title
stringlengths
4
146
text
stringlengths
1
61.2k
category
stringclasses
44 values
title_text
stringlengths
18
61.2k
label
int64
0
43
Ataque da seleção brasileira é mais caro do que todo time da Alemanha
EDUARDO RODRIGUES DE SÃO PAULO O Brasil tenta neste sábado (20) o seu primeiro ouro no futebol em Jogos Olímpicos na final contra a Alemanha, e o time de Rogério Micale entra em campo com uma vantagem. Mais badalados e titulares em suas equipes, os atacantes da seleção brasileira são mais caros do que todos os jogadores alemães que enfrentaram a Nigéria na semifinal da Olimpíada. De acordo com o site Transfermarkt, que disponibiliza informações sobre valor de mercado de jogadores, a equipe europeia está avaliada em 107 milhões de euros (R$ 391,11). Já o ataque brasileiro, composto por Neymar, Luan, Gabriel e Gabriel Jesus, custa cerca de 159 milhões de euros, o equivalente a R$ 581,18 milhões. A disparidade entre as duas seleções na questão financeira segue uma lógica. Enquanto o Brasil tem uma obsessão pelo ouro, que já ficou perto em três ocasiões, os alemães não dão tamanha importância para o torneio. A última participação nos Jogos foi em 1988, em Seul. Os jogadores mais renomados da Alemanha são os irmãos Bender. Com 27 anos, Sven e Lars, os únicos acima dos 23, defendem Borussia Dortmund e Bayern Leverkusen, respectivamente, mas não são unanimidades na seleção principal. O único que atua fora do país é David Gnabry. Artilheiro dos Jogos do Rio com seis gols, o meia de 21 anos pertence ao Arsenal, mas recebe poucas oportunidades no clube inglês e já foi emprestado ao West Bromwich, onde também não teve uma grande passagem. No Brasil, a história é diferente. A começar por Neymar, que é titular absoluto no Barcelona e figura certa nas convocações da equipe principal do Brasil, os demais jogadores também são absolutos em seus clubes. A defesa do Brasil, que conta com Zeca (Santos), Douglas Santos (Atlético-MG), Rodrigo Caio (São Paulo) e Marquinhos (PSG) atuaram em quase todas as partidas pelos seus times na temporada e, com exceção do santista, todos os outros estiveram na Copa América Centenário. Somados, os jogadores da seleção olímpica do brasil custam cerca de 224,7 milhões de euros (R$ 821,32 milhões). Brasileiros classificados para a Olimpíada
esporte
Ataque da seleção brasileira é mais caro do que todo time da Alemanha EDUARDO RODRIGUES DE SÃO PAULO O Brasil tenta neste sábado (20) o seu primeiro ouro no futebol em Jogos Olímpicos na final contra a Alemanha, e o time de Rogério Micale entra em campo com uma vantagem. Mais badalados e titulares em suas equipes, os atacantes da seleção brasileira são mais caros do que todos os jogadores alemães que enfrentaram a Nigéria na semifinal da Olimpíada. De acordo com o site Transfermarkt, que disponibiliza informações sobre valor de mercado de jogadores, a equipe europeia está avaliada em 107 milhões de euros (R$ 391,11). Já o ataque brasileiro, composto por Neymar, Luan, Gabriel e Gabriel Jesus, custa cerca de 159 milhões de euros, o equivalente a R$ 581,18 milhões. A disparidade entre as duas seleções na questão financeira segue uma lógica. Enquanto o Brasil tem uma obsessão pelo ouro, que já ficou perto em três ocasiões, os alemães não dão tamanha importância para o torneio. A última participação nos Jogos foi em 1988, em Seul. Os jogadores mais renomados da Alemanha são os irmãos Bender. Com 27 anos, Sven e Lars, os únicos acima dos 23, defendem Borussia Dortmund e Bayern Leverkusen, respectivamente, mas não são unanimidades na seleção principal. O único que atua fora do país é David Gnabry. Artilheiro dos Jogos do Rio com seis gols, o meia de 21 anos pertence ao Arsenal, mas recebe poucas oportunidades no clube inglês e já foi emprestado ao West Bromwich, onde também não teve uma grande passagem. No Brasil, a história é diferente. A começar por Neymar, que é titular absoluto no Barcelona e figura certa nas convocações da equipe principal do Brasil, os demais jogadores também são absolutos em seus clubes. A defesa do Brasil, que conta com Zeca (Santos), Douglas Santos (Atlético-MG), Rodrigo Caio (São Paulo) e Marquinhos (PSG) atuaram em quase todas as partidas pelos seus times na temporada e, com exceção do santista, todos os outros estiveram na Copa América Centenário. Somados, os jogadores da seleção olímpica do brasil custam cerca de 224,7 milhões de euros (R$ 821,32 milhões). Brasileiros classificados para a Olimpíada
4
Veja o cartum de Cammarota publicado na Ilustríssima deste domingo
RICARDO CAMMAROTA, 44, é ilustrador e desenha para a Folha há 12 anos.
ilustrissima
Veja o cartum de Cammarota publicado na Ilustríssima deste domingoRICARDO CAMMAROTA, 44, é ilustrador e desenha para a Folha há 12 anos.
18
Após uma colisão, capô amassado não pode ser recuperado
DE SÃO PAULO Dá para recuperar o capô amassado depois de uma colisão? Não. Por ser uma peça de deformação programada (o metal é trabalhado para reduzir riscos em caso de atropelamento ou batida), o capô não deve ser recondicionado, mas, substituído. Segundo Alessandro Rubio, coordenador técnico do Cesvi/Mapfre, o processo de reparo pode alterar as características da peça recuperada, fazendo com que perca sua função. Além de cobrir o motor, o capô tem a função de absorver parte da energia do impacto em caso de colisão. Ao ser reparado, o componente pode até ser projetado contra os ocupantes do veículo em um outro acidente. * Veja outras edições do Graxa Qual é o prazo recomendado para a troca do filtro de cabine? Quais os sinais de problema no alternador do carro? Saiba as diferenças entre tinta automotiva sólida, metálica e perolizada A manutenção de carros elétricos é mais complicada? Saiba as diferenças entre itens genuínos, originais e paralelos
sobretudo
Após uma colisão, capô amassado não pode ser recuperado DE SÃO PAULO Dá para recuperar o capô amassado depois de uma colisão? Não. Por ser uma peça de deformação programada (o metal é trabalhado para reduzir riscos em caso de atropelamento ou batida), o capô não deve ser recondicionado, mas, substituído. Segundo Alessandro Rubio, coordenador técnico do Cesvi/Mapfre, o processo de reparo pode alterar as características da peça recuperada, fazendo com que perca sua função. Além de cobrir o motor, o capô tem a função de absorver parte da energia do impacto em caso de colisão. Ao ser reparado, o componente pode até ser projetado contra os ocupantes do veículo em um outro acidente. * Veja outras edições do Graxa Qual é o prazo recomendado para a troca do filtro de cabine? Quais os sinais de problema no alternador do carro? Saiba as diferenças entre tinta automotiva sólida, metálica e perolizada A manutenção de carros elétricos é mais complicada? Saiba as diferenças entre itens genuínos, originais e paralelos
9
Receitas dos EUA são tema de nova doceria na Vila Olímpia
RENATA HELENA RODRIGUES DE SÃO PAULO Após morar em Los Angeles por um ano e fazer visitas frequentes aos Estados Unidos, a chef Tess Abreu passou a colecionar referências e receitas dos doces típicos do país. Em seu antigo negócio, porém, ela preparava apenas a guloseima que batizava a marca, chamada Adoro Brownie. A notícia, agora, é que desde o último sábado (2) a nova Tess Kitchen está de portas abertas com uma vitrine recheada de docinhos variados, todos de inspiração norte-americana. Os bolos úmidos de chocolate que fizeram a fama da chef seguem ali: brownies em versões com nozes, brigadeiro, Nutella e biscoito Oreo, por exemplo, ao custo de R$ 9 cada um. Lado a lado, estão outras guloseimas de sotaque estrangeiro, como cookies (R$ 6) e muffins, estes servidos com uma seringa plástica cheia de calda (R$ 7). O menu apresenta ainda cheesecakes com sabores que mudam diariamente e que incluem a versão de chocolate e banana caramelizada (R$ 10 a fatia). Desenhado na parede, o cardápio não se limita às receitas açucaradas e apresenta pratos para refeições rápidas. Entre eles há omelete recheada com cream cheese e fatias de salmão defumado, servida com salada orgânica (R$ 30) e pedaço de quiche em sabores como espinafre com queijo gorgonzola e iogurte mais legumes (R$ 15 cada um). Bebericando café expresso (R$ 4) ou milk-shake de sorvete de creme com pedaços de brownie (R$ 16), dá para experimentar os quitutes no pequeno salão de fachada envidraçada ou no deque de madeira instalado em frente ao imóvel. Na agradável área ao ar livre, os pets são bem-vindos. Tess Kitchen - R. Gomes de Carvalho, 116, Vila Olímpia, região oeste, tel. 4112-4842. 23 lugares. Seg. a sex.: 9h às 18h. Sáb.: 10h às 14h. CC: AE, D e M. l w
saopaulo
Receitas dos EUA são tema de nova doceria na Vila OlímpiaRENATA HELENA RODRIGUES DE SÃO PAULO Após morar em Los Angeles por um ano e fazer visitas frequentes aos Estados Unidos, a chef Tess Abreu passou a colecionar referências e receitas dos doces típicos do país. Em seu antigo negócio, porém, ela preparava apenas a guloseima que batizava a marca, chamada Adoro Brownie. A notícia, agora, é que desde o último sábado (2) a nova Tess Kitchen está de portas abertas com uma vitrine recheada de docinhos variados, todos de inspiração norte-americana. Os bolos úmidos de chocolate que fizeram a fama da chef seguem ali: brownies em versões com nozes, brigadeiro, Nutella e biscoito Oreo, por exemplo, ao custo de R$ 9 cada um. Lado a lado, estão outras guloseimas de sotaque estrangeiro, como cookies (R$ 6) e muffins, estes servidos com uma seringa plástica cheia de calda (R$ 7). O menu apresenta ainda cheesecakes com sabores que mudam diariamente e que incluem a versão de chocolate e banana caramelizada (R$ 10 a fatia). Desenhado na parede, o cardápio não se limita às receitas açucaradas e apresenta pratos para refeições rápidas. Entre eles há omelete recheada com cream cheese e fatias de salmão defumado, servida com salada orgânica (R$ 30) e pedaço de quiche em sabores como espinafre com queijo gorgonzola e iogurte mais legumes (R$ 15 cada um). Bebericando café expresso (R$ 4) ou milk-shake de sorvete de creme com pedaços de brownie (R$ 16), dá para experimentar os quitutes no pequeno salão de fachada envidraçada ou no deque de madeira instalado em frente ao imóvel. Na agradável área ao ar livre, os pets são bem-vindos. Tess Kitchen - R. Gomes de Carvalho, 116, Vila Olímpia, região oeste, tel. 4112-4842. 23 lugares. Seg. a sex.: 9h às 18h. Sáb.: 10h às 14h. CC: AE, D e M. l w
17
Partidos nanicos são alternativa não ideológica, diz Greca, eleito em Curitiba
ESTELITA HASS CARAZZAI DE CURITIBA De volta à Prefeitura de Curitiba depois de 20 anos, o prefeito eleito Rafael Greca (PMN) atribuiu o alto índice de abstenção nestas eleições à derrota das "bandeiras e ideologias pulverizadas pela Operação Lava Jato". "Há uma desilusão de pessoas que idealizavam a política e viram seus ídolos desmoronarem", disse, em entrevista à Folha. Greca, 60, que já passou pelo PDT, PFL e PMDB e foi ministro no governo FHC, afirmou que partidos nanicos como o PMN, pelo qual se elegeu, são "uma alternativa não ideológica" ao eleitor. Depois de ver sua campanha desidratar no primeiro turno ao declarar que "vomitou com cheiro de pobre", ele atribuiu sua eleição "à inteligência do povo de Curitiba". * Folha - A que o senhor atribui sua vitória? Rafael Greca - À inteligência do povo de Curitiba. Que soube perceber a importância da experiência, da boa formação urbanística e de engenharia, para enfrentar esse momento de crise. O que levou tantos eleitores a não votarem, ou optarem pelo nulo ou branco? Primeiramente, o grande feriado decretado aqui em Curitiba pelo atual prefeito [Gustavo Fruet, do PDT]. Mas também a desilusão com a política. Certamente eram pessoas que empunhavam bandeiras mais vermelhas, pulverizadas pela Lava Jato. Pessoas que idealizavam a política e viram seus ídolos desmoronarem e serem encarcerados com a Lava Jato. Preocupa o aumento de protestos contra o governo Temer, inclusive com ocupações de escolas? Não me compete comentar. As medidas que estão sendo aprovadas pelo Congresso são pensadas na perspectiva do saneamento das finanças públicas. O funcionalismo, na sua parcela mais inteligente, já refletiu que é melhor ter menos privilégios e ter salário do que não ter salários e continuar com privilégios nominais. Mas eu não gostaria de falar do nacional. Eu quero falar de Curitiba. Vocês me submetem a questionários exaustivos e não falam disso. Eu vou focar todas as minhas energias para que Curitiba dê certo e se transforme num exemplo para o Brasil. O sr. é de um partido pequeno, assim como os prefeitos eleitos de Rio e Belo Horizonte. Os nanicos ganham nova força? Eles cumpriram sua função de não trazer para a eleição as bandeiras rotas na Lava Jato. Eu tenho orgulho do PMN, porque a doutora Telma Ribeiro dos Santos [fundadora do partido], no momento em que lhe foi oferecido poder no governo federal, mas atrelado às práticas do mensalão, ela rompeu com o presidente Lula. Foi uma grande brasileira. Esses partidos menores funcionam mais ou menos como isso. São uma alternativa não ideológica. Às vezes o embate ideológico infelicita a administração municipal. Em relação à sua futura gestão, qual será a menina dos olhos entre suas propostas? A que está nos lábios do povo, a saúde. As pessoas dizem: se só fizer isso para nós, já está suficiente. E isso significa chegar no posto de saúde e encontrar médico, enfermeiro e remédio. Ter agente comunitário de saúde. Não condenar uma pessoa a esperar três anos por um exame. Isso não depende de investimento? As prefeituras estão em meio à crise econômica. Isso depende de vontade, de serviço. Coisa que faltou no Brasil. Vontade de servir. Por exemplo, na área urbanística, propus o Vale do Pinhão, é um projeto muito menos de construção e muito mais de fomento econômico. Nós vamos usar áreas deprimidas da cidade, como o centro histórico, e implantar condomínios de jovens voltados para a indústria de tecnologia de informação e para a economia criativa. Quando eu baixo o ISS de 5% para 2% a quem investir em Curitiba, eu estou fazendo algo que é muito mais de vontade do que de despesa. O sr. foi eleito prefeito pela primeira vez em 1992. São cenários muito diferentes, não? Não, porque foram dois momentos de grande aflição econômica. Até vir a tranquilidade do real, governei numa situação de tanta adversidade quanto hoje, se não mais. Se está difícil para o Gustavo Fruet, deixa que eu faço.
poder
Partidos nanicos são alternativa não ideológica, diz Greca, eleito em CuritibaESTELITA HASS CARAZZAI DE CURITIBA De volta à Prefeitura de Curitiba depois de 20 anos, o prefeito eleito Rafael Greca (PMN) atribuiu o alto índice de abstenção nestas eleições à derrota das "bandeiras e ideologias pulverizadas pela Operação Lava Jato". "Há uma desilusão de pessoas que idealizavam a política e viram seus ídolos desmoronarem", disse, em entrevista à Folha. Greca, 60, que já passou pelo PDT, PFL e PMDB e foi ministro no governo FHC, afirmou que partidos nanicos como o PMN, pelo qual se elegeu, são "uma alternativa não ideológica" ao eleitor. Depois de ver sua campanha desidratar no primeiro turno ao declarar que "vomitou com cheiro de pobre", ele atribuiu sua eleição "à inteligência do povo de Curitiba". * Folha - A que o senhor atribui sua vitória? Rafael Greca - À inteligência do povo de Curitiba. Que soube perceber a importância da experiência, da boa formação urbanística e de engenharia, para enfrentar esse momento de crise. O que levou tantos eleitores a não votarem, ou optarem pelo nulo ou branco? Primeiramente, o grande feriado decretado aqui em Curitiba pelo atual prefeito [Gustavo Fruet, do PDT]. Mas também a desilusão com a política. Certamente eram pessoas que empunhavam bandeiras mais vermelhas, pulverizadas pela Lava Jato. Pessoas que idealizavam a política e viram seus ídolos desmoronarem e serem encarcerados com a Lava Jato. Preocupa o aumento de protestos contra o governo Temer, inclusive com ocupações de escolas? Não me compete comentar. As medidas que estão sendo aprovadas pelo Congresso são pensadas na perspectiva do saneamento das finanças públicas. O funcionalismo, na sua parcela mais inteligente, já refletiu que é melhor ter menos privilégios e ter salário do que não ter salários e continuar com privilégios nominais. Mas eu não gostaria de falar do nacional. Eu quero falar de Curitiba. Vocês me submetem a questionários exaustivos e não falam disso. Eu vou focar todas as minhas energias para que Curitiba dê certo e se transforme num exemplo para o Brasil. O sr. é de um partido pequeno, assim como os prefeitos eleitos de Rio e Belo Horizonte. Os nanicos ganham nova força? Eles cumpriram sua função de não trazer para a eleição as bandeiras rotas na Lava Jato. Eu tenho orgulho do PMN, porque a doutora Telma Ribeiro dos Santos [fundadora do partido], no momento em que lhe foi oferecido poder no governo federal, mas atrelado às práticas do mensalão, ela rompeu com o presidente Lula. Foi uma grande brasileira. Esses partidos menores funcionam mais ou menos como isso. São uma alternativa não ideológica. Às vezes o embate ideológico infelicita a administração municipal. Em relação à sua futura gestão, qual será a menina dos olhos entre suas propostas? A que está nos lábios do povo, a saúde. As pessoas dizem: se só fizer isso para nós, já está suficiente. E isso significa chegar no posto de saúde e encontrar médico, enfermeiro e remédio. Ter agente comunitário de saúde. Não condenar uma pessoa a esperar três anos por um exame. Isso não depende de investimento? As prefeituras estão em meio à crise econômica. Isso depende de vontade, de serviço. Coisa que faltou no Brasil. Vontade de servir. Por exemplo, na área urbanística, propus o Vale do Pinhão, é um projeto muito menos de construção e muito mais de fomento econômico. Nós vamos usar áreas deprimidas da cidade, como o centro histórico, e implantar condomínios de jovens voltados para a indústria de tecnologia de informação e para a economia criativa. Quando eu baixo o ISS de 5% para 2% a quem investir em Curitiba, eu estou fazendo algo que é muito mais de vontade do que de despesa. O sr. foi eleito prefeito pela primeira vez em 1992. São cenários muito diferentes, não? Não, porque foram dois momentos de grande aflição econômica. Até vir a tranquilidade do real, governei numa situação de tanta adversidade quanto hoje, se não mais. Se está difícil para o Gustavo Fruet, deixa que eu faço.
0
Jogos na reta final
Apaziguado o recente constrangimento com as falhas na Vila dos Atletas, a Olimpíada do Rio se encaminha finalmente para o teste da fase desportiva. Em que pesem improvisações de última hora e cronogramas atrasados, a expectativa é que a cidade cartão-postal do Brasil ficará à altura do megaevento. A seis dias da cerimônia de abertura, todas as arenas foram entregues, e algumas já são usadas para treinamento. Preocupa, porém, que a maioria não terá passado por testes com grande público, o que pode levar a surpresas desagradáveis similares às dos alojamentos. No quesito segurança, o Rio tem conseguido isolar os grandes eventos que sedia de sua triste rotina de violência, como se viu na conferência Rio+20. Desta vez, a mobilização, recorde para a cidade, envolverá 51,6 mil homens, entre policiais e militares. Desacostumado a lidar com a crescente ameaça terrorista de extremistas islâmicos, o Brasil parece ter se preparado a contento, prendendo suspeitos e aceitando ajuda de países como EUA e França. Outra incógnita, esta menos preocupante, é a possibilidade de protestos durante os Jogos. As experiências prévias da visita do papa Francisco, em 2013, e da Copa, no ano seguinte, sugerem o risco de confrontos violentos com a polícia, mas localizados e sem maior ameaça ao público. Por outro lado, é preocupante o improviso na revista para a entrada nas arenas. Nesta sexta-feira (29), o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou que 3.000 PMs inativos assumirão a revista em espectadores, após o governo romper o contrato com uma empresa que havia sido escolhida mesmo sem ser do ramo. Na parte de infraestrutura, o transporte público recebeu melhorias significativas e deverá ser o maior legado olímpico para a cidade. São três corredores viários, que somam 117 quilômetros de faixas exclusivas para os ônibus, e uma nova linha de metrô. Aqui, também, os preparativos de última hora potencializam o risco de problemas: a linha 4, que liga a zona sul à Barra da Tijuca, será inaugurada neste sábado (30) sem ter passado por um período experimental, como é praxe. Já outro aspecto do legado prometido, a fracassada despoluição da baía da Guanabara, desponta como a grande decepção, tanto para atletas obrigados a competir em suas águas imundas quanto para a população fluminense, que não se verá livre do problema tão cedo. Dois anos após o país organizar com sucesso um evento esportivo grandioso como a Copa do Mundo, espera-se que o Rio consiga repetir o êxito nos primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul. [email protected]
opiniao
Jogos na reta finalApaziguado o recente constrangimento com as falhas na Vila dos Atletas, a Olimpíada do Rio se encaminha finalmente para o teste da fase desportiva. Em que pesem improvisações de última hora e cronogramas atrasados, a expectativa é que a cidade cartão-postal do Brasil ficará à altura do megaevento. A seis dias da cerimônia de abertura, todas as arenas foram entregues, e algumas já são usadas para treinamento. Preocupa, porém, que a maioria não terá passado por testes com grande público, o que pode levar a surpresas desagradáveis similares às dos alojamentos. No quesito segurança, o Rio tem conseguido isolar os grandes eventos que sedia de sua triste rotina de violência, como se viu na conferência Rio+20. Desta vez, a mobilização, recorde para a cidade, envolverá 51,6 mil homens, entre policiais e militares. Desacostumado a lidar com a crescente ameaça terrorista de extremistas islâmicos, o Brasil parece ter se preparado a contento, prendendo suspeitos e aceitando ajuda de países como EUA e França. Outra incógnita, esta menos preocupante, é a possibilidade de protestos durante os Jogos. As experiências prévias da visita do papa Francisco, em 2013, e da Copa, no ano seguinte, sugerem o risco de confrontos violentos com a polícia, mas localizados e sem maior ameaça ao público. Por outro lado, é preocupante o improviso na revista para a entrada nas arenas. Nesta sexta-feira (29), o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou que 3.000 PMs inativos assumirão a revista em espectadores, após o governo romper o contrato com uma empresa que havia sido escolhida mesmo sem ser do ramo. Na parte de infraestrutura, o transporte público recebeu melhorias significativas e deverá ser o maior legado olímpico para a cidade. São três corredores viários, que somam 117 quilômetros de faixas exclusivas para os ônibus, e uma nova linha de metrô. Aqui, também, os preparativos de última hora potencializam o risco de problemas: a linha 4, que liga a zona sul à Barra da Tijuca, será inaugurada neste sábado (30) sem ter passado por um período experimental, como é praxe. Já outro aspecto do legado prometido, a fracassada despoluição da baía da Guanabara, desponta como a grande decepção, tanto para atletas obrigados a competir em suas águas imundas quanto para a população fluminense, que não se verá livre do problema tão cedo. Dois anos após o país organizar com sucesso um evento esportivo grandioso como a Copa do Mundo, espera-se que o Rio consiga repetir o êxito nos primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul. [email protected]
14
Jessica Lange fotógrafa e outras quatro indicações culturais
EXPOSIÇÃO | JESSICA LANGE: FOTÓGRAFA A "Ilustríssima" fez três perguntas para a atriz de 65 anos que expõe em São Paulo suas fotografias. Museu da Imagem e do Som tel. (11) 2117-4777 | abertura ter. (10), às 20h | de ter. a sex., das 12h às 21h; sáb., das 10h às 22h; dom. e feriados, das 11h às 20h | R$ 6 (grátis às ter.) | até 5/4 Folha - Qual Jessica veio primeiro: a atriz ou a fotógrafa? Lange - Provavelmente foi a pintora, essa era minha intenção quando me matriculei na faculdade de belas artes [em 1967]. Uma das disciplinas era fotografia e assim me iniciei, com [Francisco] Paco Grande, que foi meu professor. A fotografia influencia seu trabalho de atriz? É mais ao contrário. Como atriz, é indispensável saber ocupar o espaço e o tempo. Num set, ou na vida real, fotografando, tenho que estar no que interpreto, no que vejo; essa é uma característica que deve ser levada em conta nos dois âmbitos, se não, nada acontece. O que há em comum entre cinema e fotografia? A minha experiência no cinema me permitiu cultivar certa sensibilidade à luz. Nos filmes, como em minhas fotos, a protagonista é sempre a luz, principalmente em meu trabalho no México. Essa sensibilidade vem de 35 anos de cinema. (ÚRSULA PASSOS) * LIVRO | WILLIAM FAULKNER Publicado em 1936, "Absalão, Absalão!" conta, por meio de quatro narradores, a história de Thomas Sutpen, um fazendeiro que busca ficar rico no sul do Estados Unidos na época da Guerra de Secessão. O escritor americano (1897-1962) trata, nesta obra, de questões familiares e do racismo. trad. Celso Mauro Paciornik e Julia Romeu | Cosac Naify | R$ 69,90 (352 págs.) * CINEMA | NICOLAS PHILIBERT A mostra dedicada ao documentarista francês, diretor de "Ser e Ter" (2002), exibe oito de seus longa-metragens, como "A Cidade Louvre" (1990), no qual é possível conhecer as reservas técnicas e os segredos do museu parisiense. Com exceção de "A Estação de Rádio" (2013), seu filme mais recente, sobre a Radio France, todos os títulos serão exibidos em 35mm. Centro Cultural Banco do Brasil | tel. (11) 3113-3651 programação em bb.com.br/cultura | R$ 4 | até 23/2 * EXPOSIÇÃO | 6º SALÃO DOS ARTISTAS SEM GALERIA Com seleção de Adriano Casanova, Enock Sacramento e Mario Gioia, a mostra expõe, em dois espaços, dez artistas que não tenham contrato de representação com galerias -foram 145 inscritos, de 11 Estados. O vencedor ganha prêmio de R$ 1.000 e uma individual na Orlando Lemos Galeria, em Belo Horizonte. Zipper | tel. (11) 4306-4306 de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 17h galeria Sancovsky | tel. (11) 3086-0784 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 18h30 | grátis | até 21/2 * MÚSICA | HEITOR VILLA-LOBOS O CD da gravação da "Sinfonia nº 10, Ameríndia" pela Osesp, com o Coro da Osesp, sob regência de Isaac Karabtchevsky, é o terceiro lançamento do projeto da orquestra que pretende gravar as 11 sinfonias do músico carioca (1887-1959). Com trechos de coro em tupi e em latim, a peça foi uma encomenda para o 400º aniversário de São Paulo, em 1954, mas só estreou em 1957. Naxos/Movieplay | R$ 35,90
ilustrissima
Jessica Lange fotógrafa e outras quatro indicações culturaisEXPOSIÇÃO | JESSICA LANGE: FOTÓGRAFA A "Ilustríssima" fez três perguntas para a atriz de 65 anos que expõe em São Paulo suas fotografias. Museu da Imagem e do Som tel. (11) 2117-4777 | abertura ter. (10), às 20h | de ter. a sex., das 12h às 21h; sáb., das 10h às 22h; dom. e feriados, das 11h às 20h | R$ 6 (grátis às ter.) | até 5/4 Folha - Qual Jessica veio primeiro: a atriz ou a fotógrafa? Lange - Provavelmente foi a pintora, essa era minha intenção quando me matriculei na faculdade de belas artes [em 1967]. Uma das disciplinas era fotografia e assim me iniciei, com [Francisco] Paco Grande, que foi meu professor. A fotografia influencia seu trabalho de atriz? É mais ao contrário. Como atriz, é indispensável saber ocupar o espaço e o tempo. Num set, ou na vida real, fotografando, tenho que estar no que interpreto, no que vejo; essa é uma característica que deve ser levada em conta nos dois âmbitos, se não, nada acontece. O que há em comum entre cinema e fotografia? A minha experiência no cinema me permitiu cultivar certa sensibilidade à luz. Nos filmes, como em minhas fotos, a protagonista é sempre a luz, principalmente em meu trabalho no México. Essa sensibilidade vem de 35 anos de cinema. (ÚRSULA PASSOS) * LIVRO | WILLIAM FAULKNER Publicado em 1936, "Absalão, Absalão!" conta, por meio de quatro narradores, a história de Thomas Sutpen, um fazendeiro que busca ficar rico no sul do Estados Unidos na época da Guerra de Secessão. O escritor americano (1897-1962) trata, nesta obra, de questões familiares e do racismo. trad. Celso Mauro Paciornik e Julia Romeu | Cosac Naify | R$ 69,90 (352 págs.) * CINEMA | NICOLAS PHILIBERT A mostra dedicada ao documentarista francês, diretor de "Ser e Ter" (2002), exibe oito de seus longa-metragens, como "A Cidade Louvre" (1990), no qual é possível conhecer as reservas técnicas e os segredos do museu parisiense. Com exceção de "A Estação de Rádio" (2013), seu filme mais recente, sobre a Radio France, todos os títulos serão exibidos em 35mm. Centro Cultural Banco do Brasil | tel. (11) 3113-3651 programação em bb.com.br/cultura | R$ 4 | até 23/2 * EXPOSIÇÃO | 6º SALÃO DOS ARTISTAS SEM GALERIA Com seleção de Adriano Casanova, Enock Sacramento e Mario Gioia, a mostra expõe, em dois espaços, dez artistas que não tenham contrato de representação com galerias -foram 145 inscritos, de 11 Estados. O vencedor ganha prêmio de R$ 1.000 e uma individual na Orlando Lemos Galeria, em Belo Horizonte. Zipper | tel. (11) 4306-4306 de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 17h galeria Sancovsky | tel. (11) 3086-0784 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 18h30 | grátis | até 21/2 * MÚSICA | HEITOR VILLA-LOBOS O CD da gravação da "Sinfonia nº 10, Ameríndia" pela Osesp, com o Coro da Osesp, sob regência de Isaac Karabtchevsky, é o terceiro lançamento do projeto da orquestra que pretende gravar as 11 sinfonias do músico carioca (1887-1959). Com trechos de coro em tupi e em latim, a peça foi uma encomenda para o 400º aniversário de São Paulo, em 1954, mas só estreou em 1957. Naxos/Movieplay | R$ 35,90
18
Na Osklen, Oskar Metsavaht trabalha sutilezas em looks de balneário
Sutileza é a palavra quando pensamos no desfile da Osklen de Oskar Metsavaht. Além dos tecidos e silhuetas fluidas, os detalhes enriquecem a coleção de uma maneira que transforma roupas comuns em um desfile de moda. São peças fáceis, calças largas, vestidos longos e camisas afastadas do corpo. Tudo muito tranquilo, como a moda praia deve ser. As estampas passam de listras à folhagem tropical. O japonismo aparece revisitado em quimonos, assim como os pareôs que vem do Oriente e transitam facilmente da praia à cidade. Os detalhes dos broches e cintos de ráfia que parecem ora pepluns rígidos, ora cintos japoneses dão o toque final em looks que poderiam ser simples, mas são especiais. O bloco final é composto apenas por saídas de banho alongadas em tons de entardecer, como vermelho, amarelo e verde queimado.
ilustrada
Na Osklen, Oskar Metsavaht trabalha sutilezas em looks de balneárioSutileza é a palavra quando pensamos no desfile da Osklen de Oskar Metsavaht. Além dos tecidos e silhuetas fluidas, os detalhes enriquecem a coleção de uma maneira que transforma roupas comuns em um desfile de moda. São peças fáceis, calças largas, vestidos longos e camisas afastadas do corpo. Tudo muito tranquilo, como a moda praia deve ser. As estampas passam de listras à folhagem tropical. O japonismo aparece revisitado em quimonos, assim como os pareôs que vem do Oriente e transitam facilmente da praia à cidade. Os detalhes dos broches e cintos de ráfia que parecem ora pepluns rígidos, ora cintos japoneses dão o toque final em looks que poderiam ser simples, mas são especiais. O bloco final é composto apenas por saídas de banho alongadas em tons de entardecer, como vermelho, amarelo e verde queimado.
1
China promete medidas para deter desaceleração do investimento privado
A China vai adotar medidas para deter a desaceleração do investimento do setor privado, informou o gabinete do país nesta quarta-feira (4). Entre as ações indicadas está a facilitação do acesso das empresas privadas ao mercado. O anúncio do gabinete foi feito após dados mostrarem que os investimentos em ativos fixos das empresas privadas subiram 5,7% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior, desacelerando em relação ao aumento de 10,1% em 2015. "A confiança privada é uma força de suporte importante para estabilizar o crescimento, ajustar as estruturas e promover o emprego", disse o Conselho de Estado em comunicado após reunião regular. "Temos de tomar medidas fortes para realizar as políticas econômicas relevantes, facilitar mais o acesso ao mercado e criar um ambiente justo de negócios para promover uma melhora do investimento privado."
mercado
China promete medidas para deter desaceleração do investimento privadoA China vai adotar medidas para deter a desaceleração do investimento do setor privado, informou o gabinete do país nesta quarta-feira (4). Entre as ações indicadas está a facilitação do acesso das empresas privadas ao mercado. O anúncio do gabinete foi feito após dados mostrarem que os investimentos em ativos fixos das empresas privadas subiram 5,7% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior, desacelerando em relação ao aumento de 10,1% em 2015. "A confiança privada é uma força de suporte importante para estabilizar o crescimento, ajustar as estruturas e promover o emprego", disse o Conselho de Estado em comunicado após reunião regular. "Temos de tomar medidas fortes para realizar as políticas econômicas relevantes, facilitar mais o acesso ao mercado e criar um ambiente justo de negócios para promover uma melhora do investimento privado."
2
Mostra de Beuys, acervos audiovisuais e outras cinco indicações culturais
EXPOSIÇÃO | MARIANA TASSINARI A artista paulistana, em "Quina", apresenta suas composições de fotografias, nas quais justapõe ângulos de paisagens naturais e de construções, destacando as formas geométricas e o seu volume. Fauna Galeria | tel. (11) 3668-6572 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 14h | grátis | até 30/4 * EXPOSIÇÃO | AMILCAR DE CASTRO Esculturas em aço, como as da série "Corte e Dobra", e desenhos em tinta acrílica sobre tela e sobre papel estão na mostra. A seleção, de 20 trabalhos, busca destacar trabalhos menos exibidos do artista mineiro (1920-2002), feitos nos anos 1970 e 1980. Galeria Marília Razuk | tel. (11) 3079-0853 | de seg. a sex., das 10h30 às 19h; sáb., das 12h às 17h | grátis | até 30/4 * EXPOSIÇÃO | JOSEPH BEUYS A mostra conta com cerca de 40 obras, entre vídeos e esculturas, criadas pelo artista alemão (1921-86) nas décadas de 1950 a 1980. É possível assistir a registro do seu trabalho mais conhecido, a performance "I Like America and America Likes Me" (eu gosto da América e a América gosta de mim), de 1974, na qual ficou isolado três dias na sala de uma galeria de Nova York com um coiote, um cobertor de feltro, uma bengala e exemplares do "Wall Street Journal". Galeria Bergamin & Gomide | tel. (11) 3853-5800 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 15h | grátis | até 30/4 * LIVRO | WILMA MARTINS A publicação abrange 60 anos de produção da artista visual mineira radicada no Rio, uma das convidadas da próxima Bienal de São Paulo. No volume, estão reproduzidos desenhos, xilogravuras e pinturas, além de textos que analisam a sua trajetória. Tamanduá_Arte | R$ 100 (188 págs.) * SEMINÁRIO | ACERVOS AUDIOVISUAIS Em duas mesas, o Seminário Internacional Filmes e Vídeos de Artistas debaterá metodologias e práticas para conservação e exibição desse tipo de material em museus. Participarão, entre outros convidados, Cristina Cámara (Museu Reina Sofía, da Espanha) e Victoria Giraudo (Malba, da Argentina).O tema também é abordado em exposição do acervo de vídeos do Instituto Itaú Cultural, que fica em cartaz até 22/5. *Itaú Cultural | tel. (11) 2168-1776 | qua. (23), às 17h30 e às 20h | grátis (distribuição 30 min. antes de cada mesa) | exposição: de ter. a sex., das 9h às 20h; sáb., dom. e feriados, das 11h às 20h * TEATRO | MOSTRA DE DRAMATURGIA LATINO-AMERICANA CONTEMPORÂNEA O festival termina nesta semana com as peças "Sonho com Revólver" (Argentina; dia 21, às 17h; dia 23, às 19h30), "Mata-me, por Favor" (Bolívia; dia 21, às 19h30) e "Considerado Culpado" (Peru; dias 22 e 23, às 17h). Oficina Cultural Oswald de Andrade | tel. (11) 3222-2662 | grátis (distribuição meia hora antes) * SHOW | TINARIWEN A banda africana, conhecida por letras de protesto, está em atividade desde o fim dos anos 1970. Formada por artistas de origem tuaregue da Argélia e do Mali, ganhou, em 2012, com o álbum "Tassili", o Grammy de melhor disco de world music. Sesc Vila Mariana | tel. (11) 5080-3000 | qua. (23) e qui. (24), às 21h de R$ 15 a R$ 50
ilustrissima
Mostra de Beuys, acervos audiovisuais e outras cinco indicações culturaisEXPOSIÇÃO | MARIANA TASSINARI A artista paulistana, em "Quina", apresenta suas composições de fotografias, nas quais justapõe ângulos de paisagens naturais e de construções, destacando as formas geométricas e o seu volume. Fauna Galeria | tel. (11) 3668-6572 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 14h | grátis | até 30/4 * EXPOSIÇÃO | AMILCAR DE CASTRO Esculturas em aço, como as da série "Corte e Dobra", e desenhos em tinta acrílica sobre tela e sobre papel estão na mostra. A seleção, de 20 trabalhos, busca destacar trabalhos menos exibidos do artista mineiro (1920-2002), feitos nos anos 1970 e 1980. Galeria Marília Razuk | tel. (11) 3079-0853 | de seg. a sex., das 10h30 às 19h; sáb., das 12h às 17h | grátis | até 30/4 * EXPOSIÇÃO | JOSEPH BEUYS A mostra conta com cerca de 40 obras, entre vídeos e esculturas, criadas pelo artista alemão (1921-86) nas décadas de 1950 a 1980. É possível assistir a registro do seu trabalho mais conhecido, a performance "I Like America and America Likes Me" (eu gosto da América e a América gosta de mim), de 1974, na qual ficou isolado três dias na sala de uma galeria de Nova York com um coiote, um cobertor de feltro, uma bengala e exemplares do "Wall Street Journal". Galeria Bergamin & Gomide | tel. (11) 3853-5800 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 15h | grátis | até 30/4 * LIVRO | WILMA MARTINS A publicação abrange 60 anos de produção da artista visual mineira radicada no Rio, uma das convidadas da próxima Bienal de São Paulo. No volume, estão reproduzidos desenhos, xilogravuras e pinturas, além de textos que analisam a sua trajetória. Tamanduá_Arte | R$ 100 (188 págs.) * SEMINÁRIO | ACERVOS AUDIOVISUAIS Em duas mesas, o Seminário Internacional Filmes e Vídeos de Artistas debaterá metodologias e práticas para conservação e exibição desse tipo de material em museus. Participarão, entre outros convidados, Cristina Cámara (Museu Reina Sofía, da Espanha) e Victoria Giraudo (Malba, da Argentina).O tema também é abordado em exposição do acervo de vídeos do Instituto Itaú Cultural, que fica em cartaz até 22/5. *Itaú Cultural | tel. (11) 2168-1776 | qua. (23), às 17h30 e às 20h | grátis (distribuição 30 min. antes de cada mesa) | exposição: de ter. a sex., das 9h às 20h; sáb., dom. e feriados, das 11h às 20h * TEATRO | MOSTRA DE DRAMATURGIA LATINO-AMERICANA CONTEMPORÂNEA O festival termina nesta semana com as peças "Sonho com Revólver" (Argentina; dia 21, às 17h; dia 23, às 19h30), "Mata-me, por Favor" (Bolívia; dia 21, às 19h30) e "Considerado Culpado" (Peru; dias 22 e 23, às 17h). Oficina Cultural Oswald de Andrade | tel. (11) 3222-2662 | grátis (distribuição meia hora antes) * SHOW | TINARIWEN A banda africana, conhecida por letras de protesto, está em atividade desde o fim dos anos 1970. Formada por artistas de origem tuaregue da Argélia e do Mali, ganhou, em 2012, com o álbum "Tassili", o Grammy de melhor disco de world music. Sesc Vila Mariana | tel. (11) 5080-3000 | qua. (23) e qui. (24), às 21h de R$ 15 a R$ 50
18
Chefe de hospital da UFRJ diz faltar materiais para cirurgia e é exonerado
Após o vazamento de um comunicado interno do chefe do setor de cirurgia cardíaca do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, no qual ele afirmava que operações estavam sendo feitas sem materiais essenciais, a direção da instituição decidiu exonerá-lo do cargo nesta quarta-feira (17). Na carta, datada de 15 de junho –a qual a Folha teve acesso–, o médico Mauro Paes Leme de Sá escreve que estava suspendendo as atividades na cardiologia do hospital por falta "de uma variedade de insumos essenciais à realização de operações com segurança". Na missiva endereçada à direção geral do hospital, ele afirma, por exemplo, que o estoque de cateter de balão intraaórtico estava com estoque "zerado há meses". O equipamento é como um coração artificial, que bombeia sangue quando o órgão para de funcionar. O médico lista ao todo sete itens que, segundo cardiologistas consultados pela reportagem, são indispensáveis em um centro cirúrgico do segmento. O diretor geral do hospital universitário, Eduardo Côrtes, confirmou o conteúdo da carta, mas negou que as cirurgias tenham sido suspensas. Ele reconheceu que "eventualmente, faltam materiais" e disse que já há pedidos de compra dos insumos fora de estoque. O autor da carta foi exonerado nesta quarta. Procurado, confirmou o envio da correspondência, mas negou que tenha vazado o documento. OUTRO LADO Questionado especificamente sobre os itens listados, o diretor do hospital universitário, Eduardo Côrtes, disse não ter condição de dizer quais estariam em falta. Ele afirmou que as cirurgias cardíacas ocorrem às segundas-feiras e, quando há procedimento que demande materiais em falta, a operação não é feita. No caso de uma emergência, o paciente é transferido. "Eventualmente faltam coisas, mas a atitude do hospital é de reposição constante", disse. O diretor-geral afirmou ainda que a carta vazada na internet tem elementos falsos. Segundo ele, o conteúdo está correto, mas a assinatura de Sá e o carimbo do autor foram forjados. Ele não forneceu a versão original e disse que abrirá uma sindicância para apurar o ocorrido. CUSTOS ALTOS O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho tem atualmente 220 leitos. Inaugurado em 1978 com duas torres de 15 andares e espaço para 2.000 leitos, sofreu com sucateamento. Em 2010, uma parte do segundo prédio foi demolida, o que reduziu pela metade sua capacidade. Cento e sessenta médicos fazem residência no local. A unidade não tem orçamento próprio e vive de repasses do SUS (Sistema Único de Saúde). Segundo Côrtes, os repasses não cobrem os custos, em torno de R$ 4,4 milhões por mês. Dos R$ 10,5 milhões liberados no ano passado pelo REHUF (Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais), do Ministério da Educação, R$ 7,5 milhões foram contigenciados. "Com a redução de leitos, caiu muito a nossa receita". Para o cardiologista e ex-diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Carlos Alberto Machado, um hospital que não tem os itens citados na carta não deveria realizar cirurgias cardíacas. Os itens vão desde medicamentos complexos, como a solução cardioplégica, usada para fazer o coração parar de bater, a materiais básicos, como os campos cirúrgicos, espécie de lençol que isola a área operada do resto do corpo do paciente.
cotidiano
Chefe de hospital da UFRJ diz faltar materiais para cirurgia e é exoneradoApós o vazamento de um comunicado interno do chefe do setor de cirurgia cardíaca do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, no qual ele afirmava que operações estavam sendo feitas sem materiais essenciais, a direção da instituição decidiu exonerá-lo do cargo nesta quarta-feira (17). Na carta, datada de 15 de junho –a qual a Folha teve acesso–, o médico Mauro Paes Leme de Sá escreve que estava suspendendo as atividades na cardiologia do hospital por falta "de uma variedade de insumos essenciais à realização de operações com segurança". Na missiva endereçada à direção geral do hospital, ele afirma, por exemplo, que o estoque de cateter de balão intraaórtico estava com estoque "zerado há meses". O equipamento é como um coração artificial, que bombeia sangue quando o órgão para de funcionar. O médico lista ao todo sete itens que, segundo cardiologistas consultados pela reportagem, são indispensáveis em um centro cirúrgico do segmento. O diretor geral do hospital universitário, Eduardo Côrtes, confirmou o conteúdo da carta, mas negou que as cirurgias tenham sido suspensas. Ele reconheceu que "eventualmente, faltam materiais" e disse que já há pedidos de compra dos insumos fora de estoque. O autor da carta foi exonerado nesta quarta. Procurado, confirmou o envio da correspondência, mas negou que tenha vazado o documento. OUTRO LADO Questionado especificamente sobre os itens listados, o diretor do hospital universitário, Eduardo Côrtes, disse não ter condição de dizer quais estariam em falta. Ele afirmou que as cirurgias cardíacas ocorrem às segundas-feiras e, quando há procedimento que demande materiais em falta, a operação não é feita. No caso de uma emergência, o paciente é transferido. "Eventualmente faltam coisas, mas a atitude do hospital é de reposição constante", disse. O diretor-geral afirmou ainda que a carta vazada na internet tem elementos falsos. Segundo ele, o conteúdo está correto, mas a assinatura de Sá e o carimbo do autor foram forjados. Ele não forneceu a versão original e disse que abrirá uma sindicância para apurar o ocorrido. CUSTOS ALTOS O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho tem atualmente 220 leitos. Inaugurado em 1978 com duas torres de 15 andares e espaço para 2.000 leitos, sofreu com sucateamento. Em 2010, uma parte do segundo prédio foi demolida, o que reduziu pela metade sua capacidade. Cento e sessenta médicos fazem residência no local. A unidade não tem orçamento próprio e vive de repasses do SUS (Sistema Único de Saúde). Segundo Côrtes, os repasses não cobrem os custos, em torno de R$ 4,4 milhões por mês. Dos R$ 10,5 milhões liberados no ano passado pelo REHUF (Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais), do Ministério da Educação, R$ 7,5 milhões foram contigenciados. "Com a redução de leitos, caiu muito a nossa receita". Para o cardiologista e ex-diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Carlos Alberto Machado, um hospital que não tem os itens citados na carta não deveria realizar cirurgias cardíacas. Os itens vão desde medicamentos complexos, como a solução cardioplégica, usada para fazer o coração parar de bater, a materiais básicos, como os campos cirúrgicos, espécie de lençol que isola a área operada do resto do corpo do paciente.
6
Leitores da Folha enviam imagens do eclipse no Brasil e nos EUA
Nesta segunda (21) aconteceu um eclipse total nos EUA e parcial no Brasil. Nos EUA a comoção foi tão grande porque o eclipse total percorreu o país de costa a costa, o que não acontece há 38 anos. Pelo Brasil, foi o segundo eclipse visível em 2017. Ele esteve visível no Norte e Nordeste, aproximadamente entre as 16h (de Brasília) e o pôr do Sol. O dia foi de muitas imagens nas redes sociais. E a Folha quer interagir com você, leitor! Está em alguma cidade brasileira ou dos Estados Unidos na qual é possível ver o fenômeno? Mande sua imagem para o WhatsApp do jornal ((0/xx/11/994-901-649), que iremos destacar as melhores em nossa home e redes sociais. Não esqueça de informar seu nome completo, idade e local da foto. Os participantes autorizam a Folha a reproduzir as imagens enviadas em qualquer plataforma do jornal, digital ou impressa, e a utilizar seus nomes nos créditos. Bom eclipse!
paineldoleitor
Leitores da Folha enviam imagens do eclipse no Brasil e nos EUANesta segunda (21) aconteceu um eclipse total nos EUA e parcial no Brasil. Nos EUA a comoção foi tão grande porque o eclipse total percorreu o país de costa a costa, o que não acontece há 38 anos. Pelo Brasil, foi o segundo eclipse visível em 2017. Ele esteve visível no Norte e Nordeste, aproximadamente entre as 16h (de Brasília) e o pôr do Sol. O dia foi de muitas imagens nas redes sociais. E a Folha quer interagir com você, leitor! Está em alguma cidade brasileira ou dos Estados Unidos na qual é possível ver o fenômeno? Mande sua imagem para o WhatsApp do jornal ((0/xx/11/994-901-649), que iremos destacar as melhores em nossa home e redes sociais. Não esqueça de informar seu nome completo, idade e local da foto. Os participantes autorizam a Folha a reproduzir as imagens enviadas em qualquer plataforma do jornal, digital ou impressa, e a utilizar seus nomes nos créditos. Bom eclipse!
16
Coisas que a gente deveria fazer antes que seja tarde
Ontem, perdi uma pessoa querida. E, quando soube da notícia, pensei em todas as coisas que gostaria de ter dito, mas agora já é tarde. Quantos cafés, quantas risadas eu gostaria de ter compartilhado com ela, mas agora já não dá mais. Difícil a gente não se afundar naquele tipo de pensamento recorrente que temos quando não há mais tempo para dizer ou fazer algo. Quantas vezes combino um chope, fico de ligar, fazer uma visita e tudo morre na intenção, sempre consumida por tantas outros compromissos menos importantes? Amanhã pode ser tarde para um punhado de coisas que deixamos para amanhã. Lembro que tinha um ritual semanal de ligar para todas as pessoas de quem mais gosto, mesmo que fosse apenas para dar um "olá", saber se está tudo bem. Hoje, a gente passa semanas sem ouvir a voz de alguém, porque resolve tudo por mensagem ou com um like aqui e outro acolá num post do Facebook. Isso não é convivência. Isso não diminui a distância que vamos nos impondo, mesmo sem querer, de quem mais gostamos. Acumulamos dia a dia dívidas de carinho, atenção e cuidado. Colecionamos cicatrizes emocionais porque nos acostumamos a viver de expectativas que não se concretizam. Ontem, passei a mão no telefone e liguei para minha melhor amiga, que mora em outra cidade. Falamos por 15 minutos. Ela precisava, eu também, foi um carinho no coração. Almocei com outras duas, que eu não via fazia muito tempo. Foi rapidinho, entre um compromisso e outro, mas matamos a saudade, vi como a barriga de uma delas, que espera um bebê, cresceu. DESCULPAS Sempre encontramos desculpas de que a vida está corrida, que os dias passam mais rápido, que os meses voam, que os anos... nem fale nos anos. Mas a verdade é que a gente simplesmente deixa a vida passar porque acredita que sempre pode deixar para amanhã que nem sempre virá. Pode ser tarde demais para visitar sua avó, andar de bicicleta com seu pai, conhecer a casa nova de amigos, passar mais tempo com as pessoas e menos na internet, responder emails, retornar ligações, mudar de profissão, trancar a faculdade, largar tudo. Tarde demais para pedir a sobremesa, a saideira do café, comer bolo no meio da tarde. A gente espera o momento certo para o vestido, o perfume, a sandália e esquece que o momento certo é o próximo, que é o que temos de concreto. Há anos tenho vontade de fazer um trabalho manual. Coleciono panfletos, anoto endereços de sites, os amigos me mandam dicas. Já sei que tem um pertinho de casa. Sempre fica para depois. Mas nessas horas, quando a vida de alguém acaba, eu sempre me pergunto o quanto tempo a gente ainda tem antes que seja tarde pra qualquer coisa. Porque o que a gente faz na maior parte do tempo é economizar vida para viver no dia seguinte ou talvez um dia. Um dia que pode ser tarde demais.
colunas
Coisas que a gente deveria fazer antes que seja tardeOntem, perdi uma pessoa querida. E, quando soube da notícia, pensei em todas as coisas que gostaria de ter dito, mas agora já é tarde. Quantos cafés, quantas risadas eu gostaria de ter compartilhado com ela, mas agora já não dá mais. Difícil a gente não se afundar naquele tipo de pensamento recorrente que temos quando não há mais tempo para dizer ou fazer algo. Quantas vezes combino um chope, fico de ligar, fazer uma visita e tudo morre na intenção, sempre consumida por tantas outros compromissos menos importantes? Amanhã pode ser tarde para um punhado de coisas que deixamos para amanhã. Lembro que tinha um ritual semanal de ligar para todas as pessoas de quem mais gosto, mesmo que fosse apenas para dar um "olá", saber se está tudo bem. Hoje, a gente passa semanas sem ouvir a voz de alguém, porque resolve tudo por mensagem ou com um like aqui e outro acolá num post do Facebook. Isso não é convivência. Isso não diminui a distância que vamos nos impondo, mesmo sem querer, de quem mais gostamos. Acumulamos dia a dia dívidas de carinho, atenção e cuidado. Colecionamos cicatrizes emocionais porque nos acostumamos a viver de expectativas que não se concretizam. Ontem, passei a mão no telefone e liguei para minha melhor amiga, que mora em outra cidade. Falamos por 15 minutos. Ela precisava, eu também, foi um carinho no coração. Almocei com outras duas, que eu não via fazia muito tempo. Foi rapidinho, entre um compromisso e outro, mas matamos a saudade, vi como a barriga de uma delas, que espera um bebê, cresceu. DESCULPAS Sempre encontramos desculpas de que a vida está corrida, que os dias passam mais rápido, que os meses voam, que os anos... nem fale nos anos. Mas a verdade é que a gente simplesmente deixa a vida passar porque acredita que sempre pode deixar para amanhã que nem sempre virá. Pode ser tarde demais para visitar sua avó, andar de bicicleta com seu pai, conhecer a casa nova de amigos, passar mais tempo com as pessoas e menos na internet, responder emails, retornar ligações, mudar de profissão, trancar a faculdade, largar tudo. Tarde demais para pedir a sobremesa, a saideira do café, comer bolo no meio da tarde. A gente espera o momento certo para o vestido, o perfume, a sandália e esquece que o momento certo é o próximo, que é o que temos de concreto. Há anos tenho vontade de fazer um trabalho manual. Coleciono panfletos, anoto endereços de sites, os amigos me mandam dicas. Já sei que tem um pertinho de casa. Sempre fica para depois. Mas nessas horas, quando a vida de alguém acaba, eu sempre me pergunto o quanto tempo a gente ainda tem antes que seja tarde pra qualquer coisa. Porque o que a gente faz na maior parte do tempo é economizar vida para viver no dia seguinte ou talvez um dia. Um dia que pode ser tarde demais.
10
Prefeitura demite gestor de convênios sob suspeita em São Paulo
A administração Fernando Haddad (PT) demitiu um funcionário responsável pela organização de eventos esportivos na capital paulista após a divulgação de suspeitas de irregularidades em convênios firmados pela prefeitura. Conforme revelou a Folha no último dia 4, entidades de aliados políticos de vereadores, recém-criadas e de fachada estiveram entre as beneficiadas por repasses sem licitação feitos pelo município para a organização de eventos esportivos desde 2010. Só no ano passado foram firmados R$ 52 milhões em contratos de convênios –que incluem desde ações recreativas para crianças até campeonatos de artes marciais. O coordenador de gestão de parcerias da Secretaria Municipal de Esportes, Siderval Marques de Brito (PTB), teve sua exoneração publicada no "Diário Oficial" da Cidade de sábado (7). Siderval era homem de confiança do secretário de Esportes, Celso Jatene (PTB), que é vereador licenciado. Trabalhou como assessor parlamentar dele na Câmara. Segundo gestores de entidades, era Siderval que decidia quem entrava e saía da lista de conveniados da prefeitura. E a influência dele não se restringia a essa área. O irmão dele, Sidney Marques de Brito, é coordenador do Clube Esportivo Tietê, inaugurado recentemente por Haddad e onde são realizados eventos feitos por meio desses convênios. Questionada sobre a demissão de Siderval, a prefeitura informou que a decisão ocorreu por "razões técnicas e profissionais". Ela afirmou também que Sidney Brito não trabalha na área de responsabilidade do irmão. AUDITORIA No início do ano passado, uma auditoria feita pela CGM (Controladoria Geral do Município) já havia constatado problemas sob a gestão de Siderval Brito, como falta de prestação de contas de gastos e tributos das entidades contratadas, além de ausência de chamamento público e capacitação de servidores. Houve até um caso de um presidente de entidade que contratou empresas de parentes com dinheiro público. Apesar dos problemas apontados, Jatene manteve Siderval no comando dos convênios naquela época. NOVO MODELO O secretário de Esportes, ao ser questionado pela Folha sobre os convênios com entidades de aliados políticos ou de fachada, afirmou que uma nova auditoria havia sido iniciada no dia 3. Segundo a prefeitura, todas as irregularidades relativas a convênios serão incluídas na auditoria em curso. Na sexta-feira (6), Jatene definiu mudanças nas regras para firmar as parcerias para a realização de eventos esportivos na cidade de São Paulo. Entre outras alterações, ele criou um teto de R$ 500 mil por ano por entidade para os convênios e um cadastro de diretores de organizações publicado na internet. A reportagem deixou recados durante a tarde desta terça-feira (10) no telefone celular de Siderval, mas ele não retornou as ligações até a conclusão desta edição.
cotidiano
Prefeitura demite gestor de convênios sob suspeita em São PauloA administração Fernando Haddad (PT) demitiu um funcionário responsável pela organização de eventos esportivos na capital paulista após a divulgação de suspeitas de irregularidades em convênios firmados pela prefeitura. Conforme revelou a Folha no último dia 4, entidades de aliados políticos de vereadores, recém-criadas e de fachada estiveram entre as beneficiadas por repasses sem licitação feitos pelo município para a organização de eventos esportivos desde 2010. Só no ano passado foram firmados R$ 52 milhões em contratos de convênios –que incluem desde ações recreativas para crianças até campeonatos de artes marciais. O coordenador de gestão de parcerias da Secretaria Municipal de Esportes, Siderval Marques de Brito (PTB), teve sua exoneração publicada no "Diário Oficial" da Cidade de sábado (7). Siderval era homem de confiança do secretário de Esportes, Celso Jatene (PTB), que é vereador licenciado. Trabalhou como assessor parlamentar dele na Câmara. Segundo gestores de entidades, era Siderval que decidia quem entrava e saía da lista de conveniados da prefeitura. E a influência dele não se restringia a essa área. O irmão dele, Sidney Marques de Brito, é coordenador do Clube Esportivo Tietê, inaugurado recentemente por Haddad e onde são realizados eventos feitos por meio desses convênios. Questionada sobre a demissão de Siderval, a prefeitura informou que a decisão ocorreu por "razões técnicas e profissionais". Ela afirmou também que Sidney Brito não trabalha na área de responsabilidade do irmão. AUDITORIA No início do ano passado, uma auditoria feita pela CGM (Controladoria Geral do Município) já havia constatado problemas sob a gestão de Siderval Brito, como falta de prestação de contas de gastos e tributos das entidades contratadas, além de ausência de chamamento público e capacitação de servidores. Houve até um caso de um presidente de entidade que contratou empresas de parentes com dinheiro público. Apesar dos problemas apontados, Jatene manteve Siderval no comando dos convênios naquela época. NOVO MODELO O secretário de Esportes, ao ser questionado pela Folha sobre os convênios com entidades de aliados políticos ou de fachada, afirmou que uma nova auditoria havia sido iniciada no dia 3. Segundo a prefeitura, todas as irregularidades relativas a convênios serão incluídas na auditoria em curso. Na sexta-feira (6), Jatene definiu mudanças nas regras para firmar as parcerias para a realização de eventos esportivos na cidade de São Paulo. Entre outras alterações, ele criou um teto de R$ 500 mil por ano por entidade para os convênios e um cadastro de diretores de organizações publicado na internet. A reportagem deixou recados durante a tarde desta terça-feira (10) no telefone celular de Siderval, mas ele não retornou as ligações até a conclusão desta edição.
6
Em ação de marketing, Netflix leva 'House of Cards' a capas de revistas
Para divulgar o lançamento da quarta temporada de sua série "House of Cards", nesta sexta-feira (4), a Netflix fez publieditoriais (anúncios que simulam uma reportagem) com veículos brasileiros, que divulgaram em suas páginas nas redes sociais notícias fantasiosas sobre a campanha eleitoral de Frank Underwood, o protagonista que trama para conquistar a Presidência dos EUA. A "Veja" simulou capa que estampa Underwood acima de um título que sugere que a campanha presidencial do maquiavélico personagem tem algo a ensinar ao Brasil. Na "CartaCapital", simulação da capa remete a reportagem sobre o trajeto do personagem ao poder, sob o título de "Presidente acidental". O Netflix também anexou em suas páginas nas redes sociais o simulacro de uma carta em papel timbrado da Casa Branca e assinada pelo "presidente" Underwood. Em seu comunicado, o personagem se diz surpreso pelo fato de a "imprensa brasileira ter o poder de dizer coisas tão extremamente opostas sobre o mesmo assunto". Em seguida, Underwood conclui que "a popularidade de um líder não depende só de suas ações, mas de como cada um as interpreta". Carlos Graieb, diretor de Redação da Veja.com, justifica a ação de marketing dizendo que a capa tem impacto enorme quando trata de temas políticos. As capas são simulações para a internet. As edições da "Veja" e da Carta" circulam normalmente com suas capas reais nesta semana.
mercado
Em ação de marketing, Netflix leva 'House of Cards' a capas de revistasPara divulgar o lançamento da quarta temporada de sua série "House of Cards", nesta sexta-feira (4), a Netflix fez publieditoriais (anúncios que simulam uma reportagem) com veículos brasileiros, que divulgaram em suas páginas nas redes sociais notícias fantasiosas sobre a campanha eleitoral de Frank Underwood, o protagonista que trama para conquistar a Presidência dos EUA. A "Veja" simulou capa que estampa Underwood acima de um título que sugere que a campanha presidencial do maquiavélico personagem tem algo a ensinar ao Brasil. Na "CartaCapital", simulação da capa remete a reportagem sobre o trajeto do personagem ao poder, sob o título de "Presidente acidental". O Netflix também anexou em suas páginas nas redes sociais o simulacro de uma carta em papel timbrado da Casa Branca e assinada pelo "presidente" Underwood. Em seu comunicado, o personagem se diz surpreso pelo fato de a "imprensa brasileira ter o poder de dizer coisas tão extremamente opostas sobre o mesmo assunto". Em seguida, Underwood conclui que "a popularidade de um líder não depende só de suas ações, mas de como cada um as interpreta". Carlos Graieb, diretor de Redação da Veja.com, justifica a ação de marketing dizendo que a capa tem impacto enorme quando trata de temas políticos. As capas são simulações para a internet. As edições da "Veja" e da Carta" circulam normalmente com suas capas reais nesta semana.
2
Estudante da USP denuncia ex-namorado por estupro no campus
Aluna do segundo ano da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, G., 19 anos, denunciou um colega de turma, T., 21, seu ex-namorado, por estupro. Já houve uma audiência do processo na 2ª Vara Criminal da cidade e a universidade abriu sindicância para investigar o fato ocorrido em 8 de agosto do ano passado dentro do campus. A seguir, a estudante, que não pode dar detalhes do caso que corre em segredo de Justiça, fala do estigma de ter denunciado violência sexual na universidade. * Depoimento... "Todos os meus colegas sabem que denunciei por estupro meu ex-namorado, que também é aluno do segundo ano de medicina na USP de Ribeirão. O serviço de psicologia da universidade foi falar com a classe, mas relataram como se fosse assédio. Foi mais grave. Eu me ausentei por uma semana e T. se internou na unidade de psiquiatria do Hospital da Clínicas, onde foi preso em flagrante no mesmo dia em que me violentou na trilha que leva ao lago, dentro do campus. Nós namoramos por quatro meses. Logo depois, comecei a namorar um outro colega de turma, com quem estou até hoje. Quando contei que estava com outra pessoa, ele voltou a me importunar. Tinha ido ao psiquiatra, ameaçava se matar. Todo mundo ficou preocupado. Ele quis conversar. Marquei na USP naquela sexta, 8 de agosto do ano passado. Ele insistiu para irmos para o lago e termos privacidade. Entramos na trilha e ele só perguntava: "Quem é?" Contei que estava com B., também nosso colega de turma. Ele surtou. Bateu no chão, chutou árvore. DESPEDIDA Um lado meu dizia: 'Vai embora, ele tá louco'. O outro me fez ficar, com medo de ele se matar. Ele se acalmou, sentou ao meu lado, ficou chorando e me xingava. Foi quando falou que queria transar. A despedida. Eu disse: 'Você tá louco?' Ele me puxou pelo cabelo e tentou me beijar. Tentei correr, ele me segurou e falou no meu ouvido: 'Eu ainda não terminei'. Abaixou minha calça. Senti o tecido da calcinha penetrando também. No momento, você ainda acha que a pessoa vai parar. Quando mais eu dizia não, com mais força ele me penetrava. Eu dizia que tava me machucando e ele fazia: 'Xihhh [mandando calar a boca]' e me penetrava com mais força. Não foi sexo consensual como ele alega. Depois que ejaculou, ele me largou e eu caí na terra. Para voltar para a faculdade, no meio da trilha, ele ainda tentou me segurar. Gritei para ele não tocar mais em mim. 'Você tem ideia do que fez lá atrás? Você me estuprou!' Ele rebateu: 'Você queria. Tava molhada'. Estava usando uma pomada para candidíase que teria funcionado como lubrificante. Ele começou a chorar e a dizer: 'O que foi que eu fiz?' Achei que tinha caído a ficha, mas de repente ele deu risada e disse que ninguém ia acreditar em mim. E ameaçou contar para o meu namorado e dizer que eu tinha gostado. Gritei que ia denunciá-lo. Mas percebi que poderia colocar minha vida em risco. Ainda sozinha com ele, falei: 'Vamos esquecer isso'. NA PSIQUIATRIA Mais tranquilo, ele contou que ia para a UE [Unidade de Emergência, do Hospital das Clínicas] para não fazer algo contra a própria vida. Quando cheguei na faculdade, mandei uma mensagem para um amigo dele dizendo que T. tava muito doente. Fui para a casa do meu namorado, que me viu toda suja de terra e foi comigo à delegacia da mulher. Lá foi insuportável. Você acha que vai ser acolhida, mas não. Comecei a ser estuprada às 4h30, o ato durou uns cinco minutos, mas só parei de ser violentada quando voltei para casa à noite. Do balcão, a escrivã perguntou o que me aconteceu, enquanto eu estava lá de pé, tremendo. Pedi uma cadeira. Ela arranjou um lugar para eu sentar, mas sempre com má vontade. Até que a delegada apareceu. Relatei o que tinha acontecido e ela mandou eu voltar outro dia para fazer uma representação e abrir o processo. Quando saí, elas fecharam a delegacia. Nessa altura, minha mãe já tinha feito um escarcéu. Ligou para a faculdade. Dr. Carlotti [Carlos Carlotti Jr., diretor da Medicina da USP Ribeirão], foi me encontrar na delegacia. Ele me levou para fazer o corpo de delito. No hospital, fiquei esperando o perito por quase três horas. E quando apareceu, ele foi um grosso. Ficava repetindo: 'Ah', 'tá'. 'Hum'. 'Sei. Na maca, quando foi fazer o exame, também foi um bruto, machucando ainda mais as minhas partes íntimas. Eu falava: 'Tá doendo, tô ardida'. Ele dizia: 'Tá tudo normal. Não tem muito material'. Já havia se passado cinco horas. O ginecologista que acompanhou o exame anotou o atraso no prontuário. Meu cunhado, que é policial, já tinha mobilizado a delegacia de plantão para que prendessem o T. em flagrante. Fui para lá dar um novo depoimento. Tinha tomado calmante, estava grogue. Não conseguia ficar sentada. O LEGAL E A CDF Só então fui pra casa. Passei uma semana em Caraguatatuba com minha mãe. Quando voltei para Ribeirão, T. ainda estava preso no hospital, onde ficou algemado à cama até a soltura dias depois. No prontuário, está escrito depressão leve, mas o psiquiatra havia dito que ele estava no estágio cinco de suicídio, o mais alto. O caso dividiu a turma. Ninguém veio falar nada comigo. Até que um dos amigos do T., começou a espalhar dados do processo entre os colegas e a dizer que eu menti. Para piorar, T. é o popular, enquanto eu sou mais reclusa. Ele vai às festas, bebe, fica quase pelado. Eu estava focada em estudar. Começou um papo na turma: ele é legal, ela ninguém conhece. Muita gente passou a assumir uma postura hostil em relação a mim. Parecia que eu e o meu namorado tínhamos lepra. Aumentaram os olhares tortos quando a medicina de Ribeirão ficou na berlinda. Meu caso foi levado à CPI da Assembleia Legislativa de SP. É como se eu denegrisse a imagem da faculdade. Não importa o fato de eu ter sido vítima de uma violência. A mensagem é que eu deveria ficar quieta para não manchar a imagem da medicina. MACHISMO Tem muito de 'Clube do Bolinha' e de a sociedade ser machista. Não só os meninos. Me impressionou ver garotas com o mesmo discurso. Na CPI, quando leram meu depoimento, uma garota se levantou: 'Eu não acredito em nada disso, porque ela namora outro'. O que isso tem a ver? Autoriza a violência? É mais fácil julgar. No ano passado, escreveram no nosso grupo do WhatsApp: 'Tem uma ovelha negra entre nós'. Sou a ovelha negra. Ele, não. Não vou desistir. Entendo que para se sentirem seguros meus colegas prefiram acreditar que nada aconteceu. Se fosse com a mãe ou a irmã deles, iam pensar diferente. T. está afastado da faculdade. Mesmo assim não consigo ir à USP sozinha. É difícil lidar com o medo. Acho que vai acontecer de novo. Suspeito de todos os homens. A violência vir de alguém próximo é ainda pior. Estou sempre esperando que me magoem de novo. Sexo ainda é um problema. Lembro de tudo, aí sinto dor. Espero que ele seja condenado, mesmo sabendo que é uma pena de prisão [de seis a dez anos]. Tem gente que diz: 'Ah, não foi tão grave assim!' Como? Tenho vontade de gritar: não foi só o meu corpo que ele violou, mas toda a confiança que eu tinha nele. Quando aconteceu, cheguei a pensar em trancar a faculdade e ir embora. Mas ele não vai tomar mais nada de mim. Ninguém toca nos meus sonhos. Não vou sair da faculdade. Não peço que ninguém acredite em mim, mas que sejam neutros. A Justiça vai julgar o caso. POBRES X RICOS Eu já tinha me decepcionado com alguns colegas. Para entrar numa faculdade de medicina a pessoa pode até ser inteligente, mas não quer dizer que tenha bom coração e caráter. Muitas vezes, os mais preparados para o vestibular são os que tiveram oportunidades e dinheiro. E a prepotência vem junto. Eles não têm noção do que acontece longe dos seus bercinhos de ouro. Eu e o B. fazemos parte da turma pobre da faculdade. E somos poucos. Uma turma que quer fazer medicina da família, cuidar de gente. A maioria quer cuidar de ganhar dinheiro. Tenho medo de quando eles estiveram no consultório. Como vão atender gays, lésbicas, mulheres negras e vítimas de violência sexual? Vão falar: 'Ah, não foi assim?' Vão dar risada na cara da paciente? Vão desconsiderar o que relatam? Apesar de tudo, não me arrependo de ter denunciado. Se eu pudesse falar com todas as vítimas de violência sexual, eu diria: 'Vocês têm que ir até o fim'. Muitas desistem, temendo enfrentar delegados, escrivães, peritos, exames, amigos e família. Sei o quanto as vítimas se sentem desamparadas. Tenho medo que T. volte à universidade, das ameaças, de acontecer de novo. Como conviver com uma pessoa dessa? Espero que ele nunca se forme. Como um médico é um estuprador? Não pode. Temo por todas as mulheres que estão perto dele."
colunas
Estudante da USP denuncia ex-namorado por estupro no campusAluna do segundo ano da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, G., 19 anos, denunciou um colega de turma, T., 21, seu ex-namorado, por estupro. Já houve uma audiência do processo na 2ª Vara Criminal da cidade e a universidade abriu sindicância para investigar o fato ocorrido em 8 de agosto do ano passado dentro do campus. A seguir, a estudante, que não pode dar detalhes do caso que corre em segredo de Justiça, fala do estigma de ter denunciado violência sexual na universidade. * Depoimento... "Todos os meus colegas sabem que denunciei por estupro meu ex-namorado, que também é aluno do segundo ano de medicina na USP de Ribeirão. O serviço de psicologia da universidade foi falar com a classe, mas relataram como se fosse assédio. Foi mais grave. Eu me ausentei por uma semana e T. se internou na unidade de psiquiatria do Hospital da Clínicas, onde foi preso em flagrante no mesmo dia em que me violentou na trilha que leva ao lago, dentro do campus. Nós namoramos por quatro meses. Logo depois, comecei a namorar um outro colega de turma, com quem estou até hoje. Quando contei que estava com outra pessoa, ele voltou a me importunar. Tinha ido ao psiquiatra, ameaçava se matar. Todo mundo ficou preocupado. Ele quis conversar. Marquei na USP naquela sexta, 8 de agosto do ano passado. Ele insistiu para irmos para o lago e termos privacidade. Entramos na trilha e ele só perguntava: "Quem é?" Contei que estava com B., também nosso colega de turma. Ele surtou. Bateu no chão, chutou árvore. DESPEDIDA Um lado meu dizia: 'Vai embora, ele tá louco'. O outro me fez ficar, com medo de ele se matar. Ele se acalmou, sentou ao meu lado, ficou chorando e me xingava. Foi quando falou que queria transar. A despedida. Eu disse: 'Você tá louco?' Ele me puxou pelo cabelo e tentou me beijar. Tentei correr, ele me segurou e falou no meu ouvido: 'Eu ainda não terminei'. Abaixou minha calça. Senti o tecido da calcinha penetrando também. No momento, você ainda acha que a pessoa vai parar. Quando mais eu dizia não, com mais força ele me penetrava. Eu dizia que tava me machucando e ele fazia: 'Xihhh [mandando calar a boca]' e me penetrava com mais força. Não foi sexo consensual como ele alega. Depois que ejaculou, ele me largou e eu caí na terra. Para voltar para a faculdade, no meio da trilha, ele ainda tentou me segurar. Gritei para ele não tocar mais em mim. 'Você tem ideia do que fez lá atrás? Você me estuprou!' Ele rebateu: 'Você queria. Tava molhada'. Estava usando uma pomada para candidíase que teria funcionado como lubrificante. Ele começou a chorar e a dizer: 'O que foi que eu fiz?' Achei que tinha caído a ficha, mas de repente ele deu risada e disse que ninguém ia acreditar em mim. E ameaçou contar para o meu namorado e dizer que eu tinha gostado. Gritei que ia denunciá-lo. Mas percebi que poderia colocar minha vida em risco. Ainda sozinha com ele, falei: 'Vamos esquecer isso'. NA PSIQUIATRIA Mais tranquilo, ele contou que ia para a UE [Unidade de Emergência, do Hospital das Clínicas] para não fazer algo contra a própria vida. Quando cheguei na faculdade, mandei uma mensagem para um amigo dele dizendo que T. tava muito doente. Fui para a casa do meu namorado, que me viu toda suja de terra e foi comigo à delegacia da mulher. Lá foi insuportável. Você acha que vai ser acolhida, mas não. Comecei a ser estuprada às 4h30, o ato durou uns cinco minutos, mas só parei de ser violentada quando voltei para casa à noite. Do balcão, a escrivã perguntou o que me aconteceu, enquanto eu estava lá de pé, tremendo. Pedi uma cadeira. Ela arranjou um lugar para eu sentar, mas sempre com má vontade. Até que a delegada apareceu. Relatei o que tinha acontecido e ela mandou eu voltar outro dia para fazer uma representação e abrir o processo. Quando saí, elas fecharam a delegacia. Nessa altura, minha mãe já tinha feito um escarcéu. Ligou para a faculdade. Dr. Carlotti [Carlos Carlotti Jr., diretor da Medicina da USP Ribeirão], foi me encontrar na delegacia. Ele me levou para fazer o corpo de delito. No hospital, fiquei esperando o perito por quase três horas. E quando apareceu, ele foi um grosso. Ficava repetindo: 'Ah', 'tá'. 'Hum'. 'Sei. Na maca, quando foi fazer o exame, também foi um bruto, machucando ainda mais as minhas partes íntimas. Eu falava: 'Tá doendo, tô ardida'. Ele dizia: 'Tá tudo normal. Não tem muito material'. Já havia se passado cinco horas. O ginecologista que acompanhou o exame anotou o atraso no prontuário. Meu cunhado, que é policial, já tinha mobilizado a delegacia de plantão para que prendessem o T. em flagrante. Fui para lá dar um novo depoimento. Tinha tomado calmante, estava grogue. Não conseguia ficar sentada. O LEGAL E A CDF Só então fui pra casa. Passei uma semana em Caraguatatuba com minha mãe. Quando voltei para Ribeirão, T. ainda estava preso no hospital, onde ficou algemado à cama até a soltura dias depois. No prontuário, está escrito depressão leve, mas o psiquiatra havia dito que ele estava no estágio cinco de suicídio, o mais alto. O caso dividiu a turma. Ninguém veio falar nada comigo. Até que um dos amigos do T., começou a espalhar dados do processo entre os colegas e a dizer que eu menti. Para piorar, T. é o popular, enquanto eu sou mais reclusa. Ele vai às festas, bebe, fica quase pelado. Eu estava focada em estudar. Começou um papo na turma: ele é legal, ela ninguém conhece. Muita gente passou a assumir uma postura hostil em relação a mim. Parecia que eu e o meu namorado tínhamos lepra. Aumentaram os olhares tortos quando a medicina de Ribeirão ficou na berlinda. Meu caso foi levado à CPI da Assembleia Legislativa de SP. É como se eu denegrisse a imagem da faculdade. Não importa o fato de eu ter sido vítima de uma violência. A mensagem é que eu deveria ficar quieta para não manchar a imagem da medicina. MACHISMO Tem muito de 'Clube do Bolinha' e de a sociedade ser machista. Não só os meninos. Me impressionou ver garotas com o mesmo discurso. Na CPI, quando leram meu depoimento, uma garota se levantou: 'Eu não acredito em nada disso, porque ela namora outro'. O que isso tem a ver? Autoriza a violência? É mais fácil julgar. No ano passado, escreveram no nosso grupo do WhatsApp: 'Tem uma ovelha negra entre nós'. Sou a ovelha negra. Ele, não. Não vou desistir. Entendo que para se sentirem seguros meus colegas prefiram acreditar que nada aconteceu. Se fosse com a mãe ou a irmã deles, iam pensar diferente. T. está afastado da faculdade. Mesmo assim não consigo ir à USP sozinha. É difícil lidar com o medo. Acho que vai acontecer de novo. Suspeito de todos os homens. A violência vir de alguém próximo é ainda pior. Estou sempre esperando que me magoem de novo. Sexo ainda é um problema. Lembro de tudo, aí sinto dor. Espero que ele seja condenado, mesmo sabendo que é uma pena de prisão [de seis a dez anos]. Tem gente que diz: 'Ah, não foi tão grave assim!' Como? Tenho vontade de gritar: não foi só o meu corpo que ele violou, mas toda a confiança que eu tinha nele. Quando aconteceu, cheguei a pensar em trancar a faculdade e ir embora. Mas ele não vai tomar mais nada de mim. Ninguém toca nos meus sonhos. Não vou sair da faculdade. Não peço que ninguém acredite em mim, mas que sejam neutros. A Justiça vai julgar o caso. POBRES X RICOS Eu já tinha me decepcionado com alguns colegas. Para entrar numa faculdade de medicina a pessoa pode até ser inteligente, mas não quer dizer que tenha bom coração e caráter. Muitas vezes, os mais preparados para o vestibular são os que tiveram oportunidades e dinheiro. E a prepotência vem junto. Eles não têm noção do que acontece longe dos seus bercinhos de ouro. Eu e o B. fazemos parte da turma pobre da faculdade. E somos poucos. Uma turma que quer fazer medicina da família, cuidar de gente. A maioria quer cuidar de ganhar dinheiro. Tenho medo de quando eles estiveram no consultório. Como vão atender gays, lésbicas, mulheres negras e vítimas de violência sexual? Vão falar: 'Ah, não foi assim?' Vão dar risada na cara da paciente? Vão desconsiderar o que relatam? Apesar de tudo, não me arrependo de ter denunciado. Se eu pudesse falar com todas as vítimas de violência sexual, eu diria: 'Vocês têm que ir até o fim'. Muitas desistem, temendo enfrentar delegados, escrivães, peritos, exames, amigos e família. Sei o quanto as vítimas se sentem desamparadas. Tenho medo que T. volte à universidade, das ameaças, de acontecer de novo. Como conviver com uma pessoa dessa? Espero que ele nunca se forme. Como um médico é um estuprador? Não pode. Temo por todas as mulheres que estão perto dele."
10
'Timochenko', de olho nas urnas; Santos, no quadro da história
Os discursos do presidente colombiano Juan Manuel Santos e o do líder das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Rodrigo "Timochenko" Londoño, na noite desta segunda (26), deixaram claras as pretensões políticas e pessoais de cada um a partir daqui. A dois anos do fim de seu segundo e último mandato e sem possibilidades de concorrer a uma nova eleição, Santos tinha na paz a grande aposta de sua gestão. Com a economia colombiana crescendo de modo sustentável nos últimos anos, apesar de certa desaceleração devido ao contexto internacional, o sucessor de Álvaro Uribe (2002-2010) centrou seus esforços em conseguir um lugar para si na história da Colômbia como o homem que finalmente trouxe a paz a um país convulso há seis décadas. Pode parecer contraditório, afinal, Santos foi ministro da Defesa do linha-dura Uribe e ordenou, ele próprio, operações militares contra a guerrilha. Mas, uma vez eleito presidente, percebeu que uma série de fatores construíam um contexto favorável para propor negociar a paz naquele momento, e a iniciativa frutificou, transformando-se no principal capital político com que contou para reeleger-se a um segundo mandato, em 2014. Se até aqui os legados mais favoráveis de presidentes colombianos em tempos recentes haviam sido o de César Gaviria (capturou Pablo Escobar e deu uma estocada final no Cartel de Medellín) e o de Álvaro Uribe (levou segurança às grandes cidades, ao adotar uma política de enfrentamento bélico à guerrilha), Santos poderá ficar mais bem colocado ante o julgamento da história do que esses antecessores se, de fato, lograr a implementação do acordo que porá fim a um conflito que matou 250 mil pessoas. "Acabou a horrível noite", gritou o presidente, mais de uma vez, em seu discurso, mencionando um trecho do hino nacional colombiano. Esse foi o ponto mais emotivo de seu discurso, no qual ouviu a resposta mais entusiasta da plateia, que passou a repetir o coro: "não mais guerra, não mais guerra". Panos brancos agitados no ar, lágrimas nos rostos dos convidados, e no do próprio mandatário. Aos que pensam em votar "não" no plebiscito do próximo domingo (2), o presidente insistiu que a anistia não será ampla como vem dizendo a oposição, e que os tribunais especiais punirão de alguma forma (ainda que não esteja prevista a prisão) os crimes de lesa-humanidade (sequestro, tortura, morte, estupros, recrutamento de menores). Também pensando no eleitorado mais resistente à sua proposta, disse que não concordava ideologicamente com o que o partido das Farc proporá ao país. "Mas vou defender até o fim seu direito a expressar suas opiniões. Pois isso é a democracia. Senhores das Farc, sejam bem-vindos à democracia." Nesse momento, também foi muito aplaudido. E, aos que consideram que o acordo tem muitas falhas, admitiu: "Prefiro um acordo imperfeito que salve vidas a uma guerra perfeita que semeie mortes em nosso país e em nossas famílias." 'TIMOCHENKO' PRESIDENTE? Nas ruas e bares de Cartagena, na noite desta segunda-feira, predominavam os elogios à retórica e à consistência da mensagem do líder das Farc, Rodrigo "Timochenko" Londoño. Logo no início da sua fala, ganhou a simpatia do público local de Cartagena —cidade turística, mas de infraestrutura debilitada, alta criminalidade e bolsões de pobreza, geralmente lembrada para esses atos faustosos do governo, mas depois esquecida. "Timochenko" mencionou a imensa população das favelas e de bairros de "deslocados" das periferias da cidade. Não deixou de homenagear antigos líderes da guerrilha que promoveram ações bastante violentas e muitas mortes, como Manuel Marulanda e Alfonso Cano, mas também disse que agora o momento é outro. Pediu à comunidade internacional um esforço para que se encontrassem soluções negociadas também para os conflitos na Palestina e em outros territórios em guerra. "Aqui de ultramar, desde Cartagena de Indias, pedimos uma paz negociada ao conflito na Síria, para que inocentes parem de morrer, para que refugiados deixem de ser maltratados ao pedirem abrigo em outros países." Nesse momento, "Timochenko" foi novamente muito aplaudido. O momento mais emotivo, porém, foi mesmo aquele em que levantou a voz para pedir perdão às vítimas dos ataques da guerrilha. "Em nome das Farc ofereço sinceramente o perdão a todas as vítimas por toda a dor que causamos nessa guerra." Novamente, muitas lágrimas e acenos por parte do público, em muito composto por familiares e amigos de vítimas das Farc, trazidos pelo governo de várias regiões do país. Mas "Timochenko" não deixou de reforçar sua visão política para este momento da Colômbia. Deixou claro que o acordo foi feito porque a guerrilha quer continuar sua luta, agora por meios democráticos. "Aqui ninguém abriu mão de suas ideias". E acrescentou, com ironia que causou risos no público: "Esse acordo não significa que o socialismo e o capitalismo se abraçaram. Nós seguiremos defendendo nossas ideias." O texto do acordo permitirá às Farc ocuparem dez vagas no Congresso nas duas próximas legislaturas, mesmo que não alcancem os votos necessários para obter os postos (cinco na Câmara e cinco no Senado). O partido das Farc, a ser lançado em maio, também poderá concorrer a eleições presidenciais. Ainda segundo o acordo, mesmo cumprindo condenações pela Justiça especial, os ex-líderes e ex-guerrilheiros podem desde já postular-se a cargos e exercer cargos na vida pública. "Timochenko" não esconde suas pretensões, nem de entrar no Congresso, nem de postular-se ao cargo máximo do país, talvez nas eleições de 2022. GABO Curiosamente, o Nobel colombiano Gabriel García Márquez, que costumava defender "a paz, mas com os olhos abertos", como quem pede vigilância e esforço dos cidadãos para mantê-la, foi citado pelos dois lados da contenda encerrada nesta segunda-feira. "Timochenko" mencionou a importância de o acordo estar sendo assinado na cidade que o escritor amava tanto e sobre a qual escreveu: "Bastou dar um passo dentro da muralha, para ver em toda sua grandeza a luz das seis da tarde, e não pude reprimir o sentimento de ter voltado a nascer". Assim, o líder guerrilheiro estimulou seus compatriotas a considerar o dia da assinatura da paz um renascimento. Já o presidente Santos disse que Gabo era o grande ausente na cerimônia, ocorrida na cidade onde hoje estão suas cinzas. "García Márquez, que foi artífice de tantos processos de paz, que de sua Cartagena querida voem as mariposas amarelas por toda a Colômbia, que ganha hoje uma segunda oportunidade sobre a Terra", disse o presidente, em referência a passagens do livro "Cem Anos de Solidão".
mundo
'Timochenko', de olho nas urnas; Santos, no quadro da históriaOs discursos do presidente colombiano Juan Manuel Santos e o do líder das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Rodrigo "Timochenko" Londoño, na noite desta segunda (26), deixaram claras as pretensões políticas e pessoais de cada um a partir daqui. A dois anos do fim de seu segundo e último mandato e sem possibilidades de concorrer a uma nova eleição, Santos tinha na paz a grande aposta de sua gestão. Com a economia colombiana crescendo de modo sustentável nos últimos anos, apesar de certa desaceleração devido ao contexto internacional, o sucessor de Álvaro Uribe (2002-2010) centrou seus esforços em conseguir um lugar para si na história da Colômbia como o homem que finalmente trouxe a paz a um país convulso há seis décadas. Pode parecer contraditório, afinal, Santos foi ministro da Defesa do linha-dura Uribe e ordenou, ele próprio, operações militares contra a guerrilha. Mas, uma vez eleito presidente, percebeu que uma série de fatores construíam um contexto favorável para propor negociar a paz naquele momento, e a iniciativa frutificou, transformando-se no principal capital político com que contou para reeleger-se a um segundo mandato, em 2014. Se até aqui os legados mais favoráveis de presidentes colombianos em tempos recentes haviam sido o de César Gaviria (capturou Pablo Escobar e deu uma estocada final no Cartel de Medellín) e o de Álvaro Uribe (levou segurança às grandes cidades, ao adotar uma política de enfrentamento bélico à guerrilha), Santos poderá ficar mais bem colocado ante o julgamento da história do que esses antecessores se, de fato, lograr a implementação do acordo que porá fim a um conflito que matou 250 mil pessoas. "Acabou a horrível noite", gritou o presidente, mais de uma vez, em seu discurso, mencionando um trecho do hino nacional colombiano. Esse foi o ponto mais emotivo de seu discurso, no qual ouviu a resposta mais entusiasta da plateia, que passou a repetir o coro: "não mais guerra, não mais guerra". Panos brancos agitados no ar, lágrimas nos rostos dos convidados, e no do próprio mandatário. Aos que pensam em votar "não" no plebiscito do próximo domingo (2), o presidente insistiu que a anistia não será ampla como vem dizendo a oposição, e que os tribunais especiais punirão de alguma forma (ainda que não esteja prevista a prisão) os crimes de lesa-humanidade (sequestro, tortura, morte, estupros, recrutamento de menores). Também pensando no eleitorado mais resistente à sua proposta, disse que não concordava ideologicamente com o que o partido das Farc proporá ao país. "Mas vou defender até o fim seu direito a expressar suas opiniões. Pois isso é a democracia. Senhores das Farc, sejam bem-vindos à democracia." Nesse momento, também foi muito aplaudido. E, aos que consideram que o acordo tem muitas falhas, admitiu: "Prefiro um acordo imperfeito que salve vidas a uma guerra perfeita que semeie mortes em nosso país e em nossas famílias." 'TIMOCHENKO' PRESIDENTE? Nas ruas e bares de Cartagena, na noite desta segunda-feira, predominavam os elogios à retórica e à consistência da mensagem do líder das Farc, Rodrigo "Timochenko" Londoño. Logo no início da sua fala, ganhou a simpatia do público local de Cartagena —cidade turística, mas de infraestrutura debilitada, alta criminalidade e bolsões de pobreza, geralmente lembrada para esses atos faustosos do governo, mas depois esquecida. "Timochenko" mencionou a imensa população das favelas e de bairros de "deslocados" das periferias da cidade. Não deixou de homenagear antigos líderes da guerrilha que promoveram ações bastante violentas e muitas mortes, como Manuel Marulanda e Alfonso Cano, mas também disse que agora o momento é outro. Pediu à comunidade internacional um esforço para que se encontrassem soluções negociadas também para os conflitos na Palestina e em outros territórios em guerra. "Aqui de ultramar, desde Cartagena de Indias, pedimos uma paz negociada ao conflito na Síria, para que inocentes parem de morrer, para que refugiados deixem de ser maltratados ao pedirem abrigo em outros países." Nesse momento, "Timochenko" foi novamente muito aplaudido. O momento mais emotivo, porém, foi mesmo aquele em que levantou a voz para pedir perdão às vítimas dos ataques da guerrilha. "Em nome das Farc ofereço sinceramente o perdão a todas as vítimas por toda a dor que causamos nessa guerra." Novamente, muitas lágrimas e acenos por parte do público, em muito composto por familiares e amigos de vítimas das Farc, trazidos pelo governo de várias regiões do país. Mas "Timochenko" não deixou de reforçar sua visão política para este momento da Colômbia. Deixou claro que o acordo foi feito porque a guerrilha quer continuar sua luta, agora por meios democráticos. "Aqui ninguém abriu mão de suas ideias". E acrescentou, com ironia que causou risos no público: "Esse acordo não significa que o socialismo e o capitalismo se abraçaram. Nós seguiremos defendendo nossas ideias." O texto do acordo permitirá às Farc ocuparem dez vagas no Congresso nas duas próximas legislaturas, mesmo que não alcancem os votos necessários para obter os postos (cinco na Câmara e cinco no Senado). O partido das Farc, a ser lançado em maio, também poderá concorrer a eleições presidenciais. Ainda segundo o acordo, mesmo cumprindo condenações pela Justiça especial, os ex-líderes e ex-guerrilheiros podem desde já postular-se a cargos e exercer cargos na vida pública. "Timochenko" não esconde suas pretensões, nem de entrar no Congresso, nem de postular-se ao cargo máximo do país, talvez nas eleições de 2022. GABO Curiosamente, o Nobel colombiano Gabriel García Márquez, que costumava defender "a paz, mas com os olhos abertos", como quem pede vigilância e esforço dos cidadãos para mantê-la, foi citado pelos dois lados da contenda encerrada nesta segunda-feira. "Timochenko" mencionou a importância de o acordo estar sendo assinado na cidade que o escritor amava tanto e sobre a qual escreveu: "Bastou dar um passo dentro da muralha, para ver em toda sua grandeza a luz das seis da tarde, e não pude reprimir o sentimento de ter voltado a nascer". Assim, o líder guerrilheiro estimulou seus compatriotas a considerar o dia da assinatura da paz um renascimento. Já o presidente Santos disse que Gabo era o grande ausente na cerimônia, ocorrida na cidade onde hoje estão suas cinzas. "García Márquez, que foi artífice de tantos processos de paz, que de sua Cartagena querida voem as mariposas amarelas por toda a Colômbia, que ganha hoje uma segunda oportunidade sobre a Terra", disse o presidente, em referência a passagens do livro "Cem Anos de Solidão".
3
A cultura do estupro no jornal
"Chorei quando vi o vídeo, diz avó de garota que afirma ter sido estuprada" era o título da reportagem que entrou na versão digital da Folha na quinta-feira, 26 de maio. Trazia o relato do caso de estupro coletivo ocorrido em favela da zona oeste do Rio, que chocou o país . Só se tornou público por conta da divulgação de um vídeo que tem tanto de tenebroso quanto de inequívoco: uma garota nua aparece desacordada, com os órgãos genitais expostos e feridos, num ambiente em que um grupo de homens ri, debocha e toca nela humilhantemente. O título, que usa o recurso de atribuir à vítima a afirmativa de ter sido estuprada sem a chancela do jornal, revoltou leitores. "A garota não 'diz ter sido estuprada'. Não restam dúvidas. A garota foi estuprada", reclamou a leitora Natália Machiaveli ao Painel do Leitor. "É de uma insensibilidade atroz", disse Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia política à ombudsman. Para a Redação, escrever que a garota diz ter sido estuprada não se trata de erro, mas de descrição factual, pela qual não se levantaria dúvida alguma sobre o estupro em si. Discordo. Soa como covardia do jornal, disfarçada de distanciamento. No dia anterior (25/5), por cerca de duas horas, o jornal publicou texto na internet que falava de "suposto estupro". Erro grave. O editor de "Cotidiano", Eduardo Scolese, explica: "Quando vimos o vídeo, não havia dúvida: a menina havia sim sido estuprada. Fomos os primeiros a afirmar isso, citando a lei de 2009", que passou a considerar atos libidinosos como crime de estupro. Como escreveu o diretor da Sucursal do Rio, Marco Aurélio Canônico: "Ninguém que tenha assistido ao vídeo em que a jovem desacordada é molestada por um homem, enquanto ao menos um outro grava a cena e um terceiro assiste, pode ter dúvida de que ela foi estuprada". A Folha demorou a tratar o problema com a dimensão correta. A edição de sábado (27) não trouxe investimentos como entrevistas analíticas ou construção do retrato do estupro no país, com números. No domingo, em cobertura mais ampla, traçou retrato da região onde aconteceu o estupro, citou interessante campanha nos EUA e entrevistou a representante da ONU dedicada à defesa dos direitos femininos. Mas foi pouco. Qual deve ser o papel do jornal num caso como esse? Investigar de modo meticuloso e narrar sua apuração sobriamente. Preocupar-se com o ângulo social e com as políticas públicas. Contar o particular, sem perder a dimensão do exemplo geral. Provocar discussão e debate amplo e aprofundado. Há dúvidas e inconsistências nos relatos desde o momento em que a menina saiu de casa até a hora em que o vídeo entrou nas redes sociais? Os repórteres têm obrigação de reconstruir essa história. Desvendar tais inconsistências não é duvidar do que foi relatado pela garota. As respostas daí surgidas não podem justificar o estupro, caminho tomado pelo delegado afastado do caso. Para Renato Janine, é mais fácil abraçar um discurso condenatório do que estimular uma reflexão que tente explicar o que aconteceu. A reação mais comum de núcleos sociais e políticos seguiu o diapasão dos casos chocantes. Propor endurecimento da lei, aumento da pena, sem questionar as causas nem se tais mudanças trariam consequências. O governador interino do Rio Francisco Dornelles chegou a dizer que, se dependesse dele, o estupro seria punido com pena de morte. O presidente interino Michel Temer se disse indignado e lançou um plano nacional para combater a violência contra a mulher. Genérico, sem prazo e sem custo, apontou boa reportagem da Folha. Houve leitor que sugeriu a castração de estupradores. O caso é um entre os milhares que acontecem por ano. O jornal deve destrinchar esses números, discutir suas causas. É preciso ouvir educadores, antropólogos. Onde estão as ponderações de psicólogos e psicanalistas que abarquem a questão da sexualidade? O combate à chamada "cultura do estupro" levou milhares às ruas. Mensagens de leitores questionavam o estupro e até culpavam a vítima. O que isso significa? As respostas ficaram mais nas colunas, ocupadas majoritariamente por homens. O psicanalista Contardo Calligaris foi assertivo em coluna na "Ilustrada": "Acredito que existe, sim, uma cultura do estupro. E gostaria de me perguntar como ela nasce e como autoriza os estupradores". A seção da ONU dos direitos das mulheres lançou comunicado em que resume o que está em debate: "Cultura do estupro é um termo usado para abordar as maneiras em que a sociedade culpa as vítimas de assédio sexual e normaliza o comportamento sexual violento dos homens". O colunista Reinaldo Azevedo preferiu contornar o fato objetivo para apontar o "estupro como estandarte" ideológico. A pluralidade do jornal, por vezes, cobra seu preço. Estupro é um tema violento para os leitores. Nenhum argumento deve, em nenhuma instância, normalizar ou justificar atos bárbaros e criminosos. A cultura jornalística precisa criar mecanismos para rever a desigualdade de gênero em sua máquina interna se quiser combater males como a cultura do estupro.
colunas
A cultura do estupro no jornal"Chorei quando vi o vídeo, diz avó de garota que afirma ter sido estuprada" era o título da reportagem que entrou na versão digital da Folha na quinta-feira, 26 de maio. Trazia o relato do caso de estupro coletivo ocorrido em favela da zona oeste do Rio, que chocou o país . Só se tornou público por conta da divulgação de um vídeo que tem tanto de tenebroso quanto de inequívoco: uma garota nua aparece desacordada, com os órgãos genitais expostos e feridos, num ambiente em que um grupo de homens ri, debocha e toca nela humilhantemente. O título, que usa o recurso de atribuir à vítima a afirmativa de ter sido estuprada sem a chancela do jornal, revoltou leitores. "A garota não 'diz ter sido estuprada'. Não restam dúvidas. A garota foi estuprada", reclamou a leitora Natália Machiaveli ao Painel do Leitor. "É de uma insensibilidade atroz", disse Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia política à ombudsman. Para a Redação, escrever que a garota diz ter sido estuprada não se trata de erro, mas de descrição factual, pela qual não se levantaria dúvida alguma sobre o estupro em si. Discordo. Soa como covardia do jornal, disfarçada de distanciamento. No dia anterior (25/5), por cerca de duas horas, o jornal publicou texto na internet que falava de "suposto estupro". Erro grave. O editor de "Cotidiano", Eduardo Scolese, explica: "Quando vimos o vídeo, não havia dúvida: a menina havia sim sido estuprada. Fomos os primeiros a afirmar isso, citando a lei de 2009", que passou a considerar atos libidinosos como crime de estupro. Como escreveu o diretor da Sucursal do Rio, Marco Aurélio Canônico: "Ninguém que tenha assistido ao vídeo em que a jovem desacordada é molestada por um homem, enquanto ao menos um outro grava a cena e um terceiro assiste, pode ter dúvida de que ela foi estuprada". A Folha demorou a tratar o problema com a dimensão correta. A edição de sábado (27) não trouxe investimentos como entrevistas analíticas ou construção do retrato do estupro no país, com números. No domingo, em cobertura mais ampla, traçou retrato da região onde aconteceu o estupro, citou interessante campanha nos EUA e entrevistou a representante da ONU dedicada à defesa dos direitos femininos. Mas foi pouco. Qual deve ser o papel do jornal num caso como esse? Investigar de modo meticuloso e narrar sua apuração sobriamente. Preocupar-se com o ângulo social e com as políticas públicas. Contar o particular, sem perder a dimensão do exemplo geral. Provocar discussão e debate amplo e aprofundado. Há dúvidas e inconsistências nos relatos desde o momento em que a menina saiu de casa até a hora em que o vídeo entrou nas redes sociais? Os repórteres têm obrigação de reconstruir essa história. Desvendar tais inconsistências não é duvidar do que foi relatado pela garota. As respostas daí surgidas não podem justificar o estupro, caminho tomado pelo delegado afastado do caso. Para Renato Janine, é mais fácil abraçar um discurso condenatório do que estimular uma reflexão que tente explicar o que aconteceu. A reação mais comum de núcleos sociais e políticos seguiu o diapasão dos casos chocantes. Propor endurecimento da lei, aumento da pena, sem questionar as causas nem se tais mudanças trariam consequências. O governador interino do Rio Francisco Dornelles chegou a dizer que, se dependesse dele, o estupro seria punido com pena de morte. O presidente interino Michel Temer se disse indignado e lançou um plano nacional para combater a violência contra a mulher. Genérico, sem prazo e sem custo, apontou boa reportagem da Folha. Houve leitor que sugeriu a castração de estupradores. O caso é um entre os milhares que acontecem por ano. O jornal deve destrinchar esses números, discutir suas causas. É preciso ouvir educadores, antropólogos. Onde estão as ponderações de psicólogos e psicanalistas que abarquem a questão da sexualidade? O combate à chamada "cultura do estupro" levou milhares às ruas. Mensagens de leitores questionavam o estupro e até culpavam a vítima. O que isso significa? As respostas ficaram mais nas colunas, ocupadas majoritariamente por homens. O psicanalista Contardo Calligaris foi assertivo em coluna na "Ilustrada": "Acredito que existe, sim, uma cultura do estupro. E gostaria de me perguntar como ela nasce e como autoriza os estupradores". A seção da ONU dos direitos das mulheres lançou comunicado em que resume o que está em debate: "Cultura do estupro é um termo usado para abordar as maneiras em que a sociedade culpa as vítimas de assédio sexual e normaliza o comportamento sexual violento dos homens". O colunista Reinaldo Azevedo preferiu contornar o fato objetivo para apontar o "estupro como estandarte" ideológico. A pluralidade do jornal, por vezes, cobra seu preço. Estupro é um tema violento para os leitores. Nenhum argumento deve, em nenhuma instância, normalizar ou justificar atos bárbaros e criminosos. A cultura jornalística precisa criar mecanismos para rever a desigualdade de gênero em sua máquina interna se quiser combater males como a cultura do estupro.
10
Instante mágico
SÃO PAULO - Pesquisa Datafolha mostrou que a maioria dos brasileiros (51%) é contrária ao aborto mesmo quando há diagnóstico de microcefalia. No caso de grávidas que foram infectadas pela zika, mas cujos embriões não tiveram a malformação confirmada, podendo ou não ser portadores da síndrome, a rejeição ao aborto é ainda maior (58%). A ideia que sustenta tal posicionamento é a de que o ser humano surge no instante da concepção. Quem partilha desse raciocínio tende a considerar qualquer forma de aborto como um homicídio, ainda que por vezes justificável, como nos casos de perigo de vida para a mãe ou gravidez resultante de estupro. Essa é uma descrição coerente –e que não impediria de acrescentar novas condições, como a microcefalia ou outras doenças graves, às que tornam o aborto legalmente permissível. Penso, porém, que existem outras descrições mais adequadas. O problema de fundo é que a noção de instante não combina com a embriologia, que é muito mais bem explicada em termos de processos. Isso fica claro se considerarmos que o próprio "instante" da fecundação não é um instante, mas um intervalo que varia de 24 a 48 horas. Esse é o tempo que transcorre entre a chegada do espermatozoide ao óvulo e a fusão dos gametas. A partir de quando é ilícito interferir? Quando o espermatozoide toca na membrana do óvulo? Quando o penetra? Quando a fusão tem início? Quando é concluída? Uma hora antes vale mexer? Acho que faz mais sentido abandonar a ideia de instantes mágicos, que estão mais em nossas mentes essencialistas que na natureza, e pensar o desenvolvimento fetal como processos. O bônus dessa concepção é que ela nos dá mais liberdade para fazer com que a lei positiva fixe um cronograma de proteções legais ao feto. No primeiro trimestre, o aborto é decisão soberana da mulher. À medida que o feto se desenvolve, as restrições vão aumentando.
colunas
Instante mágicoSÃO PAULO - Pesquisa Datafolha mostrou que a maioria dos brasileiros (51%) é contrária ao aborto mesmo quando há diagnóstico de microcefalia. No caso de grávidas que foram infectadas pela zika, mas cujos embriões não tiveram a malformação confirmada, podendo ou não ser portadores da síndrome, a rejeição ao aborto é ainda maior (58%). A ideia que sustenta tal posicionamento é a de que o ser humano surge no instante da concepção. Quem partilha desse raciocínio tende a considerar qualquer forma de aborto como um homicídio, ainda que por vezes justificável, como nos casos de perigo de vida para a mãe ou gravidez resultante de estupro. Essa é uma descrição coerente –e que não impediria de acrescentar novas condições, como a microcefalia ou outras doenças graves, às que tornam o aborto legalmente permissível. Penso, porém, que existem outras descrições mais adequadas. O problema de fundo é que a noção de instante não combina com a embriologia, que é muito mais bem explicada em termos de processos. Isso fica claro se considerarmos que o próprio "instante" da fecundação não é um instante, mas um intervalo que varia de 24 a 48 horas. Esse é o tempo que transcorre entre a chegada do espermatozoide ao óvulo e a fusão dos gametas. A partir de quando é ilícito interferir? Quando o espermatozoide toca na membrana do óvulo? Quando o penetra? Quando a fusão tem início? Quando é concluída? Uma hora antes vale mexer? Acho que faz mais sentido abandonar a ideia de instantes mágicos, que estão mais em nossas mentes essencialistas que na natureza, e pensar o desenvolvimento fetal como processos. O bônus dessa concepção é que ela nos dá mais liberdade para fazer com que a lei positiva fixe um cronograma de proteções legais ao feto. No primeiro trimestre, o aborto é decisão soberana da mulher. À medida que o feto se desenvolve, as restrições vão aumentando.
10
Governo Dilma poupa apenas R$ 4 de cada R$ 100 arrecadados até abril
A despeito do ajuste fiscal do ministro Joaquim Levy (Fazenda), o governo Dilma conseguiu poupar apenas R$ 4 de cada R$ 100 arrecadados no primeiro quadrimestre. Dados do Tesouro mostram como caiu a capacidade de poupança da administração federal, devido à freada das receitas e, principalmente, à escalada das despesas obrigatórias nos últimos anos. Segundo levantamento da Folha, em 2011, último ano em que as metas para as contas públicas foram cumpridas, foram poupados 16% da receita de janeiro a abril; em 2008, antes do agravamento da crise internacional, foram 25%. Os percentuais se referem à parcela da arrecadação de impostos e outras fontes de recursos destinada ao abatimento da dívida pública –ou seja, o que sobra depois dos gastos com pessoal, programas sociais, custeio administrativo e investimentos, também chamado, no economês, de superavit primário. Os resultados do primeiro quadrimestre são particularmente relevantes porque se trata do período mais favorável para a poupança do governo: as despesas programadas no Orçamento ainda estão em fase inicial e as receitas ganham a ajuda da declaração do IR das pessoas físicas. Neste ano, os números são ainda mais reveladores porque, pressionada pelo aumento da dívida pública e da inflação, a equipe econômica procura fazer a maior economia possível –e ela é a menor já medida pela atual metodologia, iniciada em 1997. Em parte, a queda da poupança neste ano se deve ao recuo da arrecadação, de R$ 377 bilhões, em 2014, para R$ 360 bilhões, considerando os primeiros quatro meses e valores corrigidos pela inflação. Quando se observam prazos mais longos, porém, fica evidente que a folga orçamentária do governo foi corroída, principalmente, pela escalada de despesas obrigatórias nos últimos anos. Só os programas vinculados ao salário mínimo –como Previdência, seguro-desemprego e abono salarial– elevaram seus desembolsos em 51% acima da inflação de 2008 para cá. Com isso, saltaram do equivalente a 37% da receita para os 45% de hoje. Em 2003, quando Levy era secretário do Tesouro de Lula, o governo conseguiu poupar 26% de uma receita inferior à do ano anterior. A diferença, agora, é que a margem para a redução de gastos é muito menor. Mesmo programas oficialmente classificados como não obrigatórios, como o Minha Casa, Minha Vida, implicam pagamentos já contratados no passado, que não podem ser adiados indefinidamente. A perda da capacidade de poupança fiscal começou há seis anos, quando a administração petista reduziu impostos e ampliou despesas –incluindo as de caráter permanente– para atenuar os efeitos da crise internacional.
mercado
Governo Dilma poupa apenas R$ 4 de cada R$ 100 arrecadados até abrilA despeito do ajuste fiscal do ministro Joaquim Levy (Fazenda), o governo Dilma conseguiu poupar apenas R$ 4 de cada R$ 100 arrecadados no primeiro quadrimestre. Dados do Tesouro mostram como caiu a capacidade de poupança da administração federal, devido à freada das receitas e, principalmente, à escalada das despesas obrigatórias nos últimos anos. Segundo levantamento da Folha, em 2011, último ano em que as metas para as contas públicas foram cumpridas, foram poupados 16% da receita de janeiro a abril; em 2008, antes do agravamento da crise internacional, foram 25%. Os percentuais se referem à parcela da arrecadação de impostos e outras fontes de recursos destinada ao abatimento da dívida pública –ou seja, o que sobra depois dos gastos com pessoal, programas sociais, custeio administrativo e investimentos, também chamado, no economês, de superavit primário. Os resultados do primeiro quadrimestre são particularmente relevantes porque se trata do período mais favorável para a poupança do governo: as despesas programadas no Orçamento ainda estão em fase inicial e as receitas ganham a ajuda da declaração do IR das pessoas físicas. Neste ano, os números são ainda mais reveladores porque, pressionada pelo aumento da dívida pública e da inflação, a equipe econômica procura fazer a maior economia possível –e ela é a menor já medida pela atual metodologia, iniciada em 1997. Em parte, a queda da poupança neste ano se deve ao recuo da arrecadação, de R$ 377 bilhões, em 2014, para R$ 360 bilhões, considerando os primeiros quatro meses e valores corrigidos pela inflação. Quando se observam prazos mais longos, porém, fica evidente que a folga orçamentária do governo foi corroída, principalmente, pela escalada de despesas obrigatórias nos últimos anos. Só os programas vinculados ao salário mínimo –como Previdência, seguro-desemprego e abono salarial– elevaram seus desembolsos em 51% acima da inflação de 2008 para cá. Com isso, saltaram do equivalente a 37% da receita para os 45% de hoje. Em 2003, quando Levy era secretário do Tesouro de Lula, o governo conseguiu poupar 26% de uma receita inferior à do ano anterior. A diferença, agora, é que a margem para a redução de gastos é muito menor. Mesmo programas oficialmente classificados como não obrigatórios, como o Minha Casa, Minha Vida, implicam pagamentos já contratados no passado, que não podem ser adiados indefinidamente. A perda da capacidade de poupança fiscal começou há seis anos, quando a administração petista reduziu impostos e ampliou despesas –incluindo as de caráter permanente– para atenuar os efeitos da crise internacional.
2
O dilema dos Jogos
RIO DE JANEIRO - Os Jogos Olímpicos do Rio parecem, a esta altura, o clássico caso do copo meio cheio/meio vazio. É possível ter expectativas otimistas ou pessimistas sobre o evento e seu legado, dependendo da perspectiva que se usa. Essa dicotomia está refletida nos resultados de uma pesquisa encomendada pelo Ministério dos Esportes sobre a Olimpíada, feita entre 13 e 18 de maio —antes de vexames de grande repercussão, como o descredenciamento do laboratório nacional que cuidaria da análise de doping. O governo divulgou a sondagem focando a parte cheia do copo: "Jogos Rio-2016 são aprovados pela maioria dos brasileiros", dizia o texto oficial. De fato, 66% da população aprova totalmente ou em parte o evento, basicamente porque acredita que ele aquece a economia, incentiva o esporte e melhora a imagem do país. Tal percepção dos efeitos positivos parece tão equivocada quanto a atribuição de responsabilidades: para a maioria da população (60%), o governo federal e seus órgãos são quem mais responde pela organização da Rio-2016. Eduardo Paes deve ter sentido grande desgosto ao saber que a Prefeitura do Rio é considerada a menos responsável pela Olimpíada. Quem olha mais de perto, como os habitantes da cidade-sede, encontra menos razões para otimismo. Só 26% dos cariocas "aprovam totalmente" os Jogos. É um empate técnico com a quantidade de moradores do Rio que "desaprovam totalmente" (24,1%). Os motivos mais citados para justificar a desconfiança são palpáveis: "dinheiro mal investido/rombo", "crise econômica", "corrupção". Particularmente reveladora do ânimo local foi a resposta à pergunta "o que você viu de mais positivo até agora nos preparativos para a realização dos Jogos?": 24% responderam "as obras de mobilidade urbana"; 21,7% (outro empate técnico) responderam "nada".
colunas
O dilema dos JogosRIO DE JANEIRO - Os Jogos Olímpicos do Rio parecem, a esta altura, o clássico caso do copo meio cheio/meio vazio. É possível ter expectativas otimistas ou pessimistas sobre o evento e seu legado, dependendo da perspectiva que se usa. Essa dicotomia está refletida nos resultados de uma pesquisa encomendada pelo Ministério dos Esportes sobre a Olimpíada, feita entre 13 e 18 de maio —antes de vexames de grande repercussão, como o descredenciamento do laboratório nacional que cuidaria da análise de doping. O governo divulgou a sondagem focando a parte cheia do copo: "Jogos Rio-2016 são aprovados pela maioria dos brasileiros", dizia o texto oficial. De fato, 66% da população aprova totalmente ou em parte o evento, basicamente porque acredita que ele aquece a economia, incentiva o esporte e melhora a imagem do país. Tal percepção dos efeitos positivos parece tão equivocada quanto a atribuição de responsabilidades: para a maioria da população (60%), o governo federal e seus órgãos são quem mais responde pela organização da Rio-2016. Eduardo Paes deve ter sentido grande desgosto ao saber que a Prefeitura do Rio é considerada a menos responsável pela Olimpíada. Quem olha mais de perto, como os habitantes da cidade-sede, encontra menos razões para otimismo. Só 26% dos cariocas "aprovam totalmente" os Jogos. É um empate técnico com a quantidade de moradores do Rio que "desaprovam totalmente" (24,1%). Os motivos mais citados para justificar a desconfiança são palpáveis: "dinheiro mal investido/rombo", "crise econômica", "corrupção". Particularmente reveladora do ânimo local foi a resposta à pergunta "o que você viu de mais positivo até agora nos preparativos para a realização dos Jogos?": 24% responderam "as obras de mobilidade urbana"; 21,7% (outro empate técnico) responderam "nada".
10
Filme gaúcho tem belas imagens e ritmo lento
Crise econômica, eleições contestadas, revoltas militares. Assim estava o Rio Grande do Sul em 1923. Endividado, o setor pecuário buscava socorro. O resultado das urnas desgostou parte da elite. Dividida, ela foi às armas. A guerra civil colocou chimangos e maragatos novamente em lados opostos. Usando lenços brancos, os chimangos eram defensores do governador Borges de Medeiros, positivista e republicano, herdeiro político de Júlio de Castilhos. Maragatos portavam lenços vermelhos e seguiam Joaquim Francisco de Assis Brasil, pecuarista e diplomata que atuou com o barão de Rio Branco. Em certa medida, o conflito reeditava a Revolução de 1893, que ficou conhecida pelas degolas em massa. Erico Verissimo tratou do embate em "O Tempo e o Vento". O tumultuado e sangrento ano de 1923 é o contexto de "Os Senhores da Guerra", filme dirigido por Tabajara Ruas com base no livro de José Antônio Severo. No enredo, dois irmãos se enfrentam no campo de batalha. Carlos (André Arteche) é maragato; adora música e teme a influência anarquista que começa a se alastrar nas fábricas distantes da fazenda da família Bozano. Julio (Rafael Cardoso) é chimango; político jovem, lidera as forças legalistas de Borges de Medeiros na região. RECONSTITUIÇÃO O diretor Tabajara Ruas, escritor e cineasta, é um estudioso dessa e de outras guerras gaúchas. Seu livro "Os Varões Assinalados" (1985) é referência sobre a história da Revolução Farroupilha. A mesma temática ele explorou nas telas com o premiado "Netto Perde Sua Alma" (2001), sua estreia na direção. Com toda essa experiência acumulada, a direção é esmerada nos detalhes de reconstituição histórica. Há belas imagens de batalhas de cavalaria, emboscadas, correrias. Bege, branco, ocre, vermelho e preto pintam a tela com serenidade, sem exagero nas cenas sangrentas. Tanta ponderação parece afetar o ritmo da história. Desde o início há certa lentidão. Depois, quando a divisão familiar se instala, os cortes de um grupo para outro seguem uma rotina previsível. Chimangos e maragatos vão dividindo religiosamente a tela, mas não se sabe muito bem o que os separa de forma tão radical. Até Luís Carlos Prestes surge entre os dois. Há um esforço de didatismo, mas a avalanche de informações sobre batalhas, mapas e nomes deixa meio perdido quem não conhece a fundo a temática. A narração e as atuações conferem certo ritmo teatral ao filme, que recebeu prêmios no Festival de Gramado. O conflito ganha ares fidalgos. O resultado não chega a empolgar, mas faz uma viagem no tempo esquecido dessa guerra. Depois dela, a reeleição foi derrubada, e Getúlio Vargas chegou ao poder no Rio Grande do Sul. Mas já era outra a revolução. Naquele tempo, os oligarcas estavam ficando para trás. OS SENHORES DA GUERRA DIREÇÃO Tabajara Ruas ELENCO Rafael Cardoso, André Arteche, Leonardo Machado PRODUÇÃO Brasil, 2016, 14 anos QUANDO em cartaz
ilustrada
Filme gaúcho tem belas imagens e ritmo lentoCrise econômica, eleições contestadas, revoltas militares. Assim estava o Rio Grande do Sul em 1923. Endividado, o setor pecuário buscava socorro. O resultado das urnas desgostou parte da elite. Dividida, ela foi às armas. A guerra civil colocou chimangos e maragatos novamente em lados opostos. Usando lenços brancos, os chimangos eram defensores do governador Borges de Medeiros, positivista e republicano, herdeiro político de Júlio de Castilhos. Maragatos portavam lenços vermelhos e seguiam Joaquim Francisco de Assis Brasil, pecuarista e diplomata que atuou com o barão de Rio Branco. Em certa medida, o conflito reeditava a Revolução de 1893, que ficou conhecida pelas degolas em massa. Erico Verissimo tratou do embate em "O Tempo e o Vento". O tumultuado e sangrento ano de 1923 é o contexto de "Os Senhores da Guerra", filme dirigido por Tabajara Ruas com base no livro de José Antônio Severo. No enredo, dois irmãos se enfrentam no campo de batalha. Carlos (André Arteche) é maragato; adora música e teme a influência anarquista que começa a se alastrar nas fábricas distantes da fazenda da família Bozano. Julio (Rafael Cardoso) é chimango; político jovem, lidera as forças legalistas de Borges de Medeiros na região. RECONSTITUIÇÃO O diretor Tabajara Ruas, escritor e cineasta, é um estudioso dessa e de outras guerras gaúchas. Seu livro "Os Varões Assinalados" (1985) é referência sobre a história da Revolução Farroupilha. A mesma temática ele explorou nas telas com o premiado "Netto Perde Sua Alma" (2001), sua estreia na direção. Com toda essa experiência acumulada, a direção é esmerada nos detalhes de reconstituição histórica. Há belas imagens de batalhas de cavalaria, emboscadas, correrias. Bege, branco, ocre, vermelho e preto pintam a tela com serenidade, sem exagero nas cenas sangrentas. Tanta ponderação parece afetar o ritmo da história. Desde o início há certa lentidão. Depois, quando a divisão familiar se instala, os cortes de um grupo para outro seguem uma rotina previsível. Chimangos e maragatos vão dividindo religiosamente a tela, mas não se sabe muito bem o que os separa de forma tão radical. Até Luís Carlos Prestes surge entre os dois. Há um esforço de didatismo, mas a avalanche de informações sobre batalhas, mapas e nomes deixa meio perdido quem não conhece a fundo a temática. A narração e as atuações conferem certo ritmo teatral ao filme, que recebeu prêmios no Festival de Gramado. O conflito ganha ares fidalgos. O resultado não chega a empolgar, mas faz uma viagem no tempo esquecido dessa guerra. Depois dela, a reeleição foi derrubada, e Getúlio Vargas chegou ao poder no Rio Grande do Sul. Mas já era outra a revolução. Naquele tempo, os oligarcas estavam ficando para trás. OS SENHORES DA GUERRA DIREÇÃO Tabajara Ruas ELENCO Rafael Cardoso, André Arteche, Leonardo Machado PRODUÇÃO Brasil, 2016, 14 anos QUANDO em cartaz
1
Líder rural é morta a tiros em acampamento no Pará
A líder rural Kátia Martins, 43, foi morta a tiros na noite desta quinta-feira (4) em sua casa no acampamento 1º de Janeiro, na divisa entre os municípios de Castanhal e São Domingos do Capim, a 130 km de Belém, no Pará. Martins era presidente da Associação de Agricultores Familiares do acampamento há cinco anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pará, o crime ocorreu dentro da casa da vítima, que morava com o neto, quando dois homens encapuzados chegaram de moto e dispararam entre cinco a seis tiros. O caso está sendo apurado em sigilo e ainda não há suspeitos identificados. A secretaria não corroborou a hipótese de se tratar de um conflito por terra, apesar de esta ser a principal suspeita de alguns representantes rurais que se manifestaram sobre o ocorrido. Em uma entrevista à imprensa realizada na tarde desta sexta (5), o assessor regional da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) Elilson Silva afirmou que Martins voltava de uma reunião para arrecadar verbas para projetos do acampamento por meio do Banco da Amazônia. O terreno estaria sob a jurisdição do Instituto de Terras do Pará, para o qual as terras "seriam improdutivas", afirmou Silva. Daniel Lopes, presidente do Iterpa, disse não poder confirmar a informação quando foi procurado pela reportagem. "Se existe um conflito fundiário, mesmo que a terra fosse do Iterpa, por ser área de conflito é problema de reforma agrária, portanto do governo federal e do Incra", disse Lopes. "Ela achava que estava marcada para morrer", afirmou Vera Paoloni, diretora da~CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Pará durante a coletiva. Segundo Paoloni, Martins chegou a dizer, durante uma reunião no Sindicato dos Trabalhadores de Castanhal na sexta (1º), que estava recebendo ligações suspeitas. Tanto Silva quanto Paoloni afirmam que os crimes em regiões de conflito por terra estão aumentando. Segundo o assessor, cerca de 2.500 assassinatos no campo foram cometidos desde 1964 até 2016 –somente nesta semana teriam sido seis, um deles o de Martins. TORTURA A Polícia Civil do Pará investiga também um suposto caso de tortura e assassinato a tiros ocorrido na fazenda Serra Norte, no município de Eldorado do Carajás, a 639 km de Belém. A Delegacia de Conflitos Agrários, sob o comando do delegado Alexandre Nascimento, identificou a vítima como sendo o trabalhador rural Edvaldo Soares Costa. A equipe permanece no local para identificar a autoria do crime. O corpo foi removido para Marabá após ter sido encontrado em uma área do terreno conhecida como Pedra Furada. O relato da polícia diz que Costa apresentava olhos perfurados, mãos amarradas e cortadas. Segundo Vera Paoloni, diretora da CUT-PA, o crime foi ainda mais violento. Ela afirma que o trabalhador teve dedos cortados, braços e pernas quebrados e pescoço degolado, além de ter levado tiros, facadas e pauladas. Eldorado dos Carajás ficou conhecido no Brasil pelo massacre que deixou 19 mortos depois de um conflito entre trabalhadores sem terra e a Polícia Militar do Pará há 21 anos.
poder
Líder rural é morta a tiros em acampamento no ParáA líder rural Kátia Martins, 43, foi morta a tiros na noite desta quinta-feira (4) em sua casa no acampamento 1º de Janeiro, na divisa entre os municípios de Castanhal e São Domingos do Capim, a 130 km de Belém, no Pará. Martins era presidente da Associação de Agricultores Familiares do acampamento há cinco anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pará, o crime ocorreu dentro da casa da vítima, que morava com o neto, quando dois homens encapuzados chegaram de moto e dispararam entre cinco a seis tiros. O caso está sendo apurado em sigilo e ainda não há suspeitos identificados. A secretaria não corroborou a hipótese de se tratar de um conflito por terra, apesar de esta ser a principal suspeita de alguns representantes rurais que se manifestaram sobre o ocorrido. Em uma entrevista à imprensa realizada na tarde desta sexta (5), o assessor regional da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) Elilson Silva afirmou que Martins voltava de uma reunião para arrecadar verbas para projetos do acampamento por meio do Banco da Amazônia. O terreno estaria sob a jurisdição do Instituto de Terras do Pará, para o qual as terras "seriam improdutivas", afirmou Silva. Daniel Lopes, presidente do Iterpa, disse não poder confirmar a informação quando foi procurado pela reportagem. "Se existe um conflito fundiário, mesmo que a terra fosse do Iterpa, por ser área de conflito é problema de reforma agrária, portanto do governo federal e do Incra", disse Lopes. "Ela achava que estava marcada para morrer", afirmou Vera Paoloni, diretora da~CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Pará durante a coletiva. Segundo Paoloni, Martins chegou a dizer, durante uma reunião no Sindicato dos Trabalhadores de Castanhal na sexta (1º), que estava recebendo ligações suspeitas. Tanto Silva quanto Paoloni afirmam que os crimes em regiões de conflito por terra estão aumentando. Segundo o assessor, cerca de 2.500 assassinatos no campo foram cometidos desde 1964 até 2016 –somente nesta semana teriam sido seis, um deles o de Martins. TORTURA A Polícia Civil do Pará investiga também um suposto caso de tortura e assassinato a tiros ocorrido na fazenda Serra Norte, no município de Eldorado do Carajás, a 639 km de Belém. A Delegacia de Conflitos Agrários, sob o comando do delegado Alexandre Nascimento, identificou a vítima como sendo o trabalhador rural Edvaldo Soares Costa. A equipe permanece no local para identificar a autoria do crime. O corpo foi removido para Marabá após ter sido encontrado em uma área do terreno conhecida como Pedra Furada. O relato da polícia diz que Costa apresentava olhos perfurados, mãos amarradas e cortadas. Segundo Vera Paoloni, diretora da CUT-PA, o crime foi ainda mais violento. Ela afirma que o trabalhador teve dedos cortados, braços e pernas quebrados e pescoço degolado, além de ter levado tiros, facadas e pauladas. Eldorado dos Carajás ficou conhecido no Brasil pelo massacre que deixou 19 mortos depois de um conflito entre trabalhadores sem terra e a Polícia Militar do Pará há 21 anos.
0
Farsantes das artes marciais: Uma história de imitadores e óleo de cobra
O "tio estranho" do UFC e astro de ação Steven Seagal reapareceu do lado do octógono quando ele ensinou ao desafiante Daniel Cormier alguns truques mortais que o ajudariam a garantir sua vitória sobre o campeão meio-pesado Jon Jones. Ele também se exibiu, vestindo suas melhores roupas e peruca de John Travolta, como parte da comitiva de Cormier no UFC 182 em Janeiro deste ano. A insistência do Seagal em fingir que ele é um especialista em artes marciais supersério e totalmente legítimo, especialmente quando é quase dolorosamente claro que ninguém o leva a sério, nos deixou com muitas perguntas: Como é que um ser humano consegue se parecer tanto com o Frylock de Aqua Teen Hunger Force? O que Seagal ganha com essa pantomima bizarra? O que os lutadores ganham com isso? Como é que alguém que, pelo que tudo indica, parece realmente se preocupar com as artes marciais, acaba se envolvendo em comportamentos que fazem paródia da disciplina? As artes marciais tem a ver com honra, o que faz mentir sobre a própria educação, talento e realizações, um pecado imperdoável. Artistas marciais verdadeiros detestam esse tipo de comportamento, e inclusive o condenam ativamente. Então, o que motiva alguém a fazê-lo? Especialmente em nossos tempos capacitados por Google? Com isto em mente, nós demos uma olhada em alguns dos mais famosos exagerados, fraudes e malucos na história das artes marciais. Isto não nos deu muitas respostas, mas, pelo menos, nos ofereceu uma abundância de histórias de nocautes sem contato, de faixas-pretas pedidas pelo correio, falsificação de lutas de boxe na Russia, e bebês que derretem. SIN THE' Realmente não há nenhuma maneira fácil de resumir as façanhas polarizadoras de Sin Kwang The', um Shaolin Grandmaster (?) que ensinou uma arte marcial altamente duvidada, chamada Shaolin Do, em Kentucky, desde o final dos anos 60. Ele afirma ter dominado mais de 900 formas em mais de 100 sistemas de combate e que sua arte marcial tem uma linhagem direta ao Templo Fukien. Ele tem um irmão distante, Hiang A, que também é um Grandmaster e conta uma versão muito diferente sobre a sua história. Alguns dizem que seu mestre derreteu um bebê durante um treinamento de sandburn que deu errado. Sin The' tem defensores intransigentes até hoje, mas o caso contra ele é difícil de ignorar. De acordo com estes posts sobre Bullshido, The' tem falsificado suas credenciais, a linhagem de sua arte marcial, e o número de formas que ele domina. E essa história de fusão de bebê é apenas um boato que ele ouviu que ele começou a contar a seus alunos porque, bem, por que você não passaria merda sobre um bebê derretido quando você essencialmente inventou uma arte marcial de técnicas de várias outras artes? DAVID LANG Indiscutivelmente o segundo fraude de BJJ mais notório de todos os tempos, David Lang fez as seguintes reivindicações ao longo dos anos: ele é um americano brasileiro que se mudou para os EUA aos 19 anos com uma faixa-marrom de Jiu-Jitsu, ele serviu duas vezes no Afeganistão com a Infantaria da 101 divisão, e ele recebeu a faixa-preta de Jiu-Jitsu sob a lenda do vale tudo Wallid Ismail. Lang foi exposto pela primeira vez em 2010, quando uma discussão no Underground começou a escavar o seu passado e descobriu que Lang não tinha ligações para o Brasil, havia crescido como um cristão estudando em casa em os EUA, e nunca tinha servido nas forças armadas. Wallid Ismail nunca tinha ouvido falar dele, e prontamente emitiu uma declaração em vídeo sobre o assunto. Veja vídeo Em vez de se defender, admitindo a culpa e/ou desaparecendo, Lang dobrou-se e começou uma campanha de cartas para limpar seu nome que de alguma forma resultou em ele, entre outras coisas, tornando-se amigo de carta com o faixa-preta de Jiu-Jitsu preso Hermes Franca, e do respeitado faixa-preta Carlos David Oliveira. E ele ainda está nessa. GEORGE DILLMAN O mestre norte-americano ryuku de karatê kempo George Dillman tem sido uma figura de sucesso na cena das artes marciais norte-americanas desde os anos 60. Ele ensinou Muhammad Ali (ou, pelo menos, partilhados alguns ops de fotografias embaraçosas com Ali) e entrou no Hall of Fame da revista Black como Instrutor do Ano em 1997. Veja vídeo Sua reivindicação à fama, os nocautes sem toque, é essencialmente a homeopatia do mundo das artes marciais. Parece que ele não consegue fornecer qualquer prova científica de que os seus métodos de trabalho, mas pelo menos ele entretém o resto de nós, enquanto ele tenta oferecer prova e desculpas. Seu protegido Harry Thomas Cameron, também conhecido como O Stun Gun Humano, foi continuar esta tradição de envergonhar a si mesmo e sua arte na TV. Acima está um vídeo dele fazendo nada para Stephan Bonnar. COUNT DANTE John Timothy Keehan boxeou como adolescente, aprendeu técnicas de jiu-jitsu no exército, e recebeu sua faixa preta em caratê como um adulto. Aparentemente, nenhuma dessas realizações da vida real foram o suficiente para Keehan, que mudou seu nome para Dount Jerjer Raphael Dante, inventou uma linhagem nobre para sua família, e fez o seu próprio sistema de artes marciais chamado Dan-te, e fundou o Black Dragon Fighting Society. Ele anunciou o Dan-te ("... a arte MORTAL e mais aterrorizante luta conhecida pelo homem") e ele próprio ("o mais mortífero homem que já viveu") em histórias em quadrinhos. Na realidade, a pior coisa que ele fez foi instigar uma briga com um dojo rival que levou ao assassinato de um de seus alunos. ASHIDA KIM Ashida Kim, autor ninja e personalidade do YouTube, tem uma história completamente indetectável nas artes marciais. Não há registro de onde ele treinou, ou quem o treinou. Mas ele diz ao The Believer que ele treinou primeiro com Conde Dante em 1968 e se envolveu com Black Dragon Fighting Society de Dante, o que potencialmente faz dele uma segunda geração de fraudes das artes marciais. Ashida Kim também oferece a venda de faixas-pretas pelo correio. Veja vídeo FRANK DUX Frank Dux ganhou fama como a inspiração da vida real (e coreógrafo) para o clássico Bloodsport com Jean-Claude Van Damme, mas uma história que o Los Angeles Times publicou, em 1988, revelou que o filme não era exatamente baseado em uma história verdadeira. Dux nunca chegou no Sudeste Asiático enquanto estava no serviço militar, e o mais próximo que ele chegou a ser ferido no cumprimento do dever foi cair de um caminhão que ele estava pintando no momento. O Ministério do Esporte nas Bahamas, onde o torneio imortalizado em Bloodsport alegadamente aconteceu, não tem registro de qualquer tipo de concorrência. E, pelo menos, um de seus muitos troféus de artes marciais foi comprado por ele em uma loja de troféus na Califórnia. O dono da loja tem o recibo para provar isso, mas Dux afirma que é uma falsificação. RAFIEL TORRE Como você chega a passar o topo das façanhas do mais odiado fingidor David Lang para se tornar o fraude mais odiado na história do Jiu-Jitsu e MMA? Você perde uma luta de propósito. E aí você assassina alguém. Rafiel Torre, um repórter que virou lutador, era uma figura bastante amada nos anos formativos do MMA e, no começo, ninguém desconfiou das alegações de que ele era um especialista em Jiu-Jitsu brasileiro. As coisas começaram a se desmoronar quando ele decidiu "sair da aposentadoria" para uma luta no King of the Cage 7 no 24 de fevereiro de 2001. Ele venceu a luta com uma chave de joelho mal-executada e a teatralidade do pro-wrestling que imediatamente fez seus amigos e defensores suspeitarem que luta foi falsa. A verdade veio à tona: o seu passado e realizações no esporte eram tão fictícios quanto a sua luta. Em uma ironia trágica, o único movimento de combate legítimo que ele executou era o mata-leão que ele usou para matar o marido de sua amante, Bryan Richards, em dezembro de 2001. Torre foi condenado por assassinato em primeiro grau em 2011 e atualmente está servindo uma sentença de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. ELVIS PRESLEY Nós já cobrimos questões bizarras sobre o karatê do Elvis detalhadamente aqui no Fightland, mas aqui está a versão curta: Elvis descobriu o karatê enquanto ele estava no exército. Depois disso, ele embarcou em uma carreira quase legítima, e meio questionável na qual ele ganhou uma faixa preta duvidosa, realizando movimentos de karatê durante os shows, e rasgando suas calças durante o treinamento. Seu karatê ficou assim: Veja vídeo MICKEY ROURKE Ator Mickey Rourke causou um rebuliço enorme em novembro do ano passado, quando ele "bateu" Elliot Seymour (que tinha um registro 1-9) em uma luta de exibição na Rússia, porque, bem, a luta parecia como este e Seymour posteriormente admitiu tomar um mergulho por um dinheiro muito necessário. Mas o seu passado histórico como um pugilista amador estava sob disputa muito antes disso. Nem a organização Luvas de Ouro nem o seu padrasto acham que ele lutou. Este caso é particularmente triste, porque, se você ouvir Rourke no podcast do Chael Sonen, é claro que ele realmente ama o esporte e se preocupa com a sua história. Então, o que diabos leva a fazer tal farsa dele? STEVEN SEAGAL Antes de se tornar uma das maiores estrelas de ação dos anos 80 e 90, Steven Seagal foi um instrutor de Aikido - e o primeiro instrutor norte-americano no Japão. Tudo isso é verificável, mas o seu próprio treinamento está sob uma certa quantidade de debate. Suas mais questionáveis ações ligadas às artes marciais, porém, tem sido sua associação com vários lutadores do UFC, como Anderson Silva, Lyoto Machida, e Daniel Cormier. (Ele também tentou ficar ao redor com Jon Jones e dar-lhe dicas, mas o campeão recusou). Este tornou-se claramente uma das melhores piadas do UFC. O Anderson aceitou os conselhos, mas começou a se distanciar de Seagal quando o herói de ação começou a tomar muito crédito para ensinar-lhe o pontapé que nocauteou Vitor Belfort e Cormier certamente tirou sarro quando ele disse que aprendeu algumas coisas com o mestre antes de sua luta contar Jon Jones em janeiro. Mas o próprio Seagal acredita que ele realmente ensina pra essa garotada do UFC algo novo, ou ele acredita que todos nós acreditamos nele. E ambas as opções são desconfortavelmente tristes neste momento. Ele também nega que Judo Gene Lebell nunca o submeteu, apesar de todas as evidências em contrário.
vice
Farsantes das artes marciais: Uma história de imitadores e óleo de cobraO "tio estranho" do UFC e astro de ação Steven Seagal reapareceu do lado do octógono quando ele ensinou ao desafiante Daniel Cormier alguns truques mortais que o ajudariam a garantir sua vitória sobre o campeão meio-pesado Jon Jones. Ele também se exibiu, vestindo suas melhores roupas e peruca de John Travolta, como parte da comitiva de Cormier no UFC 182 em Janeiro deste ano. A insistência do Seagal em fingir que ele é um especialista em artes marciais supersério e totalmente legítimo, especialmente quando é quase dolorosamente claro que ninguém o leva a sério, nos deixou com muitas perguntas: Como é que um ser humano consegue se parecer tanto com o Frylock de Aqua Teen Hunger Force? O que Seagal ganha com essa pantomima bizarra? O que os lutadores ganham com isso? Como é que alguém que, pelo que tudo indica, parece realmente se preocupar com as artes marciais, acaba se envolvendo em comportamentos que fazem paródia da disciplina? As artes marciais tem a ver com honra, o que faz mentir sobre a própria educação, talento e realizações, um pecado imperdoável. Artistas marciais verdadeiros detestam esse tipo de comportamento, e inclusive o condenam ativamente. Então, o que motiva alguém a fazê-lo? Especialmente em nossos tempos capacitados por Google? Com isto em mente, nós demos uma olhada em alguns dos mais famosos exagerados, fraudes e malucos na história das artes marciais. Isto não nos deu muitas respostas, mas, pelo menos, nos ofereceu uma abundância de histórias de nocautes sem contato, de faixas-pretas pedidas pelo correio, falsificação de lutas de boxe na Russia, e bebês que derretem. SIN THE' Realmente não há nenhuma maneira fácil de resumir as façanhas polarizadoras de Sin Kwang The', um Shaolin Grandmaster (?) que ensinou uma arte marcial altamente duvidada, chamada Shaolin Do, em Kentucky, desde o final dos anos 60. Ele afirma ter dominado mais de 900 formas em mais de 100 sistemas de combate e que sua arte marcial tem uma linhagem direta ao Templo Fukien. Ele tem um irmão distante, Hiang A, que também é um Grandmaster e conta uma versão muito diferente sobre a sua história. Alguns dizem que seu mestre derreteu um bebê durante um treinamento de sandburn que deu errado. Sin The' tem defensores intransigentes até hoje, mas o caso contra ele é difícil de ignorar. De acordo com estes posts sobre Bullshido, The' tem falsificado suas credenciais, a linhagem de sua arte marcial, e o número de formas que ele domina. E essa história de fusão de bebê é apenas um boato que ele ouviu que ele começou a contar a seus alunos porque, bem, por que você não passaria merda sobre um bebê derretido quando você essencialmente inventou uma arte marcial de técnicas de várias outras artes? DAVID LANG Indiscutivelmente o segundo fraude de BJJ mais notório de todos os tempos, David Lang fez as seguintes reivindicações ao longo dos anos: ele é um americano brasileiro que se mudou para os EUA aos 19 anos com uma faixa-marrom de Jiu-Jitsu, ele serviu duas vezes no Afeganistão com a Infantaria da 101 divisão, e ele recebeu a faixa-preta de Jiu-Jitsu sob a lenda do vale tudo Wallid Ismail. Lang foi exposto pela primeira vez em 2010, quando uma discussão no Underground começou a escavar o seu passado e descobriu que Lang não tinha ligações para o Brasil, havia crescido como um cristão estudando em casa em os EUA, e nunca tinha servido nas forças armadas. Wallid Ismail nunca tinha ouvido falar dele, e prontamente emitiu uma declaração em vídeo sobre o assunto. Veja vídeo Em vez de se defender, admitindo a culpa e/ou desaparecendo, Lang dobrou-se e começou uma campanha de cartas para limpar seu nome que de alguma forma resultou em ele, entre outras coisas, tornando-se amigo de carta com o faixa-preta de Jiu-Jitsu preso Hermes Franca, e do respeitado faixa-preta Carlos David Oliveira. E ele ainda está nessa. GEORGE DILLMAN O mestre norte-americano ryuku de karatê kempo George Dillman tem sido uma figura de sucesso na cena das artes marciais norte-americanas desde os anos 60. Ele ensinou Muhammad Ali (ou, pelo menos, partilhados alguns ops de fotografias embaraçosas com Ali) e entrou no Hall of Fame da revista Black como Instrutor do Ano em 1997. Veja vídeo Sua reivindicação à fama, os nocautes sem toque, é essencialmente a homeopatia do mundo das artes marciais. Parece que ele não consegue fornecer qualquer prova científica de que os seus métodos de trabalho, mas pelo menos ele entretém o resto de nós, enquanto ele tenta oferecer prova e desculpas. Seu protegido Harry Thomas Cameron, também conhecido como O Stun Gun Humano, foi continuar esta tradição de envergonhar a si mesmo e sua arte na TV. Acima está um vídeo dele fazendo nada para Stephan Bonnar. COUNT DANTE John Timothy Keehan boxeou como adolescente, aprendeu técnicas de jiu-jitsu no exército, e recebeu sua faixa preta em caratê como um adulto. Aparentemente, nenhuma dessas realizações da vida real foram o suficiente para Keehan, que mudou seu nome para Dount Jerjer Raphael Dante, inventou uma linhagem nobre para sua família, e fez o seu próprio sistema de artes marciais chamado Dan-te, e fundou o Black Dragon Fighting Society. Ele anunciou o Dan-te ("... a arte MORTAL e mais aterrorizante luta conhecida pelo homem") e ele próprio ("o mais mortífero homem que já viveu") em histórias em quadrinhos. Na realidade, a pior coisa que ele fez foi instigar uma briga com um dojo rival que levou ao assassinato de um de seus alunos. ASHIDA KIM Ashida Kim, autor ninja e personalidade do YouTube, tem uma história completamente indetectável nas artes marciais. Não há registro de onde ele treinou, ou quem o treinou. Mas ele diz ao The Believer que ele treinou primeiro com Conde Dante em 1968 e se envolveu com Black Dragon Fighting Society de Dante, o que potencialmente faz dele uma segunda geração de fraudes das artes marciais. Ashida Kim também oferece a venda de faixas-pretas pelo correio. Veja vídeo FRANK DUX Frank Dux ganhou fama como a inspiração da vida real (e coreógrafo) para o clássico Bloodsport com Jean-Claude Van Damme, mas uma história que o Los Angeles Times publicou, em 1988, revelou que o filme não era exatamente baseado em uma história verdadeira. Dux nunca chegou no Sudeste Asiático enquanto estava no serviço militar, e o mais próximo que ele chegou a ser ferido no cumprimento do dever foi cair de um caminhão que ele estava pintando no momento. O Ministério do Esporte nas Bahamas, onde o torneio imortalizado em Bloodsport alegadamente aconteceu, não tem registro de qualquer tipo de concorrência. E, pelo menos, um de seus muitos troféus de artes marciais foi comprado por ele em uma loja de troféus na Califórnia. O dono da loja tem o recibo para provar isso, mas Dux afirma que é uma falsificação. RAFIEL TORRE Como você chega a passar o topo das façanhas do mais odiado fingidor David Lang para se tornar o fraude mais odiado na história do Jiu-Jitsu e MMA? Você perde uma luta de propósito. E aí você assassina alguém. Rafiel Torre, um repórter que virou lutador, era uma figura bastante amada nos anos formativos do MMA e, no começo, ninguém desconfiou das alegações de que ele era um especialista em Jiu-Jitsu brasileiro. As coisas começaram a se desmoronar quando ele decidiu "sair da aposentadoria" para uma luta no King of the Cage 7 no 24 de fevereiro de 2001. Ele venceu a luta com uma chave de joelho mal-executada e a teatralidade do pro-wrestling que imediatamente fez seus amigos e defensores suspeitarem que luta foi falsa. A verdade veio à tona: o seu passado e realizações no esporte eram tão fictícios quanto a sua luta. Em uma ironia trágica, o único movimento de combate legítimo que ele executou era o mata-leão que ele usou para matar o marido de sua amante, Bryan Richards, em dezembro de 2001. Torre foi condenado por assassinato em primeiro grau em 2011 e atualmente está servindo uma sentença de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. ELVIS PRESLEY Nós já cobrimos questões bizarras sobre o karatê do Elvis detalhadamente aqui no Fightland, mas aqui está a versão curta: Elvis descobriu o karatê enquanto ele estava no exército. Depois disso, ele embarcou em uma carreira quase legítima, e meio questionável na qual ele ganhou uma faixa preta duvidosa, realizando movimentos de karatê durante os shows, e rasgando suas calças durante o treinamento. Seu karatê ficou assim: Veja vídeo MICKEY ROURKE Ator Mickey Rourke causou um rebuliço enorme em novembro do ano passado, quando ele "bateu" Elliot Seymour (que tinha um registro 1-9) em uma luta de exibição na Rússia, porque, bem, a luta parecia como este e Seymour posteriormente admitiu tomar um mergulho por um dinheiro muito necessário. Mas o seu passado histórico como um pugilista amador estava sob disputa muito antes disso. Nem a organização Luvas de Ouro nem o seu padrasto acham que ele lutou. Este caso é particularmente triste, porque, se você ouvir Rourke no podcast do Chael Sonen, é claro que ele realmente ama o esporte e se preocupa com a sua história. Então, o que diabos leva a fazer tal farsa dele? STEVEN SEAGAL Antes de se tornar uma das maiores estrelas de ação dos anos 80 e 90, Steven Seagal foi um instrutor de Aikido - e o primeiro instrutor norte-americano no Japão. Tudo isso é verificável, mas o seu próprio treinamento está sob uma certa quantidade de debate. Suas mais questionáveis ações ligadas às artes marciais, porém, tem sido sua associação com vários lutadores do UFC, como Anderson Silva, Lyoto Machida, e Daniel Cormier. (Ele também tentou ficar ao redor com Jon Jones e dar-lhe dicas, mas o campeão recusou). Este tornou-se claramente uma das melhores piadas do UFC. O Anderson aceitou os conselhos, mas começou a se distanciar de Seagal quando o herói de ação começou a tomar muito crédito para ensinar-lhe o pontapé que nocauteou Vitor Belfort e Cormier certamente tirou sarro quando ele disse que aprendeu algumas coisas com o mestre antes de sua luta contar Jon Jones em janeiro. Mas o próprio Seagal acredita que ele realmente ensina pra essa garotada do UFC algo novo, ou ele acredita que todos nós acreditamos nele. E ambas as opções são desconfortavelmente tristes neste momento. Ele também nega que Judo Gene Lebell nunca o submeteu, apesar de todas as evidências em contrário.
39
Não se case com um homem que a trate como Trump
Podemos julgar um homem pela forma como ele trata a sua mulher. E a postura de Donald Trump em relação a Melania deixa poucas dúvidas de que ele seja apenas um sujeito egoísta, mal-educado e autocentrado. Não é preciso ser muito sensível para notar que, no dia da posse, a atitude de Trump ao desembarcar do carro e não esperar pela mulher para, juntos, irem ao encontro dos Obama, foi no mínimo inadequada. Não é preciso um protocolo específico para que homem ou mulher tratem quem quer que seja com atenção e cordialidade. Tuíte Li nas redes sociais desculpas para o comportamento desatencioso que tem sido visto desde que o casal Trump passou a estar sob a mira do público. "Ela estava deslumbrante." "Não sabemos como é a relação na intimidade." "Milhares de mulheres queriam estar no lugar dela." Nada disso é minimamente aceitável. Melania está sempre deslumbrante, é uma top model. Mas uma top model que, mesmo acostumada aos holofotes, ora parece uma garota assustada, com medo de dizer ou fazer algo errado e ser repreendida pelo pai, ora uma menina com cara de quem acabou de cair do caminhão de mudança e não sabe onde está. O que faria um companheiro atento e sensível? O mínimo para que ela se sentisse amparada e segura. É verdade que não dá para saber como se relaciona um casal entre quatro paredes, mas o que fica é a forma como se tratam em público. E a mensagem que o casal Trump nos manda não é de um relacionamento harmonioso, mas de uma relação em que o homem manda e a mulher obedece, quando não é simplesmente tratada como algo obsoleto. Melania disse, numa entrevista, que em 20 anos ela e Trump jamais discutiram. Veja, ou isso é uma tremenda mentira ou só prova que apenas uma voz, uma vontade e uma personalidade fala pelos dois. Casais brigam, porque nem sempre pensam da mesma forma e esses confrontos são necessários em qualquer relacionamento saudável. Se, de fato, o casal Trump não se desentende, o que Melania confirma é que raramente contraria ou confronta um sujeito que já mostrou o quanto é machista, controlador, dono da verdade e que não se importa com a opinião de ninguém, inclusive a dela. Melania é apontada por muita gente como uma legítima "trophy wife". É possível que seja e tenha consciência dessa escolha, que é legítima. Cada mulher deve poder escolher o que acha melhor para si. Há no mundo dezenas de milhares de aspirantes a Melania e elas parecem dispostas a pagar o preço por uma vida financeiramente confortável, mas sentimentalmente pobre. Haja Rivotril e alta costura para lidar com falta de atenção, de cordialidade, de companheirismo, de educação, e o que dizer de carinho? Mas é uma escolha. Obviamente esse tipo de barganha não se resume a dinheiro e poder. Há milhares de mulheres profissionalmente e financeiramente independentes, mas reféns das migalhas de atenção em relacionamentos doentes. A maioria de nós já viveu isso. Nos vendemos por um tequinho de atenção e alguns tantos orgasmos. Não precisamos de um cartão de crédito sem limites, mas estamos prontas a rastejar por um afago. Em troca de conforto financeiro ou sentimental aceitamos falta de carinho, de amor, de atenção, de respeito. Aceitamos grosserias, violência emocional, machismo. Achamos natural que o cara não divida tarefas domésticas ou a responsabilidade da criação dos filhos. Engolimos traições. Acreditamos que a nossa profissão, nossa vida e nossas prioridades sejam secundárias. Abaixamos a voz, vivemos na sombra, andamos atrás e nunca ao lado. E somos profundamente infelizes, morando na favela, num apartamento de classe média ou na Casa Branca. Porque escolhemos mal, porque namoramos, transamos, casamos com homens como Trump, seja por dinheiro ou pela ilusão do amor.
colunas
Não se case com um homem que a trate como TrumpPodemos julgar um homem pela forma como ele trata a sua mulher. E a postura de Donald Trump em relação a Melania deixa poucas dúvidas de que ele seja apenas um sujeito egoísta, mal-educado e autocentrado. Não é preciso ser muito sensível para notar que, no dia da posse, a atitude de Trump ao desembarcar do carro e não esperar pela mulher para, juntos, irem ao encontro dos Obama, foi no mínimo inadequada. Não é preciso um protocolo específico para que homem ou mulher tratem quem quer que seja com atenção e cordialidade. Tuíte Li nas redes sociais desculpas para o comportamento desatencioso que tem sido visto desde que o casal Trump passou a estar sob a mira do público. "Ela estava deslumbrante." "Não sabemos como é a relação na intimidade." "Milhares de mulheres queriam estar no lugar dela." Nada disso é minimamente aceitável. Melania está sempre deslumbrante, é uma top model. Mas uma top model que, mesmo acostumada aos holofotes, ora parece uma garota assustada, com medo de dizer ou fazer algo errado e ser repreendida pelo pai, ora uma menina com cara de quem acabou de cair do caminhão de mudança e não sabe onde está. O que faria um companheiro atento e sensível? O mínimo para que ela se sentisse amparada e segura. É verdade que não dá para saber como se relaciona um casal entre quatro paredes, mas o que fica é a forma como se tratam em público. E a mensagem que o casal Trump nos manda não é de um relacionamento harmonioso, mas de uma relação em que o homem manda e a mulher obedece, quando não é simplesmente tratada como algo obsoleto. Melania disse, numa entrevista, que em 20 anos ela e Trump jamais discutiram. Veja, ou isso é uma tremenda mentira ou só prova que apenas uma voz, uma vontade e uma personalidade fala pelos dois. Casais brigam, porque nem sempre pensam da mesma forma e esses confrontos são necessários em qualquer relacionamento saudável. Se, de fato, o casal Trump não se desentende, o que Melania confirma é que raramente contraria ou confronta um sujeito que já mostrou o quanto é machista, controlador, dono da verdade e que não se importa com a opinião de ninguém, inclusive a dela. Melania é apontada por muita gente como uma legítima "trophy wife". É possível que seja e tenha consciência dessa escolha, que é legítima. Cada mulher deve poder escolher o que acha melhor para si. Há no mundo dezenas de milhares de aspirantes a Melania e elas parecem dispostas a pagar o preço por uma vida financeiramente confortável, mas sentimentalmente pobre. Haja Rivotril e alta costura para lidar com falta de atenção, de cordialidade, de companheirismo, de educação, e o que dizer de carinho? Mas é uma escolha. Obviamente esse tipo de barganha não se resume a dinheiro e poder. Há milhares de mulheres profissionalmente e financeiramente independentes, mas reféns das migalhas de atenção em relacionamentos doentes. A maioria de nós já viveu isso. Nos vendemos por um tequinho de atenção e alguns tantos orgasmos. Não precisamos de um cartão de crédito sem limites, mas estamos prontas a rastejar por um afago. Em troca de conforto financeiro ou sentimental aceitamos falta de carinho, de amor, de atenção, de respeito. Aceitamos grosserias, violência emocional, machismo. Achamos natural que o cara não divida tarefas domésticas ou a responsabilidade da criação dos filhos. Engolimos traições. Acreditamos que a nossa profissão, nossa vida e nossas prioridades sejam secundárias. Abaixamos a voz, vivemos na sombra, andamos atrás e nunca ao lado. E somos profundamente infelizes, morando na favela, num apartamento de classe média ou na Casa Branca. Porque escolhemos mal, porque namoramos, transamos, casamos com homens como Trump, seja por dinheiro ou pela ilusão do amor.
10
Brexit domina último dia da campanha eleitoral na Espanha
A vitória do voto pela saída britânica da União Europeia fez subir a temperatura no último dia de campanha eleitoral na Espanha –país que, sem o Reino Unido no bloco, passará a ser a quarta maior economia do grupo. O premiê interino, Mariano Rajoy (PP, conservador), candidato à reeleição neste domingo (26), fez pronunciamento logo após a renúncia de David Cameron em Londres e pediu tranquilidade. "Este resultado deve fazer com que todos os Estados-membros da UE reflitamos e nos esforcemos para reconquistar o sentimento fundador europeu e recuperar a atração exercida por ele sobre nossos cidadãos", disse. Rajoy defendeu as reformas feitas em seu governo, como o saneamento do sistema bancário, sob direção do Banco Central Europeu, e disse que "não é o momento para acrescentar incertezas". Outros porta-vozes do PP, como o ministro das Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, e o deputado Pablo Casado, foram mais explícitos no uso do discurso do medo. Casado disse que é o momento de o eleitor decidir entre a experiência e a aventura, em referência ao Podemos, partido fundado há dois anos e que nunca ocupou cargos no governo federal. Pablo Iglesias, líder do Podemos –que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do PP–, considerou "pouco elegante" o uso do tema Brexit (como é conhecida a saída britânica do loco) "para ganhar um punhado de votos". Podemos e Esquerda Unida, seu aliado nesta campanha, são os dois partidos mais críticos às políticas de austeridade impostas pela União Europeia à Espanha e a outros países como Portugal e Grécia. "O que está claro é que o crescimento é incompatível com as políticas de austeridade. O resultado [do referendo] deve impulsionar uma nova União Europeia que respeite os direitos sociais e os direitos humanos", disse Iglesias em entrevista à TV Antena 3. AUSTERIDADE Temas de política externa, inclusive da União Europeia, estiveram praticamente ausentes da campanha eleitoral espanhola até a divulgação do resultado do referendo no Reino Unido. No único debate entre os quatro principais candidatos, realizado por um pool de emissoras no dia 13, houve rápidas menções ao Brexit e ao drama dos refugiados. No entanto, as políticas de austeridade, com seus efeitos econômicos e sociais como uma taxa de desemprego que persiste em 21% da força de trabalho, são o assunto central na Espanha. E elas têm como sujeito oculto a União Europeia, já que Bruxelas dita as linhas de política econômica dos países da zona do euro. O candidato do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), Pedro Sánchez, disse que a vitória do Brexit é "um duro golpe para a Europa e os europeístas, mas não é irreversível". "O que aconteceu deve fazer com que a Europa se dirija a políticas de crescimento e de geração de emprego, a políticas contra a desigualdade", afirmou Sánchez. O líder social-democrata culpou uma "confluência entre a direita irresponsável e o populismo" pelo Brexit. Ele alertou para o risco de novos referendos separatistas em regiões como a Catalunha e defendeu que as mudanças devem ser feitas "por uma força política tranquila, como o PSOE". União Europeia e Reino Unido
mundo
Brexit domina último dia da campanha eleitoral na EspanhaA vitória do voto pela saída britânica da União Europeia fez subir a temperatura no último dia de campanha eleitoral na Espanha –país que, sem o Reino Unido no bloco, passará a ser a quarta maior economia do grupo. O premiê interino, Mariano Rajoy (PP, conservador), candidato à reeleição neste domingo (26), fez pronunciamento logo após a renúncia de David Cameron em Londres e pediu tranquilidade. "Este resultado deve fazer com que todos os Estados-membros da UE reflitamos e nos esforcemos para reconquistar o sentimento fundador europeu e recuperar a atração exercida por ele sobre nossos cidadãos", disse. Rajoy defendeu as reformas feitas em seu governo, como o saneamento do sistema bancário, sob direção do Banco Central Europeu, e disse que "não é o momento para acrescentar incertezas". Outros porta-vozes do PP, como o ministro das Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, e o deputado Pablo Casado, foram mais explícitos no uso do discurso do medo. Casado disse que é o momento de o eleitor decidir entre a experiência e a aventura, em referência ao Podemos, partido fundado há dois anos e que nunca ocupou cargos no governo federal. Pablo Iglesias, líder do Podemos –que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do PP–, considerou "pouco elegante" o uso do tema Brexit (como é conhecida a saída britânica do loco) "para ganhar um punhado de votos". Podemos e Esquerda Unida, seu aliado nesta campanha, são os dois partidos mais críticos às políticas de austeridade impostas pela União Europeia à Espanha e a outros países como Portugal e Grécia. "O que está claro é que o crescimento é incompatível com as políticas de austeridade. O resultado [do referendo] deve impulsionar uma nova União Europeia que respeite os direitos sociais e os direitos humanos", disse Iglesias em entrevista à TV Antena 3. AUSTERIDADE Temas de política externa, inclusive da União Europeia, estiveram praticamente ausentes da campanha eleitoral espanhola até a divulgação do resultado do referendo no Reino Unido. No único debate entre os quatro principais candidatos, realizado por um pool de emissoras no dia 13, houve rápidas menções ao Brexit e ao drama dos refugiados. No entanto, as políticas de austeridade, com seus efeitos econômicos e sociais como uma taxa de desemprego que persiste em 21% da força de trabalho, são o assunto central na Espanha. E elas têm como sujeito oculto a União Europeia, já que Bruxelas dita as linhas de política econômica dos países da zona do euro. O candidato do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), Pedro Sánchez, disse que a vitória do Brexit é "um duro golpe para a Europa e os europeístas, mas não é irreversível". "O que aconteceu deve fazer com que a Europa se dirija a políticas de crescimento e de geração de emprego, a políticas contra a desigualdade", afirmou Sánchez. O líder social-democrata culpou uma "confluência entre a direita irresponsável e o populismo" pelo Brexit. Ele alertou para o risco de novos referendos separatistas em regiões como a Catalunha e defendeu que as mudanças devem ser feitas "por uma força política tranquila, como o PSOE". União Europeia e Reino Unido
3
Justiça barra megaobra em local sagrado para índios entre PA e MT
Na terra kaiabi, há oito aldeias. Mas existem outras que só os índios conhecem. São as "aldeias dos espíritos". Habitadas por personagens mitológicos há ao menos dois séculos, elas se situam em locais que estão prestes a desaparecer devido à construção de uma usina no rio Teles Pires, na divisa entre o Pará e o Mato Grosso. Orçada em mais de R$ 2 bilhões, a obra que ameaça os índios é a hidrelétrica de São Manoel, que integra o PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) e está hoje no centro de uma briga judicial. No fim de dezembro, a pedido do Ministério Público Federal, a Justiça mandou suspendê-la devido ao descumprimento de ações que devem diminuir seu impacto. Foi a sexta liminar favorável à paralisação da construção desde 2011. As outras cinco foram derrubadas pelo governo com base no argumento de que o atraso numa usina apta a fornecer energia para 2,5 milhões de pessoas afeta a economia. Agora, o governo alega que nem todas as ações previstas na licença devem ser cumpridas previamente, e a suspensão pode ser revertida a qualquer momento. Há uma sétima ação proposta pela Promotoria, ainda não julgada. Para o órgão, haverá danos aos índios tão logo 4.000 homens se alojem na região para iniciar a obra. Planejada para ser erguida a 700 metros de terras indígenas onde vivem 900 kaiabi e, mais acima, 8.000 munduruku, a usina vai encobrir com água lugares que, embora fora das áreas demarcadas, são intocáveis para os índios. Vão desaparecer, por exemplo, o morro do Macaco e a cachoeira das Sete Quedas, moradas de espíritos que se comunicam entre si, como conta o antropólogo Frederico César Barbosa de Oliveira. "Essa rede de comunicação espiritual envolvendo morros e cachoeiras é um aspecto fundamental das cosmografias [descrições do mundo] indígenas e ainda funciona na afirmação da territorialidade atual dos índios", diz ele, cuja tese de doutorado é sobre os kaiabi. Em 2011, Frederico foi contratado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), ligada ao Ministério de Minas e Energia, para fazer um complemento ao estudo do impacto da usina na vida dos índios. No trabalho, o antropólogo escreveu que "mexer com um lugar sagrado, especialmente aqueles relacionados com a água, já é motivo suficiente para tomar como inviável qualquer tipo de empreendimento". Criou, assim, uma saia justa para o governo. Em relatório entregue à Funai, a EPE rebateu dizendo que suas "opiniões extrapolam limites da competência técnica e profissional" e deveriam ser consideradas "percepções de caráter pessoal". Embora crítico à usina, ao final do trabalho de campo Frederico ficou refém dos índios, que exigiram a presença do presidente da Funai, durante sete dias. "Ameaçaram fazer uma gaiola no centro da aldeia, pôr a gente lá e colocar fogo", lembra ele, que foi resgatado de helicóptero com outros funcionários do governo. Para ele, a rede espiritual faz parte do patrimônio imaterial dos índios, que "é muito difícil de ser mensurado por técnicos do governo" e acaba sendo desconsiderada. IMPACTOS DIRETOS O relatório de impacto ambiental reconhece, porém, que as obras podem causar problemas como o aumento da prostituição e de doenças sexualmente transmissíveis. Para a Promotoria, há risco de genocídio na região e não houve consulta aos indígenas. "Ali naquela região haverá um complexo de usinas, e todas elas impactam terras indígenas", diz o procurador Felício Pontes Jr. Para o governo, a São Manoel não interfere diretamente nas terras indígenas porque estará fora delas. A União diz ainda que os índios tiveram "oportunidade de conhecer o projeto, manifestar-se e influenciar no processo". Sobre o aumento da prostituição na região, propõe medidas de conscientização e prevenção de doenças.
poder
Justiça barra megaobra em local sagrado para índios entre PA e MTNa terra kaiabi, há oito aldeias. Mas existem outras que só os índios conhecem. São as "aldeias dos espíritos". Habitadas por personagens mitológicos há ao menos dois séculos, elas se situam em locais que estão prestes a desaparecer devido à construção de uma usina no rio Teles Pires, na divisa entre o Pará e o Mato Grosso. Orçada em mais de R$ 2 bilhões, a obra que ameaça os índios é a hidrelétrica de São Manoel, que integra o PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) e está hoje no centro de uma briga judicial. No fim de dezembro, a pedido do Ministério Público Federal, a Justiça mandou suspendê-la devido ao descumprimento de ações que devem diminuir seu impacto. Foi a sexta liminar favorável à paralisação da construção desde 2011. As outras cinco foram derrubadas pelo governo com base no argumento de que o atraso numa usina apta a fornecer energia para 2,5 milhões de pessoas afeta a economia. Agora, o governo alega que nem todas as ações previstas na licença devem ser cumpridas previamente, e a suspensão pode ser revertida a qualquer momento. Há uma sétima ação proposta pela Promotoria, ainda não julgada. Para o órgão, haverá danos aos índios tão logo 4.000 homens se alojem na região para iniciar a obra. Planejada para ser erguida a 700 metros de terras indígenas onde vivem 900 kaiabi e, mais acima, 8.000 munduruku, a usina vai encobrir com água lugares que, embora fora das áreas demarcadas, são intocáveis para os índios. Vão desaparecer, por exemplo, o morro do Macaco e a cachoeira das Sete Quedas, moradas de espíritos que se comunicam entre si, como conta o antropólogo Frederico César Barbosa de Oliveira. "Essa rede de comunicação espiritual envolvendo morros e cachoeiras é um aspecto fundamental das cosmografias [descrições do mundo] indígenas e ainda funciona na afirmação da territorialidade atual dos índios", diz ele, cuja tese de doutorado é sobre os kaiabi. Em 2011, Frederico foi contratado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), ligada ao Ministério de Minas e Energia, para fazer um complemento ao estudo do impacto da usina na vida dos índios. No trabalho, o antropólogo escreveu que "mexer com um lugar sagrado, especialmente aqueles relacionados com a água, já é motivo suficiente para tomar como inviável qualquer tipo de empreendimento". Criou, assim, uma saia justa para o governo. Em relatório entregue à Funai, a EPE rebateu dizendo que suas "opiniões extrapolam limites da competência técnica e profissional" e deveriam ser consideradas "percepções de caráter pessoal". Embora crítico à usina, ao final do trabalho de campo Frederico ficou refém dos índios, que exigiram a presença do presidente da Funai, durante sete dias. "Ameaçaram fazer uma gaiola no centro da aldeia, pôr a gente lá e colocar fogo", lembra ele, que foi resgatado de helicóptero com outros funcionários do governo. Para ele, a rede espiritual faz parte do patrimônio imaterial dos índios, que "é muito difícil de ser mensurado por técnicos do governo" e acaba sendo desconsiderada. IMPACTOS DIRETOS O relatório de impacto ambiental reconhece, porém, que as obras podem causar problemas como o aumento da prostituição e de doenças sexualmente transmissíveis. Para a Promotoria, há risco de genocídio na região e não houve consulta aos indígenas. "Ali naquela região haverá um complexo de usinas, e todas elas impactam terras indígenas", diz o procurador Felício Pontes Jr. Para o governo, a São Manoel não interfere diretamente nas terras indígenas porque estará fora delas. A União diz ainda que os índios tiveram "oportunidade de conhecer o projeto, manifestar-se e influenciar no processo". Sobre o aumento da prostituição na região, propõe medidas de conscientização e prevenção de doenças.
0
Durante a Olimpíada, 'Abaporu' é emprestado ao Rio de Janeiro
Pouco mais de cinco anos desde a sua última visita ao Brasil, o "Abaporu", de Tarsila do Amaral (1886-1973), voltará ao país. Desta vez, ficará no Rio de Janeiro durante agosto em uma mostra planejada pelo MAR (Museu de Arte do Rio) para ser uma das atrações da cidade durante a Olimpíada. Será a segunda vez do quadro no Rio de Janeiro e a quinta no país desde que ele foi vendido ao argentino Eduardo Costantini, em 1995. A exibição do MAR, batizada de "A Cor do Brasil", fará uma retrospectiva da história da arte brasileira desde o século 18 até os anos 1970 e terá obras de outros 130 artistas brasileiros, como Adriana Varejão e Alfredo Volpi. Paulo Herkenhoff, diretor do MAR, almoçou na segunda-feira (6), na Argentina, com Costantini, dono do Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires), quando fechou o empréstimo. A tela, que faz parte do acervo permanente do museu portenho desde sua fundação, em 2001, foi adquirida por Costantini por US$ 1,43 milhão (R$ 4,9 milhões) em um leilão em Nova York. À época, a compra gerou debates por retirar do país um dos ícones do modernismo brasileiro. Houve tentativas -em vão- de tombar a obra. Na semana passada, em conversa com a Folha, o mecenas e empresário argentino do setor imobiliário voltou a dizer que o quadro poderia retornar ao Brasil caso fosse criado um museu para recebê-lo no Rio ou em São Paulo. A oferta havia sido feita à presidente afastada, Dilma Rousseff, em 2011, quando Costantini esteve em Brasília para a abertura de uma exposição de obras de mulheres brasileiras no Palácio do Planalto -"Abaporu" era uma das telas da mostra. Entre as demandas do empresário para concretizar o empréstimo permanente está o financiamento do novo museu por um grupo de empresários brasileiros. "A ideia seria fazer a gestão do Malba de Buenos Aires e do Malba do Brasil de forma conjunta. Colocaríamos nosso 'know-kow' e faríamos projetos sinérgicos." Segundo Costantini, outras peças de sua coleção também poderiam ficar no Brasil. O argentino tem trabalhos de Di Cavalcanti, Candido Portinari, Lygia Clark e Hélio Oiticica, entre outros. Desde que a proposta foi apresentada, porém, nenhum brasileiro demonstrou interesse em desenvolvê-la. "O projeto requer fundos para ter o edifício do museu e para sustentá-lo. Nós não temos recursos disponíveis. Por enquanto é uma ideia, uma utopia. Quem sabe algum dia possamos realizá-la", explicou. Na Argentina, são necessários hoje US$ 5 milhões (cerca de R$ 17 milhões) por ano para manter o Malba -metade desse montante é aportado pela Fundação Costantini, e o restante é levantado com venda de ingressos na bilheteria e doações de empresas. Por enquanto, apenas propostas brasileiras de aquisição da tela apareceram, lembra Costantini. "Mas o Malba não vende 'Abaporu'. Os museus não vendem obras, eles acumulam obras." A tela foi a primeira do argentino como colecionador profissional -ele começou a adquirir arte nos 1960, mas de forma mais esporádica. "Fui decidido a comprá-la pela qualidade da obra como peça de arte. Ela representa o surgimento do modernismo no Brasil. Em geral, procuro obras pelo que elas significam na arte latino-americana", conta o argentino. "Abaporu" inspirou o Movimento Antropofágico, criado pelo marido de Tarsila, Oswald de Andrade, após ele ser presenteado com o quadro. A ideia do movimento era digerir a cultura estrangeira e incorporar a ela elementos da realidade brasileira. Em tupi, "Abaporu" significa "homem que come gente". Costantini não gosta de emprestar 'Abaporu'. "É uma peça central [do Malba] e os brasileiros são grandes visitantes do museu. Não queremos decepcioná-los, que venham visitar 'Abaporu' e ele esteja em Londres ou Nova York. Mas, às vezes, permitimos." O quadro sairá de Buenos Aires no início de julho e passará a ser exibido no Rio no dia 2 de agosto. Ainda não há uma data exata para o retorno, mas em 21 de setembro ele deve estar no Malba para a celebração do aniversário de 15 anos do museu. Em 2017, "Abaporu" vai aos Estados Unidos para uma retrospectiva de Tarsila, em outubro, no Art Institute of Chicago; em seguida, passará pelo MoMA, em Nova York.
ilustrada
Durante a Olimpíada, 'Abaporu' é emprestado ao Rio de JaneiroPouco mais de cinco anos desde a sua última visita ao Brasil, o "Abaporu", de Tarsila do Amaral (1886-1973), voltará ao país. Desta vez, ficará no Rio de Janeiro durante agosto em uma mostra planejada pelo MAR (Museu de Arte do Rio) para ser uma das atrações da cidade durante a Olimpíada. Será a segunda vez do quadro no Rio de Janeiro e a quinta no país desde que ele foi vendido ao argentino Eduardo Costantini, em 1995. A exibição do MAR, batizada de "A Cor do Brasil", fará uma retrospectiva da história da arte brasileira desde o século 18 até os anos 1970 e terá obras de outros 130 artistas brasileiros, como Adriana Varejão e Alfredo Volpi. Paulo Herkenhoff, diretor do MAR, almoçou na segunda-feira (6), na Argentina, com Costantini, dono do Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires), quando fechou o empréstimo. A tela, que faz parte do acervo permanente do museu portenho desde sua fundação, em 2001, foi adquirida por Costantini por US$ 1,43 milhão (R$ 4,9 milhões) em um leilão em Nova York. À época, a compra gerou debates por retirar do país um dos ícones do modernismo brasileiro. Houve tentativas -em vão- de tombar a obra. Na semana passada, em conversa com a Folha, o mecenas e empresário argentino do setor imobiliário voltou a dizer que o quadro poderia retornar ao Brasil caso fosse criado um museu para recebê-lo no Rio ou em São Paulo. A oferta havia sido feita à presidente afastada, Dilma Rousseff, em 2011, quando Costantini esteve em Brasília para a abertura de uma exposição de obras de mulheres brasileiras no Palácio do Planalto -"Abaporu" era uma das telas da mostra. Entre as demandas do empresário para concretizar o empréstimo permanente está o financiamento do novo museu por um grupo de empresários brasileiros. "A ideia seria fazer a gestão do Malba de Buenos Aires e do Malba do Brasil de forma conjunta. Colocaríamos nosso 'know-kow' e faríamos projetos sinérgicos." Segundo Costantini, outras peças de sua coleção também poderiam ficar no Brasil. O argentino tem trabalhos de Di Cavalcanti, Candido Portinari, Lygia Clark e Hélio Oiticica, entre outros. Desde que a proposta foi apresentada, porém, nenhum brasileiro demonstrou interesse em desenvolvê-la. "O projeto requer fundos para ter o edifício do museu e para sustentá-lo. Nós não temos recursos disponíveis. Por enquanto é uma ideia, uma utopia. Quem sabe algum dia possamos realizá-la", explicou. Na Argentina, são necessários hoje US$ 5 milhões (cerca de R$ 17 milhões) por ano para manter o Malba -metade desse montante é aportado pela Fundação Costantini, e o restante é levantado com venda de ingressos na bilheteria e doações de empresas. Por enquanto, apenas propostas brasileiras de aquisição da tela apareceram, lembra Costantini. "Mas o Malba não vende 'Abaporu'. Os museus não vendem obras, eles acumulam obras." A tela foi a primeira do argentino como colecionador profissional -ele começou a adquirir arte nos 1960, mas de forma mais esporádica. "Fui decidido a comprá-la pela qualidade da obra como peça de arte. Ela representa o surgimento do modernismo no Brasil. Em geral, procuro obras pelo que elas significam na arte latino-americana", conta o argentino. "Abaporu" inspirou o Movimento Antropofágico, criado pelo marido de Tarsila, Oswald de Andrade, após ele ser presenteado com o quadro. A ideia do movimento era digerir a cultura estrangeira e incorporar a ela elementos da realidade brasileira. Em tupi, "Abaporu" significa "homem que come gente". Costantini não gosta de emprestar 'Abaporu'. "É uma peça central [do Malba] e os brasileiros são grandes visitantes do museu. Não queremos decepcioná-los, que venham visitar 'Abaporu' e ele esteja em Londres ou Nova York. Mas, às vezes, permitimos." O quadro sairá de Buenos Aires no início de julho e passará a ser exibido no Rio no dia 2 de agosto. Ainda não há uma data exata para o retorno, mas em 21 de setembro ele deve estar no Malba para a celebração do aniversário de 15 anos do museu. Em 2017, "Abaporu" vai aos Estados Unidos para uma retrospectiva de Tarsila, em outubro, no Art Institute of Chicago; em seguida, passará pelo MoMA, em Nova York.
1
Odebrecht e Lula são implodidos junto ao congelamento dos investimentos
O avanço da Lava Jato contra a Odebrecht e Lula se combina com o congelamento dos investimentos públicos por duas décadas. Os três fatos, que alvejam em cheio a empreiteira e o PT, marcam uma reconfiguração total na política e na economia. Um lance inicial dessa confluência tríplice se deu em 1994. O real fora lançado, mas ainda não mostrara o seu potencial para alavancar a campanha de Fernando Henrique ao Planalto, no final do ano. Foi quando Emílio Odebrecht quis conversar com o candidato do PT, Lula. O encontro se deu na casa de alguém da confiança de ambos, o francês Jacques Breyton. Herói da Resistência ao nazismo em Lyon, ele ajudara a ALN nos anos 60, fora fundador do PT –e era empresário. Um Lula arredio foi à reunião com José Dirceu. Como faz quando mais escuta do que fala, cofiou o bigode boa parte do tempo. Odebrecht lhes disse que queria entender a visão do partido quanto ao lugar da iniciativa privada no desenvolvimento; o papel do Estado nas obras de infraestrutura; e a possibilidade da criação de um mercado interno de massa. Para o empreiteiro, esses pontos formavam o tripé de um projeto nacional. A sua empresa, afirmou, queria participar dele. José Dirceu lhe respondeu que a postura do partido era parecida, e fundamentou-a com dados sociológicos e históricos. Pouco depois das despedidas, os petistas concordaram que deveriam se aproximar do setor do empresariado representado por Odebrecht, a construção civil. Porque tinham maior identidade com ele do que com bancos e multinacionais. A direção do PT sabia bem que uma burguesia só fica grande quando obtém mercados fora de seu país. E a Camargo Corrêa fizera Itaipu no Paraguai. A Mendes Júnior abrira estradas e ferrovias no Iraque, para onde levara dez mil funcionários. A Odebrecht atuava em 21 países, a maioria na América Latina e na África. Um militante notou que os dois maiores candidatos da sigla (Dirceu disputava o governo paulista) haviam conversado cordialmente com um potentado, com o qual compartilharam objetivos de longo alcance –e não pediram contribuição para as suas campanhas. A questão lhes era vital. A legislação impedia o PT de se manter por meio dos sindicatos, que historicamente cacifaram os social-democratas na Europa. Mas estar à esquerda não era um empecilho absoluto. Tanto que Emílio Odebrecht recebera PC Farias e a mulher, Elma, para jantar na sua casa. Sergio Andrade, dono da Andrade Gutierrez, levara o mesmo PC de jatinho a Cuba, onde entabularam negócios com Fidel. Como o capital não tem ideologia, a Odebrecht veio a capitanear o setor que, anos depois, selou a aliança entre o capital e o trabalho, iniciada na casa de Breyton. O PT se tornou parte orgânica de um sistema político e econômico moldado pelas empreiteiras. O capital, porém, também não tem pátria. Toda a legislação contra a corrupção, na qual a Odebrecht e o PT ora se enredam, não é uma invenção brasileira. Ela foi criada pelos Estados Unidos, que a propagaram pelo mundo. O interesse foi que firmas americanas atuassem no exterior sem enfrentar a concorrência da corrupção local. Com a implosão da construção civil autóctone, empreiteiras do exterior terão de fazer obras públicas aqui. Isso só se dará no dia em que grandes obras voltarem a ser construídas. Daqui a duas décadas. Quando Lula e Emílio Odebrecht, é provável, estiverem mortos.
colunas
Odebrecht e Lula são implodidos junto ao congelamento dos investimentosO avanço da Lava Jato contra a Odebrecht e Lula se combina com o congelamento dos investimentos públicos por duas décadas. Os três fatos, que alvejam em cheio a empreiteira e o PT, marcam uma reconfiguração total na política e na economia. Um lance inicial dessa confluência tríplice se deu em 1994. O real fora lançado, mas ainda não mostrara o seu potencial para alavancar a campanha de Fernando Henrique ao Planalto, no final do ano. Foi quando Emílio Odebrecht quis conversar com o candidato do PT, Lula. O encontro se deu na casa de alguém da confiança de ambos, o francês Jacques Breyton. Herói da Resistência ao nazismo em Lyon, ele ajudara a ALN nos anos 60, fora fundador do PT –e era empresário. Um Lula arredio foi à reunião com José Dirceu. Como faz quando mais escuta do que fala, cofiou o bigode boa parte do tempo. Odebrecht lhes disse que queria entender a visão do partido quanto ao lugar da iniciativa privada no desenvolvimento; o papel do Estado nas obras de infraestrutura; e a possibilidade da criação de um mercado interno de massa. Para o empreiteiro, esses pontos formavam o tripé de um projeto nacional. A sua empresa, afirmou, queria participar dele. José Dirceu lhe respondeu que a postura do partido era parecida, e fundamentou-a com dados sociológicos e históricos. Pouco depois das despedidas, os petistas concordaram que deveriam se aproximar do setor do empresariado representado por Odebrecht, a construção civil. Porque tinham maior identidade com ele do que com bancos e multinacionais. A direção do PT sabia bem que uma burguesia só fica grande quando obtém mercados fora de seu país. E a Camargo Corrêa fizera Itaipu no Paraguai. A Mendes Júnior abrira estradas e ferrovias no Iraque, para onde levara dez mil funcionários. A Odebrecht atuava em 21 países, a maioria na América Latina e na África. Um militante notou que os dois maiores candidatos da sigla (Dirceu disputava o governo paulista) haviam conversado cordialmente com um potentado, com o qual compartilharam objetivos de longo alcance –e não pediram contribuição para as suas campanhas. A questão lhes era vital. A legislação impedia o PT de se manter por meio dos sindicatos, que historicamente cacifaram os social-democratas na Europa. Mas estar à esquerda não era um empecilho absoluto. Tanto que Emílio Odebrecht recebera PC Farias e a mulher, Elma, para jantar na sua casa. Sergio Andrade, dono da Andrade Gutierrez, levara o mesmo PC de jatinho a Cuba, onde entabularam negócios com Fidel. Como o capital não tem ideologia, a Odebrecht veio a capitanear o setor que, anos depois, selou a aliança entre o capital e o trabalho, iniciada na casa de Breyton. O PT se tornou parte orgânica de um sistema político e econômico moldado pelas empreiteiras. O capital, porém, também não tem pátria. Toda a legislação contra a corrupção, na qual a Odebrecht e o PT ora se enredam, não é uma invenção brasileira. Ela foi criada pelos Estados Unidos, que a propagaram pelo mundo. O interesse foi que firmas americanas atuassem no exterior sem enfrentar a concorrência da corrupção local. Com a implosão da construção civil autóctone, empreiteiras do exterior terão de fazer obras públicas aqui. Isso só se dará no dia em que grandes obras voltarem a ser construídas. Daqui a duas décadas. Quando Lula e Emílio Odebrecht, é provável, estiverem mortos.
10
Presidente da Fox News renuncia após denúncia de assédio sexual
Roger Ailes, 76, renunciou nesta quinta-feira (21) ao cargo de presidente e executivo-chefe da Fox News, pondo fim a um reinado de 20 anos como chefe da rede de TV a cabo que ele transformou em uma plataforma influente para a política republicana. Rupert Murdoch, 85, magnata da mídia que começou a Fox News com Ailes, irá assumir o papel de presidente e executivo-chefe da Fox News Channel e Fox Business Network. A posição de Ailes foi subitamente colocada em dúvida há duas semanas, depois que uma ex-âncora, Gretchen Carlson, entrou com uma ação de assédio sexual contra ele. Ailes negou as acusações, mas o proprietário da Fox News, 21st Century Fox, começou uma investigação interna e, finalmente, determinou que ele não podia mais permanecer no cargo. Murdoch encurtou as férias que passava com sua esposa, Jerry Hall, na riviera francesa, para voltar e firmar o acordo de dispensa de Ailes. Seus filhos, James e Lachlan, que assumiram posições de liderança na empresa, estiveram em contacto com o pai esta semana discutindo o futuro de Ailes. Murdoch se dirigiu à redação da Fox News na tarde desta quinta-feira.
mercado
Presidente da Fox News renuncia após denúncia de assédio sexualRoger Ailes, 76, renunciou nesta quinta-feira (21) ao cargo de presidente e executivo-chefe da Fox News, pondo fim a um reinado de 20 anos como chefe da rede de TV a cabo que ele transformou em uma plataforma influente para a política republicana. Rupert Murdoch, 85, magnata da mídia que começou a Fox News com Ailes, irá assumir o papel de presidente e executivo-chefe da Fox News Channel e Fox Business Network. A posição de Ailes foi subitamente colocada em dúvida há duas semanas, depois que uma ex-âncora, Gretchen Carlson, entrou com uma ação de assédio sexual contra ele. Ailes negou as acusações, mas o proprietário da Fox News, 21st Century Fox, começou uma investigação interna e, finalmente, determinou que ele não podia mais permanecer no cargo. Murdoch encurtou as férias que passava com sua esposa, Jerry Hall, na riviera francesa, para voltar e firmar o acordo de dispensa de Ailes. Seus filhos, James e Lachlan, que assumiram posições de liderança na empresa, estiveram em contacto com o pai esta semana discutindo o futuro de Ailes. Murdoch se dirigiu à redação da Fox News na tarde desta quinta-feira.
2
Investimento em negócios de impacto cresce mesmo em meio à crise
A Yunus Negócios Sociais chegou ao Brasil há quatro anos com o objetivo de desenvolver negócios que resolvam problemas sociais e ambientais pelo país, seguindo os preceitos de Muhammad Yunus, economista, natural de Bangladesh, laureado Prêmio Nobel da Paz. No Brasil, a Yunus tem duas formas de atuação. A primeira é por meio de sua área de aceleração e investimento em negócios sociais, desenvolvidos por empreendedores sociais. A segunda foca a prestação de serviços de consultoria a grandes empresas. Todo o trabalho de construção do negócio social feito pela Yunus segue alguns princípios. Ele nasce para resolver um problema social, tem sustentabilidade financeira e seu lucro é 100% reinvestido. Outro critério importante para os negócios sociais é que sejam escaláveis, pois, ao expandirem, aumentam o desenvolvimento social a que se propõem. Os impactos da crise financeira e econômica global tem mostrado que o capitalismo precisa de um complemento e, dessa forma, quando se diminui a concentração de capital, ele volta para a sociedade. De olho nesse novo mercado, nos últimos dois anos, houve um grande aumento de negócios sociais pelo mundo, segundo dados da Ande (Aspen Network of Development Entrepreneurs), uma rede global que compreende mais de 250 organizações que incentivam o empreendedorismo em mercados emergentes, divulgados no relatório Panorama do Setor de Investimento de Impacto na América Latina, com foco no Brasil, Colômbia e México. Segundo esse relatório, o número de investidores de impacto ativo, setor em forte expansão no país, entre 2014 e 2016, saltou de 22 para 29, e o total de recursos destinados a investimento em negócios sociais ou de impacto social foi de US$ 177 milhões para US$ 186 milhões, mesmo em um ambiente de recessão econômica. Foram investidos US$ 68,9 milhões em 2014 e 2015 no Brasil, com ticket médio de US$ 1,5 milhão. Os principais setores que receberam esses recursos foram saúde (US$ 24,2 milhões), agricultura (US$ 31,4 milhões), educação (US$ 3,9 milhões) e inclusão financeira (US$ 3,6 milhões). A estimativa de investimento no país em 2016 era de US$ 105 milhões, e a expectativa de captação, US$ 269 milhões. Em 2014, havia nove investidores sediados no Brasil e 13 internacionais. Em 2016, esses números aumentaram para 13 e 16, respectivamente. A expectativa de retorno do investimento permanece relativamente alta no Brasil. Em 2014, 53% dos investidores declararam metas de retorno do investimento de 16% ou mais. Em 2016, 50% dos investidores tinham como meta um retorno anual líquido de 16% ou mais, em comparação com 37% na região como um todo. Esse estudo também identificou 78 empresas que fizeram investimentos de impacto na América Latina entre 1997 e 2016: 28 investidores de impacto sediados na América Latina administram US$ 1,2 bilhão de ativos sob gestão; 31 firmas sediadas fora da América Latina, que já fizeram investimentos de impacto na região, administram um total de US$ 7,2 bilhões, considerando valores alocados tanto para a América Latina quanto para outras regiões. Aproximadamente 80% dos participantes da pesquisa fizeram seu primeiro investimento depois de 2007, quando o termo "investimento de impacto" foi cunhado, com 14 a 15 novos entrantes a cada dois anos. O crescimento dos investimentos de impacto tem sido impulsionado por aqueles que investem em negócios de impacto. Enquanto o número de investidores que fizeram investimentos em instituições de microcrédito e cooperativas agrícolas mais do que dobrou entre 2007 e 2015, o número daqueles com enfoque em negócios de impacto cresceu aproximadamente sete vezes no mesmo período. A Yunus, atenta a esta tendência, trabalhou ao longo dos últimos anos na estruturação de um fundo de investimento cujo objetivo é alocar recursos nos negócios sociais apoiados por ela, completando, assim, o seu arco de atuação, que vai desde o apoio não financeiro aos empreendedores, até o investimento e acompanhamento pós investimento. A Yunus estima que em pouco o tempo o fundo estará captado e em plena operação. Famílias de alta renda e investidores institucionais têm demonstrado interesse no fundo por se tratar de uma opção para a otimização dos investimentos tradicionais em filantropia. LUCIANO GURGEL, economista com 17 anos de experiência no mercado financeiro, é gestor da Yunus Negócios Sociais Brasil, parceira do Prêmio Empreendedor Social
empreendedorsocial
Investimento em negócios de impacto cresce mesmo em meio à criseA Yunus Negócios Sociais chegou ao Brasil há quatro anos com o objetivo de desenvolver negócios que resolvam problemas sociais e ambientais pelo país, seguindo os preceitos de Muhammad Yunus, economista, natural de Bangladesh, laureado Prêmio Nobel da Paz. No Brasil, a Yunus tem duas formas de atuação. A primeira é por meio de sua área de aceleração e investimento em negócios sociais, desenvolvidos por empreendedores sociais. A segunda foca a prestação de serviços de consultoria a grandes empresas. Todo o trabalho de construção do negócio social feito pela Yunus segue alguns princípios. Ele nasce para resolver um problema social, tem sustentabilidade financeira e seu lucro é 100% reinvestido. Outro critério importante para os negócios sociais é que sejam escaláveis, pois, ao expandirem, aumentam o desenvolvimento social a que se propõem. Os impactos da crise financeira e econômica global tem mostrado que o capitalismo precisa de um complemento e, dessa forma, quando se diminui a concentração de capital, ele volta para a sociedade. De olho nesse novo mercado, nos últimos dois anos, houve um grande aumento de negócios sociais pelo mundo, segundo dados da Ande (Aspen Network of Development Entrepreneurs), uma rede global que compreende mais de 250 organizações que incentivam o empreendedorismo em mercados emergentes, divulgados no relatório Panorama do Setor de Investimento de Impacto na América Latina, com foco no Brasil, Colômbia e México. Segundo esse relatório, o número de investidores de impacto ativo, setor em forte expansão no país, entre 2014 e 2016, saltou de 22 para 29, e o total de recursos destinados a investimento em negócios sociais ou de impacto social foi de US$ 177 milhões para US$ 186 milhões, mesmo em um ambiente de recessão econômica. Foram investidos US$ 68,9 milhões em 2014 e 2015 no Brasil, com ticket médio de US$ 1,5 milhão. Os principais setores que receberam esses recursos foram saúde (US$ 24,2 milhões), agricultura (US$ 31,4 milhões), educação (US$ 3,9 milhões) e inclusão financeira (US$ 3,6 milhões). A estimativa de investimento no país em 2016 era de US$ 105 milhões, e a expectativa de captação, US$ 269 milhões. Em 2014, havia nove investidores sediados no Brasil e 13 internacionais. Em 2016, esses números aumentaram para 13 e 16, respectivamente. A expectativa de retorno do investimento permanece relativamente alta no Brasil. Em 2014, 53% dos investidores declararam metas de retorno do investimento de 16% ou mais. Em 2016, 50% dos investidores tinham como meta um retorno anual líquido de 16% ou mais, em comparação com 37% na região como um todo. Esse estudo também identificou 78 empresas que fizeram investimentos de impacto na América Latina entre 1997 e 2016: 28 investidores de impacto sediados na América Latina administram US$ 1,2 bilhão de ativos sob gestão; 31 firmas sediadas fora da América Latina, que já fizeram investimentos de impacto na região, administram um total de US$ 7,2 bilhões, considerando valores alocados tanto para a América Latina quanto para outras regiões. Aproximadamente 80% dos participantes da pesquisa fizeram seu primeiro investimento depois de 2007, quando o termo "investimento de impacto" foi cunhado, com 14 a 15 novos entrantes a cada dois anos. O crescimento dos investimentos de impacto tem sido impulsionado por aqueles que investem em negócios de impacto. Enquanto o número de investidores que fizeram investimentos em instituições de microcrédito e cooperativas agrícolas mais do que dobrou entre 2007 e 2015, o número daqueles com enfoque em negócios de impacto cresceu aproximadamente sete vezes no mesmo período. A Yunus, atenta a esta tendência, trabalhou ao longo dos últimos anos na estruturação de um fundo de investimento cujo objetivo é alocar recursos nos negócios sociais apoiados por ela, completando, assim, o seu arco de atuação, que vai desde o apoio não financeiro aos empreendedores, até o investimento e acompanhamento pós investimento. A Yunus estima que em pouco o tempo o fundo estará captado e em plena operação. Famílias de alta renda e investidores institucionais têm demonstrado interesse no fundo por se tratar de uma opção para a otimização dos investimentos tradicionais em filantropia. LUCIANO GURGEL, economista com 17 anos de experiência no mercado financeiro, é gestor da Yunus Negócios Sociais Brasil, parceira do Prêmio Empreendedor Social
21
Não admitir ter feito previsões erradas é defeito de caráter e crime
Imagine que você seja um comentarista que se pronuncia regularmente sobre assuntos públicos –talvez um sabichão que ganha para fazê-lo, talvez um suposto especialista em alguma coisa, talvez simplesmente um bilionário cheio de opiniões. Você se pronuncia sobre uma grande iniciativa de política pública que está por ser adotada, e faz fortes previsões de desastre. O pacote de estímulo de Obama, você profere, causará uma disparada nas taxas de juros; as aquisições de títulos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) "degradarão o dólar" e causarão alta inflação; a Lei de Acesso à Saúde desabará em um círculo vicioso de inscrições cada vez menores e custos cada vez mais altos. Mas nada do que você previu vem a se confirmar. O que você faz a seguir? Poderia admitir que estava errado, e tentar descobrir por que errou. Mas quase ninguém o faz; vivemos em uma era na qual as pessoas não admitem seus erros. Alternativamente, você poderia insistir em que forças sinistras estão encobrindo a terrível realidade. Muitos dos sabichões mais conhecidos são, ou foram em dado momento, adeptos da teoria de que a inflação estava sendo escondida, afirmando que o governo estava mentindo sobre o ritmo de aumento dos preços. Houve também muita gente que afirmou que o Obamacare estava escondendo os números reais, que as políticas adotadas sob a reforma da saúde eram inúteis, e assim por diante. Por fim, há a terceira opção: você pode fingir que não fez as previsões que fez. Vejo isso acontecer com muita frequência quando se trata de pessoas que proferiram solenes alertas sobre as taxas de juros e a inflação mas agora afirmam que jamais o fizeram. A área em que mais vejo esse tipo de comportamento, porém, é a saúde. O Obamacare está funcionando melhor do que até seus defensores acreditavam –mas os inimigos da reforma dizem que o sucesso nada prova porque ninguém havia previsto o oposto. Recue a 2013, antes que a reforma entrasse em vigor, ou ao começo de 2014, antes que os números sobre as inscrições do primeiro ano do programa fossem anunciados. O que os oponentes do Obamacare estavam prevendo? A resposta é: um completo desastre. O relatório divulgado em maio de 2013 por um comitê da Câmara dos Deputados dizia que os norte-americanos estavam a ponto de enfrentar um devastador "choque de preços", com as mensalidades dos planos de saúde quase dobrando do dia para a noite. E as coisas só piorariam, depois disso. No começo de 2014, os especialistas de estimação da direita –ou talvez devêssemos dizer "especialistas" –estavam alertando sobre uma "espiral da morte" na qual apenas os cidadãos mais doentes adeririam ao Obamacare, causando uma disparada ainda maior nas mensalidades e levando muita gente a abandonar o programa. E quanto ao efeito geral da cobertura de saúde? Nos primeiros meses de 2014, muitos dos mais importantes líderes republicanos –entre os quais John Boehner, o presidente da Câmara– previam que muito mais pessoas perderiam sua cobertura de saúde do que passariam a contar com ela. E todo mundo na direita previa que a lei de reforma da saúde custaria muito mais que o previsto, elevando os deficit orçamentários em centenas de bilhões ou até em trilhões de dólares. O que aconteceu na realidade? Não houve choque de preço nas mensalidades: em 2014, elas ficaram 16% abaixo do projetado. Não houve espiral da morte. Em média, as mensalidades em 2015 são de 2% a 4% mais altas do que em 2014, mas esse é um ritmo de alta muito inferior à média histórica. O número de norte-americanos desprovidos de planos de saúde caiu em cerca de 15 milhões, e teria caído substancialmente mais se muitos dos Estados governados pelos republicanos não estivessem bloqueando a expansão do programa federal de saúde Medicaid. E o custo geral do programa está bem abaixo das expectativas. Uma coisa mais: é comum ouvir queixas sobre a qualidade supostamente baixa dos planos de saúde oferecidos às famílias que acabam de adquiri-los pela primeira vez. Mas uma nova pesquisa da J. D. Power, uma organização de pesquisa de mercado, constatou que os novos aderentes estão muito satisfeitos com sua cobertura –mais satisfeitos que as pessoas médias dotadas de planos de saúde não relacionados ao Obamacare. Uma política de sucesso apresentaria exatamente esse panorama, e os resultados deveriam levar seus críticos a tentar descobrir por que erraram a tal ponto. Mas não. Em lugar disso, a nova linha –exemplificada por um artigo recente do administrador de fundos de hedge Cliff Asness mas de forma alguma limitada a ele– é a de que não há o que discutir, quanto a tudo isso. "Jamais se questionou que mais pessoas estariam cobertas por planos de saúde". Jamais, é claro, a não ser em absolutamente tudo que as pessoas influentes da direita norte-americana declararam a respeito. Oh, e as boas notícias quanto aos custos são todas resultado de coincidências. É tanto fácil quanto perfeitamente justificado ridicularizar essa espécie de coisa. Mas existe muito de sério em jogo, aqui, e as questões vão além da reforma da saúde, por mais importante que esta seja. O ponto é que, em um ambiente político polarizado, os debates sempre envolvem mais do que a questão que serve de pauta. Também são confrontos de visões de mundo. As previsões sobre um desastre na dívida pública, a degradação do dólar e a espiral da morte do Obamacare refletem a mesma ideologia, e o completo fracasso dessas previsões deveria inspirar sérias dúvidas quanto a essa ideologia. E há também uma questão moral em jogo. Recusar a aceitar responsabilidade por passados erros é um sério defeito de caráter, na vida pessoal. E se torna um verdadeiro crime quando o que está em jogo são políticas que afetam a vida de milhões de pessoas. Tradução de PAULO MIGLIACCI
colunas
Não admitir ter feito previsões erradas é defeito de caráter e crimeImagine que você seja um comentarista que se pronuncia regularmente sobre assuntos públicos –talvez um sabichão que ganha para fazê-lo, talvez um suposto especialista em alguma coisa, talvez simplesmente um bilionário cheio de opiniões. Você se pronuncia sobre uma grande iniciativa de política pública que está por ser adotada, e faz fortes previsões de desastre. O pacote de estímulo de Obama, você profere, causará uma disparada nas taxas de juros; as aquisições de títulos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) "degradarão o dólar" e causarão alta inflação; a Lei de Acesso à Saúde desabará em um círculo vicioso de inscrições cada vez menores e custos cada vez mais altos. Mas nada do que você previu vem a se confirmar. O que você faz a seguir? Poderia admitir que estava errado, e tentar descobrir por que errou. Mas quase ninguém o faz; vivemos em uma era na qual as pessoas não admitem seus erros. Alternativamente, você poderia insistir em que forças sinistras estão encobrindo a terrível realidade. Muitos dos sabichões mais conhecidos são, ou foram em dado momento, adeptos da teoria de que a inflação estava sendo escondida, afirmando que o governo estava mentindo sobre o ritmo de aumento dos preços. Houve também muita gente que afirmou que o Obamacare estava escondendo os números reais, que as políticas adotadas sob a reforma da saúde eram inúteis, e assim por diante. Por fim, há a terceira opção: você pode fingir que não fez as previsões que fez. Vejo isso acontecer com muita frequência quando se trata de pessoas que proferiram solenes alertas sobre as taxas de juros e a inflação mas agora afirmam que jamais o fizeram. A área em que mais vejo esse tipo de comportamento, porém, é a saúde. O Obamacare está funcionando melhor do que até seus defensores acreditavam –mas os inimigos da reforma dizem que o sucesso nada prova porque ninguém havia previsto o oposto. Recue a 2013, antes que a reforma entrasse em vigor, ou ao começo de 2014, antes que os números sobre as inscrições do primeiro ano do programa fossem anunciados. O que os oponentes do Obamacare estavam prevendo? A resposta é: um completo desastre. O relatório divulgado em maio de 2013 por um comitê da Câmara dos Deputados dizia que os norte-americanos estavam a ponto de enfrentar um devastador "choque de preços", com as mensalidades dos planos de saúde quase dobrando do dia para a noite. E as coisas só piorariam, depois disso. No começo de 2014, os especialistas de estimação da direita –ou talvez devêssemos dizer "especialistas" –estavam alertando sobre uma "espiral da morte" na qual apenas os cidadãos mais doentes adeririam ao Obamacare, causando uma disparada ainda maior nas mensalidades e levando muita gente a abandonar o programa. E quanto ao efeito geral da cobertura de saúde? Nos primeiros meses de 2014, muitos dos mais importantes líderes republicanos –entre os quais John Boehner, o presidente da Câmara– previam que muito mais pessoas perderiam sua cobertura de saúde do que passariam a contar com ela. E todo mundo na direita previa que a lei de reforma da saúde custaria muito mais que o previsto, elevando os deficit orçamentários em centenas de bilhões ou até em trilhões de dólares. O que aconteceu na realidade? Não houve choque de preço nas mensalidades: em 2014, elas ficaram 16% abaixo do projetado. Não houve espiral da morte. Em média, as mensalidades em 2015 são de 2% a 4% mais altas do que em 2014, mas esse é um ritmo de alta muito inferior à média histórica. O número de norte-americanos desprovidos de planos de saúde caiu em cerca de 15 milhões, e teria caído substancialmente mais se muitos dos Estados governados pelos republicanos não estivessem bloqueando a expansão do programa federal de saúde Medicaid. E o custo geral do programa está bem abaixo das expectativas. Uma coisa mais: é comum ouvir queixas sobre a qualidade supostamente baixa dos planos de saúde oferecidos às famílias que acabam de adquiri-los pela primeira vez. Mas uma nova pesquisa da J. D. Power, uma organização de pesquisa de mercado, constatou que os novos aderentes estão muito satisfeitos com sua cobertura –mais satisfeitos que as pessoas médias dotadas de planos de saúde não relacionados ao Obamacare. Uma política de sucesso apresentaria exatamente esse panorama, e os resultados deveriam levar seus críticos a tentar descobrir por que erraram a tal ponto. Mas não. Em lugar disso, a nova linha –exemplificada por um artigo recente do administrador de fundos de hedge Cliff Asness mas de forma alguma limitada a ele– é a de que não há o que discutir, quanto a tudo isso. "Jamais se questionou que mais pessoas estariam cobertas por planos de saúde". Jamais, é claro, a não ser em absolutamente tudo que as pessoas influentes da direita norte-americana declararam a respeito. Oh, e as boas notícias quanto aos custos são todas resultado de coincidências. É tanto fácil quanto perfeitamente justificado ridicularizar essa espécie de coisa. Mas existe muito de sério em jogo, aqui, e as questões vão além da reforma da saúde, por mais importante que esta seja. O ponto é que, em um ambiente político polarizado, os debates sempre envolvem mais do que a questão que serve de pauta. Também são confrontos de visões de mundo. As previsões sobre um desastre na dívida pública, a degradação do dólar e a espiral da morte do Obamacare refletem a mesma ideologia, e o completo fracasso dessas previsões deveria inspirar sérias dúvidas quanto a essa ideologia. E há também uma questão moral em jogo. Recusar a aceitar responsabilidade por passados erros é um sério defeito de caráter, na vida pessoal. E se torna um verdadeiro crime quando o que está em jogo são políticas que afetam a vida de milhões de pessoas. Tradução de PAULO MIGLIACCI
10
Joesley depõe e nega ter manipulado mercado de ações
O dono do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, Joesley Batista, prestou depoimento nesta quarta (9) na Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo, no âmbito da investigação sobre o suposto uso de informações privilegiadas em operações de vendas de ações da companhia. Os executivos da J&F são acusados de manipular o mercado ao terem feito operações financeiras às vésperas da divulgação do acordo de delação premiada assinado por eles com o Ministério Público Federal, em maio. A notícia influenciou no preço das ações do grupo empresarial. Joesley negou ao delegado Edson Fábio Garutti, que investiga o caso, que tenha manipulado o mercado e feito operações fora do padrão. O empresário prestou depoimento acompanhado do advogado Pierpaollo Bottini. Entrou na sede da Polícia Federal às 9h15 e deixou o local às 12h42. Indagado pelo delegado se usou informações privilegiadas para beneficiar a empresa, Joesley disse que não tinha como saber da data da homologação do acordo. Afirmou ainda que a venda das ações seguiu um mesmo padrão e foi realizada porque a empresa precisava de liquidez em um cenário de deterioração do crédito. A operação, segundo o empresário, teria feito parte de um plano maior, que envolveu a venda de outros ativos, como empresas do grupo. Wesley Batista, irmão de Joesley e presidente da JBS, também prestou depoimento nesta quarta. Segundo a Folha apurou, ele também afirma que as operações feitas pelos executivos do grupo no mercado de ações eram usuais e não tinham nada de ilegal. Wesley afirmou que as operações eram padronizadas há anos e pautadas em indicadores macroeconômicos e nos preços dos papéis. Indagado sobre ter participado da divulgação da colaboração, respondeu que foi surpreendido pelas notícias e chegou a temer pela quebra do acordo. No dia 28 de julho, o vice-presidente corporativo da J&F, Francisco de Assis e Silva, também delator em acordo com a Procuradoria, prestou depoimento à Polícia Federal negando qualquer irregularidade nos negócios da companhia no mercado financeiro. A JBS foi alvo de busca e apreensão na Operação Tendão de Aquiles, que investiga uso de informação privilegiada por parte das companhias.
poder
Joesley depõe e nega ter manipulado mercado de açõesO dono do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, Joesley Batista, prestou depoimento nesta quarta (9) na Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo, no âmbito da investigação sobre o suposto uso de informações privilegiadas em operações de vendas de ações da companhia. Os executivos da J&F são acusados de manipular o mercado ao terem feito operações financeiras às vésperas da divulgação do acordo de delação premiada assinado por eles com o Ministério Público Federal, em maio. A notícia influenciou no preço das ações do grupo empresarial. Joesley negou ao delegado Edson Fábio Garutti, que investiga o caso, que tenha manipulado o mercado e feito operações fora do padrão. O empresário prestou depoimento acompanhado do advogado Pierpaollo Bottini. Entrou na sede da Polícia Federal às 9h15 e deixou o local às 12h42. Indagado pelo delegado se usou informações privilegiadas para beneficiar a empresa, Joesley disse que não tinha como saber da data da homologação do acordo. Afirmou ainda que a venda das ações seguiu um mesmo padrão e foi realizada porque a empresa precisava de liquidez em um cenário de deterioração do crédito. A operação, segundo o empresário, teria feito parte de um plano maior, que envolveu a venda de outros ativos, como empresas do grupo. Wesley Batista, irmão de Joesley e presidente da JBS, também prestou depoimento nesta quarta. Segundo a Folha apurou, ele também afirma que as operações feitas pelos executivos do grupo no mercado de ações eram usuais e não tinham nada de ilegal. Wesley afirmou que as operações eram padronizadas há anos e pautadas em indicadores macroeconômicos e nos preços dos papéis. Indagado sobre ter participado da divulgação da colaboração, respondeu que foi surpreendido pelas notícias e chegou a temer pela quebra do acordo. No dia 28 de julho, o vice-presidente corporativo da J&F, Francisco de Assis e Silva, também delator em acordo com a Procuradoria, prestou depoimento à Polícia Federal negando qualquer irregularidade nos negócios da companhia no mercado financeiro. A JBS foi alvo de busca e apreensão na Operação Tendão de Aquiles, que investiga uso de informação privilegiada por parte das companhias.
0
Cientistas fazem alerta ético sobre ascensão de robôs e 'apego' a eles
O rápido movimento dos robôs "das fábricas rumo à automação de todos os aspectos de nossas vidas" levou um grupo internacional de cientistas, engenheiros e especialistas em ética a criar a Fundação por uma Robótica Responsável. A organização, lançada em Londres, encorajará governos e a indústria a considerar o impacto dos robôs sobre a sociedade, variando do potencial de desemprego em massa a violações de direitos humanos. Os pesquisadores e as autoridades vêm ignorando esse campo, até o momento, segundo os organizadores do novo grupo. "Estamos correndo freneticamente rumo à revolução da robótica, mas não estamos levando em consideração os muitos problemas imprevistos que nos aguardam", disse Noel Sharkey, professor de robótica na Universidade de Sheffield e presidente do conselho da nova fundação. "É hora de darmos um passo para trás e pensarmos seriamente sobre o futuro da tecnologia antes que ele se manifeste sem aviso e nos fira." Ainda que robôs industriais empregados em fábricas dominem a robótica no momento, o equilíbrio do mercado está mudando rapidamente, com a automação do setor de serviços. Há 12 milhões de robôs de serviços em operação no planeta, ante 1,5 milhão de robôs industriais, de acordo com o professor Sharkey. A Federação Internacional de Robótica prevê que o número de robôs de serviços subirá a 31 milhões até 2018. Os robôs estão começando a operar em ramos como o entretenimento, assistência a crianças e idosos, limpeza de casas, ordenha de vacas, e ação letal em conflitos armados –o setor de defesa é o maior usuário de robôs, fora da indústria. EMPATIA A professora Johanna Seibt, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, uma das cofundadoras da fundação, disse que robôs sociais são mais do que ferramentas. "Eles mudam a maneira pela qual nos comportamos, como seres humanos". A natureza do cérebro humano faz com que não consigamos resistir a tratar os robôs como tratamos a outras pessoas –ou pelos menos como tratamos os animais–, e isso gera apego rapidamente, diz a professora Seibt. Esse "antropomorfismo" faz com que as pessoas protejam seus robôs favoritos caso eles estejam sendo ameaçados, mesmo que em detrimento de outros seres humanos. "Há soldados dispostos a arriscar suas vidas para proteger um robô", ela disse. Animais robotizados como o Paro, bebê foca eletrônico produzido no Japão, vêm sendo rapidamente adotados em casas de repouso, para servir como companhia a pacientes de demência senil. "Embora isso possa ter efeitos benéficos, pelo menos no curto prazo precisamos nos preocupar com a ilusão que está sendo praticada e com a perda de dignidade que ela acarreta", disse Amanda Sharkey, do departamento de ciência da computação da Universidade de Sheffield. "Os robôs não são capazes de oferecer contato significativo. Não queremos que as famílias comecem a sentir que não é preciso se preocupar com a vovó porque os robôs cuidarão dela", ela afirma. Há preocupações semelhantes quanto ao impacto de companheiros robotizados na ponta oposta da vida: como eles afetarão a capacidade de crianças pequenas para interagir e fazer amizades com pessoas reais. O problema para responder a essas perguntas é a ausência de pesquisas sobre os efeitos em longo prazo da exposição a robôs sociais, disse a professora Seibt. "Houve apenas estudos de prazo muito curto, com algumas semanas de duração, mas precisamos de estudos com prazo de pelo menos dois anos para determinar o que esse convívio está causando aos nossos filhos." Todos os fundadores insistem em que, longe de serem inimigos da tecnologia, são entusiastas dos robôs. "O desafio é usar os aspectos positivos da robótica e evitar os negativos", disse Amanda Sharkey. Ela acusou o governo do Reino Unido e os de outros países de promover a robótica apenas por seus benefícios econômicos, "sem menção a qualquer pensamento correlato quanto ao impacto social ou os potenciais perigos da robotização para os direitos fundamentais dos cidadãos". A Fundação por uma Robótica Responsável conta com apoio inicial do Centro 3TU de Ética e Tecnologia, da Holanda, enquanto busca verbas de longo prazo do programa de pesquisa Horizon 2020, da União Europeia, e de outras fontes. O grupo também recrutará individualmente profissionais de robótica e de campos relacionados de trabalho. "Ainda temos a chance de determinar a forma que as coisas tomarão, de promover responsabilidade quanto aos robôs integrados à nossa sociedade", disse a presidente da fundação, Aimee van Wynsberghe, da Universidade de Twente e do 3TU. "Precisamos garantir que a prática futura da robótica seja para o benefício da humanidade, e não para ganhos de curto prazo". Tradução de PAULO MIGLIACCI
tec
Cientistas fazem alerta ético sobre ascensão de robôs e 'apego' a elesO rápido movimento dos robôs "das fábricas rumo à automação de todos os aspectos de nossas vidas" levou um grupo internacional de cientistas, engenheiros e especialistas em ética a criar a Fundação por uma Robótica Responsável. A organização, lançada em Londres, encorajará governos e a indústria a considerar o impacto dos robôs sobre a sociedade, variando do potencial de desemprego em massa a violações de direitos humanos. Os pesquisadores e as autoridades vêm ignorando esse campo, até o momento, segundo os organizadores do novo grupo. "Estamos correndo freneticamente rumo à revolução da robótica, mas não estamos levando em consideração os muitos problemas imprevistos que nos aguardam", disse Noel Sharkey, professor de robótica na Universidade de Sheffield e presidente do conselho da nova fundação. "É hora de darmos um passo para trás e pensarmos seriamente sobre o futuro da tecnologia antes que ele se manifeste sem aviso e nos fira." Ainda que robôs industriais empregados em fábricas dominem a robótica no momento, o equilíbrio do mercado está mudando rapidamente, com a automação do setor de serviços. Há 12 milhões de robôs de serviços em operação no planeta, ante 1,5 milhão de robôs industriais, de acordo com o professor Sharkey. A Federação Internacional de Robótica prevê que o número de robôs de serviços subirá a 31 milhões até 2018. Os robôs estão começando a operar em ramos como o entretenimento, assistência a crianças e idosos, limpeza de casas, ordenha de vacas, e ação letal em conflitos armados –o setor de defesa é o maior usuário de robôs, fora da indústria. EMPATIA A professora Johanna Seibt, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, uma das cofundadoras da fundação, disse que robôs sociais são mais do que ferramentas. "Eles mudam a maneira pela qual nos comportamos, como seres humanos". A natureza do cérebro humano faz com que não consigamos resistir a tratar os robôs como tratamos a outras pessoas –ou pelos menos como tratamos os animais–, e isso gera apego rapidamente, diz a professora Seibt. Esse "antropomorfismo" faz com que as pessoas protejam seus robôs favoritos caso eles estejam sendo ameaçados, mesmo que em detrimento de outros seres humanos. "Há soldados dispostos a arriscar suas vidas para proteger um robô", ela disse. Animais robotizados como o Paro, bebê foca eletrônico produzido no Japão, vêm sendo rapidamente adotados em casas de repouso, para servir como companhia a pacientes de demência senil. "Embora isso possa ter efeitos benéficos, pelo menos no curto prazo precisamos nos preocupar com a ilusão que está sendo praticada e com a perda de dignidade que ela acarreta", disse Amanda Sharkey, do departamento de ciência da computação da Universidade de Sheffield. "Os robôs não são capazes de oferecer contato significativo. Não queremos que as famílias comecem a sentir que não é preciso se preocupar com a vovó porque os robôs cuidarão dela", ela afirma. Há preocupações semelhantes quanto ao impacto de companheiros robotizados na ponta oposta da vida: como eles afetarão a capacidade de crianças pequenas para interagir e fazer amizades com pessoas reais. O problema para responder a essas perguntas é a ausência de pesquisas sobre os efeitos em longo prazo da exposição a robôs sociais, disse a professora Seibt. "Houve apenas estudos de prazo muito curto, com algumas semanas de duração, mas precisamos de estudos com prazo de pelo menos dois anos para determinar o que esse convívio está causando aos nossos filhos." Todos os fundadores insistem em que, longe de serem inimigos da tecnologia, são entusiastas dos robôs. "O desafio é usar os aspectos positivos da robótica e evitar os negativos", disse Amanda Sharkey. Ela acusou o governo do Reino Unido e os de outros países de promover a robótica apenas por seus benefícios econômicos, "sem menção a qualquer pensamento correlato quanto ao impacto social ou os potenciais perigos da robotização para os direitos fundamentais dos cidadãos". A Fundação por uma Robótica Responsável conta com apoio inicial do Centro 3TU de Ética e Tecnologia, da Holanda, enquanto busca verbas de longo prazo do programa de pesquisa Horizon 2020, da União Europeia, e de outras fontes. O grupo também recrutará individualmente profissionais de robótica e de campos relacionados de trabalho. "Ainda temos a chance de determinar a forma que as coisas tomarão, de promover responsabilidade quanto aos robôs integrados à nossa sociedade", disse a presidente da fundação, Aimee van Wynsberghe, da Universidade de Twente e do 3TU. "Precisamos garantir que a prática futura da robótica seja para o benefício da humanidade, e não para ganhos de curto prazo". Tradução de PAULO MIGLIACCI
5
À poesia o que é da prosa: os livros de Arnaldo Antunes e João Bandeira
RESUMO Dois poetas de tradição construtivista e visual, comumente associados à vanguarda concretista, lançam livros novos que mostram mudanças em relação a sua obra anterior. Incursões prosaicas, por exemplo, sugerem que ambos usam a plataforma do concretismo para anexar novos territórios a seus mundos poéticos. * "Agora Aqui Ninguém Precisa de Si" e "Quem Quando Queira": os novos livros de Arnaldo Antunes e João Bandeira, respectivamente, trazem desde o título uma espécie de prosaísmo que contrasta com trabalhos precedentes. É difícil ler os dois poetas sem pensar na sintonia que sempre mantiveram com uma poesia de extração construtivista, como a de João Cabral de Melo Neto, com os concretos e com toda sorte de criação visual –as caligrafias de Edgard Braga (no caso de Arnaldo Antunes) ou os poemas visuais de Joan Brossa (uma das referências de João Bandeira, que, nesse novo livro, dedica uma ode, também visual, ao poeta catalão). De resto, a poesia parece sempre pedir que se identifique a correia de transmissão pela qual cada poeta procura expandir os limites da palavra –o que pressupõe consciência daquilo que veio antes e o diálogo com antecessores dentro de uma mesma tradição linguística. Nisso, a poesia difere da prosa, em que a representação ficcional interpreta a realidade, esclarece suas possibilidades ocultas, que vão além (ou estão aquém) daquela coesão linguística que para o poeta é uma substância, como o são os materiais para o artista, os timbres e as notas para o compositor. Não por acaso, Arnaldo Antunes e João Bandeira sempre passearam com bastante facilidade entre os registros da composição visual e da música, como se para eles a linguagem fosse aquela "estrutura do mundo exterior" de que falou Sartre em "Que É a Literatura?", ensaio que parte de uma controvertida tentativa de traçar uma fronteira talvez demasiado nítida entre os universos da poesia e da prosa. Justamente porque essa fronteira não é tão nítida, encontramos com frequência uma prosa poética e uma poesia prosaica –sem que, no entanto, desapareça a sensação, difícil de definir, de que o poeta cria "coisas", acrescenta ao mundo conexões inesperadas entre seres, objetos, enquanto o ficcionista solicita ao mundo que enxergue algo que já estava nele, em estado de latência. "Agora Aqui Ninguém Precisa de Si" [Companhia das Letras, 152 págs., R$ 34,90] e "Quem Quando Queira" [Cosac Naify, 104 págs., R$ 29,90] exploram exatamente esse trânsito entre uma apreensão poética que se transforma, ela mesma, em objeto e uma nomeação interpretativa, "prosaica", que, no caso de Arnaldo Antunes e João Bandeira, indica o tempo todo que já não é mais possível se entregar às propriedades estagnadas do que simplesmente é. DNA Nesse ponto, o tal diálogo com a vanguarda concreta (lugar-comum que se associou aos dois poetas) acaba sendo incorporado a esses livros menos como afirmação um tanto estéril de DNA poético do que como plataforma para anexar territórios. Aliás, uma das partes que compunham o livro anterior de Arnaldo, "N.D.A." (Iluminuras, 2010), se intitulava precisamente "Nada de DNA" e reunia um conjunto de poemas anteriores, datados de 2006, que aludia ao "código genético" de um autor cujos poemas mais recentes, da primeira parte do volume, davam uma guinada narrativa que aparece de forma ainda mais pronunciada em "Agora Aqui Ninguém Precisa de Si". Negar sem renegar seu DNA, tanto quanto optar por "nenhuma das alternativas" (como sugere o título daquele livro, tirado da sigla n.d.a., dos testes de múltipla escolha), talvez fosse uma indicação bem explícita dos caminhos buscados por Arnaldo no novo livro. Um poema como "(F)útil" –em que um "f" longilíneo, quase blasé, tem na base um "útil" grafado em letras compactas, sisudamente burocráticas– pertence àquele procedimento, associado à poesia concreta, de condensar sentidos antitéticos jogando com o aspecto material dos signos. Mas, se esse poema parece estar em sintonia com os poemas de caráter crítico de Augusto de Campos (por exemplo, aquele de 1965 em que a palavra "luxo" se multiplica na página compondo o termo "lixo"), muitos poemas de "Agora Aqui Ninguém Precisa de Si" vão na direção contrária, apontam para uma meditação angustiada, mais lírica, do sujeito que cavouca lugar e significação entre as alternativas da futilidade e do utilitarismo. O poema que começa pelos versos "eu tenho uma coleção de esquecimentos/ e apenas duas mãos pra ver o mundo" remete de imediato a Drummond não apenas pelo óbvio paralelo com "Sentimento do Mundo" ("Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo") mas também pelo rebaixamento cósmico-cômico do final, tão característico do poeta mineiro: "queria estar a sós comigo mesmo/ e ter a eternidade toda em torno/ desfalecer no fogo desse forno/ até me desfazer como um torresmo". O poema que começa pela estrofe "pedra de pedra de pedra/ o que a faz tão concreta/ senão a falta de regra/ de sua forma assimétrica/ incapaz de linha reta?" é a "pedra no meio do caminho" de Arnaldo Antunes, que em "Extrair" emula os versos em eco de Gregório de Matos, não por uma espécie de beletrismo experimental, mas para assimilar a agudeza crítica do poeta baiano e escapar da cadência repetitiva que traga o cotidiano, "do ato regular que se dissipa em método, todo/ hábito que habito, repito,/ da meta inalcançável que me fita, cripta/ do incontável número dos dias vividos, idos". O título "Agora Aqui Ninguém Precisa de Si" não corresponde a nenhum poema específico, parece obedecer a uma batida musical que sempre esteve presente no trabalho de Arnaldo como compositor, mas aqui se investe de uma relação mais dramática seja com sua cidade ("Não Posso Dormir em São Paulo"), seja com o corpo, esse "asilo de carne e pele", "casulo" que anseia pelo inevitável "Nocaute" (título do poema). Como em "N.D.A.", poemas reflexivos –como o belíssimo "Sonho", do qual desperta um "Sísifo/ dissidente/ do círculo/ eternamente/ incompleto"– se alternam com poemas visuais e recortes fotográficos da realidade (fachadas, outdoors, o espelho retrovisor de um carro, uma notícia de jornal tornada "ready-made"), mas também uma seção de "ready- mades" verbais, "prosinhas" que estão entre o aforismo e o dito popular, dando feição narrativa à oralidade de Arnaldo Antunes. Encontramos essa mesma alternância em "Quem Quando Queira", de João Bandeira, que igualmente opera um desvio em relação a seu livro anterior, "Rente" (Ateliê, 1997), de nítida filiação concretista. Dividido em cinco partes, a última delas dispõe uma série de recortes fotográficos de outdoors ou cartazes com letras que, isoladas, formam palavras como "sul", "sem" e "suor". CORROSÃO Lidos/vistos em sequência, eles compõem imagens da corrosão pelo tempo e de remissão a uma topografia brutalista –o país ao sul, com sua escassez, o sul do corpo, com sua transpiração. Lidas/vistas no conjunto do livro, essas imagens cifram seu DNA de poeta visual, a exemplo do que ocorria com Arnaldo Antunes, a quem Bandeira dedica, na quarta seção (com retratos-homenagens a amigos e artistas), um "Alfabeto Retificado para Arnaldo", poema-objeto em que as letras são formadas por quinquilharias de ferro velho desentranhadas, por exemplo, de um poema como "Cápsula Caroço", de "N.D.A.". Entretanto, essas imagens de corrosão, observa José Miguel Wisnik no texto de orelha do livro, apontam também para a "corrosão das linguagens e dos projetos poéticos que já foram heroicos em outros tempos". Daí a mudança que se observa (em relação a "Rente") nas primeiras três seções de "Quem Quando Queira", cujo título sai de um poema que, sem nomear a cidade, justapõe flashes da californiana San Francisco, com seus "novos hippies e yuppies", onde os terremotos podem ser também financeiros e as "passeatas pacíficas reivindicam diariamente o impossível". Essa atmosfera contracultural se conecta ao universo da comunicação de massa –na celebração da diva Brigitte Bardot, "transformada em harpia/ depois do advento/ da fotografia"– e da confusão de registros da alta e da baixa cultura, como no poema "De Sorte" (ponto alto do livro), que amalgama predições astrológicas e meteorológicas, conselhos de manuais de auto-ajuda ou de guias para o sucesso financeiro e citações de autores como Mallarmé, Fernando Pessoa e Walter Benjamin, nas quais o risco e o imprevisto dão resposta a messianismos rebaixados. Em João Bandeira, a utopia poética de congelar o instante num artefato que materializa a corrupção do existente, sem se entregar a ele, cede lugar a um preenchimento angustiado do vazio que restou após o triunfalismo vanguardista e a ressaca modernizadora. Podem ser anotações prosaicas sobre a modorra de uma ilha acossada pelo turismo predatório, ou a descrição igualmente prosaica do despertar noturno da mulher enferma, ou ainda homenagens como aquelas dedicadas ao artista plástico Waltercio Caldas e ao crítico Lorenzo Mammì –em que a frase "como se" é repetida como um mantra para tentar compreender uma generosidade cada vez mais rara: "como se/ para ser seu amigo/ bastasse estar vivo/(...) como se/ ideias próprias/ só se completassem/ quando nossas". "Quem Quando Queira" lança mão de procedimentos experimentais (elipse, colagem, poesia visual) para afirmar, num poema-fluxo que retoma o motivo bíblico da criação do mundo pelo verbo divino, que "desde o fim a poesia é o meio" –que a poesia, enfim, pode também ser um modo de fazer a mediação entre a palavra tornada coisa e o mundo que esmaga livros, linguagens e coisas. MANUEL DA COSTA PINTO, 49, é jornalista e crítico literário, colunista da revista "sãopaulo" e editor do "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", autor de "Paisagens Interiores e Outros Ensaios" (B4).
ilustrissima
À poesia o que é da prosa: os livros de Arnaldo Antunes e João BandeiraRESUMO Dois poetas de tradição construtivista e visual, comumente associados à vanguarda concretista, lançam livros novos que mostram mudanças em relação a sua obra anterior. Incursões prosaicas, por exemplo, sugerem que ambos usam a plataforma do concretismo para anexar novos territórios a seus mundos poéticos. * "Agora Aqui Ninguém Precisa de Si" e "Quem Quando Queira": os novos livros de Arnaldo Antunes e João Bandeira, respectivamente, trazem desde o título uma espécie de prosaísmo que contrasta com trabalhos precedentes. É difícil ler os dois poetas sem pensar na sintonia que sempre mantiveram com uma poesia de extração construtivista, como a de João Cabral de Melo Neto, com os concretos e com toda sorte de criação visual –as caligrafias de Edgard Braga (no caso de Arnaldo Antunes) ou os poemas visuais de Joan Brossa (uma das referências de João Bandeira, que, nesse novo livro, dedica uma ode, também visual, ao poeta catalão). De resto, a poesia parece sempre pedir que se identifique a correia de transmissão pela qual cada poeta procura expandir os limites da palavra –o que pressupõe consciência daquilo que veio antes e o diálogo com antecessores dentro de uma mesma tradição linguística. Nisso, a poesia difere da prosa, em que a representação ficcional interpreta a realidade, esclarece suas possibilidades ocultas, que vão além (ou estão aquém) daquela coesão linguística que para o poeta é uma substância, como o são os materiais para o artista, os timbres e as notas para o compositor. Não por acaso, Arnaldo Antunes e João Bandeira sempre passearam com bastante facilidade entre os registros da composição visual e da música, como se para eles a linguagem fosse aquela "estrutura do mundo exterior" de que falou Sartre em "Que É a Literatura?", ensaio que parte de uma controvertida tentativa de traçar uma fronteira talvez demasiado nítida entre os universos da poesia e da prosa. Justamente porque essa fronteira não é tão nítida, encontramos com frequência uma prosa poética e uma poesia prosaica –sem que, no entanto, desapareça a sensação, difícil de definir, de que o poeta cria "coisas", acrescenta ao mundo conexões inesperadas entre seres, objetos, enquanto o ficcionista solicita ao mundo que enxergue algo que já estava nele, em estado de latência. "Agora Aqui Ninguém Precisa de Si" [Companhia das Letras, 152 págs., R$ 34,90] e "Quem Quando Queira" [Cosac Naify, 104 págs., R$ 29,90] exploram exatamente esse trânsito entre uma apreensão poética que se transforma, ela mesma, em objeto e uma nomeação interpretativa, "prosaica", que, no caso de Arnaldo Antunes e João Bandeira, indica o tempo todo que já não é mais possível se entregar às propriedades estagnadas do que simplesmente é. DNA Nesse ponto, o tal diálogo com a vanguarda concreta (lugar-comum que se associou aos dois poetas) acaba sendo incorporado a esses livros menos como afirmação um tanto estéril de DNA poético do que como plataforma para anexar territórios. Aliás, uma das partes que compunham o livro anterior de Arnaldo, "N.D.A." (Iluminuras, 2010), se intitulava precisamente "Nada de DNA" e reunia um conjunto de poemas anteriores, datados de 2006, que aludia ao "código genético" de um autor cujos poemas mais recentes, da primeira parte do volume, davam uma guinada narrativa que aparece de forma ainda mais pronunciada em "Agora Aqui Ninguém Precisa de Si". Negar sem renegar seu DNA, tanto quanto optar por "nenhuma das alternativas" (como sugere o título daquele livro, tirado da sigla n.d.a., dos testes de múltipla escolha), talvez fosse uma indicação bem explícita dos caminhos buscados por Arnaldo no novo livro. Um poema como "(F)útil" –em que um "f" longilíneo, quase blasé, tem na base um "útil" grafado em letras compactas, sisudamente burocráticas– pertence àquele procedimento, associado à poesia concreta, de condensar sentidos antitéticos jogando com o aspecto material dos signos. Mas, se esse poema parece estar em sintonia com os poemas de caráter crítico de Augusto de Campos (por exemplo, aquele de 1965 em que a palavra "luxo" se multiplica na página compondo o termo "lixo"), muitos poemas de "Agora Aqui Ninguém Precisa de Si" vão na direção contrária, apontam para uma meditação angustiada, mais lírica, do sujeito que cavouca lugar e significação entre as alternativas da futilidade e do utilitarismo. O poema que começa pelos versos "eu tenho uma coleção de esquecimentos/ e apenas duas mãos pra ver o mundo" remete de imediato a Drummond não apenas pelo óbvio paralelo com "Sentimento do Mundo" ("Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo") mas também pelo rebaixamento cósmico-cômico do final, tão característico do poeta mineiro: "queria estar a sós comigo mesmo/ e ter a eternidade toda em torno/ desfalecer no fogo desse forno/ até me desfazer como um torresmo". O poema que começa pela estrofe "pedra de pedra de pedra/ o que a faz tão concreta/ senão a falta de regra/ de sua forma assimétrica/ incapaz de linha reta?" é a "pedra no meio do caminho" de Arnaldo Antunes, que em "Extrair" emula os versos em eco de Gregório de Matos, não por uma espécie de beletrismo experimental, mas para assimilar a agudeza crítica do poeta baiano e escapar da cadência repetitiva que traga o cotidiano, "do ato regular que se dissipa em método, todo/ hábito que habito, repito,/ da meta inalcançável que me fita, cripta/ do incontável número dos dias vividos, idos". O título "Agora Aqui Ninguém Precisa de Si" não corresponde a nenhum poema específico, parece obedecer a uma batida musical que sempre esteve presente no trabalho de Arnaldo como compositor, mas aqui se investe de uma relação mais dramática seja com sua cidade ("Não Posso Dormir em São Paulo"), seja com o corpo, esse "asilo de carne e pele", "casulo" que anseia pelo inevitável "Nocaute" (título do poema). Como em "N.D.A.", poemas reflexivos –como o belíssimo "Sonho", do qual desperta um "Sísifo/ dissidente/ do círculo/ eternamente/ incompleto"– se alternam com poemas visuais e recortes fotográficos da realidade (fachadas, outdoors, o espelho retrovisor de um carro, uma notícia de jornal tornada "ready-made"), mas também uma seção de "ready- mades" verbais, "prosinhas" que estão entre o aforismo e o dito popular, dando feição narrativa à oralidade de Arnaldo Antunes. Encontramos essa mesma alternância em "Quem Quando Queira", de João Bandeira, que igualmente opera um desvio em relação a seu livro anterior, "Rente" (Ateliê, 1997), de nítida filiação concretista. Dividido em cinco partes, a última delas dispõe uma série de recortes fotográficos de outdoors ou cartazes com letras que, isoladas, formam palavras como "sul", "sem" e "suor". CORROSÃO Lidos/vistos em sequência, eles compõem imagens da corrosão pelo tempo e de remissão a uma topografia brutalista –o país ao sul, com sua escassez, o sul do corpo, com sua transpiração. Lidas/vistas no conjunto do livro, essas imagens cifram seu DNA de poeta visual, a exemplo do que ocorria com Arnaldo Antunes, a quem Bandeira dedica, na quarta seção (com retratos-homenagens a amigos e artistas), um "Alfabeto Retificado para Arnaldo", poema-objeto em que as letras são formadas por quinquilharias de ferro velho desentranhadas, por exemplo, de um poema como "Cápsula Caroço", de "N.D.A.". Entretanto, essas imagens de corrosão, observa José Miguel Wisnik no texto de orelha do livro, apontam também para a "corrosão das linguagens e dos projetos poéticos que já foram heroicos em outros tempos". Daí a mudança que se observa (em relação a "Rente") nas primeiras três seções de "Quem Quando Queira", cujo título sai de um poema que, sem nomear a cidade, justapõe flashes da californiana San Francisco, com seus "novos hippies e yuppies", onde os terremotos podem ser também financeiros e as "passeatas pacíficas reivindicam diariamente o impossível". Essa atmosfera contracultural se conecta ao universo da comunicação de massa –na celebração da diva Brigitte Bardot, "transformada em harpia/ depois do advento/ da fotografia"– e da confusão de registros da alta e da baixa cultura, como no poema "De Sorte" (ponto alto do livro), que amalgama predições astrológicas e meteorológicas, conselhos de manuais de auto-ajuda ou de guias para o sucesso financeiro e citações de autores como Mallarmé, Fernando Pessoa e Walter Benjamin, nas quais o risco e o imprevisto dão resposta a messianismos rebaixados. Em João Bandeira, a utopia poética de congelar o instante num artefato que materializa a corrupção do existente, sem se entregar a ele, cede lugar a um preenchimento angustiado do vazio que restou após o triunfalismo vanguardista e a ressaca modernizadora. Podem ser anotações prosaicas sobre a modorra de uma ilha acossada pelo turismo predatório, ou a descrição igualmente prosaica do despertar noturno da mulher enferma, ou ainda homenagens como aquelas dedicadas ao artista plástico Waltercio Caldas e ao crítico Lorenzo Mammì –em que a frase "como se" é repetida como um mantra para tentar compreender uma generosidade cada vez mais rara: "como se/ para ser seu amigo/ bastasse estar vivo/(...) como se/ ideias próprias/ só se completassem/ quando nossas". "Quem Quando Queira" lança mão de procedimentos experimentais (elipse, colagem, poesia visual) para afirmar, num poema-fluxo que retoma o motivo bíblico da criação do mundo pelo verbo divino, que "desde o fim a poesia é o meio" –que a poesia, enfim, pode também ser um modo de fazer a mediação entre a palavra tornada coisa e o mundo que esmaga livros, linguagens e coisas. MANUEL DA COSTA PINTO, 49, é jornalista e crítico literário, colunista da revista "sãopaulo" e editor do "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", autor de "Paisagens Interiores e Outros Ensaios" (B4).
18
Maia prevê dificuldade para aprovar projeto de socorro aos Estados
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta terça-feira (21) que o projeto de lei que cria o programa de recuperação fiscal para Estados em grave situação financeira, como o Rio de Janeiro, enfrentará dificuldades para ser aprovado pelo Congresso. "Nós temos um problema. (...) A gente sabe que é difícil, não adianta a gente negar. Mas o nosso papel é dialogar e encontrar um caminho", disse o deputado. O principal entrave está nas contrapartidas que o governo exigirá dos Estados para que eles tenham o pagamento de suas dívidas suspenso por até seis anos. Entre outros pontos, controle rigoroso de despesas, privatizações e elevação da contribuição previdenciária de servidores. O projeto deve chegar ao Congresso nesta terça. Em dezembro do ano passado a Câmara aprovou o texto sem as contrapartidas. Na época, Temer vetou a ajuda aos Estados falidos. Apesar das dificuldades, Maia reafirmou acreditar que o projeto seja aprovado até março.
mercado
Maia prevê dificuldade para aprovar projeto de socorro aos EstadosO presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta terça-feira (21) que o projeto de lei que cria o programa de recuperação fiscal para Estados em grave situação financeira, como o Rio de Janeiro, enfrentará dificuldades para ser aprovado pelo Congresso. "Nós temos um problema. (...) A gente sabe que é difícil, não adianta a gente negar. Mas o nosso papel é dialogar e encontrar um caminho", disse o deputado. O principal entrave está nas contrapartidas que o governo exigirá dos Estados para que eles tenham o pagamento de suas dívidas suspenso por até seis anos. Entre outros pontos, controle rigoroso de despesas, privatizações e elevação da contribuição previdenciária de servidores. O projeto deve chegar ao Congresso nesta terça. Em dezembro do ano passado a Câmara aprovou o texto sem as contrapartidas. Na época, Temer vetou a ajuda aos Estados falidos. Apesar das dificuldades, Maia reafirmou acreditar que o projeto seja aprovado até março.
2
Escolas de cozinha e sites investem em cursos on-line de gastronomia
Em uma cozinha colorida, a chef reúne panelas antes de explicar termos em francês. Pause, não entendeu? Volta. Ela fala sobre as diferenças entre caldos claros e escuros e... pause. Não dá tempo de ver? Mais tarde você retoma. Nesta escola, o aluno não sente os aromas da receita, mas pode ver com detalhes, e de novo, o que a professora ensina. As aulas de culinária vêm ganhando espaço na internet. São mais baratas do que as presenciais, mas competem com um vasto mundo de gente que ensina receitas de graça na web. Por que, então, pagar por isso? Com preços variados (veja abaixo), os cursos podem valer se forem ministrados por profissionais e se oferecerem canais para tirar dúvidas. Além disso, devem levar em conta a evolução do aluno, do principiante ao mais experiente. Nesta terça-feira (4) entrou no ar o curso on-line da escola Dedo de Moça, com vídeos curtos para iniciantes, hospedado no UOL (do Grupo Folha). "As aulas na internet quebram barreiras de território e cabem no bolso de muita gente [custam até R$ 59,90]", diz a chef Patricia Abbondanza, da Dedo de Moça. Assista a uma das aulas clicando no player acima. A Escola Wilma Kövesi deve se lançar em três meses na rede. O curso para principiantes, que ministra há 30 anos, será o primeiro com versão on-line. Um pouco mais enxuto –com oito aulas de 45 minutos (o original tem seis aulas de três horas), custará cerca de 30% menos do que os R$ 1.296 do presencial. Condensar conteúdo e não estar próximo do aluno exige adaptações. "A experiência faz com que a gente consiga antecipar as questões, apesar de faltar o retorno imediato do outro lado, balançando a cabeça porque não entendeu ou feliz com a aula", diz Marina Hernandez, professora da Wilma Kövesi. Se a distância do professor pode gerar insegurança, a interatividade virtual ajuda. Esse é o ponto forte do site de cursos eduK, que tem hoje a gastronomia como principal setor. As aulas ao vivo têm chat entre alunos e moderadores. "Há muitos regionalismos na cozinha. Outro dia perguntaram se era possível substituir o doce de leite por pasta de cupuaçu", conta Robson Catalan, cofundador do site, que não cobra pelas aulas ao vivo, mas pelo o acesso às gravadas. A possibilidade de rever as aulas é uma grande vantagem, na opinião do confeiteiro Diego Lozano, da escola de mesmo nome. "Isso facilita o aprendizado." escoladegastronomia.uol.com.br Em vídeos rápidos e inteligentes, a professora e chef Patricia Abbondanza ensina a escolher utensílios, fazer preparos básicos e pensar menus. Didático, tem apostila e glossário com termos da cozinha Quanto de R$ 39,90 (menu rápido) a R$ 59,90 (curso técnico para cozinhar) eduk.com.br O site tem cursos, por exemplo, com a confeiteira Carole Crema e o chef Julien Mercier (que ensinou o boeuf bourguignon acima). A aula ao vivo, com chat para dúvidas, é gratuita e o plano mensal dá acesso a vídeos anteriores e à apostila Quanto R$ 19,90 por mês (todos os cursos da categoria) escoladeconfeitaria.com.br A escola do confeiteiro Diego Lozano tem nove aulas on-line, como a de bolo de copo e a de macarrons (foto). Os vídeos, simples e objetivos, são reforçados por uma apostila. Ao comprá-las, é bom ter alguma familiaridade com a cozinha Quanto de R$ 120 a R$ 140 por aula ead.senac.br Os cursos de cozinha fácil e rápida, brigadeiro gourmet e enogastronomia, por exemplo, são dados por professores da universidade. Com apostilas bem completas, têm vídeos curtos e simples para cada fase do programa, e uma avaliação Quanto de R$ 75 (de 20 h) a R$ 112 (de 30 h) iped.com.br O site atua em 35 áreas e, na gastronomia, aborda também o viés profissional. Os cursos, de vídeos longos (um pouco arrastados), são acompanhados de apostilas e pequenos testes Quanto de R$ 129,90 (coquetelaria) a R$ 149,90 (hamburgueria)
comida
Escolas de cozinha e sites investem em cursos on-line de gastronomiaEm uma cozinha colorida, a chef reúne panelas antes de explicar termos em francês. Pause, não entendeu? Volta. Ela fala sobre as diferenças entre caldos claros e escuros e... pause. Não dá tempo de ver? Mais tarde você retoma. Nesta escola, o aluno não sente os aromas da receita, mas pode ver com detalhes, e de novo, o que a professora ensina. As aulas de culinária vêm ganhando espaço na internet. São mais baratas do que as presenciais, mas competem com um vasto mundo de gente que ensina receitas de graça na web. Por que, então, pagar por isso? Com preços variados (veja abaixo), os cursos podem valer se forem ministrados por profissionais e se oferecerem canais para tirar dúvidas. Além disso, devem levar em conta a evolução do aluno, do principiante ao mais experiente. Nesta terça-feira (4) entrou no ar o curso on-line da escola Dedo de Moça, com vídeos curtos para iniciantes, hospedado no UOL (do Grupo Folha). "As aulas na internet quebram barreiras de território e cabem no bolso de muita gente [custam até R$ 59,90]", diz a chef Patricia Abbondanza, da Dedo de Moça. Assista a uma das aulas clicando no player acima. A Escola Wilma Kövesi deve se lançar em três meses na rede. O curso para principiantes, que ministra há 30 anos, será o primeiro com versão on-line. Um pouco mais enxuto –com oito aulas de 45 minutos (o original tem seis aulas de três horas), custará cerca de 30% menos do que os R$ 1.296 do presencial. Condensar conteúdo e não estar próximo do aluno exige adaptações. "A experiência faz com que a gente consiga antecipar as questões, apesar de faltar o retorno imediato do outro lado, balançando a cabeça porque não entendeu ou feliz com a aula", diz Marina Hernandez, professora da Wilma Kövesi. Se a distância do professor pode gerar insegurança, a interatividade virtual ajuda. Esse é o ponto forte do site de cursos eduK, que tem hoje a gastronomia como principal setor. As aulas ao vivo têm chat entre alunos e moderadores. "Há muitos regionalismos na cozinha. Outro dia perguntaram se era possível substituir o doce de leite por pasta de cupuaçu", conta Robson Catalan, cofundador do site, que não cobra pelas aulas ao vivo, mas pelo o acesso às gravadas. A possibilidade de rever as aulas é uma grande vantagem, na opinião do confeiteiro Diego Lozano, da escola de mesmo nome. "Isso facilita o aprendizado." escoladegastronomia.uol.com.br Em vídeos rápidos e inteligentes, a professora e chef Patricia Abbondanza ensina a escolher utensílios, fazer preparos básicos e pensar menus. Didático, tem apostila e glossário com termos da cozinha Quanto de R$ 39,90 (menu rápido) a R$ 59,90 (curso técnico para cozinhar) eduk.com.br O site tem cursos, por exemplo, com a confeiteira Carole Crema e o chef Julien Mercier (que ensinou o boeuf bourguignon acima). A aula ao vivo, com chat para dúvidas, é gratuita e o plano mensal dá acesso a vídeos anteriores e à apostila Quanto R$ 19,90 por mês (todos os cursos da categoria) escoladeconfeitaria.com.br A escola do confeiteiro Diego Lozano tem nove aulas on-line, como a de bolo de copo e a de macarrons (foto). Os vídeos, simples e objetivos, são reforçados por uma apostila. Ao comprá-las, é bom ter alguma familiaridade com a cozinha Quanto de R$ 120 a R$ 140 por aula ead.senac.br Os cursos de cozinha fácil e rápida, brigadeiro gourmet e enogastronomia, por exemplo, são dados por professores da universidade. Com apostilas bem completas, têm vídeos curtos e simples para cada fase do programa, e uma avaliação Quanto de R$ 75 (de 20 h) a R$ 112 (de 30 h) iped.com.br O site atua em 35 áreas e, na gastronomia, aborda também o viés profissional. Os cursos, de vídeos longos (um pouco arrastados), são acompanhados de apostilas e pequenos testes Quanto de R$ 129,90 (coquetelaria) a R$ 149,90 (hamburgueria)
26
Mesmo sem política do filho único, chineses receiam ter mais filhos
O abandono da controversa política de filho único na China, anunciado nesta quinta-feira (29) pelo Partido Comunista do país, terá efeito direto sobre Andrea Zhao, 30, moradora da capital e mãe de um menino de quatro meses. Pela política ainda em vigor, Zhao só pode ter um segundo filho caso pague um preço proibitivo em multas e serviços como saúde e educação. Com a mudança, ainda a ser colocada em prática, o caminho está aberto para uma nova gestação. "Eu quero um outro bebê. Se tivermos mais dinheiro, acho que terei sem hesitar", diz a chinesa, que tem três irmãs e um irmão. "Eu e meu marido achamos que uma criança é algo muito solitário, mas é difícil. Somos do campo, sem ajuda de ninguém na cidade, é mais difícil em Pequim." A preocupação com custos de um apartamento maior e educação de qualidade, e a necessidade de mais benefícios sociais para a maternidade não é exclusiva de Zhao, mas um fator que faz muitos chineses ponderarem sobre a opção pela segunda criança -e especialistas se questionarem sobre o impacto da nova permissão de dois filhos para todos os casais. Uma família de Xangai que não quis se identificar disse à Folha que deseja um segundo filho, mas se preocupa com preços de moradia nas grandes cidades. "Será que podemos ter um outro filho, para que nossa criança não fique tão sozinha quanto a gente?", disse a chinesa de 31 anos, mãe de um garoto de 3 anos. O casal, ambos filhos únicos, diz que há muitas questões a serem resolvidas antes de ampliar a família. "Por exemplo, precisamos de um apartamento maior. Hoje vivemos em um apartamento muito pequeno, queremos muito dar um bom ambiente para as crianças. Se insistirmos no segundo filho, talvez tenhamos um grande custo", diz ela. Mas o benefício da existência de irmãos também está claro para o casal: "Crescemos com nossos primos, mas estamos muito ocupados e não temos muito tempo para eles. Quando temos algo para contar para alguém, só temos um ao outro". Outro fator levantado como problemático é o fato de muitas famílias migrarem do campo para a cidade, mas se manterem registradas na cidade de origem -sistema que fixa a pessoa na cidade natal, encarecendo serviços básicos, como escola e hospitais, na cidade para onde migra. O limite de um filho por casal está em vigor há 35 anos na China e é, provavelmente, a mais dura política pública de redução da natalidade no mundo. A regra é complexa e já permitia mais de um filho a depender de determinados fatores: se a família mora no campo ou na cidade, se os pais têm irmãos, se trata-se de minorias étnicas e se o primeiro filho foi uma menina. Gráfico: Envelhecimento da população chinesa Estima-se que 150 milhões de famílias, cerca de um terço do total, tenham apenas um filho, estrutura familiar conhecida como "quatro avós, dois pais, uma criança". Uma flexibilização da política foi anunciada no final de 2013, permitindo o segundo filho para famílias em que pelo menos um dos pais era filho único -até essa data, ambos deveriam ser filhos únicos para ter o direito. Essa flexibilização atraiu interesse de 14% dos 11 milhões de casais elegíveis, segundo Yuan Xin, professor do instituto de população e desenvolvimento da Universidade de Nankai, em Tianjin. Mas, continua ele, estudos indicaram que 60% das famílias aptas têm interesse na segunda criança, e que mais de 80% dos casais chineses vê dois filhos como um número ideal. Além de derrubar uma política impopular e mal vista no exterior, a China pretende ampliar a força de trabalho e reduzir o impacto do envelhecimento da população. De acordo com Yuan Xin, 15,5% da população chinesa tinha 60 anos ou mais no final de 2014, proporção que pode atingir 35% em 2053. O professor diz que a permissão de dois filhos por família é efetiva para minimizar o impacto do envelhecimento, mas tem efeito limitado no curto prazo, com um "baby boom" modesto por dois ou três anos, até voltar a uma taxa de natalidade abaixo da reposição das pessoas que morrem. "[Esperamos] mais famílias com duas crianças, mas não uma grande onda, pois o padrão mudou tanto que a maioria das famílias não quer mais crianças", avalia Joan Kaufman, diretora da Columbia Global Centers para o leste da Ásia e especialista em saúde pública. "Não creio que haverá grandes mudanças na sociedade chinesa." ABORTOS Um cálculo oficial, feito no passado, credita à política de filho único a redução de 400 milhões de nascimentos na China nas últimas três décadas. Esse número impactante, no entanto, é contestado por especialistas, que identificaram reduções de natalidade também importantes em outros países no período, e na própria China nos anos anteriores à adoção da política. Além de impedir a livre decisão das famílias sobre o planejamento familiar, o modelo forçado de um filho deu origem a práticas condenadas, como abortos e abandono de meninas, abortos forçados e crianças não registradas. E a um contexto social particular, em que as crianças são mimadas e, ao mesmo tempo, pressionadas para serem bem sucedidas e se casarem cedo. Andrea Zhao diz admirar os filhos únicos, que tiveram acesso a uma educação melhor e mais atenção dos pais. "Mas os filhos únicos também me admiram, por eu ter irmãos com quem pude brincar e compartilhar momentos."
mundo
Mesmo sem política do filho único, chineses receiam ter mais filhosO abandono da controversa política de filho único na China, anunciado nesta quinta-feira (29) pelo Partido Comunista do país, terá efeito direto sobre Andrea Zhao, 30, moradora da capital e mãe de um menino de quatro meses. Pela política ainda em vigor, Zhao só pode ter um segundo filho caso pague um preço proibitivo em multas e serviços como saúde e educação. Com a mudança, ainda a ser colocada em prática, o caminho está aberto para uma nova gestação. "Eu quero um outro bebê. Se tivermos mais dinheiro, acho que terei sem hesitar", diz a chinesa, que tem três irmãs e um irmão. "Eu e meu marido achamos que uma criança é algo muito solitário, mas é difícil. Somos do campo, sem ajuda de ninguém na cidade, é mais difícil em Pequim." A preocupação com custos de um apartamento maior e educação de qualidade, e a necessidade de mais benefícios sociais para a maternidade não é exclusiva de Zhao, mas um fator que faz muitos chineses ponderarem sobre a opção pela segunda criança -e especialistas se questionarem sobre o impacto da nova permissão de dois filhos para todos os casais. Uma família de Xangai que não quis se identificar disse à Folha que deseja um segundo filho, mas se preocupa com preços de moradia nas grandes cidades. "Será que podemos ter um outro filho, para que nossa criança não fique tão sozinha quanto a gente?", disse a chinesa de 31 anos, mãe de um garoto de 3 anos. O casal, ambos filhos únicos, diz que há muitas questões a serem resolvidas antes de ampliar a família. "Por exemplo, precisamos de um apartamento maior. Hoje vivemos em um apartamento muito pequeno, queremos muito dar um bom ambiente para as crianças. Se insistirmos no segundo filho, talvez tenhamos um grande custo", diz ela. Mas o benefício da existência de irmãos também está claro para o casal: "Crescemos com nossos primos, mas estamos muito ocupados e não temos muito tempo para eles. Quando temos algo para contar para alguém, só temos um ao outro". Outro fator levantado como problemático é o fato de muitas famílias migrarem do campo para a cidade, mas se manterem registradas na cidade de origem -sistema que fixa a pessoa na cidade natal, encarecendo serviços básicos, como escola e hospitais, na cidade para onde migra. O limite de um filho por casal está em vigor há 35 anos na China e é, provavelmente, a mais dura política pública de redução da natalidade no mundo. A regra é complexa e já permitia mais de um filho a depender de determinados fatores: se a família mora no campo ou na cidade, se os pais têm irmãos, se trata-se de minorias étnicas e se o primeiro filho foi uma menina. Gráfico: Envelhecimento da população chinesa Estima-se que 150 milhões de famílias, cerca de um terço do total, tenham apenas um filho, estrutura familiar conhecida como "quatro avós, dois pais, uma criança". Uma flexibilização da política foi anunciada no final de 2013, permitindo o segundo filho para famílias em que pelo menos um dos pais era filho único -até essa data, ambos deveriam ser filhos únicos para ter o direito. Essa flexibilização atraiu interesse de 14% dos 11 milhões de casais elegíveis, segundo Yuan Xin, professor do instituto de população e desenvolvimento da Universidade de Nankai, em Tianjin. Mas, continua ele, estudos indicaram que 60% das famílias aptas têm interesse na segunda criança, e que mais de 80% dos casais chineses vê dois filhos como um número ideal. Além de derrubar uma política impopular e mal vista no exterior, a China pretende ampliar a força de trabalho e reduzir o impacto do envelhecimento da população. De acordo com Yuan Xin, 15,5% da população chinesa tinha 60 anos ou mais no final de 2014, proporção que pode atingir 35% em 2053. O professor diz que a permissão de dois filhos por família é efetiva para minimizar o impacto do envelhecimento, mas tem efeito limitado no curto prazo, com um "baby boom" modesto por dois ou três anos, até voltar a uma taxa de natalidade abaixo da reposição das pessoas que morrem. "[Esperamos] mais famílias com duas crianças, mas não uma grande onda, pois o padrão mudou tanto que a maioria das famílias não quer mais crianças", avalia Joan Kaufman, diretora da Columbia Global Centers para o leste da Ásia e especialista em saúde pública. "Não creio que haverá grandes mudanças na sociedade chinesa." ABORTOS Um cálculo oficial, feito no passado, credita à política de filho único a redução de 400 milhões de nascimentos na China nas últimas três décadas. Esse número impactante, no entanto, é contestado por especialistas, que identificaram reduções de natalidade também importantes em outros países no período, e na própria China nos anos anteriores à adoção da política. Além de impedir a livre decisão das famílias sobre o planejamento familiar, o modelo forçado de um filho deu origem a práticas condenadas, como abortos e abandono de meninas, abortos forçados e crianças não registradas. E a um contexto social particular, em que as crianças são mimadas e, ao mesmo tempo, pressionadas para serem bem sucedidas e se casarem cedo. Andrea Zhao diz admirar os filhos únicos, que tiveram acesso a uma educação melhor e mais atenção dos pais. "Mas os filhos únicos também me admiram, por eu ter irmãos com quem pude brincar e compartilhar momentos."
3
Relator diz que Temer usou dinheiro público para vencer em comissão
Ao reiterar seu voto a favor da aceitação da denúncia contra Michel Temer, o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) acusou o presidente da República de usar dinheiro público para obstruir a Justiça e vencer na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. "O senhor Michel Temer, contra quem pesam seriíssimos indícios, acha que podendo usar o dinheiro público, bilhões de reais, pode submeter a Câmara dos Deputados", disse Zveiter ao defender seu parecer após quase 20 horas de debates. "É obstrução de Justiça usar dinheiro público para que deputados venham aqui, através da liberação de verbas, emendas parlamentares e cargos para votar por um arquivamento esdrúxulo", disse Zveiter. "Não estamos dizendo aqui que ele tem que ser condenado ou não. Mas temos que dizer, sim, que distribuir bilhões de reais de dinheiro público caracteriza obstrução de Justiça." O relator disse reconhecer que, diante de um série de trocas de membros da CCJ, seu parecer será derrotado para que seja aprovado um relatório pela salvação de Temer. "Hoje, o voto em separado que vai ser apresentado aqui, com todo o respeito, é um voto que já foi redigido. Não aqui, no Parlamento brasileiro. Ele é originário do Palácio do Planalto, do Executivo", afirmou. Depois, pediu para retirar este trecho de sua fala. "Perderam a vergonha, perderam a compostura", disse enfaticamente ao microfone o relator. Desafiando seu partido, o PMDB, que na quarta-feira (12) decidiu punir quem votasse a favor da denúncia, Zveiter disse que vai manter seu voto em plenário e que, nesta tarde, seu parecer será alvo de uma derrota "artificial". "Essa derrota artificial que se antecipa pela libração de emendas, pela troca de cargos aqui na comissão, pelos cargos oferecidos, não vai ter respaldo no soberano plenário da Câmara dos Deputados, que eu tenho a honra e o privilégio de pertencer", disse Sergio Zveiter. "Uma derrota aqui não vai ser do parecer. Vai ser a derrota do povo brasileiro, que quer uma política limpa, honesta, que repudia que deputados livremente pelo voto se submetem a manobras de oferecimento de emendas parlamentares e distribuição de cargos para proferir o voto." Zveiter disse ainda que o arquivamento da denúncia não vai ajudar o país a sair da crise em que se encontra. "Tenho convicção e repito que o arquivamento das graves acusações feitas pela Procuradoria-Geral da República e das graves acusações feitas no inquérito da Polícia Federal, sem que sejam aprofundadas, não reestabelecerá o vigor ao governo para sair da crise", disse o relator. ARGUMENTOS Apesar de ter feito uma réplica majoritariamente política, Sergio Zveiter também defendeu tecnicamente seu parecer dizendo haver "indícios fortíssimos" para a aceitação da denúncia. Ele, por exemplo, defendeu a licitude da gravação do presidente Michel Temer feita pelo empresário Joesley Batista, do grupo J&F. "Não sou eu que estou dizendo. É o Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de Justiça do Brasil, que, há 20 anos, vem decidindo que a prova é lícita, sim", afirmou. Zveiter também reafirmou que não houve violação de intimidade. Ao mencionar os R$ 500 mil recebidos pelo deputado afastado Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor de Temer, ele disse que, neste momento, não precisa haver provas de que o dinheiro chegou ao presidente da República. "Não precisa, de forma alguma, ter prova de que o Michel Temer recebeu os 500 mil. É claro, é cristalino, não deixa margem à mínima dúvida, que o Michel Temer, a partir de uma prova lícita, foi flagrado designando Rocha Loures a tratar sobre propina. Se não ficar claro nesta denúncia, vai ficar na próxima ou na outra", disse Zveiter, referindo-se a outras duas denúncias que devem ser apresentadas pela PGR. "O presidente recebeu fora do horário, no Palácio do Jaburu, residência oficial, com o nome trocado, um empresario que já respondia a vários processos, para tratar de assuntos não-republicanos", afirmou Zveiter, para quem ficou claro que Temer "indicou, sim, o deputado Rocha Loures seu representante. O relator defendeu que a sociedade saiba "exatamente o que aconteceu" e que Temer "deveria ser o primeiro a querer ver esclarecidas as denúncias". "Qual o legado que vamos deixar se o presidente da República, que deveria dar exemplo, quer subtrair da população o direito que ela tem de ver esclarecidos os fatos?", indagou Zveiter. O relator também comparou a situação de Temer ao de uma pessoa comum, que não ocupe o cargo de presidente da República. "Se fosse um cidadão comum sobre o qual pairasse a suspeita de roubar um quilo de feijão, a denúncia já estaria em andamento."
poder
Relator diz que Temer usou dinheiro público para vencer em comissãoAo reiterar seu voto a favor da aceitação da denúncia contra Michel Temer, o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) acusou o presidente da República de usar dinheiro público para obstruir a Justiça e vencer na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. "O senhor Michel Temer, contra quem pesam seriíssimos indícios, acha que podendo usar o dinheiro público, bilhões de reais, pode submeter a Câmara dos Deputados", disse Zveiter ao defender seu parecer após quase 20 horas de debates. "É obstrução de Justiça usar dinheiro público para que deputados venham aqui, através da liberação de verbas, emendas parlamentares e cargos para votar por um arquivamento esdrúxulo", disse Zveiter. "Não estamos dizendo aqui que ele tem que ser condenado ou não. Mas temos que dizer, sim, que distribuir bilhões de reais de dinheiro público caracteriza obstrução de Justiça." O relator disse reconhecer que, diante de um série de trocas de membros da CCJ, seu parecer será derrotado para que seja aprovado um relatório pela salvação de Temer. "Hoje, o voto em separado que vai ser apresentado aqui, com todo o respeito, é um voto que já foi redigido. Não aqui, no Parlamento brasileiro. Ele é originário do Palácio do Planalto, do Executivo", afirmou. Depois, pediu para retirar este trecho de sua fala. "Perderam a vergonha, perderam a compostura", disse enfaticamente ao microfone o relator. Desafiando seu partido, o PMDB, que na quarta-feira (12) decidiu punir quem votasse a favor da denúncia, Zveiter disse que vai manter seu voto em plenário e que, nesta tarde, seu parecer será alvo de uma derrota "artificial". "Essa derrota artificial que se antecipa pela libração de emendas, pela troca de cargos aqui na comissão, pelos cargos oferecidos, não vai ter respaldo no soberano plenário da Câmara dos Deputados, que eu tenho a honra e o privilégio de pertencer", disse Sergio Zveiter. "Uma derrota aqui não vai ser do parecer. Vai ser a derrota do povo brasileiro, que quer uma política limpa, honesta, que repudia que deputados livremente pelo voto se submetem a manobras de oferecimento de emendas parlamentares e distribuição de cargos para proferir o voto." Zveiter disse ainda que o arquivamento da denúncia não vai ajudar o país a sair da crise em que se encontra. "Tenho convicção e repito que o arquivamento das graves acusações feitas pela Procuradoria-Geral da República e das graves acusações feitas no inquérito da Polícia Federal, sem que sejam aprofundadas, não reestabelecerá o vigor ao governo para sair da crise", disse o relator. ARGUMENTOS Apesar de ter feito uma réplica majoritariamente política, Sergio Zveiter também defendeu tecnicamente seu parecer dizendo haver "indícios fortíssimos" para a aceitação da denúncia. Ele, por exemplo, defendeu a licitude da gravação do presidente Michel Temer feita pelo empresário Joesley Batista, do grupo J&F. "Não sou eu que estou dizendo. É o Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de Justiça do Brasil, que, há 20 anos, vem decidindo que a prova é lícita, sim", afirmou. Zveiter também reafirmou que não houve violação de intimidade. Ao mencionar os R$ 500 mil recebidos pelo deputado afastado Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor de Temer, ele disse que, neste momento, não precisa haver provas de que o dinheiro chegou ao presidente da República. "Não precisa, de forma alguma, ter prova de que o Michel Temer recebeu os 500 mil. É claro, é cristalino, não deixa margem à mínima dúvida, que o Michel Temer, a partir de uma prova lícita, foi flagrado designando Rocha Loures a tratar sobre propina. Se não ficar claro nesta denúncia, vai ficar na próxima ou na outra", disse Zveiter, referindo-se a outras duas denúncias que devem ser apresentadas pela PGR. "O presidente recebeu fora do horário, no Palácio do Jaburu, residência oficial, com o nome trocado, um empresario que já respondia a vários processos, para tratar de assuntos não-republicanos", afirmou Zveiter, para quem ficou claro que Temer "indicou, sim, o deputado Rocha Loures seu representante. O relator defendeu que a sociedade saiba "exatamente o que aconteceu" e que Temer "deveria ser o primeiro a querer ver esclarecidas as denúncias". "Qual o legado que vamos deixar se o presidente da República, que deveria dar exemplo, quer subtrair da população o direito que ela tem de ver esclarecidos os fatos?", indagou Zveiter. O relator também comparou a situação de Temer ao de uma pessoa comum, que não ocupe o cargo de presidente da República. "Se fosse um cidadão comum sobre o qual pairasse a suspeita de roubar um quilo de feijão, a denúncia já estaria em andamento."
0
De tropeço em tropeço
Durante o regime militar, pessoas eram presas ilegalmente e levadas ao cárcere. A tortura era tolerada até por presidentes-ditadores, como foi revelado pelo jornalista Elio Gaspari em um de seus livros sobre essa época sombria da história do Brasil. Com o fim da ditadura, a Constituição Federal de 1988 dedicou aos direitos e às garantias individuais expressiva atenção. O Código de Processo Penal também é rico em definir direitos e garantias dos investigados e réus. Há referências explícitas, por exemplo, de que a condução coercitiva deve ser exclusivamente aplicada em casos nos quais o acusado não atendeu uma intimação anterior. A Convenção Americana de Direitos Humanos, por sua vez, repudia a privação de liberdade física não prevista em lei. Apesar desses regramentos jurídicos, presenciamos no começo do mês um marcante espetáculo de violência e ilegalidade: a condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor em inquérito policial para o qual não havia sido intimado. Desnecessário dizer que todos os suspeitos de crimes devem ser investigados, até mesmo ex-presidentes, mas as investigações criminais contra todos os cidadãos, do mais humilde ao mais privilegiado, devem respeitar direitos e garantias. Naquela ocasião, Lula experimentou uma sensação já vivenciada por mais de uma centena de outros investigados e testemunhas na Operação Lava Jato -ser tolhido em sua liberdade de locomoção, uma das mais preciosas garantias constitucionais. A ordem superior, como em todas as outras oportunidades, partiu do juiz federal Sergio Moro, com a observação de que a "medida não implica cerceamento real da liberdade de locomoção, visto que dirigida apenas à tomada de depoimento". Ou seja, instituiu-se, ilegalmente, a "prisão para averiguação". A reação a essa providência judicial foi tão forte que o juiz emitiu nota tentando explicar a medida, nitidamente arbitrária e dispensável. Não deixa de ser muito estranho um juiz recorrer à imprensa para justificar sua decisão lançada no processo e consumada pela aparatosa força policial. Pior ainda é que a nota apenas agravou a situação, já que ofereceu resposta pública às críticas do ex-presidente Lula -o que, certamente, não fica bem para um juiz de direito, que só deve falar nos autos. A réplica altamente qualificada ao desastroso episódio não se fez esperar. Veio de forma veemente pela voz do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal: "Condução coercitiva? O que é isso? Eu não compreendi. Só se conduz coercitivamente, ou, como se dizia antigamente, debaixo de vara, o cidadão que resiste e não comparece para depor. E o Lula não foi intimado". Alguns dias depois, em 16 de março, uma nova violência processual maculou a imagem do juiz Moro -a quebra do sigilo da conversa telefônica entre Lula e a presidente Dilma, interceptada pela Polícia Federal. A Presidência da República, como instituição, foi violada, na medida em que Moro, juiz de primeira instância, permitiu a divulgação da gravação que deveria ser avaliada pelo Supremo Tribunal Federal, única instância judicial competente para fazê-lo. A correta persecução penal, seguindo o devido processo legal, não pode, de tropeço em tropeço, estar calcada em medidas ilegais de força, capazes de agradar a uma parcela da opinião popular (não confundir com opinião pública), mas que apenas desservem aos preceitos constitucionais e à democracia. TALES CASTELO BRANCO, 80, é advogado criminalista. Foi presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo FERNANDO CASTELO BRANCO, 49, advogado criminalista, é professor de processo penal da PUC/SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
De tropeço em tropeçoDurante o regime militar, pessoas eram presas ilegalmente e levadas ao cárcere. A tortura era tolerada até por presidentes-ditadores, como foi revelado pelo jornalista Elio Gaspari em um de seus livros sobre essa época sombria da história do Brasil. Com o fim da ditadura, a Constituição Federal de 1988 dedicou aos direitos e às garantias individuais expressiva atenção. O Código de Processo Penal também é rico em definir direitos e garantias dos investigados e réus. Há referências explícitas, por exemplo, de que a condução coercitiva deve ser exclusivamente aplicada em casos nos quais o acusado não atendeu uma intimação anterior. A Convenção Americana de Direitos Humanos, por sua vez, repudia a privação de liberdade física não prevista em lei. Apesar desses regramentos jurídicos, presenciamos no começo do mês um marcante espetáculo de violência e ilegalidade: a condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor em inquérito policial para o qual não havia sido intimado. Desnecessário dizer que todos os suspeitos de crimes devem ser investigados, até mesmo ex-presidentes, mas as investigações criminais contra todos os cidadãos, do mais humilde ao mais privilegiado, devem respeitar direitos e garantias. Naquela ocasião, Lula experimentou uma sensação já vivenciada por mais de uma centena de outros investigados e testemunhas na Operação Lava Jato -ser tolhido em sua liberdade de locomoção, uma das mais preciosas garantias constitucionais. A ordem superior, como em todas as outras oportunidades, partiu do juiz federal Sergio Moro, com a observação de que a "medida não implica cerceamento real da liberdade de locomoção, visto que dirigida apenas à tomada de depoimento". Ou seja, instituiu-se, ilegalmente, a "prisão para averiguação". A reação a essa providência judicial foi tão forte que o juiz emitiu nota tentando explicar a medida, nitidamente arbitrária e dispensável. Não deixa de ser muito estranho um juiz recorrer à imprensa para justificar sua decisão lançada no processo e consumada pela aparatosa força policial. Pior ainda é que a nota apenas agravou a situação, já que ofereceu resposta pública às críticas do ex-presidente Lula -o que, certamente, não fica bem para um juiz de direito, que só deve falar nos autos. A réplica altamente qualificada ao desastroso episódio não se fez esperar. Veio de forma veemente pela voz do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal: "Condução coercitiva? O que é isso? Eu não compreendi. Só se conduz coercitivamente, ou, como se dizia antigamente, debaixo de vara, o cidadão que resiste e não comparece para depor. E o Lula não foi intimado". Alguns dias depois, em 16 de março, uma nova violência processual maculou a imagem do juiz Moro -a quebra do sigilo da conversa telefônica entre Lula e a presidente Dilma, interceptada pela Polícia Federal. A Presidência da República, como instituição, foi violada, na medida em que Moro, juiz de primeira instância, permitiu a divulgação da gravação que deveria ser avaliada pelo Supremo Tribunal Federal, única instância judicial competente para fazê-lo. A correta persecução penal, seguindo o devido processo legal, não pode, de tropeço em tropeço, estar calcada em medidas ilegais de força, capazes de agradar a uma parcela da opinião popular (não confundir com opinião pública), mas que apenas desservem aos preceitos constitucionais e à democracia. TALES CASTELO BRANCO, 80, é advogado criminalista. Foi presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo FERNANDO CASTELO BRANCO, 49, advogado criminalista, é professor de processo penal da PUC/SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
14
Nova proposta de redução da idade penal agravará a questão, diz Cardozo
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quarta-feira (1º) que a nova proposta articulada por parlamentares favoráveis à redução da maioridade penal deve agravar ainda mais a situação do sistema prisional do que a primeira. Segundo o ministro, isso ocorre porque a nova emenda deve abranger um número maior de crimes. Também não há garantia de que o tráfico será excluído na lista, afirma. "A sensação que tenho é que o rol de crimes é mais amplo do que [os que constam na proposta de] ontem, porque fala de todos os crimes praticados com grave ameaça ou violência. O texto omite o tráfico, mas como é equiparado ao hediondo, haverá uma polêmica jurídica imensa sobre isso", disse. "Mesmo que saísse o tráfico, a totalidade de crimes tenderá a aumentar as vagas necessárias. Seriam 60 mil vagas a mais [caso ocorra a redução]. A situação está mais agravada com esse texto", disse o ministro, após uma reunião com secretários de Justiça estaduais. Conforme mostrou a coluna Painel na manhã desta quarta, o PMDB e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preparam uma alteração na proposta que foi rejeitada no plenário da Câmara. O texto analisado visava alterar a Constituição para reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes hediondos (como estupro e latrocínio) ou equiparados (como tráfico de drogas), homicídio doloso (quando há intenção de matar), roubo qualificado (quando há uso de arma de fogo, por exemplo) e lesão corporal grave ou seguida de morte. Em votação apertada, a proposta teve 303 votos favoráveis, 184 contrários e 3 abstenções. Apesar da maioria de votos a favor, as regras da Câmara determinam que uma PEC, por fazer mudanças na Constituição, precisa de um mínimo de 308 votos favoráveis para ser aprovada –faltaram apenas cinco. A ideia agora é tentar uma nova votação com uma proposta mais branda, retirando do projeto alguns desses crimes, como tráfico de drogas. Além dessa emenda, deputados já se articulam para apresentar um outra proposta, que prevê a possibilidade de emancipação de jovens pra fins penais. Caberia, assim, ao juiz decidir. Para o ministro, a decisão pode levar a decisões arbitrárias. "A emancipação é um conceito civil, e não seria adaptável ao direito penal. Segundo, para que existem as leis? A lei existe para evitar o arbítrio. Juízes são seres humanos. Que critério iriam utilizar?", afirmou. 'MENTIRAS' Cardozo rebateu ainda as críticas de Eduardo Cunha, para quem "mentiras" propagadas pelo ministro teriam influenciado a decisão dos deputados em rejeitar a redução da maioridade penal. Antes da votação, Cardozo defendeu a tese que, se a Constituição fosse modificada para permitir a prisão a partir dos 16 anos, os jovens dessa idade se tornarão automaticamente imputáveis (responsáveis por seus atos) e terão autorização legal para dirigir e adquirir bebidas alcoólicas. "O que influenciou no resultado não foi a votação, foi a mentira que ele propagou. Ele espalhou que o jovem seria responsável por ingerir bebida alcoólica, ia poder dirigir, uma série de sequências que foram espalhadas em níveis de boato que não são verdadeiros", afirmou Cunha, que é favorável à redução da idade penal. Para ele, o texto votado pela Câmara especifica os casos em que os jovens se tornam imputáveis, limitados aos crimes graves. Cardozo rebate e diz que a interpretação de Cunha "não é razoável". "Minto onde? No Código de Trânsito? Basta lê-lo", afirma. "Lá diz que quem pode dirigir é o imputável. Se uma pessoa pode ser imputada [responsabilizada], ela poderá dirigir. É automático. Se o parâmetro constitucional muda, o resto muda também." Durante a reunião com os secretários de Justiça, o ministro também assinou um ato para aquisição de equipamentos de segurança para as Olimpíadas e anunciou a compra de detectores de metais para os presídios. O investimento é de R$ 17 milhões.
cotidiano
Nova proposta de redução da idade penal agravará a questão, diz CardozoO ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quarta-feira (1º) que a nova proposta articulada por parlamentares favoráveis à redução da maioridade penal deve agravar ainda mais a situação do sistema prisional do que a primeira. Segundo o ministro, isso ocorre porque a nova emenda deve abranger um número maior de crimes. Também não há garantia de que o tráfico será excluído na lista, afirma. "A sensação que tenho é que o rol de crimes é mais amplo do que [os que constam na proposta de] ontem, porque fala de todos os crimes praticados com grave ameaça ou violência. O texto omite o tráfico, mas como é equiparado ao hediondo, haverá uma polêmica jurídica imensa sobre isso", disse. "Mesmo que saísse o tráfico, a totalidade de crimes tenderá a aumentar as vagas necessárias. Seriam 60 mil vagas a mais [caso ocorra a redução]. A situação está mais agravada com esse texto", disse o ministro, após uma reunião com secretários de Justiça estaduais. Conforme mostrou a coluna Painel na manhã desta quarta, o PMDB e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preparam uma alteração na proposta que foi rejeitada no plenário da Câmara. O texto analisado visava alterar a Constituição para reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes hediondos (como estupro e latrocínio) ou equiparados (como tráfico de drogas), homicídio doloso (quando há intenção de matar), roubo qualificado (quando há uso de arma de fogo, por exemplo) e lesão corporal grave ou seguida de morte. Em votação apertada, a proposta teve 303 votos favoráveis, 184 contrários e 3 abstenções. Apesar da maioria de votos a favor, as regras da Câmara determinam que uma PEC, por fazer mudanças na Constituição, precisa de um mínimo de 308 votos favoráveis para ser aprovada –faltaram apenas cinco. A ideia agora é tentar uma nova votação com uma proposta mais branda, retirando do projeto alguns desses crimes, como tráfico de drogas. Além dessa emenda, deputados já se articulam para apresentar um outra proposta, que prevê a possibilidade de emancipação de jovens pra fins penais. Caberia, assim, ao juiz decidir. Para o ministro, a decisão pode levar a decisões arbitrárias. "A emancipação é um conceito civil, e não seria adaptável ao direito penal. Segundo, para que existem as leis? A lei existe para evitar o arbítrio. Juízes são seres humanos. Que critério iriam utilizar?", afirmou. 'MENTIRAS' Cardozo rebateu ainda as críticas de Eduardo Cunha, para quem "mentiras" propagadas pelo ministro teriam influenciado a decisão dos deputados em rejeitar a redução da maioridade penal. Antes da votação, Cardozo defendeu a tese que, se a Constituição fosse modificada para permitir a prisão a partir dos 16 anos, os jovens dessa idade se tornarão automaticamente imputáveis (responsáveis por seus atos) e terão autorização legal para dirigir e adquirir bebidas alcoólicas. "O que influenciou no resultado não foi a votação, foi a mentira que ele propagou. Ele espalhou que o jovem seria responsável por ingerir bebida alcoólica, ia poder dirigir, uma série de sequências que foram espalhadas em níveis de boato que não são verdadeiros", afirmou Cunha, que é favorável à redução da idade penal. Para ele, o texto votado pela Câmara especifica os casos em que os jovens se tornam imputáveis, limitados aos crimes graves. Cardozo rebate e diz que a interpretação de Cunha "não é razoável". "Minto onde? No Código de Trânsito? Basta lê-lo", afirma. "Lá diz que quem pode dirigir é o imputável. Se uma pessoa pode ser imputada [responsabilizada], ela poderá dirigir. É automático. Se o parâmetro constitucional muda, o resto muda também." Durante a reunião com os secretários de Justiça, o ministro também assinou um ato para aquisição de equipamentos de segurança para as Olimpíadas e anunciou a compra de detectores de metais para os presídios. O investimento é de R$ 17 milhões.
6
Pressão popular evita expulsão de estudante brasileira da França
A pressão popular salvou a mineira Bruna Freitas Alves Pinheiro, 20, da expulsão da França. A estudante de ensino médio, que mora em Saint-Jean-de-Braye, na região Centre-Val de Loire, teve sua permissão de residência negada no mês passado, após três anos morando no país. "Eu estava com uma amiga quando abri a carta. Fiquei chocada. Apesar de falar francês, achei que havia entendido mal. Porém era a mais pura realidade, escrita com todas as letras: eu tinha que deixar o país. Comecei a chorar, fiquei desesperada", lembra Bruna em entrevista à RFI. A partir da recomendação de uma amiga brasileira, que havia passado pela mesma situação, ela contatou a associação francesa RESF (Rede de Educação sem Fronteiras). "Eles me ajudaram a mobilizar os outros alunos e a realizar um abaixo-assinado", conta. Em menos de uma semana, o abaixo-assinado –online e em papel– coletou mil apoios. O abaixo-assinado na Internet, no site "Mes Opinions", foi criado por uma portuguesa, mãe de uma colega sua. Os professores e os funcionários da escola também participaram da campanha por sua permanência. Além disso, um canal de TV local, France 3 Centre-Val de Loire, fez uma reportagem sobre a situação da brasileira, o que arregimentou mais apoio e solidariedade. Então Bruna criou um evento no Facebook convocando as pessoas a protestarem em frente à prefeitura. Ela também distribuiu panfletos em frente ao seu colégio. "Apareceram cerca de 50 pessoas, o que foi ótimo, levando em consideração que foi tudo feito em pouco tempo e em um dia da semana", afirma. "Acho que foi graças à manifestação, ao abaixo-assinado e à exposição na mídia que eles me deram um visto provisório até julho. Fiquei aliviada. Não sei ainda do que vou necessitar para renová-lo, mas as pessoas da associação vão me orientar", comemora. A boa notícia saiu no dia 7 de fevereiro, apenas um dia após os protestos. "Foi muito bom ver as pessoas se mobilizando por mim. Fiquei surpresa." FASCINADA PELA FRANÇA Bruna chegou à França há três anos, para morar com os avós e alguns tios, que têm permissão de residência na Europa. "Foi a realização de um sonho. O país sempre me fascinou. Cheguei sem nenhum visto, mas isso não me impediu de estudar", conta. Porém, a permanência no país dependia de outros fatores. Na primeira vez que tentou entrar com um pedido, "a mulher do guichê disse que eu não tinha direito". Então, uma associação que trabalha com imigrantes a ajudou a elaborar um dossiê, entregue em outubro de 2016 –o pedido que foi negado. "Na carta, eles deram vários motivos pelos quais eu não podia ficar aqui, entre eles o fato de que meus pais não moram aqui. Não lembro os outros porque não tenho a carta aqui comigo. Mas eles me ofereciam até ajuda financeira para deixar o país." Bruna lembra que, além de desolada, ela ficou com muito medo. "A carta dizia que a polícia podia vir me buscar em casa, me pegar na rua, em qualquer lugar. Fiquei com medo de ir à escola, achando que eles poderiam me achar lá." Cursando o último ano do ensino médio, ela pretende fazer curso superior de enfermagem. "Antes queria medicina, mas acho que seria muito complicado competir com os franceses. Sou estrangeira e estou aqui há apenas três anos. Mas quem sabe no futuro?". A garota fez vários amigos no país, entre franceses, brasileiros, portugueses e angolanos, e tem um namorado. "Meu plano é não deixar a França. Quero ficar aqui."
mundo
Pressão popular evita expulsão de estudante brasileira da FrançaA pressão popular salvou a mineira Bruna Freitas Alves Pinheiro, 20, da expulsão da França. A estudante de ensino médio, que mora em Saint-Jean-de-Braye, na região Centre-Val de Loire, teve sua permissão de residência negada no mês passado, após três anos morando no país. "Eu estava com uma amiga quando abri a carta. Fiquei chocada. Apesar de falar francês, achei que havia entendido mal. Porém era a mais pura realidade, escrita com todas as letras: eu tinha que deixar o país. Comecei a chorar, fiquei desesperada", lembra Bruna em entrevista à RFI. A partir da recomendação de uma amiga brasileira, que havia passado pela mesma situação, ela contatou a associação francesa RESF (Rede de Educação sem Fronteiras). "Eles me ajudaram a mobilizar os outros alunos e a realizar um abaixo-assinado", conta. Em menos de uma semana, o abaixo-assinado –online e em papel– coletou mil apoios. O abaixo-assinado na Internet, no site "Mes Opinions", foi criado por uma portuguesa, mãe de uma colega sua. Os professores e os funcionários da escola também participaram da campanha por sua permanência. Além disso, um canal de TV local, France 3 Centre-Val de Loire, fez uma reportagem sobre a situação da brasileira, o que arregimentou mais apoio e solidariedade. Então Bruna criou um evento no Facebook convocando as pessoas a protestarem em frente à prefeitura. Ela também distribuiu panfletos em frente ao seu colégio. "Apareceram cerca de 50 pessoas, o que foi ótimo, levando em consideração que foi tudo feito em pouco tempo e em um dia da semana", afirma. "Acho que foi graças à manifestação, ao abaixo-assinado e à exposição na mídia que eles me deram um visto provisório até julho. Fiquei aliviada. Não sei ainda do que vou necessitar para renová-lo, mas as pessoas da associação vão me orientar", comemora. A boa notícia saiu no dia 7 de fevereiro, apenas um dia após os protestos. "Foi muito bom ver as pessoas se mobilizando por mim. Fiquei surpresa." FASCINADA PELA FRANÇA Bruna chegou à França há três anos, para morar com os avós e alguns tios, que têm permissão de residência na Europa. "Foi a realização de um sonho. O país sempre me fascinou. Cheguei sem nenhum visto, mas isso não me impediu de estudar", conta. Porém, a permanência no país dependia de outros fatores. Na primeira vez que tentou entrar com um pedido, "a mulher do guichê disse que eu não tinha direito". Então, uma associação que trabalha com imigrantes a ajudou a elaborar um dossiê, entregue em outubro de 2016 –o pedido que foi negado. "Na carta, eles deram vários motivos pelos quais eu não podia ficar aqui, entre eles o fato de que meus pais não moram aqui. Não lembro os outros porque não tenho a carta aqui comigo. Mas eles me ofereciam até ajuda financeira para deixar o país." Bruna lembra que, além de desolada, ela ficou com muito medo. "A carta dizia que a polícia podia vir me buscar em casa, me pegar na rua, em qualquer lugar. Fiquei com medo de ir à escola, achando que eles poderiam me achar lá." Cursando o último ano do ensino médio, ela pretende fazer curso superior de enfermagem. "Antes queria medicina, mas acho que seria muito complicado competir com os franceses. Sou estrangeira e estou aqui há apenas três anos. Mas quem sabe no futuro?". A garota fez vários amigos no país, entre franceses, brasileiros, portugueses e angolanos, e tem um namorado. "Meu plano é não deixar a França. Quero ficar aqui."
3
O comércio busca saídas
O modelo de consumo, responsável pela manutenção do crescimento da economia nesta década, esgotou-se, tragado pela maré montante da inflação e do desemprego. Neste ano, o país deverá assistir ao fechamento de mais de um milhão de vagas. A entrada de 1,5 milhão de jovens no mercado de trabalho agravará o problema. Apenas no comércio, do começo do ano até julho, 200 mil empregos com carteira assinada foram cortados em todo o Brasil, metade dos quais na região sudeste. Não será surpresa se a taxa de desemprego atingir os dois dígitos até dezembro e por lá ficar ao longo de todo o ano de 2016. O Índice de Confiança do Consumidor, que marcava 110 pontos em agosto de 2014, hoje encontra-se no patamar de 84,7 pontos, o mais baixo em 15 anos. Além da ameaça de perder o emprego, o consumidor assiste a inflação corroer o poder de compra dos salários. O teto da meta de inflação, de 6,5%, foi ultrapassado em pouco mais de meio ano, o que deve levará o Banco Central a manter a elevação dos juros, opção trágica e equivocada num cenário econômico de quase paralisia. Além disso, juros altos significam transferência de renda para os mais favorecidos, do setor produtivo para os bancos, provocando ainda mais distorções e desigualdade em nosso país. Orçamento apertado das famílias e crédito restrito levou o varejo brasileiro a ter o seu pior primeiro semestre em 12 anos, com retração de 2,2%, segundo o IBGE. Móveis e eletrodomésticos foram os segmentos mais afetados. Na sequência, aparecem supermercados e hipermercados, indicando que o consumidor está deixando de comprar até alimentos. Calçados, vestuário e tecidos também sofreram, além do setor automotivo. Mesmo o comércio popular não escapou da crise, com queda de até 40% nas vendas. Na rua 25 de Março e outras 16 adjacentes do centro de São Paulo, que formam uma das regiões mais procuradas do Brasil pelos consumidores, nunca foram vistas tantas faixas de "aluga-se" e "vende-se". Até recentemente, quando uma loja fechava, havia disputa para ver quem conseguia o ponto. Agora não aparece ninguém. As datas comemorativas do Dia dos Namorados, das Mães e Páscoa decepcionaram nas vendas deste ano. O Dia dos Pais amargou uma queda de 4,5% em relação ao ano passado, segundo a FecomercioSP. Como não podia deixar de ser, loja sem consumidores também fica sem trabalhadores. Com cerca de 13 milhões de carteiras assinadas, os comerciários são a segunda maior categoria do país, atrás só do serviço público nos três níveis. A profissão foi regulamentada no primeiro mandato da presidente Dilma, mas ainda não tem piso salarial único, válido para todo o Brasil. Apesar dessa pujança, os comerciários ainda são vítimas da informalidade e da rotatividade. Esse último problema afeta também o empregador, pois reduz a produtividade e dificulta a prestação de serviços com qualidade. O Sindicato dos Comerciários de São Paulo, o maior do país, que representa mais de 500 mil trabalhadores, e a FecomércioSP e seus 156 sindicatos patronais filiados estão fazendo todos os esforços para reverter a situação que prejudica empresários e milhões de trabalhadores e suas famílias. O diálogo construtivo entre capital e trabalho é fundamental para a obtenção de um ambiente de negócios favorável à retomada dos investimentos. Mas o governo precisa fazer a sua parte, priorizando o ajuste das contas públicas em cortes de despesas, e não em um aumento da dívida pública e da carga tributária. ABRAM SZAJMAN é presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) RICARDO PATAH é presidente nacional da UGT - União Geral dos Trabalhadores e do Sindicato dos Comerciários do Estado de São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
O comércio busca saídasO modelo de consumo, responsável pela manutenção do crescimento da economia nesta década, esgotou-se, tragado pela maré montante da inflação e do desemprego. Neste ano, o país deverá assistir ao fechamento de mais de um milhão de vagas. A entrada de 1,5 milhão de jovens no mercado de trabalho agravará o problema. Apenas no comércio, do começo do ano até julho, 200 mil empregos com carteira assinada foram cortados em todo o Brasil, metade dos quais na região sudeste. Não será surpresa se a taxa de desemprego atingir os dois dígitos até dezembro e por lá ficar ao longo de todo o ano de 2016. O Índice de Confiança do Consumidor, que marcava 110 pontos em agosto de 2014, hoje encontra-se no patamar de 84,7 pontos, o mais baixo em 15 anos. Além da ameaça de perder o emprego, o consumidor assiste a inflação corroer o poder de compra dos salários. O teto da meta de inflação, de 6,5%, foi ultrapassado em pouco mais de meio ano, o que deve levará o Banco Central a manter a elevação dos juros, opção trágica e equivocada num cenário econômico de quase paralisia. Além disso, juros altos significam transferência de renda para os mais favorecidos, do setor produtivo para os bancos, provocando ainda mais distorções e desigualdade em nosso país. Orçamento apertado das famílias e crédito restrito levou o varejo brasileiro a ter o seu pior primeiro semestre em 12 anos, com retração de 2,2%, segundo o IBGE. Móveis e eletrodomésticos foram os segmentos mais afetados. Na sequência, aparecem supermercados e hipermercados, indicando que o consumidor está deixando de comprar até alimentos. Calçados, vestuário e tecidos também sofreram, além do setor automotivo. Mesmo o comércio popular não escapou da crise, com queda de até 40% nas vendas. Na rua 25 de Março e outras 16 adjacentes do centro de São Paulo, que formam uma das regiões mais procuradas do Brasil pelos consumidores, nunca foram vistas tantas faixas de "aluga-se" e "vende-se". Até recentemente, quando uma loja fechava, havia disputa para ver quem conseguia o ponto. Agora não aparece ninguém. As datas comemorativas do Dia dos Namorados, das Mães e Páscoa decepcionaram nas vendas deste ano. O Dia dos Pais amargou uma queda de 4,5% em relação ao ano passado, segundo a FecomercioSP. Como não podia deixar de ser, loja sem consumidores também fica sem trabalhadores. Com cerca de 13 milhões de carteiras assinadas, os comerciários são a segunda maior categoria do país, atrás só do serviço público nos três níveis. A profissão foi regulamentada no primeiro mandato da presidente Dilma, mas ainda não tem piso salarial único, válido para todo o Brasil. Apesar dessa pujança, os comerciários ainda são vítimas da informalidade e da rotatividade. Esse último problema afeta também o empregador, pois reduz a produtividade e dificulta a prestação de serviços com qualidade. O Sindicato dos Comerciários de São Paulo, o maior do país, que representa mais de 500 mil trabalhadores, e a FecomércioSP e seus 156 sindicatos patronais filiados estão fazendo todos os esforços para reverter a situação que prejudica empresários e milhões de trabalhadores e suas famílias. O diálogo construtivo entre capital e trabalho é fundamental para a obtenção de um ambiente de negócios favorável à retomada dos investimentos. Mas o governo precisa fazer a sua parte, priorizando o ajuste das contas públicas em cortes de despesas, e não em um aumento da dívida pública e da carga tributária. ABRAM SZAJMAN é presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) RICARDO PATAH é presidente nacional da UGT - União Geral dos Trabalhadores e do Sindicato dos Comerciários do Estado de São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
14
Leitores questionam critérios do Ranking Folha do futebol nacional
Não deu para entender quais os critérios que o Ranking Folha usou para classificar os times paulistas (Paulistas dominam lista que contabiliza só títulos nacionais ). O Mundial de Clubes deveria ser o que mais pontua, e o único bicampeão é o Corinthians, que também tem seis conquistas do Brasileiro e 27 do Paulista. Portanto não dá para entender o porquê de São Paulo e Palmeiras estarem na frente do Corinthians. PEDRO VALENTIM (Bauru/SP) * Questionável o Ranking Folha. Como pode o Palmeiras estar à frente do Corinthians se nunca foi campeão mundial e tem dois títulos brasileiros a menos. Títulos por fax não valem. LUIZ ANTONIO AMARO DA SILVA (Guarulhos, SP) * RESPOSTA DO EDITOR DE ESPORTE, NAIEF HADDAD - O São Paulo acumulou muitos pontos por ter conquistado a Libertadores três vezes (duas a mais que o Corinthians) e por ter sido campeão do torneio intercontinental também em duas oportunidades, além de ter o mesmo número de títulos brasileiros do Corinthians (6). Já o Palmeiras leva vantagem sobre o rival alvinegro principalmente por suas conquistas nacionais antes da criação do Brasileiro, em 1971 –dois títulos do Torneio Roberto Gomes Pedrosa e mais dois da Taça Brasil. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
paineldoleitor
Leitores questionam critérios do Ranking Folha do futebol nacionalNão deu para entender quais os critérios que o Ranking Folha usou para classificar os times paulistas (Paulistas dominam lista que contabiliza só títulos nacionais ). O Mundial de Clubes deveria ser o que mais pontua, e o único bicampeão é o Corinthians, que também tem seis conquistas do Brasileiro e 27 do Paulista. Portanto não dá para entender o porquê de São Paulo e Palmeiras estarem na frente do Corinthians. PEDRO VALENTIM (Bauru/SP) * Questionável o Ranking Folha. Como pode o Palmeiras estar à frente do Corinthians se nunca foi campeão mundial e tem dois títulos brasileiros a menos. Títulos por fax não valem. LUIZ ANTONIO AMARO DA SILVA (Guarulhos, SP) * RESPOSTA DO EDITOR DE ESPORTE, NAIEF HADDAD - O São Paulo acumulou muitos pontos por ter conquistado a Libertadores três vezes (duas a mais que o Corinthians) e por ter sido campeão do torneio intercontinental também em duas oportunidades, além de ter o mesmo número de títulos brasileiros do Corinthians (6). Já o Palmeiras leva vantagem sobre o rival alvinegro principalmente por suas conquistas nacionais antes da criação do Brasileiro, em 1971 –dois títulos do Torneio Roberto Gomes Pedrosa e mais dois da Taça Brasil. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
16
Obra comprada por ex-dono do falido Banco Santos é leiloada por R$ 42 mi
Descoberta pela polícia dos Estados Unidos quando estava escondido num galpão em Nova York como se não valesse nada, o conteúdo do pacote se revelou para lá de valioso: a tela do artista americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988), que pertenceu ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, foi vendida na última sexta-feira (7) em Londres por £ 10,565 milhões, o equivalente a R$ 42 milhões. O preço final da tela, que será usado para pagar os credores do Banco Santos de Edemar, foi mais do que o dobro da avaliação da casa de leilões Sotheby's, de £ 3,5 milhões a £ 4,5 milhões. O ex-banqueiro comprou o Basquiat em 2003, por US$ 680 mil. A obra do artista teve uma valorização espetacular porque o mercado de arte voltou a se aquecer nos últimos anos. O trabalho estava escondido num galpão porque Edemar tirara do país as obras mais caras de sua coleção para não serem sequestradas pelas autoridades, conforme a Folha revelou em 2006 –o que ele nega enfaticamente. Em novembro de 2014, o Banco Santos quebrou, deixando um rombo de R$ 3,2 bilhões, dos quais R$ 1,2 bilhão já foi recuperado, de acordo com Vânio Aguiar, administrador da massa falida. Só em obras de arte desviadas a massa falida já conseguiu recuperar, além do Basquiat, peças vendidas por R$ 14 milhões, entre os quais trabalhos de Fernand Léger, Torres-García e Roy Lichtenstein. "Hannibal", o trabalho de Basquiat, foi encontrado pela polícia dos Estados Unidos em 2008, mas a sua volta ao Brasil foi cercada de percalços, de acordo com Aguiar. Segundo ele, Edemar tentou evitar que a obra voltasse ao país por meio de recursos à Justiça, feito em nome de empresa offshore em nome de um laranja do ex-banqueiro. A busca das obras nos EUA foi feita a partir da reportagem publicada pela Folha. A Sotheby's vendeu ainda na sexta (7) por £ 581 mil (R$ 2,3 milhões) um trabalho do pintor alemão Georg Baselitz que foi de Edemar e estava fora do país. Em 2006, Edemar foi condenado a 21 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e lavagem de dinheiro. Em maio de 2015, o Tribunal Regional Federal, que julga recursos da Justiça federal, anulou todos os interrogatórios da ação por erros processuais. O efeito prático da anulação é que os crimes de Edemar terão prescritos quando os interrogatórios forem refeitos pela Justiça. OUTRO LADO Edemar diz que as obras foram vendidas antes de o banco sofrer intervenção, o que é legal. Sobre a acusação do uso de laranja, o advogado dele, Arthur Sodré Prado, diz que ele não é laranja e que comprou a obra legalmente.
mercado
Obra comprada por ex-dono do falido Banco Santos é leiloada por R$ 42 miDescoberta pela polícia dos Estados Unidos quando estava escondido num galpão em Nova York como se não valesse nada, o conteúdo do pacote se revelou para lá de valioso: a tela do artista americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988), que pertenceu ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, foi vendida na última sexta-feira (7) em Londres por £ 10,565 milhões, o equivalente a R$ 42 milhões. O preço final da tela, que será usado para pagar os credores do Banco Santos de Edemar, foi mais do que o dobro da avaliação da casa de leilões Sotheby's, de £ 3,5 milhões a £ 4,5 milhões. O ex-banqueiro comprou o Basquiat em 2003, por US$ 680 mil. A obra do artista teve uma valorização espetacular porque o mercado de arte voltou a se aquecer nos últimos anos. O trabalho estava escondido num galpão porque Edemar tirara do país as obras mais caras de sua coleção para não serem sequestradas pelas autoridades, conforme a Folha revelou em 2006 –o que ele nega enfaticamente. Em novembro de 2014, o Banco Santos quebrou, deixando um rombo de R$ 3,2 bilhões, dos quais R$ 1,2 bilhão já foi recuperado, de acordo com Vânio Aguiar, administrador da massa falida. Só em obras de arte desviadas a massa falida já conseguiu recuperar, além do Basquiat, peças vendidas por R$ 14 milhões, entre os quais trabalhos de Fernand Léger, Torres-García e Roy Lichtenstein. "Hannibal", o trabalho de Basquiat, foi encontrado pela polícia dos Estados Unidos em 2008, mas a sua volta ao Brasil foi cercada de percalços, de acordo com Aguiar. Segundo ele, Edemar tentou evitar que a obra voltasse ao país por meio de recursos à Justiça, feito em nome de empresa offshore em nome de um laranja do ex-banqueiro. A busca das obras nos EUA foi feita a partir da reportagem publicada pela Folha. A Sotheby's vendeu ainda na sexta (7) por £ 581 mil (R$ 2,3 milhões) um trabalho do pintor alemão Georg Baselitz que foi de Edemar e estava fora do país. Em 2006, Edemar foi condenado a 21 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e lavagem de dinheiro. Em maio de 2015, o Tribunal Regional Federal, que julga recursos da Justiça federal, anulou todos os interrogatórios da ação por erros processuais. O efeito prático da anulação é que os crimes de Edemar terão prescritos quando os interrogatórios forem refeitos pela Justiça. OUTRO LADO Edemar diz que as obras foram vendidas antes de o banco sofrer intervenção, o que é legal. Sobre a acusação do uso de laranja, o advogado dele, Arthur Sodré Prado, diz que ele não é laranja e que comprou a obra legalmente.
2
Quanto pior, pior
Os assessores do senador José Serra reagiram no dia 03/11/2015 à coluna "O muro no fim do túnel, que publiquei nesta Folha. A réplica vai na contramão da política entendida como a arte da boa administração da pólis e da busca das melhores soluções para os problemas comuns. Enquanto a boa política procura formar consensos e incorporar eventuais objeções às propostas em construção, a má política funda-se na desqualificação do interlocutor. A proposta do senador que estabelece novos limites para a dívida da União já havia sido criticada por um conjunto grande de economistas, entre os quais a professora Maria da Conceição Tavares –sua coautora no clássico ensaio "Além da Estagnação". Essas críticas foram rebatidas por uma chuva de adjetivos: seriam oriundas de pseudo-marxistas desinformados, segundo o próprio senador, ou de keynesianos mandrake, como fui tachada por seus assessores. O tom dessas respostas pode dar razão ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, nos seus diários recém-publicados, atribui a beligerância do senador à desconfiança que ele teria de quase todo mundo. "Isso não dá bom resultado", conclui FHC. O momento vivido pelo país certamente pede um grau maior de cooperação. Por exemplo, em vez de revelarem a correção dos números que apresentei, e que constavam da primeira entre as várias versões do projeto, os autores da réplica preferiram utilizar-se de versão mais recente para tornar "equivocadas" as minhas premissas. Infelizmente essas alterações não corrigiram os principais problemas da proposta que eu tinha em mãos. Mesmo em um cenário muito otimista de 2,5% do PIB de superavit primário e 2,5% de crescimento em todos os anos a partir de 2019, a dívida líquida não convergiria nem para o teto estabelecido pela nova versão da proposta, de 2,2 vezes a receita corrente líquida (RCL). Já a convergência da dívida bruta, que estará no final do ano quase R$ 1 trilhão acima do limite e, provavelmente, R$ 1,7 trilhão acima em 2020, exigiria superavit primários e taxas de crescimento anuais superiores a 3% entre 2021 e 2030, mesmo contando com ajustes patrimoniais incertos. Ainda que o limite exigido dos Estados seja similar, a dívida da União tem particularidades que não podem ser ignoradas e que não aconselham a definição de um limite efetivo para a dívida bruta. Só a carteira de títulos do Banco Central –crucial para a execução da política monetária– soma 1,7 vez a RCL. Isso sem contar que, mesmo se conseguíssemos chegar a um patamar de endividamento abaixo do teto, a cláusula que proíbe o refinanciamento poderia aumen- tar a percepção de risco de default e elevar o custo da dívida sem- pre que nos reaproximássemos desse limite. Como a réplica explicitou, a proposta na verdade parte do pressuposto de que a austeridade é um bem em si, que "deve existir sempre". Em visita recente ao Brasil, o Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz lembrou que ideias como essa vêm sendo "minuciosamente descreditadas" há pelo menos cinco anos ao redor do mundo e miram "algo como uma redenção pela dor, uma atitude bíblica". Os brasileiros não merecem tamanho castigo.
colunas
Quanto pior, piorOs assessores do senador José Serra reagiram no dia 03/11/2015 à coluna "O muro no fim do túnel, que publiquei nesta Folha. A réplica vai na contramão da política entendida como a arte da boa administração da pólis e da busca das melhores soluções para os problemas comuns. Enquanto a boa política procura formar consensos e incorporar eventuais objeções às propostas em construção, a má política funda-se na desqualificação do interlocutor. A proposta do senador que estabelece novos limites para a dívida da União já havia sido criticada por um conjunto grande de economistas, entre os quais a professora Maria da Conceição Tavares –sua coautora no clássico ensaio "Além da Estagnação". Essas críticas foram rebatidas por uma chuva de adjetivos: seriam oriundas de pseudo-marxistas desinformados, segundo o próprio senador, ou de keynesianos mandrake, como fui tachada por seus assessores. O tom dessas respostas pode dar razão ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, nos seus diários recém-publicados, atribui a beligerância do senador à desconfiança que ele teria de quase todo mundo. "Isso não dá bom resultado", conclui FHC. O momento vivido pelo país certamente pede um grau maior de cooperação. Por exemplo, em vez de revelarem a correção dos números que apresentei, e que constavam da primeira entre as várias versões do projeto, os autores da réplica preferiram utilizar-se de versão mais recente para tornar "equivocadas" as minhas premissas. Infelizmente essas alterações não corrigiram os principais problemas da proposta que eu tinha em mãos. Mesmo em um cenário muito otimista de 2,5% do PIB de superavit primário e 2,5% de crescimento em todos os anos a partir de 2019, a dívida líquida não convergiria nem para o teto estabelecido pela nova versão da proposta, de 2,2 vezes a receita corrente líquida (RCL). Já a convergência da dívida bruta, que estará no final do ano quase R$ 1 trilhão acima do limite e, provavelmente, R$ 1,7 trilhão acima em 2020, exigiria superavit primários e taxas de crescimento anuais superiores a 3% entre 2021 e 2030, mesmo contando com ajustes patrimoniais incertos. Ainda que o limite exigido dos Estados seja similar, a dívida da União tem particularidades que não podem ser ignoradas e que não aconselham a definição de um limite efetivo para a dívida bruta. Só a carteira de títulos do Banco Central –crucial para a execução da política monetária– soma 1,7 vez a RCL. Isso sem contar que, mesmo se conseguíssemos chegar a um patamar de endividamento abaixo do teto, a cláusula que proíbe o refinanciamento poderia aumen- tar a percepção de risco de default e elevar o custo da dívida sem- pre que nos reaproximássemos desse limite. Como a réplica explicitou, a proposta na verdade parte do pressuposto de que a austeridade é um bem em si, que "deve existir sempre". Em visita recente ao Brasil, o Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz lembrou que ideias como essa vêm sendo "minuciosamente descreditadas" há pelo menos cinco anos ao redor do mundo e miram "algo como uma redenção pela dor, uma atitude bíblica". Os brasileiros não merecem tamanho castigo.
10
Força Nacional cerca complexo de favelas da Maré após agentes serem baleados
MARCO ANTÔNIO MARTINS DO RIO LUISA BUSTAMANTE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO Agentes da Força Nacional fizeram um cerco ao complexo de favelas da Maré, na zona norte do Rio, na manhã desta quinta (11). A ação acontece depois que três militares entraram na favela por engano e foram recebido a tiros por traficantes. Na tarde desta quarta, um carro da Força Nacional foi atacado na Vila do João, uma das favelas do complexo dominada pelo tráfico de drogas. Dois militares ficaram feridos e um escapou ileso. A ação acontece desde às 2h e tem participação da Polícia Militar, com o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), o Choque e o Batalhão de Ações com Cães dentro da comunidade. Agentes da Força Nacional, da Brigada Paraquedista e atiradores de elite do Exército ocupam os acessos. O soldado Hélio Andrade foi atingido por um tiro de fuzil na cabeça e levado para o Hospital Municipal Salgado Filho, onde foi operado. A cirurgia durou quatro horas e meia e envolveu três neurocirurgiões. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o estado de saúde do militar era ainda muito grave na manhã desta quinta. AÇÃO DOS TRAFICANTES Os policiais, todos de outros Estados, estão no Rio para a segurança dos locais de competição da Olimpíada. Eles tentavam acessar a Linha Amarela, principal via até o Parque Olímpico da Barra, mas erraram a entrada e pegaram uma rua próxima que dá acesso à Vila do João, onde se depararam com traficantes. Segundo testemunhas, foram feitos vários disparos de fuzil contra o veículo da Força Nacional. Após atirarem nos policiais, o criminosos fugiram para o interior da comunidade. Os agentes baleados foram socorridos por moradores, militares do Exército e por um taxista que passava pelo local. A comunidade da Vila do João é uma das 17 que compõem o complexo da Maré, conjunto de favelas junto às três principais vias de acesso ao Rio: a avenida Brasil e as linhas Amarela e Vermelha. O local é considerado um dos pontos sensíveis para a área de segurança da Olimpíada. Delegações e turistas estrangeiros passam junto à uma área dominada por duas quadrilhas de traficantes –Comando Vermelho e ADA (Amigo dos Amigos)– e uma outra de milicianos. Todas em constante conflito. Há um ano, os responsáveis pelo plano de segurança da Rio-2016 previam a instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) em todo o complexo. Em todos os grandes eventos realizados no Rio desde a década de 1990, as favelas da Maré sempre foram ocupadas. Na Copa-2014, o Exército manteve um grupo em todas as suas comunidades. A crise financeira do Estado e os ataques de traficantes a outras UPPs já instaladas levou a Secretaria de Segurança a recuar no projeto. Em janeiro deste ano, a ideia era ocupar os acessos do complexo com policiais militares. A ideia também foi deixada de lado. Cogitou-se, por fim, solicitar que as Forças Armadas patrulhassem as entradas da comunidade. Os militares recusaram: temiam a repetição do desgaste causado pela ocupação da Maré entre abril de 2014 e junho de 2015. Até hoje militares respondem a processos na Justiça Comum por abusos e agressões a moradores da favela. Ficou sob responsabilidade das Forças Armadas patrulhar apenas as vias expressas. Também não há policiamento no acesso à favela.
esporte
Força Nacional cerca complexo de favelas da Maré após agentes serem baleados MARCO ANTÔNIO MARTINS DO RIO LUISA BUSTAMANTE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO Agentes da Força Nacional fizeram um cerco ao complexo de favelas da Maré, na zona norte do Rio, na manhã desta quinta (11). A ação acontece depois que três militares entraram na favela por engano e foram recebido a tiros por traficantes. Na tarde desta quarta, um carro da Força Nacional foi atacado na Vila do João, uma das favelas do complexo dominada pelo tráfico de drogas. Dois militares ficaram feridos e um escapou ileso. A ação acontece desde às 2h e tem participação da Polícia Militar, com o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), o Choque e o Batalhão de Ações com Cães dentro da comunidade. Agentes da Força Nacional, da Brigada Paraquedista e atiradores de elite do Exército ocupam os acessos. O soldado Hélio Andrade foi atingido por um tiro de fuzil na cabeça e levado para o Hospital Municipal Salgado Filho, onde foi operado. A cirurgia durou quatro horas e meia e envolveu três neurocirurgiões. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o estado de saúde do militar era ainda muito grave na manhã desta quinta. AÇÃO DOS TRAFICANTES Os policiais, todos de outros Estados, estão no Rio para a segurança dos locais de competição da Olimpíada. Eles tentavam acessar a Linha Amarela, principal via até o Parque Olímpico da Barra, mas erraram a entrada e pegaram uma rua próxima que dá acesso à Vila do João, onde se depararam com traficantes. Segundo testemunhas, foram feitos vários disparos de fuzil contra o veículo da Força Nacional. Após atirarem nos policiais, o criminosos fugiram para o interior da comunidade. Os agentes baleados foram socorridos por moradores, militares do Exército e por um taxista que passava pelo local. A comunidade da Vila do João é uma das 17 que compõem o complexo da Maré, conjunto de favelas junto às três principais vias de acesso ao Rio: a avenida Brasil e as linhas Amarela e Vermelha. O local é considerado um dos pontos sensíveis para a área de segurança da Olimpíada. Delegações e turistas estrangeiros passam junto à uma área dominada por duas quadrilhas de traficantes –Comando Vermelho e ADA (Amigo dos Amigos)– e uma outra de milicianos. Todas em constante conflito. Há um ano, os responsáveis pelo plano de segurança da Rio-2016 previam a instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) em todo o complexo. Em todos os grandes eventos realizados no Rio desde a década de 1990, as favelas da Maré sempre foram ocupadas. Na Copa-2014, o Exército manteve um grupo em todas as suas comunidades. A crise financeira do Estado e os ataques de traficantes a outras UPPs já instaladas levou a Secretaria de Segurança a recuar no projeto. Em janeiro deste ano, a ideia era ocupar os acessos do complexo com policiais militares. A ideia também foi deixada de lado. Cogitou-se, por fim, solicitar que as Forças Armadas patrulhassem as entradas da comunidade. Os militares recusaram: temiam a repetição do desgaste causado pela ocupação da Maré entre abril de 2014 e junho de 2015. Até hoje militares respondem a processos na Justiça Comum por abusos e agressões a moradores da favela. Ficou sob responsabilidade das Forças Armadas patrulhar apenas as vias expressas. Também não há policiamento no acesso à favela.
4
Para preservar Infraero, aeroporto de Congonhas não será concedido
O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, afirmou nesta quarta-feira (24) que os aeroportos Santos Dumont (RJ), Congonhas (SP) e Manaus (AM) não vão entrar no programa de concessões de aeroportos. De acordo com o ministro, que abriu a Airport Infra Expo, seminário sobre administração de aeroportos, a decisão foi tomada para preservar a Infraero, estatal de aeroportos. Com esses três aeroportos e mais a reestruturação da estatal, o ministro garante que será possível que ela tenha condições de sobreviver com suas próprias receitas. "Esses aeroportos garantem à Infraero receita mínima para sua subsistência", disse Padilha lembrando que há outros aeroportos que estão em poder da Infraero que poderão ser concedidos depois da rodada prevista para 2016. Desde a concessão de cinco aeroportos a partir de 2011, as receitas da estatal estão caindo e ela vem amargando seguidos prejuízos. Segundo o ministro, a estatal vai passar por um processo de reestruturação ao longo desse ano antes da próxima rodada de licitações, que só deverá ocorrer no primeiro semestre do próximo ano. Na rodada do ano que vem, serão concedidos os aeroportos de Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS). Segundo o ministro, os prazos para a concessão começarão a contar quando sair a permissão do Conselho Nacional de Desestatização, o que deve ocorrer até o fim desse mês. Padilha acredita que o tempo para a concessão terá que ser de pelo menos um ano. Mas, nesta rodada, haverá um desafio adicional ao governo que é a concessão do aeroporto de Porto Alegre. Nessa unidade, os estudos terão que ser mais complexos porque será necessário construir um aeroporto novo, previsto para o município de Portão. O atual aeroporto continuará a ser usado, mas deverá ter sua capacidade esgotada até 2029. A ideia é que o vencedor da concessão do Aeroporto de Porto Alegre construa o novo aeroporto enquanto administra o atual. Como os estudos para conceder um aeroporto novo são mais complexos, o tempo necessário para o trabalho deverá ser maior que um ano. Mesmo assim, o ministro acredita que as três unidades serão licitadas ao mesmo tempo. AEROPORTOS REGIONAIS O ministro também anunciou que o governo fará nas próximas semanas uma resolução para regulamentar a forma de concessão de licenças ambientais para os 270 aeroportos regionais que serão construídos ou reformados. Segundo ele, a decisão do governo é que as licenças para reforma ou ampliação tenham que ser liberadas em, no máximo 90 dias, e serão dadas pelo Ibama, órgão federal de licenciamento. Segundo ele, não há justificativa para que aeroportos já existentes, muitos deles prontos há várias décadas, tenham licenças ambientais complexas. O licenciamento agora é o que está travando o programa, lançado em 2012 e que até agora não conseguiu reformar nenhuma unidade. Até agora, apenas dois das 270 unidades escolhidas estão licenciadas e prontas para a licitação.
mercado
Para preservar Infraero, aeroporto de Congonhas não será concedidoO ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, afirmou nesta quarta-feira (24) que os aeroportos Santos Dumont (RJ), Congonhas (SP) e Manaus (AM) não vão entrar no programa de concessões de aeroportos. De acordo com o ministro, que abriu a Airport Infra Expo, seminário sobre administração de aeroportos, a decisão foi tomada para preservar a Infraero, estatal de aeroportos. Com esses três aeroportos e mais a reestruturação da estatal, o ministro garante que será possível que ela tenha condições de sobreviver com suas próprias receitas. "Esses aeroportos garantem à Infraero receita mínima para sua subsistência", disse Padilha lembrando que há outros aeroportos que estão em poder da Infraero que poderão ser concedidos depois da rodada prevista para 2016. Desde a concessão de cinco aeroportos a partir de 2011, as receitas da estatal estão caindo e ela vem amargando seguidos prejuízos. Segundo o ministro, a estatal vai passar por um processo de reestruturação ao longo desse ano antes da próxima rodada de licitações, que só deverá ocorrer no primeiro semestre do próximo ano. Na rodada do ano que vem, serão concedidos os aeroportos de Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS). Segundo o ministro, os prazos para a concessão começarão a contar quando sair a permissão do Conselho Nacional de Desestatização, o que deve ocorrer até o fim desse mês. Padilha acredita que o tempo para a concessão terá que ser de pelo menos um ano. Mas, nesta rodada, haverá um desafio adicional ao governo que é a concessão do aeroporto de Porto Alegre. Nessa unidade, os estudos terão que ser mais complexos porque será necessário construir um aeroporto novo, previsto para o município de Portão. O atual aeroporto continuará a ser usado, mas deverá ter sua capacidade esgotada até 2029. A ideia é que o vencedor da concessão do Aeroporto de Porto Alegre construa o novo aeroporto enquanto administra o atual. Como os estudos para conceder um aeroporto novo são mais complexos, o tempo necessário para o trabalho deverá ser maior que um ano. Mesmo assim, o ministro acredita que as três unidades serão licitadas ao mesmo tempo. AEROPORTOS REGIONAIS O ministro também anunciou que o governo fará nas próximas semanas uma resolução para regulamentar a forma de concessão de licenças ambientais para os 270 aeroportos regionais que serão construídos ou reformados. Segundo ele, a decisão do governo é que as licenças para reforma ou ampliação tenham que ser liberadas em, no máximo 90 dias, e serão dadas pelo Ibama, órgão federal de licenciamento. Segundo ele, não há justificativa para que aeroportos já existentes, muitos deles prontos há várias décadas, tenham licenças ambientais complexas. O licenciamento agora é o que está travando o programa, lançado em 2012 e que até agora não conseguiu reformar nenhuma unidade. Até agora, apenas dois das 270 unidades escolhidas estão licenciadas e prontas para a licitação.
2
Justiça suspende processos contra Eike Batista e afasta juiz
O TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região (Rio e Espírito Santo) suspendeu, nesta terça-feira (3), todos os processos contra o empresário Eike Batista exceto o que diz respeito à apreensão de seus bens. Eles ficam parados até que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) decida sobre o caso. Além de paralisar os processos de Eike Batista, os desembargadores da segunda turma do TRF decidiram ainda, por unanimidade, afastar o juiz Flavio Roberto de Souza de todos os processos contra o empresário, anulando assim suas decisões sobre o caso. O juiz foi flagrado na terça (24), dirigindo o Porsche do empresário que havia sido apreendido. À Folha ele disse que a atitude é normal. Apenas os bloqueios de bens de Eike Batista estão mantidos pela Justiça. Assim que for decidido qual juiz atuará neste processo é que será definido se os bloqueios serão suspensos. "A decisão não dá ao réu, Eike Batista, o caráter de mártir, herói ou inocente por antecipação", explicou o desembargador Mesoud Azulay Neto, relator do caso. A discussão agora é sobre qual juiz e em qual vara será julgado o processo do empresário. A dúvida dos desembargadores do Rio surgiu após a corregedora Nancy Andrighi decidir, nesta segunda (2) que o processo de Eike Batista fosse retirado da 3ª Vara Federal Criminal. O processo foi distribuído para a 10ª Vara que não tem competência para julgar crimes de lavagem de dinheiro. O CNJ realiza sessão nesta tarde de terça e deve definir como será a distribuição deste caso. No Rio há quatro varas especializadas para julgar casos de lavagem de dinheiro e o processo só pode ficar em alguma delas, incluindo a 3ª Vara, onde ele já está. Caso o processo não fique em alguma dessas varas, algum dos envolvidos neste caso pode pedir a anulação das acusações contra Eike Batista. O empresário é acusado de manipulação de mercado e de obter informações privilegiadas com a venda de ações. "Ele (juiz Flavio Roberto de Souza) não pode atuar no processo. Sempre defendemos um juiz isento. Agora vamos esperar a decisão do CNJ para avaliar as medidas que iremos tomar sobre o processo e os bens", disse o advogado Sergio Bermudes, que defende Eike Batista.
mercado
Justiça suspende processos contra Eike Batista e afasta juizO TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região (Rio e Espírito Santo) suspendeu, nesta terça-feira (3), todos os processos contra o empresário Eike Batista exceto o que diz respeito à apreensão de seus bens. Eles ficam parados até que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) decida sobre o caso. Além de paralisar os processos de Eike Batista, os desembargadores da segunda turma do TRF decidiram ainda, por unanimidade, afastar o juiz Flavio Roberto de Souza de todos os processos contra o empresário, anulando assim suas decisões sobre o caso. O juiz foi flagrado na terça (24), dirigindo o Porsche do empresário que havia sido apreendido. À Folha ele disse que a atitude é normal. Apenas os bloqueios de bens de Eike Batista estão mantidos pela Justiça. Assim que for decidido qual juiz atuará neste processo é que será definido se os bloqueios serão suspensos. "A decisão não dá ao réu, Eike Batista, o caráter de mártir, herói ou inocente por antecipação", explicou o desembargador Mesoud Azulay Neto, relator do caso. A discussão agora é sobre qual juiz e em qual vara será julgado o processo do empresário. A dúvida dos desembargadores do Rio surgiu após a corregedora Nancy Andrighi decidir, nesta segunda (2) que o processo de Eike Batista fosse retirado da 3ª Vara Federal Criminal. O processo foi distribuído para a 10ª Vara que não tem competência para julgar crimes de lavagem de dinheiro. O CNJ realiza sessão nesta tarde de terça e deve definir como será a distribuição deste caso. No Rio há quatro varas especializadas para julgar casos de lavagem de dinheiro e o processo só pode ficar em alguma delas, incluindo a 3ª Vara, onde ele já está. Caso o processo não fique em alguma dessas varas, algum dos envolvidos neste caso pode pedir a anulação das acusações contra Eike Batista. O empresário é acusado de manipulação de mercado e de obter informações privilegiadas com a venda de ações. "Ele (juiz Flavio Roberto de Souza) não pode atuar no processo. Sempre defendemos um juiz isento. Agora vamos esperar a decisão do CNJ para avaliar as medidas que iremos tomar sobre o processo e os bens", disse o advogado Sergio Bermudes, que defende Eike Batista.
2
As pessoas que costumam tomar LSD ou cogumelos no café da manhã
Em sua casa, o britânico Simpa prepara o café da manhã. Sobre a mesa, há dez pedaços bem pequenos de papel com LSD. Juntos, seriam o suficiente para uma dose da droga, mas, hoje, Simpa tomará apenas um deles. É parte da sua rotina matinal todos os dias."Tomo com uma xícara de chá, torrada e vitaminas", disse ao programa Victoria Derbyshire, da BBC. Em outra parte do Reino Unido, Dylan* faz o mesmo com cogumelos alucinógenos, verificando o peso de uma microdose e a tomando junto com o chá. Eles fazem parte de uma pequena comunidade de pessoas no Reino Unido que usam microdoses de substâncias psicodélicas ilegais diariamente. Essas dizem que o hábito "torna seu dia melhor", as torna mais criativas e traz benefícios terapêuticos, como ajudar a lidar com problemas mentais - apesar de nada disso ser comprovado cientificamente. No Reino Unido, cogumelos, LSD e MDMA (outra droga usada em microdoses com este fim por alguns britânicos) são consideradas drogas classe A, categoria de substâncias cujo porte e tráfico são punidos de forma mais severa. Quem é flagrado com elas pode ser preso por até sete anos e multado num valor não determinado. Fornecê-las ou produzi-las pode levar à prisão perpértua, além da multa. No entanto, Dylan diz que a lei não é um empecilho e que "não está prejudicando ninguém ou causando danos ao fazer isso". Ele tem um emprego comum. Seus colegas não sabem que ele usa drogas antes de ir para o trabalho, mas seus amigos, sim. MISTÉRIO Ele afirma que usar microdoses de cogumelos faz com que trabalhe melhor e se concentre mais. "Dá aquela sensação calma e relaxante de estar centrado." Simpa também diz usar LSD em microdoses para fins terapêuticos. Aos 28 anos, ele tem "depressão e ansiedade, por causa de um trauma de infância que levou a um transtorno de personalidade e a uma síndrome de estresse pós-traumático". Segundo ele, os medicamentos prescritos pelos médicos causaram mais efeitos colaterais do que benefícios. "Descobri que substâncias psicodélicas me ajudam sem provocar efeitos ruins. Usá-las me permite entender meu trauma como uma simples experiência, uma memória como qualquer outra." Essas experiências individuais não são corroboradas pela ciência, já que não há pesquisas que comprovem os benefícios do consumo de microdoses de drogas. O psiquiatra James Rucker é um dos pesquisadores que estuda aplicações medicinais de substâncias psicodélicas. Ele participou de testes recentes na universidade Imperial College London, no Reino Unido, sobre o uso de cogumelos contra depressão, mas, neste caso, foram aplicadas doses convencionais. "Não sabemos nada sobre microdoses do ponto de vista médico. A única forma de fazer isso é com testes aleatórios, anônimos e usando um grupo controle que tome placebo", afirma. Rucker chama atenção para o fato de que os riscos desse tipo de automedicação são um mistério. "Não sabemos quais são os efeitos a longo prazo. Antes de 1970, quando drogas eram usadas medicinalmente, temia-se que essas substâncias pudessem ocultar problemas como esquizofrenia e psicoses em pessoas que tinham potencial para desenvolver esse problemas." "Alguns estudos indicaram isso, outros mostraram ser um temor infundado. Então, de novo, é outra área sobre a qual não sabemos nada", diz o psiquiatra. PRODUTIVIDADE Quem usa microdoses de drogas diz, no entanto, que os benefícios vão além de ajudar com problemas mentais. No Vale do Silício, nos Estados Unidos, profissionais de empresas de tecnologia dizem que isso aumenta sua criatividade. James Fadiman pesquisa substâncias psicodélicas desde os anos 1960 e tem um site sobre microdoses em que pede que as pessoas compartilhem suas experiências com essa prática. Ele diz já ter recebido mais de 900 relatos. "O mais comum são pessoas dizendo que a vida parece estar correndo melhor. Dizem ter se tornado mais eficientes, dormirem melhor, terem melhorado seus hábitos alimentares, sentirem-se melhores em ocasiões sociais." A britânica Anna* conta já ter experimentado no passado microdoses de LSD e, mais recentemente, cogumelos que ela colhe na região onde mora com os dois filhos. Ela diz não ter notado grandes mudanças, mas afirma que, nos dias em que consumiu os alucinógenos, sentiu-se mais produtiva. "É como ter boa qualidade de vida. Eu me sentia feliz, calma, mais 'pé no chão' e dormia melhor." Porém, há um outro risco envolvido nas microdoses: estimar mal a quantidade usada. Substâncias psicodélicas são drogas fortes, e Dylan (nome fictício) admite já ter ficado alterado no trabalho por acidente após tomar uma microdose grande demais. Rucker diz ser impossível impedir as pessoas de usarem drogas por lazer. "Temos que lidar com isso." E argumenta que esse fato só faz crescer a lista de motivos para que sejam investigados cientificamente os efeitos dos alucinógenos.
ciencia
As pessoas que costumam tomar LSD ou cogumelos no café da manhãEm sua casa, o britânico Simpa prepara o café da manhã. Sobre a mesa, há dez pedaços bem pequenos de papel com LSD. Juntos, seriam o suficiente para uma dose da droga, mas, hoje, Simpa tomará apenas um deles. É parte da sua rotina matinal todos os dias."Tomo com uma xícara de chá, torrada e vitaminas", disse ao programa Victoria Derbyshire, da BBC. Em outra parte do Reino Unido, Dylan* faz o mesmo com cogumelos alucinógenos, verificando o peso de uma microdose e a tomando junto com o chá. Eles fazem parte de uma pequena comunidade de pessoas no Reino Unido que usam microdoses de substâncias psicodélicas ilegais diariamente. Essas dizem que o hábito "torna seu dia melhor", as torna mais criativas e traz benefícios terapêuticos, como ajudar a lidar com problemas mentais - apesar de nada disso ser comprovado cientificamente. No Reino Unido, cogumelos, LSD e MDMA (outra droga usada em microdoses com este fim por alguns britânicos) são consideradas drogas classe A, categoria de substâncias cujo porte e tráfico são punidos de forma mais severa. Quem é flagrado com elas pode ser preso por até sete anos e multado num valor não determinado. Fornecê-las ou produzi-las pode levar à prisão perpértua, além da multa. No entanto, Dylan diz que a lei não é um empecilho e que "não está prejudicando ninguém ou causando danos ao fazer isso". Ele tem um emprego comum. Seus colegas não sabem que ele usa drogas antes de ir para o trabalho, mas seus amigos, sim. MISTÉRIO Ele afirma que usar microdoses de cogumelos faz com que trabalhe melhor e se concentre mais. "Dá aquela sensação calma e relaxante de estar centrado." Simpa também diz usar LSD em microdoses para fins terapêuticos. Aos 28 anos, ele tem "depressão e ansiedade, por causa de um trauma de infância que levou a um transtorno de personalidade e a uma síndrome de estresse pós-traumático". Segundo ele, os medicamentos prescritos pelos médicos causaram mais efeitos colaterais do que benefícios. "Descobri que substâncias psicodélicas me ajudam sem provocar efeitos ruins. Usá-las me permite entender meu trauma como uma simples experiência, uma memória como qualquer outra." Essas experiências individuais não são corroboradas pela ciência, já que não há pesquisas que comprovem os benefícios do consumo de microdoses de drogas. O psiquiatra James Rucker é um dos pesquisadores que estuda aplicações medicinais de substâncias psicodélicas. Ele participou de testes recentes na universidade Imperial College London, no Reino Unido, sobre o uso de cogumelos contra depressão, mas, neste caso, foram aplicadas doses convencionais. "Não sabemos nada sobre microdoses do ponto de vista médico. A única forma de fazer isso é com testes aleatórios, anônimos e usando um grupo controle que tome placebo", afirma. Rucker chama atenção para o fato de que os riscos desse tipo de automedicação são um mistério. "Não sabemos quais são os efeitos a longo prazo. Antes de 1970, quando drogas eram usadas medicinalmente, temia-se que essas substâncias pudessem ocultar problemas como esquizofrenia e psicoses em pessoas que tinham potencial para desenvolver esse problemas." "Alguns estudos indicaram isso, outros mostraram ser um temor infundado. Então, de novo, é outra área sobre a qual não sabemos nada", diz o psiquiatra. PRODUTIVIDADE Quem usa microdoses de drogas diz, no entanto, que os benefícios vão além de ajudar com problemas mentais. No Vale do Silício, nos Estados Unidos, profissionais de empresas de tecnologia dizem que isso aumenta sua criatividade. James Fadiman pesquisa substâncias psicodélicas desde os anos 1960 e tem um site sobre microdoses em que pede que as pessoas compartilhem suas experiências com essa prática. Ele diz já ter recebido mais de 900 relatos. "O mais comum são pessoas dizendo que a vida parece estar correndo melhor. Dizem ter se tornado mais eficientes, dormirem melhor, terem melhorado seus hábitos alimentares, sentirem-se melhores em ocasiões sociais." A britânica Anna* conta já ter experimentado no passado microdoses de LSD e, mais recentemente, cogumelos que ela colhe na região onde mora com os dois filhos. Ela diz não ter notado grandes mudanças, mas afirma que, nos dias em que consumiu os alucinógenos, sentiu-se mais produtiva. "É como ter boa qualidade de vida. Eu me sentia feliz, calma, mais 'pé no chão' e dormia melhor." Porém, há um outro risco envolvido nas microdoses: estimar mal a quantidade usada. Substâncias psicodélicas são drogas fortes, e Dylan (nome fictício) admite já ter ficado alterado no trabalho por acidente após tomar uma microdose grande demais. Rucker diz ser impossível impedir as pessoas de usarem drogas por lazer. "Temos que lidar com isso." E argumenta que esse fato só faz crescer a lista de motivos para que sejam investigados cientificamente os efeitos dos alucinógenos.
15
Juiz do caso Eike é suspeito de sumiço de dinheiro, diz revista
Após ser afastado de todos os processos contra o empresário Eike Batista, o juiz federal Flávio Roberto de Souza teve seu nome envolvido em suposto desaparecimento de dinheiro que estava guardado na 3º Vara Criminal da Justiça Federal do Rio, da qual o magistrado era titular. Segundo reportagem da revista "Veja", teriam sumido parte dos R$ 116 mil apreendidos na casa de Eike no mês passado e mais R$ 600 mil de um traficante espanhol, preso em 2013. Veja fotos O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) afastou no final de fevereiro Souza do caso Eike depois que fotos revelaram o juiz dirigindo um Porsche, um dos veículos de luxo apreendidos na residência do empresário a mando do juiz. Como consequência da decisão do CNJ e da repercussão negativa, Órgão Especial do TRF-2 (Tribunal Regional Federal) no Rio e Espírito Santo, decidiu na quinta (5) destituir Souza das funções do cargo de titular da 3ª Vara Federal Criminal. De acordo com a revista, a corregedoria do tribunal determinou que um grupo de juízes investigassem a ações de Souza à frente da 3ª Vara. Surgiram, então, rumores sobre o sumiço do dinheiro. A partir das suspeitas, diz a publicação, o grupo indagou ao juiz sobre o paradeiro do dinheiro. Souza teria apontado o local onde o dinheiro estava guardado, mas os magistrados descobriram que a totalidade dos valores não estava no cofre indicado pelo próprio juiz Flávio Roberto de Souza, de acordo com a revista. A reportagem não esclarece qual valor retido do empresário Eike Batista desapareceu. Relata, porém, que Souza pode não estar relacionado ao suposto desvio do dinheiro, pois outras pessoas tinham acesso ao cofre onde ele estava guardado. Por esse motivo, o grupo de magistrados continua a investigar o paradeiro dos recursos, segundo a publicação. A Folha tentou contato com a corregedoria do Tribunal Regional Federal, mas não obteve resposta neste sábado (7). Procurado, o juiz Flávio Roberto de Souza não atendeu aos telefonemas. Atualmente, os processos contra Eike Batista estão parados. Aguardam sessão do CNJ em que se definirá a vara e o juiz que serão responsáveis pelo caso. Além de suspender o juiz, o TRF anulou todos os seus atos nos processos. Apenas os bloqueios de bens do empresário foram mantidos pelos desembargadores do tribunal. Eike Batista é réu por supostamente ter cometido "insider trading" (negociação de ações com informação privilegiada) e manipulação de mercado, na venda de ações da OGX e da OSX. A defesa do empresário nega as acusações.
mercado
Juiz do caso Eike é suspeito de sumiço de dinheiro, diz revistaApós ser afastado de todos os processos contra o empresário Eike Batista, o juiz federal Flávio Roberto de Souza teve seu nome envolvido em suposto desaparecimento de dinheiro que estava guardado na 3º Vara Criminal da Justiça Federal do Rio, da qual o magistrado era titular. Segundo reportagem da revista "Veja", teriam sumido parte dos R$ 116 mil apreendidos na casa de Eike no mês passado e mais R$ 600 mil de um traficante espanhol, preso em 2013. Veja fotos O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) afastou no final de fevereiro Souza do caso Eike depois que fotos revelaram o juiz dirigindo um Porsche, um dos veículos de luxo apreendidos na residência do empresário a mando do juiz. Como consequência da decisão do CNJ e da repercussão negativa, Órgão Especial do TRF-2 (Tribunal Regional Federal) no Rio e Espírito Santo, decidiu na quinta (5) destituir Souza das funções do cargo de titular da 3ª Vara Federal Criminal. De acordo com a revista, a corregedoria do tribunal determinou que um grupo de juízes investigassem a ações de Souza à frente da 3ª Vara. Surgiram, então, rumores sobre o sumiço do dinheiro. A partir das suspeitas, diz a publicação, o grupo indagou ao juiz sobre o paradeiro do dinheiro. Souza teria apontado o local onde o dinheiro estava guardado, mas os magistrados descobriram que a totalidade dos valores não estava no cofre indicado pelo próprio juiz Flávio Roberto de Souza, de acordo com a revista. A reportagem não esclarece qual valor retido do empresário Eike Batista desapareceu. Relata, porém, que Souza pode não estar relacionado ao suposto desvio do dinheiro, pois outras pessoas tinham acesso ao cofre onde ele estava guardado. Por esse motivo, o grupo de magistrados continua a investigar o paradeiro dos recursos, segundo a publicação. A Folha tentou contato com a corregedoria do Tribunal Regional Federal, mas não obteve resposta neste sábado (7). Procurado, o juiz Flávio Roberto de Souza não atendeu aos telefonemas. Atualmente, os processos contra Eike Batista estão parados. Aguardam sessão do CNJ em que se definirá a vara e o juiz que serão responsáveis pelo caso. Além de suspender o juiz, o TRF anulou todos os seus atos nos processos. Apenas os bloqueios de bens do empresário foram mantidos pelos desembargadores do tribunal. Eike Batista é réu por supostamente ter cometido "insider trading" (negociação de ações com informação privilegiada) e manipulação de mercado, na venda de ações da OGX e da OSX. A defesa do empresário nega as acusações.
2
Erramos: Aneel aprova reajustes de até 32% em tarifas de energia em seis Estados
A reportagem Aneel aprova reajustes de até 32% em tarifas de energia em seis Estados (Mercado - 07/04/2015 - 15h34), sofreu as seguintes correções: o aumento anteriormente aprovado para a CPFL Jaguari foi de 18,79% para as residências e de 25,01% das indústrias, e não de 39,49% e 48,85%, respectivamente; o valor aprovado anteriormente para a CPFL Mococa foi de 13,97% para residências e o de 23,84% para indústria, e não de 27,21% e 35,37%, respectivamente; o reajuste aprovado previamente para a CPFL Leste Paulista foi de 17,55% das residências e o de 24,74% da indústria, e não de 24,73% e 25,30%, respectivamente; o reajuste aprovado previamente para a CPFL Santa Cruz foi de 9,78% para residências e 10,53% para indústrias, e não de 28,99% e 26,15%, respectivamente; o reajuste aprovado previamente para a CPFL Sul Paulista foi de 13,86% para residências e de 37,67% para a indústria, e não de 25,8% e 33,71%, respectivamente; e o reajuste aprovado previamente para a CPFL Borborema foi de 5,03% para residências e de 6,89% para indústria, e não de 40,19% e 38,62%, respectivamente. Os dados já foram corrigidos.
mercado
Erramos: Aneel aprova reajustes de até 32% em tarifas de energia em seis EstadosA reportagem Aneel aprova reajustes de até 32% em tarifas de energia em seis Estados (Mercado - 07/04/2015 - 15h34), sofreu as seguintes correções: o aumento anteriormente aprovado para a CPFL Jaguari foi de 18,79% para as residências e de 25,01% das indústrias, e não de 39,49% e 48,85%, respectivamente; o valor aprovado anteriormente para a CPFL Mococa foi de 13,97% para residências e o de 23,84% para indústria, e não de 27,21% e 35,37%, respectivamente; o reajuste aprovado previamente para a CPFL Leste Paulista foi de 17,55% das residências e o de 24,74% da indústria, e não de 24,73% e 25,30%, respectivamente; o reajuste aprovado previamente para a CPFL Santa Cruz foi de 9,78% para residências e 10,53% para indústrias, e não de 28,99% e 26,15%, respectivamente; o reajuste aprovado previamente para a CPFL Sul Paulista foi de 13,86% para residências e de 37,67% para a indústria, e não de 25,8% e 33,71%, respectivamente; e o reajuste aprovado previamente para a CPFL Borborema foi de 5,03% para residências e de 6,89% para indústria, e não de 40,19% e 38,62%, respectivamente. Os dados já foram corrigidos.
2
No reino das águas turvas: O novo filme de Matthew Barney
RESUMO Conhecido pelo ciclo "Cremaster", o artista americano levou sete anos para finalizar seu novo filme, que mistura lendas egípcias, Norman Mailer e lutadores brasileiros. Além da produção de cinco horas, esculturas, desenhos e fotografias a ela relacionados integram exposição a ser inaugurada em setembro em Los Angeles. * O novo trabalho de Matthew Barney cheira mal. O artista americano, conhecido pelo celebrado ciclo de filmes "Cremaster", é o primeiro a aparecer na tela de "River of Fundament" (rio de fundamento), saindo de um rio de fezes e metendo a mão numa privada para pegar um cocô. Ele o embrulha numa folha de ouro, antes de ser sodomizado por uma criatura que ejacula mercúrio. Tudo isto tudo apenas na sequência de abertura do longa de mais de cinco horas, exibido em Los Angeles em abril. O longa fará parte de uma grande exposição a ser inaugurada em setembro num museu da cidade. Realizado num período de sete anos, "River" é sua obra de maior fôlego desde "Cremaster" (1994""2002) e também seu trabalho mais narrativo, com atores de verdade e até alguns rostos famosos, como Maggie Gyllenhaal. Funciona quase como uma ópera, com uma história épica difícil de compreender sem uma leitura prévia do libreto. Lendas do Egito Antigo, os fantasmas do escritor Norman Mailer (1923-2007) e a genitália de Paul Giamatti se intercalam com performances gravadas ao vivo, uma delas com uma dupla de lutadores brasileiros. O cenário central é a casa de Mailer em Brooklyn Heights, em Nova York, reconstruída pela equipe de Barney e com seus livros originais. O escritor é o protagonista, e a história começa em seu velório na sala de jantar. Enquanto seus amigos relembram o grande autor de "A Canção do Carrasco" (1979), sua alma começa a reencarnar no subsolo da residência, por onde precisa atravessar o esgoto. Antes do mergulho, é bom saber o contexto. Perto da morte, aos 84 anos, Mailer pediu que Barney lesse e considerasse adaptar seu livro "Noites Antigas" (1983). Para Mailer, o calhamaço de mais de 600 páginas era sua obra-prima, embora tivesse sido destruída pela crítica no lançamento. Barney, que havia escalado Mailer para viver o mágico Houdini em "Cremaster 2", topou a encomenda, mas impôs seus próprios termos: os deuses egípcios superssexualizados do romance são transpostos para os EUA de hoje, ora como criaturas fedorentas que assombram a casa de Mailer, ora como automóveis clássicos que passam por rituais de desmanche. Um deles é um Chrysler Crown Imperial 1967, o mesmo modelo usado em "Cremaster 3" e um dos vários momentos de "déjà-vu" de "River of Fundament". "Inúmeros fatores me atraíram no livro", disse Barney, 48, num encontro com o público no museu Hammer de Los Angeles, mostrando um intrincado gráfico que conecta as sete fases de renascimento na mitologia egípcia com diferentes tipos de metais. "Há na história essa linguagem forte dos metais, que me interessa bastante e que surge nas minhas esculturas. E gosto muito do jeito como ele descreve as entranhas do mundo e a decadência do corpo." "Consideramos bastante a tradição da ópera e, se queríamos brincar com este gênero, precisávamos de um libreto. O livro foi útil neste sentido, para criar o texto, mas também como algo para odiar e contra que trabalhar. Porque é muito fácil odiar o livro, ainda que seja fantástico", disse o artista Barney também tirou inspiração de uma resenha em que Harold Bloom sugere que "Noites Antigas" tem muito da vida de Mailer, um autor que sempre tentou, sem sucesso, alcançar o status de Ernest Hemingway (1899-1961). No romance, um nobre, invejoso do faraó, aprende feitiçaria com fezes para poder ter vida eterna. No filme, o nobre é Mailer, interpretado por atores diferentes (Stephen Payne e John Buffalo Mailer, filho do escritor), que adentram carcaças de animais para poder renascer. Já o faraó é Giamatti, que participa ativamente do velório e recebe massagens peculiares debaixo da mesa. Quando tudo começa a ficar complexo ou escatológico demais, "River" dá uma pausa para mostrar incríveis performances coreografadas em Los Angeles, Detroit e Nova York, enchendo as caixas de som do cinema. A primeira acontece com cinco bandas tocando ao mesmo tempo em pontos diferentes de um bairro e caminhando para uma concessionária de carros. O Chrysler, simbolizando o velho Mailer, é desmantelado e transformado num Pontiac Firebird Trans Am 1979 novinho em folha. O filme é assinado em parceria com o compositor Jonathan Bepler, responsável pela trilha de "Cremaster". Em "River", a música ajuda a contar a cena, e Bepler participou de todo o processo. "Fazer só a trilha não era algo satisfatório para mim. Em 'River', tentamos fazer com que as duas coisas acontecessem ao mesmo tempo. Comecei a trabalhar na música antes mesmo de as imagens existirem", disse Bepler, que usou gêneros diversos, como canto lírico, rap, e muitos grunhidos. "Tínhamos só um conceito; eu trabalhava na minha concepção dele, e Matthew, na sua. Depois de um tempo comparávamos as coisas e nos surpreendíamos com o que tínhamos. Estando de acordo quanto ao conceito, quase nunca a música estava errada." EM PORTUGUÊS Outra coreografia acontece ao som de palavrões em português, quando dois mecânicos de uma oficina de Nova York lutam numa jaula. Os dois são brasileiros que moram na cidade, o professor de jiu-jítsu Magno Gama e o músico e faixa preta da modalidade Pablo Silva. Por telefone, Silva contou que nunca tinha ouvido falar de Barney e que soube do trabalho no site de classificados Craigslist, dois anos atrás. "O cara [Barney] é gente fina pra caramba, educadíssimo. Ele me contou que gostava muito de luta e que sabia que os brasileiros eram bons nisto", disse o carioca de 39 anos, que ganhou US$ 1.500 por três dias de filmagens. A cena é uma leitura moderna de uma luta entre deuses, na qual um acaba castrado, e o outro, sem um olho. "Até hoje não entendi o que acontece no filme", comentou o baterista de rock e MPB, que viu o produto final na pré-estreia em Nova York. "Achei interessante, legal, mas cansativo no final. É abstrato, louco demais." Após "Cremaster", Barney realizou um filme durante o Carnaval de Salvador, em 2004, gravado ao vivo durante a passagem de um trio elétrico criado por ele e pelo músico americano radicado no Brasil Arto Lindsay. O resultado foi "De Lama Lâmina", repleto de mitologias do candomblé. Uma das esculturas do trabalho está hoje no Instituto Inhotim, em Minas. Ele também dirigiu "Drawing Restraint 9" (2005), uma história de amor que se passa entre o Japão e a Antártica, pontuada por cerimônias do chá e rituais de caça a baleias, exibido nos festivais de cinema de Veneza e Toronto. Os protagonistas são Barney e sua então mulher, Björk, que assinou a trilha sonora –os dois se divorciaram em 2013, fato na origem do mais recente álbum da cantora islandesa, "Vulnicura" (2015). Assim como nos projetos anteriores, "River of Fundament" vem carregado de trabalhos paralelos que exploram e expandem o universo do filme. Cerca de 15 esculturas que pesam até 14 toneladas, além de desenhos, fotografias e objetos de cena, serão exibidas entre setembro deste ano e janeiro no museu The Geffen Contemporary at Moca, em Los Angeles. A cidade é a primeira nos EUA a receber a mostra, que nasceu no Haus der Kunst, em Munique, sob curadoria de Okwui Enwezor –diretor do museu e responsável pela atual Bienal de Veneza– e seguirá de volta para a Europa em 2016. "É algo muito inovador na carreira de Matthew, que começou a trabalhar com diversas técnicas de fundição, algumas bem antigas, e com materiais novos, como ferro, bronze, zinco e enxofre", disse Lanka Tattersall, curadora da exposição no Moca. "Isto permite que o artista se abra para uma linguagem iconográfica completamente nova." O museu vai equipar uma sala de cinema com som especial para exibir "River" e organizará uma performance para a abertura para convidados. "Um grupo de homens fortes vai puxar uma escultura; as cordas vão ficar nas paredes, como um rastro do acontecimento", explicou Tattersall. Para ela, assim como "Cremaster", "River" tem a força de criar imagens originais que seguirão reverberando no mundo das artes plásticas. "Muitas cenas ficaram na minha mente, como as de Detroit, quando o esqueleto de um carro é derretido numa fundição e presenciamos uma massa de metal se esparramando", disse. "É como se ele transformasse a paisagem puramente americana numa forma de escultura." FERNANDA EZABELLA 34, é jornalista.
ilustrissima
No reino das águas turvas: O novo filme de Matthew BarneyRESUMO Conhecido pelo ciclo "Cremaster", o artista americano levou sete anos para finalizar seu novo filme, que mistura lendas egípcias, Norman Mailer e lutadores brasileiros. Além da produção de cinco horas, esculturas, desenhos e fotografias a ela relacionados integram exposição a ser inaugurada em setembro em Los Angeles. * O novo trabalho de Matthew Barney cheira mal. O artista americano, conhecido pelo celebrado ciclo de filmes "Cremaster", é o primeiro a aparecer na tela de "River of Fundament" (rio de fundamento), saindo de um rio de fezes e metendo a mão numa privada para pegar um cocô. Ele o embrulha numa folha de ouro, antes de ser sodomizado por uma criatura que ejacula mercúrio. Tudo isto tudo apenas na sequência de abertura do longa de mais de cinco horas, exibido em Los Angeles em abril. O longa fará parte de uma grande exposição a ser inaugurada em setembro num museu da cidade. Realizado num período de sete anos, "River" é sua obra de maior fôlego desde "Cremaster" (1994""2002) e também seu trabalho mais narrativo, com atores de verdade e até alguns rostos famosos, como Maggie Gyllenhaal. Funciona quase como uma ópera, com uma história épica difícil de compreender sem uma leitura prévia do libreto. Lendas do Egito Antigo, os fantasmas do escritor Norman Mailer (1923-2007) e a genitália de Paul Giamatti se intercalam com performances gravadas ao vivo, uma delas com uma dupla de lutadores brasileiros. O cenário central é a casa de Mailer em Brooklyn Heights, em Nova York, reconstruída pela equipe de Barney e com seus livros originais. O escritor é o protagonista, e a história começa em seu velório na sala de jantar. Enquanto seus amigos relembram o grande autor de "A Canção do Carrasco" (1979), sua alma começa a reencarnar no subsolo da residência, por onde precisa atravessar o esgoto. Antes do mergulho, é bom saber o contexto. Perto da morte, aos 84 anos, Mailer pediu que Barney lesse e considerasse adaptar seu livro "Noites Antigas" (1983). Para Mailer, o calhamaço de mais de 600 páginas era sua obra-prima, embora tivesse sido destruída pela crítica no lançamento. Barney, que havia escalado Mailer para viver o mágico Houdini em "Cremaster 2", topou a encomenda, mas impôs seus próprios termos: os deuses egípcios superssexualizados do romance são transpostos para os EUA de hoje, ora como criaturas fedorentas que assombram a casa de Mailer, ora como automóveis clássicos que passam por rituais de desmanche. Um deles é um Chrysler Crown Imperial 1967, o mesmo modelo usado em "Cremaster 3" e um dos vários momentos de "déjà-vu" de "River of Fundament". "Inúmeros fatores me atraíram no livro", disse Barney, 48, num encontro com o público no museu Hammer de Los Angeles, mostrando um intrincado gráfico que conecta as sete fases de renascimento na mitologia egípcia com diferentes tipos de metais. "Há na história essa linguagem forte dos metais, que me interessa bastante e que surge nas minhas esculturas. E gosto muito do jeito como ele descreve as entranhas do mundo e a decadência do corpo." "Consideramos bastante a tradição da ópera e, se queríamos brincar com este gênero, precisávamos de um libreto. O livro foi útil neste sentido, para criar o texto, mas também como algo para odiar e contra que trabalhar. Porque é muito fácil odiar o livro, ainda que seja fantástico", disse o artista Barney também tirou inspiração de uma resenha em que Harold Bloom sugere que "Noites Antigas" tem muito da vida de Mailer, um autor que sempre tentou, sem sucesso, alcançar o status de Ernest Hemingway (1899-1961). No romance, um nobre, invejoso do faraó, aprende feitiçaria com fezes para poder ter vida eterna. No filme, o nobre é Mailer, interpretado por atores diferentes (Stephen Payne e John Buffalo Mailer, filho do escritor), que adentram carcaças de animais para poder renascer. Já o faraó é Giamatti, que participa ativamente do velório e recebe massagens peculiares debaixo da mesa. Quando tudo começa a ficar complexo ou escatológico demais, "River" dá uma pausa para mostrar incríveis performances coreografadas em Los Angeles, Detroit e Nova York, enchendo as caixas de som do cinema. A primeira acontece com cinco bandas tocando ao mesmo tempo em pontos diferentes de um bairro e caminhando para uma concessionária de carros. O Chrysler, simbolizando o velho Mailer, é desmantelado e transformado num Pontiac Firebird Trans Am 1979 novinho em folha. O filme é assinado em parceria com o compositor Jonathan Bepler, responsável pela trilha de "Cremaster". Em "River", a música ajuda a contar a cena, e Bepler participou de todo o processo. "Fazer só a trilha não era algo satisfatório para mim. Em 'River', tentamos fazer com que as duas coisas acontecessem ao mesmo tempo. Comecei a trabalhar na música antes mesmo de as imagens existirem", disse Bepler, que usou gêneros diversos, como canto lírico, rap, e muitos grunhidos. "Tínhamos só um conceito; eu trabalhava na minha concepção dele, e Matthew, na sua. Depois de um tempo comparávamos as coisas e nos surpreendíamos com o que tínhamos. Estando de acordo quanto ao conceito, quase nunca a música estava errada." EM PORTUGUÊS Outra coreografia acontece ao som de palavrões em português, quando dois mecânicos de uma oficina de Nova York lutam numa jaula. Os dois são brasileiros que moram na cidade, o professor de jiu-jítsu Magno Gama e o músico e faixa preta da modalidade Pablo Silva. Por telefone, Silva contou que nunca tinha ouvido falar de Barney e que soube do trabalho no site de classificados Craigslist, dois anos atrás. "O cara [Barney] é gente fina pra caramba, educadíssimo. Ele me contou que gostava muito de luta e que sabia que os brasileiros eram bons nisto", disse o carioca de 39 anos, que ganhou US$ 1.500 por três dias de filmagens. A cena é uma leitura moderna de uma luta entre deuses, na qual um acaba castrado, e o outro, sem um olho. "Até hoje não entendi o que acontece no filme", comentou o baterista de rock e MPB, que viu o produto final na pré-estreia em Nova York. "Achei interessante, legal, mas cansativo no final. É abstrato, louco demais." Após "Cremaster", Barney realizou um filme durante o Carnaval de Salvador, em 2004, gravado ao vivo durante a passagem de um trio elétrico criado por ele e pelo músico americano radicado no Brasil Arto Lindsay. O resultado foi "De Lama Lâmina", repleto de mitologias do candomblé. Uma das esculturas do trabalho está hoje no Instituto Inhotim, em Minas. Ele também dirigiu "Drawing Restraint 9" (2005), uma história de amor que se passa entre o Japão e a Antártica, pontuada por cerimônias do chá e rituais de caça a baleias, exibido nos festivais de cinema de Veneza e Toronto. Os protagonistas são Barney e sua então mulher, Björk, que assinou a trilha sonora –os dois se divorciaram em 2013, fato na origem do mais recente álbum da cantora islandesa, "Vulnicura" (2015). Assim como nos projetos anteriores, "River of Fundament" vem carregado de trabalhos paralelos que exploram e expandem o universo do filme. Cerca de 15 esculturas que pesam até 14 toneladas, além de desenhos, fotografias e objetos de cena, serão exibidas entre setembro deste ano e janeiro no museu The Geffen Contemporary at Moca, em Los Angeles. A cidade é a primeira nos EUA a receber a mostra, que nasceu no Haus der Kunst, em Munique, sob curadoria de Okwui Enwezor –diretor do museu e responsável pela atual Bienal de Veneza– e seguirá de volta para a Europa em 2016. "É algo muito inovador na carreira de Matthew, que começou a trabalhar com diversas técnicas de fundição, algumas bem antigas, e com materiais novos, como ferro, bronze, zinco e enxofre", disse Lanka Tattersall, curadora da exposição no Moca. "Isto permite que o artista se abra para uma linguagem iconográfica completamente nova." O museu vai equipar uma sala de cinema com som especial para exibir "River" e organizará uma performance para a abertura para convidados. "Um grupo de homens fortes vai puxar uma escultura; as cordas vão ficar nas paredes, como um rastro do acontecimento", explicou Tattersall. Para ela, assim como "Cremaster", "River" tem a força de criar imagens originais que seguirão reverberando no mundo das artes plásticas. "Muitas cenas ficaram na minha mente, como as de Detroit, quando o esqueleto de um carro é derretido numa fundição e presenciamos uma massa de metal se esparramando", disse. "É como se ele transformasse a paisagem puramente americana numa forma de escultura." FERNANDA EZABELLA 34, é jornalista.
18
Ciclista é 19ª vítima de bala perdida no Estado do Rio
Um ciclista foi ferido por um disparo de bala perdida na noite desta quarta-feira (28), em Niterói, na região metropolitana do Rio. De acordo com a Polícia Militar, agentes do 12º BPM (Niterói) perseguiam um carro em fuga que era dirigido por supostos traficantes. Houve troca de tiros entre os policiais e os ocupantes do carro, e a vítima, que pedalava em uma ciclovia, foi ferida em um dos ombros. De acordo com o ISP (Instituto de Segurança Pública), o número oficial de feridos com balas perdidas deste ano ainda não foi contabilizado, assim como o ano passado. O último levantamento do órgão refere-se ao ano de 2013, que teve 120 vítimas de balas perdidas –registro policial que é feito quando a pessoa ferida não participava ou tinha influência em um tiroteio. Ainda segundo o ISP, em 2012 foram 117 baleados; 2011, 88; e, em 2010, 138 feridos. Em levantamento feito pela Folha, em 2015, em 11 dias, o ciclista seria a 19ª vítima de bala perdida no Estado. Ainda nesta quarta-feira (28), um morador do Complexo do Alemão, na zona norte, foi baleado em um tiroteio entre policiais militares e supostos traficantes locais. Bala perdida
cotidiano
Ciclista é 19ª vítima de bala perdida no Estado do RioUm ciclista foi ferido por um disparo de bala perdida na noite desta quarta-feira (28), em Niterói, na região metropolitana do Rio. De acordo com a Polícia Militar, agentes do 12º BPM (Niterói) perseguiam um carro em fuga que era dirigido por supostos traficantes. Houve troca de tiros entre os policiais e os ocupantes do carro, e a vítima, que pedalava em uma ciclovia, foi ferida em um dos ombros. De acordo com o ISP (Instituto de Segurança Pública), o número oficial de feridos com balas perdidas deste ano ainda não foi contabilizado, assim como o ano passado. O último levantamento do órgão refere-se ao ano de 2013, que teve 120 vítimas de balas perdidas –registro policial que é feito quando a pessoa ferida não participava ou tinha influência em um tiroteio. Ainda segundo o ISP, em 2012 foram 117 baleados; 2011, 88; e, em 2010, 138 feridos. Em levantamento feito pela Folha, em 2015, em 11 dias, o ciclista seria a 19ª vítima de bala perdida no Estado. Ainda nesta quarta-feira (28), um morador do Complexo do Alemão, na zona norte, foi baleado em um tiroteio entre policiais militares e supostos traficantes locais. Bala perdida
6
Deputados franceses aprovam lei que regula espionagem de dados no país
A Câmara dos Deputados da França aprovou nesta terça-feira (5) um polêmico projeto de lei impulsionado pelo governo que regula as escutas telefônicas e o monitoramento de dados na internet. A medida, vista pela administração de François Hollande como uma resposta ao terrorismo, é duramente criticado pela oposição ao presidente, jornalistas e entidades de direitos humanos que o veem como limitador das liberdades individuais. Os deputados aprovaram o texto com 483 votos a favor e 86 contrários, em sua maioria do governista Partido Socialista e da conservadora UMP. O projeto ainda precisa ser submetido ao Senado, que deve votá-lo até o fim deste mês. Se ratificado pelos senadores, o projeto permitirá que o governo peça às operadoras de telefonia e de internet informações sobre o fluxo de informação dos usuários com a finalidade de detectar uma ameaça terrorista. Sob a mesma justificativa, o governo poderá recorrer ao uso de microfones e câmeras escondidas, programas de espionagem e uso do sistema de posicionamento global (GPS) de carros e pessoas. A cessão das informações, assim como outras atividades de espionagem, será autorizada por uma comissão de magistrados do Conselho de Estado, do Conselho Constitucional e de parlamentares, não passando de forma direta pela Justiça. Antes da votação, o premiê francês, Manuel Valls, disse que a nova lei será limitada e terá como foco a proteção dos cidadãos franceses. "Os significados da vigilância para antecipação, detecção e prevenção de ataques serão estritamente limitados." Para garantir a aprovação no Legislativo e diminuir as críticas dos opositores, François Hollande prometeu submeter a medida ao Conselho Constitucional antes de sancioná-la. ESPIONAGEM As promessas, no entanto, não foram suficientes para acalmar os críticos, que incluem partidos de extrema esquerda, extrema direita, ecologistas, sindicatos de magistrados e jornalistas, além de organizações como a Anistia Internacional. Para o presidente da Ordem dos Advogados de Paris, Pierre-Olivier Sur, o governo mente em relação ao projeto. "[A lei] é feita para colocar em prática um tipo de Ato Patriota, causando preocupação para as atividades de qualquer pessoa." Sur faz referência à lei aprovada nos Estados Unidos no governo de George W. Bush (2001-2009) para aumentar a espionagem de cidadãos americanos e estrangeiros usando como justificativa a ameaça do terrorismo. A medida começou a ser revista no país depois das revelações dos abusos da Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês), através dos documentos vazados pelo ex-prestador de serviços do órgão Edward Snowden, iniciadas em 2013.
mundo
Deputados franceses aprovam lei que regula espionagem de dados no paísA Câmara dos Deputados da França aprovou nesta terça-feira (5) um polêmico projeto de lei impulsionado pelo governo que regula as escutas telefônicas e o monitoramento de dados na internet. A medida, vista pela administração de François Hollande como uma resposta ao terrorismo, é duramente criticado pela oposição ao presidente, jornalistas e entidades de direitos humanos que o veem como limitador das liberdades individuais. Os deputados aprovaram o texto com 483 votos a favor e 86 contrários, em sua maioria do governista Partido Socialista e da conservadora UMP. O projeto ainda precisa ser submetido ao Senado, que deve votá-lo até o fim deste mês. Se ratificado pelos senadores, o projeto permitirá que o governo peça às operadoras de telefonia e de internet informações sobre o fluxo de informação dos usuários com a finalidade de detectar uma ameaça terrorista. Sob a mesma justificativa, o governo poderá recorrer ao uso de microfones e câmeras escondidas, programas de espionagem e uso do sistema de posicionamento global (GPS) de carros e pessoas. A cessão das informações, assim como outras atividades de espionagem, será autorizada por uma comissão de magistrados do Conselho de Estado, do Conselho Constitucional e de parlamentares, não passando de forma direta pela Justiça. Antes da votação, o premiê francês, Manuel Valls, disse que a nova lei será limitada e terá como foco a proteção dos cidadãos franceses. "Os significados da vigilância para antecipação, detecção e prevenção de ataques serão estritamente limitados." Para garantir a aprovação no Legislativo e diminuir as críticas dos opositores, François Hollande prometeu submeter a medida ao Conselho Constitucional antes de sancioná-la. ESPIONAGEM As promessas, no entanto, não foram suficientes para acalmar os críticos, que incluem partidos de extrema esquerda, extrema direita, ecologistas, sindicatos de magistrados e jornalistas, além de organizações como a Anistia Internacional. Para o presidente da Ordem dos Advogados de Paris, Pierre-Olivier Sur, o governo mente em relação ao projeto. "[A lei] é feita para colocar em prática um tipo de Ato Patriota, causando preocupação para as atividades de qualquer pessoa." Sur faz referência à lei aprovada nos Estados Unidos no governo de George W. Bush (2001-2009) para aumentar a espionagem de cidadãos americanos e estrangeiros usando como justificativa a ameaça do terrorismo. A medida começou a ser revista no país depois das revelações dos abusos da Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês), através dos documentos vazados pelo ex-prestador de serviços do órgão Edward Snowden, iniciadas em 2013.
3
Medina e Ítalo perdem e vão disputar vaga na 3ª etapa do Mundial de surfe
O paulista Gabriel Medina e o potiguar Ítalo Ferreira perderam na quarta rodada da etapa de Margaret River, a terceira do Mundial de surfe, nesta quinta-feira (14, manhã de sexta na Austrália). Os dois terão uma nova chance de seguir na disputa, mas só um deles se manterá com chances de título, já que se enfrentam na quinta rodada. Quem vencer vai às quartas de final. O paulista Caio Ibelli também disputará a quinta rodada após um revés na fase anterior. Ele disputou a mesma bateria de Ítalo, vencida pelo havaiano Sebastian Zietz. Já Medina competiu com o americano Kolohe Andino, que venceu a bateria, e o sul-africano Jordy Smith. Ibelli terá Smith pela frente na quinta rodada. Além de Andino e Zietz, o italiano Leonardo Fioravanti, algoz de Mineirinho nesta etapa, e o australiano Joel Parkinson estão nas quartas de final e aguardam os vencedores das repescagens. As disputas masculinas foram interrompidas para a realização do torneio feminino, mas podem voltar ainda nesta sexta (15). Chamada - Mundial de Surfe Manobras do surfe; Crédito Ilustrações Lydia Megumi; Infográfico Alex Kidd e Pilker/Editoria de Arte/Folhapress
esporte
Medina e Ítalo perdem e vão disputar vaga na 3ª etapa do Mundial de surfeO paulista Gabriel Medina e o potiguar Ítalo Ferreira perderam na quarta rodada da etapa de Margaret River, a terceira do Mundial de surfe, nesta quinta-feira (14, manhã de sexta na Austrália). Os dois terão uma nova chance de seguir na disputa, mas só um deles se manterá com chances de título, já que se enfrentam na quinta rodada. Quem vencer vai às quartas de final. O paulista Caio Ibelli também disputará a quinta rodada após um revés na fase anterior. Ele disputou a mesma bateria de Ítalo, vencida pelo havaiano Sebastian Zietz. Já Medina competiu com o americano Kolohe Andino, que venceu a bateria, e o sul-africano Jordy Smith. Ibelli terá Smith pela frente na quinta rodada. Além de Andino e Zietz, o italiano Leonardo Fioravanti, algoz de Mineirinho nesta etapa, e o australiano Joel Parkinson estão nas quartas de final e aguardam os vencedores das repescagens. As disputas masculinas foram interrompidas para a realização do torneio feminino, mas podem voltar ainda nesta sexta (15). Chamada - Mundial de Surfe Manobras do surfe; Crédito Ilustrações Lydia Megumi; Infográfico Alex Kidd e Pilker/Editoria de Arte/Folhapress
4
O que Dilma não disse
BRASÍLIA - Não se deve esperar muita autocrítica de um discurso de posse. É um momento de celebrar a própria vitória, dizer palavras bonitas e repetir promessas para o futuro. Mesmo assim, Dilma Rousseff poderia ter mantido os pés mais perto do chão em sua fala de ontem no Congresso. A presidente exagerou nos autoelogios e ficou devendo um diagnóstico realista sobre os motivos da crise que ronda seu governo. Dilma falou do remédio, mas não explicou a doença. Admitiu que as contas públicas precisam de um "ajuste", mas omitiu que o tranco só será necessário por causa das barbeiragens em sua primeira gestão. "Sempre orientei minhas ações pela convicção sobre o valor da estabilidade econômica, da centralidade do controle da inflação e do imperativo da disciplina fiscal", disse. É difícil acreditar nisso quando se sabe que ela era a verdadeira responsável pela política que produziu deficits sucessivos nos últimos quatro anos. A situação se deteriorou tanto que agora a presidente se viu obrigada a entregar a Fazenda a um economista identificado com a oposição. Dilma recorreu ao malabarismo para defender o primeiro pacote de cortes, que tirará dinheiro dos trabalhadores para tapar o rombo no Tesouro. A redução de benefícios, que ela tanto criticava na campanha, virou mera "correção de distorções" e de "eventuais excessos". Se os problemas eram tão simples, seria interessante saber por que seu partido levou 12 anos para descobri-los. Por fim, a presidente indicou que não conhece ou não quer reconhecer a extensão do esquema que pilhava os cofres da Petrobras. Tratou os desfalques milionários na estatal como obra de "alguns servidores que não souberam honrá-la", como se o escândalo não envolvesse altos dirigentes da empresa e políticos dos maiores partidos que a apoiam. Reconhecer os erros do primeiro mandato seria uma fórmula mais indicada para quem precisa tanto de confiança ao iniciar o segundo.
colunas
O que Dilma não disseBRASÍLIA - Não se deve esperar muita autocrítica de um discurso de posse. É um momento de celebrar a própria vitória, dizer palavras bonitas e repetir promessas para o futuro. Mesmo assim, Dilma Rousseff poderia ter mantido os pés mais perto do chão em sua fala de ontem no Congresso. A presidente exagerou nos autoelogios e ficou devendo um diagnóstico realista sobre os motivos da crise que ronda seu governo. Dilma falou do remédio, mas não explicou a doença. Admitiu que as contas públicas precisam de um "ajuste", mas omitiu que o tranco só será necessário por causa das barbeiragens em sua primeira gestão. "Sempre orientei minhas ações pela convicção sobre o valor da estabilidade econômica, da centralidade do controle da inflação e do imperativo da disciplina fiscal", disse. É difícil acreditar nisso quando se sabe que ela era a verdadeira responsável pela política que produziu deficits sucessivos nos últimos quatro anos. A situação se deteriorou tanto que agora a presidente se viu obrigada a entregar a Fazenda a um economista identificado com a oposição. Dilma recorreu ao malabarismo para defender o primeiro pacote de cortes, que tirará dinheiro dos trabalhadores para tapar o rombo no Tesouro. A redução de benefícios, que ela tanto criticava na campanha, virou mera "correção de distorções" e de "eventuais excessos". Se os problemas eram tão simples, seria interessante saber por que seu partido levou 12 anos para descobri-los. Por fim, a presidente indicou que não conhece ou não quer reconhecer a extensão do esquema que pilhava os cofres da Petrobras. Tratou os desfalques milionários na estatal como obra de "alguns servidores que não souberam honrá-la", como se o escândalo não envolvesse altos dirigentes da empresa e políticos dos maiores partidos que a apoiam. Reconhecer os erros do primeiro mandato seria uma fórmula mais indicada para quem precisa tanto de confiança ao iniciar o segundo.
10
O balão do PMDB murchou
BRASÍLIA - Até outro dia, um pesadelo perturbava o sono da presidente Dilma Rousseff. Em 15 de novembro, o PMDB faria um grande congresso para proclamar o rompimento com o governo e o apoio à abertura de um processo de impeachment. O roteiro, traçado por aliados do vice Michel Temer, tem pouco a ver com o que acontecerá nesta terça em Brasília. O evento não cairá no feriado nacional, não será um congresso e não marcará uma ruptura. No que depender de alguns peemedebistas, não será nem grande. O diretório do Rio, por exemplo, adotou a tática do boicote. O governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o deputado Leonardo Picciani, líder do partido na Câmara, não vão dar as caras. Os três defendem a permanência de Dilma. O deputado Eduardo Cunha deve aparecer, embora a cúpula do PMDB preferisse o contrário. Para Temer, uma foto ao lado do vendedor de carne moída não será exatamente um reforço na imagem. O congresso do PMDB foi esvaziado porque o balão do impeachment, inflado por Cunha, murchou junto com o deputado. Sem a perspectiva de um governo Temer, restou ao partido promover um encontro da Fundação Ulysses Guimarães. "Se fosse um congresso, ia ter pauleira. Como virou um encontro da fundação, não vamos decidir nada. A ideia é discutir um programa para o país", diz o senador Romero Jucá. A ameaça de rompimento também perdeu força porque o PMDB aproveitou a crise para exigir o de sempre: mais cargos e ministérios. A ala oposicionista do partido reconhece que o plano do impeachment ficou distante. Mesmo assim, há quem aposte no discurso que o vice fará hoje para provocar mais alguma turbulência para Dilma. "Toda vez que o Temer fala, cria uma crise danada com os petistas. Se ele discursa é porque está conspirando, e se fica calado é porque quer dar golpe", diverte-se o ex-ministro Geddel Vieira Lima.
colunas
O balão do PMDB murchouBRASÍLIA - Até outro dia, um pesadelo perturbava o sono da presidente Dilma Rousseff. Em 15 de novembro, o PMDB faria um grande congresso para proclamar o rompimento com o governo e o apoio à abertura de um processo de impeachment. O roteiro, traçado por aliados do vice Michel Temer, tem pouco a ver com o que acontecerá nesta terça em Brasília. O evento não cairá no feriado nacional, não será um congresso e não marcará uma ruptura. No que depender de alguns peemedebistas, não será nem grande. O diretório do Rio, por exemplo, adotou a tática do boicote. O governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o deputado Leonardo Picciani, líder do partido na Câmara, não vão dar as caras. Os três defendem a permanência de Dilma. O deputado Eduardo Cunha deve aparecer, embora a cúpula do PMDB preferisse o contrário. Para Temer, uma foto ao lado do vendedor de carne moída não será exatamente um reforço na imagem. O congresso do PMDB foi esvaziado porque o balão do impeachment, inflado por Cunha, murchou junto com o deputado. Sem a perspectiva de um governo Temer, restou ao partido promover um encontro da Fundação Ulysses Guimarães. "Se fosse um congresso, ia ter pauleira. Como virou um encontro da fundação, não vamos decidir nada. A ideia é discutir um programa para o país", diz o senador Romero Jucá. A ameaça de rompimento também perdeu força porque o PMDB aproveitou a crise para exigir o de sempre: mais cargos e ministérios. A ala oposicionista do partido reconhece que o plano do impeachment ficou distante. Mesmo assim, há quem aposte no discurso que o vice fará hoje para provocar mais alguma turbulência para Dilma. "Toda vez que o Temer fala, cria uma crise danada com os petistas. Se ele discursa é porque está conspirando, e se fica calado é porque quer dar golpe", diverte-se o ex-ministro Geddel Vieira Lima.
10
Mortes: Seu Tuto, um comerciante famoso por suas Kombis
O apelido Tuto foi dado pelo pai, quando Afonso Gasparini Filho ainda era pequeno. Os chamamentos carinhosos eram comuns na família, muitas vezes relacionados ao jeito de cada um. No caso de Tuto, lembrava sua disposição. Estava sempre ajudando, fazendo de tudo. Por isso, a referência à palavra italiana tutto, que significa tudo. Começou a trabalhar aos dez anos, no açougue do pai, em Vinhedo, interior paulista, onde permaneceu por 25 anos. Nesse período, terminou o colégio, comprou sua primeira Kombi, conheceu Inês. Abriu seu próprio negócio em 1975, na avenida Dois de Abril. Era conhecido apenas como "mercado do Tuto" e tinha produtos dificilmente achados na cidade, como cadarço e fluído para isqueiro. O jeito brincalhão e conversador de seu Tuto atraia as pessoas ao mercado, nem que fosse só pra bater papo. Ao contrário de como era em casa: mais sério, exigente. A fama de pão-duro era conhecida por todos. Os filhos armavam estratégias para conseguir amolecê-lo e conseguir pegar doces no mercado da família. Havia até uma especulação sobre seus chinelos de dedo, usados mesmo no frio. Seriam eles escolhidos por serem mais barato do que os sapatos fechados? Pelas ruas, estava sempre acompanhado de suas Kombis. Teve três ao todo. A última acabou sendo a mais marcante, talvez pela hérnia que provocou em Tuto, resultado do esforço de empurrá-la. Tuto perdeu a disposição só depois do câncer, que o levou em 6 de agosto de 2011. A missa de cinco anos será às 18h deste sábado (6), na Paróquia São Sebastião, em Vinhedo. [email protected] - Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas
cotidiano
Mortes: Seu Tuto, um comerciante famoso por suas KombisO apelido Tuto foi dado pelo pai, quando Afonso Gasparini Filho ainda era pequeno. Os chamamentos carinhosos eram comuns na família, muitas vezes relacionados ao jeito de cada um. No caso de Tuto, lembrava sua disposição. Estava sempre ajudando, fazendo de tudo. Por isso, a referência à palavra italiana tutto, que significa tudo. Começou a trabalhar aos dez anos, no açougue do pai, em Vinhedo, interior paulista, onde permaneceu por 25 anos. Nesse período, terminou o colégio, comprou sua primeira Kombi, conheceu Inês. Abriu seu próprio negócio em 1975, na avenida Dois de Abril. Era conhecido apenas como "mercado do Tuto" e tinha produtos dificilmente achados na cidade, como cadarço e fluído para isqueiro. O jeito brincalhão e conversador de seu Tuto atraia as pessoas ao mercado, nem que fosse só pra bater papo. Ao contrário de como era em casa: mais sério, exigente. A fama de pão-duro era conhecida por todos. Os filhos armavam estratégias para conseguir amolecê-lo e conseguir pegar doces no mercado da família. Havia até uma especulação sobre seus chinelos de dedo, usados mesmo no frio. Seriam eles escolhidos por serem mais barato do que os sapatos fechados? Pelas ruas, estava sempre acompanhado de suas Kombis. Teve três ao todo. A última acabou sendo a mais marcante, talvez pela hérnia que provocou em Tuto, resultado do esforço de empurrá-la. Tuto perdeu a disposição só depois do câncer, que o levou em 6 de agosto de 2011. A missa de cinco anos será às 18h deste sábado (6), na Paróquia São Sebastião, em Vinhedo. [email protected] - Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas
6
Antropóloga Lilia Moritz Schwarcz será curadora-adjunta do Masp
Historiadora e antropóloga conhecida por sua vasta obra sobre história brasileira e por recentes incursões de peso no campo das artes visuais, Lilia Moritz Schwarcz é a mais nova curadora-adjunta do Masp. Ela passa a integrar a equipe dirigida por Adriano Pedrosa, diretor artístico do museu, para liderar exposições e projetos ligados à ideia de narrativas sobre identidade, memória e expressões culturais. Moritz Schwarcz já havia trabalhado com Pedrosa na mostra "Histórias Mestiças", um amplo compêndio realizado no ano passado no Instituto Tomie Ohtake sobre representações de raça na história da arte do país desde a época colonial aos dias atuais. Ela também esteve à frente de uma individual de Adriana Varejão, tendo escrito um livro sobre a artista, e organiza agora uma exposição de Nelson Leirner, que começa na semana que vem na galeria Vermelho, em São Paulo. Suas pesquisas em vários aspectos tangenciam os interesses do diretor artístico do Masp, que vem estudando assuntos como canibalismo, histórias marginais e narrativas entre o ficcional e o histórico desde os anos 1990. No Masp, Moritz Schwarcz deverá desenvolver projetos sobre histórias ameríndias, histórias da escravidão, da colonização, da sexualidade, do Carnaval e da loucura. Em outubro, ela organiza um seminário sobre histórias da infância, sua primeira ação no museu. Moritz Schwarcz também é professora de antropologia na Universidade de São Paulo e já lecionou em universidades de prestígio no mundo, como Oxford, Brown, Columbia e Princeton. Entre os livros que escreveu, estão "As Barbas do Imperador", vencedor do Jabuti, e "Brasil: Uma Biografia", seu volume mais recente.
ilustrada
Antropóloga Lilia Moritz Schwarcz será curadora-adjunta do MaspHistoriadora e antropóloga conhecida por sua vasta obra sobre história brasileira e por recentes incursões de peso no campo das artes visuais, Lilia Moritz Schwarcz é a mais nova curadora-adjunta do Masp. Ela passa a integrar a equipe dirigida por Adriano Pedrosa, diretor artístico do museu, para liderar exposições e projetos ligados à ideia de narrativas sobre identidade, memória e expressões culturais. Moritz Schwarcz já havia trabalhado com Pedrosa na mostra "Histórias Mestiças", um amplo compêndio realizado no ano passado no Instituto Tomie Ohtake sobre representações de raça na história da arte do país desde a época colonial aos dias atuais. Ela também esteve à frente de uma individual de Adriana Varejão, tendo escrito um livro sobre a artista, e organiza agora uma exposição de Nelson Leirner, que começa na semana que vem na galeria Vermelho, em São Paulo. Suas pesquisas em vários aspectos tangenciam os interesses do diretor artístico do Masp, que vem estudando assuntos como canibalismo, histórias marginais e narrativas entre o ficcional e o histórico desde os anos 1990. No Masp, Moritz Schwarcz deverá desenvolver projetos sobre histórias ameríndias, histórias da escravidão, da colonização, da sexualidade, do Carnaval e da loucura. Em outubro, ela organiza um seminário sobre histórias da infância, sua primeira ação no museu. Moritz Schwarcz também é professora de antropologia na Universidade de São Paulo e já lecionou em universidades de prestígio no mundo, como Oxford, Brown, Columbia e Princeton. Entre os livros que escreveu, estão "As Barbas do Imperador", vencedor do Jabuti, e "Brasil: Uma Biografia", seu volume mais recente.
1
Como as repúblicas acabam
Muitas pessoas estão reagindo à ascensão do trumpismo e dos movimentos nativistas na Europa lendo História —especificamente, a história dos anos 30. E estão certas ao fazê-lo. É preciso fechar os olhos deliberadamente para não ver os paralelos entre a ascensão do fascismo e nosso atual pesadelo político. Mas os anos 30 não são a única era com lições a nos ensinar. Recentemente, venho lendo muito sobre o mundo antigo. Inicialmente, preciso admitir, o motivo era entretenimento, e buscar refúgio contra as notícias que pioram a cada dia que passa. Mas não consegui deixar de perceber a ressonância contemporânea de algumas porções da história romana —especificamente, a história de como caiu a república romana. E eis o que aprendi: instituições republicanas não oferecem proteção contra a tirania quando pessoas poderosas começam a desafiar as normas políticas. E a tirania, quando surge, pode florescer e ao mesmo tempo manter uma fachada republicana. Quanto ao primeiro ponto, a política romana envolvia feroz competição entre homens ambiciosos. Mas por séculos, essa competição foi restringida por regras aparentemente invioláveis. Eis o que Adrian Goldsworthy tem a dizer sobre isso em "In the Name of Rome": "Por mais importante que fosse para um indivíduo conquistar fama e elevar sua reputação e a de sua família, isso deveria sempre ficar subordinado ao bem da república... nenhum político romano decepcionado recorreu ao auxílio de uma potência estrangeira". Os Estados Unidos costumavam ser assim, com senadores proeminentes declarando que "a luta política para quando chega à costa". Mas agora temos um presidente eleito que solicita abertamente à Rússia ajuda para difamar sua oponente, e todas as indicações são de que o partido dele estava informado a respeito e não viu problema nisso. (Uma nova pesquisa de opinião pública mostra que a aprovação dos republicanos a Vladimir Putin cresceu fortemente ainda que —ou mais provavelmente porque— a intervenção russa tenha desempenhado papel importante na eleição presidencial norte-americana.) Vencer a disputa política interna é tudo que importa, e que o bem da república se dane. E o que acontece à república, como resultado? É notório que, no papel, a transformação da república romana em império jamais aconteceu. Oficialmente, o Império Romano continuava a ser governado por um Senado que por coincidência atendia aos desejos do imperador, um título que originalmente significava apenas "comandante", quanto a todos os assuntos importantes. Podemos não seguir exatamente a mesma rota —se bem que nada o garanta—, mas o processo de destruir a substância da democracia e preservar suas formas já está em curso. Considere o que acaba de acontecer na Carolina do Norte. Os eleitores fizeram uma escolha clara, elegendo um democrata como governador. O Legislativo, controlado pelos republicanos, não rejeitou abertamente o resultado - não desta vez pelo menos - mas efetivamente privou o governador de seus poderes, garantindo que a vontade dos eleitores na prática não importe. Combine esse tipo de coisa aos esforços continuados para privar os eleitores minoritários de seus direitos de voto, ou ao menos desencorajá-los, e surge o potencial de um Estado de partido único - que manteria a ficção da democracia mas manipularia o jogo de forma a jamais permitir que o outro lado vença. Por que isso está acontecendo? Não estou perguntando por que os eleitores brancos de classe trabalhadora apoiam políticos cujas decisões os prejudicarão —voltarei a esse assunto em futuras colunas. Minha questão, em lugar disso, é por que as autoridades e os políticos de um partido deixaram de se incomodar com coisas que antigamente eram valores essenciais dos Estados Unidos. E sejamos claros: essa é uma questão exclusivamente republicana, e não algo que "os dois lados fazem". Assim, o que conduz essa história?: Não acredito que seja verdadeiramente uma questão ideológica. Políticos que supostamente defendem o livre mercado já estão descobrindo que o capitalismo de compadres é bacana, desde que envolva os compadres certos. Tem a ver com guerra de classe —redistribuição de renda dos pobres e da classe média para os ricos é um tema constante em todas as políticas republicanas modernas. Mas o que propele diretamente o ataque contra a democracia, eu diria, é o simples carreirismo de parte de pessoas que são dirigentes partidários dentro de um sistema isolado contra pressões externas por distritos eleitorais definidos de maneira manipulativa, por lealdade partidária inabalável, e pelo apoio financeiro de muitos e muitos plutocratas. Para pessoas como essas, manter a situação atual e defender a linha do partido é tudo que importa. E se elas às vezes parecem consumidas pela raiva diante de qualquer pessoa que desafie suas ações, bem, é assim que os paus mandados reagem quando questionados sobre suas ações. Uma coisa que isso tudo deixa claro é que a doença da política dos Estados Unidos não começou com Donald Trump, da mesma forma que a doença da república romana não começou com Júlio César. A erosão das fundações democráticas já estava em curso há décadas, e não existe garantia de que elas venham a se recuperar. Mas se existe qualquer esperança de redenção, ela terá de começar pelo reconhecimento claro de o quanto as coisas vão mal. A democracia dos Estados Unidos está claramente à beira do precipício. Tradução de PAULO MIGLIACCI
colunas
Como as repúblicas acabamMuitas pessoas estão reagindo à ascensão do trumpismo e dos movimentos nativistas na Europa lendo História —especificamente, a história dos anos 30. E estão certas ao fazê-lo. É preciso fechar os olhos deliberadamente para não ver os paralelos entre a ascensão do fascismo e nosso atual pesadelo político. Mas os anos 30 não são a única era com lições a nos ensinar. Recentemente, venho lendo muito sobre o mundo antigo. Inicialmente, preciso admitir, o motivo era entretenimento, e buscar refúgio contra as notícias que pioram a cada dia que passa. Mas não consegui deixar de perceber a ressonância contemporânea de algumas porções da história romana —especificamente, a história de como caiu a república romana. E eis o que aprendi: instituições republicanas não oferecem proteção contra a tirania quando pessoas poderosas começam a desafiar as normas políticas. E a tirania, quando surge, pode florescer e ao mesmo tempo manter uma fachada republicana. Quanto ao primeiro ponto, a política romana envolvia feroz competição entre homens ambiciosos. Mas por séculos, essa competição foi restringida por regras aparentemente invioláveis. Eis o que Adrian Goldsworthy tem a dizer sobre isso em "In the Name of Rome": "Por mais importante que fosse para um indivíduo conquistar fama e elevar sua reputação e a de sua família, isso deveria sempre ficar subordinado ao bem da república... nenhum político romano decepcionado recorreu ao auxílio de uma potência estrangeira". Os Estados Unidos costumavam ser assim, com senadores proeminentes declarando que "a luta política para quando chega à costa". Mas agora temos um presidente eleito que solicita abertamente à Rússia ajuda para difamar sua oponente, e todas as indicações são de que o partido dele estava informado a respeito e não viu problema nisso. (Uma nova pesquisa de opinião pública mostra que a aprovação dos republicanos a Vladimir Putin cresceu fortemente ainda que —ou mais provavelmente porque— a intervenção russa tenha desempenhado papel importante na eleição presidencial norte-americana.) Vencer a disputa política interna é tudo que importa, e que o bem da república se dane. E o que acontece à república, como resultado? É notório que, no papel, a transformação da república romana em império jamais aconteceu. Oficialmente, o Império Romano continuava a ser governado por um Senado que por coincidência atendia aos desejos do imperador, um título que originalmente significava apenas "comandante", quanto a todos os assuntos importantes. Podemos não seguir exatamente a mesma rota —se bem que nada o garanta—, mas o processo de destruir a substância da democracia e preservar suas formas já está em curso. Considere o que acaba de acontecer na Carolina do Norte. Os eleitores fizeram uma escolha clara, elegendo um democrata como governador. O Legislativo, controlado pelos republicanos, não rejeitou abertamente o resultado - não desta vez pelo menos - mas efetivamente privou o governador de seus poderes, garantindo que a vontade dos eleitores na prática não importe. Combine esse tipo de coisa aos esforços continuados para privar os eleitores minoritários de seus direitos de voto, ou ao menos desencorajá-los, e surge o potencial de um Estado de partido único - que manteria a ficção da democracia mas manipularia o jogo de forma a jamais permitir que o outro lado vença. Por que isso está acontecendo? Não estou perguntando por que os eleitores brancos de classe trabalhadora apoiam políticos cujas decisões os prejudicarão —voltarei a esse assunto em futuras colunas. Minha questão, em lugar disso, é por que as autoridades e os políticos de um partido deixaram de se incomodar com coisas que antigamente eram valores essenciais dos Estados Unidos. E sejamos claros: essa é uma questão exclusivamente republicana, e não algo que "os dois lados fazem". Assim, o que conduz essa história?: Não acredito que seja verdadeiramente uma questão ideológica. Políticos que supostamente defendem o livre mercado já estão descobrindo que o capitalismo de compadres é bacana, desde que envolva os compadres certos. Tem a ver com guerra de classe —redistribuição de renda dos pobres e da classe média para os ricos é um tema constante em todas as políticas republicanas modernas. Mas o que propele diretamente o ataque contra a democracia, eu diria, é o simples carreirismo de parte de pessoas que são dirigentes partidários dentro de um sistema isolado contra pressões externas por distritos eleitorais definidos de maneira manipulativa, por lealdade partidária inabalável, e pelo apoio financeiro de muitos e muitos plutocratas. Para pessoas como essas, manter a situação atual e defender a linha do partido é tudo que importa. E se elas às vezes parecem consumidas pela raiva diante de qualquer pessoa que desafie suas ações, bem, é assim que os paus mandados reagem quando questionados sobre suas ações. Uma coisa que isso tudo deixa claro é que a doença da política dos Estados Unidos não começou com Donald Trump, da mesma forma que a doença da república romana não começou com Júlio César. A erosão das fundações democráticas já estava em curso há décadas, e não existe garantia de que elas venham a se recuperar. Mas se existe qualquer esperança de redenção, ela terá de começar pelo reconhecimento claro de o quanto as coisas vão mal. A democracia dos Estados Unidos está claramente à beira do precipício. Tradução de PAULO MIGLIACCI
10
Carne de tartaruga e bolacha holandesa fazem sucesso no Fartura
No segundo dia do Festival Fartura, o público pôde provar uma iguaria pouco comum no Sudeste: a carne de tartaruga. Picado na ponta da faca, o peito do animal foi servido com farofa. A receita é da cozinheira Solange Sussuarana, 63, que comanda o restaurante Café Aymoré, em Macapá (AP). A palestra da chef despertou a curiosidade do público. Quem não conseguiu lugar na plateia, com 40 lugares, observou do lado de fora a preparação da receita. "Fiquei interessada porque é uma carne muito exótica. É uma pena que não vou conseguir experimentar daqui", diz a médica Claudini Cerqueira, 33. Na plateia, um dos mais interessados era Eduardo Prado, 14, ex-participante do programa Master Chef Junior. Ele subiu ao palco duas vezes para fazer perguntas sobre o preparo e olhar o cozimento da carne na panela. "O sabor da tartaruga é único, nunca comi nada igual", afirma o menino. "Achei gostoso e muito bem temperado." Eduardo conta que vai tentar reproduzir a receita em casa. Até pegou o cartão de Solange para esclarecer as dúvidas por e-mail. Se não conseguir encontrar a carne de tartaruga em São Paulo, diz que vai encomendá-la ao mesmo fornecedor da chef, que fica em Goiás. "A receptividade superou as minhas expectativas", diz Solange. "Como a tartaruga é um animal de estimação, fiquei com medo de que as pessoas não gostassem." Para ela, estar no Fartura é uma oportunidade de divulgar a cultura da sua região. "É maravilhoso quando a gente vem de um lugar tão distante e está no mesmo nível de profissionais que já têm um nome consolidado." BOLACHA HOLANDESA Uma bolachinha de waffle recheada de caramelo saiu das ruas da Holanda e veio direto para as tendas do Festival Fartura. É o carro-chefe das bolachas Jonker, feitas em Palmeira, no Paraná, pela família de Henrique Jonker, que vendeu cerca de mil pacotinhos desse e de outros doces. A produção dos Jonker começou ha 40 anos e segue as receitas do pai, um padeiro formado na Holanda que resolveu trocar a Europa pelo Brasil no período que se seguiu à 2ª Guerra Mundial. A receita do waffle recheado é, porém, mais recente e fruto de viagens de pesquisa que Henrique fez à terra do pai. "Fui duas vezes para lá até acertar a receita. É igualzinha à servida em feiras de rua da Holanda", diz
comida
Carne de tartaruga e bolacha holandesa fazem sucesso no FarturaNo segundo dia do Festival Fartura, o público pôde provar uma iguaria pouco comum no Sudeste: a carne de tartaruga. Picado na ponta da faca, o peito do animal foi servido com farofa. A receita é da cozinheira Solange Sussuarana, 63, que comanda o restaurante Café Aymoré, em Macapá (AP). A palestra da chef despertou a curiosidade do público. Quem não conseguiu lugar na plateia, com 40 lugares, observou do lado de fora a preparação da receita. "Fiquei interessada porque é uma carne muito exótica. É uma pena que não vou conseguir experimentar daqui", diz a médica Claudini Cerqueira, 33. Na plateia, um dos mais interessados era Eduardo Prado, 14, ex-participante do programa Master Chef Junior. Ele subiu ao palco duas vezes para fazer perguntas sobre o preparo e olhar o cozimento da carne na panela. "O sabor da tartaruga é único, nunca comi nada igual", afirma o menino. "Achei gostoso e muito bem temperado." Eduardo conta que vai tentar reproduzir a receita em casa. Até pegou o cartão de Solange para esclarecer as dúvidas por e-mail. Se não conseguir encontrar a carne de tartaruga em São Paulo, diz que vai encomendá-la ao mesmo fornecedor da chef, que fica em Goiás. "A receptividade superou as minhas expectativas", diz Solange. "Como a tartaruga é um animal de estimação, fiquei com medo de que as pessoas não gostassem." Para ela, estar no Fartura é uma oportunidade de divulgar a cultura da sua região. "É maravilhoso quando a gente vem de um lugar tão distante e está no mesmo nível de profissionais que já têm um nome consolidado." BOLACHA HOLANDESA Uma bolachinha de waffle recheada de caramelo saiu das ruas da Holanda e veio direto para as tendas do Festival Fartura. É o carro-chefe das bolachas Jonker, feitas em Palmeira, no Paraná, pela família de Henrique Jonker, que vendeu cerca de mil pacotinhos desse e de outros doces. A produção dos Jonker começou ha 40 anos e segue as receitas do pai, um padeiro formado na Holanda que resolveu trocar a Europa pelo Brasil no período que se seguiu à 2ª Guerra Mundial. A receita do waffle recheado é, porém, mais recente e fruto de viagens de pesquisa que Henrique fez à terra do pai. "Fui duas vezes para lá até acertar a receita. É igualzinha à servida em feiras de rua da Holanda", diz
26
Para professor da FGV, falta de capital causa atraso na inovação nacional
Ao menos em produtos digitais para o consumidor final, o Brasil ainda fica devendo inovação, de acordo com Marcelo Coutinho, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas. Os principais casos de sucesso conhecidos ainda são exceções. Isso se deve ao grande gargalo que qualquer outro empreendedor enfrenta: falta capital. Segundo Coutinho, boa parte dos negócios digitais brasileiros faz apenas a adaptação local de negócios globais. A boa notícia, diz, é que universidades e mercado estão mais próximos. * Folha - Qual o cenário atual das empresas de tecnologia no país? Marcelo Coutinho - O Brasil é um país periférico na tecnologia e vai continuar assim por um bom tempo. A área de inovação digital sofre das mesmas dificuldades que o empreendedorismo em geral: o país é pouco amigo da inovação, desde a baixa disponibilidade de capital até a dificuldade de integrar a pesquisa acadêmica com as necessidades do mercado. O que tem aparecido de específico e que chama a atenção é principalmente o surgimento de empresas de inovação no setor financeiro. Isso não é surpresa, pois os bancos brasileiros estão na vanguarda da tecnologia desde que tiveram de lidar com a inflação altíssima dos anos 80. O grande burburinho acontece hoje na área de "fintech". Dada a forma de inserção do Brasil na economia mundial, é mais fácil que profissionais brasileiros ganhem importância global a partir de grandes empresas, como foi o caso do Hugo Barra [ex-vice-presidente do Android, no Google, e vice-presidente da Oculus, empresa de realidade virtual no Vale do Silício]. O sistema de inovação brasileiro não tem musculatura e disponibilidade de capital para crescer como se gostaria. Como estão as parcerias entre universidades e empresas para gerar inovação? O ambiente está mudando; já foi bem pior no Brasil. Havia desconfiança das universidades em relação às empresas e vice-versa. Esse panorama está se alterando, mas muitos pesquisadores de ponta acabam indo embora. Na Europa e no Vale do Silício, eles encontram ambientes muito mais propícios para desenvolvimento e inovação. Inovação não é algo que venha do zero, é um processo. É muito mais arriscado inovar do que continuar fazendo o que se faz, pois há baixa disponibilidade de capital. Então, o ambiente se caracteriza mais pelas exceções. Nossa tendência é de ter empresas de pequeno e médio porte que inovam para nacionalizar processos que já ocorrem lá fora. O sonho do inovador brasileiro é ser comprado por alguém no exterior. O paradigma no Brasil é o Buscapé [site de comparação de preços criado em 1999 e vendido para o grupo sul-africano Naspers dez anos depois]. Entre as start-ups brasileiras, há alguma que se destaque? Temos o caso do 99 Táxis, aplicativo criado no Brasil e que conseguiu ir para fora. Fora isso, não há um aplicativo global surgido no Brasil. Isso não é ruim. Em vez de criar inovações disruptivas, os brasileiros geram inovações incrementais, que se encaixam em processos existentes. O "Wall Street Journal" diz que o Brasil é a capital de mídias sociais do universo. É natural que as empresas vejam isso como um diferencial, já que o sistema de inovação não é muito amigável. Esse uso intenso, que já está bem documentado, é uma vantagem competitiva e gera espaço para a criação de produtos. Que tipo de empresas digitais seus alunos buscam criar? Converso muito com alunos que buscam fazer algo na área de marketing. Há uns dois anos, as ideias sempre são de aplicativos para mobile, com o uso das redes sociais. Há outras ideias de aplicativos de serviços e algo para finanças. Alguns alunos já têm projetos andando, com dois ou três clientes, mas nenhum decolou até agora.
mercado
Para professor da FGV, falta de capital causa atraso na inovação nacionalAo menos em produtos digitais para o consumidor final, o Brasil ainda fica devendo inovação, de acordo com Marcelo Coutinho, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas. Os principais casos de sucesso conhecidos ainda são exceções. Isso se deve ao grande gargalo que qualquer outro empreendedor enfrenta: falta capital. Segundo Coutinho, boa parte dos negócios digitais brasileiros faz apenas a adaptação local de negócios globais. A boa notícia, diz, é que universidades e mercado estão mais próximos. * Folha - Qual o cenário atual das empresas de tecnologia no país? Marcelo Coutinho - O Brasil é um país periférico na tecnologia e vai continuar assim por um bom tempo. A área de inovação digital sofre das mesmas dificuldades que o empreendedorismo em geral: o país é pouco amigo da inovação, desde a baixa disponibilidade de capital até a dificuldade de integrar a pesquisa acadêmica com as necessidades do mercado. O que tem aparecido de específico e que chama a atenção é principalmente o surgimento de empresas de inovação no setor financeiro. Isso não é surpresa, pois os bancos brasileiros estão na vanguarda da tecnologia desde que tiveram de lidar com a inflação altíssima dos anos 80. O grande burburinho acontece hoje na área de "fintech". Dada a forma de inserção do Brasil na economia mundial, é mais fácil que profissionais brasileiros ganhem importância global a partir de grandes empresas, como foi o caso do Hugo Barra [ex-vice-presidente do Android, no Google, e vice-presidente da Oculus, empresa de realidade virtual no Vale do Silício]. O sistema de inovação brasileiro não tem musculatura e disponibilidade de capital para crescer como se gostaria. Como estão as parcerias entre universidades e empresas para gerar inovação? O ambiente está mudando; já foi bem pior no Brasil. Havia desconfiança das universidades em relação às empresas e vice-versa. Esse panorama está se alterando, mas muitos pesquisadores de ponta acabam indo embora. Na Europa e no Vale do Silício, eles encontram ambientes muito mais propícios para desenvolvimento e inovação. Inovação não é algo que venha do zero, é um processo. É muito mais arriscado inovar do que continuar fazendo o que se faz, pois há baixa disponibilidade de capital. Então, o ambiente se caracteriza mais pelas exceções. Nossa tendência é de ter empresas de pequeno e médio porte que inovam para nacionalizar processos que já ocorrem lá fora. O sonho do inovador brasileiro é ser comprado por alguém no exterior. O paradigma no Brasil é o Buscapé [site de comparação de preços criado em 1999 e vendido para o grupo sul-africano Naspers dez anos depois]. Entre as start-ups brasileiras, há alguma que se destaque? Temos o caso do 99 Táxis, aplicativo criado no Brasil e que conseguiu ir para fora. Fora isso, não há um aplicativo global surgido no Brasil. Isso não é ruim. Em vez de criar inovações disruptivas, os brasileiros geram inovações incrementais, que se encaixam em processos existentes. O "Wall Street Journal" diz que o Brasil é a capital de mídias sociais do universo. É natural que as empresas vejam isso como um diferencial, já que o sistema de inovação não é muito amigável. Esse uso intenso, que já está bem documentado, é uma vantagem competitiva e gera espaço para a criação de produtos. Que tipo de empresas digitais seus alunos buscam criar? Converso muito com alunos que buscam fazer algo na área de marketing. Há uns dois anos, as ideias sempre são de aplicativos para mobile, com o uso das redes sociais. Há outras ideias de aplicativos de serviços e algo para finanças. Alguns alunos já têm projetos andando, com dois ou três clientes, mas nenhum decolou até agora.
2
Parecer do Banco Central conclui por multa de R$ 1 milhão a Eduardo Cunha
A Procuradoria Geral do Banco Central informou, em ofício enviado ao Conselho de Ética na última semana, que concluiu por uma punição de R$ 1 milhão ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por não ter declarado ao órgão a existência de contas e recursos no exterior. Cabe ainda, porém, aval de uma segunda instância do BC, que vai analisar um processo punitivo contra Cunha. A fundamentação da área jurídica do BC é que caberia uma multa de R$ 125 mil a Cunha por cada ano em que não houve a declaração. Como foram encontradas provas de que o peemedebista manteve recursos não-declarados no exterior de 2007 a 2014, ou seja, por oito anos, essa punição totalizaria R$ 1 milhão. No ofício, a Procuradoria Geral do BC diz ao Conselho de Ética que "sob a ótica estritamente jurídica" os documentos apontam que Cunha "teria cometido infrações às normas" da declaração de recursos no exterior. A Folha revelou neste sábado (9) que o BC enviou parecer técnico ao Conselho de Ética no qual conclui que ficou demonstrado que Cunha manteve recursos não declarados durante o período e rejeita a defesa do deputado, cujo argumento é que os recursos não precisariam ser declarados por estarem em nome de "trusts". Segundo o parecer, ficou "inapelavelmente caracterizado" o vínculo de Cunha com os recursos no exterior por ser o beneficiário dos "trusts" e por ter seu nome na constituição deles. As informações fazem parte do processo administrativo que tramita contra o peemedebista no BC, depois que o Ministério Público da Suíça revelou, em outubro, que o deputado mantinha quatro contas bancárias no exterior, ligadas diretamente a ele ou à sua família. A conclusão da área jurídica do Banco Central, porém, restringiu-se apenas a três dessas contas, porque a quarta está em nome da mulher dele, Cláudia Cruz. Com o fim do trâmite na Procuradoria Geral do BC, o processo contra Cunha foi enviado ao departamento responsável por processos punitivos, que o concluirá. Portanto, a sugestão pela punição de R$ 1 milhão ainda precisa ter o aval de uma segunda instância. OUTRO LADO O advogado Leonardo Pimentel Bueno, que defende Cunha junto ao BC, afirmou à Folha na noite de sexta-feira (8) que vai manter a argumentação de que os "trusts" não significam titularidade dos recursos e, por isso, não exigem declaração. Bueno diz que vai contestar o parecer da Procuradoria Geral do BC na próxima instância do processo administrativo, de responsabilidade de um órgão colegiado. Cunha tem negado todas as acusações da Operação Lava Jato. Sobre as contas, diz que não era o dono do dinheiro porque não tinha direito de utilizá-lo da forma que quisesse, cabendo ao "trust" a administração dos recursos.
poder
Parecer do Banco Central conclui por multa de R$ 1 milhão a Eduardo CunhaA Procuradoria Geral do Banco Central informou, em ofício enviado ao Conselho de Ética na última semana, que concluiu por uma punição de R$ 1 milhão ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por não ter declarado ao órgão a existência de contas e recursos no exterior. Cabe ainda, porém, aval de uma segunda instância do BC, que vai analisar um processo punitivo contra Cunha. A fundamentação da área jurídica do BC é que caberia uma multa de R$ 125 mil a Cunha por cada ano em que não houve a declaração. Como foram encontradas provas de que o peemedebista manteve recursos não-declarados no exterior de 2007 a 2014, ou seja, por oito anos, essa punição totalizaria R$ 1 milhão. No ofício, a Procuradoria Geral do BC diz ao Conselho de Ética que "sob a ótica estritamente jurídica" os documentos apontam que Cunha "teria cometido infrações às normas" da declaração de recursos no exterior. A Folha revelou neste sábado (9) que o BC enviou parecer técnico ao Conselho de Ética no qual conclui que ficou demonstrado que Cunha manteve recursos não declarados durante o período e rejeita a defesa do deputado, cujo argumento é que os recursos não precisariam ser declarados por estarem em nome de "trusts". Segundo o parecer, ficou "inapelavelmente caracterizado" o vínculo de Cunha com os recursos no exterior por ser o beneficiário dos "trusts" e por ter seu nome na constituição deles. As informações fazem parte do processo administrativo que tramita contra o peemedebista no BC, depois que o Ministério Público da Suíça revelou, em outubro, que o deputado mantinha quatro contas bancárias no exterior, ligadas diretamente a ele ou à sua família. A conclusão da área jurídica do Banco Central, porém, restringiu-se apenas a três dessas contas, porque a quarta está em nome da mulher dele, Cláudia Cruz. Com o fim do trâmite na Procuradoria Geral do BC, o processo contra Cunha foi enviado ao departamento responsável por processos punitivos, que o concluirá. Portanto, a sugestão pela punição de R$ 1 milhão ainda precisa ter o aval de uma segunda instância. OUTRO LADO O advogado Leonardo Pimentel Bueno, que defende Cunha junto ao BC, afirmou à Folha na noite de sexta-feira (8) que vai manter a argumentação de que os "trusts" não significam titularidade dos recursos e, por isso, não exigem declaração. Bueno diz que vai contestar o parecer da Procuradoria Geral do BC na próxima instância do processo administrativo, de responsabilidade de um órgão colegiado. Cunha tem negado todas as acusações da Operação Lava Jato. Sobre as contas, diz que não era o dono do dinheiro porque não tinha direito de utilizá-lo da forma que quisesse, cabendo ao "trust" a administração dos recursos.
0
Trump e Bush aparecem empatados na disputa pela Casa Branca
O empresário e celebridade Donald Trump, que ocupa o epicentro da corrida presidencial americana desde seus comentários contra os imigrantes mexicanos, aparece empatado na disputa pela candidatura republicana ao lado de Jeb Bush, ex-governador da Flórida e irmão do ex-presidente George W. Bush (2001-2009). Pesquisa realizada pela Reuters-Ipsos e divulgada neste sábado (11) mostra o bilionário Trump com 15,8% do apoio dos eleitores republicanos contra 16,1% de Bush, um empate técnico. Em terceiro lugar, aparece o governador de Nova Jersey Chris Christie, com 9,5% das intenções de voto. O senador do Kentucky Rand Paul tem 8,1%, o escritor Ben Carson, 7,2% e o governador do Wisconsin Scott Walker, 5,8%. Nos EUA, a disputa pela Casa Branca começa com as prévias partidárias, nas quais os interessados disputam, em eleição interna, a candidatura do partido à Presidência. Na disputa pela candidatura democrata à Presidência, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton continua à frente com o apoio de 48,3% dos eleitores que se identificam como democratas. O senador por Vermont Bernie Sanders aparece em segundo, com 22,9%, e o vice-presidente, Joe Biden, que não entrou oficialmente na corrida, tem 10,7% das intnções de voto. Várias empresas, incluindo o canal de TV NBC Universal, a loja de departamento Macy's, e a Nascar, cortaram laços com Trump desde que ele acusou o México de enviar estupradores e criminosos para os EUA, em um discurso em 16 de junho no qual anunciou sua pré-candidatura. Em 6 de julho, Trump aumentou a polêmica ao declarar que imigrantes ilegais oriundos do México trazem "doenças contagiosas". A controvérsia dominou a campanha republicana nas últimas semanas e ajudou a alavancar Trump ao empate com Bush na pesquisa Reuters-Ipsos. O discurso duro contra a imigração encontra amplo apoio entre os republicanos mais conservadores. A pesquisa Reuters/Ipsos ouviu 404 republicanos e 504 democratas entre os dias 6 e 10 de julho.
mundo
Trump e Bush aparecem empatados na disputa pela Casa BrancaO empresário e celebridade Donald Trump, que ocupa o epicentro da corrida presidencial americana desde seus comentários contra os imigrantes mexicanos, aparece empatado na disputa pela candidatura republicana ao lado de Jeb Bush, ex-governador da Flórida e irmão do ex-presidente George W. Bush (2001-2009). Pesquisa realizada pela Reuters-Ipsos e divulgada neste sábado (11) mostra o bilionário Trump com 15,8% do apoio dos eleitores republicanos contra 16,1% de Bush, um empate técnico. Em terceiro lugar, aparece o governador de Nova Jersey Chris Christie, com 9,5% das intenções de voto. O senador do Kentucky Rand Paul tem 8,1%, o escritor Ben Carson, 7,2% e o governador do Wisconsin Scott Walker, 5,8%. Nos EUA, a disputa pela Casa Branca começa com as prévias partidárias, nas quais os interessados disputam, em eleição interna, a candidatura do partido à Presidência. Na disputa pela candidatura democrata à Presidência, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton continua à frente com o apoio de 48,3% dos eleitores que se identificam como democratas. O senador por Vermont Bernie Sanders aparece em segundo, com 22,9%, e o vice-presidente, Joe Biden, que não entrou oficialmente na corrida, tem 10,7% das intnções de voto. Várias empresas, incluindo o canal de TV NBC Universal, a loja de departamento Macy's, e a Nascar, cortaram laços com Trump desde que ele acusou o México de enviar estupradores e criminosos para os EUA, em um discurso em 16 de junho no qual anunciou sua pré-candidatura. Em 6 de julho, Trump aumentou a polêmica ao declarar que imigrantes ilegais oriundos do México trazem "doenças contagiosas". A controvérsia dominou a campanha republicana nas últimas semanas e ajudou a alavancar Trump ao empate com Bush na pesquisa Reuters-Ipsos. O discurso duro contra a imigração encontra amplo apoio entre os republicanos mais conservadores. A pesquisa Reuters/Ipsos ouviu 404 republicanos e 504 democratas entre os dias 6 e 10 de julho.
3
Brasil tem 8 praias oficiais de nudismo; saiba onde ficam
No Brasil, há oito praias em que os banhistas podem dispensar a sunga ou o biquíni e curtir o mar como vieram ao mundo. Elas ficam na Paraíba, na Bahia, no Espírito Santo, no Rio Janeiro e em Santa Catarina Em qualquer outro ponto do litoral brasileiro, quem ficar pelado pode ser detido por ato obsceno. Confira quais são as praias em que o nudismo é permitido. * PRAIA DE TAMBABA, CONDE (PB) Com falésias de 20 metros de altura e mar calmo, foi a primeira praia do Nordeste liberada para o naturismo, em 1991. A roupa só é liberada em num pequeno trecho do lado esquerdo da praia. Na área destinada ao nudismo, é proibida a entrada de homens desacompanhados. PRAIA DE MASSARANDUPIÓ, ENTRE RIOS (BA) A cerca de 93 km de Salvador, é uma das praias de naturismo mais tradicionais do país. O mar calmo, com recifes que formam piscinas, é o destaque, que ainda inclui dunas. PRAIA DE BARRA SECA, LINHARES (ES) Oficializada naturista em 1999, Barra Seca permite aos frequentadores tomar banho de mar (um pouco bravo) ou de rio. A praia tem cerca de 10 km de extensão, mas área para o nudismo fica restrita a uma faixa de 200 metros. De Vitória, são 120 km pela BR-101 até Linhares, no norte do Estado, mais 50 km de asfalto numa planície repleta de fazendas de gado e outros 8 km de terra. PRAIA OLHO DE BOI, BÚZIOS (RJ) Com cerca de 50 metros de extensão, pode ser percorrida em menos de 15 minutos. O acesso se dá a partir de uma trilha de cerca de meia hora a partir da praia Brava, em Cabo Frio. Um mergulho nas águas cristalinas e calmas permite ver peixes, arraias e outras criaturas marinhas. PRAIA DO ABRICÓ, RIO (RJ) Localizada em Grumari, na zona oeste do Rio, é similar às vizinhas Prainha e Reserva, com águas verdes e areia fina. Para chegar lá de carro, da zona sul, leva-se cerca de uma hora. Nos fins de semana, o nudismo é obrigatório e, de segunda a sexta, opcional. PRAIA DO PINHO, BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) Primeira praia oficial de naturismo do país, reconhecida em 1986. Tem boa estrutura: estacionamento, bares, pousada e camping. O melhor jeito de chegar é de carro, a partir da rodovia Interpraias –cobra-se uma taxa de R$ 20. Para quem chega a pé, há um acesso público onde não é necessário pagar. PRAIA DA GALHETA, FLORIANÓPOLIS (SC) Aqui, a nudez é permitida desde 1997, mas não obrigatória. Por isso, a praia, que fica dentro de um parque municipal, também atrai surfistas. A faixa de areia extensa e larga permite privacidade. Para chegar, é preciso caminhar por uma trilha por cerca de 10 minutos, a partir da praia Mole. PRAIA DE PEDRAS ALTAS, PALHOÇA (SC) Nas duas pequenas enseadas, de pouco mais de 100 metros cada uma, o mar é calmo, com cara de piscina natural. Fica a 30 km de Florianópolis, pela BR-101, e tem clima bem família.
turismo
Brasil tem 8 praias oficiais de nudismo; saiba onde ficamNo Brasil, há oito praias em que os banhistas podem dispensar a sunga ou o biquíni e curtir o mar como vieram ao mundo. Elas ficam na Paraíba, na Bahia, no Espírito Santo, no Rio Janeiro e em Santa Catarina Em qualquer outro ponto do litoral brasileiro, quem ficar pelado pode ser detido por ato obsceno. Confira quais são as praias em que o nudismo é permitido. * PRAIA DE TAMBABA, CONDE (PB) Com falésias de 20 metros de altura e mar calmo, foi a primeira praia do Nordeste liberada para o naturismo, em 1991. A roupa só é liberada em num pequeno trecho do lado esquerdo da praia. Na área destinada ao nudismo, é proibida a entrada de homens desacompanhados. PRAIA DE MASSARANDUPIÓ, ENTRE RIOS (BA) A cerca de 93 km de Salvador, é uma das praias de naturismo mais tradicionais do país. O mar calmo, com recifes que formam piscinas, é o destaque, que ainda inclui dunas. PRAIA DE BARRA SECA, LINHARES (ES) Oficializada naturista em 1999, Barra Seca permite aos frequentadores tomar banho de mar (um pouco bravo) ou de rio. A praia tem cerca de 10 km de extensão, mas área para o nudismo fica restrita a uma faixa de 200 metros. De Vitória, são 120 km pela BR-101 até Linhares, no norte do Estado, mais 50 km de asfalto numa planície repleta de fazendas de gado e outros 8 km de terra. PRAIA OLHO DE BOI, BÚZIOS (RJ) Com cerca de 50 metros de extensão, pode ser percorrida em menos de 15 minutos. O acesso se dá a partir de uma trilha de cerca de meia hora a partir da praia Brava, em Cabo Frio. Um mergulho nas águas cristalinas e calmas permite ver peixes, arraias e outras criaturas marinhas. PRAIA DO ABRICÓ, RIO (RJ) Localizada em Grumari, na zona oeste do Rio, é similar às vizinhas Prainha e Reserva, com águas verdes e areia fina. Para chegar lá de carro, da zona sul, leva-se cerca de uma hora. Nos fins de semana, o nudismo é obrigatório e, de segunda a sexta, opcional. PRAIA DO PINHO, BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) Primeira praia oficial de naturismo do país, reconhecida em 1986. Tem boa estrutura: estacionamento, bares, pousada e camping. O melhor jeito de chegar é de carro, a partir da rodovia Interpraias –cobra-se uma taxa de R$ 20. Para quem chega a pé, há um acesso público onde não é necessário pagar. PRAIA DA GALHETA, FLORIANÓPOLIS (SC) Aqui, a nudez é permitida desde 1997, mas não obrigatória. Por isso, a praia, que fica dentro de um parque municipal, também atrai surfistas. A faixa de areia extensa e larga permite privacidade. Para chegar, é preciso caminhar por uma trilha por cerca de 10 minutos, a partir da praia Mole. PRAIA DE PEDRAS ALTAS, PALHOÇA (SC) Nas duas pequenas enseadas, de pouco mais de 100 metros cada uma, o mar é calmo, com cara de piscina natural. Fica a 30 km de Florianópolis, pela BR-101, e tem clima bem família.
20
Demitido por Aidar, CEO indicado por Abilio Diniz deve voltar ao São Paulo
Demitido do São Paulo após desentendimentos com o ex-presidente Carlos Miguel Aidar, Alexandre Bourgeois deve voltar ao São Paulo. Ele provavelmente reassumirá sua antiga função, CEO responsável pelo projeto de profissionalização do clube. Acusado por Aidar de vazar informações à imprensa, Bourgeois ficou três meses no cargo, e negou veementemente as acusações de Aidar, que chamou de "mentirosas." Ele se reunirá nesta segunda-feira (19) com representantes do São Paulo para discutir os detalhes de seu retorno. Segundo a Folha apurou, no início houve certa resistência interna ao retorno de Bourgeois, e por isso o presidente interino do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, relutou em reintegrá-lo. O conflito de Bourgeois e Aidar foi um momento decisivo na queda do ex-presidente do São Paulo. O futuro de Paulo Ricardo de Oliveira, ex-presidente da Penalty que entrou no lugar de Bourgeois, ainda é incerto.
esporte
Demitido por Aidar, CEO indicado por Abilio Diniz deve voltar ao São PauloDemitido do São Paulo após desentendimentos com o ex-presidente Carlos Miguel Aidar, Alexandre Bourgeois deve voltar ao São Paulo. Ele provavelmente reassumirá sua antiga função, CEO responsável pelo projeto de profissionalização do clube. Acusado por Aidar de vazar informações à imprensa, Bourgeois ficou três meses no cargo, e negou veementemente as acusações de Aidar, que chamou de "mentirosas." Ele se reunirá nesta segunda-feira (19) com representantes do São Paulo para discutir os detalhes de seu retorno. Segundo a Folha apurou, no início houve certa resistência interna ao retorno de Bourgeois, e por isso o presidente interino do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, relutou em reintegrá-lo. O conflito de Bourgeois e Aidar foi um momento decisivo na queda do ex-presidente do São Paulo. O futuro de Paulo Ricardo de Oliveira, ex-presidente da Penalty que entrou no lugar de Bourgeois, ainda é incerto.
4
Governo quer 'dar sangue novo' à exportação de gado vivo
O Ministério da Agricultura quer dar sangue novo às exportações de gado vivo, um setor que já foi responsável por receitas de até US$ 724 milhões, como ocorreu em 2014, mas, atualmente, anda em ritmo lento. As exportações de animais vivos somam apenas 86 mil cabeças nos cinco primeiros meses deste ano. Há dois anos, atingiam 372 mil cabeças no mesmo período. O ponto alto das exportações ocorreu nos anos de 2013 e 2014, quando as vendas médias somaram 670 mil animais por ano, com receitas anuais de US$ 703 milhões. A queda brusca se deve praticamente à saída de mercado da Venezuela nos dois últimos anos. Neste ano, os venezuelanos importaram apenas 8.000 animais, ante 308 mil em igual período de 2014. Enquanto a Venezuela não resolve seus problemas econômicos, a saída tem de ser mesmo pela busca de tradicionais importadores de gado em pé, como Jordânia, Egito, Líbano e Turquia. O Líbano chegou a importar 130 mil animais vivos do Brasil em 2013, enquanto a Turquia comprou 44 mil em 2012. Mas, se o Brasil tem a vantagem de um real mais fraco atualmente, para atingir esses mercados, o país encontra uma concorrência mais forte dos europeus. Uma das saídas, como espera o Ministério da Agricultura, é atingir os mercados asiáticos da China e do Vietnã. A logística de exportação, no entanto, não é tão favorável como as de indianos e australianos, próximos à região. A ampliação das exportações de gado em pé sempre gera uma controvérsia. Para uns, como argumentam os frigoríficos, o país troca as vendas de produtos de maior valor agregado por apenas matéria-prima. Para outros, no entanto, a saída do gado vivo dá ânimo aos preços do boi internamente em regiões especializadas em exportação. Há espaço para as duas atividades. O país já se tornou grande nas exportações de carne e pode suprir, também, parte do mercado externo com gado vivo. Se não o fizer, outros países vão ocupar esse espaço, o que não significa necessariamente aumento de exportação de carne. * CHINA SE DESTACA NA COMPRA DE CARNES DO BRASIL A China sempre foi vista como a parceira ideal para os produtores brasileiros de soja. Continua, mas a necessidade de comprar cada vez mais alimentos coloca agora o país em outro setor importante do Brasil: o de carnes. Os chineses podem se tornar, em curto prazo, parceiros importantes na compra de todos os tipos de proteína vendidos pelo Brasil: carnes bovina, de frango e suína. China e Hong Kong já são responsáveis por 36% do volume e das receitas das exportações de carne bovina do Brasil. Nos cinco primeiros meses deste ano, o país colocou 610 mil toneladas no mercado externo, 12% mais do que em igual período do ano passado. Essas vendas geraram receitas de US$ 2,3 bilhões, 1,4% mais, segundo dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne). Só Hong Kong e China —líder e segundo da lista das importações no Brasil— adquiriram 224 mil toneladas nos cinco primeiros meses deste ano. Com essas compras, deixaram US$ 822 milhões de receitas no país. A União Europeia é a terceira da lista, com compras de 48,5 mil toneladas, no valor de US$ 295 milhões. Mesmo comprando 32% menos, em volume, a União Europeia, que paga mais pela carne brasileira, gastou praticamente o equivalente ao valor gasto pela China. Para a Abiec, as compras da China têm ritmo ascendente. Com menos de um ano de reabertura desse mercado, o país já é o segundo da lista dos importadores. FRANGO A exportação total brasileira de carne de frango acumulou 1,85 milhão de toneladas nos cinco primeiros meses deste ano, 16% mais do que em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados são da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), que aponta receitas acumuladas no ano de US$ 2,7 bilhões, uma queda de 0,7%. Também nesse setor, a China se mostrou um dos grandes destaques do ano, com volumes de exportação superiores a 50 mil toneladas no mês passado. As vendas de carne suína "in natura" brasileira também crescem na Ásia, o que elevou o volume total exportado pelo Brasil no ano a 248 mil toneladas, 62% mais do que em igual período de 2015. NOTAS Café Após o salto nos preços na quarta-feira, influenciados pelo temor de problemas climáticos no Brasil, o café teve forte queda nesta quinta-feira (9). O primeiro contrato recuou para US$ 1,34 por libra-peso, 4,1% menos do que no pregão de quarta-feira. Grãos Já em Chicago, com a proximidade da divulgação de dados de oferta e demanda pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os grãos perderam força e tiveram queda de preços.
colunas
Governo quer 'dar sangue novo' à exportação de gado vivoO Ministério da Agricultura quer dar sangue novo às exportações de gado vivo, um setor que já foi responsável por receitas de até US$ 724 milhões, como ocorreu em 2014, mas, atualmente, anda em ritmo lento. As exportações de animais vivos somam apenas 86 mil cabeças nos cinco primeiros meses deste ano. Há dois anos, atingiam 372 mil cabeças no mesmo período. O ponto alto das exportações ocorreu nos anos de 2013 e 2014, quando as vendas médias somaram 670 mil animais por ano, com receitas anuais de US$ 703 milhões. A queda brusca se deve praticamente à saída de mercado da Venezuela nos dois últimos anos. Neste ano, os venezuelanos importaram apenas 8.000 animais, ante 308 mil em igual período de 2014. Enquanto a Venezuela não resolve seus problemas econômicos, a saída tem de ser mesmo pela busca de tradicionais importadores de gado em pé, como Jordânia, Egito, Líbano e Turquia. O Líbano chegou a importar 130 mil animais vivos do Brasil em 2013, enquanto a Turquia comprou 44 mil em 2012. Mas, se o Brasil tem a vantagem de um real mais fraco atualmente, para atingir esses mercados, o país encontra uma concorrência mais forte dos europeus. Uma das saídas, como espera o Ministério da Agricultura, é atingir os mercados asiáticos da China e do Vietnã. A logística de exportação, no entanto, não é tão favorável como as de indianos e australianos, próximos à região. A ampliação das exportações de gado em pé sempre gera uma controvérsia. Para uns, como argumentam os frigoríficos, o país troca as vendas de produtos de maior valor agregado por apenas matéria-prima. Para outros, no entanto, a saída do gado vivo dá ânimo aos preços do boi internamente em regiões especializadas em exportação. Há espaço para as duas atividades. O país já se tornou grande nas exportações de carne e pode suprir, também, parte do mercado externo com gado vivo. Se não o fizer, outros países vão ocupar esse espaço, o que não significa necessariamente aumento de exportação de carne. * CHINA SE DESTACA NA COMPRA DE CARNES DO BRASIL A China sempre foi vista como a parceira ideal para os produtores brasileiros de soja. Continua, mas a necessidade de comprar cada vez mais alimentos coloca agora o país em outro setor importante do Brasil: o de carnes. Os chineses podem se tornar, em curto prazo, parceiros importantes na compra de todos os tipos de proteína vendidos pelo Brasil: carnes bovina, de frango e suína. China e Hong Kong já são responsáveis por 36% do volume e das receitas das exportações de carne bovina do Brasil. Nos cinco primeiros meses deste ano, o país colocou 610 mil toneladas no mercado externo, 12% mais do que em igual período do ano passado. Essas vendas geraram receitas de US$ 2,3 bilhões, 1,4% mais, segundo dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne). Só Hong Kong e China —líder e segundo da lista das importações no Brasil— adquiriram 224 mil toneladas nos cinco primeiros meses deste ano. Com essas compras, deixaram US$ 822 milhões de receitas no país. A União Europeia é a terceira da lista, com compras de 48,5 mil toneladas, no valor de US$ 295 milhões. Mesmo comprando 32% menos, em volume, a União Europeia, que paga mais pela carne brasileira, gastou praticamente o equivalente ao valor gasto pela China. Para a Abiec, as compras da China têm ritmo ascendente. Com menos de um ano de reabertura desse mercado, o país já é o segundo da lista dos importadores. FRANGO A exportação total brasileira de carne de frango acumulou 1,85 milhão de toneladas nos cinco primeiros meses deste ano, 16% mais do que em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados são da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), que aponta receitas acumuladas no ano de US$ 2,7 bilhões, uma queda de 0,7%. Também nesse setor, a China se mostrou um dos grandes destaques do ano, com volumes de exportação superiores a 50 mil toneladas no mês passado. As vendas de carne suína "in natura" brasileira também crescem na Ásia, o que elevou o volume total exportado pelo Brasil no ano a 248 mil toneladas, 62% mais do que em igual período de 2015. NOTAS Café Após o salto nos preços na quarta-feira, influenciados pelo temor de problemas climáticos no Brasil, o café teve forte queda nesta quinta-feira (9). O primeiro contrato recuou para US$ 1,34 por libra-peso, 4,1% menos do que no pregão de quarta-feira. Grãos Já em Chicago, com a proximidade da divulgação de dados de oferta e demanda pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os grãos perderam força e tiveram queda de preços.
10
Brasil avança 23 posições em ranking de competitividade do turismo
O Brasil avançou 23 posições no ranking de competitividade do turismo, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial e divulgado na última semana. Segundo a entidade, a Copa do Mundo do ano passado e a Olimpíada de 2016, a ser realizada no Rio, puxaram investimentos significativos em infraestrutura e conectividade, o que foi determinante para o salto: o país estava em 51º lugar na lista do ano passado e chegou ao 28º na edição 2015. O Brasil é o país latino-americano mais bem colocado no ranking, que analisa 14 fatores que facilitam a atração e o trânsito de turistas –como ambiente de negócios, segurança, condições de saúde e higiene, competitividade de preço, estrutura aeroportuária e recursos naturais. Ao todo, 141 países estão no ranking, que é liderado, pela primeira vez, pela Espanha. Outras cinco nações europeias estão no top 10. Como destaques positivos para alavancar a posição brasileira no ranking, o Fórum Econômico Mundial ressaltou, entre os fatores individuais analisados, a biodiversidade (o país lidera o ranking neste quesito), os recursos culturais (que incluem a quantidade de estádios esportivos, categoria na qual o país saltou de 63º para 3º), o número de eventos de negócios internacionais e a estrutura aeroportuária. O país também avançou na competitividade de preços, segundo o Fórum: nesta lista, passou do 126º ao 81º lugar. Por outro lado, ainda de acordo com a entidade, o Brasil ainda peca em pontos de infraestrutura de base –especialmente por causa de questões como o ambiente de negócios e a taxa de impostos– e na abertura internacional, já que ainda exige visto de entrada a muitos países. Veja abaixo o top 10 do ranking de competitividade do turismo. *
turismo
Brasil avança 23 posições em ranking de competitividade do turismoO Brasil avançou 23 posições no ranking de competitividade do turismo, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial e divulgado na última semana. Segundo a entidade, a Copa do Mundo do ano passado e a Olimpíada de 2016, a ser realizada no Rio, puxaram investimentos significativos em infraestrutura e conectividade, o que foi determinante para o salto: o país estava em 51º lugar na lista do ano passado e chegou ao 28º na edição 2015. O Brasil é o país latino-americano mais bem colocado no ranking, que analisa 14 fatores que facilitam a atração e o trânsito de turistas –como ambiente de negócios, segurança, condições de saúde e higiene, competitividade de preço, estrutura aeroportuária e recursos naturais. Ao todo, 141 países estão no ranking, que é liderado, pela primeira vez, pela Espanha. Outras cinco nações europeias estão no top 10. Como destaques positivos para alavancar a posição brasileira no ranking, o Fórum Econômico Mundial ressaltou, entre os fatores individuais analisados, a biodiversidade (o país lidera o ranking neste quesito), os recursos culturais (que incluem a quantidade de estádios esportivos, categoria na qual o país saltou de 63º para 3º), o número de eventos de negócios internacionais e a estrutura aeroportuária. O país também avançou na competitividade de preços, segundo o Fórum: nesta lista, passou do 126º ao 81º lugar. Por outro lado, ainda de acordo com a entidade, o Brasil ainda peca em pontos de infraestrutura de base –especialmente por causa de questões como o ambiente de negócios e a taxa de impostos– e na abertura internacional, já que ainda exige visto de entrada a muitos países. Veja abaixo o top 10 do ranking de competitividade do turismo. *
20
Dilma inocenta Gleisi em depoimento à Justiça como testemunha de defesa
A ex-presidente Dilma Rousseff prestou depoimento à Justiça nesta sexta-feira (28) como testemunha de defesa na ação contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo. Os dois são acusados pela Operação Lava Jato de receber R$ 1 milhão do esquema de corrupção da Petrobras para bancar a campanha eleitoral dela ao Senado, em 2010. O processo corre no STF (Supremo Tribunal Federal). Dilma disse que a senadora, que era ministra-chefe da Casa Civil quando Paulo Roberto Costa foi demitido da diretoria de Abastecimento da estatal, não tentou pressionar pela manutenção dele no posto. A permanência de Costa no cargo seria um dos motivos, segundo a denúncia, que levaram Bernardo a pedir o pagamento de propina. A ex-presidente também afirmou nesta sexta que o ex-ministro não a procurou após a saída do ex-diretor para falar do assunto. A petista foi ouvida na sede da Justiça Federal de Porto Alegre. Conduzida pelo juiz auxiliar Paulo Marcos de Farias, que trabalha com o ministro Edson Fachin, relator da ação, a audiência durou cerca de meia hora —começou às 13h10 e foi até as 13h46. Vestindo blusa preta e blazer vermelho, ela chegou em um veículo com vidros escuros e usou uma entrada lateral do prédio para acessar a sala onde falaria. A petista reiterou diversas vezes que Gleisi era ministra quando ela demitiu Costa e que "ela [Gleisi] não participava dessa decisão. Não era do âmbito dela". Dilma afirmou nunca ter tratado do assunto com a senadora, atual presidente nacional do PT, a quem chamou de "uma pessoa bastante séria e extremamente rígida". Além de Dilma, já foram ouvidos no processo os ex-presidentes da Petrobras José Sérgio Gabrielli, na Bahia, e Graça Foster, no Rio de Janeiro, e o ex-presidente Lula, em São Paulo. Ainda deve prestar depoimento o ex-ministro Gilberto Carvalho. O casal Gleisi e Paulo Bernardo nega as acusações. 'NÃO OUSARIAM' A ex-presidente afirmou à Justiça que dispensou Paulo Roberto Costa da estatal porque "não achava que ele era competente para o cargo". Questionada na audiência se alguma pessoa, político ou liderança pediu para ela manter Costa, foi objetiva: "Não ousariam". "Ninguém pediu. Ninguém achava que dava para chegar perto de mim e falar 'não tira'", prosseguiu. Dilma também foi assertiva ao ouvir pergunta sobre "uma discussão muito ríspida" com Paulo Roberto Costa, relatada em depoimento do processo. "Várias", disse a ex-presidente. Sua convivência com ele era "um pouco distante", contou. "Eu não gostava nem desgostava dele. Eu tinha uma relação profissional. As discussões que eu tinha era quando eu divergia. Não concordava muito com ele não. Mas não tinha nenhum indício maior de qualquer coisa irregular da parte dele." Dilma disse que o ex-diretor não cumpria metas nem prazos, além de "não dar satisfações". "Eu não tinha uma avaliação muito otimista e favorável do Paulo Roberto Costa, no que se refere a gestão." Ele foi o primeiro delator da Lava Jato e ainda cumpre pena. PROTESTO No início do depoimento, Dilma Rousseff reagiu à proposta do Ministério Público de que ela fosse ouvida como informante, e não como testemunha. O argumento foi o de que ela teria "envolvimento nos fatos", já que era presidente da República no período. O magistrado que conduziu a sessão negou o pedido, justificando que não há na denúncia o nome da petista como participante de qualquer ato irregular. Mesmo após a rejeição pelo juiz, Dilma protestou. Ela levantou o dedo indicador e pediu a palavra. "Eu acho um absurdo eu ser relacionada com qualquer fato por ser presidente da República na época. Acho essa afirmação estarrecedora. Eu estou me defendendo depois dessa acusação implícita." Em outro momento, ela foi questionada sobre o processo de escolha de diretores da Petrobras e indagada se havia indicações políticas. Dilma disse não ter conhecimento se Costa foi nomeado a pedido do PP. "No meu período nós fizemos nomeações eminentemente técnicas, buscando as melhores pessoas para cumprir as funções. E que eu me lembre a mesma coisa ocorreu no governo do presidente Lula. Ocorre que nem sempre as pessoas são aquilo que você pensa que elas são."
poder
Dilma inocenta Gleisi em depoimento à Justiça como testemunha de defesaA ex-presidente Dilma Rousseff prestou depoimento à Justiça nesta sexta-feira (28) como testemunha de defesa na ação contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo. Os dois são acusados pela Operação Lava Jato de receber R$ 1 milhão do esquema de corrupção da Petrobras para bancar a campanha eleitoral dela ao Senado, em 2010. O processo corre no STF (Supremo Tribunal Federal). Dilma disse que a senadora, que era ministra-chefe da Casa Civil quando Paulo Roberto Costa foi demitido da diretoria de Abastecimento da estatal, não tentou pressionar pela manutenção dele no posto. A permanência de Costa no cargo seria um dos motivos, segundo a denúncia, que levaram Bernardo a pedir o pagamento de propina. A ex-presidente também afirmou nesta sexta que o ex-ministro não a procurou após a saída do ex-diretor para falar do assunto. A petista foi ouvida na sede da Justiça Federal de Porto Alegre. Conduzida pelo juiz auxiliar Paulo Marcos de Farias, que trabalha com o ministro Edson Fachin, relator da ação, a audiência durou cerca de meia hora —começou às 13h10 e foi até as 13h46. Vestindo blusa preta e blazer vermelho, ela chegou em um veículo com vidros escuros e usou uma entrada lateral do prédio para acessar a sala onde falaria. A petista reiterou diversas vezes que Gleisi era ministra quando ela demitiu Costa e que "ela [Gleisi] não participava dessa decisão. Não era do âmbito dela". Dilma afirmou nunca ter tratado do assunto com a senadora, atual presidente nacional do PT, a quem chamou de "uma pessoa bastante séria e extremamente rígida". Além de Dilma, já foram ouvidos no processo os ex-presidentes da Petrobras José Sérgio Gabrielli, na Bahia, e Graça Foster, no Rio de Janeiro, e o ex-presidente Lula, em São Paulo. Ainda deve prestar depoimento o ex-ministro Gilberto Carvalho. O casal Gleisi e Paulo Bernardo nega as acusações. 'NÃO OUSARIAM' A ex-presidente afirmou à Justiça que dispensou Paulo Roberto Costa da estatal porque "não achava que ele era competente para o cargo". Questionada na audiência se alguma pessoa, político ou liderança pediu para ela manter Costa, foi objetiva: "Não ousariam". "Ninguém pediu. Ninguém achava que dava para chegar perto de mim e falar 'não tira'", prosseguiu. Dilma também foi assertiva ao ouvir pergunta sobre "uma discussão muito ríspida" com Paulo Roberto Costa, relatada em depoimento do processo. "Várias", disse a ex-presidente. Sua convivência com ele era "um pouco distante", contou. "Eu não gostava nem desgostava dele. Eu tinha uma relação profissional. As discussões que eu tinha era quando eu divergia. Não concordava muito com ele não. Mas não tinha nenhum indício maior de qualquer coisa irregular da parte dele." Dilma disse que o ex-diretor não cumpria metas nem prazos, além de "não dar satisfações". "Eu não tinha uma avaliação muito otimista e favorável do Paulo Roberto Costa, no que se refere a gestão." Ele foi o primeiro delator da Lava Jato e ainda cumpre pena. PROTESTO No início do depoimento, Dilma Rousseff reagiu à proposta do Ministério Público de que ela fosse ouvida como informante, e não como testemunha. O argumento foi o de que ela teria "envolvimento nos fatos", já que era presidente da República no período. O magistrado que conduziu a sessão negou o pedido, justificando que não há na denúncia o nome da petista como participante de qualquer ato irregular. Mesmo após a rejeição pelo juiz, Dilma protestou. Ela levantou o dedo indicador e pediu a palavra. "Eu acho um absurdo eu ser relacionada com qualquer fato por ser presidente da República na época. Acho essa afirmação estarrecedora. Eu estou me defendendo depois dessa acusação implícita." Em outro momento, ela foi questionada sobre o processo de escolha de diretores da Petrobras e indagada se havia indicações políticas. Dilma disse não ter conhecimento se Costa foi nomeado a pedido do PP. "No meu período nós fizemos nomeações eminentemente técnicas, buscando as melhores pessoas para cumprir as funções. E que eu me lembre a mesma coisa ocorreu no governo do presidente Lula. Ocorre que nem sempre as pessoas são aquilo que você pensa que elas são."
0
Mais uma aposta que o Brasil perde
Bem que dizem que desgraça pouca é bobagem. Não bastassem a formidável crise econômica em que o Brasil entalou e a não menos colossal crise política —uma, aliás, realimentando a outra— e eis que, a partir desta terça-feira (15), começará a ficar evidente que o Brasil perdeu sua principal aposta em matéria de comércio internacional. Refiro-me à chamada Rodada Doha, lançada em 2001, como a mais ambiciosa tentativa de liberalização comercial jamais empreendida no planeta. A rodada é coordenada pela OMC (Organização Mundial do Comércio), cujas regras determinam a realização, a cada dois anos, de uma reunião ministerial, a sua máxima instância decisória. Pois é uma dessas reuniões que começa nesta terça-feira em Nairóbi, na vã expectativa de fazer avançar a Rodada Doha. Acontece que, na antevéspera do início do encontro, o responsável pelo comércio exterior norte-americano, Michael Froman, lança um torpedo na linha de flutuação de Doha, em artigo no "Financial Times". Escreveu Froman: "Está na hora de o mundo livrar-se das limitações de Doha". É pouco provável que os ministros reunidos em Nairóbi assinem o atestado de óbito de Doha porque os países mais pobres ainda se aferram à essa negociação. Pelas regras da OMC, qualquer decisão é tomada por consenso, não por voto, o que, em tese, dá ao pequeno Paraguai o mesmo poder que têm os Estados Unidos. Mas é óbvio que, se os Estados Unidos estão desistindo de Doha, a rodada está morta. Só falta avisar. Pior para o Brasil: desde o governo Fernando Henrique Cardoso (em cujo período começou o ciclo Doha), o país apostou em que só no âmbito multilateral poderia fazer avançar suas prioridades. Era uma aposta correta porque só na negociação multilateral seria possível conseguir derrubar o muro protecionista que os Estados Unidos e, principalmente, a União Europeia ergueram em torno de seus produtores agrícolas. Os europeus cansaram-se de informar a seus parceiros do Mercosul que não pagariam duas vezes pela abertura agrícola, uma no âmbito geral e, a outra, no regional (no acordo em negociação com o Mercosul). O problema é que o governo brasileiro não acreditou nos sucessivos sinais de que Doha não iria adiante. Afinal, o acordo inicial, o de 2001, previa o final da rodada para 2005. Dez anos depois, praticamente não se saiu da estaca zero. Nesse período, proliferaram acordos regionais ou bilaterais, nenhum deles incluindo o Brasil. Até agora, 619 desses acordos foram notificados à OMC, 400 dos quais já estão em vigor. Pior (para o Brasil): acaba de ser concluída a negociação da Parceria Transpacífico, um mega acordo multirregional. É natural que o comércio se intensifique entre os países-membros, o que só prejudica um país como o Brasil, que continua com anêmica participação no comércio mundial. É nesse contexto que se inicia a reunião da OMC em Nairóbi, para a qual o Brasil enviou seu chanceler, Mauro Vieira, em claro sinal de que continua apostando em Doha. Pena que a maior potência mundial, pela voz de Michael Froman, avise que "precisamos escrever um novo capítulo para a OMC, que reflita as realidades econômicas de hoje". O Brasil está preparado para dar o salto de 2001 (o ano de lançamento de Doha) para 2015?
colunas
Mais uma aposta que o Brasil perdeBem que dizem que desgraça pouca é bobagem. Não bastassem a formidável crise econômica em que o Brasil entalou e a não menos colossal crise política —uma, aliás, realimentando a outra— e eis que, a partir desta terça-feira (15), começará a ficar evidente que o Brasil perdeu sua principal aposta em matéria de comércio internacional. Refiro-me à chamada Rodada Doha, lançada em 2001, como a mais ambiciosa tentativa de liberalização comercial jamais empreendida no planeta. A rodada é coordenada pela OMC (Organização Mundial do Comércio), cujas regras determinam a realização, a cada dois anos, de uma reunião ministerial, a sua máxima instância decisória. Pois é uma dessas reuniões que começa nesta terça-feira em Nairóbi, na vã expectativa de fazer avançar a Rodada Doha. Acontece que, na antevéspera do início do encontro, o responsável pelo comércio exterior norte-americano, Michael Froman, lança um torpedo na linha de flutuação de Doha, em artigo no "Financial Times". Escreveu Froman: "Está na hora de o mundo livrar-se das limitações de Doha". É pouco provável que os ministros reunidos em Nairóbi assinem o atestado de óbito de Doha porque os países mais pobres ainda se aferram à essa negociação. Pelas regras da OMC, qualquer decisão é tomada por consenso, não por voto, o que, em tese, dá ao pequeno Paraguai o mesmo poder que têm os Estados Unidos. Mas é óbvio que, se os Estados Unidos estão desistindo de Doha, a rodada está morta. Só falta avisar. Pior para o Brasil: desde o governo Fernando Henrique Cardoso (em cujo período começou o ciclo Doha), o país apostou em que só no âmbito multilateral poderia fazer avançar suas prioridades. Era uma aposta correta porque só na negociação multilateral seria possível conseguir derrubar o muro protecionista que os Estados Unidos e, principalmente, a União Europeia ergueram em torno de seus produtores agrícolas. Os europeus cansaram-se de informar a seus parceiros do Mercosul que não pagariam duas vezes pela abertura agrícola, uma no âmbito geral e, a outra, no regional (no acordo em negociação com o Mercosul). O problema é que o governo brasileiro não acreditou nos sucessivos sinais de que Doha não iria adiante. Afinal, o acordo inicial, o de 2001, previa o final da rodada para 2005. Dez anos depois, praticamente não se saiu da estaca zero. Nesse período, proliferaram acordos regionais ou bilaterais, nenhum deles incluindo o Brasil. Até agora, 619 desses acordos foram notificados à OMC, 400 dos quais já estão em vigor. Pior (para o Brasil): acaba de ser concluída a negociação da Parceria Transpacífico, um mega acordo multirregional. É natural que o comércio se intensifique entre os países-membros, o que só prejudica um país como o Brasil, que continua com anêmica participação no comércio mundial. É nesse contexto que se inicia a reunião da OMC em Nairóbi, para a qual o Brasil enviou seu chanceler, Mauro Vieira, em claro sinal de que continua apostando em Doha. Pena que a maior potência mundial, pela voz de Michael Froman, avise que "precisamos escrever um novo capítulo para a OMC, que reflita as realidades econômicas de hoje". O Brasil está preparado para dar o salto de 2001 (o ano de lançamento de Doha) para 2015?
10
Fuvest divulga 2ª lista de aprovados na USP e na Santa Casa; confira
A Fuvest divulgou na manhã desta quinta-feira (4) a segunda chamada da lista de aprovados no vestibular da USP (Universidade de São Paulo) e da Santa Casa de São Paulo. A lista de aprovados tem 1.686 nomes, sendo 1.337 novos (13,97% do total de vagas) e 349 matriculados da lista anterior que solicitaram remanejamento. A relação completa foi publicada no site da Fuvest ou clique aqui e veja em pdf. Os candidatos aprovados na segunda lista, bem como os aprovados em primeira chamada, devem realizar matrícula pessoalmente nos dias 11 e 12 de fevereiro, nas próprias unidades de graduação. Os estudantes terão de comparecer para entrega de documentos e assinatura da lista de matrícula. Já nos dias 23 e 24 de fevereiro é necessário realizar a confirmação da matrícula também nas unidades dos cursos, com presença obrigatória para os convocados até em terceira chamada. No vestibular deste ano, os estudantes enfrentaram questões consideradas "difíceis" por professores ouvidos pela Folha. A prova de português, por exemplo, exigiu conhecimento em gramática formal e habilidade em responder perguntas interdisciplinares. Matrícula USP PRÓXIMAS CHAMADAS No dia 16 de fevereiro será divulgada a terceira chamada. Nesse caso, a matrícula deve ser feita no dia 18. Já a liberação da quarta lista acontece em 20 de fevereiro, com matrícula prevista para os dias 23 e 24. A quinta e última chamada sai no dia 26, com inscrições marcadas para o dia 29. Após essa etapa de convocação, os inscritos no vestibular da Santa Casa, apenas, poderão entrar em uma lista de espera. No caso da USP, a relação de vagas que não tiverem sido preenchidas e a lista de candidatos habilitados a disputá-las serão anunciadas no dia 2 de março. VAGAS Os 142.721 inscritos na Fuvest disputaram 9.682 vagas –120 delas para a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa. O curso de medicina em Ribeirão Preto foi o mais concorrido, com 71,93 candidatos por vaga, seguido de psicologia, com 59,8. A novidade é que, com a adesão da USP ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada), em junho de 2015, estudantes que prestaram o Enem também puderam concorrer aos 1.489 postos reservados ao sistema, um equivalente a 13,5% do total da universidade. As matrículas foram realizadas nos dias 22, 25 e 26 de janeiro. A adesão ao novo sistema de seleção ficou a cargo de cada unidade de graduação da USP. Não foram incluídos cursos tradicionais como medicina na capital, engenharia e administração. Neste ano, a universidade oferece, ao todo, 11.057 vagas. Segundo a Fuvest, as vagas que não tiverem sido preenchidas pelo Sisu serão incorporadas posteriormente ao vestibular.
educacao
Fuvest divulga 2ª lista de aprovados na USP e na Santa Casa; confiraA Fuvest divulgou na manhã desta quinta-feira (4) a segunda chamada da lista de aprovados no vestibular da USP (Universidade de São Paulo) e da Santa Casa de São Paulo. A lista de aprovados tem 1.686 nomes, sendo 1.337 novos (13,97% do total de vagas) e 349 matriculados da lista anterior que solicitaram remanejamento. A relação completa foi publicada no site da Fuvest ou clique aqui e veja em pdf. Os candidatos aprovados na segunda lista, bem como os aprovados em primeira chamada, devem realizar matrícula pessoalmente nos dias 11 e 12 de fevereiro, nas próprias unidades de graduação. Os estudantes terão de comparecer para entrega de documentos e assinatura da lista de matrícula. Já nos dias 23 e 24 de fevereiro é necessário realizar a confirmação da matrícula também nas unidades dos cursos, com presença obrigatória para os convocados até em terceira chamada. No vestibular deste ano, os estudantes enfrentaram questões consideradas "difíceis" por professores ouvidos pela Folha. A prova de português, por exemplo, exigiu conhecimento em gramática formal e habilidade em responder perguntas interdisciplinares. Matrícula USP PRÓXIMAS CHAMADAS No dia 16 de fevereiro será divulgada a terceira chamada. Nesse caso, a matrícula deve ser feita no dia 18. Já a liberação da quarta lista acontece em 20 de fevereiro, com matrícula prevista para os dias 23 e 24. A quinta e última chamada sai no dia 26, com inscrições marcadas para o dia 29. Após essa etapa de convocação, os inscritos no vestibular da Santa Casa, apenas, poderão entrar em uma lista de espera. No caso da USP, a relação de vagas que não tiverem sido preenchidas e a lista de candidatos habilitados a disputá-las serão anunciadas no dia 2 de março. VAGAS Os 142.721 inscritos na Fuvest disputaram 9.682 vagas –120 delas para a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa. O curso de medicina em Ribeirão Preto foi o mais concorrido, com 71,93 candidatos por vaga, seguido de psicologia, com 59,8. A novidade é que, com a adesão da USP ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada), em junho de 2015, estudantes que prestaram o Enem também puderam concorrer aos 1.489 postos reservados ao sistema, um equivalente a 13,5% do total da universidade. As matrículas foram realizadas nos dias 22, 25 e 26 de janeiro. A adesão ao novo sistema de seleção ficou a cargo de cada unidade de graduação da USP. Não foram incluídos cursos tradicionais como medicina na capital, engenharia e administração. Neste ano, a universidade oferece, ao todo, 11.057 vagas. Segundo a Fuvest, as vagas que não tiverem sido preenchidas pelo Sisu serão incorporadas posteriormente ao vestibular.
11
Defesa de Lula condena condução coercitiva e rebate Ministério Público
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou, por meio de uma nota divulgada no domingo (6), a condução coercitiva de Lula, que foi levado a depor na sexta-feira (4) como parte da 24ª fase da Operação Lava Jato. Segundo os advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins, "houve, inegavelmente, grave atentado à liberdade de locomoção" de Lula, e a tentativa de vinculá-lo ao esquema de corrupção na Petrobras "apenas atende anseio pessoal das autoridades envolvidas na operação, além de configurar infração de dever funcional". O texto é uma resposta à nota da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná, responsável pela Lava Jato, divulgada no sábado (5). Nela, os procuradores reafirmaram os motivos da condução coercitiva, afirmam que se criou uma "falsa controvérsia" sobre a questão e dizem que a polêmica é uma "cortina de fumaça" para dificultar as investigações. Para a defesa de Lula, "não há que se cogitar em 'cortina de fumaça' na presente discussão". Os advogados afirmam que "a condução coercitiva é medida que cerceia a liberdade de ir e vir e jamais poderia ter sido requerida ou autorizada nos termos em que se deu." Eles lembram também que o ex-presidente já prestou três depoimentos, dois à Polícia Federal e um ao MPF. "Em nenhum destes houve qualquer confronto ou risco à ordem pública, porque marcados e realizados de forma adequada pelas autoridades envolvidas", acrescentam. O juiz federal Sergio Moro, que conduz as investigações da Lava Jato e autorizou a condução, afirmou anteriormente que a medida foi determinada para evitar tumultos, e, em nota divulgada também no sábado, que não significa "antecipação" de culpa do petista. Teixeira e Martins rebatem ainda a citação dos procuradores sobre o número de conduções coercitivas já realizadas na operação. "O fato de a Operação Lava Jato já ter emitido 117 mandados de condução coercitiva não tem o condão de legitimar a ilegalidade agora praticada contra o ex-Presidente Lula, mas, ao contrário, serve de alerta para tantas outras arbitrariedades que poderão já ter sido praticadas nessa operação". A Operação Alethéia (24ª fase da Lava Jato) apura se empreiteiras e o pecuarista José Carlos Bumlai favoreceram Lula e seus familiares por meio do sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá. O ex-presidente nega as acusações, e seus advogados reforçam "Lula jamais participou ou foi beneficiado, direta ou indiretamente, de qualquer ato ilegal".
poder
Defesa de Lula condena condução coercitiva e rebate Ministério PúblicoA defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou, por meio de uma nota divulgada no domingo (6), a condução coercitiva de Lula, que foi levado a depor na sexta-feira (4) como parte da 24ª fase da Operação Lava Jato. Segundo os advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins, "houve, inegavelmente, grave atentado à liberdade de locomoção" de Lula, e a tentativa de vinculá-lo ao esquema de corrupção na Petrobras "apenas atende anseio pessoal das autoridades envolvidas na operação, além de configurar infração de dever funcional". O texto é uma resposta à nota da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná, responsável pela Lava Jato, divulgada no sábado (5). Nela, os procuradores reafirmaram os motivos da condução coercitiva, afirmam que se criou uma "falsa controvérsia" sobre a questão e dizem que a polêmica é uma "cortina de fumaça" para dificultar as investigações. Para a defesa de Lula, "não há que se cogitar em 'cortina de fumaça' na presente discussão". Os advogados afirmam que "a condução coercitiva é medida que cerceia a liberdade de ir e vir e jamais poderia ter sido requerida ou autorizada nos termos em que se deu." Eles lembram também que o ex-presidente já prestou três depoimentos, dois à Polícia Federal e um ao MPF. "Em nenhum destes houve qualquer confronto ou risco à ordem pública, porque marcados e realizados de forma adequada pelas autoridades envolvidas", acrescentam. O juiz federal Sergio Moro, que conduz as investigações da Lava Jato e autorizou a condução, afirmou anteriormente que a medida foi determinada para evitar tumultos, e, em nota divulgada também no sábado, que não significa "antecipação" de culpa do petista. Teixeira e Martins rebatem ainda a citação dos procuradores sobre o número de conduções coercitivas já realizadas na operação. "O fato de a Operação Lava Jato já ter emitido 117 mandados de condução coercitiva não tem o condão de legitimar a ilegalidade agora praticada contra o ex-Presidente Lula, mas, ao contrário, serve de alerta para tantas outras arbitrariedades que poderão já ter sido praticadas nessa operação". A Operação Alethéia (24ª fase da Lava Jato) apura se empreiteiras e o pecuarista José Carlos Bumlai favoreceram Lula e seus familiares por meio do sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá. O ex-presidente nega as acusações, e seus advogados reforçam "Lula jamais participou ou foi beneficiado, direta ou indiretamente, de qualquer ato ilegal".
0
Diferentes valores no mundo corporativo
Raças, culturas, línguas, crenças e costumes variam enormemente no mundo. Leis e regras também mudam quando atravessamos fronteiras, às vezes mesmo dentro das fronteiras. Vem daí que os comportamentos, as atitudes e os valores das empresas também não são uniformes, mesmo com a globalização. Diferentes países e culturas desenvolveram diferentes formas de gerir empresas e fazer negócios. No Brasil, por exemplo, as instabilidades e as mudanças nas regras do jogo tornaram as empresas ágeis, flexíveis e muito criativas. Ao mesmo tempo, elas se mostram menos organizadas em termos de processos e uso do tempo. Trabalha-se muito, mas a impressão é a de estar sempre correndo atrás do tempo. O foco está centrado no resultado de curto prazo, com pouca visibilidade além de dois ou três anos. O empresário brasileiro aprendeu a sobreviver tomando muitas decisões ao mesmo tempo, sem grandes planejamentos e hierarquias. Para contrastar, do outro lado da esfera está o Japão, com seus grandes conglomerados orientados e controlados pelos empregados. Nesse país as palavras de ordem são estabilidade, senioridade, hierarquia, relacionamento, confiança. A Moral vale mais que o Legal. O longo prazo é mais importante que o curto prazo. Qualidade, inovação, estética, harmonia e pontualidade são conquistas admiráveis. Mas as múltiplas camadas de empregados que exercem o controle real da corporação trazem engessamento e grande inércia estrutural. O modelo japonês serviu de matriz para toda a Ásia, influenciando primeiro a Coreia do Sul e Taiwan, depois a China e, em menor escala, o Sudeste Asiático. Porém, a multiplicidade de culturas e valores da Ásia acabou produzindo resultados díspares. Em vez de conglomerados controlados pelos funcionários, a China optou por grandes estatais que controlam setores estratégicos, cujo objetivo é manter o crescimento que garante o equilíbrio da classe média emergente. O Japão forneceu capital exclusivo e protegeu seus grandes conglomerados da competição externa, os chamados keiretzu. A China atraiu o investimento externo para dentro do país, visando aprender e crescer com rapidez e recuperando, assim, a vitalidade e a hegemonia do passado. Na maior parte do mundo ocidental, quem manda na empresa é o acionista. Mas, na Europa, o entorno da empresa vale tanto ou mais que o acionista. Estamos falando dos chamados "stakeholders" ou partes interessadas –associações, sindicatos, ONGs, comunidades do entorno, mídia etc. No Oriente, temos os conglomerados controlados pelo Estado e/ou pelos funcionários. Mas na maioria dos países em desenvolvimento quem controla mesmo são famílias hegemônicas de cada país, com maior ou menor capacidade de governança. O sucesso do jogo no campo depende em boa parte do entendimento de suas regras e valores. Se conhecemos relativamente bem as regras do jogo no Ocidente, no Oriente tudo é muito diferente: cultura, identidade, racionalidade, valores. Para quem tem interesse pelo tema, um bom livro é "The Oxford Handbook of Asian Business Systems", de Michael Witt e Gordon Redding, de 2014. Quando navegamos em mares desconhecidos, aprendizagem e cautela são fundamentais.
colunas
Diferentes valores no mundo corporativoRaças, culturas, línguas, crenças e costumes variam enormemente no mundo. Leis e regras também mudam quando atravessamos fronteiras, às vezes mesmo dentro das fronteiras. Vem daí que os comportamentos, as atitudes e os valores das empresas também não são uniformes, mesmo com a globalização. Diferentes países e culturas desenvolveram diferentes formas de gerir empresas e fazer negócios. No Brasil, por exemplo, as instabilidades e as mudanças nas regras do jogo tornaram as empresas ágeis, flexíveis e muito criativas. Ao mesmo tempo, elas se mostram menos organizadas em termos de processos e uso do tempo. Trabalha-se muito, mas a impressão é a de estar sempre correndo atrás do tempo. O foco está centrado no resultado de curto prazo, com pouca visibilidade além de dois ou três anos. O empresário brasileiro aprendeu a sobreviver tomando muitas decisões ao mesmo tempo, sem grandes planejamentos e hierarquias. Para contrastar, do outro lado da esfera está o Japão, com seus grandes conglomerados orientados e controlados pelos empregados. Nesse país as palavras de ordem são estabilidade, senioridade, hierarquia, relacionamento, confiança. A Moral vale mais que o Legal. O longo prazo é mais importante que o curto prazo. Qualidade, inovação, estética, harmonia e pontualidade são conquistas admiráveis. Mas as múltiplas camadas de empregados que exercem o controle real da corporação trazem engessamento e grande inércia estrutural. O modelo japonês serviu de matriz para toda a Ásia, influenciando primeiro a Coreia do Sul e Taiwan, depois a China e, em menor escala, o Sudeste Asiático. Porém, a multiplicidade de culturas e valores da Ásia acabou produzindo resultados díspares. Em vez de conglomerados controlados pelos funcionários, a China optou por grandes estatais que controlam setores estratégicos, cujo objetivo é manter o crescimento que garante o equilíbrio da classe média emergente. O Japão forneceu capital exclusivo e protegeu seus grandes conglomerados da competição externa, os chamados keiretzu. A China atraiu o investimento externo para dentro do país, visando aprender e crescer com rapidez e recuperando, assim, a vitalidade e a hegemonia do passado. Na maior parte do mundo ocidental, quem manda na empresa é o acionista. Mas, na Europa, o entorno da empresa vale tanto ou mais que o acionista. Estamos falando dos chamados "stakeholders" ou partes interessadas –associações, sindicatos, ONGs, comunidades do entorno, mídia etc. No Oriente, temos os conglomerados controlados pelo Estado e/ou pelos funcionários. Mas na maioria dos países em desenvolvimento quem controla mesmo são famílias hegemônicas de cada país, com maior ou menor capacidade de governança. O sucesso do jogo no campo depende em boa parte do entendimento de suas regras e valores. Se conhecemos relativamente bem as regras do jogo no Ocidente, no Oriente tudo é muito diferente: cultura, identidade, racionalidade, valores. Para quem tem interesse pelo tema, um bom livro é "The Oxford Handbook of Asian Business Systems", de Michael Witt e Gordon Redding, de 2014. Quando navegamos em mares desconhecidos, aprendizagem e cautela são fundamentais.
10
Carrefour dá primeiro passo para lançar ações na Bolsa
O Atacadão S.A., que reúne as atividades do grupo varejista francês Carrefour no Brasil, protocolou nesta quarta-feira (24) prospecto preliminar para lançar ações na Bolsa brasileira. A empresa enviou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) prospecto com informações preliminares sobre o IPO (oferta pública inicial de ações). Segundo informações da empresa, a intenção é lançar os papéis no segmento Novo Mercado da Bolsa, que tem regras de governança mais rígidas e exige que a companhia tenha, por exemplo, somente ações com direito a voto em circulação. No Brasil, a empresa opera sob as marcas Atacadão, Carrefour, Carrefour Bairro, Express, Banco Carrefour, Drogarias Carrefour e Carrefour Postos, conforme indicado no prospecto. O Atacadão diz que os recursos levantados com o IPO serão usados para pagar empréstimos entre as empresas do grupo, liquidar posições de swap detidas pela companhia com o objetivo de diminuir a exposição cambial e reforçar o capital de giro. Caso se concretize, será o quarto IPO na Bolsa brasileira neste ano. Azul, o laboratório Hermes Pardini e Movida, de aluguel de carros, já fizeram ofertas públicas iniciais de ações neste ano. Em abril, o Carrefour havia indicado que as vendas no Brasil foram impulsionadas pelo desempenho das lojas Atacadão. De acordo com informações no site do Carrefour, as vendas de mesmas lojas no Brasil, excluindo combustível e efeito calendário, tiveram crescimento de 5,6% no primeiro trimestre de 2017 na base anual, totalizando € 3,666 bilhões. "O sucesso do Carrefour no país reflete o progresso contínuo do Atacadão e dos hipermercados, bem como a abertura de lojas de conveniência sob a bandeira Express", afirmou no comunicado sobre os números de vendas do primeiro trimestre. Em março, Abílio Diniz, importante acionista do Carrefour, disse à agência Reuters que a listagem das ações poderia ocorrer em meados de 2017 se houvesse sinais de que a economia brasileira estava saindo da pior recessão da história. Uma porta-voz do Carrefour disse nesta quarta-feira que o prospecto, que contém informação financeira sobre os negócios do grupo no Brasil, é um passo preliminar e preparatório antes de um possível IPO.
mercado
Carrefour dá primeiro passo para lançar ações na BolsaO Atacadão S.A., que reúne as atividades do grupo varejista francês Carrefour no Brasil, protocolou nesta quarta-feira (24) prospecto preliminar para lançar ações na Bolsa brasileira. A empresa enviou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) prospecto com informações preliminares sobre o IPO (oferta pública inicial de ações). Segundo informações da empresa, a intenção é lançar os papéis no segmento Novo Mercado da Bolsa, que tem regras de governança mais rígidas e exige que a companhia tenha, por exemplo, somente ações com direito a voto em circulação. No Brasil, a empresa opera sob as marcas Atacadão, Carrefour, Carrefour Bairro, Express, Banco Carrefour, Drogarias Carrefour e Carrefour Postos, conforme indicado no prospecto. O Atacadão diz que os recursos levantados com o IPO serão usados para pagar empréstimos entre as empresas do grupo, liquidar posições de swap detidas pela companhia com o objetivo de diminuir a exposição cambial e reforçar o capital de giro. Caso se concretize, será o quarto IPO na Bolsa brasileira neste ano. Azul, o laboratório Hermes Pardini e Movida, de aluguel de carros, já fizeram ofertas públicas iniciais de ações neste ano. Em abril, o Carrefour havia indicado que as vendas no Brasil foram impulsionadas pelo desempenho das lojas Atacadão. De acordo com informações no site do Carrefour, as vendas de mesmas lojas no Brasil, excluindo combustível e efeito calendário, tiveram crescimento de 5,6% no primeiro trimestre de 2017 na base anual, totalizando € 3,666 bilhões. "O sucesso do Carrefour no país reflete o progresso contínuo do Atacadão e dos hipermercados, bem como a abertura de lojas de conveniência sob a bandeira Express", afirmou no comunicado sobre os números de vendas do primeiro trimestre. Em março, Abílio Diniz, importante acionista do Carrefour, disse à agência Reuters que a listagem das ações poderia ocorrer em meados de 2017 se houvesse sinais de que a economia brasileira estava saindo da pior recessão da história. Uma porta-voz do Carrefour disse nesta quarta-feira que o prospecto, que contém informação financeira sobre os negócios do grupo no Brasil, é um passo preliminar e preparatório antes de um possível IPO.
2
'Coitado do Tom, que achava que fazia música brasileira', afirma Tinhorão
"Tenho uma pena do Tom Jobim. Como pessoa, era excelente. Mas tinha um equívoco fundamental. O Tom achava que compunha música brasileira." "Não acho nada disso que o senhor falou. [...] Tom é um grande compositor, reverenciado por Alfredo da Rocha Vianna Filho... O Pixinguinha." Tinhorão provocou, e Hermínio não deixou barato. Um arranca-rabo amigável entre titãs da música nacional fez da mesa "Música, Doce Música", neste domingo (5), um daqueles momentos que, em alguns anos, podem definir a 13ª Festa Literária Internacional de Paraty: "Aquela Flip não foi a da polêmica do Tom?". Não foi a única. O debate entre Hermínio Bello de Carvalho, 80, e José Ramos Tinhorão, 87, ainda jogou na berlinda a sexualidade de Mário de Andrade e um suposto malogro da música popular brasileira no exterior. O mediador, Luiz Fernando Vianna, editor no site do Instituto Moreira Salles, iniciou o bate-papo dando as credenciais dos convidados. Formado em direito, Tinhorão "achou cafona o anel de rubi falso", brincou Vianna, e logo partiu para o jornalismo. Com 27 livros publicados, virou referência na pesquisa musical. Na Flip, lança nova edição de "O Samba Agora Vai A Farsa da Música Popular no Exterior" (Editora 34), de 1969. Hermínio, parceiro em sambas com Cartola ("Alvorada"), Pixinguinha ("Fala Baixinho") e Baden Powell ("Valha-me Deus"), "o cara que descobriu a Clementina de Jesus e empurrou o bancário Paulinho da Viola para a música", é outro gigante a estudar o cancioneiro nacional. Ele relança, pela Edições de Janeiro, "Taberna da Glória e Outras Glórias", reunião de textos sobre grandes nomes da música que passaram pelo lendário restaurante, onde Mário de Andrade, Aracy de Almeida e Noel Rosa tomavam a cerveja Cascatinha. O material foi selecionado pelo escritor e colunista da Folha Ruy Castro. Não deixar o samba morrer, não deixar o samba acabar, de alguma forma, parece desejo de ambos. Eles só discordam de como o gênero tradicional evoluiu na nossa música. Já é notória a fúria de Tinhorão contra parte do nosso legado musical. "Como eu achava que bossa nova na realidade era o jazz pasteurizado, o pessoal caiu em cima de mim. Levei muita pancada por sustentar essa tese." Para o octagenário, é como se o ritmo emulasse Carmen Miranda na música "Disseram que Eu Voltei Americanizada". Bossa seria coisa da nova geração da classe média carioca que foi morar em Copacabana. O bairro não tinha "antecedentes culturais", afirmou. Por isso, todo jovem de lá "usava camiseta com frases em inglês e mocassim sem meia pra ser moderno na época da bossa nova". Outro hit eram os óculos escuros Ray-Ban, com um estojinho que penduravam no cinto, outra moda importada dos Estados Unidos. "Achava isso tudo uma falsidade" Fora que tom seria o "sr. Monotonia", segundo Tinhorão, que desconfiou da semelhança das melodias de "Mr. Monotony" (música de Irving Berlin famosa na voz de Judy Garland) e "Samba de uma Nota Só". O dedo no gatilho continuou. "Todos esses bossa novistas eram todos caindo aos pedaços. Eu que sou mais velho tô mais inteiro que eles." A única coisa que presta no gênero, segundo Tinhorão, é a batida do violão de João Gilberto. "Era um ritmo tão desencontrado que Moreira da Silva chamava o samba do João de ritmo de goteira." Hermínio saiu em defesa da bossa nova. "É samba, sim, é brasileiro, sim." SOM AO REDOR A discussão só perdeu o ritmo quando Tinhorão, sem conseguir escutar direito o que os companheiros do palco diziam, reclamou do som. O curador da Flip, Paulo Werneck, comunicou que providências seriam tomadas. "Estou fazendo uma força danada pra te ouvir", disse a Hermínio, que devolveu: "E eu estou fazendo uma força danada pra te provocar!". Embora faiscante, a conversa nunca perdeu aquele tom apaixonante, mas cordial, de dois amigos que discutem se preferem Flamengo ou Fluminense, Chico Buarque ou Caetano Veloso, o chope do bar Lagoa ou do bar Luiz. Em outro ponto alto da mesa, Hermínio criticou o escarcéu em torno da correspondência na qual Mário de Andrade menciona sua "tão falada homossexualidade". "Fizeram tanto sobre essa carta, e ela não diz nada. Foi um sensacionalismo à toa. O Mário de Andrade era sabidamente confuso sexualmente." O homenageado desta Flip é fonte de inspiração para Hermínio, que chegou a peitar Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) no passado. Ele teria feito pouco caso quando o pesquisador propôs celebrar os 90 anos do autor de "Pauliceia Desvairada". "Alguém está interessado no Mário?" Hoje muitos estão. Mas nem todas as questões devem ser aprofundadas, ou correm o risco de ficarem "rasteiras, rasas", disse o pesquisador. Como saber quem Mário levava para a cama. "Ele dizia que fazia sexo com as árvores, um sexo meio pan", afirmou, lembrando da amiga Aracy de Almeida (1914-1988), principal intérprete de Noel Rosa, jurada no programa de calouros do Silvio Santos e presente em altas rodas da malandragem e do high society carioca. "A Aracy falava abertamente:'Olha, eu gosto de tudo. De homem, de mulher, de cachorro... Aliás, prefiro cachorro."
ilustrada
'Coitado do Tom, que achava que fazia música brasileira', afirma Tinhorão"Tenho uma pena do Tom Jobim. Como pessoa, era excelente. Mas tinha um equívoco fundamental. O Tom achava que compunha música brasileira." "Não acho nada disso que o senhor falou. [...] Tom é um grande compositor, reverenciado por Alfredo da Rocha Vianna Filho... O Pixinguinha." Tinhorão provocou, e Hermínio não deixou barato. Um arranca-rabo amigável entre titãs da música nacional fez da mesa "Música, Doce Música", neste domingo (5), um daqueles momentos que, em alguns anos, podem definir a 13ª Festa Literária Internacional de Paraty: "Aquela Flip não foi a da polêmica do Tom?". Não foi a única. O debate entre Hermínio Bello de Carvalho, 80, e José Ramos Tinhorão, 87, ainda jogou na berlinda a sexualidade de Mário de Andrade e um suposto malogro da música popular brasileira no exterior. O mediador, Luiz Fernando Vianna, editor no site do Instituto Moreira Salles, iniciou o bate-papo dando as credenciais dos convidados. Formado em direito, Tinhorão "achou cafona o anel de rubi falso", brincou Vianna, e logo partiu para o jornalismo. Com 27 livros publicados, virou referência na pesquisa musical. Na Flip, lança nova edição de "O Samba Agora Vai A Farsa da Música Popular no Exterior" (Editora 34), de 1969. Hermínio, parceiro em sambas com Cartola ("Alvorada"), Pixinguinha ("Fala Baixinho") e Baden Powell ("Valha-me Deus"), "o cara que descobriu a Clementina de Jesus e empurrou o bancário Paulinho da Viola para a música", é outro gigante a estudar o cancioneiro nacional. Ele relança, pela Edições de Janeiro, "Taberna da Glória e Outras Glórias", reunião de textos sobre grandes nomes da música que passaram pelo lendário restaurante, onde Mário de Andrade, Aracy de Almeida e Noel Rosa tomavam a cerveja Cascatinha. O material foi selecionado pelo escritor e colunista da Folha Ruy Castro. Não deixar o samba morrer, não deixar o samba acabar, de alguma forma, parece desejo de ambos. Eles só discordam de como o gênero tradicional evoluiu na nossa música. Já é notória a fúria de Tinhorão contra parte do nosso legado musical. "Como eu achava que bossa nova na realidade era o jazz pasteurizado, o pessoal caiu em cima de mim. Levei muita pancada por sustentar essa tese." Para o octagenário, é como se o ritmo emulasse Carmen Miranda na música "Disseram que Eu Voltei Americanizada". Bossa seria coisa da nova geração da classe média carioca que foi morar em Copacabana. O bairro não tinha "antecedentes culturais", afirmou. Por isso, todo jovem de lá "usava camiseta com frases em inglês e mocassim sem meia pra ser moderno na época da bossa nova". Outro hit eram os óculos escuros Ray-Ban, com um estojinho que penduravam no cinto, outra moda importada dos Estados Unidos. "Achava isso tudo uma falsidade" Fora que tom seria o "sr. Monotonia", segundo Tinhorão, que desconfiou da semelhança das melodias de "Mr. Monotony" (música de Irving Berlin famosa na voz de Judy Garland) e "Samba de uma Nota Só". O dedo no gatilho continuou. "Todos esses bossa novistas eram todos caindo aos pedaços. Eu que sou mais velho tô mais inteiro que eles." A única coisa que presta no gênero, segundo Tinhorão, é a batida do violão de João Gilberto. "Era um ritmo tão desencontrado que Moreira da Silva chamava o samba do João de ritmo de goteira." Hermínio saiu em defesa da bossa nova. "É samba, sim, é brasileiro, sim." SOM AO REDOR A discussão só perdeu o ritmo quando Tinhorão, sem conseguir escutar direito o que os companheiros do palco diziam, reclamou do som. O curador da Flip, Paulo Werneck, comunicou que providências seriam tomadas. "Estou fazendo uma força danada pra te ouvir", disse a Hermínio, que devolveu: "E eu estou fazendo uma força danada pra te provocar!". Embora faiscante, a conversa nunca perdeu aquele tom apaixonante, mas cordial, de dois amigos que discutem se preferem Flamengo ou Fluminense, Chico Buarque ou Caetano Veloso, o chope do bar Lagoa ou do bar Luiz. Em outro ponto alto da mesa, Hermínio criticou o escarcéu em torno da correspondência na qual Mário de Andrade menciona sua "tão falada homossexualidade". "Fizeram tanto sobre essa carta, e ela não diz nada. Foi um sensacionalismo à toa. O Mário de Andrade era sabidamente confuso sexualmente." O homenageado desta Flip é fonte de inspiração para Hermínio, que chegou a peitar Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) no passado. Ele teria feito pouco caso quando o pesquisador propôs celebrar os 90 anos do autor de "Pauliceia Desvairada". "Alguém está interessado no Mário?" Hoje muitos estão. Mas nem todas as questões devem ser aprofundadas, ou correm o risco de ficarem "rasteiras, rasas", disse o pesquisador. Como saber quem Mário levava para a cama. "Ele dizia que fazia sexo com as árvores, um sexo meio pan", afirmou, lembrando da amiga Aracy de Almeida (1914-1988), principal intérprete de Noel Rosa, jurada no programa de calouros do Silvio Santos e presente em altas rodas da malandragem e do high society carioca. "A Aracy falava abertamente:'Olha, eu gosto de tudo. De homem, de mulher, de cachorro... Aliás, prefiro cachorro."
1
Sob protestos, MG tenta acabar com manicômio que já foi o maior do Brasil
Aos 59 anos, Sueli da Silva mora desde os 10 no atual Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (MG), antigo hospital Colônia, então o maior manicômio do Brasil. Diagnosticada com esquizofrenia paranoide, é considerada apta a deixar o instituto e ser gradualmente reintegrada à sociedade, mas ela não tem para onde ir. O centro, gerido pelo Estado, quer levar Sueli e outras 79 pessoas para viver em casas adaptadas à moradia de ex-internos, acompanhados de um cuidador. Mas as residências são custeadas pelo município, que afirma não ter dinheiro para bancar a mudança e pede a ampliação de repasses de verbas federais. Apesar de uma lei de 2001 determinar que moradores de longo tempo de hospitais psiquiátricos sejam "objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida", o centro de Barbacena continua com 149 internos sem previsão de saída. A maioria está lá há décadas –a mais antiga, Perciliana dos Santos, 96, desde 1945. Em 2004, 46 pacientes antigos chegaram a receber alta do centro, mas desde 2006 este número não ultrapassa dez pessoas. De 2015 a 2016 foram apenas três, embora uma manobra contábil diga que foram mais. Na verdade, o número excedente era de recém-transferidas de um hospital particular e que tinham prazo para deixar a instituição. Barbacena é conhecida como a "cidade dos loucos" e o Colônia já foi comparado a um campo de concentração. Fundado em 1903, foi famoso pelas más condições oferecidas aos internos até os anos 1980. Com 200 leitos, chegou a abrigar simultaneamente 3.500 pacientes. Tinha uma média de mil mortes por ano. Eram levadas para lá pessoas não necessariamente com doença mental. Grupos marginalizados como homossexuais, prostitutas e moradores de rua eram colocados em um trem e despejados no instituto. Crianças também eram internadas –Sueli da Silva foi uma delas– e abandonadas por suas famílias. Ainda hoje, a maioria não tem familiares reconhecidos. Nos últimos 30 anos, o hospital sofreu uma reformulação e passou a dar o que chama de "tratamento humanizado". Sem superlotação, ainda sofre com sucateamentos comuns ao serviço público –uma antiga ambulância foi improvisada como carro de transporte de alimentos, por exemplo. Dos 149 pacientes crônicos, os 80 que podem sair estão em melhores condições clínicas. Os internos vivem em módulos onde dormem 15 pessoas, têm assistência médica e refeições em horários determinados. Eles podem andar pelas instalações do centro, exceto os que estão na ala dos "mais crônicos", que costumam fugir ou têm comportamento violento. Esses ficam cercados por grades. "Estou preso na escola. Me prenderam de novo", riu o interno Francisco Santana, 56, de trás das grades. Ex-alcoólatra e com crises de psicose, ele é mantido no módulo cercado porque costuma "andar até se perder". PROTESTOS Parte dos funcionários tem feito campanha para que os internos sejam mantidos no centro. Para eles, estão em melhor condição no instituto do que nas residências. "Aqui eles passeiam, vão ao restaurante. Lá nas casas ficam sem fazer nada. A gente tinha uma paciente, a Cremilda, que saiu daqui andando, mas hoje está acamada", diz a técnica em enfermagem Fátima Tertuliano. Outra parte discorda. "Imagina que, nas residências, se eles querem tomar café depois do horário do almoço, podem. Não vão ficar com a caneca na mão a tarde inteira. Aqui todo mundo é igual por uma questão de economia, não têm suas singularidades reconhecidas", afirma a enfermeira Daniela Viana. Barbacena, Minas Gerais O município atualmente tem 32 casas para ex-pacientes psiquiátricos, com 220 pessoas morando nelas. Cada uma custa entre R$ 1.000 e R$ 2.000. "Com o dinheiro que tenho hoje não consigo receber mais ninguém. O Ministério da Saúde está quite conosco, mas para habilitar mais residências tem que vir novos recursos", afirma o secretário da Saúde de Barbacena, Orleans Costa. Segundo ele, os funcionários que protestam contra a desinstitucionalização do hospital estão "com medo de perder o emprego" e "deturpam o que a lei prevê", mas serão reaproveitados em outras unidades hospitalares. A Fhemig (Fundação Hospitalar de Minas Gerais) afirma que "há serviços, com perspectiva de expansão, que podem abrigar os trabalhadores". Ainda não se sabe o que será feito das instalações do centro. Apesar de ser a prioridade na fila para transferência às residências, Sueli da Silva não quer ir embora. "Nem me pergunte isso. Não faça isso comigo, pelo amor de Deus", gritou, e começou a chorar ao ser questionada se queria viver em outro lugar. Ao seu lado, o diretor do hospital, Wander Lopes, afirma: "É... Por isso que não dá para ser imediato. Ainda temos um longo trabalho para convencer aos poucos cada um deles". Procurado, o Ministério da Saúde afirmou que repassa R$ 651,1 mil mensais para a Rede de Atenção Psicossocial de Barbacena. Esse valor, diz a pasta, teve aumento de R$ 76 mil em dezembro de 2016 para a habilitação de mais cinco unidades residenciais, elevando o total a 27 casas na cidade. Segundo o ministério, não há novos pedidos de ampliação do serviço de atendimento psicossocial de Barbacena.
cotidiano
Sob protestos, MG tenta acabar com manicômio que já foi o maior do BrasilAos 59 anos, Sueli da Silva mora desde os 10 no atual Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (MG), antigo hospital Colônia, então o maior manicômio do Brasil. Diagnosticada com esquizofrenia paranoide, é considerada apta a deixar o instituto e ser gradualmente reintegrada à sociedade, mas ela não tem para onde ir. O centro, gerido pelo Estado, quer levar Sueli e outras 79 pessoas para viver em casas adaptadas à moradia de ex-internos, acompanhados de um cuidador. Mas as residências são custeadas pelo município, que afirma não ter dinheiro para bancar a mudança e pede a ampliação de repasses de verbas federais. Apesar de uma lei de 2001 determinar que moradores de longo tempo de hospitais psiquiátricos sejam "objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida", o centro de Barbacena continua com 149 internos sem previsão de saída. A maioria está lá há décadas –a mais antiga, Perciliana dos Santos, 96, desde 1945. Em 2004, 46 pacientes antigos chegaram a receber alta do centro, mas desde 2006 este número não ultrapassa dez pessoas. De 2015 a 2016 foram apenas três, embora uma manobra contábil diga que foram mais. Na verdade, o número excedente era de recém-transferidas de um hospital particular e que tinham prazo para deixar a instituição. Barbacena é conhecida como a "cidade dos loucos" e o Colônia já foi comparado a um campo de concentração. Fundado em 1903, foi famoso pelas más condições oferecidas aos internos até os anos 1980. Com 200 leitos, chegou a abrigar simultaneamente 3.500 pacientes. Tinha uma média de mil mortes por ano. Eram levadas para lá pessoas não necessariamente com doença mental. Grupos marginalizados como homossexuais, prostitutas e moradores de rua eram colocados em um trem e despejados no instituto. Crianças também eram internadas –Sueli da Silva foi uma delas– e abandonadas por suas famílias. Ainda hoje, a maioria não tem familiares reconhecidos. Nos últimos 30 anos, o hospital sofreu uma reformulação e passou a dar o que chama de "tratamento humanizado". Sem superlotação, ainda sofre com sucateamentos comuns ao serviço público –uma antiga ambulância foi improvisada como carro de transporte de alimentos, por exemplo. Dos 149 pacientes crônicos, os 80 que podem sair estão em melhores condições clínicas. Os internos vivem em módulos onde dormem 15 pessoas, têm assistência médica e refeições em horários determinados. Eles podem andar pelas instalações do centro, exceto os que estão na ala dos "mais crônicos", que costumam fugir ou têm comportamento violento. Esses ficam cercados por grades. "Estou preso na escola. Me prenderam de novo", riu o interno Francisco Santana, 56, de trás das grades. Ex-alcoólatra e com crises de psicose, ele é mantido no módulo cercado porque costuma "andar até se perder". PROTESTOS Parte dos funcionários tem feito campanha para que os internos sejam mantidos no centro. Para eles, estão em melhor condição no instituto do que nas residências. "Aqui eles passeiam, vão ao restaurante. Lá nas casas ficam sem fazer nada. A gente tinha uma paciente, a Cremilda, que saiu daqui andando, mas hoje está acamada", diz a técnica em enfermagem Fátima Tertuliano. Outra parte discorda. "Imagina que, nas residências, se eles querem tomar café depois do horário do almoço, podem. Não vão ficar com a caneca na mão a tarde inteira. Aqui todo mundo é igual por uma questão de economia, não têm suas singularidades reconhecidas", afirma a enfermeira Daniela Viana. Barbacena, Minas Gerais O município atualmente tem 32 casas para ex-pacientes psiquiátricos, com 220 pessoas morando nelas. Cada uma custa entre R$ 1.000 e R$ 2.000. "Com o dinheiro que tenho hoje não consigo receber mais ninguém. O Ministério da Saúde está quite conosco, mas para habilitar mais residências tem que vir novos recursos", afirma o secretário da Saúde de Barbacena, Orleans Costa. Segundo ele, os funcionários que protestam contra a desinstitucionalização do hospital estão "com medo de perder o emprego" e "deturpam o que a lei prevê", mas serão reaproveitados em outras unidades hospitalares. A Fhemig (Fundação Hospitalar de Minas Gerais) afirma que "há serviços, com perspectiva de expansão, que podem abrigar os trabalhadores". Ainda não se sabe o que será feito das instalações do centro. Apesar de ser a prioridade na fila para transferência às residências, Sueli da Silva não quer ir embora. "Nem me pergunte isso. Não faça isso comigo, pelo amor de Deus", gritou, e começou a chorar ao ser questionada se queria viver em outro lugar. Ao seu lado, o diretor do hospital, Wander Lopes, afirma: "É... Por isso que não dá para ser imediato. Ainda temos um longo trabalho para convencer aos poucos cada um deles". Procurado, o Ministério da Saúde afirmou que repassa R$ 651,1 mil mensais para a Rede de Atenção Psicossocial de Barbacena. Esse valor, diz a pasta, teve aumento de R$ 76 mil em dezembro de 2016 para a habilitação de mais cinco unidades residenciais, elevando o total a 27 casas na cidade. Segundo o ministério, não há novos pedidos de ampliação do serviço de atendimento psicossocial de Barbacena.
6
STF adia decisão sobre condenação de Maluf por lavagem de dinheiro
O ministro Marco Aurélio, da primeira turma do STF (Supremo Tribunal Federal), pediu vista (mais tempo para analisar o caso), nesta terça-feira (26), no julgamento de um recurso contra a condenação do deputado Paulo Maluf (PP-SP). Ele foi condenado em maio a sete anos, nove meses e dez dias de prisão em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro e recorreu. Marco Aurélio afirmou que o julgamento deve ser retomado na próxima terça-feira (3). Relator do caso, o ministro Edson Fachin, votou por rejeitar o recurso. Também fazem parte do colegiado os ministros Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Rosa Weber e Alexandre de Moraes. Fachin era da primeira turma e mudou para a segunda, mas, como é o relator do caso, participa do julgamento no lugar de Moraes. De acordo com a denúncia Maluf desviou dinheiro de obras públicas e fez remessas ilegais ao exterior usando serviços de doleiros. Para isso, segundo Fachin, o deputado utilizou "diversas contas bancárias e fundos de investimentos situados na ilha de Jersey, abertos em nomes de empresas offshores." Para os ministros, enquanto era prefeito de São Paulo (1993 a 1996), Maluf ocultou e dissimulou dinheiro desviado da construção da avenida Água Espraiada (atualmente chamada de avenida Roberto Marinho). Ele continuou a praticar a lavagem de dinheiro nos anos seguintes, depois de deixar o cargo. Os magistrados definiram que, por causa da condenação, ele deve perder o mandato parlamentar. Maluf também foi condenado a pagar multa no valor de cinco vezes o salário mínimo vigente à época dos fatos, em 2006, e aumentado em três vezes. PRESCRIÇÃO O Ministério Público responsabilizou Maluf por desvios de mais de US$ 172 milhões. Mas parte dos crimes já foi prescrita. Fachin considerou apenas desvios na ordem de US$ 15 milhões. Os ministros decidiram ainda que Maluf deve se afastar da administração de empresas, seja em cargo de direção, integrante de conselho de administração ou de gerência, pelo dobro do tempo da pena de prisão, ou seja, mais de 15 anos. As penas só começam a ser cumpridas depois que o processo transitar em julgado, ou seja, não houver possibilidade de recursos. O político também pode alegar que tem idade avançada para ser preso. Ele tem 85 anos. Caso o recurso seja rejeitado, Maluf pode apresentar um segundo deste tipo –chamado de "embargos de declaração". RELATOR Para a defesa de Maluf, houve "omissão", "contradição" e "obscuridade" no julgamento. Os advogados também pedem para juntar novos documentos aos autos. No entanto, o ministro Fachin afirmou que Maluf quer "reabrir a discussão da causa, promover reanálise de fatos e provas e atacar" a condenação por meio do recurso. Para ele, apesar de apontar "omissão, contradição e obscuridade", Maluf "não logrou êxito em demonstrar quaisquer desses defeitos".
poder
STF adia decisão sobre condenação de Maluf por lavagem de dinheiroO ministro Marco Aurélio, da primeira turma do STF (Supremo Tribunal Federal), pediu vista (mais tempo para analisar o caso), nesta terça-feira (26), no julgamento de um recurso contra a condenação do deputado Paulo Maluf (PP-SP). Ele foi condenado em maio a sete anos, nove meses e dez dias de prisão em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro e recorreu. Marco Aurélio afirmou que o julgamento deve ser retomado na próxima terça-feira (3). Relator do caso, o ministro Edson Fachin, votou por rejeitar o recurso. Também fazem parte do colegiado os ministros Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Rosa Weber e Alexandre de Moraes. Fachin era da primeira turma e mudou para a segunda, mas, como é o relator do caso, participa do julgamento no lugar de Moraes. De acordo com a denúncia Maluf desviou dinheiro de obras públicas e fez remessas ilegais ao exterior usando serviços de doleiros. Para isso, segundo Fachin, o deputado utilizou "diversas contas bancárias e fundos de investimentos situados na ilha de Jersey, abertos em nomes de empresas offshores." Para os ministros, enquanto era prefeito de São Paulo (1993 a 1996), Maluf ocultou e dissimulou dinheiro desviado da construção da avenida Água Espraiada (atualmente chamada de avenida Roberto Marinho). Ele continuou a praticar a lavagem de dinheiro nos anos seguintes, depois de deixar o cargo. Os magistrados definiram que, por causa da condenação, ele deve perder o mandato parlamentar. Maluf também foi condenado a pagar multa no valor de cinco vezes o salário mínimo vigente à época dos fatos, em 2006, e aumentado em três vezes. PRESCRIÇÃO O Ministério Público responsabilizou Maluf por desvios de mais de US$ 172 milhões. Mas parte dos crimes já foi prescrita. Fachin considerou apenas desvios na ordem de US$ 15 milhões. Os ministros decidiram ainda que Maluf deve se afastar da administração de empresas, seja em cargo de direção, integrante de conselho de administração ou de gerência, pelo dobro do tempo da pena de prisão, ou seja, mais de 15 anos. As penas só começam a ser cumpridas depois que o processo transitar em julgado, ou seja, não houver possibilidade de recursos. O político também pode alegar que tem idade avançada para ser preso. Ele tem 85 anos. Caso o recurso seja rejeitado, Maluf pode apresentar um segundo deste tipo –chamado de "embargos de declaração". RELATOR Para a defesa de Maluf, houve "omissão", "contradição" e "obscuridade" no julgamento. Os advogados também pedem para juntar novos documentos aos autos. No entanto, o ministro Fachin afirmou que Maluf quer "reabrir a discussão da causa, promover reanálise de fatos e provas e atacar" a condenação por meio do recurso. Para ele, apesar de apontar "omissão, contradição e obscuridade", Maluf "não logrou êxito em demonstrar quaisquer desses defeitos".
0
Jornal admite erro em caso de imposto de Joaquim Barbosa
O jornal "Miami Herald" retificou uma reportagem publicada no último dia 3 que afirmava que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa havia deixado de pagar um imposto de um imóvel comprado nos Estados Unidos. Em reportagem publicada na terça-feira (12), o jornal americano afirma que o cartório de Miami, onde se localiza o apartamento de Barbosa, errou ao deixar de registrar o valor do imposto na época da transação. A responsável pelo órgão, Silene Souza, reconheceu o problema, disse que pagou a taxa novamente neste ano por precaução e que está verificando o que aconteceu. A informação original errada, publicada também pelo UOL e reproduzida pela Folha, tinha sido divulgada na ocasião em que foram revelados os documentos conhecidos como Panamá Papers, que mostram a criação de empresas offshores pelo escritório Mossack Fonseca. A reportagem do "Miami Herald" afirmava que não havia comprovação de pagamento no sistema do Registro Público de Miami de taxa de cerca de US$ 2.000 decorrente da compra de um apartamento de US$ 335 mil na Flórida. A advogada que representa Barbosa em Miami, Diane Nobile, disse que o ex-ministro não tem nenhuma responsabilidade sobre o caso. Barbosa sempre negou que estivesse devendo impostos e afirmou que nunca houve notificação de cobrança.
poder
Jornal admite erro em caso de imposto de Joaquim BarbosaO jornal "Miami Herald" retificou uma reportagem publicada no último dia 3 que afirmava que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa havia deixado de pagar um imposto de um imóvel comprado nos Estados Unidos. Em reportagem publicada na terça-feira (12), o jornal americano afirma que o cartório de Miami, onde se localiza o apartamento de Barbosa, errou ao deixar de registrar o valor do imposto na época da transação. A responsável pelo órgão, Silene Souza, reconheceu o problema, disse que pagou a taxa novamente neste ano por precaução e que está verificando o que aconteceu. A informação original errada, publicada também pelo UOL e reproduzida pela Folha, tinha sido divulgada na ocasião em que foram revelados os documentos conhecidos como Panamá Papers, que mostram a criação de empresas offshores pelo escritório Mossack Fonseca. A reportagem do "Miami Herald" afirmava que não havia comprovação de pagamento no sistema do Registro Público de Miami de taxa de cerca de US$ 2.000 decorrente da compra de um apartamento de US$ 335 mil na Flórida. A advogada que representa Barbosa em Miami, Diane Nobile, disse que o ex-ministro não tem nenhuma responsabilidade sobre o caso. Barbosa sempre negou que estivesse devendo impostos e afirmou que nunca houve notificação de cobrança.
0
Mulheres ainda são minoria na gestão de políticas públicas esportivas
A predominância é masculina entre os gestores da política de esporte no país, mas elas foram responsáveis por elevar os indicadores de qualificação no setor. De acordo com pesquisa divulgada nesta quarta-feira (23) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano passado, entre as Unidades da Federação, apenas cinco dos gestores estaduais da política de esporte eram do sexo feminino. Já entre os municípios que declararam ter órgão gestor de esporte, em 69%, os gestores eram do sexo masculino e, em 31%, do sexo feminino. Ou seja, menos de um terço dos administradores de políticas esportivas são mulheres. Ainda assim, segundo o IBGE, a alta da escolaridade das mulheres contribuiu para que 60,3% dos responsáveis pela política de esporte no Brasil apresentassem ensino superior, pós-graduação lato sensu, mestrado ou doutorado. Em 2016, o percentual nacional de gestoras municipais de políticas de esporte com pós-graduação ou mestrado e doutorado (42,6%) era maior do que o dos gestores (15,6%). O número de gestoras com ensino superior completo também era superior (43,8%) ao dos gestores (32,8%). "Isso melhorou o indicador de escolaridade no setor", afirmou Vania Pacheco, pesquisadora do IBGE. "Seja nos Estados ou nos Municípios, a escolaridade das mulheres no setor era maior. E uma maior escolaridade amplia, obviamente, o ângulo de visão para uma melhor gestão." Gestores de esporte nos municípios - Por sexo, em % Os dados fazem parte da pesquisa Perfil dos Estados e dos Municípios Brasileiros - Esporte, divulgada pelo instituto. Realizada em parceria com o Ministério do Esporte, a pesquisa investigou aspectos sobre a gestão pública e o desenvolvimento da política de esporte nas 27 unidades da Federação e em 5.570 municípios do país. A coleta das informações foi feita entre junho e outubro de 2016. Entre os municípios que declararam ter órgão gestor de esporte, em 69% os gestores eram do sexo masculino e, em 31%, feminino. No Rio Grande do Sul, em 2016, 51,5% dos seus municípios tinham gestoras. Segundo o levantamento, a média nacional dos municípios que realizaram eventos esportivos passou de 93,6% (5.204), em 2003, para 97,8% (5.445), em 2016. Dos municípios que realizaram eventos no esporte escolar, de rendimento e de lazer, apenas, respectivamente, 6,4% (279), 8,9% (334) e 8,3% (398) fizeram eventos com modalidades esportivas paraolímpicas, com maior destaque para futebol, vôlei, atletismo e futsal. Municípios com estrutura organizacional para tratar da política de esporte - Outro destaque na pesquisa é que, no intervalo entre 2003 e 2016, o número de municípios brasileiros com estrutura organizacional para tratar da política de esporte passou de 84,6% (4.701) para 97,7% (5.442), apontando para um maior nível de organização. A pesquisa investigou ainda se governos estaduais e municipais mantinham política de contratação de ex-atletas para o exercício de funções na gestão da política de esporte. Entre os Estados, apenas os governos de Roraima, Amapá, Pernambuco, Sergipe e Minas Gerais informaram manter tal política. Entre os municípios, 11,4% declararam a existência de política de pessoal para contratação de ex-atletas, índice inferior ao encontrado no ano de 2003, que foi de 14,5%. Municípios que abrigaram eventos esportivos -
esporte
Mulheres ainda são minoria na gestão de políticas públicas esportivasA predominância é masculina entre os gestores da política de esporte no país, mas elas foram responsáveis por elevar os indicadores de qualificação no setor. De acordo com pesquisa divulgada nesta quarta-feira (23) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano passado, entre as Unidades da Federação, apenas cinco dos gestores estaduais da política de esporte eram do sexo feminino. Já entre os municípios que declararam ter órgão gestor de esporte, em 69%, os gestores eram do sexo masculino e, em 31%, do sexo feminino. Ou seja, menos de um terço dos administradores de políticas esportivas são mulheres. Ainda assim, segundo o IBGE, a alta da escolaridade das mulheres contribuiu para que 60,3% dos responsáveis pela política de esporte no Brasil apresentassem ensino superior, pós-graduação lato sensu, mestrado ou doutorado. Em 2016, o percentual nacional de gestoras municipais de políticas de esporte com pós-graduação ou mestrado e doutorado (42,6%) era maior do que o dos gestores (15,6%). O número de gestoras com ensino superior completo também era superior (43,8%) ao dos gestores (32,8%). "Isso melhorou o indicador de escolaridade no setor", afirmou Vania Pacheco, pesquisadora do IBGE. "Seja nos Estados ou nos Municípios, a escolaridade das mulheres no setor era maior. E uma maior escolaridade amplia, obviamente, o ângulo de visão para uma melhor gestão." Gestores de esporte nos municípios - Por sexo, em % Os dados fazem parte da pesquisa Perfil dos Estados e dos Municípios Brasileiros - Esporte, divulgada pelo instituto. Realizada em parceria com o Ministério do Esporte, a pesquisa investigou aspectos sobre a gestão pública e o desenvolvimento da política de esporte nas 27 unidades da Federação e em 5.570 municípios do país. A coleta das informações foi feita entre junho e outubro de 2016. Entre os municípios que declararam ter órgão gestor de esporte, em 69% os gestores eram do sexo masculino e, em 31%, feminino. No Rio Grande do Sul, em 2016, 51,5% dos seus municípios tinham gestoras. Segundo o levantamento, a média nacional dos municípios que realizaram eventos esportivos passou de 93,6% (5.204), em 2003, para 97,8% (5.445), em 2016. Dos municípios que realizaram eventos no esporte escolar, de rendimento e de lazer, apenas, respectivamente, 6,4% (279), 8,9% (334) e 8,3% (398) fizeram eventos com modalidades esportivas paraolímpicas, com maior destaque para futebol, vôlei, atletismo e futsal. Municípios com estrutura organizacional para tratar da política de esporte - Outro destaque na pesquisa é que, no intervalo entre 2003 e 2016, o número de municípios brasileiros com estrutura organizacional para tratar da política de esporte passou de 84,6% (4.701) para 97,7% (5.442), apontando para um maior nível de organização. A pesquisa investigou ainda se governos estaduais e municipais mantinham política de contratação de ex-atletas para o exercício de funções na gestão da política de esporte. Entre os Estados, apenas os governos de Roraima, Amapá, Pernambuco, Sergipe e Minas Gerais informaram manter tal política. Entre os municípios, 11,4% declararam a existência de política de pessoal para contratação de ex-atletas, índice inferior ao encontrado no ano de 2003, que foi de 14,5%. Municípios que abrigaram eventos esportivos -
4
Menino de dez anos suspeito de furtar carro é morto por PM em SP
Um menino de dez anos foi morto a tiros por policiais militares na noite de quinta-feira (2) na zona sul de São Paulo. A criança e um colega de 11 anos, segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública, haviam furtado um carro em um condomínio da região e passaram a ser perseguidos. Segundo a PM, os policiais deram ordem de parada, mas os dois meninos aceleraram o Daihatsu preto e fugiram. Durante a perseguição policial, na região do Morumbi, Italo, que conduzia o carro, perdeu o controle e bateu em um ônibus e em um caminhão. Quando os policiais se aproximaram com duas motos e um carro, segundo a PM, foram recebidos a bala. Italo, 10, que dirigia, foi atingido na cabeça e morreu no local. J, 11, que estava no banco traseiro, foi levado à delegacia. O menino prestou depoimento e foi entregue aos responsáveis -de acordo com a legislação, menores de 12 anos não podem ser detidos. Segundo o governo, no relato ao delegado de madrugada, na presença da mãe, o menino disse que o colega atirou duas vezes na polícia, num primeiro momento, e, depois que bateu o carro, disparou de novo antes de ser atingido. À noite, em novo depoimento, mudou a versão e disse que o colega deu três tiros durante o trajeto –não tendo disparado depois da batida do carro. Nesse momento, disse, os policiais atiraram nele. O secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, afirmou à Folha que considerou legítima a ação da PM. "Não me apresentaram qualquer evidência que a ocorrência não tenha sido absolutamente legítima por parte da polícia", declarou. "Esse menino não levou tiro na rua, levou tiro na troca de tiros. Ninguém tem dúvida que ele estava dirigindo o carro. Criança manusear uma arma impropriamente, a gente está cansado de ver casos e casos", completou Mágino. Já o ouvidor da Polícia Militar, Júlio César Fernandes Neves, cobrou investigação, e a Corregedoria da PM abriu inquérito administrativo. A Polícia Civil fará uma reconstituição do caso e irá oferecer às famílias vaga no programa de proteção à testemunha do governo estadual. Em entrevista, a diretora do DHPP, Elisabete Sato, disse ainda não ter elementos para afirmar se houve "isso ou aquilo". "Neste início, nada é descartado", afirmou ela, ao ser questionada sobre a dinâmica do caso. "Todas as dúvidas que vocês [jornalistas] têm nós também temos. Isso vai ser dirimido a partir das perícias e da reconstituição", disse a delegada, reafirmando ainda que o órgão não protege nenhuma instituição. "Vamos apurar todas as dúvidas". Os dois meninos já tiveram ao menos três ocorrências de roubo neste ano. Nos três registros policiais, eles não portavam armas. Foram uma tentativa de furto no parque Ibirapuera, em janeiro, em hotel, em abril, e a condomínio -este último em 28 de maio, quando eles quebraram o vidro de um veículo. Os pais do menino morto também têm condenações judiciais. O pai está preso por tráfico, e a mãe, Cintia Francelino, 29, já cumpriu pena por furto e roubo. Na tarde desta sexta (3), enquanto aguardava a liberação do corpo do filho no IML de São Paulo, Cintia desabafou. "O meu filho era uma criança. Ninguém vai trazer o meu filho de volta." Só por volta das 21h ela conseguiu entrar no IML para reconhecer o corpo do menino, que estava matriculado no segundo ano em uma escola estadual e, disse a mãe, sonhava ser cantor. A família, que já perdeu tudo em dois incêndios em favelas, vive na comunidade do Piolho, no Campo Belo, na zona sul. "Moramos na favela. Eles vão vir atrás de nós. Não vai ter justiça", disse um tio, que não quis se identificar. O menino será enterrado neste sábado (4). Um dia antes, a família gastou R$ 628 com caixão e coroa de flores. "O último dinheirinho que a gente tinha", afirmou a mãe do menino.
cotidiano
Menino de dez anos suspeito de furtar carro é morto por PM em SPUm menino de dez anos foi morto a tiros por policiais militares na noite de quinta-feira (2) na zona sul de São Paulo. A criança e um colega de 11 anos, segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública, haviam furtado um carro em um condomínio da região e passaram a ser perseguidos. Segundo a PM, os policiais deram ordem de parada, mas os dois meninos aceleraram o Daihatsu preto e fugiram. Durante a perseguição policial, na região do Morumbi, Italo, que conduzia o carro, perdeu o controle e bateu em um ônibus e em um caminhão. Quando os policiais se aproximaram com duas motos e um carro, segundo a PM, foram recebidos a bala. Italo, 10, que dirigia, foi atingido na cabeça e morreu no local. J, 11, que estava no banco traseiro, foi levado à delegacia. O menino prestou depoimento e foi entregue aos responsáveis -de acordo com a legislação, menores de 12 anos não podem ser detidos. Segundo o governo, no relato ao delegado de madrugada, na presença da mãe, o menino disse que o colega atirou duas vezes na polícia, num primeiro momento, e, depois que bateu o carro, disparou de novo antes de ser atingido. À noite, em novo depoimento, mudou a versão e disse que o colega deu três tiros durante o trajeto –não tendo disparado depois da batida do carro. Nesse momento, disse, os policiais atiraram nele. O secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, afirmou à Folha que considerou legítima a ação da PM. "Não me apresentaram qualquer evidência que a ocorrência não tenha sido absolutamente legítima por parte da polícia", declarou. "Esse menino não levou tiro na rua, levou tiro na troca de tiros. Ninguém tem dúvida que ele estava dirigindo o carro. Criança manusear uma arma impropriamente, a gente está cansado de ver casos e casos", completou Mágino. Já o ouvidor da Polícia Militar, Júlio César Fernandes Neves, cobrou investigação, e a Corregedoria da PM abriu inquérito administrativo. A Polícia Civil fará uma reconstituição do caso e irá oferecer às famílias vaga no programa de proteção à testemunha do governo estadual. Em entrevista, a diretora do DHPP, Elisabete Sato, disse ainda não ter elementos para afirmar se houve "isso ou aquilo". "Neste início, nada é descartado", afirmou ela, ao ser questionada sobre a dinâmica do caso. "Todas as dúvidas que vocês [jornalistas] têm nós também temos. Isso vai ser dirimido a partir das perícias e da reconstituição", disse a delegada, reafirmando ainda que o órgão não protege nenhuma instituição. "Vamos apurar todas as dúvidas". Os dois meninos já tiveram ao menos três ocorrências de roubo neste ano. Nos três registros policiais, eles não portavam armas. Foram uma tentativa de furto no parque Ibirapuera, em janeiro, em hotel, em abril, e a condomínio -este último em 28 de maio, quando eles quebraram o vidro de um veículo. Os pais do menino morto também têm condenações judiciais. O pai está preso por tráfico, e a mãe, Cintia Francelino, 29, já cumpriu pena por furto e roubo. Na tarde desta sexta (3), enquanto aguardava a liberação do corpo do filho no IML de São Paulo, Cintia desabafou. "O meu filho era uma criança. Ninguém vai trazer o meu filho de volta." Só por volta das 21h ela conseguiu entrar no IML para reconhecer o corpo do menino, que estava matriculado no segundo ano em uma escola estadual e, disse a mãe, sonhava ser cantor. A família, que já perdeu tudo em dois incêndios em favelas, vive na comunidade do Piolho, no Campo Belo, na zona sul. "Moramos na favela. Eles vão vir atrás de nós. Não vai ter justiça", disse um tio, que não quis se identificar. O menino será enterrado neste sábado (4). Um dia antes, a família gastou R$ 628 com caixão e coroa de flores. "O último dinheirinho que a gente tinha", afirmou a mãe do menino.
6
Colombianos e Neymar travam 'guerra de nervos'
Neymar reencontrará nesta terça (6) um grupo do qual não sente saudade. O goleiro Ospina, os meias James Rodríguez, Sánchez e Cuadrado e os atacantes Bacca e Teo Gutierrez estavam em dois dos piores momentos de sua carreira: a Copa de 2014 e a Copa América de 2015. Há dois anos, as duas seleções fizeram a partida que marcou o início da rivalidade que ganhou corpo recentemente, com confrontos marcados por faltas ríspidas e discussões. Nas quartas de final da Copa, o Brasil vencia por 2 a 1 quando Neymar levou uma joelhada do lateral Zuñiga nas costas. O brasileiro fraturou uma vértebra e ficou fora do vexame dos 7 a 1 para a Alemanha. Um ano depois, após jogar mal na derrota por 1 a 0 na Copa América, Neymar se irritou, chutou uma bola no lateral Armero, deu cabeçada no zagueiro Murillo e foi expulso ao trocar empurrões com Bacca. Em agosto, Neymar teve grande atuação contra os colombianos no Itaquerão, nas quartas da Olimpíada e fez um gol na vitória por 2 a 0. Mas sofreu faltas duras e revidou. Primeiro, deu um "coice", que passou batido pela arbitragem. Mais tarde, derrubou Roa com uma rasteira, iniciando um tumulto e empurra-empurra. Dos seis conhecidos de Neymar, só Gutierrez foi à Olimpíada. Tite armou um esquema para evitar a 'guerra de nervos' entre Neymar e colombianos. Ele incumbiu outros atletas de conversarem com a arbitragem e se imporem diante dos rivais: Miranda, Renato Augusto e Daniel Alves.
esporte
Colombianos e Neymar travam 'guerra de nervos'Neymar reencontrará nesta terça (6) um grupo do qual não sente saudade. O goleiro Ospina, os meias James Rodríguez, Sánchez e Cuadrado e os atacantes Bacca e Teo Gutierrez estavam em dois dos piores momentos de sua carreira: a Copa de 2014 e a Copa América de 2015. Há dois anos, as duas seleções fizeram a partida que marcou o início da rivalidade que ganhou corpo recentemente, com confrontos marcados por faltas ríspidas e discussões. Nas quartas de final da Copa, o Brasil vencia por 2 a 1 quando Neymar levou uma joelhada do lateral Zuñiga nas costas. O brasileiro fraturou uma vértebra e ficou fora do vexame dos 7 a 1 para a Alemanha. Um ano depois, após jogar mal na derrota por 1 a 0 na Copa América, Neymar se irritou, chutou uma bola no lateral Armero, deu cabeçada no zagueiro Murillo e foi expulso ao trocar empurrões com Bacca. Em agosto, Neymar teve grande atuação contra os colombianos no Itaquerão, nas quartas da Olimpíada e fez um gol na vitória por 2 a 0. Mas sofreu faltas duras e revidou. Primeiro, deu um "coice", que passou batido pela arbitragem. Mais tarde, derrubou Roa com uma rasteira, iniciando um tumulto e empurra-empurra. Dos seis conhecidos de Neymar, só Gutierrez foi à Olimpíada. Tite armou um esquema para evitar a 'guerra de nervos' entre Neymar e colombianos. Ele incumbiu outros atletas de conversarem com a arbitragem e se imporem diante dos rivais: Miranda, Renato Augusto e Daniel Alves.
4
Sob comando de Cunha, Câmara pode votar trava a novo partido de Kassab
A Câmara dos Deputados iria votar nesta terça-feira (3) um requerimento para acelerar a análise de uma proposta que dificulta a fusão de partidos, mas após reunião, líderes da Casa avaliaram que a proposta só deve ser analisada nesta quarta (4) porque outras propostas estão com preferência na pauta de votações. A medida é uma reação do DEM, numa articulação com o PMDB, à recriação do PL, que nos bastidores conta com o aval do ministro Gilberto Kassab (Cidades). A ideia seria fundir o partido com o PSD, atual legenda do ex-prefeito de São Paulo, para ampliar a base governista no Congresso. A movimentação, que tem o apoio do Planalto, é interpretada como uma tentativa de enfraquecer o PMDB e diminuir a dependência que o governo tem da legenda. Pelo Twitter, Kassab afirmou que apoia restrições para criação de legendas. Publicamente, o ministro nega que tenha ligação com a recriação do PL. "Excelente iniciativa da Câmara dos Deputados. A bancada do PSD apoia limite para novos partidos", afirmou o ministro. O PSD assinou o requerimento para acelerar a análise do projeto que tenta travar a fusão de legendas. O líder do partido, Rogério Rosso (DF), consultou o ministro antes de apoiar o projeto. A estratégia é tentar descolar Kassab do movimento para enfraquecer o PMDB. QUARENTENA O projeto cria uma quarentena para fusão de partidos políticos. Pelo projeto de lei, somente será permitida a fusão dos partidos que tenham registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) há pelo menos cinco anos. Segundo o líder do DEM, o objetivo da mudança é " estabelecer um mínimo de vida política às legendas para se evitar a criação da indústria de partidos". "Queremos evitar a criação de partidos que, logo após obter o registro ao Tribunal Superior Eleitoral, se fundam com outras legendas, driblando a fidelidade partidária", afirmou o oposicionista. "Infelizmente, já testemunhamos situações semelhantes e até publicamente confessadas para atrair parlamentares eleitos por outras legendas para, em seguida, por meio de um processo artificializado de fusão incrementar quadros de um partido já existente. Queremos evitar esse tipo de fraude à lei dos partidos políticos",completou. JUSTIÇA Em entrevista à Folha publicada nesta terça, o novo presidente da Câmara disse que o PMDB irá à Justiça contra a criação de novos partidos. "Será contestado judicialmente e aqui, na Câmara, vamos tentar produzir algum tipo de legislação para, no mínimo, impedir. Tem também que acabar com esse mercantilismo de assinaturas. Esses apoiamentos para criar um partido não são filiações partidárias. Não pode ser assinatura. Não pode ficar comprando assinatura na rua para fazer partido. Tem que ser filiação mesmo", disse.
poder
Sob comando de Cunha, Câmara pode votar trava a novo partido de KassabA Câmara dos Deputados iria votar nesta terça-feira (3) um requerimento para acelerar a análise de uma proposta que dificulta a fusão de partidos, mas após reunião, líderes da Casa avaliaram que a proposta só deve ser analisada nesta quarta (4) porque outras propostas estão com preferência na pauta de votações. A medida é uma reação do DEM, numa articulação com o PMDB, à recriação do PL, que nos bastidores conta com o aval do ministro Gilberto Kassab (Cidades). A ideia seria fundir o partido com o PSD, atual legenda do ex-prefeito de São Paulo, para ampliar a base governista no Congresso. A movimentação, que tem o apoio do Planalto, é interpretada como uma tentativa de enfraquecer o PMDB e diminuir a dependência que o governo tem da legenda. Pelo Twitter, Kassab afirmou que apoia restrições para criação de legendas. Publicamente, o ministro nega que tenha ligação com a recriação do PL. "Excelente iniciativa da Câmara dos Deputados. A bancada do PSD apoia limite para novos partidos", afirmou o ministro. O PSD assinou o requerimento para acelerar a análise do projeto que tenta travar a fusão de legendas. O líder do partido, Rogério Rosso (DF), consultou o ministro antes de apoiar o projeto. A estratégia é tentar descolar Kassab do movimento para enfraquecer o PMDB. QUARENTENA O projeto cria uma quarentena para fusão de partidos políticos. Pelo projeto de lei, somente será permitida a fusão dos partidos que tenham registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) há pelo menos cinco anos. Segundo o líder do DEM, o objetivo da mudança é " estabelecer um mínimo de vida política às legendas para se evitar a criação da indústria de partidos". "Queremos evitar a criação de partidos que, logo após obter o registro ao Tribunal Superior Eleitoral, se fundam com outras legendas, driblando a fidelidade partidária", afirmou o oposicionista. "Infelizmente, já testemunhamos situações semelhantes e até publicamente confessadas para atrair parlamentares eleitos por outras legendas para, em seguida, por meio de um processo artificializado de fusão incrementar quadros de um partido já existente. Queremos evitar esse tipo de fraude à lei dos partidos políticos",completou. JUSTIÇA Em entrevista à Folha publicada nesta terça, o novo presidente da Câmara disse que o PMDB irá à Justiça contra a criação de novos partidos. "Será contestado judicialmente e aqui, na Câmara, vamos tentar produzir algum tipo de legislação para, no mínimo, impedir. Tem também que acabar com esse mercantilismo de assinaturas. Esses apoiamentos para criar um partido não são filiações partidárias. Não pode ser assinatura. Não pode ficar comprando assinatura na rua para fazer partido. Tem que ser filiação mesmo", disse.
0
TRF mantém condenação de Genoino, Delúbio e Marcos Valério por fraudes
O TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região manteve nesta terça-feira (26) a condenação do ex-deputado José Genoino (PT), do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, do empresário Marcos Valério e outros ex-dirigentes do BMG sob acusação de que participaram de uma fraude em contratos do banco para financiar um esquema de compra de votos no Congresso no início do governo Lula. A decisão foi da terceira turma do tribunal, por três votos a zero. O caso é um desdobramento do mensalão, julgado em 2012 pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O processo correu em Minas porque já tinha começado quando o Supremo recebeu a denúncia do mensalão da Procuradoria-Geral da República. No julgamento desta terça, a pena de Genoino foi reduzida de quatro anos para 2 anos, 10 meses e 20 dias a ser cumprida em regime aberto. O ex-deputado e Delúbio foram condenados por falsidade ideológica (pois assinaram os empréstimos). Em 2012, a Justiça de Minas Gerais entendeu que eles participaram da montagem de empréstimos "fictícios" e "falsos" ao PT e ao grupo do publicitário Marcos Valério em 2003 e 2004. Segundo a Justiça, os empréstimos milionários feitos às empresas de Valério foram irregulares, sem garantias e normas do Banco Central. Ex-dirigentes do BMG foram condenados por gestão fraudulenta. A defesa de Genoino alega que o PT agiu dentro da legalidade, registrando as operações em sua contabilidade, e nunca foi perdoado da dívida, sendo até cobrado judicialmente. Em relação ao ex-deputado, os advogados apontam que ele não tratava de questões financeiras. Os defensores de Delúbio alegam que falta provas de seu envolvimento com a falsidade ideológica, uma vez que os empréstimos foram devidamente contraídos e quitados. Marcos Valério justificou que os contratos foram auditados pelo Banco Central, ficando demonstrada a capacidade das empresas e do PT para pagar o débito. Genoino e Delúbio foram condenados pelo Supremo no mensalão, mas já tiveram suas penas perdoadas. Marcos Valério ainda cumpre pena do mensalão.
poder
TRF mantém condenação de Genoino, Delúbio e Marcos Valério por fraudesO TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região manteve nesta terça-feira (26) a condenação do ex-deputado José Genoino (PT), do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, do empresário Marcos Valério e outros ex-dirigentes do BMG sob acusação de que participaram de uma fraude em contratos do banco para financiar um esquema de compra de votos no Congresso no início do governo Lula. A decisão foi da terceira turma do tribunal, por três votos a zero. O caso é um desdobramento do mensalão, julgado em 2012 pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O processo correu em Minas porque já tinha começado quando o Supremo recebeu a denúncia do mensalão da Procuradoria-Geral da República. No julgamento desta terça, a pena de Genoino foi reduzida de quatro anos para 2 anos, 10 meses e 20 dias a ser cumprida em regime aberto. O ex-deputado e Delúbio foram condenados por falsidade ideológica (pois assinaram os empréstimos). Em 2012, a Justiça de Minas Gerais entendeu que eles participaram da montagem de empréstimos "fictícios" e "falsos" ao PT e ao grupo do publicitário Marcos Valério em 2003 e 2004. Segundo a Justiça, os empréstimos milionários feitos às empresas de Valério foram irregulares, sem garantias e normas do Banco Central. Ex-dirigentes do BMG foram condenados por gestão fraudulenta. A defesa de Genoino alega que o PT agiu dentro da legalidade, registrando as operações em sua contabilidade, e nunca foi perdoado da dívida, sendo até cobrado judicialmente. Em relação ao ex-deputado, os advogados apontam que ele não tratava de questões financeiras. Os defensores de Delúbio alegam que falta provas de seu envolvimento com a falsidade ideológica, uma vez que os empréstimos foram devidamente contraídos e quitados. Marcos Valério justificou que os contratos foram auditados pelo Banco Central, ficando demonstrada a capacidade das empresas e do PT para pagar o débito. Genoino e Delúbio foram condenados pelo Supremo no mensalão, mas já tiveram suas penas perdoadas. Marcos Valério ainda cumpre pena do mensalão.
0
Candidato da Rede, Young declara à Justiça R$ 7,4 milhões em bens
Ricardo Young, candidato da Rede Sustentabilidade à Prefeitura de São Paulo, declarou possuir bens que somam mais de R$ 7 milhões à Justiça. Com 1% das intenções de voto segundo a última pesquisa do Datafolha, Young havia declarado patrimônio de R$ 11,2 milhões em 2012, quando disputou as eleições legislativas municipais. Empresário defensor da bandeira da sustentabilidade, Young tem como vice Carlota Mingotta, cuja declaração de bens é a menor entre todos os candidatos do executivo municipal de São Paulo –R$ 12 mil reais, ou 14.557 vezes menos que João Dória (PSDB), cujo patrimônio declarado é de R$ 180 milhões. Ex-presidenciável e atual candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Levy Fidelix também teve sua lista de bens publicada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta quinta (11). Seu patrimônio declarado é de R$772 mil. Confira a lista de bens dos dois candidatos: * Total em bens declarado: R$ 7.415.759,51 * Total em bens declarado: R$ 771.945,66
poder
Candidato da Rede, Young declara à Justiça R$ 7,4 milhões em bensRicardo Young, candidato da Rede Sustentabilidade à Prefeitura de São Paulo, declarou possuir bens que somam mais de R$ 7 milhões à Justiça. Com 1% das intenções de voto segundo a última pesquisa do Datafolha, Young havia declarado patrimônio de R$ 11,2 milhões em 2012, quando disputou as eleições legislativas municipais. Empresário defensor da bandeira da sustentabilidade, Young tem como vice Carlota Mingotta, cuja declaração de bens é a menor entre todos os candidatos do executivo municipal de São Paulo –R$ 12 mil reais, ou 14.557 vezes menos que João Dória (PSDB), cujo patrimônio declarado é de R$ 180 milhões. Ex-presidenciável e atual candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Levy Fidelix também teve sua lista de bens publicada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta quinta (11). Seu patrimônio declarado é de R$772 mil. Confira a lista de bens dos dois candidatos: * Total em bens declarado: R$ 7.415.759,51 * Total em bens declarado: R$ 771.945,66
0
Uber faz acordo para incorporar carros autônomos da Mercedes em sua frota
A Uber Technologies assinou mais um acordo com uma grande montadora de veículos, ampliando esforços para criar uma das primeiras frotas de veículos autônomos do mundo. A Uber anunciou nesta terça-feira (31) parceria com a alemã Daimler, fabricante de veículos de luxo Mercedes-Benz. Nos próximos anos, a Daimler pretende incorporar sua própria Mercedes-Benz autônoma na frota de veículos que não precisam de motorista da Uber. A companhia norte-americana não informou quando as Mercedes-Benz autônomas farão parte de sua frota. "Fabricantes de veículos como a Daimler são essenciais para nossa estratégia porque a Uber não tem experiência na produção de carros, e, de fato, fazer carros é realmente difícil", disse o presidente-executivo da Uber, Travis Kalanick, em mensagem. O aplicativo da Uber já oferece carros autônomos para os usuários nos Estados norte-americanos da Pensilvânia e Arizona em caráter de teste. Os automóveis mais recentes nestas frotas são da Volvo, resultado de um acordo de US$ 300 milhões entre as duas empresas para desenvolvimento conjunto de carros autônomos. Os Volvos são equipados com tecnologia de direção autônoma criada pela Uber. Porém, diferente do acordo com a Volvo, a Uber não vai possuir ou administrar os carros da Daimler e não vai se envolver em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para eles. Em vez disso, a empresa está abrindo sua frota para incluir os carros Mercedes-Benz. Representantes da Uber não comentaram os termos financeiros do acordo com a Daimler.
mercado
Uber faz acordo para incorporar carros autônomos da Mercedes em sua frotaA Uber Technologies assinou mais um acordo com uma grande montadora de veículos, ampliando esforços para criar uma das primeiras frotas de veículos autônomos do mundo. A Uber anunciou nesta terça-feira (31) parceria com a alemã Daimler, fabricante de veículos de luxo Mercedes-Benz. Nos próximos anos, a Daimler pretende incorporar sua própria Mercedes-Benz autônoma na frota de veículos que não precisam de motorista da Uber. A companhia norte-americana não informou quando as Mercedes-Benz autônomas farão parte de sua frota. "Fabricantes de veículos como a Daimler são essenciais para nossa estratégia porque a Uber não tem experiência na produção de carros, e, de fato, fazer carros é realmente difícil", disse o presidente-executivo da Uber, Travis Kalanick, em mensagem. O aplicativo da Uber já oferece carros autônomos para os usuários nos Estados norte-americanos da Pensilvânia e Arizona em caráter de teste. Os automóveis mais recentes nestas frotas são da Volvo, resultado de um acordo de US$ 300 milhões entre as duas empresas para desenvolvimento conjunto de carros autônomos. Os Volvos são equipados com tecnologia de direção autônoma criada pela Uber. Porém, diferente do acordo com a Volvo, a Uber não vai possuir ou administrar os carros da Daimler e não vai se envolver em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para eles. Em vez disso, a empresa está abrindo sua frota para incluir os carros Mercedes-Benz. Representantes da Uber não comentaram os termos financeiros do acordo com a Daimler.
2
A república das Marcelas, o reino das princesas e o sonho das meninas
"Marcela amou-me durante 15 meses e 11 contos de réis, nada menos." Esta Marcela foi a paixão de juventude de Brás Cubas, o personagem-síntese do Brasil. Mas o nome também evoca outra Marcela, contemporânea e em tudo distinta da literária. A de Machado de Assis era mulher livre, dona de seu nariz. Perigosa. Tanto assim que o Cubas pai tratou de afastar o filho da moça. A Marcela de carne e osso carrega menos risco e nenhuma ambiguidade. Compartilha com a ficcional o enquadramento num certo ideal de mulher, regido pela beleza. Mas aí se esgota o paralelo. A primeira-dama reza por breviário mais simples e bem conhecido. Trafega em zona ultrassegura, nada precisa prover ou provar. Tem as contas pagas, as falas prontas, a vida decidida. Nem o nome do filho careceu escolher: no menino se reproduziu o senhor seu pai. Marcela não se exprime, comparece. No papel de compor a paisagem, talvez visasse o estilo Jackie Kennedy, da simplicidade elegante. Mas acabou em campo retrô, meio Barbie, meio Rapunzel, entre dois mundos, o da boneca, boa moradia para ex-miss dedicada ao consumo, e o reino do faz de conta, onde se encastela qual a mocinha do cabelão. A senhora Temer pertence a uma linhagem, a das primeiras-damas decorativas, afeitas ao serviço social –a caridade, a filantropia e outras formas de generosidade talhadas para camuflar a desigualdade. O que surpreende nela não é tanto a dedicação ao frívolo conjugada à inocência sobre o país –nisso, sua versão municipal, dona Bia Doria, já ocupa inconteste o pódio. O que espanta é que, sendo tão jovem, seja tão tradicional. E que tome para si, no perfeito equilíbrio de orgulho e timidez esperado das recatadas, o papel de submissa, de secundária. Espanta que mulher de sua geração jogue o jogo de gênero de modo tão apaziguado. Excluído o zumbido dos que protestam à sua porta contra o marido, nada parece perturbar seu prazer contido em habitar uma gaiola dourada. Obviamente não espanta a todos. Um bom naco do país festeja o retorno das coisas aos lugares de costume: os senhores no comando, as senhoras em casa –ou no shopping. Termos tido uma presidente inflou fantasia maior que a dos contos de fada, a da igualdade de gênero, que se desmancha nos resultados eleitorais. Em São Paulo, onde reinará dona Bia, elegeram-se 11 candidatas, 20% da vereança, embora as mulheres sejam 52% da população municipal. Dados que decerto pouco afligem a nova primeira-dama paulistana. Dela pouco sobrou a dizer. Ela disse tudo em entrevista à Folha. Da cidade nada sabe. Sua geografia ajunta o Minhocão à Etiópia e não separa a Vila Nova Conceição da Park Avenue. Mas, afinal, quem vai gerir é o senhor seu marido. A questão ultrapassa pessoas. O estilo das duas primeiras-damas exemplifica um modelo de comportamento feminino esperado. Recomendam às meninas se distanciarem dos assuntos públicos em troca de um reinado doméstico. Mais perigosa que sua xará ficcional, a Marcela de verdade encarna um ideal: o da princesa. É também o que orienta uma herdeira do reino Abravanel. Como não falta à moça capital para pôr devaneio em prática, tornou-se feliz proprietária de uma franquia da Escola de Princesas. Segundo seu site, a escola visa meninas de 4 a 15 anos e promete "resgatar a essência feminina que existe em seus corações". As páginas são cor-de-rosa, com uma coroa em destaque. Na primeira, mini-Marcelas loirinhas e sorridentes propagandeiam o que aprendem: etiqueta e moda, casa e família, e todos os maneirismos das antigas sociedades aristocráticas. Saberão entreter, decorar, vestir, andar, receber e pensar como princesas. E o que pensa uma princesa? O site : "O passo mais importante na vida de uma mulher é sem dúvida nenhuma o matrimônio. Nem mesmo a realização profissional supera as expectativas do sonho de um bom casamento. Enfim, a ideia do 'felizes para sempre' é o sonho de toda princesa". A educação para o casamento avança com candura, como avançam pelo país os profetas do reino de Deus e os arautos do Estado liberal. Aí se abre amplo mercado para a herdeira de Silvio Santos. Se seguir a trilha dos negócios paternos, sua franquia logo abastecerá o país com profusão de princesinhas, prontas a seguirem em júbilo os passos de Marcela. Neste universo, de circunferência cada vez mais dilatada, a primeira-dama não destoa, reina. O lema da escola é o seu: "Todo sonho de menina é tornar-se uma princesa". O sonho de toda menina devia ser se tornar o que quiser. A próxima presidente, se a tivermos, prestará grande serviço se extinguir o cargo das senhoras Temer e Doria. O país não precisa de primeiras-damas nem de princesinhas. Precisa de mulheres de nervo e cérebro. As princesas podem ir morar lá no reino ao qual pertencem, o do passado.
colunas
A república das Marcelas, o reino das princesas e o sonho das meninas"Marcela amou-me durante 15 meses e 11 contos de réis, nada menos." Esta Marcela foi a paixão de juventude de Brás Cubas, o personagem-síntese do Brasil. Mas o nome também evoca outra Marcela, contemporânea e em tudo distinta da literária. A de Machado de Assis era mulher livre, dona de seu nariz. Perigosa. Tanto assim que o Cubas pai tratou de afastar o filho da moça. A Marcela de carne e osso carrega menos risco e nenhuma ambiguidade. Compartilha com a ficcional o enquadramento num certo ideal de mulher, regido pela beleza. Mas aí se esgota o paralelo. A primeira-dama reza por breviário mais simples e bem conhecido. Trafega em zona ultrassegura, nada precisa prover ou provar. Tem as contas pagas, as falas prontas, a vida decidida. Nem o nome do filho careceu escolher: no menino se reproduziu o senhor seu pai. Marcela não se exprime, comparece. No papel de compor a paisagem, talvez visasse o estilo Jackie Kennedy, da simplicidade elegante. Mas acabou em campo retrô, meio Barbie, meio Rapunzel, entre dois mundos, o da boneca, boa moradia para ex-miss dedicada ao consumo, e o reino do faz de conta, onde se encastela qual a mocinha do cabelão. A senhora Temer pertence a uma linhagem, a das primeiras-damas decorativas, afeitas ao serviço social –a caridade, a filantropia e outras formas de generosidade talhadas para camuflar a desigualdade. O que surpreende nela não é tanto a dedicação ao frívolo conjugada à inocência sobre o país –nisso, sua versão municipal, dona Bia Doria, já ocupa inconteste o pódio. O que espanta é que, sendo tão jovem, seja tão tradicional. E que tome para si, no perfeito equilíbrio de orgulho e timidez esperado das recatadas, o papel de submissa, de secundária. Espanta que mulher de sua geração jogue o jogo de gênero de modo tão apaziguado. Excluído o zumbido dos que protestam à sua porta contra o marido, nada parece perturbar seu prazer contido em habitar uma gaiola dourada. Obviamente não espanta a todos. Um bom naco do país festeja o retorno das coisas aos lugares de costume: os senhores no comando, as senhoras em casa –ou no shopping. Termos tido uma presidente inflou fantasia maior que a dos contos de fada, a da igualdade de gênero, que se desmancha nos resultados eleitorais. Em São Paulo, onde reinará dona Bia, elegeram-se 11 candidatas, 20% da vereança, embora as mulheres sejam 52% da população municipal. Dados que decerto pouco afligem a nova primeira-dama paulistana. Dela pouco sobrou a dizer. Ela disse tudo em entrevista à Folha. Da cidade nada sabe. Sua geografia ajunta o Minhocão à Etiópia e não separa a Vila Nova Conceição da Park Avenue. Mas, afinal, quem vai gerir é o senhor seu marido. A questão ultrapassa pessoas. O estilo das duas primeiras-damas exemplifica um modelo de comportamento feminino esperado. Recomendam às meninas se distanciarem dos assuntos públicos em troca de um reinado doméstico. Mais perigosa que sua xará ficcional, a Marcela de verdade encarna um ideal: o da princesa. É também o que orienta uma herdeira do reino Abravanel. Como não falta à moça capital para pôr devaneio em prática, tornou-se feliz proprietária de uma franquia da Escola de Princesas. Segundo seu site, a escola visa meninas de 4 a 15 anos e promete "resgatar a essência feminina que existe em seus corações". As páginas são cor-de-rosa, com uma coroa em destaque. Na primeira, mini-Marcelas loirinhas e sorridentes propagandeiam o que aprendem: etiqueta e moda, casa e família, e todos os maneirismos das antigas sociedades aristocráticas. Saberão entreter, decorar, vestir, andar, receber e pensar como princesas. E o que pensa uma princesa? O site : "O passo mais importante na vida de uma mulher é sem dúvida nenhuma o matrimônio. Nem mesmo a realização profissional supera as expectativas do sonho de um bom casamento. Enfim, a ideia do 'felizes para sempre' é o sonho de toda princesa". A educação para o casamento avança com candura, como avançam pelo país os profetas do reino de Deus e os arautos do Estado liberal. Aí se abre amplo mercado para a herdeira de Silvio Santos. Se seguir a trilha dos negócios paternos, sua franquia logo abastecerá o país com profusão de princesinhas, prontas a seguirem em júbilo os passos de Marcela. Neste universo, de circunferência cada vez mais dilatada, a primeira-dama não destoa, reina. O lema da escola é o seu: "Todo sonho de menina é tornar-se uma princesa". O sonho de toda menina devia ser se tornar o que quiser. A próxima presidente, se a tivermos, prestará grande serviço se extinguir o cargo das senhoras Temer e Doria. O país não precisa de primeiras-damas nem de princesinhas. Precisa de mulheres de nervo e cérebro. As princesas podem ir morar lá no reino ao qual pertencem, o do passado.
10
Competição global de startups de tecnologia recebe inscrições
Realizada simultaneamente em 14 países, a Open Innovation Business Contest está com inscrições abertas para startups de tecnologia até 10 de outubro. As participantes brasileiras selecionadas participarão da semifinal em São Paulo, que recebe pela segunda vez a competição, em fevereiro de 2018. Os negócios devem englobar Internet das Coisas, Big Data, Application Programming Interface, Inteligência Artificial, Realidade Aumentada, entre outras tecnologias. A startup vencedora representará o país na final em Tóquio, em março do ano que vem. Também participam concorrentes da capital japonesa e de Madri, Barcelona, Londres, Lisboa, Milão, Melbourne, São Francisco, Toronto, Tel Aviv, Mumbai, Cingapura, Santiago e Guiyang. Para a fase em Tóquio, a NTT Data, que organiza a competição com a everis e com a Neurônio, parceira do Prêmio Empreendedor Social, pagará as despesas de viagem para duas pessoas de cada projeto vencedor da etapa semifinal. O vencedor da Open Innovation Business Contest, além de apoio financeiro para o desenvolvimento de seu projeto, poderá trabalhar com uma equipe da NTT Data –uma das principais fornecedoras mundiais de serviços e inovação na área de TI– por três meses, no desenvolvimento de um protótipo de serviço/produto, que será oferecido às empresas clientes da companhia. Para inscrições e mais informações, acesse o site da competição.
empreendedorsocial
Competição global de startups de tecnologia recebe inscriçõesRealizada simultaneamente em 14 países, a Open Innovation Business Contest está com inscrições abertas para startups de tecnologia até 10 de outubro. As participantes brasileiras selecionadas participarão da semifinal em São Paulo, que recebe pela segunda vez a competição, em fevereiro de 2018. Os negócios devem englobar Internet das Coisas, Big Data, Application Programming Interface, Inteligência Artificial, Realidade Aumentada, entre outras tecnologias. A startup vencedora representará o país na final em Tóquio, em março do ano que vem. Também participam concorrentes da capital japonesa e de Madri, Barcelona, Londres, Lisboa, Milão, Melbourne, São Francisco, Toronto, Tel Aviv, Mumbai, Cingapura, Santiago e Guiyang. Para a fase em Tóquio, a NTT Data, que organiza a competição com a everis e com a Neurônio, parceira do Prêmio Empreendedor Social, pagará as despesas de viagem para duas pessoas de cada projeto vencedor da etapa semifinal. O vencedor da Open Innovation Business Contest, além de apoio financeiro para o desenvolvimento de seu projeto, poderá trabalhar com uma equipe da NTT Data –uma das principais fornecedoras mundiais de serviços e inovação na área de TI– por três meses, no desenvolvimento de um protótipo de serviço/produto, que será oferecido às empresas clientes da companhia. Para inscrições e mais informações, acesse o site da competição.
21
Odebrecht suspende no STF decisão do TCU de bloqueio de bens
O STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu, por medida liminar, decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) que bloqueou R$ 2,1 bilhões da Odebrecht para pagar desvios apurados na construção da Refinaria Abreu e Lima (PE). Odebrecht e OAS foram acusadas do superfaturamento nessa construção da Petrobras. A medida do STF, tomada pelo ministro Marco Aurélio Mello, não beneficia a OAS e os diretores da estatal José Sérgio Gabrielli, Renato Duque e mais seis ex-funcionários das construtoras que também tiveram os bens bloqueados. O órgão constatou que a construção de duas unidades dessa refinaria, que custaram R$ 5,5 bilhões em preços da época, tiveram preços acima do mercado e direcionamento nas licitações. O processo foi aberto no ano passado, quando se imaginava um sobrepreço de R$ 1,1 bilhão. As investigações foram ampliadas nesse período e se chegou ao valor de R$ 1,4 bilhão, que atualizados chegam aos R$ 2,1 bilhões. Foi a primeira vez que o TCU bloqueou bens de empresas envolvidas na Operação Lava Jato. Na decisão do ministro Marco Aurélio, ele aponta que o TCU não teria o poder, por não ser órgão da Justiça, de fazer bloqueio de bens de empresas e que a medida põe em risco a manutenção da companhia e, com isso, o próprio ressarcimento determinado pelo tribunal. "Não se está a afirmar a ausência do poder geral de cautela do Tribunal de Contas, e, sim, que essa atribuição possui limites dentro dos quais não se encontra o de bloquear, por ato próprio, dotado de autoexecutoriedade, os bens de particulares contratantes com a Administração Pública", escreveu o ministro em sua decisão cautelar ao Mandado de Segurança da empresa. DELAÇÃO Nesse processo do TCU, os ex-diretores da Petrobras Renato Barusco e Paulo Roberto Costa também são responsabilizados pelos danos à empresa. Mas o relator do processo decidiu por não bloquear os bens desses acusados por eles terem feito acordos de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. De acordo com Zymler, ainda não há uma decisão sobre se os criminosos que fizeram acordos no âmbito criminal também podem ser beneficiados no âmbito administrativo, que é o caso das multas e débitos apontados pelo TCU. Segundo ele, após um amadurecimento dessa questão, eles poderão ser responsabilizados pelo dano à estatal. Os ministros discutiram por quase duas horas se a decisão não atrapalharia acordos de leniência em negociação do governo com as empresas, que tentam evitar com essa medida justamente terem seus bens bloqueados e ficarem impedidas de contratar com a administração pública. Os ministros acabaram por colocar em um trecho da decisão que acordos no futuro podem alterar a decisão.
poder
Odebrecht suspende no STF decisão do TCU de bloqueio de bensO STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu, por medida liminar, decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) que bloqueou R$ 2,1 bilhões da Odebrecht para pagar desvios apurados na construção da Refinaria Abreu e Lima (PE). Odebrecht e OAS foram acusadas do superfaturamento nessa construção da Petrobras. A medida do STF, tomada pelo ministro Marco Aurélio Mello, não beneficia a OAS e os diretores da estatal José Sérgio Gabrielli, Renato Duque e mais seis ex-funcionários das construtoras que também tiveram os bens bloqueados. O órgão constatou que a construção de duas unidades dessa refinaria, que custaram R$ 5,5 bilhões em preços da época, tiveram preços acima do mercado e direcionamento nas licitações. O processo foi aberto no ano passado, quando se imaginava um sobrepreço de R$ 1,1 bilhão. As investigações foram ampliadas nesse período e se chegou ao valor de R$ 1,4 bilhão, que atualizados chegam aos R$ 2,1 bilhões. Foi a primeira vez que o TCU bloqueou bens de empresas envolvidas na Operação Lava Jato. Na decisão do ministro Marco Aurélio, ele aponta que o TCU não teria o poder, por não ser órgão da Justiça, de fazer bloqueio de bens de empresas e que a medida põe em risco a manutenção da companhia e, com isso, o próprio ressarcimento determinado pelo tribunal. "Não se está a afirmar a ausência do poder geral de cautela do Tribunal de Contas, e, sim, que essa atribuição possui limites dentro dos quais não se encontra o de bloquear, por ato próprio, dotado de autoexecutoriedade, os bens de particulares contratantes com a Administração Pública", escreveu o ministro em sua decisão cautelar ao Mandado de Segurança da empresa. DELAÇÃO Nesse processo do TCU, os ex-diretores da Petrobras Renato Barusco e Paulo Roberto Costa também são responsabilizados pelos danos à empresa. Mas o relator do processo decidiu por não bloquear os bens desses acusados por eles terem feito acordos de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. De acordo com Zymler, ainda não há uma decisão sobre se os criminosos que fizeram acordos no âmbito criminal também podem ser beneficiados no âmbito administrativo, que é o caso das multas e débitos apontados pelo TCU. Segundo ele, após um amadurecimento dessa questão, eles poderão ser responsabilizados pelo dano à estatal. Os ministros discutiram por quase duas horas se a decisão não atrapalharia acordos de leniência em negociação do governo com as empresas, que tentam evitar com essa medida justamente terem seus bens bloqueados e ficarem impedidas de contratar com a administração pública. Os ministros acabaram por colocar em um trecho da decisão que acordos no futuro podem alterar a decisão.
0
STF absolve presidente de comissão da Câmara de agressão contra ex-mulher
O STF (Supremo Tribunal Federal) absolveu nesta terça-feira (29), por falta de provas, o deputado Arthur Lira (PP-AL) da acusação de lesão corporal contra a ex-mulher. Ele respondia a uma ação penal por um episódio ocorrido em 2006. A decisão foi tomada pela Segunda Turma do STF. Os ministros inocentaram o parlamentar por falta de provas. Arthur Lira é presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, principal colegiado da Casa que avalia a legalidade de projetos. Ele ainda é alvo no STF de uma denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras. No caso com sua ex-mulher, Arthur Lira foi autuado com base na Lei Maria da Penha, que afirma que lesão corporal cometida por cônjuge ou companheiro aumenta a pena máxima pelo delito de um para três anos. Penas inferiores a quatro anos geralmente são revertidas em multa ou prestação de serviços à comunidade. No entanto, em caso de violência doméstica, há entendimentos de que a punição não pode ser convertida. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, sete meses após a separação, o deputado teria ido à casa da ex-companheira em Maceió, em novembro de 2006, e a agredido com chutes e tapas. O próprio MP em suas alegações finais, no entanto, teria alegado ausência de provas contra o deputado. Para os ministros, não foi comprovado que o deputado foi o autor das lesões leves que a perícia apontou em sua ex-mulher. O relator da ação penal, Teori Zavascki, destacou ainda que durante as investigações a ex-mulher de Lira alterou sua versão e "alegou que não houve agressão, que fez [a denúncia] por vingança". "Não há prova de que o réu fosse autor das lesões que ela apresentava no exame pericial", afirmou Teori. "Apesar do laudo de corpo de delito indicar que apresentava lesões leves, não há nos autos outras provas que corroborem o juízo condenatório". Agora, o Ministério Público Federal vai decidir se houve acionará a ex-mulher do deputado por denunciação caluniosa. A defesa de Arthur Lira chegou a pedir que os ministros deixassem claro que isso não caberia, mas os integrantes deixaram a questão para ser tratada pelo MP.
poder
STF absolve presidente de comissão da Câmara de agressão contra ex-mulherO STF (Supremo Tribunal Federal) absolveu nesta terça-feira (29), por falta de provas, o deputado Arthur Lira (PP-AL) da acusação de lesão corporal contra a ex-mulher. Ele respondia a uma ação penal por um episódio ocorrido em 2006. A decisão foi tomada pela Segunda Turma do STF. Os ministros inocentaram o parlamentar por falta de provas. Arthur Lira é presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, principal colegiado da Casa que avalia a legalidade de projetos. Ele ainda é alvo no STF de uma denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras. No caso com sua ex-mulher, Arthur Lira foi autuado com base na Lei Maria da Penha, que afirma que lesão corporal cometida por cônjuge ou companheiro aumenta a pena máxima pelo delito de um para três anos. Penas inferiores a quatro anos geralmente são revertidas em multa ou prestação de serviços à comunidade. No entanto, em caso de violência doméstica, há entendimentos de que a punição não pode ser convertida. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, sete meses após a separação, o deputado teria ido à casa da ex-companheira em Maceió, em novembro de 2006, e a agredido com chutes e tapas. O próprio MP em suas alegações finais, no entanto, teria alegado ausência de provas contra o deputado. Para os ministros, não foi comprovado que o deputado foi o autor das lesões leves que a perícia apontou em sua ex-mulher. O relator da ação penal, Teori Zavascki, destacou ainda que durante as investigações a ex-mulher de Lira alterou sua versão e "alegou que não houve agressão, que fez [a denúncia] por vingança". "Não há prova de que o réu fosse autor das lesões que ela apresentava no exame pericial", afirmou Teori. "Apesar do laudo de corpo de delito indicar que apresentava lesões leves, não há nos autos outras provas que corroborem o juízo condenatório". Agora, o Ministério Público Federal vai decidir se houve acionará a ex-mulher do deputado por denunciação caluniosa. A defesa de Arthur Lira chegou a pedir que os ministros deixassem claro que isso não caberia, mas os integrantes deixaram a questão para ser tratada pelo MP.
0
Justiça determina efetivo de 80% do metrô de SP durante pico na sexta
O Tribunal Regional do Trabalho da 2º Região concedeu liminar nesta quarta (26) determinando que os metroviários de São Paulo mantenham um efetivo mínimo de 80% durante os horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e de 60% no restante do dia na sexta-feira (28). O sindicato da categoria declarou que vai participar da greve geral convocada por centrais e movimentos sociais contra as reformas da Previdência e das leis trabalhistas. O Metrô havia pedido que 100% dos funcionários trabalhassem nos horários de pico e 70% nos demais horários. No entendimento do desembargador Francisco Ferreira Jorge Neto, porém, essas exigências impediriam o direito ao protesto dos trabalhadores contra as movimentações que ocorrem em Brasília. Caso descumpra o efetivo mínimo estabelecido, o sindicato deverá pagar multa de R$ 100 mil. Se a greve se prolongar para além de sexta-feira, a multa será de R$ 500 mil. Por ser privada, a Linha 4-Amarela deve manter seu funcionamento regular. Além dos metroviários, também aderiram à paralisação os motoristas de ônibus, ferroviários e motoboys. Na CPTM, foram confirmadas paralisações nas linhas 7, 10, 11 e 12. O Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos também aderiu à greve. A entidade pediu ajuda ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) para fechar os aeroportos de Guarulhos e Congonhas, os dois maiores do país. Organizadores da greve também planejam uma manifestação a partir das 17h no Largo da Batata, zona oeste da capital paulista. De lá, o protesto deve seguir até a casa do presidente Michel Temer.
mercado
Justiça determina efetivo de 80% do metrô de SP durante pico na sextaO Tribunal Regional do Trabalho da 2º Região concedeu liminar nesta quarta (26) determinando que os metroviários de São Paulo mantenham um efetivo mínimo de 80% durante os horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e de 60% no restante do dia na sexta-feira (28). O sindicato da categoria declarou que vai participar da greve geral convocada por centrais e movimentos sociais contra as reformas da Previdência e das leis trabalhistas. O Metrô havia pedido que 100% dos funcionários trabalhassem nos horários de pico e 70% nos demais horários. No entendimento do desembargador Francisco Ferreira Jorge Neto, porém, essas exigências impediriam o direito ao protesto dos trabalhadores contra as movimentações que ocorrem em Brasília. Caso descumpra o efetivo mínimo estabelecido, o sindicato deverá pagar multa de R$ 100 mil. Se a greve se prolongar para além de sexta-feira, a multa será de R$ 500 mil. Por ser privada, a Linha 4-Amarela deve manter seu funcionamento regular. Além dos metroviários, também aderiram à paralisação os motoristas de ônibus, ferroviários e motoboys. Na CPTM, foram confirmadas paralisações nas linhas 7, 10, 11 e 12. O Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos também aderiu à greve. A entidade pediu ajuda ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) para fechar os aeroportos de Guarulhos e Congonhas, os dois maiores do país. Organizadores da greve também planejam uma manifestação a partir das 17h no Largo da Batata, zona oeste da capital paulista. De lá, o protesto deve seguir até a casa do presidente Michel Temer.
2
Roteiros de 'turismo de experiência' têm atividades por até R$ 90 mil
Agências de viagem estão investindo mais no chamado "turismo de experiência", que tenta se opor à oferta simples de serviços genéricos. A ideia é dar ao cliente a sensação de se misturar à cultura e à população do local. Daí saem roteiros como hospedagem em uma favela do Rio por R$ 50 ou um pacote que inclui passeio em que o turista dirige uma Ferrari por estradas na Itália –US$ 30,3 mil (R$ 92,3 mil), sem passagem área. "Toda viagem é 'de experiência', mas algumas delas nos emocionam de maneira mais específica", diz Luiz Godoi Trigo, professor de lazer e turismo da EACH/USP (Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP). "Não importa se ela é cara ou barata, mas, sim, se tem um significado marcante para você." Cultura, religião e esporte costumam ser catalisadores desse segmento. Ultimamente, além do beatlemaníaco que vai a Liverpool e do fiel peregrinando até Santiago de Compostela, as opções estão se diversificando e criando um mercado lucrativo. Agência especializada em turismo de experiência, a Auroraeco viu a venda de seus pacotes crescer 20% de 2013 para 2014. Segundo Guilherme Padilha, presidente da companhia, uma das intenções do público é ter contato direto com ambiente e comunidade locais. "Uma excursão à 'Europa Clássica' com 40 pessoas dificilmente será uma viagem pessoal", afirma. Viagens desse tipo registraram aumento de procura de 40% na Adventure Club, no mesmo período. Programas "incomuns" são os mais solicitados –observação de ursos polares no norte do Canadá, de gorilas em Ruanda, expedições ao Nepal e ao monte Elbrus, vulcão russo, destinos de escaladores. No STB, o crescimento foi de 35%, sobretudo para roteiros como "aventura na selva da Tailândia", "gastronomia no Peru" e "caminhada na Islândia". Isso fez a empresa mudar seu marketing: hoje, os programas são divididos por temas, e não por destinos. "O ponto de partida não é 'para onde eu quero ir?'. É 'o que eu gosto de fazer?'", diz o gerente Bernardo Ramos. * ROTEIROS MOCHILAR NAS PARADAS DA TRANSIBERIANA Maior linha férrea da Terra, com 9.300 km de extensão, a épica Transiberiana percorre uma distância que é equivalente a 23% da circunferência do planeta. Nesse roteiro de 20 noites, os viajantes passam por Rússia (com Sibéria), Mongólia e China de trem, parando em São Petersburgo, Moscou, Irkutsk, Lago Baikal, Ulan Bator, Parque Nacional Terelj e, por fim, Pequim. O tour é voltado para os mochileiros: todas as acomodações são compartilhadas. Os turistas dormem em albergues da juventude, cabines nos trens ou em um tradicional acampamento de nômades no deserto da Mongólia. A EXPERIÊNCIA US$ 3.859 (R$ 11.770). Inclui todos os bilhetes de trem, 20 noites de acomodação e guia local. Na CI: tel. 2110-7460; ci.com.br * PASSEAR DE FERRARI POR 8 DIAS NA ITÁLIA No roteiro Experiência Vermelha, o viajante dirige os últimos modelos de Ferrari durante oito dias na Itália. A rota começa em Roma e termina no centro cultural da Toscana (Florença), passando pelas regiões do Lazio e da Úmbria. Os mimos são muitos: hospedagem em hotéis de luxo, refeições em restaurantes estrelados, tratamento em spa e diretor de tour conduzindo um Alpha Romeo como apoio para cada motorista do grupo. A EXPERIÊNCIA US$ 30.320 (R$ 92.476), com base em duas pessoas por Ferrari. Inclui oito dias de aluguel de Ferrari, sete noites de hospedagem em hotéis 5 estrelas em Roma, Florença, Siena e província de Grosseto. Na Tereza Ferrari: tel. (11) 3021-1699; terezaferrariviagens.com.br * PILOTAR PELA ROTA 66 Uma viagem de experiência clássica para os aficionados por motos é percorrer sobre duas rodas trechos da Rota 66, a "Estrada Mãe" dos Estados Unidos. Com duração de oito noites, o tour guiado visita Los Angeles, o Parque Nacional de Joshua Tree, Palm Springs, Laughlin, Grand Canyon, Monument Valley, Bryce Canyon, Parque Nacional Zion, Las Vegas e pontos turísticos da estrada, como as cidadezinhas de Oatman e Seligman. A EXPERIÊNCIA a partir de US$ 3.225 (R$ 9.836), mais o aéreo, a partir de US$ 1.200 (R$ 3.660). Inclui oito noites de hospedagem com café da manhã, moto, capacetes, jaqueta personalizada, jantares de boas-vindas e despedida, carro de apoio, ingresso para os Parques Nacionais e seguro de viagem para passageiros de até 70 anos. Na Raidho: tel. (11) 3383-1200; raidho.com.br * ANDAR DE CAIAQUE NA TAILÂNDIA Combina ciclismo, caminhadas e passeios de caiaque na Tailândia. É possível pedalar em Bancoc e Chiang Mai, visitar tribos remotas durante caminhadas na selva do país e acampar à beira do rio Kwai. As acomodações vão de hotéis econômicos e pensões a aldeias da comunidade local, camping e trens. A EXPERIÊNCIA US$ 1.470 (R$ 4.489). Onze noites -uma em hotel em Bancoc, duas em casas de famílias locais (tribos da floresta), duas em hotel e uma em pensão em Chiang Mai, duas noites em pensão e uma em camping em Kanchanaburi, duas a bordo de trens, sete cafés da manhã, sete almoços, quatro jantares, transporte, tour de um dia pedalando em Bancoc, dois dias pedalando em Chiang Mai, três dias de caminhada em florestas e dois dias de passeio de caiaque. No STB: tel. (11) 3038-1551; stb.com.br * CUIDAR DE TIGRES NA ÁFRICA DO SUL Pessoas maiores de 18 anos podem ser voluntários em um centro de reabilitação da vida selvagem que fica a 90 km de Port Elizabeth, na África do Sul. Dedicado a reabilitar animais machucados ou em perigo e retorná-los ao ambiente selvagem, o local é lar para tigres-de-bengala, leões-brancos, elefantes e grande variedade de répteis. Os viajantes ficam alojados em quartos compartilhados, divididos por sexo. Nos fins de semana, há excursões opcionais para destinos turísticos nas proximidades, com direito a alojamento e transporte. É necessário ter inglês intermediário para participar do programa. A EXPERIÊNCIA US$ 1.675 (R$ 5.108) para duas semanas. Inclui acomodação compartilhada no alojamento do centro de reabilitação, três refeições diárias e transfers. Na CI: tel. 2110-7460; ci.com.br * FICAR HOSPEDADO EM UM CASTELO NA ITÁLIA Para fãs de bike que desejam um roteiro diferente na Europa, essa viagem pela Itália mistura ciclismo com visitas a cidades medievais, lagos e produtores de azeite. Um dos diferenciais é a hospedagem no Castelo da família Ruspoli, em Vignanello -uma antiga fortaleza transformada em convento beneditino. Os participantes convivem com a família e apreciam a gastronomia da região, em refeições ao ar livre ou à luz de velas. A EXPERIÊNCIA a partir de € 2.860 (R$ 9.376) em acomodação dupla. Inclui cinco noites de hospedagem no castelo dos Ruspoli, todas as refeições (café, almoço e jantar, com bebida alcoólica), bicicleta, ingressos para passeios e transfers. Na Fuga Experience: tel. (11) 3758-2788; fugaexperience.com.br * VER URSOS E CAÇAR AURORAS BOREAIS NO CANADÁ Da região de Cape Churchill, no norte do Canadá, o programa permite acompanhar a migração anual dos ursos-polares do Ártico. O fenômeno acontece em outubro e novembro. Outro destaque do pacote é a observação do show de luzes da aurora boreal. A EXPERIÊNCIA a partir de US$ 6.989 (R$ 21.316) em acomodação dupla. Inclui aéreos a partir de São Paulo, duas noites de acomodação em Winnipeg com meia pensão (café da manhã e jantar), três noites em Churchill com pensão completa, city tour na cidade de Churchill, sobrevoo de helicóptero, dois tours de observação de ursos-polares com piquenique e um tour de observação da aurora boreal. Na Adventure Club: tel. (11) 5573-4142. adventureclub.com.br * DORMIR À SAMURAI NO JAPÃO Passando por Tóquio, Hakone e Kyoto, o roteiro oferece acomodação em ryokans, hospedarias japonesas típicas que remetem aos costumes medievais japoneses e à época dos samurais. Em alojamentos desse gênero, os turistas dormem em quartos equipados com tatames e futons, e o serviço muitas vezes é feito por funcionários que não falam inglês. O pacote é indicado a quem deseja ter uma experiência genuína com a cultura japonesa. A EXPERIÊNCIA a partir de US$ 7.014 (R$ 21.393) em acomodação dupla. Inclui quatro noites de hospedagem em Tóquio, uma noite em Hakone e três noites em Kyoto (todas as diárias incluem café da manhã), um jantar típico japonês em um ryokan, traslados, passeios e passagens de trem. Na Teresa Perez: tel. (11) 3799-4000; teresaperez.com.br * 'MORAR' EM UMA FAVELA CARIOCA O turismo nas comunidades do Rio de Janeiro está em ascensão e um dos morros mais visitados é o Santa Marta, em Botafogo, na zona sul. Viajantes podem montar programas individualizados na comunidade, com ou sem hospedagem. Entre as atividades oferecidas estão um tour com explicação da história local e uma caminhada noturna pela trilha do mirante Dona Marta. A 360 m de altura, ele oferece vista para Pão de Açúcar, Cristo Redentor, lagoa Rodrigo de Freitas e baía de Guanabara. A EXPERIÊNCIA aluguel de casa mobiliada na comunidade (sala, cozinha, banheiro e um quarto), a partir de R$ 50 a diária. Tour regular com guia local, a partir de R$ 55. Caminhada noturna ao mirante Dona Marta, a partir de R$ 30. Na Favela Santa Marta Tour: tel. (21) 99177-9459; favelasantamartatour.blogspot.com.br * APRENDER GASTRONOMIA NA FRANÇA No sudeste da França, a Provence é região pródiga para amantes de gastronomia, vinhos e Vincent Van Gogh. No roteiro Provence Bike Tour, que dura seis dias, os viajantes pedalam por campos de lavanda, vinhedos e pomares de cerejas. Eles visitam mercados de agricultores, moinhos de azeite, aldeias medievais, abadias e castelos antigos. Há também degustação de vinhos e trufas e algumas aulas de culinária. A EXPERIÊNCIA pacote terrestre a partir de US$ 5.495 (R$ 16.759) em acomodação dupla. Inclui cinco noites em acomodações de luxo em Orgon e Gargas ou Gordes, com café da manhã e almoço diários, quatro jantares, seleção de bicicletas, traslados, degustações e aulas. Na Auroraeco: tel. (11) 3086-1731; auroraeco.com.br
turismo
Roteiros de 'turismo de experiência' têm atividades por até R$ 90 milAgências de viagem estão investindo mais no chamado "turismo de experiência", que tenta se opor à oferta simples de serviços genéricos. A ideia é dar ao cliente a sensação de se misturar à cultura e à população do local. Daí saem roteiros como hospedagem em uma favela do Rio por R$ 50 ou um pacote que inclui passeio em que o turista dirige uma Ferrari por estradas na Itália –US$ 30,3 mil (R$ 92,3 mil), sem passagem área. "Toda viagem é 'de experiência', mas algumas delas nos emocionam de maneira mais específica", diz Luiz Godoi Trigo, professor de lazer e turismo da EACH/USP (Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP). "Não importa se ela é cara ou barata, mas, sim, se tem um significado marcante para você." Cultura, religião e esporte costumam ser catalisadores desse segmento. Ultimamente, além do beatlemaníaco que vai a Liverpool e do fiel peregrinando até Santiago de Compostela, as opções estão se diversificando e criando um mercado lucrativo. Agência especializada em turismo de experiência, a Auroraeco viu a venda de seus pacotes crescer 20% de 2013 para 2014. Segundo Guilherme Padilha, presidente da companhia, uma das intenções do público é ter contato direto com ambiente e comunidade locais. "Uma excursão à 'Europa Clássica' com 40 pessoas dificilmente será uma viagem pessoal", afirma. Viagens desse tipo registraram aumento de procura de 40% na Adventure Club, no mesmo período. Programas "incomuns" são os mais solicitados –observação de ursos polares no norte do Canadá, de gorilas em Ruanda, expedições ao Nepal e ao monte Elbrus, vulcão russo, destinos de escaladores. No STB, o crescimento foi de 35%, sobretudo para roteiros como "aventura na selva da Tailândia", "gastronomia no Peru" e "caminhada na Islândia". Isso fez a empresa mudar seu marketing: hoje, os programas são divididos por temas, e não por destinos. "O ponto de partida não é 'para onde eu quero ir?'. É 'o que eu gosto de fazer?'", diz o gerente Bernardo Ramos. * ROTEIROS MOCHILAR NAS PARADAS DA TRANSIBERIANA Maior linha férrea da Terra, com 9.300 km de extensão, a épica Transiberiana percorre uma distância que é equivalente a 23% da circunferência do planeta. Nesse roteiro de 20 noites, os viajantes passam por Rússia (com Sibéria), Mongólia e China de trem, parando em São Petersburgo, Moscou, Irkutsk, Lago Baikal, Ulan Bator, Parque Nacional Terelj e, por fim, Pequim. O tour é voltado para os mochileiros: todas as acomodações são compartilhadas. Os turistas dormem em albergues da juventude, cabines nos trens ou em um tradicional acampamento de nômades no deserto da Mongólia. A EXPERIÊNCIA US$ 3.859 (R$ 11.770). Inclui todos os bilhetes de trem, 20 noites de acomodação e guia local. Na CI: tel. 2110-7460; ci.com.br * PASSEAR DE FERRARI POR 8 DIAS NA ITÁLIA No roteiro Experiência Vermelha, o viajante dirige os últimos modelos de Ferrari durante oito dias na Itália. A rota começa em Roma e termina no centro cultural da Toscana (Florença), passando pelas regiões do Lazio e da Úmbria. Os mimos são muitos: hospedagem em hotéis de luxo, refeições em restaurantes estrelados, tratamento em spa e diretor de tour conduzindo um Alpha Romeo como apoio para cada motorista do grupo. A EXPERIÊNCIA US$ 30.320 (R$ 92.476), com base em duas pessoas por Ferrari. Inclui oito dias de aluguel de Ferrari, sete noites de hospedagem em hotéis 5 estrelas em Roma, Florença, Siena e província de Grosseto. Na Tereza Ferrari: tel. (11) 3021-1699; terezaferrariviagens.com.br * PILOTAR PELA ROTA 66 Uma viagem de experiência clássica para os aficionados por motos é percorrer sobre duas rodas trechos da Rota 66, a "Estrada Mãe" dos Estados Unidos. Com duração de oito noites, o tour guiado visita Los Angeles, o Parque Nacional de Joshua Tree, Palm Springs, Laughlin, Grand Canyon, Monument Valley, Bryce Canyon, Parque Nacional Zion, Las Vegas e pontos turísticos da estrada, como as cidadezinhas de Oatman e Seligman. A EXPERIÊNCIA a partir de US$ 3.225 (R$ 9.836), mais o aéreo, a partir de US$ 1.200 (R$ 3.660). Inclui oito noites de hospedagem com café da manhã, moto, capacetes, jaqueta personalizada, jantares de boas-vindas e despedida, carro de apoio, ingresso para os Parques Nacionais e seguro de viagem para passageiros de até 70 anos. Na Raidho: tel. (11) 3383-1200; raidho.com.br * ANDAR DE CAIAQUE NA TAILÂNDIA Combina ciclismo, caminhadas e passeios de caiaque na Tailândia. É possível pedalar em Bancoc e Chiang Mai, visitar tribos remotas durante caminhadas na selva do país e acampar à beira do rio Kwai. As acomodações vão de hotéis econômicos e pensões a aldeias da comunidade local, camping e trens. A EXPERIÊNCIA US$ 1.470 (R$ 4.489). Onze noites -uma em hotel em Bancoc, duas em casas de famílias locais (tribos da floresta), duas em hotel e uma em pensão em Chiang Mai, duas noites em pensão e uma em camping em Kanchanaburi, duas a bordo de trens, sete cafés da manhã, sete almoços, quatro jantares, transporte, tour de um dia pedalando em Bancoc, dois dias pedalando em Chiang Mai, três dias de caminhada em florestas e dois dias de passeio de caiaque. No STB: tel. (11) 3038-1551; stb.com.br * CUIDAR DE TIGRES NA ÁFRICA DO SUL Pessoas maiores de 18 anos podem ser voluntários em um centro de reabilitação da vida selvagem que fica a 90 km de Port Elizabeth, na África do Sul. Dedicado a reabilitar animais machucados ou em perigo e retorná-los ao ambiente selvagem, o local é lar para tigres-de-bengala, leões-brancos, elefantes e grande variedade de répteis. Os viajantes ficam alojados em quartos compartilhados, divididos por sexo. Nos fins de semana, há excursões opcionais para destinos turísticos nas proximidades, com direito a alojamento e transporte. É necessário ter inglês intermediário para participar do programa. A EXPERIÊNCIA US$ 1.675 (R$ 5.108) para duas semanas. Inclui acomodação compartilhada no alojamento do centro de reabilitação, três refeições diárias e transfers. Na CI: tel. 2110-7460; ci.com.br * FICAR HOSPEDADO EM UM CASTELO NA ITÁLIA Para fãs de bike que desejam um roteiro diferente na Europa, essa viagem pela Itália mistura ciclismo com visitas a cidades medievais, lagos e produtores de azeite. Um dos diferenciais é a hospedagem no Castelo da família Ruspoli, em Vignanello -uma antiga fortaleza transformada em convento beneditino. Os participantes convivem com a família e apreciam a gastronomia da região, em refeições ao ar livre ou à luz de velas. A EXPERIÊNCIA a partir de € 2.860 (R$ 9.376) em acomodação dupla. Inclui cinco noites de hospedagem no castelo dos Ruspoli, todas as refeições (café, almoço e jantar, com bebida alcoólica), bicicleta, ingressos para passeios e transfers. Na Fuga Experience: tel. (11) 3758-2788; fugaexperience.com.br * VER URSOS E CAÇAR AURORAS BOREAIS NO CANADÁ Da região de Cape Churchill, no norte do Canadá, o programa permite acompanhar a migração anual dos ursos-polares do Ártico. O fenômeno acontece em outubro e novembro. Outro destaque do pacote é a observação do show de luzes da aurora boreal. A EXPERIÊNCIA a partir de US$ 6.989 (R$ 21.316) em acomodação dupla. Inclui aéreos a partir de São Paulo, duas noites de acomodação em Winnipeg com meia pensão (café da manhã e jantar), três noites em Churchill com pensão completa, city tour na cidade de Churchill, sobrevoo de helicóptero, dois tours de observação de ursos-polares com piquenique e um tour de observação da aurora boreal. Na Adventure Club: tel. (11) 5573-4142. adventureclub.com.br * DORMIR À SAMURAI NO JAPÃO Passando por Tóquio, Hakone e Kyoto, o roteiro oferece acomodação em ryokans, hospedarias japonesas típicas que remetem aos costumes medievais japoneses e à época dos samurais. Em alojamentos desse gênero, os turistas dormem em quartos equipados com tatames e futons, e o serviço muitas vezes é feito por funcionários que não falam inglês. O pacote é indicado a quem deseja ter uma experiência genuína com a cultura japonesa. A EXPERIÊNCIA a partir de US$ 7.014 (R$ 21.393) em acomodação dupla. Inclui quatro noites de hospedagem em Tóquio, uma noite em Hakone e três noites em Kyoto (todas as diárias incluem café da manhã), um jantar típico japonês em um ryokan, traslados, passeios e passagens de trem. Na Teresa Perez: tel. (11) 3799-4000; teresaperez.com.br * 'MORAR' EM UMA FAVELA CARIOCA O turismo nas comunidades do Rio de Janeiro está em ascensão e um dos morros mais visitados é o Santa Marta, em Botafogo, na zona sul. Viajantes podem montar programas individualizados na comunidade, com ou sem hospedagem. Entre as atividades oferecidas estão um tour com explicação da história local e uma caminhada noturna pela trilha do mirante Dona Marta. A 360 m de altura, ele oferece vista para Pão de Açúcar, Cristo Redentor, lagoa Rodrigo de Freitas e baía de Guanabara. A EXPERIÊNCIA aluguel de casa mobiliada na comunidade (sala, cozinha, banheiro e um quarto), a partir de R$ 50 a diária. Tour regular com guia local, a partir de R$ 55. Caminhada noturna ao mirante Dona Marta, a partir de R$ 30. Na Favela Santa Marta Tour: tel. (21) 99177-9459; favelasantamartatour.blogspot.com.br * APRENDER GASTRONOMIA NA FRANÇA No sudeste da França, a Provence é região pródiga para amantes de gastronomia, vinhos e Vincent Van Gogh. No roteiro Provence Bike Tour, que dura seis dias, os viajantes pedalam por campos de lavanda, vinhedos e pomares de cerejas. Eles visitam mercados de agricultores, moinhos de azeite, aldeias medievais, abadias e castelos antigos. Há também degustação de vinhos e trufas e algumas aulas de culinária. A EXPERIÊNCIA pacote terrestre a partir de US$ 5.495 (R$ 16.759) em acomodação dupla. Inclui cinco noites em acomodações de luxo em Orgon e Gargas ou Gordes, com café da manhã e almoço diários, quatro jantares, seleção de bicicletas, traslados, degustações e aulas. Na Auroraeco: tel. (11) 3086-1731; auroraeco.com.br
20
Prazo para pagar guia do eSocial de maio acaba nesta terça-feira
Termina nesta terça-feira (7) o prazo para o empregador pagar o DAE (Documento de Arrecadação do eSocial ) referente ao salário de maio do empregado doméstico. Quem contratou um empregado no mês passado só poderá emitir a guia após fazer o cadastramento no eSocial. O site unifica o pagamento de encargos trabalhistas, como FGTS, imposto de renda e seguro contra acidentes no trabalho. O vencimento é sempre no dia 7 de cada mês, devendo ser antecipado, caso essa data caia em final de semana ou feriado. Se os benefícios não forem recolhidos no prazo, o empregador paga multa de 0,33% ao dia, limitada a 20% do total. O eSocial tem apresentado problemas desde o início de seu funcionamento. Segundo a Receita Federal, a partir da competência de maio de 2016, a folha de pagamento do eSocial foi aperfeiçoada para um novo formato que permite a inclusão de vencimentos e descontos. O objetivo é adequar o sistema às situações particulares de cada trabalhador. Atualmente, o eSocial conta com mais de 1,4 milhão de empregadores cadastrados e emite mensalmente mais de 1,2 milhão de DAEs.
mercado
Prazo para pagar guia do eSocial de maio acaba nesta terça-feiraTermina nesta terça-feira (7) o prazo para o empregador pagar o DAE (Documento de Arrecadação do eSocial ) referente ao salário de maio do empregado doméstico. Quem contratou um empregado no mês passado só poderá emitir a guia após fazer o cadastramento no eSocial. O site unifica o pagamento de encargos trabalhistas, como FGTS, imposto de renda e seguro contra acidentes no trabalho. O vencimento é sempre no dia 7 de cada mês, devendo ser antecipado, caso essa data caia em final de semana ou feriado. Se os benefícios não forem recolhidos no prazo, o empregador paga multa de 0,33% ao dia, limitada a 20% do total. O eSocial tem apresentado problemas desde o início de seu funcionamento. Segundo a Receita Federal, a partir da competência de maio de 2016, a folha de pagamento do eSocial foi aperfeiçoada para um novo formato que permite a inclusão de vencimentos e descontos. O objetivo é adequar o sistema às situações particulares de cada trabalhador. Atualmente, o eSocial conta com mais de 1,4 milhão de empregadores cadastrados e emite mensalmente mais de 1,2 milhão de DAEs.
2
Campeão mundial pelo Corinthians, Chicão reforça o Bahia
Campeão mundial com o Corinthians em 2012, o zagueiro Chicão, 33, foi anunciado como reforço do Bahia para a temporada 2015. Ele será um dos líderes do time que neste ano disputará a Série B do Brasileiro. Chicão deixou o Flamengo logo após a disputa do Campeonato Brasileiro. O jogador, que tinha vínculo com o clube carioca até 31 de dezembro de 2014, não teve o contrato renovado. Chicão ganhou projeção no Figueirense em 2007. No ano seguinte, se transferiu para o Corinthians e conquistou a Série B do Brasileiro. Em 2009, foi campeão do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil. No time alvinegro, o jogador ainda ganhou o Brasileiro-2011, a Libertadores-2012, o Mundial de Clubes-2012 e a Recopa Sul-Americana-2013. Com o Flamengo foi campeão da Copa do Brasil-2013 e do Estadual do Rio-2014.
esporte
Campeão mundial pelo Corinthians, Chicão reforça o BahiaCampeão mundial com o Corinthians em 2012, o zagueiro Chicão, 33, foi anunciado como reforço do Bahia para a temporada 2015. Ele será um dos líderes do time que neste ano disputará a Série B do Brasileiro. Chicão deixou o Flamengo logo após a disputa do Campeonato Brasileiro. O jogador, que tinha vínculo com o clube carioca até 31 de dezembro de 2014, não teve o contrato renovado. Chicão ganhou projeção no Figueirense em 2007. No ano seguinte, se transferiu para o Corinthians e conquistou a Série B do Brasileiro. Em 2009, foi campeão do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil. No time alvinegro, o jogador ainda ganhou o Brasileiro-2011, a Libertadores-2012, o Mundial de Clubes-2012 e a Recopa Sul-Americana-2013. Com o Flamengo foi campeão da Copa do Brasil-2013 e do Estadual do Rio-2014.
4
Lei aprovada no Senado causa conflito entre gestores de cartórios pelo país
Uma lei aprovada no Senado na última semana pode embaralhar a titularidade de cerca de 4.000 cartórios. Se for sancionado, o texto do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) garante reconhecimento e dá legitimidade a antigos processos seletivos de gestores desses órgãos. São cartórios cujos contratos terminaram, mas que foram ocupados por titulares que eram de outras praças. Isso aconteceu antes de uma lei que regulamentasse essa prática —as trocas foram autorizadas pelos Tribunais de Justiça de cada Estado, cada qual com sua regra. O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) extinguiu esses processos em 2009, declarou essas transferências inválidas e obrigou a realização de concursos públicos. Desde então, houve processos seletivos que deram a esses órgãos novos gestores. Se a lei entrar em vigor, cada caso será disputado na Justiça, diz o juiz Marcio Evangelista, do CNJ. "Nós não podemos atuar, mas entraríamos com uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade)." A Andecc (associação de defesa de concursos para cartórios) tenta agendar audiência com o presidente Michel Temer, para que ele vete o projeto de lei, diz a presidente da entidade, Milena Guerreiro. "Caso ele não faça isso, deveremos protocolar a Adin." A posição da Anoreg (associação dos registradores) é de neutralidade, diz o presidente Cláudio Marçal Freire. "Quem estava há 15 anos tem direito de reclamar. Mas os outros colegas fizeram concursos, assumiram as posições e têm razão também." * Atividade Vulcânica No Brasil desde fevereiro, a Kiko Milano, grife italiana de cosméticos, acaba de inaugurar a sua quinta loja em São Paulo e pretende abrir mais três unidades em 2018. Para os próximos pontos, a empresa estuda possibilidades em Campinas e nos shoppings Anália Franco e Iguatemi. Os resultados estão em linha com o esperado, apesar da crise, afirma Stefano Percassi, sócio fundador. "Sabemos que o Brasil tem essa atividade vulcânica", brinca Percassi, referindo-se às turbulências políticas. O empresário inspirou-se na americana Mac para criar a sua própria marca, com preços mais acessíveis -um lápis custa R$ 15,90. O produto mais caro no país, um sérum, sai por R$ 170. "Em dois anos, teremos investido no Brasil € 10 milhões (cerca de R$ 30,7 milhões). Foram € 7 milhões alocados neste ano e mais € 3 milhões, em 2018." Sem contar a entrada no mercado do Rio de Janeiro em 2019. Percassi também pretende implantar um sistema de franquias, a começar do Brasil. "A expansão de lojas próprias continuará, ainda que com ritmo mais lento." São 1.050 lojas em 21 países. *€ 700 milhões * (cerca de R$ 2,6 bilhões) foi o faturamento em 2016 * Risco mais barato O preço dos seguros empresariais na América Latina caiu 0,4% no segundo trimestre deste ano, segundo a corretora Marsh. No Brasil, o movimento é similar, segundo empresas ouvidas pela coluna. A queda em parte se deve à recessão, afirma Katia Papaioannou, da corretora. O faturamento das empresas serve de base à precificação. Quando ele se retrai, as taxas acompanham, diz ela. Os valores também têm caído à medida que a oferta de seguro no país cresce, o que ocorre desde 2008, quando o mercado de resseguros foi aberto, diz Vanderlei Ravazzi, diretor da AXA no Brasil. "Ainda não há perspectiva de inflexão [na queda de preços]. Só enxergo isso se houver uma mudança macroeconômica e um aumento da taxa de juros internacional." "A precificação está subdimensionada. Com a maior concorrência, muitas seguradoras ignoram alguns fatores e focam apenas na receita e na cobertura", diz Patrícia Boccardo, do Sincor-SP (sindicato de corretores). Sempre em queda - Variação das taxas de renovação de seguros empresariais na América Latina, em %* * Retrocesso A exportação brasileira de produtos de alta tecnologia, como componentes de avião, para a América Latina caiu 65,8% nos últimos dez anos, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria). "A concorrência aumentou. Muitos países firmaram acordos com Estados Unidos, União Europeia e até a China", diz Fabrizio Panzini, da entidade. O movimento é diferente daquele observado nas vendas para os americanos, que subiram 119%. "Houve uma agenda de investimentos bilaterais, sobretudo nos setores de química fina e aeronáutica." Exportações de última geração - Vendas externas brasileiras de produtos de alta intensidade tecnológica, em US$ bilhões * Educação O grupo Adtalem investiu cerca de R$ 25 milhões nos campi de Brasília e São Paulo do Ibmec, que passarão a ter graduação em 2018. Sobre a mesa A Oxford, fabricante de porcelana e cerâmica, começará a atuar no segmento de taças e copos de cristal feitos à máquina, mais resistentes que os feitos à mão atualmente. A produção será terceirizada e feita por uma empresa europeia. Franquias A holding EFFE abrirá duas unidades da Doutor Resolve, de reparos, e três da Dona Resolve, de limpeza, até outubro. Hoje, são 82 e 42 operações, respectivamente. RH A Vivante, de serviços terceirizados, elevou em 10% o seu número de funcionários devido a contratos nas áreas de saúde e educação. Atualmente são 6 mil empregados. * com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI
colunas
Lei aprovada no Senado causa conflito entre gestores de cartórios pelo paísUma lei aprovada no Senado na última semana pode embaralhar a titularidade de cerca de 4.000 cartórios. Se for sancionado, o texto do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) garante reconhecimento e dá legitimidade a antigos processos seletivos de gestores desses órgãos. São cartórios cujos contratos terminaram, mas que foram ocupados por titulares que eram de outras praças. Isso aconteceu antes de uma lei que regulamentasse essa prática —as trocas foram autorizadas pelos Tribunais de Justiça de cada Estado, cada qual com sua regra. O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) extinguiu esses processos em 2009, declarou essas transferências inválidas e obrigou a realização de concursos públicos. Desde então, houve processos seletivos que deram a esses órgãos novos gestores. Se a lei entrar em vigor, cada caso será disputado na Justiça, diz o juiz Marcio Evangelista, do CNJ. "Nós não podemos atuar, mas entraríamos com uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade)." A Andecc (associação de defesa de concursos para cartórios) tenta agendar audiência com o presidente Michel Temer, para que ele vete o projeto de lei, diz a presidente da entidade, Milena Guerreiro. "Caso ele não faça isso, deveremos protocolar a Adin." A posição da Anoreg (associação dos registradores) é de neutralidade, diz o presidente Cláudio Marçal Freire. "Quem estava há 15 anos tem direito de reclamar. Mas os outros colegas fizeram concursos, assumiram as posições e têm razão também." * Atividade Vulcânica No Brasil desde fevereiro, a Kiko Milano, grife italiana de cosméticos, acaba de inaugurar a sua quinta loja em São Paulo e pretende abrir mais três unidades em 2018. Para os próximos pontos, a empresa estuda possibilidades em Campinas e nos shoppings Anália Franco e Iguatemi. Os resultados estão em linha com o esperado, apesar da crise, afirma Stefano Percassi, sócio fundador. "Sabemos que o Brasil tem essa atividade vulcânica", brinca Percassi, referindo-se às turbulências políticas. O empresário inspirou-se na americana Mac para criar a sua própria marca, com preços mais acessíveis -um lápis custa R$ 15,90. O produto mais caro no país, um sérum, sai por R$ 170. "Em dois anos, teremos investido no Brasil € 10 milhões (cerca de R$ 30,7 milhões). Foram € 7 milhões alocados neste ano e mais € 3 milhões, em 2018." Sem contar a entrada no mercado do Rio de Janeiro em 2019. Percassi também pretende implantar um sistema de franquias, a começar do Brasil. "A expansão de lojas próprias continuará, ainda que com ritmo mais lento." São 1.050 lojas em 21 países. *€ 700 milhões * (cerca de R$ 2,6 bilhões) foi o faturamento em 2016 * Risco mais barato O preço dos seguros empresariais na América Latina caiu 0,4% no segundo trimestre deste ano, segundo a corretora Marsh. No Brasil, o movimento é similar, segundo empresas ouvidas pela coluna. A queda em parte se deve à recessão, afirma Katia Papaioannou, da corretora. O faturamento das empresas serve de base à precificação. Quando ele se retrai, as taxas acompanham, diz ela. Os valores também têm caído à medida que a oferta de seguro no país cresce, o que ocorre desde 2008, quando o mercado de resseguros foi aberto, diz Vanderlei Ravazzi, diretor da AXA no Brasil. "Ainda não há perspectiva de inflexão [na queda de preços]. Só enxergo isso se houver uma mudança macroeconômica e um aumento da taxa de juros internacional." "A precificação está subdimensionada. Com a maior concorrência, muitas seguradoras ignoram alguns fatores e focam apenas na receita e na cobertura", diz Patrícia Boccardo, do Sincor-SP (sindicato de corretores). Sempre em queda - Variação das taxas de renovação de seguros empresariais na América Latina, em %* * Retrocesso A exportação brasileira de produtos de alta tecnologia, como componentes de avião, para a América Latina caiu 65,8% nos últimos dez anos, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria). "A concorrência aumentou. Muitos países firmaram acordos com Estados Unidos, União Europeia e até a China", diz Fabrizio Panzini, da entidade. O movimento é diferente daquele observado nas vendas para os americanos, que subiram 119%. "Houve uma agenda de investimentos bilaterais, sobretudo nos setores de química fina e aeronáutica." Exportações de última geração - Vendas externas brasileiras de produtos de alta intensidade tecnológica, em US$ bilhões * Educação O grupo Adtalem investiu cerca de R$ 25 milhões nos campi de Brasília e São Paulo do Ibmec, que passarão a ter graduação em 2018. Sobre a mesa A Oxford, fabricante de porcelana e cerâmica, começará a atuar no segmento de taças e copos de cristal feitos à máquina, mais resistentes que os feitos à mão atualmente. A produção será terceirizada e feita por uma empresa europeia. Franquias A holding EFFE abrirá duas unidades da Doutor Resolve, de reparos, e três da Dona Resolve, de limpeza, até outubro. Hoje, são 82 e 42 operações, respectivamente. RH A Vivante, de serviços terceirizados, elevou em 10% o seu número de funcionários devido a contratos nas áreas de saúde e educação. Atualmente são 6 mil empregados. * com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI
10
Conta pode ser indicada para várias restituições do Imposto de Renda
Quando duas ou mais pessoas têm conta corrente (ou de poupança) conjunta, ela pode ser indicada para o recebimento de restituições do IR tanto do primeiro titular como dos demais. Essa possibilidade facilita a vida dos contribuintes, especialmente no caso de casais e de pessoas de uma mesma família (pai e filhos, por exemplo), no recebimento de restituições. A Receita, porém, não credita restituições em conta bancária de terceiros, mesmo que sejam marido e mulher ou pais e filhos. Se desejar, o contribuinte pode alterar a conta indicada para receber a restituição. Nesse caso, é preciso enviar a declaração retificadora antes da inclusão da mesma em um dos lotes de restituição. Neste ano, o primeiro lote será pago em 15 de junho. * 24 - Em maio de 2015 vendi apartamento por R$ 169 mil, adquirido em 2011 por R$ 115 mil. Paguei R$ 9.000 à imobiliária. Como declaro? (E.L.F.). Baixe o programa GCap 2015 e informe os valores de compra, de venda e da comissão. Importe os dados para o Demonstrativo de Ganho de Capital da declaração. Recolha o IR devido (se houver), com juros e multa, antes de entregar a declaração (caso não tenha feito). Na ficha Pagamentos efetuados (código 72), informe nome, CNPJ e os R$ 9.000 pagos à imobiliária. 25 - Meu filho tem 25 anos e está fazendo pós-graduação e morando nos Estados Unidos, com visto de estudante. Fiz remessas de dólares para conta que ele abriu lá. Precisamos declarar? (V.F.). Informe na sua declaração, na ficha Doações efetuadas (código 80), o nome, CPF do seu filho e o valor transferido em 2015. Ele informa o valor recebido na linha 10 da ficha Rendimentos isentos e não tributáveis. 26 - Minha mãe, que era pensionista do INSS e minha dependente, morreu em janeiro de 2015. O inventário terminou em julho. Ela ainda pode constar como minha dependente? Tive também gastos com despesas médicas. Posso abater? (M.V.). Ela não pode ser sua dependente porque você deve fazer a Declaração Final de Espólio dela. As despesas médicas, se pagas por ela, poderão ser informadas na ficha Pagamentos efetuados da Declaração Final de Espólio. Se pagas por você, para ela, não podem constar no seu IR, pois ela não é mais sua dependente. 27 - Em maio de 2015 comprei apartamento com minha noiva. Cancelamos a compra em fevereiro de 2016. Como declaramos? (C.A.). Declarem a proporção de cada um na ficha Bens e direitos (código 11). No campo de 2015, informem o valor pago até o final do ano (deixem em branco o campo de 2014). A baixa do imóvel só ocorrerá na declaração de 2017. 28 - Meu pai transferiu valor para minha poupança. Com o que já tinha, paguei imóvel. Como declaro? O ITBI entra no preço do imóvel? (F.R.). Informe na linha 10 da ficha Rendimentos isentos e não tributáveis, o nome e o CPF do seu pai e o valor recebido. Na ficha Bens e direitos (código 11 ou 12), inclua o imóvel no campo Discriminação. No de 2015, informe a soma paga pelo imóvel mais o ITBI, pois este integra o custo de aquisição. 29 - Meu filho é meu dependente e cursa ensino superior. Fez 25 anos em 30/10/2015. Ainda posso considerá-lo como dependente? (S.A.S.). Sim. Informe seu filho na ficha Dependentes. O gasto com a faculdade (se houver) entra na ficha Pagamentos efetuados (código 01). Em 2017 ele não poderá mais ser seu dependente.
mercado
Conta pode ser indicada para várias restituições do Imposto de RendaQuando duas ou mais pessoas têm conta corrente (ou de poupança) conjunta, ela pode ser indicada para o recebimento de restituições do IR tanto do primeiro titular como dos demais. Essa possibilidade facilita a vida dos contribuintes, especialmente no caso de casais e de pessoas de uma mesma família (pai e filhos, por exemplo), no recebimento de restituições. A Receita, porém, não credita restituições em conta bancária de terceiros, mesmo que sejam marido e mulher ou pais e filhos. Se desejar, o contribuinte pode alterar a conta indicada para receber a restituição. Nesse caso, é preciso enviar a declaração retificadora antes da inclusão da mesma em um dos lotes de restituição. Neste ano, o primeiro lote será pago em 15 de junho. * 24 - Em maio de 2015 vendi apartamento por R$ 169 mil, adquirido em 2011 por R$ 115 mil. Paguei R$ 9.000 à imobiliária. Como declaro? (E.L.F.). Baixe o programa GCap 2015 e informe os valores de compra, de venda e da comissão. Importe os dados para o Demonstrativo de Ganho de Capital da declaração. Recolha o IR devido (se houver), com juros e multa, antes de entregar a declaração (caso não tenha feito). Na ficha Pagamentos efetuados (código 72), informe nome, CNPJ e os R$ 9.000 pagos à imobiliária. 25 - Meu filho tem 25 anos e está fazendo pós-graduação e morando nos Estados Unidos, com visto de estudante. Fiz remessas de dólares para conta que ele abriu lá. Precisamos declarar? (V.F.). Informe na sua declaração, na ficha Doações efetuadas (código 80), o nome, CPF do seu filho e o valor transferido em 2015. Ele informa o valor recebido na linha 10 da ficha Rendimentos isentos e não tributáveis. 26 - Minha mãe, que era pensionista do INSS e minha dependente, morreu em janeiro de 2015. O inventário terminou em julho. Ela ainda pode constar como minha dependente? Tive também gastos com despesas médicas. Posso abater? (M.V.). Ela não pode ser sua dependente porque você deve fazer a Declaração Final de Espólio dela. As despesas médicas, se pagas por ela, poderão ser informadas na ficha Pagamentos efetuados da Declaração Final de Espólio. Se pagas por você, para ela, não podem constar no seu IR, pois ela não é mais sua dependente. 27 - Em maio de 2015 comprei apartamento com minha noiva. Cancelamos a compra em fevereiro de 2016. Como declaramos? (C.A.). Declarem a proporção de cada um na ficha Bens e direitos (código 11). No campo de 2015, informem o valor pago até o final do ano (deixem em branco o campo de 2014). A baixa do imóvel só ocorrerá na declaração de 2017. 28 - Meu pai transferiu valor para minha poupança. Com o que já tinha, paguei imóvel. Como declaro? O ITBI entra no preço do imóvel? (F.R.). Informe na linha 10 da ficha Rendimentos isentos e não tributáveis, o nome e o CPF do seu pai e o valor recebido. Na ficha Bens e direitos (código 11 ou 12), inclua o imóvel no campo Discriminação. No de 2015, informe a soma paga pelo imóvel mais o ITBI, pois este integra o custo de aquisição. 29 - Meu filho é meu dependente e cursa ensino superior. Fez 25 anos em 30/10/2015. Ainda posso considerá-lo como dependente? (S.A.S.). Sim. Informe seu filho na ficha Dependentes. O gasto com a faculdade (se houver) entra na ficha Pagamentos efetuados (código 01). Em 2017 ele não poderá mais ser seu dependente.
2
Companheiros lembram amizade e lado paternal de Zito na despedida
Uma coroa de flores enviada por Pelé resumiu o sentimento de muitos companheiros em relação a Zito, ex-volante de Santos e seleção brasileira que morreu neste domingo (14). A mensagem dizia que Zito foi como um pai para o Rei do Futebol, que não compareceu ao velório no Cemitério Memorial, em Santos. Outros que estavam presentes citaram Zito com a mesma referencia usada por Pelé. "No aniversário de 80 anos dele, eu cantei a música 'Pai' para ele. Ele se emocionou. Os filhos disseram que foi a primeira vez que o viram chorar. Eu sou grato a ele. Não jogamos juntos, mas ele me descobriu em 1968, quando tinha 20 anos, e me trouxe para o Santos", disse o ex-jogador Manoel Maria para a Folha. "Ele orientava todos jogadores. Fora de campo, inclusive. Quando fossemos gastar o dinheiro falava para investirmos. Convivi com ele por dez anos e a dor é grande", afirmou Dorval. Quem estava presente no velório e ficou emocionado foi Pepe, companheiro de Zito no Santos e amigo pessoal. O ex-ponta esquerda atendeu a Folha com muitas lágrimas nos olhos e dificuldade para completar as frases. "Meu amigo... É difícil neste momento. Muita dor. Eu sinto duplamente. Como alvinegro da Vila perdemos um ídolo, um símbolo do clube. Como companheiro [faz uma pausa]... Sempre estivemos juntos. Em eventos, reencontros. Um jogador e uma pessoa fantástica", disse Pepe. Outros ex-jogadores do Santos também foram se despedir do amigo. Entre eles, Edu, Clodoaldo e Coutinho. Todos muito abatidos. Mesmo cientes de que a saúde de Zito não estava boa, sentiram a perda. Desde que sofreu o AVC no ano passado, Zito perdeu peso e pouco saia de casa. Estava usando uma cadeira de rodas. Também sofreu os sintomas do Mal de Alzheimer, tendo perdido muitas de suas boas lembranças. HOMENAGENS O Santos também prestou homenagens a Zito. Mandou coroas de flores, decretou sete dias de luto e suspendeu o lançamento de um livro que aconteceria nesta segunda-feira (15). O presidente Modesto Roma Jr. e o técnico Marcelo Fernandes foram ao velório. Assim como o ex-jogador Léo, hoje dirigente no clube. Assim que o corpo de Zito deixou o Cemitério Memorial rumo a Roseira (SP), onde será enterrado a partir das 16h30, o carro onde estava o caixão passou pela Vila Belmiro. Deu uma volta entorno do estádio santista e parou na rua Tiradentes por cinco minutos. Foi homenageado com uma queima de fogos e aplausos. Os amigos choraram e se despediram uma última vez do capitão da fase mais vitoriosa da era Pelé.
esporte
Companheiros lembram amizade e lado paternal de Zito na despedidaUma coroa de flores enviada por Pelé resumiu o sentimento de muitos companheiros em relação a Zito, ex-volante de Santos e seleção brasileira que morreu neste domingo (14). A mensagem dizia que Zito foi como um pai para o Rei do Futebol, que não compareceu ao velório no Cemitério Memorial, em Santos. Outros que estavam presentes citaram Zito com a mesma referencia usada por Pelé. "No aniversário de 80 anos dele, eu cantei a música 'Pai' para ele. Ele se emocionou. Os filhos disseram que foi a primeira vez que o viram chorar. Eu sou grato a ele. Não jogamos juntos, mas ele me descobriu em 1968, quando tinha 20 anos, e me trouxe para o Santos", disse o ex-jogador Manoel Maria para a Folha. "Ele orientava todos jogadores. Fora de campo, inclusive. Quando fossemos gastar o dinheiro falava para investirmos. Convivi com ele por dez anos e a dor é grande", afirmou Dorval. Quem estava presente no velório e ficou emocionado foi Pepe, companheiro de Zito no Santos e amigo pessoal. O ex-ponta esquerda atendeu a Folha com muitas lágrimas nos olhos e dificuldade para completar as frases. "Meu amigo... É difícil neste momento. Muita dor. Eu sinto duplamente. Como alvinegro da Vila perdemos um ídolo, um símbolo do clube. Como companheiro [faz uma pausa]... Sempre estivemos juntos. Em eventos, reencontros. Um jogador e uma pessoa fantástica", disse Pepe. Outros ex-jogadores do Santos também foram se despedir do amigo. Entre eles, Edu, Clodoaldo e Coutinho. Todos muito abatidos. Mesmo cientes de que a saúde de Zito não estava boa, sentiram a perda. Desde que sofreu o AVC no ano passado, Zito perdeu peso e pouco saia de casa. Estava usando uma cadeira de rodas. Também sofreu os sintomas do Mal de Alzheimer, tendo perdido muitas de suas boas lembranças. HOMENAGENS O Santos também prestou homenagens a Zito. Mandou coroas de flores, decretou sete dias de luto e suspendeu o lançamento de um livro que aconteceria nesta segunda-feira (15). O presidente Modesto Roma Jr. e o técnico Marcelo Fernandes foram ao velório. Assim como o ex-jogador Léo, hoje dirigente no clube. Assim que o corpo de Zito deixou o Cemitério Memorial rumo a Roseira (SP), onde será enterrado a partir das 16h30, o carro onde estava o caixão passou pela Vila Belmiro. Deu uma volta entorno do estádio santista e parou na rua Tiradentes por cinco minutos. Foi homenageado com uma queima de fogos e aplausos. Os amigos choraram e se despediram uma última vez do capitão da fase mais vitoriosa da era Pelé.
4
Oswaldo diz que faltou ousadia ao Palmeiras em empate com o Joinville
Oswaldo de Oliveira não gostou da postura do Palmeiras no fraco empate com o Joinville, em 0 a 0. Segundo o treinador, faltou ousadia para o Verdão aproveitar o fato de o rival jogar com sua arena sem torcida, e assim conquistar a primeira vitória no Brasileiro. "Eu não diria que é ruim [o início], pelas circunstâncias dos jogos, poderíamos ter aproveitado melhor os dois jogos. Ficamos aquém. A equipe não foi agressiva nem criativa o suficiente dentro daquilo que ela é capaz de fazer. Vamos ver se já no próximo jogo conseguimos melhorar", resumiu o treinador. "Falta um pouco mais de ousadia, de insistir mais nas jogadas agressivas", acrescentou. Depois do vice-campeonato paulista, o Palmeiras tem apenas dois empates no Brasileiro, e teoricamente em jogos que seriam favoráveis: contra os reservas do Atlético-MG no Allianz Parque (2 a 2), e diante do Joinville com portões fechados. Apesar do começo complicado, o técnico se mostrou seguro ao projetar a melhora da equipe na competição. "O Brasileiro é sem dúvida uma competição bem mais difícil de se jogar, e estamos fazendo alterações constantes. Mesmo assim podemos ter um aproveitamento melhor. Jogamos alguns jogos no Paulista bem, outros nem tanto. No Brasileiro isto vai acontecer também, e logo vamos render o que penso que podemos", encerrou. Depois desta partida, o time volta a campo no próximo domingo, quando recebe o Goiás, às 11h, no Allianz Parque, pela terceira rodada do Nacional.
esporte
Oswaldo diz que faltou ousadia ao Palmeiras em empate com o JoinvilleOswaldo de Oliveira não gostou da postura do Palmeiras no fraco empate com o Joinville, em 0 a 0. Segundo o treinador, faltou ousadia para o Verdão aproveitar o fato de o rival jogar com sua arena sem torcida, e assim conquistar a primeira vitória no Brasileiro. "Eu não diria que é ruim [o início], pelas circunstâncias dos jogos, poderíamos ter aproveitado melhor os dois jogos. Ficamos aquém. A equipe não foi agressiva nem criativa o suficiente dentro daquilo que ela é capaz de fazer. Vamos ver se já no próximo jogo conseguimos melhorar", resumiu o treinador. "Falta um pouco mais de ousadia, de insistir mais nas jogadas agressivas", acrescentou. Depois do vice-campeonato paulista, o Palmeiras tem apenas dois empates no Brasileiro, e teoricamente em jogos que seriam favoráveis: contra os reservas do Atlético-MG no Allianz Parque (2 a 2), e diante do Joinville com portões fechados. Apesar do começo complicado, o técnico se mostrou seguro ao projetar a melhora da equipe na competição. "O Brasileiro é sem dúvida uma competição bem mais difícil de se jogar, e estamos fazendo alterações constantes. Mesmo assim podemos ter um aproveitamento melhor. Jogamos alguns jogos no Paulista bem, outros nem tanto. No Brasileiro isto vai acontecer também, e logo vamos render o que penso que podemos", encerrou. Depois desta partida, o time volta a campo no próximo domingo, quando recebe o Goiás, às 11h, no Allianz Parque, pela terceira rodada do Nacional.
4
Quarenta
Hoje é um dia de despedida. Amanhã chego aos 40 anos. Poderia ser pior. Tudo começou no dia 1º de junho de 1976. O rapaz nasceu na clínica da avenida dos Aliados, no centro do Porto. Rezam as crônicas que o parto foi normal, "au naturel", e que o infante apareceu ao mundo com os pés de Lord Byron. Os pais, românticos por formação, agradeceram a dádiva e tentaram um compromisso: corrigir os pés e manter a cabeça de um poeta. Conseguiram. A infância foi feliz e insensata. Não tenho memória dos primeiros três anos, mas elas abundam sobre os três seguintes. Uma casa de mulheres, uma rua de rapazes, dias longos no faroeste –real ou imaginário. Aos 6, descobri uma sala de cinema junto à casa dos avós maternos. Fiz do encontro a minha rosa púrpura do Cairo. Tornei-me especialista em filmes série A, B e Z. Até chegar à adolescência, a minha vida está contada num certo filme de Giuseppe Tornatore sobre beijos roubados, mas nunca censurados. Se hoje vivo entre a verdade e a ficção, a culpa é do homem que matou Liberty Valance. Não fui filho único. Quando a infância mal tinha começado, recebi uma donzela como irmã. Contra todos os manuais de psicologia, nunca houve tentativas de assassinato. Para que matar quando era mais divertido torturar? Isso nas horas vagas, claro. Nas restantes, era como certos animais de estimação que velam dia e noite, enternecidos, pelo seu dono tão amado. A leitura começou cedo. Investiguei crimes na Londres de Sherlock Holmes. Entrei em armários com C.S. Lewis para encontrar uma terra onde havia sempre neve e nunca era Natal. E, aos 12, o meu pai sugeriu-me Eça. "Escolhe um livro", disse ele. Semanas depois, quis saber se tinha gostado. Disse que sim. "Que livro leste?", perguntou. "Todos", respondi. Era um caminho sem retorno. E, para não variar, o vício da leitura levou ao vício da escrita. Tinha 16 anos quando bati as primeiras linhas públicas; 19 quando fui condenado por abuso de liberdade de imprensa; 20 quando publiquei o primeiro livro; e 21 quando chegou o esgotamento nervoso. Minto. Quando me perguntam como foi possível fazer tanto desde tão cedo, respondo com uma palavra improvável: ócio. Ninguém acredita, talvez porque "ócio" seja confundido com a mais reles "preguiça". Mas foi o gosto pelo ócio que embalou tudo o que fiz com a sensação leve e alegre de que nada estava a fazer. Pensando bem, devo ao ócio o melhor de mim. Amei várias mulheres pelo simples prazer de as amar. Perdi-me nas cidades da minha vida –Londres, Nápoles, até São Paulo– pelo simples prazer de me perder. E, politicamente falando, poderia argumentar que sempre fui um conservador liberal porque li os autores certos na idade certa. Tudo mentira. É o ócio que sempre alimentou em mim uma desconfiança imediata pelos "engenheiros das almas humanas". A minha bíblia política pode ser encontrada na porta de qualquer quarto de hotel: "Não perturbar". E, quando as circunstâncias assim o exigem, é só virar o papel: "Favor arrumar o quarto." Assim chego aos 40: depois de ter aprendido, a penas duras, que não há nada mais importante do que perder todo o medo e toda a esperança. Não falo das pequenas esperanças que devem preencher qualquer vida: escrever os livros que ainda só existem na estante da minha cabeça; partilhar os dias e as noites com a minha senhora; ver o rosto da minha mãe a envelhecer sem drama e com humor; conversar e rir e beber com os melhores amigos; acompanhar o crescimento do meu filho e deixar-lhe o mesmo conselho que Alexander Waugh, neto de Evelyn e filho de Auberon, deixou ao seu: "Suspeita sempre da seriedade; ela é uma forma de estupidez". Quando falo em "perder a esperança", sou estoico até o tutano. Trata-se simplesmente de nunca viver no futuro quando é o presente que está presente. E isso basta. Porque já bastou o que bastou. Rezam as crônicas que no dia 1º de junho de 1976 o rapaz nasceu na clínica da avenida dos Aliados, no Porto. Hoje, o rapaz regressa ao mesmo lugar e descobre que a clínica já não existe: é um prédio vazio e degradado. "Mas por pouco tempo", dizem-me nas lojas da vizinhança. Parece que em breve será um hotel com um bar bem fornecido. Sorrio com a evolução do espaço –quem disse que Deus não tem sentido de humor?– e murmuro, para ninguém escutar: "Obrigado, gente. Mas não era preciso tanto".
colunas
QuarentaHoje é um dia de despedida. Amanhã chego aos 40 anos. Poderia ser pior. Tudo começou no dia 1º de junho de 1976. O rapaz nasceu na clínica da avenida dos Aliados, no centro do Porto. Rezam as crônicas que o parto foi normal, "au naturel", e que o infante apareceu ao mundo com os pés de Lord Byron. Os pais, românticos por formação, agradeceram a dádiva e tentaram um compromisso: corrigir os pés e manter a cabeça de um poeta. Conseguiram. A infância foi feliz e insensata. Não tenho memória dos primeiros três anos, mas elas abundam sobre os três seguintes. Uma casa de mulheres, uma rua de rapazes, dias longos no faroeste –real ou imaginário. Aos 6, descobri uma sala de cinema junto à casa dos avós maternos. Fiz do encontro a minha rosa púrpura do Cairo. Tornei-me especialista em filmes série A, B e Z. Até chegar à adolescência, a minha vida está contada num certo filme de Giuseppe Tornatore sobre beijos roubados, mas nunca censurados. Se hoje vivo entre a verdade e a ficção, a culpa é do homem que matou Liberty Valance. Não fui filho único. Quando a infância mal tinha começado, recebi uma donzela como irmã. Contra todos os manuais de psicologia, nunca houve tentativas de assassinato. Para que matar quando era mais divertido torturar? Isso nas horas vagas, claro. Nas restantes, era como certos animais de estimação que velam dia e noite, enternecidos, pelo seu dono tão amado. A leitura começou cedo. Investiguei crimes na Londres de Sherlock Holmes. Entrei em armários com C.S. Lewis para encontrar uma terra onde havia sempre neve e nunca era Natal. E, aos 12, o meu pai sugeriu-me Eça. "Escolhe um livro", disse ele. Semanas depois, quis saber se tinha gostado. Disse que sim. "Que livro leste?", perguntou. "Todos", respondi. Era um caminho sem retorno. E, para não variar, o vício da leitura levou ao vício da escrita. Tinha 16 anos quando bati as primeiras linhas públicas; 19 quando fui condenado por abuso de liberdade de imprensa; 20 quando publiquei o primeiro livro; e 21 quando chegou o esgotamento nervoso. Minto. Quando me perguntam como foi possível fazer tanto desde tão cedo, respondo com uma palavra improvável: ócio. Ninguém acredita, talvez porque "ócio" seja confundido com a mais reles "preguiça". Mas foi o gosto pelo ócio que embalou tudo o que fiz com a sensação leve e alegre de que nada estava a fazer. Pensando bem, devo ao ócio o melhor de mim. Amei várias mulheres pelo simples prazer de as amar. Perdi-me nas cidades da minha vida –Londres, Nápoles, até São Paulo– pelo simples prazer de me perder. E, politicamente falando, poderia argumentar que sempre fui um conservador liberal porque li os autores certos na idade certa. Tudo mentira. É o ócio que sempre alimentou em mim uma desconfiança imediata pelos "engenheiros das almas humanas". A minha bíblia política pode ser encontrada na porta de qualquer quarto de hotel: "Não perturbar". E, quando as circunstâncias assim o exigem, é só virar o papel: "Favor arrumar o quarto." Assim chego aos 40: depois de ter aprendido, a penas duras, que não há nada mais importante do que perder todo o medo e toda a esperança. Não falo das pequenas esperanças que devem preencher qualquer vida: escrever os livros que ainda só existem na estante da minha cabeça; partilhar os dias e as noites com a minha senhora; ver o rosto da minha mãe a envelhecer sem drama e com humor; conversar e rir e beber com os melhores amigos; acompanhar o crescimento do meu filho e deixar-lhe o mesmo conselho que Alexander Waugh, neto de Evelyn e filho de Auberon, deixou ao seu: "Suspeita sempre da seriedade; ela é uma forma de estupidez". Quando falo em "perder a esperança", sou estoico até o tutano. Trata-se simplesmente de nunca viver no futuro quando é o presente que está presente. E isso basta. Porque já bastou o que bastou. Rezam as crônicas que no dia 1º de junho de 1976 o rapaz nasceu na clínica da avenida dos Aliados, no Porto. Hoje, o rapaz regressa ao mesmo lugar e descobre que a clínica já não existe: é um prédio vazio e degradado. "Mas por pouco tempo", dizem-me nas lojas da vizinhança. Parece que em breve será um hotel com um bar bem fornecido. Sorrio com a evolução do espaço –quem disse que Deus não tem sentido de humor?– e murmuro, para ninguém escutar: "Obrigado, gente. Mas não era preciso tanto".
10
Ex-jogadores de Corinthians e Palmeiras são a favor de torcida única
Clássico com uma torcida só, como deve ser a disputa entre Palmeiras e Corinthians, neste domingo (8), na casa alviverde, é uma medida válida para ao menos três ex-jogadores ouvidos pela Folha. A Federação Paulista de Futebol (FPF) acatou recomendação do Ministério Público Estadual para que o clássico tenha apenas torcedores do mandante por medida de segurança. "É bem triste concordar com isso, mas é válido e tem de ser feito. Eu aprovo porque vai dar mais segurança", disse Vampeta, bicampeão do Campeonato Brasileiro (1998 e 1999) pelo Corinthians. Hoje presidente do Audax, de Osasco, Vampeta disse ainda que a medida deveria ser válida para outros clássicos e não apenas para o duelo deste domingo. "Assim, vamos ter segurança", simplifica. Wagno de Freitas, o Vaguinho, ex-ponta direita do Corinthians, tem argumento semelhante. "Infelizmente, os clássicos viraram palco de brigas. [A PM] tem de segurar mesmo e não deixar entrar. Se houvesse paz entre as pessoas, quem não gostaria de ver um Palmeiras e Corinthians no moderno estádio do Palmeiras? Mas não é assim", diz o ex-jogador. "As famílias vão ter mais tranquilidade e voltar aos estádios". A opinião de dois ex-corintianos é compartilhada por Evair, artilheiro do Palmeiras nos anos 1990 e dono de uma lista grande de títulos, como Brasileiro, Paulista e Libertadores. "Acho mais legal ter as duas torcidas, mas, por outro lado, admito que não tem possibilidade para isso. Os torcedores marcam antes do jogo onde vão se encontrar, é um motivo a mais para continuar essa violência", diz. "Para esse tipo de jogo, o ideal é uma torcida só. Todos ficariam mais tranquilos, seria legal ver pais e filhos, todos juntos. Espero que um dia possa acontecer de voltar a todos assistirem jogos juntos", completa.
esporte
Ex-jogadores de Corinthians e Palmeiras são a favor de torcida únicaClássico com uma torcida só, como deve ser a disputa entre Palmeiras e Corinthians, neste domingo (8), na casa alviverde, é uma medida válida para ao menos três ex-jogadores ouvidos pela Folha. A Federação Paulista de Futebol (FPF) acatou recomendação do Ministério Público Estadual para que o clássico tenha apenas torcedores do mandante por medida de segurança. "É bem triste concordar com isso, mas é válido e tem de ser feito. Eu aprovo porque vai dar mais segurança", disse Vampeta, bicampeão do Campeonato Brasileiro (1998 e 1999) pelo Corinthians. Hoje presidente do Audax, de Osasco, Vampeta disse ainda que a medida deveria ser válida para outros clássicos e não apenas para o duelo deste domingo. "Assim, vamos ter segurança", simplifica. Wagno de Freitas, o Vaguinho, ex-ponta direita do Corinthians, tem argumento semelhante. "Infelizmente, os clássicos viraram palco de brigas. [A PM] tem de segurar mesmo e não deixar entrar. Se houvesse paz entre as pessoas, quem não gostaria de ver um Palmeiras e Corinthians no moderno estádio do Palmeiras? Mas não é assim", diz o ex-jogador. "As famílias vão ter mais tranquilidade e voltar aos estádios". A opinião de dois ex-corintianos é compartilhada por Evair, artilheiro do Palmeiras nos anos 1990 e dono de uma lista grande de títulos, como Brasileiro, Paulista e Libertadores. "Acho mais legal ter as duas torcidas, mas, por outro lado, admito que não tem possibilidade para isso. Os torcedores marcam antes do jogo onde vão se encontrar, é um motivo a mais para continuar essa violência", diz. "Para esse tipo de jogo, o ideal é uma torcida só. Todos ficariam mais tranquilos, seria legal ver pais e filhos, todos juntos. Espero que um dia possa acontecer de voltar a todos assistirem jogos juntos", completa.
4