para olhar os brinquedos e, feita a escolha, comprá-los na internet por causa do preço mais baixo. "Se eu não valorizar o serviço ao cliente, a gama de produtos, o ambiente das lojas, o aconselhamento dos vendedores...então compre na Amazon porque eu não vou perder o meu tempo", diz ele. "Tudo é uma questão de equilíbrio. Oferecemos valor agregado e o valor não é só o preço". O SUCESSO DA COMPANHIA O negócio é controlado integralmente por Grant, sua mulher e seus quatro filhos, dois dos quais trabalham na empresa junto com ele. A companhia lhe trouxe muita felicidade material, mas uma das conquistas das quais mais se orgulha é dar uma chance às pessoas. Atualmente, muitos dos integrantes do Conselho de Administração (CA) da empresa entraram na empresa como jovens aprendizes. A Entertainer também contrata funcionários sem qualificação. "Se não me tivessem dado oportunidades talvez hoje eu não teria um negócio desse tamanho. Quero que todos tenham oportunidade", diz ele.
bbc
Como britânico que largou escola montou império multimilionário"Números são minha diversão", diz Gary Grant, fundador da loja de brinquedos The Entertainer. Grant nem precisa discorrer sobre sua paixão por números. Em uma hora dentro de sua empresa, nossa conversa é repleta deles: quantos xelins compõem uma libra, quantos anos ele tinha quando eventos importantes aconteceram em sua vida e as datas de fatos históricos. Quando não consegue se lembrar de um número, ele próprio se interrompe e volta ao assunto original até extraí-lo das profundezas de sua mente. Para uma pessoa que não gosta de matemática, todo o processo é exaustivo, mas trata-se de uma olhar apurado sobre como funciona a mente de Grant. Disléxico, ele não demonstrava interesse na escola, mas dizia que a matemática era "muito fácil". Após ter sido reprovado, ele foi estudar em uma escola para alunos repetentes da qual saiu aos 16 anos com uma única qualificação: nota máxima em matemática. Agora ele lê as tabelas e pode falar instantaneamente se algo está errado, faz somas sem usar calculadora e até hoje, apesar de ter um diretor financeiro, checa semanalmente o fluxo de caixa da empresa, assina cheques e aprova ou não as despesas. Sua devoção aos números acabou compensando. A Entertainer —- batizada dessa forma na eventualidade de ele precisar mudar de setor e levar o nome consigo caso o negócio fracassasse —- abriu sua primeira loja em 1981. Hoje, são mais de 110 lojas no Reino Unido e quatro no exterior. O Lair (lucro antes do Imposto de Renda) foi de 7,8 milhões de libras no ano encerrado em janeiro, uma alta de quase um terço ante ao período anterior, com as vendas chegando a 130 milhões de libras. CONVERSÃO O sucesso da Entertainer ocorre apesar do gerenciamento atípico do seu negócio. Grant tornou-se cristão em 1991, uma década depois de abrir a primeira loja. Sua fé era tão forte que ele quase desistiu de tudo para se tornar um missionário, mas, em vez disso, decidiu tornar o negócio compatível com suas crenças. Uma das implicações práticas disso é que a loja nunca abre aos domingos, não vende armas de brinquedo ou produtos licenciados de marcas como Harry Potter e doa 10% dos lucros da companhia à caridade: "Só queremos estar confortáveis com o que estamos vendendo", diz ele. Antes de sua conversão, quando uma cliente muito religiosa lhe disse que ele estava "estimulando as crianças a brincar com a escuridão", e que se ele parasse de vender determinados produtos "Deus lhe devolveria em outras formas", Grant admite ter pensando que ela era "maluca". "Eu expliquei que comprava e vendia as coisas para obter lucro e esse era o segredo de todo e qualquer negócio". Agora, como ela, ele diz que o sucesso contínuo da empresa não causa surpresa, assinalando que a Bíblia diz: "Aqueles que me honram eu honrarei" (1 Samuel 2:30) Quando a companhia enfrentou seu pior momento, no auge da crise financeira de 2008, Grant chamou um vigário e convidou seus funcionários a rezar junto com ele. Ficou surpreso com quantas pessoas (cerca de 30) apareceram. Eles se encontraram semanalmente por quatro meses - chegando inclusive a orar pela concorrente Woolworths, à época em maus lençóis, por sabedoria e pela saúde financeira. No final, a empresa —que em certo momento parecia que registraria um prejuízo de 1 milhão de libras terminou 2008 sem estar pior do que começou. "Não tivemos lucro, mas não perdemos nenhum dinheiro e sobrevivemos", resume Grant. Sobreviver é uma palavra antiga no vocabulário de Grant, antes mesmo de fundar seu próprio negócio. Seus pais se divorciaram quando ele tinha apenas três anos e o dinheiro era escasso. "Se eu quisesse qualquer coisa, eu tinha de ir pra rua e batalhar por ela". Durante o período escolar, ele entregou jornais, coletou garrafas vazias de cerveja e trabalhou em uma leiteria, doceria e loja de bicicletas. ORIGEM Quando saiu da escola, ele passou a trabalhar em uma loja de bicicletas em tempo integral, que se tornou o epicentro local durante o boom dos skates nos anos 70. Quando o mercado de skates implodiu, ele comprou o excedente para vendê-lo por conta própria. Passar o tempo todo usando o telefone da loja para conversar com clientes potenciais acabou resultando em sua demissão, mas lhe deu dinheiro suficiente para começar a montar a sua própria loja de bicicletas. Em vez disso, um telefone de um amigo que era agente imobiliário e que tinha uma loja de brinquedos em Amersham (ao noroeste de Londres) em seu portfólio se provou fatídico. Gary e sua mulher, Catherine, compraram o estabelecimento apesar do pouco conhecimento no setor. Parecia um movimento ambicioso para um homem de então 23 anos. Mas ele disse que a vida já lhe havia ensinado que se um trabalho acaba, outro aparece. A cada semana, ele anotava as receitas e as despesas da loja no verso de um envelope marrom. "Era como eu administrava o fluxo de caixa", conta ele. O 'divisor de águas' na história de sua empresa ocorreria em 1991, com a derrocada da rival Zodiac Toys. Com o concorrente fora do mercado, a Entertainer pôde abrir sua primeira loja em um shopping center, algo normalmente impossível para uma pequena varejista, e a partir daí teve início a expansão. As lojas físicas ainda são a principal fonte de receita da empresa, correspondendo a 80% das vendas. O restante vem do comércio eletrônico. Trata-se de uma divisão que agrada a Grant e ele demonstra irritação quando lhe digo que as pessoas tendem a inevitavelmente ir às lojas para olhar os brinquedos e, feita a escolha, comprá-los na internet por causa do preço mais baixo. "Se eu não valorizar o serviço ao cliente, a gama de produtos, o ambiente das lojas, o aconselhamento dos vendedores...então compre na Amazon porque eu não vou perder o meu tempo", diz ele. "Tudo é uma questão de equilíbrio. Oferecemos valor agregado e o valor não é só o preço". O SUCESSO DA COMPANHIA O negócio é controlado integralmente por Grant, sua mulher e seus quatro filhos, dois dos quais trabalham na empresa junto com ele. A companhia lhe trouxe muita felicidade material, mas uma das conquistas das quais mais se orgulha é dar uma chance às pessoas. Atualmente, muitos dos integrantes do Conselho de Administração (CA) da empresa entraram na empresa como jovens aprendizes. A Entertainer também contrata funcionários sem qualificação. "Se não me tivessem dado oportunidades talvez hoje eu não teria um negócio desse tamanho. Quero que todos tenham oportunidade", diz ele.
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Conflito na Ucrânia já deixou mais de 6 mil mortos, diz ONU
Desde o início do conflito no leste ucraniano, em abril do ano passado, mais de 6 mil pessoas morreram e cerca de 14.700 ficaram feridas, segundo um relatório divulgado pela ONU nesta segunda-feira (02). "Mais de 6 mil vidas foram perdidas até agora, em menos de um ano, devido ao conflito no leste da Ucrânia", afirmou em declaração o alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein. Somente na semana passada, disse o órgão, os combates entre separatistas pró-Rússia e tropas do governo ucraniano deixaram centenas de vítimas fatais nas proximidades do aeroporto de Donetsk e na cidade de Debaltseve. Em seu mais recente relatório, Hussein assinalou que entre as vítimas estariam muitos civis e que sobretudo mulheres, crianças e idosos estariam sofrendo as consequências do "impiedoso" conflito. O alto comissário da ONU apelou às partes conflitantes para que respeitem a frágil trégua acordada em 15 de fevereiro. "O ataque deliberado de áreas civis pode constituir um crime de guerra e, se generalizado e sistemático, um crime contra a humanidade", declarou o secretário-geral assistente da ONU para os Direitos Humanos, Ivan Simonovic, durante o lançamento do relatório, em Genebra. CA/epd/afp
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Conflito na Ucrânia já deixou mais de 6 mil mortos, diz ONUDesde o início do conflito no leste ucraniano, em abril do ano passado, mais de 6 mil pessoas morreram e cerca de 14.700 ficaram feridas, segundo um relatório divulgado pela ONU nesta segunda-feira (02). "Mais de 6 mil vidas foram perdidas até agora, em menos de um ano, devido ao conflito no leste da Ucrânia", afirmou em declaração o alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein. Somente na semana passada, disse o órgão, os combates entre separatistas pró-Rússia e tropas do governo ucraniano deixaram centenas de vítimas fatais nas proximidades do aeroporto de Donetsk e na cidade de Debaltseve. Em seu mais recente relatório, Hussein assinalou que entre as vítimas estariam muitos civis e que sobretudo mulheres, crianças e idosos estariam sofrendo as consequências do "impiedoso" conflito. O alto comissário da ONU apelou às partes conflitantes para que respeitem a frágil trégua acordada em 15 de fevereiro. "O ataque deliberado de áreas civis pode constituir um crime de guerra e, se generalizado e sistemático, um crime contra a humanidade", declarou o secretário-geral assistente da ONU para os Direitos Humanos, Ivan Simonovic, durante o lançamento do relatório, em Genebra. CA/epd/afp
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16 lugares para escutar música de verdade no Rio de Janeiro
Samba, choro, bossa-nova, jazz. Quais são os lugares do Rio para ouvir boa música? Em tempos de Olimpíada, quando gente de todas as partes aporta em terras cariocas, é bom saber: são muitos. Do Andaraí à Lapa, da Pedra do Sal aos becos de Copacabana, nos morros ou no asfalto, pode-se ouvir grande música, cantada ou instrumental, quase sempre acompanhada de bebidas e petiscos. E, em muitos casos, tendo em torno paredes ou ruas que contam histórias. Ou que são História. O Rio faz boa música desde o tempo dos tupinambás. Talvez haja um exagero em atribuir esse dom aos índios da Guanabara, mas não se nega a musicalidade dos cariocas. E não estamos falando só de Pixinguinha, Noel Rosa, Tom Jobim. Quando a Corte portuguesa chegou ao Brasil em 1808, dom João 6º trouxe com ele seu próprio maestro, Marcos Portugal. Aqui, descobriu um carioca de enorme talento musical: o padre José Maurício. E o "adotou" de tal maneira que foi uma ciumeira danada por parte do português. São histórias assim que nos incentivam a procurar a boa música tocada pelas esquinas do Rio. Aqui vão algumas ideias. HELOISA SEIXAS é escritora * É bom passear em uma feira, em meio ao colorido de flores, frutas e legumes e ao cheirinho de pastel, croquete e caldo de cana. Agora imagine tudo isso e mais o som de uma roda de choro ou samba. É essa mistura gostosa que o carioca, ou quem vem passear na cidade, encontra em dois lugares: na feira da General Glicério, em Laranjeiras, aos sábados, e na feira da Glória, aos domingos. A roda de choro da General Glicério é tão tradicional que um pessoal que começou se apresentando lá criou, no ano 2000, o grupo instrumental Choro na Feira, que já gravou vários discos. Embora a feira funcione desde bem cedinho –como toda feira livre–, a música só começa perto do meio-dia (só quando chove forte é que a roda de choro é cancelada). Outra atração da feira da General Glicério é a barraca do Luizinho, que vende CDs raros e caipirinhas de frutas. Já a feira da Glória, considerada uma das melhores (e mais baratas) da cidade, é animada pelo grupo de pagode Time de Crioulo –mas é preciso ficar atento, porque este só se apresenta de 15 em 15 dias. - O nome é comprido: Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola. E a história também não é curta. Foram anos e anos de luta até que a comunidade da Muda, na Grande Tijuca, conseguisse apoio para reformar o belíssimo casarão na esquina das ruas Garibaldi e Conde do Bonfim. Construído em 1921, o palacete estava quase em ruínas. Mas valeu a espera. Depois de mais de dois anos de obras, que custaram à Prefeitura do Rio quase R$ 4 milhões, o lugar foi inaugurado em 2007. Com estúdio de gravação, salas de aula e espaço para exposições, além de auditório para 200 pessoas, o Centro da Música, como é conhecido, já foi palco de apresentações de nomes como Moacyr Luz, Guinga e Moyseis Marques, entre outros. Recentemente, recebeu a primeira apresentação do grupo Quarteto do Rio, novo nome do lendário conjunto Os Cariocas (desfeito depois da morte de seu fundador, Severino Silva). O lugar é bem eclético, com todo tipo de gênero musical, mas sempre ao vivo. Vale a pena ficar de olho na programação. - A revitalização da região em torno da rua do Ouvidor –a parte do Centro antigo do Rio compreendida entre a igreja da Candelária e a praça Quinze– começou com a criação de centros culturais como o CCBB, o dos Correios e a Casa França-Brasil, mas emperrava em um ponto: o burburinho na área só durava até sexta-feira à noite. Nos fins de semana, o movimento caía quase a zero. Até que, um dia, o samba chegou. A ideia partiu de Rodrigo Ferrari, dono da livraria Folha Seca, especializada em livros sobre futebol e sobre o Rio, inaugurada em 2004 no número 37 da rua. Rodrigo e sua então sócia, Dani Duarte, se juntaram aos donos de restaurantes e botequins dos arredores (dois dos quais ainda continuam lá, o Antigamente e a Toca do Baiacu) e criaram uma roda de samba, com músicos como Pedro Amorim, Pratinha (Tiago Prata), Fabio Cazes e Gabriel Cavalcante, entre outros. O sucesso foi total. Hoje, o Samba da Ouvidor virou uma instituição carioca. Embora a roda de samba "principal", liderada por Cavalcante, tenha se deslocado para a esquina da rua do Mercado (sempre no final de tarde dos sábados), ainda são realizadas rodas de samba e de choro diante da Folha Seca, sob os mais variados pretextos (o Dia de São Sebastião, que é também o aniversário da livraria; o Dia de São Jorge, que é também Dia do Choro; o lançamento de algum livro; e assim por diante). É quase impossível passar pela rua do Ouvidor num sábado e não ouvir alguém tocando samba, choro, gafieira, bossa-nova, jazz, o que for. Hoje, as pedras da rua do Ouvidor –com seus mais de 400 anos– são sinônimo de boa música. - Todo domingo, a partir das 11h, a praça é dos chorões. É nesse simpático recanto, entre as ruas São Salvador, Esteves Júnior e Senador Corrêa, que se reúne o pessoal do Arruma o Coreto, formado por alunos da Escola Portátil de Música, para uma concorrida roda de choro. Ela começou em 2007 e o nome foi uma brincadeira com o bloco de Carnaval Bagunça meu Coreto, que já existia, reunindo moradores da região. O bloco faz rodas de samba na pracinha, aos sábados, revezando com um grupo, também de samba, chamado Batuque no Coreto (sempre a partir das 18h). Mas a roda mais concorrida é a de domingo, dos chorões. A praça, que nesse dia recebe também uma feira de artesanato, fica apinhada de gente. É uma beleza ver os músicos diante das partituras, com violões, flautas, cavaquinhos, trombones e pandeiros fazendo música de altíssima qualidade. - Triboz. Ou TribOz. Ou, ainda, Centro Cultural Brasil-Austrália. Em matéria de nome, é esquisito, mas a Triboz (para simplificar) é uma casa onde há oito anos se faz grande música instrumental: jazz, samba-jazz, bossa-nova. Em um casarão da Lapa, a Triboz foi fundada em 2008 pelo trompetista e brasilianista australiano Mike Ryan, estudioso da música brasileira. O lugar já recebeu nomes como Rosa Passos, Hermeto Pascoal, João Carlos Assis Brasil, o lendário trombonista Luis Bonilla, o Harvey Wainapel Quarteto, o Hamleto Stamato Trio. O quinteto de Kiko Continentino e o quarteto de Wilson Meirelles são atrações permanentes na casa, que prima pelo respeito ao músico: pede-se que a plateia permaneça calada durante as apresentações. O cardápio é variado também na carta de petiscos e de jantar. E a Triboz ainda funciona como escola: oferece cursos e aulas de trompete e outros instrumentos, técnica vocal e improvisação no jazz e de música popular. - A rua do Lavradio, na Lapa, já é por si só um lugar que vale a pena conhecer. Aberta pelo Marquês do Lavradio em 1771, tem ainda hoje prédios históricos dos séculos 18, 19 e 20. Em 1996, donos de antiquários, bares e restaurantes criaram ali a feira Rio Antigo, que se realiza até hoje (no primeiro sábado do mês). Com o sucesso, a prefeitura reurbanizou a rua. Em dia de feira, os antiquários ficam abertos e há música ao vivo na rua. Mas um desses antiquários se destaca: é o Rio Scenarium –também restaurante e casa de shows. Inaugurado em 2001 por Plínio Fróes (um dos "desbravadores" da nova Lapa), o lugar fica num casarão de três andares, do século 19, com decoração que chama a atenção: mais de 10 mil objetos, incluindo uma cadeira de barbeiro centenária, vitrines de uma farmácia homeopática e lindas bonecas de biscuit. Há shows de todos os gêneros, mas choro e samba têm a preferência; nomes como Marcos Sacramento sempre se apresentam por lá. A poucos metros dali, no número 36, funciona outra casa, do mesmo dono: a Santo Scenarium foi aberta em 2007 como "a primeira casa de jazz da Lapa". O casarão, que há 150 anos foi a residência do ator João Caetano, é decorada com peças sacras, oratórios e a réplica de um anjo do Aleijadinho. Mas o poderoso samba-jazz que se costuma ouvir lá não tem nada de santo. - Se você estiver no Rio na primeira sexta-feira do mês, há um programa diferente e muito divertido: subir a favela Tavares Bastos e ir ao hostel The Maze para uma noite de jazz e bossa-nova. A Tavares Bastos sempre foi um lugar tranquilo. Dez anos antes das UPPs, a comunidade já vivia em paz. Se por um lado isso se deve à presença do Bope, que tem seu quartel-general lá, por outro está ligado à presença (e ao trabalho) de um inglês muito carioca, que vive lá há mais de 30 anos: Bob Nadkarni, dono do hostel e mentor das noites de jazz. A Tavares Bastos é mesmo um lugar especial. Por exemplo, tem uma relação com o cinema desde os anos 1920. Foi lá que o produtor Paulo Benedetti instalou seu estúdio e onde, em 1929, Adhemar Gonzaga filmou cenas de "Barro humano", marco do cinema brasileiro. E em suas ruas emaranhadas foram filmados "Orfeu do Carnaval", "Tropa de Elite", os seriados "Cidade dos Homens e "A Lei e o Crime"... E onde Hollywood rodou, em 2008, "O Incrível Hulk". Chegar ao The Maze é fácil e seguro. É só pegar a van na esquina da rua Bento Lisboa com a ladeira Tavares Bastos e, já lá no alto, enveredar a pé pelas vielas bem sinalizadas. Na volta, vans circulam até 4h. - Rua Duvivier, no quarteirão da praia, perto da avenida Atlântica. É ali, num espaço comprido e estreito entre dois prédios, terminando numa parede e formando mesmo um beco sem saída, que fica o Beco das Garrafas, um dos endereços mais famosos da grande noite do Rio nos anos 1950 e 60. O nome foi dado pelo jornalista Sergio Porto, em alusão às garrafas que, dizem, eram jogadas em protesto pelo barulho –mas talvez isso seja lenda. O Beco das Garrafas esteve abandonado por muitos anos, mas começou a ser revitalizado a partir de 2006, com a inauguração de uma livraria, a Bossa Nova & Companhia (na esquina onde um dia foi a boate Ma Griffe). Além de vender discos e livros sobre música, o lugar é quase um museu, com móveis de pé palito, vitrolas, chão de pedras portuguesas e um mezanino cuja balaustrada lembra a varanda do Copacabana Palace. Tudo ali é referência à gloriosa Copacabana do passado. E hoje todo o Beco voltou à ativa, com a reabertura de suas boates, o Little Club e o Bottle's (o antigo Baccara foi incorporado a este último), onde são realizados shows com grandes nomes da bossa-nova e da música instrumental. João Donato, Wanda Sá e Leny Andrade já fizeram shows lá neste ano. A casa noturna é comandada por Amanda Bravo, filha de Durval Ferreira, autor de clássicos como "Estamos Aí". - Ali, tem de tudo: samba, choro, tradição, cultura negra, patrimônio arquitetônico, histórias. É a Pedra do Sal, nos limites entre a Saúde e a Gamboa, zona portuária do Rio, aos pés do morro da Conceição. As mais tradicionais rodas de samba dali são às segundas e às sextas-feiras, ao cair da tarde, junto à escadaria. A beleza impressiona, com os degraus escavados na pedra, que levam ao alto do morro, e o casario, embora mal preservado. A Pedra do Sal é considerada um monumento histórico e religioso, porque era ali que ficava o mercado de escravos e por ser ali, também, o núcleo do que se chama a Pequena África carioca. É o território de Tia Ciata, Donga, Pixinguinha, Heitor dos Prazeres, João da Baiana (este dá o nome ao largo diante da escada). A região foi tombada em 1984 e é palco de muitas tradições. Todo dia 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba, integrantes do quilombo da Pedra do Sal fazem a lavagem da escadaria. A poucos metros fica o largo da Prainha, outro ponto com casario espetacular, mas precisando de restauração urgente. Ali funciona desde 2009 o restaurante do tradicionalíssimo Angu do Gomes (que, durante décadas, com suas carrocinhas, alimentou muita gente nas madrugadas). E é ali também que, na época do Carnaval, se realizam os ensaios do bloco Escravos da Mauá. - O Samba do Trabalhador é uma roda de samba diferente de todas as outras, até pelo dia e hora em que acontece: em plena segunda-feira e no meio da tarde. No início, em 2005, começava às 14h, mas os organizadores fizeram uma concessão e empurraram o horário para mais tarde, 16h. Quem inventou e batizou a roda foi Moacyr Luz e, segundo ele, esse nome, Samba do Trabalhador, embora pareça uma ironia, é uma homenagem aos músicos, que trabalham a semana inteira e só têm a segunda para se divertir. Não é um programa para principiantes. Segunda-feira à tarde, no calor carioca (que dura o ano inteiro), a quadra de cimento ferve. A impressão é de que faz 50ºC à sombra. Mas ninguém se importa. Há uma intensa alegria na cara das pessoas, inclusive dos músicos que estão em torno da mesa, nessa que é considerada uma das melhores rodas da cidade. Hoje, dez anos depois de fundado, o samba reúne às vezes mais de 2.000 pessoas no Renascença, ou simplesmente Rena, como chamam os íntimos. Assim que o samba começa e o vozeirão de Gabriel Cavalcante enche a quadra, também se espalha no ar um delicioso cheiro dos quitutes que começam a ser preparados na cozinha: pastel, linguiça e os famosos caldinhos, de feijão, de ervilha, rabada e sururu. - O Trapiche Gamboa não chega a ser um local de reverência quase religiosa, como a Pedra do Sal, mas também está em solo sagrado para quem ama o samba: entre a Saúde e a Gamboa, ali bem juntinho da praça Mauá, território de Donga, Pixinguinha, Tia Ciata e João do Rio. Muito anterior ao movimento de revitalização da região portuária, o Trapiche se notabilizou, entre outras coisas, por ser o local onde são gravados os programas de televisão "Samba na Gamboa", comandados por Diogo Nogueira (TV Brasil). No Trapiche, samba é a palavra de ordem –não se toca outra coisa. Nomes como Alfredo del Penho, Pedro Paulo Malta, Pedro Miranda e Eduardo Gallotti –que, além de cantar, são, todos eles, grandes pesquisadores da música brasileira– estão sempre fazendo shows no Trapiche. Cerveja gelada, caipirinha e petiscos dignos da mais alta baixa gastronomia carioca acompanham a boa música que se faz no lugar. O ambiente também é outro ponto de interesse: do casarão centenário praticamente só ficou a casca, isto é, as paredes de pedra e óleo de baleia, sem reboco. O resto é um imenso vão, com três níveis, sem paredes internas. O chão de ladrilhos hidráulicos completa o visual desse lugar onde é Carnaval o ano inteiro. - O Semente, mais do que um bar, é um marco, porque foi a partir dele que todo o bairro da Lapa –durante décadas abandonado e vazio– renasceu. Hoje, ele mudou de proprietário e de lugar, mas sua história não pode ser esquecida. A Lapa estava decadente havia muitas décadas quando Regina Weissman abriu um barzinho na rua Joaquim Silva, quase embaixo dos Arcos, em 1998. Pois foi naquele palco minúsculo que surgiram nomes como Teresa Cristina, Pedro Miranda, Moyseis Marques, Yamandu Costa e muitos outros bambas, uma nova geração de sambistas que ajudou na revitalização espontânea da Lapa, esse fenômeno carioca. Em 2003, o bar fechou, mas um ano depois um grupo de frequentadores se cotizou e o reabriu, mudando depois para outro casarão, maior, na própria Joaquim Silva. Hoje, ele funciona do outro lado dos Arcos e tem shows de segunda a domingo, não apenas de samba, mas de vários gêneros. Tem palestras também, e não é difícil encontrar mestres como Hermínio Bello de Carvalho batendo papo com o pessoal. O Semente é parte da história e continua sendo uma referência na noite da Lapa. - Eles são vizinhos de porta. Parede com parede. São dois dos bares mais tradicionais da Lapa: o Carioca da Gema e o Sacrilégio. Ambos muito devotados ao samba. Com suas paredes de tijolos aparentes, o Carioca da Gema foi dos precursores da nova Lapa boêmia, revitalizada a partir do fim da década de 1990. Esse reduto praticamente exclusivo do samba (com um pouco de choro também), já recebeu gente como Moacyr Luz, Teresa Cristina, Paulão Sete Cordas, Moyseis Marques, Eduardo Gallotti e grupos tradicionais como Semente e Casuarina. Lá acontecem shows de segunda a domingo, mas, às segundas-feiras, não tem erro: é dia do vozeirão de Rixxa, cujo apelido é "o Pavarotti do samba", que só canta sambas-enredo e é uma das principais atrações fixas do lugar. O Café Cultural Sacrilégio, que foi aberto em 2001, funciona num casarão centenário e histórico, tombado pela Prefeitura: foi ali que morou o músico e compositor João Pernambuco, que organizava saraus com a presença de Villa-Lobos, Donga e Pixinguinha. Os donos do Sacrilégio garantem também que Carmen Miranda frequentou o lugar quando jovem (ela de fato morou na Lapa dos 6 aos 16 anos) e que teria aprendido a fazer chapéus com a dona da casa na época. Seja como for, o Sacrilégio oferece música ao vivo em seu palco no salão principal, além de mesas no terraço ao ar livre, na parte de trás, e um terceiro ambiente no segundo andar, com música gravada. - Só de olhar por fora, a Casa do Choro é uma beleza: localizada na rua da Carioca, cujo casario, bem preservado, integra o Corredor Cultural da Praça Tiradentes, o casarão tem traços mouriscos que, com a restauração, foram realçados. Inaugurada em 2015, a Casa do Choro, ou Escola Portátil de Música, como também é chamada, tem shows diários em seu auditório, que leva o nome de um dos maiores maestros que o Brasil já teve, Radamés Gnattali. O lugar, que é também um centro de pesquisas, tem estúdios de gravação, sete salas de aula e conta com um acervo de 15 mil partituras, instrumentos históricos e objetos raros. No Espaço Dino, Meira e Canhoto –um centro de convivência onde funciona também um café– costumam acontecer rodas de choro. Como instituição, a Casa de Choro existe desde 1999 e depende dos cursos e do interesse do público, já que não é subsidiada. - Há quem garanta que a região da rua Gomes Freire, colada ao coração da Lapa, foi preservada pela pobreza. Ou seja, o lugar era tão degradado que, durante os anos máximos da especulação imobiliária no Rio, não despertou interesse. O resultado foi a preservação de casarões belíssimos, quase intocados (ainda que às vezes continuem mal cuidados). Um dos exemplos dessa preservação é o casarão centenário onde funciona o Armazém do Senado, e onde rola música - quase sempre samba, mas também bossa nova e jazz –aos sábados. Ali onde hoje é um bar já funcionou um empório, o que explica o "Armazém" no nome. E os resquícios dessa encarnação anterior são muitos, a começar pelo enorme balcão de madeira com tampo de mármore. O pé-direito, de cinco metros de altura, impressiona. Não há muita variedade em matéria de tira-gostos, mas a cerveja é sempre gelada e a roda do Armazém é muito democrática: seja ela de samba (primeiro e terceiro sábado de cada mês) ou de jazz (segundo sábado do mês), nada é cobrado. Quem quiser se chegar e ficar ouvindo música não terá problema, porque o bar é aberto e não tem couvert. - Deve ser um dos menores bares do mundo. Quase não dá para entrar no Bip Bip, de tão pequeno que ele é. Mas bar é assim mesmo: se não der para entrar, fica-se do lado de fora. Apesar do pouco espaço e do folclórico mau humor de seu proprietário, Alfredinho, o Bip Bip é um dos lugares mais musicais do Rio. Localizado na Almirante Gonçalves, uma rua de pedestres de Copacabana, perto da praia, o Bip Bip tem música quase toda noite. Às segundas e terças é dia de roda de choro; às quartas, bossa nova; às quintas é a vez do samba, mas numa roda voltada para o pessoal mais jovem; às sextas, roda de samba outra vez e no domingo, aí, sim, se realiza a roda de samba mais tradicional, que acontece há muitos anos no botequim. Só no sábado é que não tem roda, mas mesmo assim já é uma tradição o pessoal se reunir para bater papo nesse dia. Todas as rodas, de papo e de música, costumam acontecer na única mesa que cabe dentro do botequim. O público tem de ficar mesmo do lado de fora, porque o aperto do lugar não permite que seja diferente. O Bib Bip é assim há mais de 40 anos e ninguém reclama. Nem disso, nem das broncas do Alfredinho, que no fundo todo mundo adora. Até os turistas já descobriram o Bip Bip e dizem que, às quartas, o lugar fica cheio de japoneses cantando bossa nova. O Japão, como se sabe, é um dos países do mundo mais apaixonados pelo ritmo de João Gilberto e Tom Jobim. Eles sabem das coisas.
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16 lugares para escutar música de verdade no Rio de JaneiroSamba, choro, bossa-nova, jazz. Quais são os lugares do Rio para ouvir boa música? Em tempos de Olimpíada, quando gente de todas as partes aporta em terras cariocas, é bom saber: são muitos. Do Andaraí à Lapa, da Pedra do Sal aos becos de Copacabana, nos morros ou no asfalto, pode-se ouvir grande música, cantada ou instrumental, quase sempre acompanhada de bebidas e petiscos. E, em muitos casos, tendo em torno paredes ou ruas que contam histórias. Ou que são História. O Rio faz boa música desde o tempo dos tupinambás. Talvez haja um exagero em atribuir esse dom aos índios da Guanabara, mas não se nega a musicalidade dos cariocas. E não estamos falando só de Pixinguinha, Noel Rosa, Tom Jobim. Quando a Corte portuguesa chegou ao Brasil em 1808, dom João 6º trouxe com ele seu próprio maestro, Marcos Portugal. Aqui, descobriu um carioca de enorme talento musical: o padre José Maurício. E o "adotou" de tal maneira que foi uma ciumeira danada por parte do português. São histórias assim que nos incentivam a procurar a boa música tocada pelas esquinas do Rio. Aqui vão algumas ideias. HELOISA SEIXAS é escritora * É bom passear em uma feira, em meio ao colorido de flores, frutas e legumes e ao cheirinho de pastel, croquete e caldo de cana. Agora imagine tudo isso e mais o som de uma roda de choro ou samba. É essa mistura gostosa que o carioca, ou quem vem passear na cidade, encontra em dois lugares: na feira da General Glicério, em Laranjeiras, aos sábados, e na feira da Glória, aos domingos. A roda de choro da General Glicério é tão tradicional que um pessoal que começou se apresentando lá criou, no ano 2000, o grupo instrumental Choro na Feira, que já gravou vários discos. Embora a feira funcione desde bem cedinho –como toda feira livre–, a música só começa perto do meio-dia (só quando chove forte é que a roda de choro é cancelada). Outra atração da feira da General Glicério é a barraca do Luizinho, que vende CDs raros e caipirinhas de frutas. Já a feira da Glória, considerada uma das melhores (e mais baratas) da cidade, é animada pelo grupo de pagode Time de Crioulo –mas é preciso ficar atento, porque este só se apresenta de 15 em 15 dias. - O nome é comprido: Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola. E a história também não é curta. Foram anos e anos de luta até que a comunidade da Muda, na Grande Tijuca, conseguisse apoio para reformar o belíssimo casarão na esquina das ruas Garibaldi e Conde do Bonfim. Construído em 1921, o palacete estava quase em ruínas. Mas valeu a espera. Depois de mais de dois anos de obras, que custaram à Prefeitura do Rio quase R$ 4 milhões, o lugar foi inaugurado em 2007. Com estúdio de gravação, salas de aula e espaço para exposições, além de auditório para 200 pessoas, o Centro da Música, como é conhecido, já foi palco de apresentações de nomes como Moacyr Luz, Guinga e Moyseis Marques, entre outros. Recentemente, recebeu a primeira apresentação do grupo Quarteto do Rio, novo nome do lendário conjunto Os Cariocas (desfeito depois da morte de seu fundador, Severino Silva). O lugar é bem eclético, com todo tipo de gênero musical, mas sempre ao vivo. Vale a pena ficar de olho na programação. - A revitalização da região em torno da rua do Ouvidor –a parte do Centro antigo do Rio compreendida entre a igreja da Candelária e a praça Quinze– começou com a criação de centros culturais como o CCBB, o dos Correios e a Casa França-Brasil, mas emperrava em um ponto: o burburinho na área só durava até sexta-feira à noite. Nos fins de semana, o movimento caía quase a zero. Até que, um dia, o samba chegou. A ideia partiu de Rodrigo Ferrari, dono da livraria Folha Seca, especializada em livros sobre futebol e sobre o Rio, inaugurada em 2004 no número 37 da rua. Rodrigo e sua então sócia, Dani Duarte, se juntaram aos donos de restaurantes e botequins dos arredores (dois dos quais ainda continuam lá, o Antigamente e a Toca do Baiacu) e criaram uma roda de samba, com músicos como Pedro Amorim, Pratinha (Tiago Prata), Fabio Cazes e Gabriel Cavalcante, entre outros. O sucesso foi total. Hoje, o Samba da Ouvidor virou uma instituição carioca. Embora a roda de samba "principal", liderada por Cavalcante, tenha se deslocado para a esquina da rua do Mercado (sempre no final de tarde dos sábados), ainda são realizadas rodas de samba e de choro diante da Folha Seca, sob os mais variados pretextos (o Dia de São Sebastião, que é também o aniversário da livraria; o Dia de São Jorge, que é também Dia do Choro; o lançamento de algum livro; e assim por diante). É quase impossível passar pela rua do Ouvidor num sábado e não ouvir alguém tocando samba, choro, gafieira, bossa-nova, jazz, o que for. Hoje, as pedras da rua do Ouvidor –com seus mais de 400 anos– são sinônimo de boa música. - Todo domingo, a partir das 11h, a praça é dos chorões. É nesse simpático recanto, entre as ruas São Salvador, Esteves Júnior e Senador Corrêa, que se reúne o pessoal do Arruma o Coreto, formado por alunos da Escola Portátil de Música, para uma concorrida roda de choro. Ela começou em 2007 e o nome foi uma brincadeira com o bloco de Carnaval Bagunça meu Coreto, que já existia, reunindo moradores da região. O bloco faz rodas de samba na pracinha, aos sábados, revezando com um grupo, também de samba, chamado Batuque no Coreto (sempre a partir das 18h). Mas a roda mais concorrida é a de domingo, dos chorões. A praça, que nesse dia recebe também uma feira de artesanato, fica apinhada de gente. É uma beleza ver os músicos diante das partituras, com violões, flautas, cavaquinhos, trombones e pandeiros fazendo música de altíssima qualidade. - Triboz. Ou TribOz. Ou, ainda, Centro Cultural Brasil-Austrália. Em matéria de nome, é esquisito, mas a Triboz (para simplificar) é uma casa onde há oito anos se faz grande música instrumental: jazz, samba-jazz, bossa-nova. Em um casarão da Lapa, a Triboz foi fundada em 2008 pelo trompetista e brasilianista australiano Mike Ryan, estudioso da música brasileira. O lugar já recebeu nomes como Rosa Passos, Hermeto Pascoal, João Carlos Assis Brasil, o lendário trombonista Luis Bonilla, o Harvey Wainapel Quarteto, o Hamleto Stamato Trio. O quinteto de Kiko Continentino e o quarteto de Wilson Meirelles são atrações permanentes na casa, que prima pelo respeito ao músico: pede-se que a plateia permaneça calada durante as apresentações. O cardápio é variado também na carta de petiscos e de jantar. E a Triboz ainda funciona como escola: oferece cursos e aulas de trompete e outros instrumentos, técnica vocal e improvisação no jazz e de música popular. - A rua do Lavradio, na Lapa, já é por si só um lugar que vale a pena conhecer. Aberta pelo Marquês do Lavradio em 1771, tem ainda hoje prédios históricos dos séculos 18, 19 e 20. Em 1996, donos de antiquários, bares e restaurantes criaram ali a feira Rio Antigo, que se realiza até hoje (no primeiro sábado do mês). Com o sucesso, a prefeitura reurbanizou a rua. Em dia de feira, os antiquários ficam abertos e há música ao vivo na rua. Mas um desses antiquários se destaca: é o Rio Scenarium –também restaurante e casa de shows. Inaugurado em 2001 por Plínio Fróes (um dos "desbravadores" da nova Lapa), o lugar fica num casarão de três andares, do século 19, com decoração que chama a atenção: mais de 10 mil objetos, incluindo uma cadeira de barbeiro centenária, vitrines de uma farmácia homeopática e lindas bonecas de biscuit. Há shows de todos os gêneros, mas choro e samba têm a preferência; nomes como Marcos Sacramento sempre se apresentam por lá. A poucos metros dali, no número 36, funciona outra casa, do mesmo dono: a Santo Scenarium foi aberta em 2007 como "a primeira casa de jazz da Lapa". O casarão, que há 150 anos foi a residência do ator João Caetano, é decorada com peças sacras, oratórios e a réplica de um anjo do Aleijadinho. Mas o poderoso samba-jazz que se costuma ouvir lá não tem nada de santo. - Se você estiver no Rio na primeira sexta-feira do mês, há um programa diferente e muito divertido: subir a favela Tavares Bastos e ir ao hostel The Maze para uma noite de jazz e bossa-nova. A Tavares Bastos sempre foi um lugar tranquilo. Dez anos antes das UPPs, a comunidade já vivia em paz. Se por um lado isso se deve à presença do Bope, que tem seu quartel-general lá, por outro está ligado à presença (e ao trabalho) de um inglês muito carioca, que vive lá há mais de 30 anos: Bob Nadkarni, dono do hostel e mentor das noites de jazz. A Tavares Bastos é mesmo um lugar especial. Por exemplo, tem uma relação com o cinema desde os anos 1920. Foi lá que o produtor Paulo Benedetti instalou seu estúdio e onde, em 1929, Adhemar Gonzaga filmou cenas de "Barro humano", marco do cinema brasileiro. E em suas ruas emaranhadas foram filmados "Orfeu do Carnaval", "Tropa de Elite", os seriados "Cidade dos Homens e "A Lei e o Crime"... E onde Hollywood rodou, em 2008, "O Incrível Hulk". Chegar ao The Maze é fácil e seguro. É só pegar a van na esquina da rua Bento Lisboa com a ladeira Tavares Bastos e, já lá no alto, enveredar a pé pelas vielas bem sinalizadas. Na volta, vans circulam até 4h. - Rua Duvivier, no quarteirão da praia, perto da avenida Atlântica. É ali, num espaço comprido e estreito entre dois prédios, terminando numa parede e formando mesmo um beco sem saída, que fica o Beco das Garrafas, um dos endereços mais famosos da grande noite do Rio nos anos 1950 e 60. O nome foi dado pelo jornalista Sergio Porto, em alusão às garrafas que, dizem, eram jogadas em protesto pelo barulho –mas talvez isso seja lenda. O Beco das Garrafas esteve abandonado por muitos anos, mas começou a ser revitalizado a partir de 2006, com a inauguração de uma livraria, a Bossa Nova & Companhia (na esquina onde um dia foi a boate Ma Griffe). Além de vender discos e livros sobre música, o lugar é quase um museu, com móveis de pé palito, vitrolas, chão de pedras portuguesas e um mezanino cuja balaustrada lembra a varanda do Copacabana Palace. Tudo ali é referência à gloriosa Copacabana do passado. E hoje todo o Beco voltou à ativa, com a reabertura de suas boates, o Little Club e o Bottle's (o antigo Baccara foi incorporado a este último), onde são realizados shows com grandes nomes da bossa-nova e da música instrumental. João Donato, Wanda Sá e Leny Andrade já fizeram shows lá neste ano. A casa noturna é comandada por Amanda Bravo, filha de Durval Ferreira, autor de clássicos como "Estamos Aí". - Ali, tem de tudo: samba, choro, tradição, cultura negra, patrimônio arquitetônico, histórias. É a Pedra do Sal, nos limites entre a Saúde e a Gamboa, zona portuária do Rio, aos pés do morro da Conceição. As mais tradicionais rodas de samba dali são às segundas e às sextas-feiras, ao cair da tarde, junto à escadaria. A beleza impressiona, com os degraus escavados na pedra, que levam ao alto do morro, e o casario, embora mal preservado. A Pedra do Sal é considerada um monumento histórico e religioso, porque era ali que ficava o mercado de escravos e por ser ali, também, o núcleo do que se chama a Pequena África carioca. É o território de Tia Ciata, Donga, Pixinguinha, Heitor dos Prazeres, João da Baiana (este dá o nome ao largo diante da escada). A região foi tombada em 1984 e é palco de muitas tradições. Todo dia 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba, integrantes do quilombo da Pedra do Sal fazem a lavagem da escadaria. A poucos metros fica o largo da Prainha, outro ponto com casario espetacular, mas precisando de restauração urgente. Ali funciona desde 2009 o restaurante do tradicionalíssimo Angu do Gomes (que, durante décadas, com suas carrocinhas, alimentou muita gente nas madrugadas). E é ali também que, na época do Carnaval, se realizam os ensaios do bloco Escravos da Mauá. - O Samba do Trabalhador é uma roda de samba diferente de todas as outras, até pelo dia e hora em que acontece: em plena segunda-feira e no meio da tarde. No início, em 2005, começava às 14h, mas os organizadores fizeram uma concessão e empurraram o horário para mais tarde, 16h. Quem inventou e batizou a roda foi Moacyr Luz e, segundo ele, esse nome, Samba do Trabalhador, embora pareça uma ironia, é uma homenagem aos músicos, que trabalham a semana inteira e só têm a segunda para se divertir. Não é um programa para principiantes. Segunda-feira à tarde, no calor carioca (que dura o ano inteiro), a quadra de cimento ferve. A impressão é de que faz 50ºC à sombra. Mas ninguém se importa. Há uma intensa alegria na cara das pessoas, inclusive dos músicos que estão em torno da mesa, nessa que é considerada uma das melhores rodas da cidade. Hoje, dez anos depois de fundado, o samba reúne às vezes mais de 2.000 pessoas no Renascença, ou simplesmente Rena, como chamam os íntimos. Assim que o samba começa e o vozeirão de Gabriel Cavalcante enche a quadra, também se espalha no ar um delicioso cheiro dos quitutes que começam a ser preparados na cozinha: pastel, linguiça e os famosos caldinhos, de feijão, de ervilha, rabada e sururu. - O Trapiche Gamboa não chega a ser um local de reverência quase religiosa, como a Pedra do Sal, mas também está em solo sagrado para quem ama o samba: entre a Saúde e a Gamboa, ali bem juntinho da praça Mauá, território de Donga, Pixinguinha, Tia Ciata e João do Rio. Muito anterior ao movimento de revitalização da região portuária, o Trapiche se notabilizou, entre outras coisas, por ser o local onde são gravados os programas de televisão "Samba na Gamboa", comandados por Diogo Nogueira (TV Brasil). No Trapiche, samba é a palavra de ordem –não se toca outra coisa. Nomes como Alfredo del Penho, Pedro Paulo Malta, Pedro Miranda e Eduardo Gallotti –que, além de cantar, são, todos eles, grandes pesquisadores da música brasileira– estão sempre fazendo shows no Trapiche. Cerveja gelada, caipirinha e petiscos dignos da mais alta baixa gastronomia carioca acompanham a boa música que se faz no lugar. O ambiente também é outro ponto de interesse: do casarão centenário praticamente só ficou a casca, isto é, as paredes de pedra e óleo de baleia, sem reboco. O resto é um imenso vão, com três níveis, sem paredes internas. O chão de ladrilhos hidráulicos completa o visual desse lugar onde é Carnaval o ano inteiro. - O Semente, mais do que um bar, é um marco, porque foi a partir dele que todo o bairro da Lapa –durante décadas abandonado e vazio– renasceu. Hoje, ele mudou de proprietário e de lugar, mas sua história não pode ser esquecida. A Lapa estava decadente havia muitas décadas quando Regina Weissman abriu um barzinho na rua Joaquim Silva, quase embaixo dos Arcos, em 1998. Pois foi naquele palco minúsculo que surgiram nomes como Teresa Cristina, Pedro Miranda, Moyseis Marques, Yamandu Costa e muitos outros bambas, uma nova geração de sambistas que ajudou na revitalização espontânea da Lapa, esse fenômeno carioca. Em 2003, o bar fechou, mas um ano depois um grupo de frequentadores se cotizou e o reabriu, mudando depois para outro casarão, maior, na própria Joaquim Silva. Hoje, ele funciona do outro lado dos Arcos e tem shows de segunda a domingo, não apenas de samba, mas de vários gêneros. Tem palestras também, e não é difícil encontrar mestres como Hermínio Bello de Carvalho batendo papo com o pessoal. O Semente é parte da história e continua sendo uma referência na noite da Lapa. - Eles são vizinhos de porta. Parede com parede. São dois dos bares mais tradicionais da Lapa: o Carioca da Gema e o Sacrilégio. Ambos muito devotados ao samba. Com suas paredes de tijolos aparentes, o Carioca da Gema foi dos precursores da nova Lapa boêmia, revitalizada a partir do fim da década de 1990. Esse reduto praticamente exclusivo do samba (com um pouco de choro também), já recebeu gente como Moacyr Luz, Teresa Cristina, Paulão Sete Cordas, Moyseis Marques, Eduardo Gallotti e grupos tradicionais como Semente e Casuarina. Lá acontecem shows de segunda a domingo, mas, às segundas-feiras, não tem erro: é dia do vozeirão de Rixxa, cujo apelido é "o Pavarotti do samba", que só canta sambas-enredo e é uma das principais atrações fixas do lugar. O Café Cultural Sacrilégio, que foi aberto em 2001, funciona num casarão centenário e histórico, tombado pela Prefeitura: foi ali que morou o músico e compositor João Pernambuco, que organizava saraus com a presença de Villa-Lobos, Donga e Pixinguinha. Os donos do Sacrilégio garantem também que Carmen Miranda frequentou o lugar quando jovem (ela de fato morou na Lapa dos 6 aos 16 anos) e que teria aprendido a fazer chapéus com a dona da casa na época. Seja como for, o Sacrilégio oferece música ao vivo em seu palco no salão principal, além de mesas no terraço ao ar livre, na parte de trás, e um terceiro ambiente no segundo andar, com música gravada. - Só de olhar por fora, a Casa do Choro é uma beleza: localizada na rua da Carioca, cujo casario, bem preservado, integra o Corredor Cultural da Praça Tiradentes, o casarão tem traços mouriscos que, com a restauração, foram realçados. Inaugurada em 2015, a Casa do Choro, ou Escola Portátil de Música, como também é chamada, tem shows diários em seu auditório, que leva o nome de um dos maiores maestros que o Brasil já teve, Radamés Gnattali. O lugar, que é também um centro de pesquisas, tem estúdios de gravação, sete salas de aula e conta com um acervo de 15 mil partituras, instrumentos históricos e objetos raros. No Espaço Dino, Meira e Canhoto –um centro de convivência onde funciona também um café– costumam acontecer rodas de choro. Como instituição, a Casa de Choro existe desde 1999 e depende dos cursos e do interesse do público, já que não é subsidiada. - Há quem garanta que a região da rua Gomes Freire, colada ao coração da Lapa, foi preservada pela pobreza. Ou seja, o lugar era tão degradado que, durante os anos máximos da especulação imobiliária no Rio, não despertou interesse. O resultado foi a preservação de casarões belíssimos, quase intocados (ainda que às vezes continuem mal cuidados). Um dos exemplos dessa preservação é o casarão centenário onde funciona o Armazém do Senado, e onde rola música - quase sempre samba, mas também bossa nova e jazz –aos sábados. Ali onde hoje é um bar já funcionou um empório, o que explica o "Armazém" no nome. E os resquícios dessa encarnação anterior são muitos, a começar pelo enorme balcão de madeira com tampo de mármore. O pé-direito, de cinco metros de altura, impressiona. Não há muita variedade em matéria de tira-gostos, mas a cerveja é sempre gelada e a roda do Armazém é muito democrática: seja ela de samba (primeiro e terceiro sábado de cada mês) ou de jazz (segundo sábado do mês), nada é cobrado. Quem quiser se chegar e ficar ouvindo música não terá problema, porque o bar é aberto e não tem couvert. - Deve ser um dos menores bares do mundo. Quase não dá para entrar no Bip Bip, de tão pequeno que ele é. Mas bar é assim mesmo: se não der para entrar, fica-se do lado de fora. Apesar do pouco espaço e do folclórico mau humor de seu proprietário, Alfredinho, o Bip Bip é um dos lugares mais musicais do Rio. Localizado na Almirante Gonçalves, uma rua de pedestres de Copacabana, perto da praia, o Bip Bip tem música quase toda noite. Às segundas e terças é dia de roda de choro; às quartas, bossa nova; às quintas é a vez do samba, mas numa roda voltada para o pessoal mais jovem; às sextas, roda de samba outra vez e no domingo, aí, sim, se realiza a roda de samba mais tradicional, que acontece há muitos anos no botequim. Só no sábado é que não tem roda, mas mesmo assim já é uma tradição o pessoal se reunir para bater papo nesse dia. Todas as rodas, de papo e de música, costumam acontecer na única mesa que cabe dentro do botequim. O público tem de ficar mesmo do lado de fora, porque o aperto do lugar não permite que seja diferente. O Bib Bip é assim há mais de 40 anos e ninguém reclama. Nem disso, nem das broncas do Alfredinho, que no fundo todo mundo adora. Até os turistas já descobriram o Bip Bip e dizem que, às quartas, o lugar fica cheio de japoneses cantando bossa nova. O Japão, como se sabe, é um dos países do mundo mais apaixonados pelo ritmo de João Gilberto e Tom Jobim. Eles sabem das coisas.
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